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Noções Básicas de Psiquiatria da Infância e Adolescência

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2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
Noções Básicas de Psiquiatria da Infância e Adolescência 
ASPECTOS ESSENCIAIS DA AVALIAÇÃO PSIQUIÁTRICA DE MENORES 
 
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
✓ Geralmente quem encaminha não é o paciente. O paciente pode se sentir envergonhado, irritado ou 
estar convencido de que a avaliação é uma punição. 
✓ É importante estabelecer um cenário imparcial e cooperativo, delegando ao paciente tanto controle 
quanto for apropriado e seguro. 
✓ Crianças não são adultos pequenos. 
✓ Usar técnicas complementares à anamnese (observar criança brincando, propor desenho, observar 
interação com os pais ou terceiros). 
✓ Ajustar a fala ao nível de desenvolvimento da criança. Ser direto e concreto. 
✓ Avaliar funcionamento da família (ambiente e respostas da criança) 
✓ Usar o máximo de informantes disponíveis. 
✓ Diagnósticos são mais difíceis: pelo desenvolvimento cognitivo e emocional incompleto dos pacientes, 
os sintomas tendem a ser mais inespecíficos. 
✓ Não postergue tratamento de sintomas incapacitantes. 
PRIMEIRAS DICAS 
✓ A maioria das famílias e dos pacientes fica intimidada com a situação de passar por um psiquiatra. 
✓ Dependendo do motivo e de quem encaminhou (pais ou familiares, escola, guardiões legais ou jui-
zado de menores), pode haver atitudes diferentes da criança e dos informantes. 
✓ Sempre aja no melhor interesse da criança. 
✓ Na primeira avaliação, tente trabalhar, pelo menos no primeiro momento, com todos na sala 
(pais/guardiões e criança). De preferência ambos os pais devem estar presentes (independente-
mente de serem divorciados ou não). 
O que deve constar na primeira avaliação? 
➢ Fonte de encaminhamento: quem requisitou a avaliação e o motivo. 
➢ Queixas principais. 
➢ Contexto no qual os problemas ocorrem. 
➢ Buscar informantes: pais, guardiões, médicos, terapeutas, professores, juizados... 
➢ Entrevista do paciente: com os responsáveis em um primeiro momento, mas é importante avaliar 
sozinho também. Usar perguntas abertas e diretas. Nos pequenos, observar o brincar. Observação 
do paciente é mais importante aqui do que em adultos. 
➢ Avaliar a família 
➢ Avaliação médica clínica 
➢ Solicitar testes psicoeducacionais, se necessário (exclusão de transtornos de aprendizagem ou defici-
ências intelectuais). 
➢ Escalas, se necessário. 
➢ Buscar informações sobre desempenho escolar: mapear pontos fortes e fracos da criança, pesquisar 
interações com colegas e professores, como lida com transições e mudanças, qual é a motivação da 
criança pela aprendizagem, qual é o desempenho geral dela. 
EXAME DO ESTADO MENTAL DA CRIANÇA 
➢ Aparência e comportamento: cuidado geral, presença de lesões, contato visual. 
➢ Capacidade de cooperar para a avaliação, socialização. 
➢ Fala e linguagem: fluência, volume, habilidades em relação ao esperado. 
➢ Psicomotricidade: atividade, coordenação, atenção, tolerância a frustração, impulsos, tiques, ma-
neirismos. 
➢ Humor e afeto 
➢ Processo e conteúdo do pensamento 
➢ Sintomas de conduta: oposições e agressões 
➢ Histórico de traumas (físicos, sexuais ou por negligência) 
➢ Avaliação de risco (suicidalidade, auto e heteroagressão, riscos que assume, sexualidade, forma 
de uso da internet, experimentação de SPAs, problemas legais). 
➢ Desempenho cognitivo (vocabulário, profundidade de conhecimento, alfabetização, desenhos) 
➢ Insight (se reconhece que há um problema e se é capaz de julgar situações hipotéticas. 
 
2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
OS 4 Ps 
➢ PREDISPOSIÇÃO: O que torna essa criança vulnerável a um transtorno? 
➢ PRECIPITAÇÃO: Quais os estressores ou fatores do desenvolvimento que fazem sintomas apare-
cerem ou piorarem? 
➢ PERPETUAÇÃO: Quais os fatores que mantem os sintomas e a incapacitação proveniente deles? 
➢ PROTEÇÃO: Quais capacidades podem ser avaliadas para ajustar melhor a criança e reduzir a gra-
vidade do quadro? 
COMO COMUNICAR ACHADOS À FAMÍLIA? 
• Linguagem leiga, sensível, prática e sem julgamentos. 
• Considerar que pais podem estar bastante ansiosos em saber o que há de errado com o filho. 
• Muito pouco do que você disser será retido, em particular quando há componente emocional forte. 
• Em geral comunicar os pais primeiro, mas se criança tiver capacidade de entender, incluí-la no 
contexto da revelação, falando diretamente com a mesma. 
• Faça um relatório ou resumo sucinto por escrito contendo seus achados e recomendações. 
SETTINGS PARA TRATAMENTO 
✓ Se risco iminente: hospitalização aguda 
✓ Sem risco iminente, mas com necessidade de mais recursos do que os disponíveis no domicílio: tra-
tamento em regime de abrigo 
✓ Se necessário manter criança em casa com apoio intensivo: programa terapêutico intensivo fora do 
horário escolar (CAPS), auxílio dos serviços de Medicina da Família e Comunidade. 
✓ Se caso ambulatorial: providenciar terapia individual ou de grupo (TCC, Terapia orientada para in-
sight, Terapia interpessoal, Terapia Dialética, Terapia para Manejo de Raiva, etc...), psicotrópicos 
adequados, terapia familiar. 
✓ Se necessário buscar outros serviços: intervenções psicopedagógicas escolares, terapia da fala e fo-
noaudiologia, serviços de proteção do estado (quando se suspeita de negligência ou abuso), conselho 
tutelar. 
COMO LIDAR COM QUESTIONAMENTOS SOBRE TRATAMENTO? 
• Muitos pais perguntam se seus filhos vão precisar de remédio para toda a vida. 
• Informe, com tato, que não dá pra prever o futuro, mas se não houver o tratamento adequado na-
quele momento, as cicatrizes no desenvolvimento podem permanecer. 
• Nem todas as crianças vão precisar de tratamentos intensivos ou de longo prazo, mas é fundamental 
que eles sejam enfrentados e levados a sério para que a criança se desenvolva em todo o seu poten-
cial. 
 
TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO 
Retardo mental (deficiência intelectual) 
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
• Via de regra, crianças com DI tem outras dificuldades psiquiátricas associadas (4x mais). 
• Alto risco de serem socialmente ostracizadas, por apresentarem alguns comportamentos aberran-
tes. 
• Como consequência do atraso cognitivo geral, elas têm comprometimentos nas capacidades exe-
cutivas e na solução de problemas 
ETIOLOGIAS 
• Hereditária (cromossomial) 
• Desenvolvimento embrionário (danos pré-natais por infecções, toxinas ou abuso de SPAs) 
• Gravidez e problemas perinatais (Má nutrição fetal, prematuridade, hipóxia, infecções, traumatis-
mos) 
• Condições sistêmicas da infância (infecções de SNC, traumatismos, envenenamentos, doenças ti-
reoidianas, neoplasias) 
• Influências ambientais (negligência ou abuso grave precoce, má nutrição) 
MANEIRAS DE AVALIAR 
• CID-10: baseada exclusivamente no Q.I. 
• DSM-V: O Q.I. não é central para o diagnóstico. A avaliação é centrada no mapeamento de defici-
ências nos três domínios do comportamento adaptativo. 
 
RETARDO MENTAL 
2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
• LIMÍTROFE: 71-84 
• LEVE: 55-70 
• MODERADO: 40-54 
• GRAVE: 25-39 
• PROFUNDO: 24 ou menos 
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: 
Pode ser leve, moderada, grave ou profunda dependendo dos prejuízos nos três campos do comporta-
mento adaptativo, que são: 
▪ CONCEITUAL→ (domínio da recepção e expressão de linguagem, da leitura e escrita, do raciocínio 
matemático e autodirecionamento, capacidade de memória) 
▪ SOCIAL→ (relações interpessoais, senso de responsabilidade, capacidade de auto-estima, seguir re-
gras, obediência às leis, credibilidade) 
▪ PRÁTICO→ (atividades de vida diária – comer, usar banheiro, vestir-se, controlar esfíncteres, se lo-
comover; e atividades instrumentais – preparo de refeições, cuidar da casa, tomar remédios, lidar 
com dinheiro, fazer compras, usar telefone) 
PONTOS CHAVE 
✓ O tratamento deve aumentar a qualidade de vida e proporcionar oportunidade do desenvol-
vimento máximo possível 
✓ O médico deve prover serviços clínicos e terapêuticos adequados e prevenir transtornos 
mentais associados via diagnóstico precoce e apoio emocional à criança e família. 
✓ Usar psicofarmacologiapara os transtornos associados e para manejo sintomático. 
✓ Talvez seja o grupo de pacientes mais gratificante da psiquiatria infantil. Apesar dos com-
portamentos estranhos e imprevisíveis e dos déficits de linguagem, a adequada assistência ao pa-
ciente, família e escola podem transformar a vida da criança e da família. 
 
TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM 
PONTOS BÁSICOS 
• É uma discrepância significativa entre a capacidade cognitiva da criança e as realizações escolares. 
• Tais crianças tem alta prevalência de comorbidades emocionais e comportamentais. 
• São diagnosticadas por testes padronizados de inteligência e de realizações escolares (WISC e 
WIAT). 
• Os transtornos principais se dividem em Transtornos de Leitura, Transtornos de Matemática e Trans-
tornos de Linguagem Escrita 
• 
TRANSTORNOS DE LEITURA 
✓ CLÍNICA: Dislexia, Déficits no processamento de sons (fonemas) que formam a linguagem, Dificul-
dades em relembrar palavras com rapidez e fluência. 
✓ EPIDEMIOLOGIA: 3 a 10% da população. 4 meninos para 1 menina. 
✓ ETIOLOGIA: Familiar/genética, defeitos de ativação assimétrica cerebral na leitura, fatores ambien-
tais (hipoestimulação) 
✓ DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: Problemas auditivos e visuais, D.I., Fatores culturais e de lingua-
gem ambiente. 
✓ EVOLUÇÃO: Desvantagens acumuladas por não serem capazes de ler fluentemente, no mínimo 75% 
permanecem com algumas dificuldades, no mínimo 40% acabam em evasão escolar 
✓ TRATAMENTO: Instrução intensiva de alta qualidade da consciência de fonemas e sons. 
 
TRANSTORNOS DE MATEMÁTICA 
✓ CLÍNICA: Dificuldade nos processos básicos da matemática e dificuldade de processamento nu-
mérico 
✓ EPIDEMIOLOGIA: 1 a 5% das crianças em idade escolar. Igual entre sexos. 
✓ ETIOLOGIA: Familiar/genética. Frequentemente comórbido a outros transtornos de aprendiza-
gem, implicação do córtex pré-frontal inferior esquerdo. 
✓ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Metade também tem transtorno de leitura. 
✓ EVOLUÇÃO: Crônica e persistente, porém melhorada com intervenção precoce efetiva. 
2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
✓ TRATAMENTO: Técnicas para aumentar habilidade computacional e para melhorar solução de 
problemas matemáticos 
 
TRANSTORNOS DE LINGUAGEM ESCRITA 
✓ CLÍNICA: Dificuldade na escrita manual, na soletração e na capacidade de expressar idéias por 
escrito 
✓ EPIDEMIOLOGIA: 15 a 20% das crianças em idade escolar 
✓ ETIOLOGIA: Obscura e multifatorial 
✓ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Frequentemente coexiste com outros tr. de aprendizagem. 
Deve-se excluir aspectos culturais, ambientais e cognitivos. 
✓ EVOLUÇÃO: Desconhecida, mas melhorada com intervenção precoce 
✓ TRATAMENTO: Utilizar contextos consistentes de escrita e melhorar capacidade de organização 
de ideias. 
 
OUTROS TRANSTORNOS DA CLASSE 
✓ Transtornos específicos de desenvolvimento motor (coordenação) 
✓ Transtornos da comunicação (linguagem expressiva, misto receptivo-expressivo, fonológico, tar-
tamudez) 
 
TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO (TEA) 
Aspectos básicos 
Desenvolvimento anormal em três campos: comunicação, socialização e repetição/restrição. 
COMO PERCEBER? 
✓ Pode ser muito difícil engajar autistas, é comum o examinador ser ignorado ou utilizado 
como ferramenta e tais crianças podem ter muita dificuldade em brincar com funções simbólicas. 
✓ Os pacientes Asperger (não mais separados em termos diagnósticos do restante do espec-
tro autista) podem parecer brilhantes na sua área super-específica de interesse. São inflexíveis, 
tem fala pedante ou professoral, expressam muito mais do que recebem e persistem muito em 
seu tópico particular. Enquanto adultos gostam de ouví-las, os colegas da mesma idade geral-
mente não gostam. 
 
CARACTERÍSTICAS DO TEA 
• PREVALÊNCIA: 2-15 por 10.000. 4x1 em meninos. Meninas geralmente com quadros mais severos 
(diagnóstico só das mais graves?) 
• CLÍNICA: Comprometimentos graves na interação e comunicação social. Padrões restritos, repetiti-
vos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades. Percepção antes dos 3 anos de 
idade. Comumente comórbida com D.I. e epilepsia. 
• EVOLUÇÃO: Curso por toda a vida. Fundamental melhorar linguagem e QI total. 
 
CARACTERÍSTICAS DO ASPERGER 
✓ PREVALÊNCIA: 10-36 para 10.000. 5x1 em meninos 
✓ CLÍNICA: Interação social comprometida. Preocupação com padrões bastante restritos de interesse. 
Sem atraso de linguagem ou cognição. Dificuldades em aprendizagem não-verbal. Relativa inabili-
dade motora. 
✓ EVOLUÇÃO: Curso por toda a vida. Relativa melhora com amadurecimento. Prognóstico melhor com 
Q.I. superior. Um terço desenvolve outros transtornos psiquiátricos 
 
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DO TEA 
➢ MUTISMO SELETIVO: Criança consegue falar e o faz com os mais próximos. Geralmente tem relaci-
onamento normal com a família. 
➢ TR. DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM: Usa sinalizadores não-verbais, relacionamentos geral-
mente bons. 
➢ APRAXIAS/DISPRAXIAS VERBAIS: Comunicam-se não verbalmente. 
➢ APEGO REATIVO: Geralmente com história de abuso ou negligência grave. 
➢ TDAH: Faz amigos, ainda que seu comportamento dificulte manter essas amizades. 
➢ D.I.: Preserva contato visual e relacionamentos 
2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
➢ ESQUIZOFRENIA NA INFÂNCIA: Pensamentos bizarros e incomuns, alucinações, fora da reali-
dade. 
 
OUTROS TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO 
 TRANSTORNO DESINTEGRATIVO DA INFÂNCIA: 01 para 100000, 8x1 em meninos. Desenvolvi-
mento é normal até cerca de 2 anos de idade, com perdas graves das capacidades de desenvolvi-
mento cognitivo até os 10 anos, geralmente mais intensa em um período de 6 a 9 meses, mantendo 
um platô depois. Tem mau prognóstico e resulta em D.I. 
 SÍNDROME DE RETT: Até 2 por 10.000, só em meninas. Desenvolvimento normal até 2 anos, com 
desaceleração posterior do crescimento cefálico, movimentos estereotipados de torção de mãos, per-
turbações de marcha, perda da linguagem e engajamento social. Debilitante física e socialmente, re-
sultando em alta mortalidade (1,2% ao ano). 
 
TRATAMENTOS 
✓ Abordagens terapêuticas/educativas: ABA, TEACCH, ensino de habilidades para situações espe-
cíficas, ensino estruturado 
✓ Apoio à família, psicoeducação e treinamento parental 
✓ Educação especial pública 
✓ Encaminhamentos para fonoaudiologia, T.O. e fisioterapia 
✓ Facilitação da garantia de direitos legais 
✓ Psicofarmacologia para manejo sintomático: oficialmente aprovados (aripiprazol e risperidona), po-
rém toda a farmacopéia psiquiátrica pode ser utilizada a depender dos sintomas-alvo e comorbida-
des. 
 
TDAH 
ASPECTOS GERAIS 
➢ Transtorno psiquiátrico mais frequente na infância. 
➢ Início pelo menos antes dos 7 anos de idade. 
➢ 9x1 em meninos. Meninas são extremamente subdiagnosticadas pois padrão impulsivo, que chama 
mais a atenção, é menos comum nelas. 
➢ Subdividido em subtipo desatento, subtipo hiperativo/impulsivo ou combinado 
➢ Etiologia extremamente complexa 
➢ Muitas comorbidades psiquiátricas associadas e risco elevado para complicações futuras 
➢ Tratamento medicamentoso primordial 
 
SINTOMAS DE DESATENÇÃO (6 em 9) 
✓ Erros por descuido 
✓ Dificuldade de manter atenção 
✓ Dificuldade em captar o que lhe é falado 
✓ Perda de objetos 
✓ Não termina o que começa 
✓ Falta de capacidade de organização 
✓ Reluta em tarefas que demandam esforço mental persistente 
✓ Esquece atividades de rotina 
✓ Distração fácil 
 
SINTOMAS DE HIPERATIVIDADE/IMPULSIVIDADE (6 de 9) 
❖ Corre muito ou é inquieto 
❖ Não espera a vez 
❖ Não consegue brincar quieto 
❖ Não consegue ficar parado 
❖ Mãos ou pés inquietos 
❖ Responde precipitadamente 
❖ Dificuldade em ficar sentado 
❖ Fala demais 
❖ Interrompe os outros 
2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
 
DICAS 
❖ O TDAH pode não ficar aparente na mera observação no consultório. Quando estão em situações 
muito estruturadas, com adultos interessados, ou fazendo coisas que gostam ou em atividades 
altamente estimulantes (como videogames), elas conseguemsentar quietas e manter atenção. 
❖ Os sintomas geralmente aparecem em situações desestruturadas, entediantes ou que exijam 
atenção ou esforço mental persistente em locais com estimulação mínima ou desorganizada. 
ALERTAS 
❖ Crianças com TDAH se lesionam mais, tem mais problemas de conduta, se engajam mais em 
comportamentos criminosos, em abuso de drogas, tem maiores déficits de coordenação e mais da 
metade delas tem transtornos psiquiátricos comórbidos. São geralmente mais punidas, são mais 
frequentemente vítimas de abusos físicos e acabam por gerar maior estresse familiar. 
❖ Buscar a obtenção de informações sobre aprendizagem, atenção e comportamento com a escola. 
Aplicar escalas como a MTA-SNAP-IV com pais e professores. 
COMORBIDADES COMUNS 
❖ TOD OU TC: 50% 
❖ TR. APRENDIZAGEM: 20 A 60% 
❖ TR. ANSIOSOS: 25 A 33% 
❖ TR. DEPRESSIVO: 30% 
❖ TAB: 10 A 20% 
 
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO 
❖ MEDICAÇÕES DE PRIMEIRA LINHA: Metilfenidato, Lisdextroanfetaminas, Anfetaminas 
❖ MEDICAÇÕES DE SEGUNDA LINHA: Atomoxetina, Bupropiona, Venlafaxina, Tricíclicos, alfa-
agonistas (Guanfacina para hiperativos e hipervigis e Clonidina para tiques comórbidos), Modafinil 
❖ TERCEIRA/LINHA E ASSOCIAÇÕES: Antipsicóticos 
 
TRATAMENTOS PSICOSSOCIAIS 
✓ PSICOEDUCAÇÃO DOS PAIS: Ensinar sobre o transtorno, ensinar a manejar ambiente para ajudar 
a criança (consistência de rotinas, organização, reduzir estimulação, reduzir frustração, antecipar di-
ficuldades e manejar adequadamente comportamento) 
✓ PSICOTERAPIA INDIVIDUAL: TCC, modificação de comportamento, abordar comorbidades, auto-
estima e sequelas de traumas 
✓ TERAPIA DE GRUPO: Aquisição de habilidades sociais. 
✓ PSICOTERAPIA FAMILIAR/TREINAR MANEJO PARENTAL. 
 
INTERVENÇÕES EDUCACIONAIS E ESCOLARES 
❖ AVALIAÇÃO PSICOEDUCACIONAL: escalas 
❖ MODIFICAÇÕES DE PROFESSORES E AULAS: sentar criança perto da professora, sala e roti-
nas consistentes, ensinar esquemas organizadores, ajudar na organização de cadernos e notas, 
prescrever tarefas de casa no próprio caderno, táticas para chamar atenção da criança sem atrair 
atenção negativa dos coleguinhas, supervisão extra em atividades não-estruturadas (lanches e 
recreios), planos de educação especializada, individual e personalizada. 
PROGNÓSTICO 
❖ 75% mantém sintomas na adolescência 
❖ 33% terão dificuldades de conduta 
❖ 50% preservam TDAH na idade adulta 
❖ Tem 2 a 3 anos a menos de educação formal que a média 
❖ Envolvem-se mais futuramente em acidentes de trânsito, em problemas judiciais e condenações, 
tentam mais suicídio e tem mais problemas de relacionamento social e conjugal 
❖ Tem maior risco de transtorno por uso de substâncias e personalidade anti-social. 
❖ Prognóstico melhora muito com diagnóstico e tratamento precoce adequados. 
 
 
 
 
2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
OUTROS TRANSTORNOS DE EXTERNALIZAÇÃO (TR. COMPORTAMENTO DISRUPTIVO) 
TRANSTORNO DESAFIADOR DE OPOSIÇÃO E TRANSTORNO DE CONDUTA 
CRITÉRIOS PARA TDO (4 DE 8 EM 6 MESES) 
❖ Ressentimento 
❖ Aborrecimento fácil 
❖ Discute frequentemente com adultos 
❖ Descontrole frequente 
❖ Culpa os outros por seu mau comportamento 
❖ Aborrece terceiros deliberadamente 
❖ Desafia regras ou solicitações 
❖ Rancor 
 
CRITÉRIOS PARA TC (3/15 EM 1 ANO MAIS 1/15 NOS ÚLTIMOS 6 MESES) 
❖ Bravatas 
❖ Crueldade com animais 
❖ Destruição de propriedade alheia 
❖ Brigas 
❖ Permanecer até tarde da noite fora de casa 
❖ Fuga de casa 
❖ Impor sexo à força 
❖ Crueldade com pessoas 
❖ Uso de armas 
❖ Provocação de incêndios 
❖ Invasão de propriedade alheia 
❖ Ausência da escola 
❖ Mentir ou trapacear todo dia 
❖ Roubo confrontando vítima (assalto) 
❖ Roubo sem confrontar vítima (furto) 
 
EPIDEMIOLOGIA 
❖ Até 16% das crianças em idade escolar 
❖ Mais prevalente em meninos 
❖ Menos da metade se torna dissocial na vida adulta 
❖ 80% dos adultos com TC na infância desenvolvem algum transtorno psiquiátrico 
❖ Adultos com TC na infância tem taxas mais altas de criminalidade e abuso de substâncias, e me-
nos sucesso acadêmico, ocupacional, conjugal e social. 
 
FATORES DE RISCO DA CRIANÇA 
❖ Temperamento: Humor negativo, baixa adaptabilidade, alto nível de busca por novidades 
❖ Déficits neuropsicológicos: desempenho ruim na linguagem, memória, coordenação motora e de-
sempenho executivo 
❖ Início precoce de desobediência e agressão 
❖ Baixo desempenho intelectual 
❖ Disfunção neurológica 
❖ TDAH, TEPT, Tr. Aprendizagem, Abuso de Drogas, Tr. Humor 
 
FATORES PARENTAIS E FAMILIARES 
❖ Complicações pré e perinatais 
❖ Psicopatologia e comportamento criminoso na família 
❖ Alcoolismo em um dos genitores 
❖ Manejo parental ruim: comunicações coercitivas, disciplina inconsistente, punições muito severas, 
extremos de manejo (permissividade ou controle excessivos) 
❖ Supervisão deficiente com poucas regras 
❖ Relações familiares ruins: pouca aceitação dos filhos pelos pais, falta de calor humano 
❖ Discórdia conjugal com conflitos ou violência doméstica visíveis 
❖ Famílias muito grandes 
2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
❖ Irmãos anti-sociais (em particular o mais velho) 
❖ Desvantagens socioeconômicas 
 
FATORES ESCOLARES 
❖ Turmas grandes com pouca ênfase em desempenho escolar 
❖ Baixo uso de feedback positivo 
❖ Pouca ênfase em responsabilidade individual do estudante 
❖ Instalações e espaço precário de trabalho 
❖ Professores e funcionários indisponíveis para lidar com dificuldades dos alunos 
 
TRATAMENTO PSICOSSOCIAL 
❖ Treinamento de manejo pelos pais: visar promoção de comportamento pró-social 
❖ Treinamento cognitivo de solução de problemas: encontrar soluções adaptativas 
❖ Terapia multissistêmica: melhorar funcionamento em múltiplos ambientes 
❖ Treinamento de manejo de raiva: desenvolver métodos mais adaptativos 
❖ Terapia familiar funcional: Melhorar interações e comportamentos funcionais 
 
TRATAMENTO PSICOFARMACOLÓGICO 
✓ Antipsicóticos (risperidona com mais evidência): reduzir ativação do SNC 
✓ Estimulantes (metilfenidato e anfetaminas): reduzem desinibição 
✓ Estabilizadores de humor (lítio ou anticonvulsivantes): melhoram controle comportamental 
✓ Adrenérgicos (Clonidina, Guanfacina, Propranolol): aumentam tolerância à frustração 
 
OUTROS TRANSTORNOS DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO 
➢ Ansiedade extrema e preocupação com separação de casa ou daqueles a quem a criança é ape-
gada. 
➢ Remite com a idade. 
➢ Tratamento multimodal: psicoterapia, relaxamento, ISRS ou benzodiazepínicos por tempo limi-
tado 
MUTISMO SELETIVO 
➢ Transtorno raro no qual a criança é capaz de compreender a linguagem e falar, mas não o faz em 
certas situações. 
➢ A criança reconhece o problema e é bastante consciente da frustração que isso causa nos adultos 
e colegas. 
➢ Tratamento consiste em estratégias de terapia que deixem a criança segura e confortável para 
falar. Sintomas ansiosos podem ser manejados com ISRS. 
➢ Parte desses pacientes desenvolve fobia social no futuro. Prognóstico tende a ser desfavorável. 
 
TRANSTORNO DE TOURETTE E OUTROS TIQUES 
✓ Tourette: tiques motores múltiplos com pelo menos um tique fônico 
✓ Coprolalia é característica de Tourette, mas rara (menos de 15%) 
✓ Por vezes o paciente com Tourette tem sensações premonitórias da vinda do tique e até conseguem 
supressão por um tempo. 
✓ Associação com infecção prévia por estreptococo beta-hemolítico (síndrome PANDAS). 
✓ Importante diferenciar tique de estereotipia (movimentos mais complexos) 
✓ Buscar comorbidades (TOC, TDAH, Tr. Aprendizagem) 
✓ Tratamentos psicossociais: psicoeducação, treinamento de reversão de hábitos, psicoterapia de 
apoio 
✓ Intervenções educativas: avaliação cognitiva, psicoeducação de professores e colegas 
✓ Psicofarmacoterapia de primeira linha: agonistas alfa-2ª (Clonidina, Guanfacina) 
✓ Antipsicóticos atípicos (segunda linha) e típicos (terceira linha) 
 
 
 
 
2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
TRANSTORNOS DE EXCREÇÃO (ENCOPRESE E ENURESE FUNCIONAIS) Sempre excluir etiologias biológicas 
 Sempre diferenciar encoprese/enurese primárias (criança que não aprendeu a usar banheiro dentro 
do tempo esperado) das secundárias (que voltaram ao descontrole após continência por pelo menos 
1 ano) 
 Nas secundárias, SEMPRE investigar estresse extremo, abuso sexual ou início de condição médica 
(ex. diabetes) 
 Sempre indicar tratamento psicossocial com treinamentos comportamentais e esfincterianos. 
 Encoprese com retenção: usar laxativos ou emolientes 
 Enurese: pode-se usar tricíclicos para ajudar no controle urinário 
 Evitar punições e ridicularização da criança 
 
TRANSTORNOS DA ALIMENTAÇÃO DA PRIMEIRA INFÂNCIA 
➢ Pica: ingesta de substâncias não-nutritivas (após 2 anos de idade). Atentar para parasito-
ses e envenenamentos. Risco maior quando há pobreza, negligência ou atrasos de desen-
volvimento. 
➢ Ruminação: criança come, regurgita e mastiga novamente. Potencialmente fatal antes de 1 
ano de idade por risco de aspiração. 
➢ Transtorno alimentar da primeira infância: recusa em comer levando a perda de peso ou 
parada no ganho esperado. Pode exigir hospitalização para tratar desnutrição. Antipsicóti-
cos que promovem apetite (risperidona, olanzapina) podem ser úteis. 
➢ Tratamentos basicamente comportamentais. 
 
TRANSTORNOS GERAIS INICIADOS NA INFÂNCIA OU ADOLESCÊNCIA 
TRANSTORNOS DEPRESSIVOS 
✓ Sintomas são diferentes do que no adulto: atenção para irritabilidade, oposições inéditas, acessos de 
raiva e queda nas notas além de humor triste e perda de prazer. Sintomas neurovegetativos e físicos 
são mais comuns nas crianças. 
✓ Quanto menor a criança, mais se deve valorizar intenção suicida em relação ao meio utilizado. 
✓ Perguntar sobre suicídio a uma criança pode salvar a vida dela. Não hesitar. 
✓ Tentar, o quanto antes, entrevistar essa criança ou adolescente sozinha. 
✓ Tratamento multimodal: garantir a segurança da criança e indicar psicoterapia (várias linhas tem efi-
cácia comprovada) 
✓ Tratamento medicamentoso: começar antidepressivos lentamente (há relatos de aumento de ideação 
suicida em início de tratamento porém sem relatos de suicídio completado). Fluoxetina é primeirís-
sima opção a partir dos 8 anos ou antes em mãos experientes. Citalopram é segunda opção (bas-
tante inferior à Fluoxetina). Estes dois são os únicos de eficácia superior a placebo. 
 
TAB 
✓ Até 40% dos menores que tiveram depressão “viram” TAB em algum momento da vida. 
✓ Início do transtorno é ainda mais insidioso em crianças e adolescentes. A diferença entre uma ta-
garelice ou pensamentos mágicos infantis e uma hipomania é sutil. Atenção para sintomas psicóti-
cos, tentativas de suicídio (mais comuns no TAB do que na depressão nessa faixa) e comporta-
mento muito atuante e explosivo. 
✓ Perguntar sobre comportamentos imprudentes e uso de substâncias. 
✓ Garantir segurança do paciente 
✓ Mesmas linhas medicamentosas do TAB no adulto. 
 
TRANSTORNOS ANSIOSOS 
✓ Não esquecer de considerar o estágio evolutivo da criança antes de diagnosticar fobias (há medos 
que são naturais em crianças pequenas) 
✓ Considerar etiologia auto-imune no TOC infantil (PANDAS). Investigação pediátrica geral é man-
datória. 
✓ Retirar cafeína das crianças ansiosas 
2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
✓ Procurar gatilhos de ansiedade, inclusive referentes ao ambiente doméstico. 
✓ Sempre iniciar terapêutica com psicoeducação da criança e dos pais e Terapia Cognitivo-Compor-
tamental. 
✓ Medicações são segundo plano: começar devagar pois os ISRS podem exacerbar ansiedade no 
início por ativarem a criança. Fluoxetina é primeiríssima linha. Sertralina, Fluvoxamina, Citalo-
pram, Escitalopram e Clomipramina (Tricíclico) são aprovados também. 
✓ Pode-se usar benzodiazepínicos até efeito dos antidepressivos se instalar. Não manter nunca 
como longo prazo. 
 
PSICOSES 
✓ Famílias com alta expressividade emocional por vezes aumentam risco do jovem 
✓ Sempre investigar condições médicas, neuroanatômicas e relação com drogas 
✓ Quanto mais jovem o paciente, maior a tendência em fantasiar e até em apresentar manifesta-
ções psicóticas breves e autolimitadas sob estresse intenso. Não deixar de tratar esses sintomas, 
mas não apressem o diagnóstico. 
✓ Diretrizes farmacológicas são as mesmas dos adultos. 
 
BULIMIA E ANOREXIA 
✓ São os transtornos psiquiátricos que matam diretamente seus pacientes 
✓ São pacientes que conciliam muito seus sintomas. Interrogar os pais sempre 
✓ Manter sempre sensibilidade e empatia, além de garantir segurança do paciente 
✓ Suportar a fúria eventual dos pacientes quando colocam-se os limites no início do tratamento. 
Com o tempo se instala o alívio por haver um controle externo dos hábitos 
✓ Procurar sempre comorbidades psiquiátricas 
✓ Triar drogas, laxativos e diuréticos 
✓ Psicoeduação e determinar ambiente correto de tratamento são fundamentais. 
✓ A depender do padrão alimentar podem-se usar restritores de apetite nas bulímicas (fluoxetina, 
topiramato, bupropiona), ou antipsicóticos que aumentem apetite e recuperem peso nas anoréxi-
cas (risperidona, olanzapina). 
 
TRANSTORNOS RELACIONADOS AO TRAUMA 
▪ O impacto negativo no paciente menor pode ser generalizado: atenção a sinais neuropsicológicos 
(maior resposta ao estresse, sobressaltos, hipervigilância e dissociações), mudanças cognitivas 
(maior sensação de vulnerabilidade, de encurtamento do futuro, maior culpa e menor autoconfiança), 
e de problemas de desenvolvimento emocional (quebra de identidade interior, piora na visão de 
mundo, dificuldades de relacionamento interpessoal e social). 
▪ Menores são muito mais sintomáticos em relação a traumas do que adultos. 
▪ Todos os profissionais de saúde são relatadores compulsórios. Se há suspeita de negligência ou 
abuso, a notificação e o acionamento de serviços de proteção do menor são OBRIGATÓRIOS. São si-
tuações clássicas onde a quebra do sigilo representa benefício ao paciente sendo, portanto, permi-
tida. 
▪ Atenção especial para crianças com diagnósticos recentes de doenças relevantes (DM1, epilepsia, 
leucemias, etc...). Apoiar intensivamente criança e família para prevenir comprometimento psiquiá-
trico significativo e permanente. 
 
TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS RELACIONADOS AO TRAUMA 
▪ Psicoeducar é fundamental. 
▪ Não hesitar em tratar: tratamento correto previne incapacidades. 
▪ Mistura de diversas técnicas psicoterapêuticas é indicada. 
▪ Primeiras linhas medicamentosas: agonistas alfa-2ª e ISRS. Utilizar BZDP por tempo limitado se 
necessário. Carbamazepina reduz flashbacks. Antipsicóticos se sintomas psicóticos ou auto/hete-
roagressão. 
 
 
 
 
2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES 
Dicas para Avaliação 
✓ Atentar para as capacidades cognitivas do paciente, extremamente variáveis conforme 
idade e condição de base. 
✓ Pacientes frequentemente são esquivos, independentemente do quadro a ser abordado. 
✓ Obter o máximo de informações de todas as fontes disponíveis (acompanhantes podem 
desconhecer história ou omitir informações). 
✓ Pode-se entrevistar adolescentes sozinhos. 
Maus Tratos 
• Abuso físico, sexual ou emocional; negligência ou produção deliberada de sintomas por um adulto 
(Munchausen por procuração). 
• Suspeitar quando as explicações para a apresentação clínica são incongruentes com a avaliação. 
• Notificar autoridades quando há suspeita. 
 
Notificação 
• Obrigatória segundo o ECA. 
• Encaminhar ao Conselho Tutelar com cópia à Secretaria de Saúde. 
• Evitar atitude condenatória em relação à família: um dos objetivos da notificação é fornecer auxí-
lio à família para reorganizar seus vínculos. 
• Relatar detalhadamente em prontuário todas as circunstâncias e achados relativos ao atendi-
mento. 
• Acionar serviço social e psicologia para acolhimento da criança quando disponíveis. 
• Avaliar capacidade da família em proteger a criança de novas situações de abuso, bem como a 
possível necessidadedo afastamento imediato da criança. 
• Cogitar internação para melhor investigação e proteção da criança. 
Comportamento suicida 
• Seguir os mesmos princípios da avaliação dos adultos. 
• Dar muito mais importância à intenção suicida do que à letalidade do método utilizado. 
• Internar aqueles com desejo persistente de morte ou com alteração clara do estado mental. 
• Outras indicações de internação: falta de estrutura familiar, intoxicação por substâncias, múltiplos 
fatores de risco. 
Agitação e Agressividade 
• Atentar para fatores mais relacionados à faixa etária: violência e desajustamento familiar, exposi-
ção a maus tratos e traumas recentes ou prolongados. 
• Atentar para possíveis quadros de base: Deficiência Intelectual, Transtorno do Espectro Autista, 
Estado Pós-Concussivo, Epilepsia de Lobo Temporal. 
• Seguir as mesmas indicações para contenção mecânica e/ou química do atendimento de adultos. 
Deficiência intelectual e Tr. Espectro autista 
• Por conta das limitações cognitivas e comunicativas desses pacientes, muitas vezes um comporta-
mento aparentemente disruptivo (agitação, agressividade, autolesão) pode ser uma tentativa de 
comunicação. 
• Sempre investigar nesses pacientes fatores que justifiquem exacerbação comportamental aguda 
(obstipação intestinal, febre ou infecção, efeitos adversos de medicações ou mudanças na rotina 
ou ambiente do paciente). 
 
Anorexia Nervosa 
• Mortalidade alta entre os transtornos psiquiátricos (5%). 
• Questionar peso atual, peso mais alto e peso mais baixo, hábito de exercícios, ciclos menstruais e 
hábitos purgativos. 
• Checar comorbidade com transtorno depressivo (insônia terminal, choro fácil, pensamento de 
morte, ideação suicida). 
• Rever sistemas (constipação, saciedade precoce, hipotermia, náuseas, queda de cabelo, fadiga) 
• Podem chegar com complicações: endócrinas, metabólicas, desidratação. 
• Objetivo na emergência: estabelecer equilíbrio hidroeletrolítico e reverter desnutrição aguda. 
• Internar se: bradicardia ou disritmia, distúrbio eletrolítico grave, alteração do estado mental, risco 
de suicídio, peso corporal extremamente baixo, falha de tratamento ambulatorial). 
2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
Quadros Dissociativos 
▪ Pode indicar abuso ou trauma. 
▪ Sempre investigar ambiente da criança. 
▪ Nem sempre a apresentação é típica (podem aparecer sintomas comuns a outros transtor-
nos: alterações de memória, labilidade afetiva, desesperança, disforia crônica, dificuldades 
de atenção, aprendizado e concentração, alucinações, desorganização do pensamento, alte-
rações de conteúdo de pensamento). 
▪ Tratar farmacologicamente sintomas específicos. 
▪ Hospitalizar quando surgem sintomas graves de desorganização psíquica ou quando há ne-
cessidade de proteção. 
Antipsicóticos para Crianças e Adolescentes 
MEDICAÇÃO DOSE E VIA INDICAÇÕES IDADE MÍNIMA OBSERVA-
ÇÕES 
HALOPERIDOL VO/IM: 0,05 A 
0,15 
MG/KG/DIA 
TOURETTE (I), PSI-
COSE (II), HIPERA-
TIVIDADE, HIPEREX-
CITABILIDADE (II) 
3 TENHA ANTI-
COLINÉRGI-
COS 
OLANZAPINA VO/IM: 2,5-
10MG 
PSICOSE (II), TAB 
(II) 
10 (TAB), 13 
(PSICOSE) 
NÃO FAZER 
IM EM MENO-
RES DE 18 
ANOS 
ARIPIPRAZOL VO: 5-15MG AGRESSIVIDADE (I), 
PSICOSE (II), TAB 
(II) 
5 (AUTISMO), 
10 (TAB), 13 
(PSICOSE) 
MANTER DO-
SES BAIXAS 
 
ANTIPSICÓTICOS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES 
 
MEDICAÇÃO DOSE E VIA INDICAÇÕES IDADE MÍNIMA OBSERVAÇÕES 
RISPERIDONA VO: 0,5 A 
2MG/DIA 
TOURETTE (I), 
AGRESSIVIDADE 
(I), TAB (I), PSI-
COSE (II) 
5 (AUTISMO), 
10 (TAB, 
AGRESSIVI-
DADE), 13 
(PSICOSE) 
MAIS USADO 
EM PQ INFAN-
TIL, PODE CHE-
GAR A DOSES 
MAIORES 
ZIPRASIDONA VO/IM: 10-
20MG 
PSICOSE (II), TAB 
(II) 
10 (TAB), 13 
(PSICOSE) 
MONITORAR 
ECG (AUMENTA 
INTERVALO QT) 
BIPERIDENO 
* 
IM/EV: 0,04 
MG/KG/DOSE, A 
CADA 30 MINU-
TOS, ATÉ 4 DO-
SES/DIA 
* SÍNDROME EX-
TRAPIRAMIDAL 
 
REVERTER DIS-
TONIA AGUDA: 
1-2MG IM OU 
EV LENTO. 
VIOLÊNCIA SEXUAL NA INFÂNCIA 
ASPECTOS BÁSICOS 
• Abuso sexual contra crianças e adolescentes é definido como qualquer ação que sirva à gratificação 
ou satisfação sexual de adultos ou adolescentes com mais idade (envolvendo ou não contato direto). 
• A criança muitas vezes desconhece as limitações sociais às diversas práticas sexuais, sendo do adulto 
a obrigação de conhecer e respeitar esses limites, além da responsabilidade sobre atos realizados. 
Epidemiologia 
• 8 a 31% das meninas e 3 a 17% dos meninos são vítimas de algum tipo de abuso sexual (24 paí-
ses). 
2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
• Na imensa maioria das vezes os abusos são recorrentes. Poucos casos de abuso único chegam 
aos serviços de saúde. 
Brasil: 
• 5.119 casos notificados de abuso sexual contra menores de 9 anos (2011) 
• 72,6% das vítimas são meninas. 
• 90% dos abusadores são homens. 
• 84,5% das crianças conhecem seu abusador. 
• 38,2% dos abusadores têm entre 31 e 45 anos. 
• 54,5% dos abusadores são da família da vítima. 
• 42,3% dos abusos são cometidos pelo pai biológico. 
• 8,2% das meninas abusadas contraem alguma DST. 
• Até 30% das meninas vítimas de violência sexual engravidam e 63% destas sofrem aborto. 
Subnotificação 
▪ Abusos são subnotificados por: 
▪ Sentimento de culpa ou vergonha por parte da criança. 
▪ Desconhecimento da criança de que a prática sexual é inadequada. 
▪ Proteção familiar ao abusador. 
▪ Descrédito quanto ao relato da criança. 
▪ Relutância de profissionais da saúde em reconhecer e notificar o abuso. 
▪ Dificuldade de coletar evidências físicas que norteiem o laudo pericial. 
 
VULNERABILIDADE 
✓ Meninas estão mais sujeitas, meninos são menos notificados (relutância em descrever o abuso por 
constrangimento). 
✓ Ocorre majoritariamente na residência da vítima ou do abusador. 
Fatores ambientais de risco: 
• Violência física 
• Negligência 
• Mãe com saúde física ou psicológica debilitada 
• Lar monoparental 
• Relacionamentos conflituosos 
• Abusos verbais 
• Jovens com necessidades especiais físicas ou mentais (3x) 
Tipos de Abuso 
SEM CONTATO 
➢ Exposição da vítima a genitais de adultos ou a atividade sexual 
➢ Voyeurismo 
➢ Indução de atividade sexual entre crianças/adolescentes 
➢ Exposição a pornografia de qualquer natureza 
➢ Discurso obsceno para chocar ou criar curiosidade sexual na criança 
COM CONTATO 
➢ Manipulação genital, anal ou mamária 
➢ Contato orogenital 
➢ Masturbação 
➢ Introdução de objetos em ânus ou vagina 
➢ Penetração digital ou peniana 
 
Lesões Físicas 
➢ Pouco detectáveis em crianças (demora em revelar abuso e baixa necessidade de uso de força ou 
violência). Mas detectáveis em adolescentes. 
➢ Atenção para escoriações, edemas, hematomas, lacerações, marcas de mordidas em zonas eróge-
nas; lesões dermatológicas decorrentes de DST (descartando DST congênita ou perinatal); secção 
himenal cicatrizada; sangramento vaginal ou anal doloroso em crianças pré-púberes. 
➢ Descartar prolapso anal ou uretral, rompimento de hímen, eritema, inflamação e fissura vulvar ou 
perianal por outras condições médicas. 
 
2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
Comportamento Sexualizado 
➢ Masturbação e toque na genitália de outras crianças podem fazer parte do desenvolvimento infan-
til normal. 
Desconfiar quando comportamento sexualizado surge precocemente: 
o Relacionamento com outra criança, adulto ou brinquedo torna-se erotizado. 
o Exibição da própria genitália com simulação de atividade sexual. 
o Introdução de dedos ou objetos na vagina ou ânus. 
o Contato orogenital com outras crianças. 
o Uso de terminologia sexual. 
Tais comportamentos podem não ser específicos de situações de abuso. 
Indicadores Psíquicos de Abuso 
➢ Quadros depressivos precoces. 
➢ Sintomas ansiosos fóbicos (evitativos ou contaminação) ou compulsivos (limpeza). 
➢ Mutismo, prostração e sonolência diurna. 
➢ Desconfiança ou medo exagerado de adultos (geralmente do gênero do agressor). 
➢ Agressividade e hostilidade novas. 
➢ Tiques. 
➢ Regressâo (enurese, encoprese).➢ Baixa autoestima. 
➢ Sexualização precoce. 
➢ Medo de exames médicos de rotina. 
➢ Interesse súbito e precoce por contracepção. 
➢ Automutilação 
➢ Tentativas de suicídio. 
Manejo 
➢ Crianças são mais cronicamente abusadas enquanto adolescentes são mais vitimados por abuso 
agudo. 
➢ Como a comprovação física é difícil (sobretudo nas vítimas mais novas), a história é fundamental. 
➢ Investir em uma atitude receptiva à criança. Tentar estabelecer confiança. Seja aberto, acolhedor 
e evite juízos de valor. 
➢ Algumas crianças chegam instruídas a contar uma história para despistar ou acobertar parente 
próximo: atenção a inconsistências e contradições na história. 
➢ Fazer anamnese detalhadamente e de uma vez só (evitar que a criança precise contar mais de 
uma vez a história do abuso). A escuta deve ser majoritariamente passiva. 
➢ Manter privacidade dos envolvidos. 
➢ Fazer registro imparcial da história. Evitar descrições técnicas. Identificar todos os relatores. Des-
crever comportamento da vítima e cuidadores antes, durante e depois da anamnese (prontuário 
geralmente é usado para laudo indireto no Exame de Corpo de Delito). 
➢ Não fechar diagnóstico já na história. 
➢ Investigar quadros ansiosos, depressivos, dissociativos, TEPT, confusão mental, ideação suicida. 
➢ Investigar história psiquiátrica familiar. 
➢ Avaliar necessidade de profilaxia para DSTs e contracepção emergencial. 
➢ Multidisciplinar 
➢ Sempre que possível, pediatra deve conduzir exame físico, coletas de material, solicitações de he-
mograma e sorologias. 
➢ No atendimento de urgência, exame ginecológico é obrigatório, podendo ser necessária sedação 
ou anestesia da vítima. 
➢ Encaminhar à cirurgia lesões que necessitem de correção emergencial. 
➢ Profilaxia imediata para DST, HIV, Hepatite B, Tétano, contracepção de emergência. 
➢ Todos os procedimentos requerem autorização, seja dos pais, seja do Conselho Tutelar (quando 
pais são os abusadores). 
➢ Usar psicofármacos para os sintomas-alvo. 
➢ Encaminhar para psicoterapia (em especial quando há sinais de TEPT). 
➢ A família pode estar desorganizada, com sentimento de culpa, vergonha e medo (em especial se o 
abusador é do ambiente familiar). Forneça suporte. 
 
2021/1 - PSIQUIATRIA II acadêmico: 
Código de Ética Médica 
“É vedado ao médico revelar sigilo profissional relacionado a paciente menor de idade, inclu-
sive a seus pais ou representantes legais, desde que o menor tenha capacidade de discer-
nimento, salvo quando a não-revelação possa acarretar dano ao paciente”. 
 
ASPECTOS JUDICIAIS 
➢ Responsáveis devem fazer B.O. 
➢ Distrito Policial deve requisitar laudo ao I.M.L. 
➢ Na ausência dos responsáveis, o Conselho Tutelar obrigatoriamente deve estar presente e assume 
tutela provisória da vítima. 
➢ Se não houver conselho tutelar, acionar a Vara da Infância e da Juventude.

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