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Karina Vitória do Nascimento – MED 13 Meningite → processo inflamatório das meninges que envolvem o encéfalo e membrana espinhal em resposta a um agente agressor → na maioria das vezes é infeccioso. As de origem viral são mais comuns (causadas por enterovírus, principalmente), mas as bacterianas possuem uma importância clínica e epidemiológica maior. Bacterianas → doença grave com 10% de mortalidade, mesmo com tratamento adequado. Deixam sequelas importantes em mais de 10% dos casos → déficit auditivo, cognitivo, intelectual ou motor, convulsões. Houve uma redução na incidência nos últimos anos (cerca de 30%) → campanhas de vacinação contra as principais bactérias causadoras. Entretanto, ainda segue sendo uma relevante causa de morbimortalidade. Brasil: - Meningococo (1º) → diplococo gram-negativo Karina Vitória do Nascimento – MED 13 - Pneumococo (2º) → diplococo gram-positivo - Haemophilus influenzae → cocobacilo gram-negativo 1999 → introdução da vacina contra Hib no PNI → redução de mais de 90% dos casos. 2010 → introdução da vacina pneumo 10 no PNI. Crianças de até 5 anos são as mais acometidas → pico entre 6 meses e 1 ano. Mycobacterium tuberculosis pode causar meningite em lactentes e pré-escolares. Em pacientes com shunts → S. epidermides e S. aureus são os principais causadores. A prevalência de cada bactéria está relacionada com: - Idade, porta de entrada ou foco séptico inicial - Tipo e local da infecção no SNC - Estado imunológico prévio - Situação epidemiológica local Alguns fatores irão predispor o paciente a um agente etiológico específico. - Meningococo → exposição recente a áreas endêmicas. Karina Vitória do Nascimento – MED 13 De pessoa a pessoa através das vias respiratórias, por gotículas e secreções da nasofaringe. 2 a 10 dias → média: 3 a 4 dias. Pode haver variação de acordo com o agente etiológico. Depende do agente, do tempo de diagnóstico e instituição do tratamento. Envolve uma interação complexa entre os fatores de virulência do agente e o estado do sistema imunológico do hospedeiro. Fatores de risco: Karina Vitória do Nascimento – MED 13 Mecanismos pelos quais a meningite pode ocorrer: 1. Colonização da nasofaringe por um microrganismo potencialmente patogênico → invasão da corrente sanguínea → invasão do SNC. 2. Invasão do SNC secundária à bacteremia decorrente de um foco infeccioso localizado → disseminação hematogênica. 3. Inoculação direta de microrganismos no SNC por contiguidade (sinusite, mastoidite, trauma, neurocirurgia). Fisiopatogenia: patógenos colonizam epitélio mucoso → invadem e sobrevivem na corrente sanguínea → passagem pela barreira hematoencefálica → multiplicação no SNC → resposta inflamatória (infiltração neutrofílica, aumento da permeabilidade vascular, alterações da barreira hematoencefálica, trombose vascular) → lesão tecidual (isquemia cerebral, apoptose neuronal). Pode ser fatal nas primeiras 24 horas devido a essa reação inflamatória, edema cerebral, HIC e herniação cerebral. É uma emergência médica → necessário diagnóstico rápido e terapia antimicrobiana específica imediata. Dois padrões de apresentação: - Mais grave e menos comum → início súbito com manifestações que progridem rapidamente: choque, púrpura, coagulação intravascular disseminada e redução do nível de consciência → pode resultar em morte dentro de horas. - Quadro que é precedido de sintomas do trato respiratório superior ou TGI + sintomas inespecíficos de infecção do SNC (letargia e irritabilidade). Achados inespecíficos → febre (90 a 95% dos casos), anorexia, recusa alimentar, mialgia, taquicardia, hipotensão e diversos sinais cutâneos (petéquias, púrpura ou exantema muculoeritematoso). Irritação meníngea → rigidez de nuca, dor no dorso, sinal de Kernig, sinal de Brudzinski → em crianças menores, nem sempre esses sinais são evidentes. HIC → cefalia, vômitos, fontanela abaulada ou diástase das suturas (em bebês), paralisia de nervos cranianos, hipertensão arterial com bradicardia, apneia ou hiperventilação, convulsões focais ou generalizadas em 20 a 30% dos casos. Karina Vitória do Nascimento – MED 13 Podem ocorrer mesmo com tratamento adequado. São elas: - Crises convulsivas - Abscesso cerebral - HIC - Sepse - Edema cerebral - Doença disseminada por conta da sepse - Isquemia cerebral - Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor - Surdez Histórico clínico, exame físico, epidemiologia e exames complementares. Análise do LCR → mais importante: - Contagem de células com diferencial → em crianças maiores de 1 mês deve estar acima de 1000 leucócitos/mL; predomínio de polimorfonucleares; na cura os neutrófilos serão substituídos por células linfomonocitárias) - Concentração de glicose → hipoglicorraquia → concentração normal de glicose = 2/3 da glicemia; se não melhorar em 2 a 3 dias de antibioticoterapia = prognóstico ruim. - Concentração de proteínas → hiperproteinorraquia (acima de 100 mg/dL) → decorrente do processo inflamatório; deve reduzir em poucos dias a partir do início da antibioticoterapia; se não = prognóstico ruim = sem resposta terapêutica. - Coloração de gram - Cultura → demora um pouco, pode alterar com o uso de antimicrobianos administrados → exame de maior confiabilidade. - Aglutinação pelo látex - PCR Karina Vitória do Nascimento – MED 13 Hemograma, hemocultura, glicemia (correlacionar com glicorraquia), eletrólitos, função renal e da coagulação → auxiliar no diagnóstico e para avaliação do comprometimento sistêmico do paciente. - Em crianças menores de 12 a 18 meses, o quadro clínico pode ser atípico → exame do LCR deve ser realizado no surgimento dos primeiros sintomas sugestivos de meningite ou comprometimento sistêmico grave. Exames de imagem são indicados antecedendo coleta do LCR nos seguintes casos: - Paciente imunocomprometido - Presença de malformações de SNC ou derivações ventriculares - Histórico de trauma ou neurocirurgia recente - Rebaixamento do nível de consciência - Papiledema - Crise convulsiva ou déficit neurológico focal Após o atendimento inicial com estabilização cardiorrespiratória do paciente, a antibioticoterapia deve ser iniciada imediatamente após a punção lombar ou já na chegada (para casos fortemente suspeitos e que a punção lombar não poderá ser realizada na 1ª hora ou está contraindicada). Após história e exame físico: - Assegurar ventilação e perfusão adequadas - Monitoração hemodinâmica e coleta dos exames iniciais - Garantir acesso venoso e tratar déficits de líquido Karina Vitória do Nascimento – MED 13 - Dexametasona para prevenção de sequelas neurológicas e auditivas → 1ª dose idealmente antes do antibiótico = 0,15 mg/kg EV a cada 6 horas (total = 0,6 mg/kg/dia) durante 4 dias. Dose máxima = 10 mg. - Antibioticoterapia empírica → de acordo com faixa etária, epidemiologia, local. - Avaliar glicemia, gasometria e sangramentos, tratando hipoglicemia, acidose e coagulopatias, se presentes. Avaliar sódio sérico. - Tratamento das convulsões, se presentes. Raramente o microrganismo causador será conhecido desde o início da terapia, tratamento empírico deve ser formulado de acordo com epidemiologia local, patógenos mais frequentes para a idade, status vacinal do paciente e resistência local dos microrganismos. Assim que as culturas estiverem prontas, esse tratamento deve ser modificado de acordo com o agente etiológico identificado. Empírico → maiores de 2 meses → cefalosporina de 3ª geração → associar à vancomicina nas regiões de alta incidência de pneumococo resistente. - Ceftriaxona: 100 mg/kg/dia, 2 doses - Cefotaxima:300 mg/kg/dia Empírico → lactentes com até 2 meses: - Ampicilina + cefalosporina de 3ª geração → evitar ceftriaxona (compete com a bilirrubina). - Ampicilina + aminoglicosídio (gentamicina ou amicacina). Conhecendo o agente após cultura → maiores de 2 meses: Karina Vitória do Nascimento – MED 13 Conhecendo o agente após cultura → lactentes menores que 2 meses: Resposta terapêutica deve ser monitorada clinicamente. - Febre e sintomas clínicos → começam a regredir 1 a 3 dias após o início da antibioticoterapia. - Meningocócica é a que evolui mais rapidamente para a cura → se o quadro neurológico persistir, considera terapêutica inadequada ou complicações supurativas. Estado de consciência à admissão Agente etiológico (pior em meningite pneumocócica). Convulsões prolongadas ou complicadas. Concentração de glicose no líquor muito baixa (menor que 20 mg/dL). Estado nutricional deficiente. Karina Vitória do Nascimento – MED 13 Droga de escolha → rifampicina (doses abaixo). Para gestante ou paciente com contraindicação → ceftriaxona 250 mg IM em dose única e 125 mg para menores de 12 anos. Vacinas de acordo com o PNI: - Pneumo 10 conjugada → 2, 4 e 12 meses. - Pentavalente (DTP, Hib + HBV) → 2, 4 e 6 meses. - Meningo C conjugada → 3, 5 e 12 meses. - ACWY conjugada → só no período de 11 a 12 anos em dose única. Vacinas que ainda não estão no PNI, mas são indicadas pela SBIm e SBP: - ACWY → no primeiro ano de vida + reforços - Meningo B → primeiro ano de vida + reforços - Pneumo 13 Sempre ficar atento ao cartão de vacinação das crianças → observar se está atualizado e em dia. Reforçar o grande benefício das vacinas com os pais.
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