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Amanda Santana CARACTERISTICAS DAS PRISÕES Jurisdicionalidade: Somente poderá ser fixada medida cautelar de caráter pessoal pela autoridade judiciária competente. Contraditório: A medida gravosa deve ser submetida ao contraditório, ainda que diferido em razão da natureza da medida. Provisionalidade: A medida somente deve perdurar enquanto perdurarem os motivos que justificaram sua efetivação. Provisoriedade: A prisão deve ser breve e temporária, não se admitindo que perdure por tempo indeterminado (se relaciona com a razoável duração do processo, prevista no art. 5º da Constituição Federal). Excepcionalidade: Deve ser considerada a última hipótese (ultima ratio), sendo aplicada somente se outra medida menos gravosa não puder ser utilizada. Proporcionalidade: O magistrado deverá ponderar a gravidade da medida com o resultado esperado do processo ESPÉCIES DE PRISÃO As espécies de prisão são: 1) Prisão em flagrante (a única prisão pré- cautelar); 2) Prisão preventiva (prisão cautelar); 3) Prisão temporária (prisão cautelar; Lei n. 7.960 de 1989); 4) Prisão domiciliar (prisão cautelar); 5) Prisão-pena. PRISÃO EM FLAGRANTE É uma medida de autodefesa social em que se priva a liberdade de quem está cometendo ou acabou de cometer uma infração penal, independentemente de prévia autorização judicial. Dispensa mandando de prisão. Finalidade: Evitar a fuga do infrator e/ou auxiliar na colheita de provas. ESPÉCIES DE FLAGRANTE: 1. Próprio, Perfeito, Real ou Verdadeiro: art. 302, incisos I e II do CPP. 2. Impróprio, Imperfeito, Irreal ou Quase Flagrante: art. 302, III, do CPP: é uma perseguição ininterrupta E que SE INICIE logo após o crime. Não havendo a interrupção da perseguição, não importa a quantidade de tempo que ela durou. “logo após” diz respeito ao período de tempo entre o acionamento da polícia, seu comparecimento ao local e a colheita de elementos para que inicie a perseguição ou, até mesmo, ao período de tempo necessário para que a vítima ou terceiros inicie a perseguição. 3. Flagrante Presumido, Ficto ou Assimilado: art. 302, IV, do CPP: o cidadão não é perseguido, ele é ENCONTRADO. Art. 302: Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Amanda Santana 4. Flagrante Preparado, Provocado, Crime de Ensaio, Delito de Experiência ou Delito Putativo por obra do Agente Provocador: determinada pessoa, que pode ser particular ou autoridade policial, instiga o agente a praticar o crime, ao mesmo tempo em que toma todas as providências necessárias para que o crime não se consume, com o objetivo de efetuar a prisão dele em flagrante. Consequência do flagrante preparado: Ilegalidade da prisão. Sumula nº. 145/STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. 5. Flagrante Prorrogado, Retardado, Protelado Ou Diferido: A ação controlada consiste no retardamento da intervenção policial, que deve se dar no momento mais oportuno sob o ponto de vista da colheita de provas. Assim, a lei confere a possibilidade de a intervenção policial ser retardada, permitindo que a prisão em flagrante não se dê de imediato, visando a colher mais elementos de prova: identificar outros agentes envolvidos, colher elementos de informação sobre a atividade do grupo. 6. Flagrante Forjado, Maquinado, Urdido, Fabricado: Policiais ou particulares criam prova de um crime inexistente, visando a legitimar uma prisão em flagrante manifestamente ilegal. a apresentação espontânea do acusado à autoridade não impedirá a decretação da prisão preventiva nos casos em que a lei a autoriza. Vale dizer: não se fala em prisão em flagrante, restando a possibilidade, no entanto, de decretação da prisão preventiva APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA A apresentação espontânea do acusado à autoridade não impedirá a decretação da prisão preventiva nos casos em que a lei a autoriza. Vale dizer: não se fala em prisão em flagrante, restando a possibilidade, no entanto, de decretação da prisão preventiva. PRISÃO EM FLAGRANTE NAS DIVERSAS ESPÉCIES DE CRIMES 1. Prisão em Flagrante em Crime Permanente: Crime permanente é aquele cuja consumação se prolonga o tempo. Enquanto não cessar a permanência, a pessoa pode ser presa em flagrante (art. 303 do CPP). Se o crime é permanente e está acontecendo, é possível a prisão em flagrante. Estando o agente em flagrante, admite-se o ingresso na casa, em qualquer horário do dia e da noite, mesmo sem autorização judicial. Para que se considere essa prisão legal, tendo em vista que violado o domicílio, faz-se necessária a comprovação de indícios de que estava no interior daquela residência sendo praticado um crime 2. Crime habitual: delito que exige a reiteração de determinada conduta para a própria caracterização do crime. Art. 282. Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites Parte da doutrina diz não ser possível prisão em flagrante em crimes habituais, pois surpreender alguém praticando um ato isolado não seria suficiente para dizer que ela praticou um crime. Portanto, inviável a prisão em flagrante. Outra parte da doutrina, no entanto, diz que não se pode afastar essa possibilidade, pois o caso concreto pode demonstrar que isso é possível sim. FLAGRANTE OBRIGATÓRIO E FACULTATIVO Flagrante obrigatório: É aquele realizado pelas autoridades policiais ou seus agentes, que são obrigados a efetuar a prisão em caso de flagrante Amanda Santana delito. Quando uma autoridade policial prende uma pessoa, ela está agindo em estrito cumprimento de seu dever legal. A obrigatoriedade pode ser postergada, nas hipóteses expressamente previstas em lei. Flagrante Facultativo. É aquele efetuado por qualquer pessoa do povo. Qualquer pessoa do povo pode prender em flagrante, mas perceba que, neste caso, o ato de prender não é obrigatório. Um popular não tem obrigação de prender quem quer que seja, mas tem essa possibilidade, caso queira. Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. FASES DA PRISÃO EM FLAGRANTE 1. Captura do agente: Uso da força: é indispensável, é aquela necessária e suficiente para conter o preso, evitar que ele fuja ou cause algum dano físico nele próprio ou em terceiros. Emprego de força, portanto, é medida de natureza excepcional, somente sendo possível enquanto necessária para evitar a resistência ativa do capturando. Uso de algemas: trata-se de medida de natureza também excepcional, somente sendo possível nas seguintes hipóteses: para prevenir, impedir ou dificultar a fuga do preso; para evitar a agressão do preso contra os próprios policiais, contra terceiros ou contra si mesmo. 284 do CPP: não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso. Súmula 11/STF: ó é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 2. Condução coercitiva: levaro preso para a delegacia, para a presença da autoridade policial. 3. Lavratura do Auto de Prisão em Flagrante: documento (auto) no qual constarão todos os elementos essenciais que se deram no momento da infração e da prisão. Posteriormente, o auto de prisão em flagrante vai servir de base tanto para verificar aspectos concernentes à legalidade e à regularidade da prisão. O APF deve ser lavrado mediante o preenchimento de todas as formalidades: obediência aos direitos constitucionais do preso e observância à documentação que se faz necessária – forma escrita, lavrado por autoridade com atribuição para o ato. Oitiva do condutor e de testemunhas: Condutor é quem entrega o preso à autoridade competente para a lavratura do APF e nem sempre vai coincidir com quem prendeu o sujeito. Além do condutor, devem ser ouvidas duas testemunhas. Caso o condutor tenha presenciado o delito, ele pode funcionar ao mesmo tempo como condutor e como testemunha É necessário duas testemunhas de apresentação, vale dizer, testemunhas que tenham testemunhado a apresentação do preso à autoridade. Art. 304. § 2º A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade. Testemunhas fedatárias/instrumentárias: quando o acusado se recursar a assinar, não souber/puder fazê- lo, o APF será assinado por duas testemunhas (“fedatárias”) que tenham ouvido a leitura na presença desse. § 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste. Amanda Santana Atenção também ao art. 7º, IV, do Estatuto da OAB, que garante, em caso de prisão em flagrante de ADVOGADO por motivo ligado ao exercício da advocacia, a presença de representante da OAB para lavratura do auto de prisão em flagrante, sob pena de nulidade, e nos demais casos a comunicação expressa à seccional da OAB. Informações adicionais – APF: Dispõe o § 4º do art. 304 do CPP que da lavratura do APF deverá constar a informação sobre a existência de filhos e se possuem deficiência, e o nome e o contato de eventual responsável pelos filhos. Autoridade competente: Em regra, é da autoridade policial (o escrivão só executa), mas isso não afasta a competência de outras autoridades indicadas por lei (ex: agentes de trânsito). Falta de autoridade? Art. 308. Não havendo autoridade no lugar da prisão, o preso será apresentado à do lugar mais próximo. Falta/impedimento do escrivão? Art. 305. qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o APF, ³após prestado o compromisso legal 4. Recolhimento ao Cárcere: Lavrado o auto de prisão em flagrante, a próxima fase é o recolhimento à prisão. Se não couber fiança a ser concedida pela autoridade policial, ou não houver o pagamento dela, será o conduzido recolhido ao cárcere. 5. Remessa do APF à Autoridade Competente Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. Necessidade de comunicar a prisão ao juiz competente, ao MP, à família do preso ou a pessoa por ele indicada. Necessidade de comunicação à Defensoria Pública, caso o autuado não informe advogado: Art. 306, §1º: em até 24 horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. 6. Convalidação Judicial da Prisão em Flagrante, em Audiência de Custódia Recebido o APF, o juiz deverá decidir sobre a prisão. Essa decisão é tomada em Audiência de Custódia Decisões que podem ser tomadas pelo juiz nesse momento processual: 1- Relaxar a prisão ilegal: Verificação da legalidade da prisão 2- Converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos do artigo 312 (e 313), e se revelarem inadequadas ou insuficientes, as medidas cautelares diversas da prisão. 3- Conceder liberdade provisória, com ou sem fiança, cumulada ou não com uma das medidas cautelares diversas da prisão. Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. § 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). § 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; Amanda Santana II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; § 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. § 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. AUDIENCIA DE CUSTÓDIA Audiência que deve ser realizada sem demora, após a prisão em flagrante de alguém, visando a que o preso tenha contato imediato com o juiz das garantias, com um defensor e com o Ministério Público. A Lei n. 13.964/2019 introduziu a necessidade de realização de audiência de custódia também no caso de prisão preventiva e prisão temporária (prisões que dependem de ordem judicial e são cumpridas por mandado). A audiência de custódia deve ser presidida por juiz – não por delegado ou promotor. O art. 310 expressa que o juiz promoverá a audiência de custódia e aqui estamos falando do juiz das garantias (quando implementado), pois se cuida de ato praticado antes do início do processo e que tem por fim resguardar direitos do preso. Não é permitida a presença dos agentes policiais responsáveis pela prisão durante a audiência de custódia. Isso poderia constranger o preso a relatar eventuais abusos que tenham ocorrido durante a prisão Caso o preso esteja gravemente doente ou se vislumbre outra situação excepcional que não permita que compareça perante o juiz, deve ser assegurada a realização da audiência no local em que ele se encontre A doutrina defende que a audiência de custódia não pode ser convertida em audiência una de instrução e julgamento. 24H sem realização da audiência de custódia, será a prisão considerada ilegal, devendo ser relaxa. PRISÃO PREVENTIVA (PP) Prisão cautelar Decretada pela autoridade judiciária competente em qualquer fase da investigação ou do processo criminal Depende de representação da autoridade policial, ou requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, quando presentes os requisitos do art. 313e os motivos do art. 312 do CPP As medidas cautelares diversas da prisão se mostraram inadequadas ou insuficientes ! NUNCA DE OFICIO! PRESSUPOSTOS DA PP Fumus comissi delicti: prova da materialidade e de indícios de autoria Periculum libertatis: risco da permanência daquela pessoa em liberdade § 2º do art. 312: A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada Pressupostos que estão expressos no art. 312 do CPP: garantia da ordem pública; garantia da ordem econômica; garantia da aplicação da lei penal; conveniência da instrução criminal. Amanda Santana E o estrangeiro sem domicílio no Brasil que pratica um crime? Isso, por si só, é suficiente para decretar a prisão diante do risco para a aplicação da lei penal? O entendimento dos tribunais superiores hoje é no sentido de que, havendo acordo de assistência judiciária entre o Brasil e o país de origem do investigado, e verificando-se que o investigado tem residência fixa no seu país de origem, não será necessária a decretação da preventiva Importante: A ausência do acusado ao interrogatório NÃO pode ser considerada como risco à instrução criminal, de modo a permitir a decretação da prisão preventiva. Entender dessa forma é afastar-se do interrogatório como meio de defesa. O réu pode optar por comparecer ou não a ele e, comparecendo, por falar ou ficar em silêncio. Um direito não pode ter um resultado negativo como consequência do seu exercício. HIPÓTESES DE CABIMENTO DA PP 1º) verifico se há prova da materialidade (não havendo, nem vou para o próximo passo). + 2º) verifico a presença de indícios de autoria (inexistentes, nem vou para o próximo passo). + 3º) verifico a necessidade da prisão e a insuficiência das medidas cautelares diversas da prisão (análise que passa pela verificação dos passos seguintes, somados:). + 4º) constato o perigo da liberdade, que deve ser contemporâneo, e ser extraído de algumas das hipóteses previstas no art. 312: risco para a ordem pública; OU risco para a ordem econômica OU conveniência da instrução criminal OU garantia de aplicação da lei penal OU descumprimento de medidas cautelares diversas da prisão (em último caso). “OU” aqui significa que encontrando qualquer um deles, posso ir para o passo “5”, pois já tenho o pressuposto configurado. Não encontrado nenhum deles, paro por aqui minha análise, por não ser caso de prisão. 5º) constato se estou diante de uma hipótese de admissibilidade da prisão preventiva: crimes dolosos punidos com pena máxima superior a 4 anos; OU investigado ou acusado condenado por outro crime doloso em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no art. 64, I, do CP; OU quando o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência (vulneráveis) OU dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou não fornecimento de elementos suficientes para seu esclarecimento. Muito importante! As hipóteses de concursos de crimes devem ser levadas em consideração. Assim, cometidos dois crimes, em concurso material, um deles com pena máxima em abstrato de 2 anos e outro com pena máxima em abstrato de 3 anos, estaremos diante de uma hipótese que permite a prisão preventiva com fundamento no inciso I do art. 313. A reincidência deve ser em CRIME DOLOSO. HIPÓTESES IMPEDITIVAS DA PP Art. 314: A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do CP Não é admitida quando o juiz verificar, a partir do que foi colhido nos autos, que o agente praticou o crime amparado por causa excludente da ilicitude: estado de necessidade Amanda Santana legítima defesa estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito. DURAÇÃO DA PP Não possui prazo predeterminado. Renato Brasileiro traz o prazo de 95 dias. Inquérito: 10 dias na justiça comum, (que pode ser prorrogado por até 15 dias (art. 3ºB da Lei n. 13.964/2019)). Assim, o total pode chegar a 25 dias. 30 dias na Justiça Federal. Oferecimento da Denúncia ou Queixa: 5 dias (art. 46, caput). Recebimento da peça acusatória: 5 dias. Resposta à acusação – 10 dias. Caso o acusado não apresente a resposta, o juiz não pode prosseguir com o processo. Ele é obrigado a nomear advogado dativo que vai ter 10 dias para apresentar resposta. (Vista à acusação caso venham documentos novos na resposta à acusação – 5 dias). Análise da possibilidade de absolvição sumária – 5 dias. Audiência una de instrução e julgamento – 60 dias para ela ocorrer. (Possibilidade de substituição das alegações orais por memoriais, o que é possível em algumas hipóteses: necessidade de diligências, complexidade do caso ou pluralidade de acusados. Prazo de 5 dias para cada uma das partes e mais 10 dias para o juiz proferir sentença). Somando todos esses prazos, chega-se a 95 dias. Tudo isso sem considerar a possibilidade de os autos irem para o MP após a resposta à acusação e partindo do pressuposto que a sentença foi proferida em audiência una de instrução e julgamento e sem considerar os prazos para movimentação cartorária. Então, é um prazo que pode variar bastante, por exemplo de 95 a 185 dias. (Prazo de natureza relativa) Teses desenvolvidas pelos Tribunais para caracterizar o excesso de prazo que conduz ao relaxamento da prisão: Quando o excesso for provocado pelo Poder Judiciário, isto é, pela inércia do poder judiciário Excesso de diligências suscitadas exclusivamente pelo MP Excesso abusivo, gritante, desproporcional Relaxada a prisão por excesso de prazo, não pode o juiz decretá-la novamente, salvo diante de motivo superveniente. O relaxamento da prisão por excesso de prazo é cabível para qualquer crime! Pouco importa se de natureza hedionda ou não, ok? FUNDAMENTTAÇÃO DA PP juiz deve se preocupar em fundamentar a decisão que decreta a prisão preventiva, sob pena de nulidade. Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada e fundamentada. § 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. § 2º NÃO se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; Renato Brasileiro: “decisão judicial tipo vestidinho preto” – aquela que caberia para qualquer situação, mas que não enfrenta as peculiaridades daquele daquele caso concreto! IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; Amanda Santana V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superaçãodo entendimento. REVOGAÇÃO DA PP A decisão que decreta ou nega a prisão preventiva é baseada na cláusula rebus sic stantibus, ou seja, mantidos os pressupostos fáticos e jurídicos, a decisão deve ser mantida; caso alterados os pressupostos fáticos, nada impede que o juiz modifique sua decisão. Isso está previsto no art. 316 do CPP: Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. A lei inseriu a obrigatoriedade de revisão da previsão preventiva, visando à verificação da necessidade ou não de ser ela mantida, a cada 90 dias, o que deve ser feito por decisão fundamentada. PRISÃO TEMPORÁRIA (PT) Espécie de prisão cautelar decretada pela autoridade judiciária competente durante a fase de investigações, com prazo pré-determinado de duração, quando a prisão for necessária para a colheita de elementos de informação (materialidade e autoria), quanto aos crimes previstos no art. 1º, III, da Lei de Prisão Temporária e quanto aos crimes hediondos e equiparados. REQUISITOS PARA A DECRETAÇÃO Estão previstos no art. 1º da Lei n. 7.960/1989: Art. 1º Caberá prisão temporária: I – quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; I – quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; III – quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: a) homicídio doloso (Art. 121, caput, e seu § 2º); b) sequestro ou cárcere privado (Art. 148, caput, e seus §§ 1º e 2º); c) roubo (Art. 157, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º); d) extorsão (Art. 158, caput, e seus §§ 1º e 2º); e) extorsão mediante sequestro (Art. 159, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º); f) estupro (Art. 213, caput, e sua combinação com o Art. 223, caput, e parágrafo único); g) atentado violento ao pudor (Art. 214, caput, e sua combinação com o Art. 223, caput, e parágrafo único); h) rapto violento (Art. 219, e sua combinação com o Art. 223, caput, e parágrafo único); i) epidemia com resultado de morte (Art. 267, § 1º); j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (Art. 270, caput, combinado com Art. 285); l) quadrilha ou bando (Art. 288), todos do Código Penal; m) genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei n. 2.889, de 1º de outubro de 1956), em qualquer de suas formas típicas; n) tráfico de drogas o) crimes contra o sistema financeiro p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. O inciso III deverá estar sempre presente, seja combinado com o inciso I, seja combinado com o inciso II. Também é cabível a decretação de prisão temporária nos crimes hediondos e equiparados: A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n. 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. Amanda Santana PRAZO DA PT O prazo da prisão temporária é preestabelecido: 5 dias + 5 dias (prorrogável por igual período em caso de EXTREMA e COMPROVADA necessidade – art. 2º Lei 7.960). Não há renovação automática! Lembrando que, em se tratando de crimes hediondos e equiparados esse prazo é de: 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias, em caso de EXTREMA e COMPROVADA necessidade! Nada impede que o juiz decrete por um período inferior, caso entenda ser suficiente. O prazo só começa a contar a partir da efetiva prisão do agente, devendo ser contado conforme o art. 10 do CP. Assim, uma prisão ocorrida às 23:58min, já tem um dia de prisão! Decorrido o prazo da prisão temporária, o acusado será colocado em liberdade, mesmo sem alvará de soltura, salvo se tiver sido decretada sua prisão preventiva. A prisão temporária só pode ser decretada pelo juiz, e mediante representação da autoridade policial ou requerimento do Ministério Público. Quando se tratar de representação da autoridade policial, o Ministério Público deve ser previamente ouvido (art. 2º, § 2º, da Lei n. 7.960). PRISÃO DOMICILIAR Forma de cumprimento da prisão preventiva, e não de uma nova modalidade de prisão cautelar. De acordo com o art. 317 do CPP, a prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: I – maior de 80 (oitenta) anos; (Esse é um dos incisos mais cobrados, porque tem a idade aí para o examinador “brincar”. II – extremamente debilitado por motivo de doença grave; (A doença deve ser grave, e precisa estar presente o “extremamente debilitado”). III – imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; (Atenção à idade!). IV – gestante; (a lei não limita mais a determinado tempo de gestação: basta que esteja gestante!). V – mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (atenção à idade!). VI – homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. (atenção à idade!). Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo. (Quem pede a substituição é quem deve provar). O Art. 318-A. diz que regra é a possibilidade de substituição da prisão preventiva pela domiciliar para a mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência. A substituição não ocorrerá quando ela tiver cometido crime com violência ou grave ameaça à pessoa, ou quando tiver cometido crime contra seu filho ou dependente. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. O art. 318-B fala da possibilidade de que a substituição da prisão preventiva pela domiciliar seja efetuada com aplicação concomitante de medidas cautelares diversas da prisão, previstas no art. 319 do CPP. Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código Amanda Santana MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO O CPP (art. 319) traz um rol de medidas cautelares que podem ser fixadas pelo juiz. A prisão só deve ser decretada em última hipótese, quando as medidas cautelares não se mostrarem suficientes. Portanto, o caso concreto é que vai determinar qual medida melhor se adéqua e que basta para assegurar a aplicação da lei penal, a instrução processual e a garantia da ordem pública. I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades. O comparecimento deve ser pessoal e na periodicidade fixada pelo juiz. O Código não traz determinação específica quanto a isso (quinzenal, mensal...). II – proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações. A lei nãoqual lugar não poderá ser frequentado, cabendo ao julgado, no caso concreto, indicar o que abrange a proibição. A lei traz uma finalidade específica: afastar a pessoa de locais que poderiam levar a risco de cometer novos crimes. III – proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante Essa proibição deve ocorrer quando o contato entre o agente e aquela pessoa determinada coloque-a em risco. Ex.: certa pessoa está sendo ameaçada. O intuito é impedir o contato entre o suposto autor do crime e a vítima e até mesmo eventuais testemunhas. IV – proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução. O objetivo é aplicar a lei penal. A proibição será comunicada às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, devendo o indicado ou acusado ser intimado para entregar o passaporte no prazo de 24 horas, tudo visando à efetividade da medida. V – recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos Não estamos falando de prisão domiciliar! O investigado ou acusado vai poder sair para trabalhar. No entanto, tem que permanecer em casa no período noturno e nos dias de folga. Os horários são determinados pelo juiz, em conformidade com o trabalho do agente, de modo a não impossibilitar o exercício da atividade laboral. Tem por requisito que ele tenha tanto residência quanto trabalho fixos. Como as medidas cautelares podem ser aplicadas cumulativamente, é comum que na prática seja imposta também a monitoração eletrônica neste caso. VI – suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais. Tem aplicação direcionada a crimes praticados por funcionário público contra a administração pública e crimes contra a ordem econômico-financeira. O objetivo é afastar da atividade aquele que estiver dela se utilizando para a prática de crimes. VII – internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do CP) e houver risco de reiteração; A finalidade aqui é proteger a sociedade contra a prática de crimes graves. VIII – fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; A fiança foi elevada à categoria de medida cautelar autônoma a partir da Lei n. 12.403/2011. Também Amanda Santana pode ser cumulada com outras medidas cautelares, se houver compatibilidade. IX – monitoração eletrônica. Possibilidade de utilização de dispositivo de monitoramento eletrônico, com o fim de verificar se o acusado/indiciado está respeitando as medidas impostas, como a proibição de frequentar determinados locais e a necessidade de estar em outros nos dias e horários fixados. A legislação especial também traz medidas cautelares diversas da prisão. Ex.: Lei Maria da Penha, que traz um rol de medidas que podem ser aplicadas ao suposto ofensor, visando a resguardar a integridade física e psicológica da vítima. O rol do art. 319 é taxativo ou o juiz pode aplicar outras medidas? A doutrina diverge com relação ao tema. 1ºC: por serem as medidas impostas de natureza restritiva, deve-se observar a legalidade, de modo a impedir que o juiz crie outras restrições não previstas em lei. 2ºC: Defende a existência sim de um poder geral de cautela, com aplicação subsidiária do CPC, conforme permite o art. 3º do CPP, possibilitando que o julgador adapte a medida a ser adotada ao caso concreto, atentando-se ao princípio da proporcionalidade. Há julgados dos Tribunais Superiores em um e em outro sentido.
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