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ARTIGO NAS ASAS DA LITERATURA MATO-GROSSENSE -atual (1)

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Prévia do material em texto

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO
LICENCIATURA EM LETRAS - HABILITAÇÃO EM LÍNGUA E LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA INGLESA
NAS ASAS DA LITERATURA MATO-GROSSENSE
SILVA NUNES, Cleide[footnoteRef:1]
 [1: Acadêmica do curso de Letras – Habilitação em Língua e Literaturas de Língua Portuguesa e Língua Inglesa, da instituição Universidade de Mato Grosso- . Contato: cleidenunes12@gmail.com
] 
BARROS EVANGELISA, Fabiana[footnoteRef:2] [2: Acadêmica do curso de Letras – Habilitação em Língua e Literaturas de Língua Portuguesa e Língua Inglesa, da instituição Universidade de Mato Grosso - Contato: fabianaevangelistabarros@gmail.com
] 
SOUZA, Maria Domingas de[footnoteRef:3]
 [3: Professora orientadora do Curso de Licenciatura em Letras – Habilitação em Língua e Literaturas de Língua Portuguesa e Língua Inglesa – UAB/DEAD/UNEMAT – Contato: mariads.moraes@gmail.com] 
Resumo
Esta pesquisa tem como tema central a literatura produzida em Mato Grosso em que se aprofundará as contribuições da escritora Erotildes Milhomem (de São Félix do Araguaia) à produção literária deste estado. O objetivo geral é refletir sobre a importância de se conhecer e apreciar a literatura de Mato Grosso, fazendo-a chegar ao âmbito escolar da etapa final do ensino fundamental (9º ano). A metodologia utilizada foi a bibliográfica e de campo. A coleta de dados ocorreu por meio das seguintes etapas: entrevistas, apresentação de poetas e suas poesias, roda de leitura e por fim, socialização entre docentes, alunos e convidados com a escritora Erotildes Milhomem. Em suma, observou-se diante de todas as etapas da pesquisa que, ainda há uma grande lacuna no ensino da literatura mato-grossense em sala de aula. Todavia, é imprescindível que a literatura, em especial a regional e local, seja inserida na vida dos estudantes não só na etapa final da educação básica (ensino médio), mas que ela seja introduzida ainda no ensino fundamental, pois quanto mais cedo se fizer essa inclusão, mas cedo se permitirá aos alunos a acessibilidade ao vasto campo artístico-literário existente nesta parte geográfica do Centro-Oeste brasileiro.
Palavras-chave: Literatura Mato-Grossense, Literatura Brasileira, Erotildes Milhomem.
Abstract: 
This research has as its central theme the literature produced in Mato Grosso, which will deepen the contributions of the writer Erotildes Milhomem (from São Félix do Araguaia) to the literary production of this state. The general objective is to reflect on the importance of knowing and appreciating the literature of Mato Grosso, making it reach the school level of the final stage of elementary school (9th grade). The methodology used was bibliographic and field. Data collection took place through the following steps: interviews, presentation of poets and their poetry, reading circle and finally, socialization between teachers, students and guests with the writer Erotildes Milhomem. In short, it was observed in all stages of the research that there is still a great gap in the teaching of Mato Grosso literature in the classroom. However, it is essential that literature, especially regional and local, is inserted in the lives of students not only in the final stage of basic education (secondary education), but that it is introduced even in elementary school, because the sooner it is done. this inclusion, but soon it will allow the students access to the vast artistic-literary field existing in this geographical part of the Brazilian Midwest.
Keywords: Mato Grosso literature, Brazilian literature, Erotildes Milhomem.
1. Introdução
Diante da grande lacuna concernente a leitura, principalmente, da literatura mato-grossense no ambiente escolar, prentende-se com este estudo aproximar essas obras dos alunos do ensino fundamental na fase final. Pois, acredita-se que a leitura é uma das chaves do conhecimento que abre caminhos e possibilidades para se ganhar asas e voar, contribuindo de maneira enriquecedora para o desenvolvimento de estudantescom uma prática frequente de leitura.
"O ser humano só adquire cultura, linguagem, desenvolve o raciocínio se estiver inserido no meio com os outros. A criança só vai se desenvolver historicamente se inserida no meio social”. (Vigotsky).
Sabe-se que, Mato grosso é um estado que é palco de excelentes escritores, embora muito pouco divulgados pela mídia nacional, com isso, pretende-se contribuir com uma reflexão de novos caminhos a serem adotados para o ensino da literatura mato-grossenses; e para melhor compreensão e apreciação, será realizado leitura e um varal literário com as obras dos principais autores Mato-gossenses, dando destaque para a cidade de São Félix do Araguaia com as obras da escritora Erotildes Milhomem.
Neste sentido, espera-se que os alunos compreendam que Mato grosso é celeiro de grandes autores e poetas, que precisam ser lembrados e apresentados a eles, incentivando-osa admirar e desfrutar da leitura de obras da literatura regional, bem como local, de sobremodo, mencionar e valorizar o trabalho da escritora e poetisa do Araguaia já supracitada.
Dessa maneira, o presente estudo pretende refletir sobre a importância de se conhecer e apreciar as obras de autores mato-grossenses no ambiente escolar de ensino fundamental. Contribuindo de maneira positiva, enriquecedora e possibilitando a formação de leitores críticos e reflexivos, cooperando com a formação de alunos leitores,críticos e participativos, capazes deapreciarem a literatura regional, a fim de favorecer significativamente o processo ensino-aprendizagem visto que, se propõe a colaboração para o estímulo à leitura. 
2. Estrutura: Fundamentação Teórica 
2.1 A história da Literatura Mato-grossense
Com a chegada dos portugueses em território brasileiro em 1500, dá-se o início da literatura no Brasil, todavia neste período ainda não era produzida por brasileiros. Pero Vaz de caminha e padre José de Anchieta, principais crônicas da época, foram os grandes responsáveis em relatar e registrar o que encontravam por aqui. Dessa maneira nasce a literatura de informação e jesuítica. 
O primeiro documento escrito em língua portuguesa encontrado em Mato Grosso, foi sem dúvida a ata de 8 de abril de 1719, assinada por Moreira Cabral para fundação de Cuiabá. Destaca-se também o primeiro livro as Crônicas do Cuiabá, de Barbosa de Sá e Joaquim seu continuador. Barbosa de Sá o primeiro cronista a relatar os acontecimentos de Cuiabá.
Da Crônica de Barbosa de Sá, escrita em linguagem pitoresca, destacamos o seguinte trecho:
Até este tempo não houve mais justiça nestas minas que o guarda - mor Pascoal Moreira Cabral, que as administrou na forma do assinado que lhe fizeram e já fica copiado. Repartia as lavras, acomodava as contendas que por elas havia, fazia pagar dívidas, julgava as contendas e demandas que se moviam tudo verbalmente, sem que houvesse forma alguma de processo, com tanta prudência, acordo e agrado das partes, que todos ficavam obrigados, tanto vencedores como vencidos. Era paulista dos bons, homem chão, sem letras, pouco polido, de agudo entendimento, sem maldade, sincero, caritativo por extremo, servia e remediava a todos com o que tinha e no que podia, experto na milícia dos sertões e no exercício de mineirar, pelo ter já exercido nas Minas Gerais, valoroso e constante no trabalho. Faleceu nesta vila e jaz sepultado na igreja matriz dela e deixou um filho do mesmo nome, que, depois da morte do pai, veio a estas minas e voltou para o povoado. 
No fim deste ano chegaram do povoado algumas canoas, divididas umas das outras, que nem sabiam naquele tempo se juntar para virem em conserva, como hoje costumam, para se valerem uns aos outros. Vieram nessas canoas notícias da chegada do general Rodrigo César de Menezes à cidade de São Paulo, dividido já o governo das Minas Gerais em separada capitania; veio carta do dito general ao guarda-mor Pascoal Moreira Cabral, com regimento para aarrecadação dos quintos de ouro, dos dízimos dos frutos e dos direitos que houveram de cobrar das fazendas e da escravatura que viessem do povoado, ordenando, para esse fim e mais regime político, que elegesse doze colaterais, com título de deputados, que assistissem em cada bairro com um escrivão e um meirinho, e todos juntos formassem com o guarda-mor um como senado para determinarem nos casos ocorrentes o que fosse para o bem comum, com um aranzel de várias instruções, que desnecessário e por luxo não copiei nesta relação.(Barbosa de Sá – Crônicas do Cuiabá).
Sabe-se que, José Barbosa de Sá foi advogado nos auditórios da Vila Real do Bom Jesus de Cuiabá e escreveu as Crônicas do Cuiabá até o ano de 1765, sendo seu continuador Joaquim da Costa Siqueira, que iniciou o relato em 1776 e vai até 1817. Nasceu em nasceu em São Paulo, em 1740 ou 1741, e faleceu em Cuiabá,em 4 de dezembro de 1821. Era capitão de cavalaria e escreveu Compêndio Histórico Cronológico das Notícias de Cuiabá, Repartição da Capitania de Mato Grosso. Seu estilo, como o de Barbosa de Sá, era confuso.
Mato Grosso adquiriu um grande impulso político, econômico e social durante o Estado Novo na década de 1930 e 40. Modernizando, assim os meios de transportes e comunicação, o que facilitou o contato com a capital do país, com isso muitos trabalhadores e investidores migraram para Mato grosso promovendo a colonização da região sul do Estado, além da descoberta de minério na região leste e norte que contribuiu com intercâmbio cultural na região Centro Oeste do país. 
A produção literária neste período, por sua vez, perpassava entre o antigo e o moderno, conjugando forças progressistas e conservadoras. Dentre as primeiras, destaca-se os nomes de Lobivar Matos, Silva Freire e Manoel de Barros; contudo, a maioria dos escritores mato-grossenses permanecia mergulhada na estética do século anterior.
A literatura do Estado de Mato Grosso compreende as manifestações literárias do modernismo, parnasianismo e romantismo relacionando-se com as escolas que ocorrem respectivamente a elas no Brasil,pois, segundo Pontes (PONTES, 1981, p. 43):
Assim como a literatura brasileira buscava os modelos e sentia-se fortemente influenciada pela Europa, principalmente a França, o nosso estado acompanhava os movimentos e recebia as fórmulas literárias vigentes no Rio de Janeiro, a verdadeira metrópole das letras.(PONTES, 1981, p. 43)
Entre o século XIX e o XX, o teatro era a representação da manifestação cultural de Mato Grosso, como indica a obra Literatura e poder em Mato Grosso, de Hilda Gomes Dutra Magalhães. Ela divide a literatura do estado em dois momentos. O primeiro é caracterizado pela preocupação com a manutenção da elite:
A literatura da primeira metade do século se organizou em torno da elite socioeconômica, na produção de Dom Aquino e de José de Mesquita. Trata-se de uma literatura que reproduz, estrutural, linguística e tematicamente, a voz da dominação. O poder está presente nas figuras heróicas da poética de Dom Aquino ou na poética de José de Mesquita, ambos com fortes matizes moralizantes (MAGALHÃES, 2002, p. 159).
Já na segunda metade do século XX, o que caracteriza a literatura mato-grossense é a preocupação com os desfavorecidos. Ela se volta aos elementos “sem vez e sem voz” que habitam os ermos sertões, onde há uma desumanização do homem. Fica nítida a presença do capital nessa degradação do ser que ocorre nas obras. Isso acontece a tal ponto que Hilda Gomes Dutra Magalhães trabalha com o conceito de “absurdo” de Albert Camus.
Assim compreende Magalhães (2002, p. 17):
[...] a distância entre o mundo e o [que] ser funda a absurdidade da vida. O absurdo nasce desse confronto do irracional, um confronto que é, no limite, o confronto da morte. Em outras palavras, a consciência da estrangeiridade coloca em evidência ‘o divórcio entre o homem e sua vida’, constituindo o sentimento do Absurdo. Magalhães (2002, p. 17)
Contudo em uma segunda subfase tem vida curta, pois os autores se mascaravam com pseudônimos e faziam tiragens artesanais de seus textos, que eram distribuídos sob as portas das casas, à noite (MAGALHÃES, 2002, p. 159), com exceção de Lobivar Matos. Ou seja, era a denúncia contra os donos do poder. Esse poder estava tão presente e tão explícito nas pesadas mãos que o manipulavam a ponto desses poetas denunciadores utilizarem-se de estratégias para mascarar suas identidades
.
2.2 Escritores Mato-grossenses e suas obras
Mato grosso é um estado que é palco de excelentes escritores, embora muito pouco divulgados pela mídia nacional.Nomes como Ricardo Guilherme Dicke, Silva Freire, Dias-Pino, Dom Pedro Casaldáliga, Nicolas Behr e Manoel de Barros são cânones da Literatura Brasileira e a cada ano cresce a quantidade de pesquisadores nos programas de pós-graduação que visa estudá-los. A seguir serão apresentados alguns nomes de poetas e escritor da literatura Mato-grossense.
Lucinda Persona - A poeta estreou na literatura com Por imenso gosto (1995) publicado por MassaoOhno (1936-2010). Também publicou pela editora 7Letras os livros: Ser cotidiano (1998), Sopa Escaldante (2001), Leito de Acaso (2004) e Tempo comum (2009). É imortal na Academia Mato-grossense de Letras (Cadeira 04).
Luciene Carvalho - Nasceu em Corumbá antes do processo de divisão de Mato Grosso que resultou na fundação de Mato Grosso do Sul. Integra a Academia Mato-grossense de Letras (Cadeira 31), sendo a primeira negra a entrar na AML. É autora de Devaneios (1994), Teia (2001), Insânia (2009) e Ladra de Flores (2012).
Marilza Ribeiro - Nasceu em Cuiabá em 1934. Psicóloga, facilitadora de biodança, escritora, desenhista e poeta, publicou vários livros, entre eles As aves e os poetas ainda cantam (2014) e Balaio Amarelo (2016).
Marta Cocco - Membro da Academia Mato-grossense de Letras (Cadeira 18), professora de Literaturas da Língua Portuguesa na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), é autora de cinco livros de poemas, um de crítica literária e um infantil. Pela editora Carlini e Caniato publicou Sábado (2011), Doce de Formiga (2014) e SaBichões (2016).
Aclyse Mattos - “Poeta nas horas cheias e professor nas horas vagas”. Membro da Academia Mato-grossense de Letras (Cadeira 03), professor do Departamento de Comunicação da UFMT, é autor de Assalto à mão amada (1985), Papel Picado (1987), Quem muito olha a lua fica louco (2000) e Festa (2012).
Alan Borges - Nasceu em Torixoréu, interior de Mato Grosso, mas mora atualmente em Cuiabá. É autor dos livros Fogo (2014), O Infiltrado (2014) e Alegorias encantadas: crianças (2013). Assina os seus livros como Alam Borges.
Joe Sales - Poeta de Rondonópolis, Mestre em Estudos de Linguagem e pesquisador de Literatura Brasileira, publicou quatro livros pela editora Penalux: Porta Estreita (2014), Ao passo das horas e outros descabimentos (2015), Criticapopular (2015) e Largo do Amanhecer (2017).
DivanizeCarbonieri - Doutora em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês pela Universidade de São Paulo, atualmente é professora-pesquisadora na UFMT. Em 2017 foi premiada com o 2º Prêmio Mato Grosso de Literatura na categoria poesia. Entraves (2017) é a sua obra inaugural. A poeta é uma das finalistas do prêmio Off-Flip de Literatura 2018.
Lorenzo Falcão - “O cerrado é o meu lar e a poesia, o meu mundão sem porteira”. Editor do site TyrannusMelancholicus, divulga as produções contemporâneas de Mato Grosso para o mundo. É autor de Mundo Cerrado (2011).
Isaac Ramos - Nasceu em Tabatinga, Amazonas. Graduado em Letras (UFMS) e Doutor em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa (USP). Atualmente é professor da UNEMAT e autor de Reflexões (1984), Astro por rastro (1988), Festa de letras (1997) e Teias e teares (2014).
Cristina Campos - Pesquisadora de Manoel de Barros e organizadora de diversas publicações, a poeta integra a Academia Mato-grossense de Letras (Cadeira 16). Publicou em 2016 a obra Bicho-grilo.
Eduardo Mahon - Ingressou na Academia Mato-grossense de Letras em 2007. Advogado, autor de vários livros, dentreeles: Meia Palavra Vasta (2014), Palavra de Amolar (2015), Palavrazia (2015).
Luiz Renato de Souza Pinto - ator, escritor, Doutor em Letras (UNESP), professor de Língua Portuguesa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), autor de Cardápio Poético (1993), Matrinchã do Teles Pires (1998), Flor de Ingá (2014) e Gênero Número Graal (2017).
Irene Rezende - Mestre e Doutora em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa (USP), atualmente é professora da UNEMAT, autora de No chão do Araguaia li meu mundo (2016) e pesquisadora de Mia Couto e J.J. Veiga.
Marli Walker - Nasceu em Santa Catarina, mas vive em Mato Grosso há mais de 30 anos. Concluiu a Graduação em Letras no ano 2000 pela UNEMAT. Com Mestrado em Estudos de Linguagem (PPGEL/UFMT) e Doutorado em Literatura (UnB), atualmente é professora do Programa de Pós-Graduação em Letras da UNEMAT e no IFMT, autora de Pó de serra (2009) e Águas de encantação (2009).
Ivens Scaff - Integra a Academia Mato-grossense de Letras (Cadeira 07). Médico, autor de Uma maneira simples de voar (2006), O menino órfão e o menino rei (2008), Kyvaverá (2011) e vários outros livros.
Eduardo Ferreira - Foi vocalista e baixista da Caximir, banda que contava também com a participação de Antônio Sodré. É editor do Cidadão Cultura, site que conta com a colaboração de escritores e pesquisadores de várias cidades de Mato Grosso. Eduardo é multiartista, autor de eunóia (2006), e seus poemas foram publicados em blogs e na Antologia Poética Mato-Grossense (organizado pela Academia Mato-grossense de Letras, em 2015).
Caio Augusto Ribeiro - Nasceu em Rondonópolis em 1996. É ator, diretor, performer, cursa Ciências Sociais pela UFMT, fundador do coletivo Teatro Laboratório Experimental. Lançou no ano passado o livro Colecionador de tempestades.
Moisés Carlos de Amorim - Poeta cuiabano, mestre em Estudos de Cultura Contemporânea (UFMT), realizou uma pesquisa sobre a construção do espaço mítico em Dom Aquino Corrêa, Silva Freire e Gabriel de Mattos, em 2014, sob a orientação do prof. Dr. Mário Cezar Silva Leite. No ano passado publicou o seu primeiro livro chamado Entre dias e noites.
Odair de Morais - Nasceu em Cuiabá em 1982, mas reside em Várzea Grande. Formado em Letras pela UFMT, exerce a docência de Língua Portuguesa na rede pública de ensino. É autor de um livro de contos e no ano passado publicou a obra Instante Pictórico.
Vale destacar dentre estes, a escritora e poetisa ErotildesMilhomem que vive na cidade de São Félix do Araguaia – MT, ela nasceu no município de Luciara – MT em 1940 quando ainda era conhecido comoVila de Mato Verde. A cidade conta com uma grande concentração de aldeias indígenas dos povos Karajás até os dias atuais, e D. Erotildes foi a primeira criança não indígena a nascerneste lugar.
Contudo, desde 1958 reside em São Félix do Araguaia, teve uma vida inteira dedicada à educação à observar o povo ribeirinho.Aos 80 anos, continua escrevendo e publicando livros com base em suas vivências e experiências na região.Membro da Academia de Letras, Cultura e Artes do Centro Oeste, com sede em Barra do Garças, ocupa a cadeira número 21, e é co-fundadora do Museu Histórico Cultural do Centro-Oeste, sediado em São Félix do Araguaia
ErotildesMilhomem retrata as lendas da região em seus quadros de óleo sobre tela, expostos no Museu Cultural do Centro Oeste. Também é presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Mato Grosso – Núcleo Regional de São Félix do Araguaia. Escreveu Meu Araguaia Querido (1985), Uma Menina do Araguaia (1990), Maria Rita da Serra do Roncador (1996), Poesia do Araguaia (1998), Folclore do Araguaia (2000) e Barreira do Araguaia (2004).
Seu mais recente livro lançado foi em 2019, desta vez um romance histórico, contando sobre o que viu e ouviu sobre a colonização da região do vale do Araguaia. Uma obra bastante didática que registra fielmente as expressões peculiares do cotidiano do povo ribeirinho e cidades próximas, com frases ilustrando o significado dos verbetes.
A autora supracitada contribui para a representação em forma de poesia da cultura e costumes do povo da região do Araguaia, pois conhece de perto as dificuldades e felicidades dos moradores locais.
2.3 A influência da Literatura Mato-grossense na Literatura Brasileira
A literatura brasileira originou-se dos primeiros escritos de viajantes e missionários europeus, que registravam informações sobre as novas colônias. Embora essas primeiras obras não possam realmente ser consideradas como obras literárias, por estarem intimamente relacionadas com as crônicas históricas, elas são entendidas como o ponto de partida de nossa identidadeliterária e cultural.
A literatura brasileira tem suas raízes a partir da literatura portuguesa. Pois durante muito tempo as obras brasileiras carregavam os pensamentos dos autores portugueses. No início do Romantismo ocorre uma libertação em nossa literatura, pois, a partir de então, conquistou autonomia e os autores começam a criar suas próprias expressões literárias. 
Os escritores mato-grossenses também seguiam o modelo português de literatura, surgindo cronistas que falavam das viagens, dos índios, da selva e principalmente do ouro. De acordo com HenriquePompílio de Araújo, em seu livro literatura mato-grossense (p.6), foi a partir de 1860 que a literatura Mato-grossense já engaja no contexto nacional, pois as estradas começaram a se abrir e já era possível chegar a Mato Grosso via terrestre, mas assim mesmo em lombos de cavalo. Não era nada fácil.
O paraíso do ouro. Mato Grosso é descrito como um paraíso de riquezas naturais. O Éden como encantamento e promessa de riqueza rápida.
Quando chove, as crianças entretêm-se em procurar ouro no meio das ruas, porque nos regos d’água, que se formam, descobrem sempre algumas palhetas. Por toda parte anda-se aqui por cima dele; nas ruas, nas casas que são ladrilhadas, nos jardins, não há polegadas de terras que deixa de o conter. O pescador na sua chopana pisa o precioso metal; metade de um dia, porém, de trabalho em arrancá-lo do solo lhe traz menos vantagem que a pesca de um único pacu. É contudo o objeto de extração que os habitantes conseguem. (MENDONÇA, 2005, p.33).
A história da literatura mato-grossense está organizada em: literatura do período colonial, romantismo, parnasianismo, simbolismo e pré-modernismo. Nessa organização, verificamos o objetivo em demonstrar o desenvolvimento da produção literária no Estado.
[...] Mas o nosso ponto de partida deve ser o desenvolvimento da literatura como literatura. O período é, portanto, apenas uma subsecção do desenvolvimento universal. A sua história só pode ser escrita com referência a um esquema variável de valores, e este esquema de valores tem de ser tirado da própria história. Um período é, assim, uma secção de tempo dominada por um sistema de normas, convenções e padrões literários, cuja introdução, difusão, diversificação, integração e desaparecimento podem ser seguidos por nós. (WELLEK & WARREN, s/a, p.331).
De acordo com Magalhães (2002), 
Ainda que de presença muito discreta no cenário nacional, não se pode mais ignorar a existência de uma literatura mato-grossense, cuja produção, entretanto, debate-se com o problema crônico da deficiência dos meios de publicação, o que dificulta a sua divulgação, inclusive regionalmente. Segundo Magalhães (2002),
Rubens de Mendonça foi o pioneiro na escrita literária mato-grossense, baseando-se nos modelos das histórias de contexto nacional. Em nosso Estado todas as escolas literárias foram contempladas. “Em Mato Grosso, penetram todas as escolas literárias do país, desde o classicismo e o romantismo até as vanguardas mais revolucionárias” (PONTES, 1981, p. 43).[footnoteRef:4] [4: Cuiabano de chapa e cruz, Rubens nasceu em 27 de julho de 1915. E, após anos de trabalho, faleceu em abril de 1983. Foi casado e teve uma única filha, Adélia Mendonça.] 
	Outro grande importante autor mato-grossense em que os elementos regionais e uma espécie de surrealismo estavam muito presenteem seus versos era Manoel de Barros, que foi um dos principais poetas contemporâneos.[footnoteRef:5] [5: Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, no dia 19 de dezembro de 1916. Filho de João Venceslau Barros e de Alice Pompeu Leite de Barros passou a infância na fazenda da família localizada no Pantanal.Na adolescência estudou em colégio interno na cidade de Campo Grande, época em que escreveu suas primeiras poesias.] 
Portanto, vale destacar que Mato grosso é celeiro de grandes autores e poetas, que precisam ser lembrados e apresentados aos estudantes, incentivando, dessa maneira a leitura de obras da literatura regional, bem como local, de sobremodo, mencionar e valorizar o trabalho da escritora e poetisa ErotildesMilhomem.
2.4 O impacto da Literatura Mato-grossense no contexto escolar
Em Mato Grosso a lei 5.573, de fevereiro de 1990 foi regulamentada a fim dedispor sobre a obrigatoriedade do ensino das disciplinas de História, Geografia e Literatura de Mato Grosso, nas Escolas de 1º e 2º Graus, públicas ou particulares, que funcionem no Estado. Leia os artigos abaixo. “A aplicabilidade imediata desta leiseria uma revolução no mercado editorial e de literatura de Mato Grosso”, disse o presidente da Academia Mato-Grossense de Letras, Eduardo Mahon.[footnoteRef:6] [6: https://www.olharconceito.com.br/noticias/exibir.asp?id=7560&noticia=ensino-de-historia-e-literatura-de-mato-grosso-nas-escolas-seria-uma-verdadeira-revolucao-diz-mahon] 
Leia abaixo os artigos da lei número 5.573, de autoria do deputado Hermes de Abreu.
LEI Nº 5.573, DE 06 DE FEVEREIRO DE 1990 - D.O. 17.04.90.
Dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino das disciplinas de História, Geografia e Literatura de Mato Grosso, nas Escolas de 1º e 2º Graus, públicas ou particulares, que funcionem no Estado.
O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO:
Faço saber que a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso aprovou e eu, nos termos do § 6º, combinado com o § 8º do Artigo 42 da Constituição do Estado, promulgo a seguinte lei:
Art. 1º Passa a ser obrigatório o ensino da História, da Geografia e da Literatura de Mato Grosso nas Escolas Públicas ou Particulares, de 1º e 2º Graus, que funcionem no Estado.
Art. 2º Nos cursos de 1º Grau o ensino se restringirá a noções de História e Geografia de Mato Grosso, como complemento das noções gerais de História e Geografia do Brasil.
Art. 3º No 2º Grau a História, a Geografia e a Literatura de Mato Grosso constituirão objeto de uma cadeira autônoma, com programas específicos.
Art. 4º Compete à Secretaria de Educação e Cultura baixar as normas e programas básicos para a inclusão dessas disciplinas nos currículos escolares, nos termos desta lei.
Art. 5º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário e as que tenham anteriormente disposto sobre o assunto. (Assembleia Legislativa do Estado, em Cuiabá, 06 de fevereiro de 1990. – 01 de maio de - 09:45).
Diante do contexto, observa-se que, há políticas públicas que incentivam a inserção da literatura regional no currículo escolar. De acordo com o Documento de Referência Curricular para Mato Grosso – DRC-MT, a educação literária é o desvelar do texto, considerando o tripé sobre o qual se apoia o sistema literário: obra, autor e público (CÂNDIDO, 2000). Desse modo, ao pensar em sistema literário, na perspectiva da educação literária, a escola assume importância capital como rede de transmissão de ideias e de formação do leitor.[footnoteRef:7] [7: https://sites.google.com/view/bnccmt/educa%C3%A7%C3%A3o-infantil-e-ensino fundamental/documento-de-refer%C3%AAncia-curricular-para-mato-grosso] 
Assim, Soares (2004), Cox (2004), Zilberman (2008), Lajolo (2009), e Fontão (2010)têm em comum o fato de considerarem que a escola ainda não trata adequadamente a leiturado texto literário, mesmo divergindo acerca do “como” isso pode ser feito em sala de aulapara tornar o aluno competente em leitura (literariamente alfabetizado, ou seja, letramento literário).
Para a BNCC, as competências específicas para o ensino de Língua Portuguesa noensino fundamental dependem em grande parte do desenvolvimento da competência leitora,especificamente focada em literatura na competência nove:
Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento dosenso estético para fruição, valorizando a literatura e outras manifestações artístico- culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário eencantamento, reconhecendo o potencial transformador e humanizador daexperiência com a literatura (BNCC, 2017, p. 85).[footnoteRef:8] [8: Documento de Referência para Mato Grosso – DRC –MT. 1.1.1. Contribuições da Língua Portuguesa para os Anos Finais do Ensino Fundamental. 1.1.2.5. Educação Literária. https://drive.google.com/file/d/1pSppruO-tS9-puiU-IL01llcavKCJye5/view] 
Para tal, faz-se necessário o incentivo do letramento literário no contexto escolar por meio de propostas de atividades pautadas na literatura de obras da literatura infantil e juvenil produzidas em Mato Grosso, pois é de suma importância despertar os estudantes desde as séries iniciais o gostopela literatura, sobretudo a regional, dando ênfase também a literatura local.
Nesta fase, os alunos já conhecem todos os clássicos infantis universais. Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, João e Maria, A Bela e a Fera, são histórias que fizeram parte da infância desses adolescentes, seja na sua versão clássica dos contos de fadas, seja na versão cinematográfica cheia de efeitos especiais e tecnológicos. 
Já a produção literária desenvolvida no estado de Mato Grosso é pouca, se comparada à produção dos grandes centros, mas não se trata de uma produção nula. Essa produção existe, porém não tão conhecida e disseminada, principalmente nos ambientes escolares, entretanto ela encanta tanto quanto os clássicos universais, pois a produção regional também explora o mundo da fantasia que os clássicos literários apresentam. 
Outro aspecto relevante é que a literatura mato-grossense explora elementos que são próximos dos leitores. Seres que constituem o nosso folclore, espaços geográficos que pertencem à nossa região, dialetos, enfim, há uma série de elementos que nos permite um processo de identificação e proximidade. Sendo assim, o propósito do trabalho foi a construção de narrativas com personagens clássicos e regionais, dialogando sobre as situações reais que permeiam a vida dos adolescentes do estado de Mato Grosso.[footnoteRef:9] [9: http://portal.unemat.br/media/files/eliana_aparecida_dos_santos_a_literatura_infantil_e_juvenil_de_mato_grosso_o_caminho_das_pedras.pdf
] 
3. Procedimento Metodológico
Para um melhor tratamento dos objetivos e melhor apreciação deste estudo, foi desenvolvida uma pesquisa bibligráficae de campo, estritamente de cunho qualitativo, por meio de aplicação de entrevista com alunos e docentes.ParaGoldengerg (2000, p. 53) “Os dados qualitativos consistem em descrições detalhadas de situações com o objetivo de compreender os indivíduos em seus próprios termos.”
A pesquisa bibliográfica basear-se-á em leitura de livros, revistas, artigos que abordam o tema em estudo, de maneira que contribua também com a pesquisa de campo, delimitando seu contexto no projeto que será aplicado na escola Estadual Severiano Neves de São Félix do Araguaia-MT, com alunos do Ensino Fundamental etapa final, tendo como temática:Nas asas da literatura mato-grossense, a fim de refletir sobre a importância de se conhecer e apreciar as obras de autores Mato-grossenses no ambiente escolar de ensino fundamental. Contribuindo de maneira positiva, enriquecedora e possibilitando a formação de leitores críticos e reflexivos.
No que tange a pesquisa de campo, esta foi realizada com os alunos da turma do 9º ano do Ensino Fundamental da escola supracitada. A pesquisa de campo se subdividiu em quatro etapas, a saber: a apresentação de poemas, contos e lendas de autores regionais, dando ênfase para a escritora local, ErotildesMilhomem;a aplicação de entrevista aos alunos e professores a respeitos do quanto conhecem e apreciam obras de autores mato-grossenses; roda de leitura de alguns poemas escolhido pelos alunos; e na última etapa os alunos serão incentivados a escreverem seus próprios poemas e/ou contos e lendas.
A pesquisa de campo será de observação indireta comportamental. Enquanto que a bibliográfica será a base que dará sustentabilidade a todo processo.Concluindo o método, a opção pela entrevistas será a forma mais viável e a melhor maneira de interação com os alunos na busca dos resultados.No entanto, essa pesquisa será exploratória com a utilização de fontes primárias (entrevistas) e secundárias (revisão de literatura).
4. Apresentação dos Resultados eAnálise dos Dados
Nesta seção serão apresentados e analisados os dados coletados por meio das entrevistas realizada com os alunos da referida escola que responderam aos questionamentos sobre literatura regional e local; como tambéma apresentação em uma aula cedida pela professora de língua portuguesa da turma, tendo como objeto de conhecimento os poemas, contos e lendas de autores regionais, dando ênfase para a escritora local, ErotildesMilhomem, que participou de um momento da aula via aplicativo google Meet.
Vale salientar que, devido às aulas estarem acontecendo de forma remota, as entrevistas foram realizadas de forma on-linecom uso do recurso google forms, ou seja, foi enviado um link das perguntas via whatsapp aos entrevistados. E consequentemente, as respostas foram obtidas de forma remota. Lembrando que, o nome dos entrevistados foi mantido em sigilo, nomeando-os por: aluno A, B, C, D e E.
Mediante o exposto, em que este estudo tem o objetivo aproximar essas obras dos alunos do ensino fundamental na fase final, bem como refletir sobre a importância de se conhecer e apreciar as obras de autores mato-grossenses no ambiente escolar. Fez-se necessário toda essa apresentação a fim de que os alunos conhecessem a literatura mato-grossense. Sabe-se que o estudo da literatura nas escolas do ensino básico, principalmente de obras regionais e locais é a abordagem da história e identidade de um povo. 
A literatura exerce um papel de grande relevância na formação dos estudantes. Ela proporciona uma ampla imaginação e criatividade, sendo responsável na construção e ampliação de diversas habilidades. Vale ressaltar que, ao terem acesso às obras literárias, os alunos adquirem também conhecimentos da história de séculos passados, costumes e culturas diferentes das contemporâneas.
De acordo com as autoras Eunice Prudenciano Souza e Karina Torres Machado no artigo “O papel da literatura em sala de aula”onde citam: A prática de leitura do texto literário, segundo Antonio Candido (1972, p. 3), “[...] serve para ilustrar em profundidade a função integradora e transformadora da criação literária com relação aos seus pontos de referência na realidade [...]”, visto que
mostra como as criações ficcionais e poéticas podem atuar de modo subconsciente e inconsciente, operando uma espécie de inculcamento que não percebemos. Quero dizer que as camadas profundas da nossa personalidade podem sofrer um bombardeio poderoso das obras que lemos e que atuam de maneira que não podemos avaliar. (CANDIDO, 1972, p. 4)
Dessa maneira, entende-se que a literatura em sala de aula tem como objetivo, não só de incentivar o aluno a adquirir o hábito da leitura, mas também de formar indivíduos mais humanos, assim, capacitando-os a enxergar as questões da sociedade com maior clareza para que possam desenvolver um olhar crítico e ampliar os seus horizontes a respeito da vida.
4.1 Entrevista com os alunos
Diante dos dados examinados são evidentes a importância de se trabalhar a literatura Regional e Local em sala de aula, pois uma grande maioria dos alunos entrevistados, responderam que há pouco conhecimento ou nenhum conhecimento de autores e/ou obras da literatura mato-grossense, de acordo com o que podemos observar nas respostas para as perguntas relacionada abaixo.
· 1ª pergunta: Você conhece a literatura Mato-grossense?
Aluno A- respondeu que sim
Aluno B- respondeu que não
Aluno C- respondeu que não
Aluno D- “sim”
Aluno E- “sim”
2ª pergunta: Você já leu alguma obra Mato-grossense ou ouviu alguém realizando a leitura?
 Aluno A- respondeu que sim
Aluno B- respondeu que não
Aluno C- respondeu que não
Aluno D- “sim”
Aluno E- “sim”
· 3ª pergunta: Você se recorda do uso de obras Mato-grossenses em sala de Aula?
Aluno A- respondeu que sim
Aluno B- respondeu que não
Aluno C- respondeu que não
Aluno D- “sim”
Aluno E- “não”
· 4ª pergunta: Se a sua resposta anterior foi sim. Cite aqui o nome da obra literária Mato-grossense que você já estudou em sala? 
Aluno A – “A menina do Araguaia!
Aluno B- “Eu não li”
Aluno C- respondeu que não
Aluno D- “O passo do instante”
Aluno E- “Não me recordo.”
· 5ª pergunta: Conhece algum escritor Mato-grossense? Como se chama? 
Aluno A- respondeu apenas sim e conhece a D. Erotildes Milhomem
Aluno B- “não conheço”
Aluno C- respondeu que não
Aluno D- “sim conheco, se chama Lucinda Persona”
Aluno E- 
· 6ª pergunta: Em nossa cidade reside uma escritora e poetisa Mato-grossense. Você a conhece? Sabe qual o nome dela?
Aluno A- respondeu apenas sim 
Aluno B- “não conheço”
Aluno C- “Conheço não, mas sei o nome dela Erotilde”
Aluno D- “eu nao estou leMbrada no momento, mas se estiver gostaria de pode ler alguns dos seus poemas”
Aluno E- “Eronildes Milhomem”
· 7ª pergunta: Gostaria de conhecê-la pessoalmente? E ler alguns de seus poemas? 
Aluno A- respondeu que sim 
Aluno B- respondeu que sim 
Aluno C- “sim”
Aluno D- “sim”
Aluno E- respondeu que sim 
Conforme menciona VOLTOLINI (p.43) em suaDissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação Mestrado Profissional em Letras – PROFLETRAS, da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT,[footnoteRef:10] nos diz que: Marta Cocco menciona em seu livro “O ensino de literatura em Mato Grosso” os interesses na criação desta lei, especialmente em relação à constituição de memória sobre o local: [10: VOLTOLINIDE SOUSA, M. A.R. LITERATURA MATO-GROSSENSE: ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO COM O TEXTO LITERÁRIO - Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação Mestrado Profissional em Letras – PROFLETRAS, da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT CÁCERES-MT 2018.] 
Sobre as relações entre política e literatura, a prova contundente de que as relações são construídas por relações de poder é o projeto de lei que torna obrigatório o ensino de “literatura mato-grossense” nas escolas. Certamente estão envolvidos na criação desta lei interesses de editoras, de escritores, de políticos, de grupos preocupados em reiterar ou criar uma memória. (COCCO, 2006 p.136).(Grifo da autora).
Em suma, podemos obsevar que diantedas respostas dos alunos, ainda há uma grande lacuna no ensino da literatura mato-grossense em sala de aula. É imprescindível que a literatura, em especial a regional e local, seja inserida na vida dos estudantes desde muito cedo. Pois ao se fazer essa inclusão permitirá aos alunos a acessibilidade ao vasto campo artístico-literário, assim quanto mais cedo essa apresentação da literatura em sua vida escolar, mais amplamente serão auxiliados por meio da literatura em seu desenvolvimento sóciocognitivo. 
4.2 Apresentação das obras e autores regionais
Nos dias dias 05 e 07 de abril de 2021, foi apresentado aos alunos da tuma de 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Severiano Neves, algumas obras de autores mato-grossense. A professora da turma cedeu o espaço da sua aula de Língua portuguesa para a apresentação do projeto “Nas asas da Literatura Mato-grossenses”, que na ocasião conheceram obras de alguns autores regionais, e também da escritora local Erotildes Milhomem.
No momento em que apresentamos as obras aos alunos todos se mostraram interessados em conhecer um pouco mais sobre esses autores. Foi realizada leituras e explanação sobre vida e obras dos poetas e escritores de Mato Grosso, Disponibilizamos algumas obras daescritora local Erotildes Milhomem para que eles conhecessem um pouco mais do estilo da autora, propusemos uma roda de leitura para a turma e obtivemos bons resultados, pois a maioria dos presentes em sala participou e expôs sua opinião sobre a poesia escolhida e o motivo da escolha.
Esse momento foi de suma importância para demonstrar que apesar das aulas acontecerem de forma remota é possível estimular os alunos a fazerem uma leitura com um olhar voltado para o momento de reflexão sobre sua vida e o tempo que estamos vivendo.
Outra questão que se observou durante a roda de leitura é de que as obras escolhidas eram atemporais, foram escritas a um certo tempo atrás mas que mais parecia serem escritas a pouco.Percebe-se que há uma grande necessidade de inclusão em relação às obras de artistas regionais no ensino nas escolas, pois ao se fazer essa inclusão permitirá aos alunos conhecerem um pouco mais sobre fatos históricos.
E por fim um momento com a própria escritora relatando um pouco sobre sua vida e o que a incentivou a se tornar escritora, poetisa e artista plástica.Para o momento com a Escritora Erotildes Milhomem elaboramos um roteiro que usamos como base para nosso diálogo. 
· Qual é a sua sensação em poder escrever poemas sobre a cidade onde mora?
· Quais de seus poemas você mais sentiu afeto? Por quê? 
· Como surgiu ou quando surgiu o interesse pela leitura? 
· Existe alguma história que você deixou de escrever? 
· Conte um pouco sobre sua vida como escritora, poeta, artista plástica.
Este último encontro virtual ocorreu no dia 07 de abril de 2021, de início pelo App Instagran, mas devido a oscilação de internet fomos para uma sala no Meet.Participaram conosco dessa roda literária a Escritora Erotildes, a professora Jucineide, juntamente com a turma do 9°ano da Escola Estadual Severiano Neves, e contribuíram conosco também alguns professores da mesma instituição, como também tivemos a participação da nossa orientadora de TCC Maria Domingas de Souza.
Observou-se na presente roda literária uma animação por parte dos alunos o que nos trouxe imensa satisfação em contribuir com esse acontecimento.Além dos questionamentos citados no roteiro alguns alunos tiveram curiosidade em saber com que idade Erotildes começou a escrever seus poemas, em qual cidade os escreveu. Eles demostraram muito interesse pelas obras da escritora local.
Refletindo um pouco mais sobre esse momento nos sentimos realizadas, pois de maneira geral alcançamos o nosso objetivo, mesmo em tempos de pandemia podemos sim, aproximar, apresentar de maneira dinâmica aos alunos escritores regionais e suas obras.Incentivá-los a conhecer mais sobre a história local através do olhar de outras pessoas e mostrar que eles também são capazes de registrar cada olhar usando um simples lápis.
5. Considerações finais
Nas “Asas da Literatura Mato-grossense”, um projeto que nasceu há um ano e meio, durante o periodo do primeiro estágio curricular com o intuito de refletir sobre a importância de se conhecer e apreciar as obras de autores mato-grossenses, inserindo-os no ambiente escolar de ensino fundamental, de modo que os discentes, em específico, do 9º ano obtivessem um pouco mais de conhecimento sobre a rica e vasta literatura brasileira produzida em Mato Grosso e de talento universal. Nessa tentativa, consideramos importante estabelecer um vínculo mais estreito da literatura produzida em nosso estado com os alunos do referido ano regularmente matriculados na Escola Estadual “Severiano Neves”. 
Desse modo, a viagem desta pesquisaseguiu o seguinte itinerário: no primeiro ponto, o embasamento, o alicerce, o cerne, a contextualização histórica da literatura no nosso estado. Embora com tempo exíguo para um estudo mais minucioso, procuramos detalhar os aspectos mais profícuos dessa narrativa. Na segunda estação embarcaram os autores, as personagens que deram e dão vida à nossa literatura: Lucinda Persona, Luciene Carvalho, Marilza Ribeiro, Marta Cocco, Aclyse Mattos, Alan Borges, Joe Sales, DivanizeCarbonieri, Lorenzo Falcão, Isaac Ramos, Cristina Campos, Eduardo Mahon, Luiz Renato de Souza Pinto, Irene Rezende, Marli Walker, Ivens Scaff, Eduardo Ferreira, Caio Augusto Ribeiro, Moisés Carlos de Amorim, Odair de Moraise aquela que não precisamos nem de transporte automotivo para nos chegarmos até ela e nos agraciarmos com o talento, a criatividade, a generosidade e a simpatia: Erotildes Milhomem! Erotildes Milhomem é pura poesia em estado de graça. Erotildes é doação, é emoção! Erotildes não se fez de rogada e foi até onde “o povo está”. E o povo em questão foram os alunos (e aí nós nos incluímos), os professores e todos que estiveram presencialmente ou virtualmente na sua casa, no seu cantinho de inspiração epuderam ter o prazer de se deliciar com a sua arte, não só da palavra escrita, mas também na pintura, da engenhosidade e da sabedoria. Erotildes Milhomem do Araguaia para o mundo.
Seguimos alçando vôo nas “Asas da imaginação” acreditando no sucesso dessa viagem, pois os passageiros desse projeto nos acenaram com retorno positivo de quem amou a experiência e o conhecimento adquirido nessa excursão (ou seria incursão?) à literatura produzida em Mato Grosso e desejam se aprofundar mais nesse roteiro que é tão fecundo, produtivo e com tão grandes talentos literários quanto Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia ou França, ou Portugal, ou Espanha, ou... qualquer lugar.
Por ora, chegamos a nossa última estação, todavia, não ao ponto final, quiça uma vírgula, pois, pretendemos ampliar os nossos horizontes e com isso (re)escrever uma nova história para além das “asas da imaginação”. 
6. Referências
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CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. São Paulo: Ciência e Cultura, 1972.
COCCO, Marta Helena. O ensino da Literatura Produzida em Mato Grosso: regionalismo e identidades. Cuiabá: Cathedral Publicações, 2006. Cuiabá
DOCUMENTO DE REFERÊNCIA CURRICULAR PARA MATO GROSSO. Ensino Fundamental Anos Finais.1.1. COMPONENTE CURRICULAR LÍNGUA PORTUGUESA.1.1.2.5. Educação Literária. Mato Grosso, 2018. Disponível em: https://sites.google.com/view/bnccmt/educa%C3%A7%C3%A3o-infantil-e-ensino-fundamental/documento-de-refer%C3%AAncia-curricular-para-mato-grosso – acesso em 09 de jan. de 2021.
ELIANA. A. dos S. A LITERATURA INFANTIL E JUVENIL DE MATO GROSSO: O CAMINHO DAS PEDRAS. SINOP/MT 2016. Disponível em: http://portal.unemat.br/media/files/eliana_aparecida_dos_santos-a_literatura_infantil_e_juvenil_de_mato_grosso_o_caminho_das_pedras.pdf - Acesso em 09 de jan. de 2021.
GOLDENGERG, Mirian.A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciência sociais. 4 ed. Rio de janeiro: Record, 2000.
HERRIG.F. L. A. Um olhar dialético da teoria da literatura através da literatura de Mato Grosso e do antigo Sul de Mato Grosso. Raído, Dourados, MS, v. 5, n. 10, p. 387-404, jul./dez. 2011. Disponível em: file:///C:/Users/pc/Downloads/1359-4735-1-PB.pdf - acesso em 12 de Dez. 2020.
JOCINEIDE. C. M. de S. A HISTÓRIA LITERÁRIA: O PROCESSO DE FORMAÇÃO DA LITERATURA MATO-GROSSENSE. Tangará da Serra, fevereiro de 2014.Disponível em: http://portal.unemat.br/media/files/JOCINEIDE-CATARINA-MACIEL-DE-SOUZA.pdf - acesso em 08 de jan. de 2021.
MAGALHÃES, H. G. D. História da literatura de Mato Grosso: século XX. Cuiabá: UNICEN Publicações, 2001.
MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. Literatura e poder em Mato Grosso. Brasília: Ministério da Integração Nacional, 2002.
MELLO. F.A. Elementos para uma história da literatura em Mato Grosso. Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). 2003. Disponível em: file:///C:/Users/pc/Downloads/1150-Texto%20do%20Artigo-2802-1-10-20130820.pdf – acesso em 12. de Dez. 2020.
MENDONÇA, Rubens. História da Literatura Mato-Grossense. 2º ed. Unemat: Cáceres, 2005.
MILHOMEM, Erotildes.Dicionário da língua popular regional do Araguaia. Cultura – 04 de junho de 2019. Disponívelem: https://www.dm.jor.br/cultura/2019/06/lancamento-do-dicionario-da-lingua-popular-regional-do-araguaia-da-escritora-erotildes-milhomem/ - acesso em 12 de Dez. 2020.
PONTES, José Couto Vieira. História da literatura sul-mato-grossense. São Paulo: Escritor, 1981.
SOUZA, Eunice Prudenciano. MACHADO, Karina Torres.O PAPEL DA LITERATURA EM SALA DE AULA. Disponível em:953.pdf (ufu.br) - acesso em 17 de abril de 2021.
VYGOTSKY, L. S. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 11 edição. São Paulo: Ícone, 2010.
WELLEK, René; WARREN, Austin. Teoria da Literatura. 4 ed. Trad. José Palla e Carmo. Nova Yorque: Editora Biblioteca Universitária, s/a.
APÊNDICE A - Roteiro das Entrevistas
1. Você conhece a literatura Mato-grossense?
2. Você já leu alguma obra Mato-grossense ou ouviu alguém realizando a leitura?
3. Você se recorda do uso de obras Mato-grossenses em sala de Aula?
4. Se a sua resposta anterior foi sim. Cite aqui o nome da obra literária Mato-grossense que você já estudou em sala? 
5. Conhece algum escritor Mato-grossense? Como se chama? 
6. Em nossa cidade reside uma escritora e poetisa Mato-grossense. Você a conhece? Sabe qual o nome dela?
7. Gostaria de conhecê-la pessoalmente? E ler alguns de seus poemas? 
8. APÊNDICE B- Gráficos das respostas

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