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Chiconela Monografia final

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Prévia do material em texto

Crimildo Carlos Chiconela 
 
 
 
 
 
 
 
Regência verbal no Citshwa e Português de Moçambique: caso das preposições 
simples “com” e “em” em falantes dos níveis médio e superior da Cidade de Maxixe 
 
 
 
 
Licenciatura em ensino de Português 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Save- Maxixe 
2022 
 
1 
 
Crimildo Carlos Chiconela 
 
 
 
 
 
 
 
Regência verbal no Citshwa e Português de Moçambique: caso das preposições 
simples “com” e “em” em falantes dos níveis médio e superior da Cidade de Maxixe 
 
 
 
 
 
 
 
 Júri 
- Presidente: Dra. Lina Honorata; 
- Arguente: Dr. João Samuel; 
- Supervisor: Ma. Tomás Gomes. 
 
 
 
 
Universidade Save- Maxixe 
2022 
Monografia Científica apresentada ao 
Departamento de Letras e ciências sociais como 
requisito para obtenção do grau de Licenciatura 
em Ensino de Português, com habilitações em 
Línguas Bantu (Citshwa). 
 
 
i 
2 
 
Declaração de Honra 
Declaro que esta Monografia Científica intitulada Regência verbal no Citshwa e Português de 
Moçambique: caso das preposições simples “com” e “em” em falantes dos níveis médio e 
superior da Cidade de Maxixe, é fruto da minha investigação pessoal e das orientações do 
meu supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente 
mencionadas no texto, nas notas de rodapé e nas referências bibliográficas. 
Declaro ainda que este não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de 
qualquer grau académico. 
Maxixe, 24 de Maio de 2022 
 Crimildo Carlos Chiconela 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ii 
3 
 
Índice 
Introdução ................................................................................................................................. 11 
Delimitação do estudo ............................................................................................................... 12 
Justificativa ............................................................................................................................... 12 
Objectivos da pesquisa .............................................................................................................. 13 
Formulação do Problema .......................................................................................................... 14 
CAPÍTULO I ............................................................................................................................ 17 
1. Fundamentação teórica ............................................................................................... 17 
1.1. Quadro teórico ............................................................................................................ 17 
1.2. Funcionalismo linguístico ........................................................................................... 17 
1.3. Concepções de regência .............................................................................................. 18 
1.3.1. Regência verbal .......................................................................................................... 18 
1.3.2. Concepções do Verbo ................................................................................................. 19 
1.3.3. Transitividade verbal .................................................................................................. 20 
1.3.4. Verbos intransitivos .................................................................................................... 20 
1.3.5. Verbos transitivos ....................................................................................................... 21 
1.3.5.1. Verbos transitivos directos .......................................................................................... 21 
1.3.5.2. Verbos transitivos indirectos ....................................................................................... 22 
1.4. Concepções de Preposição .......................................................................................... 22 
1.4.1. Preposições simples .................................................................................................... 23 
1.4.2. Preposição simples “com” .......................................................................................... 23 
iii 
4 
 
1.4.3. Preposição simples “em” ............................................................................................. 24 
1.4.4. As preposições nas línguas bantu ................................................................................ 25 
1.4.5. Preposições/ Morfemas nas línguas bantu com enfoque na língua Citshwa .................. 27 
1.5. Regência verbal dos verbos afectados pelas preposições {com e em}. ......................... 30 
CAPITULO II ........................................................................................................................... 31 
1.6. Metodologia da pesquisa ................................................................................................. 31 
1.6.1. Quanto a abordagem ........................................................................................................ 31 
1.6.2. Quanto aos objectivos...................................................................................................... 31 
1.6.3. Quanto à natureza ............................................................................................................ 32 
1.6.4. Quanto aos procedimentos ............................................................................................... 32 
1.6.5. Métodos e técnicas de recolha de dados ........................................................................... 32 
1.6.6. Entrevista ........................................................................................................................ 32 
1.6.7. Inquérito por questionário................................................................................................ 33 
1.6.8. Instrumentos e técnicas de análise de dados ..................................................................... 33 
1.6.9. Análise descritiva ............................................................................................................ 33 
1.7.1. População ........................................................................................................................ 33 
1.7.2. Amostra .......................................................................................................................... 34 
CAPÍTULO III ......................................................................................................................... 35 
2. Regência verbal do Português de Moçambique, caso das preposições simples “com” e 
simples “em” pelos estudantes do nível médio e superior da Cidade de Maxixe. ....................... 35 
2.1. Factores determinantes da regência verbal desviante no PM: caso das preposições simples 
“com” e “em”............................................................................................................................ 38 
5 
 
2.2. Interferência das línguas Bantu ........................................................................................... 38 
2.3. Descrição dos dados obtidos através da entrevista aos estudantes do 2º ano curso de 
Português em relação à regência verbal no Citshwa e PM, caso das preposições simples 
associativa “com” e locativa “em”............................................................................................. 40 
2.4. Constatações extraídas da entrevista aos estudantes do 2º ano curso de Português em 
relação à regência verbal no Citshwa e PM, caso das preposições simples associativa “com” e 
locativa “em”….. ...................................................................................................................... 46 
2.5. Descrição dos dados referentes ao Inquérito para alunos da 12ª Classe da E.S. 29 deSetembro da Cidade de Maxixe. ................................................................................................ 47 
2.6. Preposição simples “com” nos verbos {Cuidar, comprar, namorar.} ................................... 48 
2.7. Preposição simples “em” nos verbos {Ir, cair e Chegar.} .................................................... 49 
2.8. Conclusões sobre fatores determinantes da regência verbal no PM: caso das preposições 
“com” e “em” nos verbos de regência contrária e/ou intransitivos. ............................................ 52 
3. Conclusões finais .................................................................................................................. 53 
4. Bibliografia ........................................................................................................................... 54 
Apêndices…………………………………………………………………………………….…..57 
 
 
6 
 
Lista de Abreviaturas 
PM- Português de Moçambique; 
PE- Português Europeu; 
ES- Escola Secundária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
v 
7 
 
Lista de tabelas e figuras 
Tabela 1- Informantes do nível Superior.................................................................................42 
Tabela 2- Informantes do nível médio.....................................................................................48 
Figura-1: Ocorrência da preposição simples com nos verbos regentes...................................49 
Figura 2- Ocorrências da preposição simples “em” nos verbos regentes................................50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vi 
8 
 
Dedicatória 
À minha mãe! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vii 
9 
 
Agradecimentos 
A Deus, pelo dom da vida e pelas forças, quem sabe donde, que me tem dado para enfrentar 
todos e cada um dos obstáculos desta caminhada estudantil. 
Ao meu supervisor, Ma. Tomás Gomes, pela paciência, dedicação e compreensão na 
realização desta pesquisa, pela exigência frequente e apoio moral ao longo da pesquisa. 
À minha mãe, Isabel Alfredo Sipendo, e meu irmão, Dionísio Carlos Chiconela, pelo amor e 
apoio incondicional. Palavras não são suficientes para expressar o meu profundo 
agradecimento e honra que sinto por vos ter como responsáveis de mim. 
Aos meus docentes, Ma. Alberto Mathe, Ma. Isaías Mate, Ma. Lucério Gundane e tantos 
outros que não caberiam pela caminhada e ensinamentos de ordem não só pedagógica como 
também cívica e moral. 
Aos meus amigos, Raúl Cossa, Estêvão Manjate, Bento Mutoba, Alex Lichate, Bilson 
Chihungo, Nércia Cau, Ivormerla Amélia, pelo apoio incondicional e suporte dado nestes 
quatro anos de muito Aprendizado. 
A todos que seja de forma directa ou indirecta contribuíram para o meu bem-estar, muito 
Khanimambo! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
viii 
10 
 
Resumo 
A presente monografia científica tem como titulo: Regência verbal no Citshwa e Português de 
Moçambique, caso das preposições simples “com” e “em” nos falantes dos ensinos médio e superior 
da Cidade de Maxixe e pretende debruçar sobre ocorrência das preposições “com” e “em” nos verbos 
que não estabelecem regência com as preposições em causa ou seja, possui uma grelha de regência 
diferente daquela que é exibida pelo Português Europeu que, neste caso, funciona como padrão em 
Moçambique. Em relação à metodologia de pesquisa, esta pesquisa é explicativa e quanto aos 
procedimentos técnicos é de campo, que se sustenta pela pesquisa bibliográfica. Relativamente à 
recolha de dados, optamos pela observação directa intensiva, através da técnica de observação e pela 
observação sistemática, através de instrumento de recolha inquérito por questionário e técnica de 
entrevista semiestruturada. Os resultados do estudo demonstram que grande parte dos verbos de 
movimento direccionais seleccionam a preposição em, em contextos em que deveria reger a 
preposição simples direcional a e verbos que selecionam a preposição com em regência verbal onde 
não seleciona preposição ou exige preposição a. 
Palavras-Chave: Regência verbal, verbos transitivos indirectos, preposições “com” e “em”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ix 
11 
 
Introdução 
Os linguistas, especialistas no estudo da língua, há alguns anos não se preocupavam com a 
questão da correcção linguística, justificando-se pelo fato de que o único objectivo de estudo e 
actuação da linguística é a “língua espontânea e usual, por ser a natural e livre manifestação 
do falar” (Bechara, 1999). Consubstanciando, o português é uma língua que é mobilizada em 
diferentes países, como é o caso específico de Moçambique. No caso do país em causa, sendo 
que é um país multilinguístico, é certo que a língua portuguesa apresenta diversas 
interferências em diferentes níveis da gramática. 
Entretanto, é relevante ter-se em conta de que a língua possui uma função social que é o da 
comunicação onde só se pode compreender e interpretar dentro do contexto sociocultural ou 
seja, importante compreender que a língua não é um sistema uno, invariado, estático, porém, 
abriga um conjunto de variantes, variedades, e dialectos. Todas as línguas são moldadas pelos 
contextos socioculturais e a sua variação e mudança dependem da forma como os usuários 
replicam o seu uso. Em Moçambique, não é excepção. Todas as línguas faladas tendem a 
mudar com o tempo desviando-se constantemente em relação à norma. Sendo assim, a norma 
não é apenas ou simplesmente um conjunto de formas linguísticas pré-estabelecidas, mas, 
também, é um agregado de valores socioculturais usados por uma comunidade linguística. 
Diante dessa realidade sociolinguística, surge a presente pesquisa com o titulo: Regência 
verbal no Citshwa e Português de Moçambique, caso das preposições “com” e “em” nos 
falantes dos ensinos médio e superior da Cidade de Maxixe objectivando analisar a ocorrência 
das preposições “com” e “em” no âmbito discurso escrito/ oral como preposições que se aliam 
aos verbos transitivos indiretos em regência verbal nos âmbitos verbal ou escrita no seio do 
Português de Moçambique, particularmente em Maxixe nos alvos citados. 
Em relação à pertinência, pesquisar sobre Regência verbal do Português de Moçambique no 
caso das preposições “com” e “em”, particularmente Cidade de Maxixe nos alunos da 12ª 
Classe da Escola Secundária 29 de Setembro e estudantes do 2º ano- Curso de Licenciatura 
em Português da Unisave - Maxixe traz consigo a intenção de reflectir de forma conjunta, 
assim como autónoma para os falantes e para linguistas em prol da mobilização e 
impulsionamento das normas que compõem a língua, outrossim, a pesquisa abre discussão no 
que concerne a situação do PM tendo em conta as variáveis sociais, assim como as 
características léxico-semânticas e sintácticas. Também poderá despertar a necessidade de 
12 
 
afirmação própria no que tange a variação linguística, isto é, variedade moçambicana, bem 
como da redução do preconceito linguístico que aflige o sistema educativo do país. 
Relativamente a estrutura, o presente trabalho está organizado em três capítulos, a saber: No 
primeiro capítulo apresenta-se a revisão da literatura em que estabelecemos a discussão de 
conceitos refentes a regência, regência verbal, verbo, preposição, transitividade verbal e de 
forma particularizada foi-se mobilizando aprofundadamente os dados que constituem a base 
da pesquisa. No segundo capítulo constam o tipo e modelo de pesquisa, métodos e técnicas de 
recolha de dados, a amostra e metodologia de análise de dados. O último capítulo (terceiro) é 
reservado a análise de dados onde abordamos sobre o tema central da pesquisa, seguindo-se a 
conclusão e as referências bibliográficas. 
Delimitação do estudo 
Aliando-se a Lopes, Sitoe e Nhamuende (2013, p.17 cit. em Timbane (2017), “em 
Moçambique vem-se desenvolvendo uma variedade de portuguêsque é moçambicana, no 
sentido em que há traços, características e realizações formais e contextuais de 
moçambicanidade na fala e na escrita...”. Assim como qualquer língua que contempla 
variações, é notável a ocorrência de construções que resultam da linguagem usual que se 
distancia das normas gramaticais. Quanto a actuação, o estudo tem como foco analisar 
mobilização das preposições “com” e “em” em regência verbal, especificamente na província 
de Inhambane, na Cidade de Maxixe nos alunos da 12ª Classe da E.S. 29 de Setembro e 
estudantes do 2º Ano Curso de licenciatura em Português da Unisave Maxixe. Em suma, 
pretende-se com a presente pesquisa, evidenciar a reais causas de regência desviante que se 
estabelece entre diversos verbos regentes das preposições em causa. Deste modo, a pesquisa 
decorreu no período de tempo dos anos 2021 à 2022. 
Justificativa 
O Português de Moçambique (PM) é uma variedade que resulta de contextos sociolinguísticos 
e da diversidade cultural. A escola moçambicana baseia-se no português de Portugal (norma-
padrão europeia) para ensinar e avaliar seus alunos, o que faz com que os alunos não 
progridam academicamente. Portanto, na postura de um país que possui certa variação do 
português mas que têm o português europeu como referencia devido as variáveis sociais em 
Moçambique vêm se desenvolvendo uma variedade que é só moçambicana. A partir desta 
13 
 
realidade, no que tange a mobilização da gramática normativa1 da língua padrão, mereceu 
destaque para o caso da ocorrência das preposições “com” e “em” nos diferentes verbos. 
Nesta senda, no caso de estudantes da Cidade de Maxixe, julgamos que possuem factores que 
determinam a confusão na regência verbal no PM, permitindo estabelecer coerência e coesão 
nos discursos produzidos, pois em cada frase/ período produzido há que vigorar relações 
gramaticais entre as palavras. 
Sendo assim, a presente pesquisa surge no âmbito da confusão na regência verbal do 
Português de Moçambique nos alunos da 12ª Classe da E.S. 29 de Setembro e estudantes do 
2º Ano Curso de licenciatura em Português da Unisave - Maxixe, em relação a ocorrência das 
preposições “com” e “em” no que diz respeito a regência verbal nos verbos transitivos 
indirectos ou ditransitivos, estabelecendo uma pesquisa para a regência verbal. 
Em relação as normas que a língua possui, sendo linguistas, emanamos a discussão a respeito 
das prescrições normativas da língua em uso, mas não simplesmente para confirmar o que se 
prega tradicionalmente. Outrossim, para examinar a língua em uso e avaliar os casos em que 
há distanciamento da norma, sempre tendo em mente seu conhecimento do funcionamento 
linguístico. 
A nível académico, esperamos que a pesquisa promova leituras em relação a gramática 
tradicional, reiterando o que as gramaticas normativas prescrevem relativamente as normas de 
construções sintáticas, promovendo assim construções sintáticas aceitáveis gramaticalmente. 
A pesquisa poderá conscientizar os falantes no sentido de levarem em consideração as normas 
regentes da língua portuguesa em todos âmbitos discursivos. 
Objectivos da pesquisa 
Objectivo geral 
 Analisar a regência verbal no Português de Moçambique: caso das preposições 
simples locativa em e simples associativa com nos alunos da 12ª Classe da E.S. 29 de 
Setembro e estudantes do 2º Ano Curso de licenciatura em Português da Unisave - 
Maxixe; 
 
1 A gramática normativa recomenda como se deve falar e escrever segundo o uso e a autoridade dos escritores 
correctos e dos gramáticos e dicionaristas esclarecidos. (Bechara, 1999: 37) 
14 
 
Objectivos específicos 
 Estabelecer conceções sobre o uso das preposições “com” e “em” nos alunos da 12ª 
Classe da E.S. 29 de Setembro e estudantes do 2º Ano Curso de licenciatura em 
Português da Unisave - Maxixe; 
 Interpretar a ocorrência de regência verbal no PM, caso das preposições “com” e “em” 
nos alunos da 12ª Classe da E.S. 29 de Setembro e estudantes do 2º Ano Curso de 
licenciatura em Português da Unisave - Maxixe; 
 Identificar fatores que contribuem para confusão da regência verbal, caso das 
preposições “com” e “em” nos alunos da 12ª Classe da E.S. 29 de Setembro e 
estudantes do 2º Ano Curso de licenciatura em Português da Unisave - Maxixe; 
 Explicar os fatores que influenciam no uso inadequado das preposições “com” e “em” 
em regência verbal nos alunos da 12ª Classe da E.S. 29 de Setembro e estudantes do 2º 
Ano Curso de licenciatura em Português da Unisave - Maxixe; 
Formulação do Problema 
Gonçalves (2000), […] A Língua Portuguesa (LP) foi adoptada como língua oficial do país, 
porque precisava-se estender o acesso à educação para os diversos cantos do país, ou seja, 
havia necessidade de se fazer com a maior brevidade possível aquilo que o colono não foi 
capaz de fazer durante muitos anos. Por causa da diversidade linguística do país e pela 
necessidade de dar educação ao moçambicano, definiu-se que a única língua que reunia 
condição para que esse objectivo fosse alcançado era o português – aliás, o português gozava 
desse papel mesmo durante o período da luta pela independência do país. 
Portanto, sem a padronização do português de Moçambique, têm-se o Português Europeu 
como língua que contempla as regras da norma culta, ou seja, que o guia. Em relação às 
diferentes mobilizações da regência verbal das preposições “com” e “em” nos alunos da 12ª 
Classe da Escola Secundária 29 de Setembro e estudantes do 2º ano- Curso de Licenciatura 
em Português da Unisave - Maxixe, verificou-se há contextos onde a preposição “com” é 
estabelecida onde devia posicionar-se a preposição “a” devidas as exigências do verbo ou dos 
valores semânticos que a preposição possui. Assim como da preposição “em”, é comum os 
falantes da língua em assunção estabelecer onde se devia posicionar a preposição “a” regido 
pelos verbos transitivos indirectos. 
15 
 
Então, muitos factores poderam influenciar na regência verbal desviante em relação as 
preposições com e em dos discursos constatados eventualmente. Sendo assim, constatamos a 
longo prazo a que os falantes desenvolvem uma regência verbal das preposições “com” e 
“em” desviada da língua norma padrão {PE} nas sentenças: 
 * Cuidado com Carro; 
 * Comprei com meu dinheiro; 
 *[Ex2] namora com [CI3]; 
 *Foi na Escola; 
 *Chegar em casa; 
 *Faltei nas aulas. 
No que diz respeito às construções atípicas dos estudantes dos níveis médio e superior, foram 
obtidas através da observação directa intensiva (audição e visão), onde Lakatos e Marconi 
(2011) define observação directa intensiva como sendo um tipo de actividade que “[…] utiliza 
os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e 
ouvir, mas também examinar fatos ou fenómenos que deseja estudar”, sendo que 
frequentemente, no seu processo de construção de frases julgam estabelecer a regência das 
preposições “com” e “em” em verbos por sinal transitivos indirectos4 porem de forma 
inadequada. 
A nível gramatical, as construções sintáticas em causa, admite-se: 
 Cuide-se do Carro; 
 Comprei a meu dinheiro; 
 [Exp5] namora [CI6]; 
 Foi a Escola; 
 Chegar a casa; 
 
2 EXP corresponde ao Experienciador. 
3 CI corresponde ao complemento indirecto. 
4 Verbos transitivos indirectos necessitam obrigatoriamente de uma preposição para estabelecer regência verbal 
com o objecto indirecto. 
5 Ibid. 
6 Ibid. 
16 
 
 Faltei as aulas. 
Entretanto, esses erros são comuns no Português de Moçambique, particularmente nos alvos 
citados, e leva-nos a pensar que o PM neste caso, é uma língua que se desvincula das 
estruturas sintáticas gramaticais, neste caso, regência de alguns verbos que não selecionam 
preposições com e em. 
Com base no fenómeno constatado nos estudantescorrespondentes a frequência escolar pré-
universitária e universitária em relação a regência verbal, caso das preposições “com” e “em”, 
surge a seguinte pergunta: 
 Que fatores contribuem para a confusão na regência verbal no Português 
Moçambique, caso das preposições “com” e “em” em alunos da 12ª Classe da E.S. 
29 de Setembro e estudantes do 2º Ano Curso de licenciatura em Português da 
Unisave - Maxixe? 
Hipóteses 
H¹: Moçambique é um país multilinguístico. Sendo assim, os falantes7 em causa, não só tem o 
português como língua de uso, ou seja, mobilizam diversas línguas, por isso, denotamos como 
fator mediador, a transposição de estruturas linguísticas das diversas línguas para a língua 
Portuguesa; 
H2: Denota-se como causa do fenómeno a aplicabilidade desviante dos conhecimentos 
adquiridos sobre regência de alguns verbos; 
H3: A Língua portuguesa como qualquer outra língua natural, reúne diversificadas normas 
específicas, que garantem o seu correcto e complexo funcionamento em detrimento dos seus 
diversos contextos. Contudo, a falta do conhecimento dessas normas linguísticas por parte dos 
seus utentes, pode se reflectir através do uso inapropriado das mesmas normas que a regem, 
originando desvios; 
 
 
 
7 Alunos da 12a Classe e 2o ano Curso de Licenciatura em Português 
17 
 
CAPÍTULO I 
1. Fundamentação teórica 
1.1.Quadro teórico 
1.2.Funcionalismo linguístico 
O Funcionalismo corresponde a corrente de análise linguística que possui foco principal a 
linguagem em uso. A teoria analisa os contextos de interacção extralinguística, considerando 
os aspectos semânticos e discursivos. A teoria funcionalista foi fundada pela escola de Praga, 
datada 1926 pelos linguistas Roman Jakobson e NikolajTrubetzkoy. 
Seguindo a perspetiva de Neves (1997), 
“os componentes funcionais são os componentes fundamentais do significado na 
língua, sendo cada elemento da língua explicado por referência à sua função na 
comunicação linguística. Assim, a forma dos enunciados não é independente da sua 
função, e uma descrição completa considera todo o complexo interacional, ou seja, 
o que importa não é o que cada elemento significa isoladamente, mas como se 
codificam no texto a escolha do item, a ordem em que ele se coloca, a sua 
combinação com outros elementos, etc.” 
Então, a pesquisa concentra-se nos processos ligados à predicação, correspondente ao 
processo básico de constituição dos enunciados, discursos, buscando-se determinar, 
especialmente, a aparente tensão entre o uso e a norma nos casos que a tradição chama de 
regência verbal nos verbos transitivos indirectos. No que tange a gramática funcional, visa a 
explicar regularidades nas línguas, e através delas, em termos de aspectos recorrentes das 
circunstâncias sob as quais as pessoas usam a língua. A gramática funcional ocupa, assim, 
uma posição intermediária em relação às abordagens que dão conta apenas da sistematicidade 
da estrutura. 
Outrossim, a teoria funcionalista contribui para uma percepção mais vasta acerca dos usos 
linguísticos, ao analisar a língua em contextos reais de comunicação, através de textos 
produzidos orais ou escritos. Portanto, estudar a regência verbal do Português de 
Moçambique: caso das preposições “com” e “em”, insere-se no âmbito da teoria 
Funcionalista, que se objetiva: estudar a língua em uso e se procurar verificar as funções dos 
meios linguísticos de expressão, isto é, objectiva-se determinar os fins a que as unidades 
linguísticas servem. 
18 
 
1.3.Concepções de regência 
Faraco e Moura (1999, cit. em, Marques 2006) “Regência é a relação de dependência que se 
estabelece entre dois termos”. Para completar, diz-se que, quando o termo regente é um verbo, 
dá-se à regência o nome de regência verbal. 
Então, linguistas conceituam a regência de diversas maneiras, não obstante, o estudo de 
regência sempre remete a dependência das várias partes da proposição, cujo sentido é 
determinado por uma delas, e distingue, na sintaxe de regência, as partes regentes 
(preposições, adjectivos que pedem complementos, verbos, e, algumas vezes, advérbios e as 
próprias proposições) e as partes regidas (palavras, orações ou proposições que ficam sob a 
dependência das regentes). 
1.3.1. Regência verbal 
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os verbos e os termos que os 
complementam (objectos directos e objectos indirectos), ou seja, a relação de dependência 
que determinados verbos contemplam quer seja com objectos directos ou indirectos. 
Para o caso vejamos os exemplos: 
 Cheguei a Vila molhado. 
 Comprei blusão bonito. 
Em relação ao primeiro exemplo, o verbo flexionado Cheguei estabelece regência com a 
preposição direccional a para o objecto Vila, por isso, o verbo flexionado rege indirectamente 
por meio da preposição para o objecto/ complemento. No caso do segundo exemplo, o verbo 
flexionado Comprei estabelece regência com o adjectivo Blusão, isto é, o sintagma verbal 
rege directamente com o complemento. 
O mesmo elucida Pereira (1909, citado. em Marques 2006) afirmando “… Regência verbal 
nada mais que a relação estabelecida entre os verbos e seus respectivos complementos, pois, 
nessa relação, há aqueles que, indispensavelmente, requerem o uso das preposições.” 
Cunha & Cintra (1985), em geral “…as palavras de uma oração são interdependentes, isto é, 
relacionam- se entre si para formar um todo significativo. Essa relação necessária que se 
estabelece entre duas palavras, uma das quais serve de complemento a outra, é o que se chama 
regência.” 
19 
 
Analisando os conceitos de Pereira (1909, cit. em Marques, 2006) e Cunha e Cintra (1985), 
regência verbal é estabelecida através relação/ ligação por meio de preposição ou de forma 
directa (verbo para objecto) para que haja sentido. 
A palavra dependente denomina-se regida, e o termo a que ela se subordina, regente. As 
relações de regência podem ser indicadas: 
A. Pela ordem por que se dispõem os termos na oração; 
B. Pelas preposições, cuja função é justamente a de ligar palavras estabelecendo entre 
elas um nexo de dependência; 
C. Pelas conjunções subordinativas, quando se trata de um período composto. 
Na maioria dos casos de regência, verifica-se se o uso da preposição ou não obrigatório, e se o 
usuário satisfaz ao que recomenda a normativa quanto a esse uso. 
1.3.2. Concepções do Verbo 
As gramáticas definem o verbo seguindo critério morfossintáctico, dado que, conceituam o 
verbo no que diz respeito a morfologia, isto é, componente que expressa o tempo, espaço, 
lugar, modo, etc. em relação ao aspecto sintáctico, o verbo corresponde o núcleo da oração. 
Neste caso Lima (2011), define verbo “como sendo algo que expressa um fato, um 
acontecimento: o que se passa com os seres, ou em torno dos seres. É a parte da oração mais 
rica em variações de forma ou acidentes gramaticais.” 
Ex: Mário morreu. 
Em relação ao conceito de Lima, enfatiza o facto de que “verbo” é uma classe gramatical ou 
seja classe de palavras que expressa uma determinada realidade dos seres, assim como em 
torno deles, estabelecendo marcas de tempo e modo. Ex: Maria saiu da universidade às 12h. 
Obs. No exemplo em assunção, temos a forma verbal do verbo “Sair”, que expressa o aspecto 
tempo temporal. 
Ao contrário de Bechara (1999), entende-se por verbo: 
 “a unidade de significado categorial que se caracteriza por ser um molde pelo qual 
organiza o falar seu significado lexical. No verbo português, há categorias que sempre 
20 
 
estão ligadas: não se separa a “pessoa” do “número” nem o “tempo” do “modo”; isto 
ocorre em grande parte, senão totalmente, com o “tempo” e o “aspecto”. 
Em suma, os conceitos encontrados nas gramáticas sobre Verbos, induzem-nos a mesma 
concepção, de que verbo é uma unidade de significado ou algo que expressa um facto no 
tempo e noespaço. 
1.3.3. Transitividade verbal 
Segundo Cunha & Cintra (1985), o predicado verbal tem o núcleo, isto é, o verbo como 
elemento principal da declaração que se faz do sujeito, um verbo significativo. Verbos 
significativos são aqueles que trazem uma ideia nova ao sujeito. 
A ligação do verbo com o seu complemento, isto é, a regência verbal, pode, fazer-se: 
 Directamente, sem uma preposição intermédia, quando o complemento é objecto 
directo; 
 Indirectamente, mediante o em prego de um a preposição, quando o complemento é 
objecto indirecto. 
Destarte, o verbo quanto a predicação, pode ser: transitivo ou intransitivo. 
1.3.4. Verbos intransitivos 
Nestas orações de Da Costa e Silva, 
 Sobe a névoa... A sombra desce... (PC, 281.)8 
Verificamos que a acção está integralmente contida nas formas verbais “sobe e desce”. Tais 
verbos são, pois, intransitivos, ou seja, não transitivos: a acção não vai além do verbo. (Cunha 
& Cintra, 1985) 
Em consonância com a conceitualização de Cunha & Cintra, podemos acertar na ideia de que 
os verbos intransitivos são verbos que não necessitam de complemento para dar sentido a 
frase, isto é, os verbos por si só dão sentido à frase sem transição. 
 
8 Exemplo de Cunha e Cintra (1985) 
21 
 
Assumindo deste modo a não ocorrência de regência verbal em verbos cuja predicação é 
intransitiva. 
1.3.5. Verbos transitivos 
Nesta oração 
 Ele não me agradece, / nem eu lhe dou tempo. 9 
Vemos que as formas verbais “agradece e dou” exigem certos termos para completar-lhes o 
significado. Como o processo verbal não está integralmente contido nelas, mas se transmite a 
outros elementos (o pronome me na primeira oração, o pronome lhe e o substantivo tempo na 
segunda), estes verbos chamam-se Transitivos. (Cunha & Cintra, 1985) 
Os verbos transitivos podem ser directos, indirectos, ou directos e indirectos ao mesmo 
tempo. 
1.3.5.1.Verbos transitivos directos 
Nas orações comuns do português de Moçambique 
 Vou ver o professor. 
 Ele rogava a deus. 
A acção expressa por vou ver e rogava transmite-se a outros elementos (professor e Deus) 
directamente, ou seja, sem o auxílio de preposição. São, por isso, chamados verbos transitivos 
directos, e o termo da oração que lhes integra o sentido recebe o nome de objecto directo. 
Deste modo, há ocorrência de regência verbal entre o núcleo da frase “Verbo” e o 
complemento directo: “Vou ver” é regente de “O doente”, e “O doente” é regido por “Vou 
ver”. 
Bechara, descreve que verbos transitivos directos não possuem sentido completo, logo 
precisam de um complemento, ou seja, de objecto. E esses complementos (sem preposição), 
são chamados de objectos directos. O complemento objectivo indirecto ou, mais 
simplesmente, complemento indirecto ou objecto indirecto, é o que representa uma pessoa ou 
coisa em cujo proveito ou desproveito se realiza a acção do verbo transitivo ou intransitivo. 
 
9 Exemplo de Cunha & Cintra (1985). 
22 
 
1.3.5.2.Verbos transitivos indirectos 
Temos como referencia os exemplos, 
a. Os abusados assistiam a luta armada; 
b. Perdoe a minha Mãe. 
Na perspectiva de Cunha e Cintra (1985), vê-se que, “a acção expressa pelos verbos transita 
para outros elementos da oração indirectos. O termo da oração que completa o sentido de um 
verbo transitivo indirecto denomina-se objecto indirecto.” A acção expressa por assistiam e 
perdoe transita para outros elementos da oração (a luta e minha Mãe) indirectamente, isto é, 
por meio da preposição a. Por isso os verbos Assistir e Perdoar assumem-se verbos transitivos 
indirectos porque necessitam da preposição para complementar-lhe o sentido. 
Em relação à regência verbal, nos verbos transitivos indirectos ocorrem através de verbo e 
preposição, isto é, regente e o regido. Sendo assim, para os exemplos usados em Cunha & 
Cintra podemos entender o seguinte: 
a) No 1º exemplo, a forma verbal “assistiam” é o termo regente da preposição “a” que 
complementa indirectamente, e é o termo regido. 
b) E no 2º exemplo, a forma verbal “Perdoem” é o termo regente da preposição “a” que 
complementa indirectamente, e é o termo regido. 
1.4.Concepções de Preposição 
Bechara conceitua preposição como “uma unidade linguística desprovida de independência – 
isto é, não aparece sozinha no discurso, salvo por hipertaxe” e, em geral, átona, que se junta a 
substantivos, adjectivos, verbos e advérbios para marcar as relações gramaticais que elas 
desempenham no discurso, quer nos grupos unitários nominais, quer nas orações (Bechara, 
1999). Em outras palavras, uma unidade linguística que estabelece relações entre termos de 
sintagmas ou orações, tornando possível que uma determinada função gramatical seja 
desempenhada por uma determinada partícula. 
Contudo, as preposições distinguem-se das conjunções pela sua capacidade de regência e por 
serem semanticamente a expressão de uma dada relação”. 
23 
 
Cunha & Cintra (1985), afirmam que as “preposições são palavras invariáveis que relacionam 
dois termos de uma oração”, de tal modo que o sentido do primeiro (antecedente) é explicado 
ou completado pelo segundo (consequente) 
Assim: 
Antecedente ---- Preposição---- Consequente 
 Vou a Maputo 
 Chegaram a tempo 
 Estive com Pedro 
 Concordo com você 
Em suma, preposição é uma palavra invariável que relaciona dois termos de uma oração. 
Em relação aos sintagmas preposicionais (SP), o núcleo preposicional é sempre 
complementado pela expressão subordinada/regida. 
 [Os meninos não pagaram as contas [ao [pai] SP] SN]. 
Cunha & Cintra (1985, p. 375) afirmam que ―a relação que se estabelece entre palavras 
ligadas por intermédio de preposição pode implicar movimento ou não movimento; melhor 
dizendo: pode exprimir movimento ou uma situação daí resultante. 
1.4.1. Preposições simples 
Para Cunha e Cintra (1985), preposições simples são: a, com, em, por (per), ante, contra, 
entre, sem, após, de, para, sob, até, desde, perante, sobre, trás. 
Emprego das preposições (simples associativa “com” e simples locativa “em”) 
1.4.2. Preposição simples “com” 
Mateus (2003) “A preposição com é a preposição que exprime companhia (comitativo). Com 
este valor, esta preposição afecta a interpretação do predicado verbal uma vez que as frases 
podem ser parafraseadas por coordenação e por construções que exprimem a reciprocidade. 
Portanto é possível notar a ocorrência da preposição com em: 
1. - Eu brinquei com João (exprime valor de maneira); 
2. - Falamos com muita motivação (Exprime valor de causa ou razão); 
24 
 
3. - Com a segurança que temos não nos derrubaram (Exprime valor de instrumento). 
No caso de Bechara (1999), a preposição “com” aparece nas circunstâncias de companhia, 
ajuntamento, simultaneidade, modo, maneira, meio, instrumento, causa, concessão 
(principalmente seguida de infinitivo), oposição: 
Diferentemente de Borregana (2007), a preposição “com”, assume valor de companhia e 
modo: 
 Ele vai com os amigos (Companhia); 
 Caminha com rapidez (modo); 
No caso de Cunha & Cintra (1985), A preposição “com” exprime, fundamentalmente, a ideia 
de “associação”, “companhia” pág. 580-581. E esta ideia básica, sentimo-la muito mais 
intensa no primeiro exemplo, 
= Viajei com Maria, do que no segundo, = Concordo com ela. 
Posto que o uso da partícula com após o verbo concordar, por ser construção já fixada no 
idioma, provoca um esvaecimento do conteúdo significativo de “associação”, “companhia”, 
em favor da função relacional pura. 
Além disso, a preposição “com” exprime Situação = adição, associação, companhia, 
comunidade, simultaneidade. Em certos contextos, pode exprimir as noções demodo, meio, 
causa e concessão. 
Na noção: 
a) Vivemos com medo de ser preso por causa da renúncia. 
b) Sai do quarto com sol já ardente. 
Em relação aos 2 exemplos do valor noção, é notável que a preposição com é constituinte do 
sintagma verbal, ou seja, o verbo flexionado [vivemos] é regente da preposição regida com. 
Assim como no segundo exemplo, em que estamos diante a um argumento interno por sinal 
sintagma verbal Sai que rege a preposição com. 
1.4.3. Preposição simples “em” 
Raposo et alii (2013, cit. Joaquina 2014), a preposição em dignifica-se preposição simples 
com valor espacial básico ou preposição locativa, mas particularmente a preposição 
representa uma localização espacial estática de uma entidade, no lugar que ocupa. Ex: 
Estamos na sala de espera. 
25 
 
Já Borregana (2007), elucida-nos que a “preposição em possui valor de lugar, matéria, tempo 
e modo: 
i. Estou em Maputo (Lugar); 
ii. Relógio em Ouro (matéria); 
iii. Fez viagem em uma hora (tempo); 
iv. Ouviu-o em silêncio (modo). 
Na perspectiva de Bechara (1999), a “preposição em indica lugar onde, situação, em sentido 
próprio ou figurado”, como é o caso de Vivemos em Nampula, em que a preposição em 
aparece para indicar o lugar onde o sujeito oculto vive, garantindo o sentido para o caso do 
sintagma preposicional [em Nampula] regendo-se com verbo estático Viver. Em relação ao 
valor “causa, motivo (geralmente antes do infinitivo) ”, o autor demonstra que a preposição 
em rege-se com verbos de modos, como é o caso de {Há pessoas que são felizes em ter milho 
na Machamba} 
Outrossim, a preposição em indica “lugar para onde se dirige um movimento, sucessão, em 
sentido próprio ou figurado”, para a situação: Entrar em Casa, Saltar em Corrida, etc. que por 
sua vez estabelece regência entre o predicador/ verbo para exprimir valor de estado. 
1.4.4. As preposições nas línguas bantu 
Para falarmos das preposições nas línguas bantu, passamos a fazer uma abordagem sobre as 
línguas bantu em geral. 
Bleek (1851, citado em Ngunga 2004), designa as línguas bantu, da África sub-Sahariana de 
“pronominal prefix languages” (línguas de prefixo pronominal) por ter observado nelas a 
existência de um sistema comum de concordância por meio de prefixos, usando pela primeira 
vez o termo bantu para referir a estas línguas. 
Tendo como ponto a ideia de Bleek retomada por Ngunga, concordamos neste aspecto de as 
línguas bantu serem de prefixo pronominal, visto que, algumas palavras em bantu apresentam 
sempre um prefixo no início para exprimir o plural. Vamos observar alguns exemplos da 
palavra “pessoas” em algumas línguas. 
 
 
26 
 
Exemplos: 
 Citshwa: va- {Prefixo pronominal} –nhu {tema nominal} 
 Gitonga: va- {prefixo pronominal} –thu {tema nominal} 
 Changana: va- {prefixo pronominal} – nhu {tema nominal} 
Para melhor compreender o fenómeno das línguas bantu, vamos dispor da classificação das 
línguas africanas em família, Greenberg (1963, cit. em Ngunga, 2004), afirma que estas 
línguas se encontram divididas em quatro grandes famílias linguísticas, nomeadamente: 
1. Afro- asiática, encontra-se as seguintes subfamílias: Semítica, Egípcia, Cushitica, 
Berber, Chádica); 
2. Nilo- Sahariana (Subfamílias: Songhai, Sahariana, Maban, Fur, Chari-Nilo, Koman); 
3. Congo – Kordofaniana (Subfamílias: Níger-Congo e Kordofaniana); 
4. Khoi e San (Subfamílias: Khoi, San, Sandawe, Iraqwe, Hatsa ou Hadza). 
Após a apresentação da classificação das línguas em família, passamos a outro tipo de 
classificação adoptado por Doke (1945) segundo a qual se classificam Zonas, Grupos, Língua 
ou conjunto de Dialectos, e Dialectos. 
Segundo Ngunga (2004), zonas são agregados de línguas que têm uma certa uniformidade ou 
similaridade de fenómenos linguísticos, mas que não necessitam de ser mutuamente 
inteligíveis. Esta posição de Ngunga, faz-nos perceber que existem línguas com algumas 
características comuns, até palavras semelhantes, mas apesar desta semelhança os falantes 
destas línguas podem não se compreenderem durante a comunicação. Porém, existem algumas 
línguas que apresentam uma similaridade que possibilita que os falantes se compreendam, 
mesmo não conhecendo a língua, é o caso de Gitonga e Cicopi, Citshwa e Xangana. 
Ngunga & Faquir (2012), declaram que o nome Tsonga abrange 3 línguas: Xirhonga, 
Xichangana e Citshwa, mutuamente inteligíveis, faladas nas províncias de Maputo, Gaza e 
Inhambane, e na zona meridional das províncias de Manica e Sofala. No entanto, como nos 
referimos, o interesse da nossa pesquisa centra-se na língua Citshwa. Relativamente a esta 
língua, os dados do Censo de 2007, citados pelos mesmos autores, apontam que esta língua é 
falada por 693.386 pessoas de cinco anos e mais de idade (INE, 2010), e esta apresenta as 
seguintes variantes: 
a) Xikhambani – falada no Distrito de Panda; 
27 
 
b) Xirhonga – falada na zona ocidental do Distrito de Massinga; 
c) Xidzivi – falada nos Distritos de Morrumbene e Homoíne; 
d) Xihlengwe – falada nos Distritos de Morrumbene e Massinga, na zona de Funhalouro; 
e) Ximhandla – falada no Distrito de Vilankulo; 
f) Xidzhonge (ou Xidonge) – falada na parte meridional do Distrito de Inharrime; 
Em relação a nossa pesquisa, tomamos como referencia a variante {Xidzivi} por ser a 
variante que maioria dos falantes da cidade de Maxixe tem mobilizado. 
1.4.5. Preposições/ Morfemas nas línguas bantu com enfoque na língua Citshwa 
Cunha e Cintra (1985), “uma preposição podem exprimir diversos valores semântico 
dependendo do contexto.” Ou seja, as preposições possuem tendência de exprimir valor 
semântico para cada contexto, destarte, a medida que uma preposição específica pode 
expressar mais de um valor semântico, pode-se verificar em Citshwa, onde geralmente usa-se 
a preposição simples ka para se referir tanto à preposição simples locativa em na frase (a) 
tanto à preposição simples direccional a na frase (b). 
Frases em Citshwa 
Exemplos 
a. Yana ka Departamento ya maletras. {preposição simples ka} 
b. Ndzilomo ka Departamento ya maletras. {preposição simples ka} 
Nas construções acima, trata-se de contextos distintos, isto é, o primeiro estamos perante 
regência verbal do verbo ir flexionado {yana} que é regente da preposição simples direccional 
a e o segundo contexto temos regência verbal estabelecida pelo verbo estar flexionado 
{ndzilomo} regente da preposição simples locativa em. Entretanto, ao analisar estas duas 
construções, verifica-se que no que concerne ao valor semântico das preposições, 
especificamente as simples locativa em e simples direccional a, a língua Citshwa contraria o 
pensamento de Neves (2004 cit. em Marques, 2006), dado que “a preposição “a” indica” 
movimento em direcção a um lugar”, enquanto a preposição em dá a ideia de “inserção em um 
lugar”, dizendo-se que essa preposição pode ser usada apenas quando indica o lugar dentro do 
qual ocorre a acção. Portanto, a distinção semântica das preposições no Português, relaciona-
se com o verbo que estabelece regência: 
28 
 
Frases traduzidas à luz do padrão europeu 
a. Vai ao Departamento de Letras. {Preposição simples direccional a} 
b. Estou no Departamento de Letras. {Preposição simples locativa em} 
Nestas frases do português, o valor semântico das preposições empregadas determinam a 
interpretação em relação a sua regência verbal, pois Mateus et ali (2003) defendem que a 
preposição em, em muitos contextos selecciona os verbos estáticos e a preposição “a” indica” 
movimento em direcção a um lugar”, enquanto a preposição em dá a ideia de “inserção em um 
lugar” Neves (Ibid). Deste modo, podemos afirmar que o verbo de movimento flexionado Vai 
rege a preposição simples direccional a e o verbo estático flexionado estou rege a preposição 
simples locativa em. 
Ao contrário do que acontece na língua citshwa em que se usa a preposição simples Ka para 
reger com verbo demovimento assim como verbo estático, por isso, o que marcará fronteiras 
entre as frases será os verbos regentes. 
Em torno destas considerações, observa-se que esta língua da família Bantu, acima 
referenciada, classificada como a língua usada pela maioria dos seus falantes, distancia-se 
completamente do Português que é a língua-alvo ou segunda desses falantes, especificamente 
na regência verbal dos verbos intransitivos caso da preposição simples em, pois se verifica 
que há uma transposição entre a Língua Citshwa para Língua Portuguesa. 
Relativamente a preposição simples associativa com, na língua Citshwa, ocorre isoladamente 
mas assumindo duas grafias {na e ni} como ilustram as frases: 
Frases em Citshwa 
a) Maria arandzana na Mário; 
b) Tiwonele ni Mova. 
Nas frases plasmadas, estamos perante contextos diferentes onde o verbos flexionado 
arandzana rege a preposição simples associativa na em {arandzana - na} e no segundo caso 
o verbo flexionado Tiwonele rege a preposição simples ni {Tiwonele – ni}. Deste modo, ao 
analisar estas duas construções, verifica-se que no que concerne ao valor semântico das 
preposições, Mateus (2003) “A preposição com é a preposição que exprime companhia 
(comitativo). Com este valor, esta preposição afecta a interpretação do predicado verbal uma 
29 
 
vez que as frases podem ser parafraseadas por coordenação e por construções que exprimem a 
reciprocidade. 
Vemos que na Língua Citshwa o verbo namorar posiciona-se como transitivo directo, 
indirecto e intransitivo, mas na frase supracitada o verbo pede preposição simples associativa 
com para estabelecer sentido pois teríamos {Maria arandzana Mário} por isso é necessário a 
ocorrência da preposição simples associativa. No caso da segunda frase (b), o verbo 
flexionado pede assim como não a preposição, admitindo que o verbo é transitivo e 
intransitivo. Sem ocorrência da preposição simples associativa com teríamos Tiwonele Mova 
sem a mudança e/ ou falta de sentido. 
Frases traduzidas em português 
a) Maria namora com Mário; 
b) Cuidado com Carro. 
Ainda na análise, verificamos a transposição das estruturas sintácticas da LE para LP, 
verifica-se que os falantes da língua supracitada (Citshwa) no caso da preposição simples 
locativa em e simples direccional a assume o mesmo valor, o que vai divergir será o verbo 
que vai reger as preposições em contextos diferentes {Yana ka/ Ndzilomo ka}. Ao contrário 
da preposição simples associativa com no verbo kurandzana consubstancia-se preposição 
exigida pelo verbo e quanto ao verbo Kutiwonela não exige obrigatoriamente a preposição na 
frase em causa. Assumimos por via disso que a causa principal das dificuldades e dos erros 
dos aprendentes reside na transferência negativa da língua Citshwa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
1.5. Regência verbal dos verbos afectados pelas preposições {com e em}. 
 Cuidar 
Em consonância com Vitória (1969), a recomendação normativa tradicional para o verbo é 
que posiciona-se transitivo directo, indirecto e pronominal. Quando é transitivo indirecto rege 
a preposição com, exceptuando quando flexionado no particípio passado porque actua como 
adjectivo e não exige preposição. 
 Comprar 
O verbo comprar pertence ao grupo dos predicados de evento não-causativos de actividade 
mental (dois lugares), exprimem propriedades ou relações dinâmicas “vividas” por uma 
entidade “agente” (Mateus, 2003). Relativamente a predicação, o verbo comprar é intransitivo 
e transitivo directo e indirecto. Quando é transitivo indirecto rege a preposição a. 
 Namorar 
De acordo com Vitória (1969), “o verbo namorar compreende-se verbo transitivo directo e 
não admite preposição, pois, trata-se de verbo transitivo directo (construído sem qualquer 
preposição).” Pág. 120 
 Ir 
Na perspetiva de Marques (2006), A recomendação normativa tradicional para este verbo é 
que, quando usado como verbo de movimento, ele tenha um complemento de direcção regido 
pela preposição a. Em alguns casos, aceita-se o uso das preposições {para e até}. 
 Chegar 
O verbo chegar, quando usado como verbo de movimento, possui grelha de transitividade 
semelhante do verbo ir, em que recomenda-se que seu complemento de destino seja regido 
pela preposição a.(Marques, 2006), ou seja, é transitivo indirecto e intransitivo. 
 Faltar 
Luft (1986), “o verbo faltar é um verbo intransitivo ou transitivo indirecto. Quando assume-se 
transitivo indirecto, selecciona um complemento que é regido pela proposição a.” 
 
 
31 
 
CAPITULO II 
1.6. Metodologia da pesquisa 
Na produção de trabalho científico é necessário que se apoie a diversos modelos 
metodológicos. Para tanto, entende-se por “método”, um processo organizado, lógico e 
sistemático de pesquisa. Ou seja, representa o “caminho” para se chegar a um fim. Lakatos & 
Marconi (2011), explicam que este método se “inicia pela percepção de uma lacuna nos 
conhecimentos acerca da qual se formulam hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, 
se testa a predição da ocorrência dos fenómenos abrangidos pela hipótese.” 
1.6.1. Quanto a abordagem 
Do ponto de vista da forma de abordagem, a pesquisa segue os parâmetros da pesquisa mista, 
a qual segundo Gil (1994), “considera que existe uma relação entre o mundo e o sujeito que 
não pode ser traduzida em números, tornando assim a pesquisa descritiva, na qual o 
pesquisador tende a analisar seus dados indutivamente”. Pág. 207 É caracterizada como a 
tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais 
apresentadas pelos entrevistados, em lugar de produção de medidas quantitativas de 
características ou comportamentos (Richardson, 1999). 
Sendo assim, na base desta modalidade de pesquisa, objectivamos descrever, a partir de 
análises, de maneira indutiva10, isto é, através de dados colhidos no dia-a-dia com estudantes 
chegar-se -à a conclusões gerais no que concerne ao emprego inadequado das preposições 
“com” e “em” em regência verbal nos alunos da 12ª Classe e 2º ano do curso de Licenciatura 
em Português da Unisave - Maxixe. 
1.6.2. Quanto aos objectivos 
Do ponto de vista dos objectivos, a pesquisa é explicativa, em que pretende-se “identificar os 
factores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenómenos. É o tipo que 
mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas.” 
(Gil, 2004) No entanto, poderemos explicar os fatores que influenciam o emprego inadequado 
das preposições “com” e “em” em regência verbal nos alunos da 12ª Classe e 2º ano do curso 
de Licenciatura em Português da Unisave - Maxixe. 
 
10 Gil (2004), “parte de dados particulares observados para chegar a uma proposição geral ou universal não 
contida nas partes examinadas.” 
32 
 
1.6.3. Quanto à natureza 
A presente pesquisa, quanto à natureza é aplicada. Diz-se que uma pesquisa é aplicada, 
quando, segundo Gil (1994) se “objectiva gerar conhecimentos para a aplicação prática, 
dirigidos à soluções de problemas específicos.” 
De facto, ao descrevermos as causas que fazem com que os falantes usem de forma desviante 
a preposição locativa “em” e preposição simples associativa “com” em regência verbal, 
pretendemos, apontar o distanciamento do PM em relação ao PE, o que poderá ser benéfico, 
tanto os planificadores das políticas linguísticas, como os responsáveis pela educação em 
Moçambique dado que poderão traçar metodologias adequadas para o português de 
Moçambique. 
1.6.4. Quanto aos procedimentos 
Relativamente aos procedimentos para a colecta de dados, apelidamos pesquisa de campo, em 
que Lakatos e Markoni (2011) “pesquisa de campo consiste na observação de factos e 
fenómenos tal como ocorrem espontaneamente, na colecta de dados a eles referentes e no 
registro de variáveis que se presume relevantes para analisá-los.” p.69 
Então,os campos de pesquisa são a escola Secundária 29 de Setembro da Cidade de Maxixe e 
Universidade Save- Maxixe, Campus 2. 
1.6.5. Instrumentos e técnicas de recolha de dados 
Os métodos de recolha de dados, são estratégias que possibilitam ao pesquisador obter dados 
empíricos que lhe possibilitam responder às suas questões investigativas. Para o caso da 
pesquisa, tem-se como métodos e técnicas de recolha de dados a observação sistemática, que 
por sua vez, “o observador sabe o que procura e é objectivo nas suas investigações” (Markoni 
& Lakatos, Ibid11, p. 78) 
1.6.6. Entrevista 
Segundo Gil (2004), a “entrevista é uma técnica “em que o investigador se apresenta frente ao 
investigado e lhe formula perguntas, com o objectivo de obtenção dos dados que interessam à 
investigação” p.109. Neste caso, baseando-se na entrevista semiestruturada, foi aplicada aos 
informantes, que contempla estrutura mista (perguntas abertas e fechadas) para 15 estudantes 
 
11 2011 
33 
 
do 2º ano Curso de Licenciatura em Português da Universidade Save-Maxixe, de forma 
aleatória. 
1.6.7. Inquérito por questionário 
Para Lakatos e Markoni (2011), “questionário é um instrumento e colecta de dados, onde o 
pesquisador envia perguntas ao grupo pesquisado e recolhe-o depois de preenchido.” Pág. 86 
Portanto, aplicamos 1 inquérito para 20 alunos da 12ª Classe da Escola Secundária 29 de 
Setembro da Cidade de Maxixe, em que a escolha da turma assim como dos alunos foi de 
forma aleatória. 
 1.6.8. Métodos e técnicas de análise de dados 
Análise de dados é o processo de aplicação de técnicas estatísticas e lógicas para avaliar 
informações obtidas a partir de determinados processos. Nos moldes das tipologias de análise 
de dados, a pesquisa tem como técnica de análise de dados, a análise descritiva. 
1.6.9. Análise descritiva 
Corresponde a análise de factos baseado em factos, ou seja, na prática este tipo de avaliação 
de dados é feita a partir de resultados obtidos. Deste modo, usamos análise descritiva dos 
dados, onde iremos descrever as principais tendenciais nos dados obtidos, mundo real da 
ocorrência da regência verbal nos alvos citados, interpretar-se-ia os resultados de forma quali-
quantitativa para descobrir os factores da ocorrência do fenómeno. 
1.7. População e amostra 
1.7.1. População 
Segundo Lakatos e Markoni (2011), a população ou universo da pesquisa é “o conjunto de 
seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum” 
p.223. Deste modo, a população constitui o universo do que se pretende estudar, descrever, 
analisar e/ou averiguar numa pesquisa. A população da nossa pesquisa são os estudantes do 2º 
ano do curso de Português e 12ª Classe da escola Secundária 29 de Setembro da Cidade de 
Maxixe. 
34 
 
1.7.2. Amostra 
A amostra é vista de acordo com Gil (2004) “ […] como parte da população que seja 
representativa da melhor forma, ou seja, é uma porção ou parcela do todo” p. 90. é um 
subconjunto do universo. Só ocorre quando a pesquisa não é censitária, isto é, não abrange a 
totalidade dos componentes do universo, surgindo a necessidade de investigar apenas uma 
parte dessa população. Deste modo, a pesquisa tem como amostra 15 estudantes do 2º ano do 
Curso de Licenciatura em Português, de Maxixe e 20 alunos da 12ª Classe da Escola 
Secundária 29 de Setembro da Cidade de Maxixe, somando 35 estudantes de idade 
compreendida dos 16 a 24 anos de Idade. 
1.7.3. Tipo de amostra 
Amostra aleatória simples 
Para Lakatos e Markoni (2011), a escolha de um indivíduo, entre uma população, é ao acaso 
(aleatória), quando cada membro da população tem a mesma probabilidade de ser escolhido. 
Objetivamos a partir do tipo de amostra, interpretar o fenómeno tendo-se como premissa o 
estatuto de que cada componente da população estudado possui características similares, 
gerando igual probabilidade para informantes não seleccionados. 
Descrição da amostra 
 Níveis 
Género Médio Superior 
Masculino 10 Informantes 8 Informantes 
Feminino 10 Informantes 7 Informantes 
35 
 
CAPÍTULO III 
2. Regência verbal no Citshwa e Português de Moçambique, caso das preposições 
simples “com” e simples “em” nos falantes do nível médio e superior da Cidade de 
Maxixe. 
No presente capítulo iremos apresentar e analisar os dados do fenómeno obtidos através da 
técnica de observação directa intensiva, com vista a interpretar construções que contemplam 
regência verbal, caso das preposições simples locativa “em” e simples associativa “com” nos 
falantes dos níveis médio e superior da Cidade de Maxixe. 
Sendo que o fenómeno foi constatado por via auditiva, ou seja, observação directa intensiva, 
agruparemos as construções em categorias para a análise. 
Categoria 1- Preposição simples associativa “com” em: 
Frase 1. *Cuidado com Carro; 
Frase 2. *Comprei com meu Dinheiro; 
Frase 3. *[Exp]12 namora com [CI]13; 
Conforme evidente na categoria 1, temos elucidadas construções frásicas nas quais fez-se 
regência verbal desviante a luz da norma-padrão14, isto é, usou-se a preposição simples 
associativa com num contexto em que não ocorre. 
Em relação a primeira construção, a preposição simples associativa é regida pelo particípio 
passado do verbo cuidar, embora Cunha e Cintra (1985) reiterem que “o particípio passado 
ocorre como adjectivo” elucida-nos ainda, o desvio evidente nesta mesma construção é que o 
interlocutor refere-se a uma realidade em que o sujeito emprega a preposição simples 
associativa no verbo que se encontra no passado para traduzir uma ideia no presente. Pelo 
sentido que nos dá a nível da aceitabilidade, a construção transmite valor de presente em que a 
intenção é de ter zelo consigo próprio ou velar por si quanto ao carro, ao passo que a nível da 
gramaticalidade nos dá o sentido desviante, dado que posiciona-se pronominal, onde a acção 
recai ao sujeito, ou seja, reflexivo. Na perspectiva de Cunha e Cintra (1985), “verbos 
 
12 Experienciador 
13 Complemento Indirecto 
14 Rocha Lima (2011) define “norma-padrão é um constructo sociocultural, portador-perpetuador de uma 
ideologia linguística, muito mais até do que um guia normativo para se falar e escrever correctamente.” 
36 
 
reflexivos são utilizados quando a acção exercida pelo verbo recai também sobre o sujeito, ou 
seja, nas orações em que o sujeito é o agente e também o paciente”, então quanto a norma o 
verbo “cuidar” fica cuidar-se, admitindo-se agente e paciente. Portanto, o que as gramáticas 
normativas do Português Europeu admitem é Cuide-se, flexão verbal da 2ª pessoa do singular 
na forma pronominal. Assim, ficaria Cuide-se do Carro, regendo-se a preposição simples 
direccional “de” dado que Cunha e Cintra apontam “indica a razão ou a causa por que uma 
coisa sucede.” Pág. 567, excluindo-se a necessidade de reger o verbo intransitivo «Cuidado» 
com a preposição simples associativa «com». 
Na frase 2, os usuários da língua discursam para se referir da proveniência dos valores que 
foram usados para pagamento de diversos fins, tendo-se a pergunta: Comprou com o que? E 
de seguida, manifesta-se a resposta «comprei com meu dinheiro» já o interlocutor vê-se a usar 
a preposição simples associativa “com” no valor de modo para um verbo que quanto a 
regência verbal, rege a preposição simples direccional “a”, ficando «comprei a». Deste modo, 
o verbo comprar pertence ao grupo dos predicados de evento não-causativos de actividade 
mental (dois lugares), exprimem propriedades ou relações dinâmicas “vividas” por uma 
entidade “agente” (Mateus, 2003). 
Na frase 3, a preposição simples associativa «com» é regida pelo verbo flexionado «namora», 
com intenção de estabelecer uma relação de afectividade entre dois indivíduos que é 
estabelecida pela preposição associativa. Mas, quanto ao verbo que contemplaregência, 
Vitória (1969, pág. 169), “o verbo namorar compreende-se verbo transitivo directo e não 
admite, pois, a preposição com", por outra, quer no sentido de desejar fortemente algo, quer 
no significado de galantear, trata-se de verbo transitivo directo (construído sem qualquer 
preposição). Namorar é um verbo que precisa de complemento. Quem namora, namora 
alguém, certo? Não há necessidade da preposição com. Este é um complemento chamado 
objecto directo, pois liga-se directamente ao verbo, sem necessidade de preposição. 
Alertando-se que não necessita de preposição pois rege diretamente o complemento. 
Frases corrigidas da categoria 1, preposição simples associativa com: 
Frase1. Cuide-se do carro! 
Frase2. Comprei a meu dinheiro. 
37 
 
Frase3. [Exp]15 namora [CI]16 
Categoria 2- Preposição simples locativa {em} nos discursos: 
Frase 4. *Foi na Escola; 
Frase 5. *Faltei nas aulas; 
Frase 6. *Cheguei em casa; 
Conforme evidente na categoria 2, temos elucidadas construções frásicas nas quais fez-se 
regência verbal desviante a luz da norma-padrão17, isto é, usou-se a preposição simples 
locativa “em” num contexto em que não ocorre. 
Na frase 4, podemos constatar que o interlocutor refere-se a um agente que deslocou-se de um 
lugar para um determinado lugar, e quanto a preposição simples locativa em sofreu contracção 
em +a ficando na. Em relação ao valor da preposição simples locativa em o que se nota é que 
ela é usada preferencialmente para indicar “inserção em algum lugar” (Neves, 2004 cit. Em 
Marques, 2006), ou seja, rege-se com verbos estáticos. Assim, o verbo ir elege a preposição a 
em virtude das afinidades que existem entre o sentido do próprio verbo e a ideia de 
“movimento” inerente a deslocação. 
E quanto ao verbo ir, na gramática de valências, o verbo ir apresenta valência 2, pois pede 
dois argumentos, pertencendo ao grupo dos predicados de evento não-causativos de 
movimento que exprimem o deslocamento de uma entidade origem ou objecto para um dado 
lugar locativo (Mateus et alii, 2003). Entretanto, o argumento “locativo”, indicando meta, 
destino, não é tratado de modo uniforme nas gramáticas. Alguns autores consideram-no como 
complemento verbal e, portanto, obrigatório para completar a predicação do verbo, enquanto 
outros consideram-no como adjunto, ou seja, termo acessório, não obrigatório. 
Na frase 5, refere-se a preposição simples locativa em é regida pelo verbo intransitivo Faltar, 
na medida em que, defende Luft18 
“o verbo faltar é um verbo intransitivo (por exemplo, em «faltam casas», «casas» é 
sujeito) ou transitivo indirecto [«faltou a reunião», em que «a reunião» é o 
 
15 Experienciador 
16 Complemento Indirecto 
17 Rocha Lima (Ibid) 
18 Luft, Celso Pedro. (1986) Dicionário Prático de Regência verbal. 
38 
 
complemento indirecto]. Quando assume-se transitivo indirecto, selecciona um 
complemento que é regido pela proposição a.” 
Na frase 6, a ocorrência da preposição simples locativa “em” é regida pelo verbo chegar que 
apresenta valência 2, pedindo dois argumentos e pertencendo ao grupo dos predicados de 
evento não-causativos de movimento que exprimem o deslocamento de uma entidade origem 
ou objecto para um dado lugar locativo. As recomendações prescritivas para esse verbo, 
quando verbo de movimento – exceptuando-se as ocorrências em que o verbo tem o sentido 
de “ir/vir para perto de”, “encostar”, que são casos especiais e não entram na zona de conflito 
entre uso e norma –, indicam que seu complemento de destino deve iniciar-se pela preposição 
a ou até (e não pela preposição em). A preposição “a” indica” movimento em direcção a um 
lugar”, enquanto a preposição em dá a ideia de “inserção em um lugar” (Neves, 2004 cit. em 
Marques, 2006), dizendo-se que essa preposição pode ser usada apenas quando indica o lugar 
dentro do qual ocorre a acção. 
Frases corrigidas da categoria 2, preposição simples locativa em: 
Frase 4. Foi a Escola; 
Frase 5. Faltei as aulas; 
Frase 6. Cheguei a casa/ Cheguei a Escola. 
2.1. Factores determinantes da regência verbal desviante no PM: caso das preposições 
simples “com” e “em” 
Interferência das línguas Bantu 
Conforme elucidamos, o Português de Moçambique (PM) é uma variedade que resulta de 
contextos sociolinguísticos e da diversidade cultural. A escola moçambicana baseia-se no 
português de Portugal (norma-padrão europeia) para ensinar e avaliar seus alunos, o que faz 
com que os alunos não progridam academicamente. Diante desta realidade, emanamo-nos a 
Chutumiá (2013), que julga 
Português de Moçambique, os linguistas são unânimes em afirmar que no Português 
oral em Moçambique ocorrem realizações linguísticas de algum modo “estranhas” à 
norma do Português europeu, as quais podem resultar da transposição de estruturas 
linguísticas (fonológicas, morfológicas, sintácticas e até semânticas) próprias das 
línguas Bantu para a língua portuguesa. 
39 
 
Relativamente a preposição simples associativa com, na língua Citshwa, ocorre isoladamente 
mas assumindo duas grafias {na e ni} como ilustram as frases: 
Frases em Citshwa 
a) *[SUJ]19 arandzana na [CI]20; 
b) Tiwonele ni Mova. 
Nas frases plasmadas, estamos perante contextos diferentes onde o verbos flexionado 
warandzana rege a preposição simples associativa com em {arandzana - na} e no segundo 
caso o verbo flexionado Tiwonele rege a preposição simples com {Tiwonele – ni}. Deste 
modo, ao analisar estas duas construções, verifica-se que no que concerne ao valor semântico 
das preposições, Mateus eta lii (2003) “A preposição com é a preposição que exprime 
companhia (comitativo). Com este valor, esta preposição afecta a interpretação do predicado 
verbal uma vez que as frases podem ser parafraseadas por coordenação e por construções que 
exprimem a reciprocidade. 
Vemos que na Língua Citshwa, o verbo namorar posiciona-se como transitivo directo, 
indirecto e intransitivo, mas na frase supracitada o verbo pede preposição simples associativa 
com para estabelecer sentido pois teríamos {[SUJ] arandzana [CI]} por isso é necessário a 
ocorrência da preposição simples associativa. No caso da segunda frase (b), o verbo 
flexionado pede assim como não a preposição, admitindo que o verbo é transitivo e 
intransitivo. Sem ocorrência da preposição simples associativa com teríamos Tiwonele Mova 
sem a mudança e/ ou falta de sentido. 
2.2. Quanto aos verbos por sinal de movimento ou de estado que co-ocorre a preposição 
simples direccional e locativa [ka] 
Cunha e Cintra (1985), “uma preposição podem exprimir diversos valores semântico 
dependendo do contexto.” Ou seja, as preposições possuem tendência de exprimir valor 
semântico para cada contexto, destarte, a medida que uma preposição específica pode 
expressar mais de um valor semântico, pode-se verificar em Citshwa, onde geralmente usa-se 
a preposição simples ka para se referir tanto à preposição simples locativa em na frase (a) 
tanto à preposição simples direccional a na frase (b). 
 
19 Sujeito 
20 Complemento Indirecto 
40 
 
Frases em Citshwa 
Ex: 
a. Yana ka Departamento ya maletras. {preposição simples ka} 
b. Ndzilomo ka Departamento ya maletras. {preposição simples ka} 
Nas construções acima, trata-se de contextos distintos, isto é, o primeiro estamos perante 
regência verbal do verbo ir flexionado {yana} que é regente da preposição simples direccional 
a e o segundo contexto temos regência verbal estabelecida pelo verbo estar flexionado 
{ndzilomo} regente da preposição simples locativa em. 
No que tange a regência verbal do verbo comprar, julgamos como possível factor a falta de 
conhecimento das exigências dos verbos a luz da norma-padrão. 
2.3. Descrição dos dados obtidos através da entrevista aos estudantes do 2º ano curso de 
Português em relação à regênciaverbal no Citshwa e PM, caso das preposições simples 
associativa “com” e locativa “em” 
Nesta fase, iremos apresentar e descrever os dados obtidos através da observação sistemática 
aliando-se a técnica de entrevista estruturada, ocorrida na Universidade Save- Campus 2 da 
Maxixe, correspondentes ao universo de 15 informantes. O objectivo da entrevista foi de 
analisar através de perguntas abertas e fechadas o conhecimento de regência verbal, os 
factores que causam a má regência, seus posicionamentos sobre regência de alguns verbos e 
propomos que criassem frases dos quais os informantes julgam correctas. Em relação aos 
dados dos informantes, julgamos irrelevante saber, pois a intenção do estudo centra-se na 
ocorrência das preposições em relação a sua regência verbal. Relativamente, a nossa 
entrevista questionamos se alguma vez tiveram algum debate científico referente a regência 
verbal ou ocorrência de preposições simples associativa “com” e simples locativa “em” ao 
longo do seu perfil académico. 
 
41 
 
Tabela 1- informantes do nível Superior 
 
Géneros 
 
Quant. 
 
Universidades 
 
Ano 
 
Curso 
Masculino 8 Unisave-Maxixe, Campus 2 2º Ano Licenciatura em 
Português 
Feminino 7 Unisave- Maxixe, Campus 2 2º Ano Licenciatura em 
Português 
Total dos informantes: 15 
Fonte: Autor 
A tabela ilustra dados referentes a técnica de entrevista que adoptamos no presente estudo. 
Separamos os informantes em géneros para que seja facilitada a citação no decurso da 
descrição. A primeira questão do nosso instrumento de entrevista foi de querer saber dos 
informantes: 
 Já leu ou aprendeu sobre regência verbal? 
Para informantes do género feminino, 5 julgaram nunca ter estudado. Os restantes 3 
responderam positivamente. 
Os informantes do género masculino, 3 admitiram ter lido nas classes do nível médio e os 
restantes 5 responderam que estudaram sobre regência verbal mas não se lembram ao certo. 
No que tange aos resultados da questão, regência verbal segundo Pereira (1909 cit. em 
Marques 2006) vai ser “…nada mais que a relação estabelecida entre os verbos e seus 
respectivos complementos, pois, nessa relação, há aqueles que, indispensavelmente, requerem 
o uso das preposições.” Assim como Cunha e Cintra (1985), “regência verbal ocorre através 
da relação/ ligação por meio de preposição ou de forma directa (verbo para objecto) para que 
haja sentido.”. Diante dessa realidade, surge a questão: o que se espera de quem não tem 
conhecimento da regência verbal? Obviamente que devido a este factor e mais outros será 
mais susceptível a cometer desvios. 
42 
 
A segunda questão para os informantes foi: Quais são as preposições regidas pelos verbos 
abaixo: 
V(a) -Comprar; 
V (b) - Namorar; 
V (c) - Ir; 
V (d) - Faltar; 
Relativamente aos dados colhidos, no caso de o verbo comprar todos do género feminino 
propuseram a preposição simples associativa com, assim como 4 informantes do género 
oposto. Os restantes 4 do género masculino, julgaram não incorporar nenhuma preposição, ou 
seja, o verbo não exige preposição para estabelecer regência verbal. Para o verbo namorar, 
num universo de 8 informantes do género masculino, 6 responderam de forma infeliz {rege a 
preposição simples associativa com} e 7 informantes aliaram-se a mesma resposta de que a 
preposição exigida é com, os restantes 3 de ambos géneros não seleccionaram nenhuma 
preposição regida. Em relação ao verbo ir, 4 informantes do género feminino, assim como 5 
informantes do género masculino responderam de forma infeliz dizendo que exige a 
preposição em, os restantes 6 de ambos géneros estabeleceram a preposição simples 
direccional a. Por fim o verbo faltar, onde os informantes do género masculino julgaram 
exigir preposição em e informantes do género feminino, 4 aliaram-se a resposta dos 
informantes do género oposto e 3 informantes estabeleceram a exigência da preposição 
simples direccional a. 
Assim, nota-se que o maior índice de desobediência à norma-padrão está na língua falada, que 
se encontra emanada a norma implícita que Leite (1999b, cit. Ibid21), “[…]norma implícita é a 
linguagem usada pelo um grupo social (o dos falantes cultos, p. ex.)” 
Continuando, na terceira questão, objectivamos saber se os informantes22 julgam correcto 
afirmar: 
 *Cuidado com carro. 
 *Namora com estudante do 3º ano. 
 
21 Marques, Pág. 36 
22 Do género masculino 
43 
 
 *Vai no Departamento de Letras. 
 *Faltei nas aulas de Linguística. 
Dos 8 informantes do género-M, três julgaram que «cuidado com carro», é o certo e ao 
justificar o primeiro informante disse:-Sempre se falou assim e acho correcto dizer assim. 
Dando continuidade as justificativas, outros dois informantes do género-M estabeleceram 
resposta semelhante ao primeiro informante dizendo: -Cuidado com carro é correcto sim 
porque as pessoas falam assim. Houve outras respostas dos 5 informantes do mesmo género, 
dos 4 justificaram dizendo que é certo dizer cuidado com carro porque o interlocutor deve 
precaver-se de um infortúnio. O último informante julgou inadequado afirmar cuidado com 
carro, por que afirmar cuidado com carro remete-nos a uma ideia do passado e não do 
presente. E os informantes do género feminino, julgaram correcto dizer Cuidado com carro 
porque a frase traduz a ideia de algo que está acontecendo por conta do sujeito pronominal23 
oculto que expressa a segunda pessoa do presente do indicativo. 
Analisando as ideias dos informantes, percebemos que na óptica dos mesmos a ocorrência da 
preposição simples associativa “com” é bem-vinda, mas Mateus et al . (2003: 397), contradiz 
dizendo “a preposição com exprime companhia (comitativo); […]”, excluindo-se a ocorrência 
da preposição simples associativa “com” regida pelo particípio passado do verbo cuidar na 
ideia de presente do indicativo. 
Na segunda afirmação «Namora com estudante do 3º ano», dos 8 informantes do género 
masculino, 7 credibilizaram a frase, pois traduz a ideia de associação por meio de uma relação 
de intimidade amorosa por isso é correcto dizer «Namoro com estudante do 3º ano», quanto 
ao último informante, teceu outro posicionamento dizendo «namora-se alguém e não com 
alguém». Em relação aos informantes do género oposto, afirmaram que é certo dizer namora 
com Mário, porque surge da interrogativa: Com quem namora? por isso diz-se namora com 
estudante do 3º ano. Entretanto, aliamo-nos na perspectiva de Vitória (1969, pág. 169), “o 
verbo namorar compreende-se verbo transitivo directo e não admite, pois, a preposição com", 
por outra, quer no sentido de desejar fortemente algo, quer no significado de galantear, trata-
se de verbo transitivo directo (construído sem qualquer preposição). Assim, houve uso 
indevido da preposição com, apesar de esta referir-se ao modo e a maneira por que o verbo 
não exige preposição devido a sua transitividade verbal. 
 
23 Tenha. 
44 
 
Para o enunciado «Vai no Departamento de Letras», 5 informantes do género masculino 
estabeleceram mesmas respostas, alegando estar errado dizer: Vai no BIM levantar dinheiro, 
por que o verbo ir corresponde aos verbos de movimento, por isso, exigem a preposição a 
para reger. E os restantes 3 do mesmo género, estabeleceram ideias contraditórias, afirmando 
que sim é correcto dizer Vai no Departamento de Letras porque trata-se de um lugar estático 
que é Departamento. Para informantes do género feminino, apenas 4 admitiram que a 
afirmação é correcta mas sem justificativas, assim as demais24 julgaram estar desviada a 
regência verbal do Verbo ir porque os verbos de movimentos rege-se a preposição a. 
Verifica-se que os falantes tendem a dar respostas sem ter total certeza do que a norma 
padrão25 prescreve em relação a norma implícita. Sendo assim, concordamos com (Mateus et

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