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Isabella Pessanha M7 Isabella Pessanha M7 Otorrino Aula: Anatomia da faringe, Anel linfático de Waldeyer e Faringotonsilites ANATOMIA DA FARINGE • Divisão da faringe - Nasofaringe (ou rinofaringe): coana (saída da cavidade nasal) ao palato mole - Orofaringe: palato mole à parte superior da epiglote (limite anterior – istmo das fauces) - Laringofaringe (hipofaringe): parte superior da epiglote à cartilagem cricoide - Se estende desde a base do cranio até a base inferior da cartilagem cricóide (unica cartilagem anelar da faringe) OROFARINGE • A loja amigdaliana é constituída por três músculos: 1. Músculo palatoglosso (pilar anterior) 2. Palatofaríngeo (pilar posterior) 3. Constritor superior da faringe (assoalho da loja) DEFINIÇÃO - O Anel Linfático de Waldeyer é o conjunto de tecidos linfoides localizados na faringe (funções e histologia semelhantes) • É composto por: 1. Adenoide 2. Amígdalas 3. Tonsilas linguais 4. Tonsilas tubárias 5. Nódulos linfáticos - As tonsilas palatinas (amígdalas) e faríngeas (adenoide) estão estrategicamente localizadas para proteção imunológica do trato aero-digestivo - Imunologicamente ativas entre os 4 e 10 anos de idade. Se tirar amígdala e a adenoide, não vai tirar a proteção, vai ainda desenvolver seus linfócitos, vai ter toda aquela estrutura para formação de anticorpo. - Quando corte a faringe por trás, e olha de trás p/ frente, consegue ver os nódulos linfáticos espalhados nessa região. - Só vê adenoide com 2 exames: RX de cavum (que é em perfil, a adenoide fica no cavum) ou endoscopia nasal (entra pelo nariz com uma nasofibroscopia e vê diretamente a adenoide). - NÃO vê adenoide em RX de saios da face. • Imunologicamente ativas entre os 4 e 10 anos de idade - Quando pode ter hipertrofia das tonsilas palatinas. A hipertrofia acentuada da amígdala e da adenoide vai causar uma patologia (que vamos falar posteriormente). - Vai causar uma obstrução e vai dar a síndrome do respirador oral. OBS: Não fica cobrando isso, mas é importante saber do que é composto esse anel de Weldeyer. INTRODUÇÃO DAS FARINGOTONSILITES • Nasofaringe - Sintomas nasais - Sintomas auditivos • Orofaringe - Odinofagia - Dor de garganta • Laringofaringe - Disfagia - Sensação de corpo estranho FISIOPATOLOGIA DAS FARINGOTONSOLITES Faringotonsilites, Isabella Pessanha M7 CLASSIFICAÇÃO DAS FARINGOTONSILITES AGUDAS 1. Eritematosas ou eritematopultácea (viral ou bacteriana) 2. Pseudomembranosas (exemplo: difteria) 3. Vesiculosas (exemplo: herpangina) - Tem bolhas que circulam, aparecendo aquelas aftas 4. Ulcero-necróticas (exemplo: angina de Plaut- Vincent) Anginas eritematosas ou eritematopultáceas - As mais frequentes (90% dos casos) - Desafio é diferenciar etiologia viral e bacteriana - Tem hiperemia e pus I. Viral (cerca de 75%, principalmente nos primeiros 2 a 3 anos de vida) II. Bacteriana III. Mononucleose Infecciosa - A viral corresponde a 75% dos casos e está presente nos primeiros anos de vida (2 a 3 anos). Abaixo de 3 anos, na maioria das vezes, é um quadro viral. - Na foto, temos uma amigdala hiperemiada (vermelha), aumentada de tamanho, com exsudato nas criptas. A faringe está um pouco vermelha (às vezes, pode ter hiperemia de faringe junto. Por isso, chamamos de faringotonsilite). - Nesse caso, só olhando a foto, pode ser tanto viral quanto bacteriana. A viral pode ter também exsudato. FARINGOMIGDALITE VIRAL • Agente etiológico - Rinovírus, adenovirus, coronavirus, influenza • Quadro clínico - Dor de garganta - Mialgia - Febre baixa - Tosse - Coriza - Quadro insidioso de dor de garganta (tem dia que foi mais, outros menos). Febre é baixa, apresenta mialgia (dor no corpo), tosse, coriza, obstrução nasal. Pode ter diarreia também. • Exame físico - Hiperemia e edema de amigaalas e de mucosa faringea - Presença de pus (raramente) • Tratamento - Analgésicos e anti-inflamatorios - Tto é de suporte, porque é autolimitada. - Analgésico (dipirona, ibuprofeno) e anti- inflamatórios. - Hidratação. - Normalmente, tem amígdalas aumentadas de tamanho (edema), hiperemiada. - Normalmente, não tem exudato, mas em alguns casos pode ter, então, tem que ver historia do paciente, idade, sinais e sintomas associados FARINGOAMIGDALITE BACTERIANA - 20 a 40% dos casos das faringoamigdalites são bacterianas • Agente etiológico - Estreptococo beta-hemolítico do grupo A - Faringotonsilites estreptocócicas – pico de incidência entre 5 e 15 anos • Quadro clínico - Dor de garganta intensa - Odnofagia - Febre alta OBS O que vai diferenciar é a forma de apresentação: insidioso x súbito, febre leve x alta, a idade do paciente, sinais e sintomas associados. A oroscopia pode ser viral ou bacteriana. Isabella Pessanha M7 - Otalgia reflexa • Exame físico - Hiperemia e edema de tonsilas, com exsudato purulento - Adenomegalia de cadeia jugulo-gástrica (60%), os linfonodos vão estar um pouco maiores. - Pode ter edema de úvula, petéquias no palato. - Linfonodo submandibular aumentado e doloroso a palpação. • Diagnóstico - Basicamente CLÍNICO, mas pode confirmar com teste rápido ou cultura de orofaringe 1. Testes rápidos - Para detecção de estreptococos (15minutos) se apresentam sob a forma de kits, porem tem alto culta (tem em algumas emergências particulares) 2. Cultura de orofaringe - PADRÃO OURO (desvantagem – tempo prolongado de18 a 48 horas e custo, mas tem que tratar logo, pode ter complicações) - Na prática, a gente não faz a cultura, já começa o tratamento, porque demora a sair o resultado, a criança pode complicar com febre reumática, abcesso. - O ideal era ter o teste rápido para todo mundo (em 15 min fica pronto), mas não é a realidade. Já faz o tto com diagnóstico clínico. • Tratamento 1. Antibióticos - Penincilina Gbenzatina – 600.000 a 1.200.000IM dose única - Amoxicilina – 45-50mg/kg/dia – 10dias 2. Analgésicos, AINES - Penincilina G benzatina OU amoxicilina VIRAL X BACTERIANA Foto do quadro • Viral - Coriza (não está na tabela, mas pode ter) - Podem surgir lesões (úlceras ou vesículas) na orofaringe quando pensamos em herpes simples. A primeira infecção pelo herpes tipo 1 vai dar lesões vesiculosas na boca - Sa em qualquer idade, menor de 3 anos - Inicio lento - Febricula - Dor de garganta - Tosse - Congestão nasal - Rouquidão - Diarreia • Bacteriana - Acima de 3 anos, com pico entre 5 e 15 anos. - O nódulo linfático aqui é submandibular (linfonodo sentinela), doloroso à palpação. Como surge o caso? Tipicamente: - Criança chegou da escola, jantou e foi dormir. De madrugada, início SÚBITO de dor de garganta intensa, disfagia, febre alta e pode ter otalgia reflexa. - Não tem coriza, tosse, entupimento nasal. Pode ter dor abdominal, mas não tem diarreia. - Outra coisa que também está associada no exame físico é o linfonodo sentinela: linfonodo submandibular aumentado e doloroso à palpação. OBS Casos específicos (quadro recorrente/refratário a amoxicilina): - Amoxicilina + ác. Clavulânico - Macrolídeos – clarititromicina – alérgicos a penincilina OBS NA PROVA NÃO PERGUNTA DOSE!!!!!!! Mas tem que saber “dose única” e “10 dias” - Não usa azitromicina!!! Na alergia a penincilina, a escolha é claritomicina. - Orientar a mãe a criança não ir à escola com 3-4 dias iniciais com atb, para poder erradicar. Depois disso, ela não está mais transmitindo. Isabella Pessanha M7 - Pode ter dor abdominal isolada por adenite mesentérica, mas sem queixa GI, não tem diarreia. - Inicio brusco de odinofagia - Febre alta (>38,5C) - Exsudato tonsilofaringeo - Rash escarlatiniforme - Edema de tonsilas - Petéquia palatal - Nódulos linfáticos >1 cm, assimetricos, com sinais flogisticos COMPLICAÇÃO DAS FARINGOMIGDALITES • Não supurativas: 1. Febre reumática 2. Glomerulonefrite 3. Escarlatina • Supurativas: - (+ comuns) 1. Abscesso periamigdaliano 2. Abscesso parafaríngeo 3. Abscesso retrofaríngeo - Periamigdalianoé o mais comum ➭ ESCARLATINA - Ação das endotoxinas do Streptococos B-hemolítico • Quadro clínico 1. Sinal de Filatov - Rash cutaneo papular e eritematoso que aparece no segundo dia da infecção, acomete principalmente face e pescoço, preservando a região perioral - Pode acometer tronco tambem 2. Sinal de Pastia - Petéquias em linha de flexão - Acomete cotovelo e pernas (atrás do joelho) 3. Língua em "framboesa” • Tratamento - Penicilina OBS: Preferência por penicilina, mas também pode ser amoxicilina 10 dias. ➭ ABSCESSO PERIAMIGDALIANO - Extensão da infecção localizada na amígdala para o espaço peritonsilar (celulite→abscesso) - Flora mista (aeróbios e anaeróbios) • Quadro clínico - Alteração do quadro de amigdalite aguda - Odinofagia intensa e UNILATERAL, piora da disfagia e halitose, salivação, alteração do timbre da voz e trismo (irritação dos músculos pterigoides e o paciente não consegue abrir e fechar a boca, tem dificuldade de examinar esse paciente) OBS Além disso, vai ter amigdalas hiperemiadas, exsudato purulento. Então, o tto é o mesmo da angina estreptocócica, que é a penicilina benzatina. Damos preferência a penicilina para poder melhorar mais rápido, porque é um quadro bem incomodativo. OBS - Geralmente, acomete polo superior da tonsila palatina, porque tem mais criptas e, nessa região, a amigdala não está muito aderente, é meio frouxo aquele tecido ali, aí acumula secreção. - Existe primeiro uma celulite, com edema, um infiltrado ali que ainda não tem pus e ele evolui para o abscesso, acúmulo de pus na loja amigdaliana no polo superior. - A salivação é excessiva, porque ele não consegue engolir/deglutir por causa daquele abaulamento. - O timbre da voz, falamos que o paciente fala com voz de batata quente Isabella Pessanha M7 • Exame físico - Edema dos tecidos localizados lateralmente e superiormente à amigdala envolvida - Deslocamento da úvula. Desloca para o lado contralateral • Tratamento - Punção para coleta de material ou drenagem - Antibioticoterapia (ceftriaxone, amoxicilina + clavulanato, clindamicina) – 10 dias - Abcesso = drenagem MONONUCLEOSE INFECCIOSA - Acomete adolescentes e adultos jovens - Transmissão por contato direto de gotículas de saliva • Agente etiológico - Vírus Epstein-Barr (EBV) • Quadro clínico 1. Pródromo - Mal estar e fadiga 2. Tríade clássica - Dor de garganta, febre e linfadenomegalia - Podem ter outros vírus causadores, mas o principal é o EBV. - Pródromo: a ponto de o paciente não conseguir levantar da cama. 2 semanas depois, vem a tríade clássica. Febre alta, difícil de controlar. Às vezes, melhora da dor de garganta e continua com febre depois. - Linfadenomegalia cervical posterior dolorosa a palpação. 3. Febre, dor de garganta e astenia 4. Angina - Eritematosa, exsudativa ou pseudomembranosa 5. Poliadenopatia 6. Hepatomegalia - 10% dos casos 7. Esplenomegalia - 50% dos casos 8. Angina ou faringoamigdalite. • Diagnóstico - Quadro clínico associado aos exames laboratoriais: I. Inespecíficos - Hemograma com linfocitose com 10% de linfócitos atípicos e aumento de transaminases II. Monteste e Reação de Paul-Bunnel - Anticorpos heterofilos – positivo após 10-20 dias III. Sorologia (específico) - Pesquisa de Ac IgM ou IgG contra capsídeo viral (desde o início do quadro, com pico entre 4 a 6 semanas) OBS: - É muito característico, na história clínica, a história de fadiga, de cansaço. - Na emergência, costuma fazer diagnóstico clínico pela história e exame físico. • Tratamento - Medidas de suporte - Hidratação e analgésicos - Corticoide - Repouso Angina Pseudomembranosa DIFTERIA • Agente etiológico - Corynebacterium diphteriae • Quadro clínico - Febre e dor de garganta - Linfonodomegalia cervical - Hipotensão - Adinamia (quadro toxêmico) • Exame físico - Pseudomembranas branco-acinzentadas, aderidas à mucosa, resistentes ao descolamento com espátulas OBS A evolução do quadro clínico geralmente é benigna (a febre e a faringite persistem, em média, por 2 semanas, enquanto a adenopatia, astenia e organomegalia podem se prolongar até 6 semanas) Isabella Pessanha M7 deixando o leito sangrante quando removidas, localizadas nas amigdalas, pilares, úvula e podendo se estender por todo trato aerodigestivo. Extremamente grave • Diagnóstico - Sugerido pelo quadro clínico e confirmado pela cultura de exsudatos faríngeos - Acomete, principalmente, crianças entre 1 e 7 anos - Menos frequente devido a vacinação OBS: AQUI TEM QUE FAZER CULTURA!!! • • Tratamento - Internação - Soro antidiftérico - Penicilina OBS: Tratar contactante com quimioprofilaxia! Angina Úlcero-Necrótica - Acomete UMA amigdala. - É uma ulceração mesmo. - Parece diagnóstico diferencial de carcinoma de orofaringe. É fétida, tem halitose característica. - Pode ter áreas de necrose. ANGINA DE PALUT VINCENT • Agentes etiológicos - Simbiose fusoespiralar (patogênicos quando associados) • Quadro clínico - Adulto jovem ou adolescente, normalmente, com odinofagia UNILATERAL e disfagia, halitose - Sem febre • Exame físico - Lesão ulcerosa unilateral e lesões gengivais concomitantes, em pacientes com má higiene oral • Tratamento - Antibioticoterapia (penicilina ou cefalosporina, associadas a metronidazol) - Gargarejo com soluções antissépticas Angina Vesiculosa HERPANGINA • Agentes etiológicos - O Vírus Coxsackie tipos 2, 3, 4, 5, 6, 8 e 10 ou Enterovírus OBS: NÃO VAI COBRAR OS TIPOS - É uma enterovirose. • Transmissão - Fecal-oral ou disseminação respiratória • Quadro clínico - Dor de garganta - Febre alta o Anorexia o Diarreia - Vômitos - Frequente em crianças entre 1 e 7 anos, principalmente no verão OBS: História típica: criança que vai para férias, água do mar, piscina. Água contaminada. Por via fecal-oral. • Exame físico - A Angina eritematosa com pequenas vesículas em palato mole, úvula e pilares amigdalianos - Ao se romperem, deixam ulcerações esbranquiçadas circundadas por halo eritematoso espalhadas por toda orofaringe, poupando a região jugal OBS - Primeiro, aparecem pequenas vesículas em locais estratégicos: palato mole, úvula e pilares amigdalianos. - Muitas vezes, as vesículas rompem e formam ulcerações esbranquiçadas com halo eritematoso ao redor. - Essas lesões estão restritas somente a essa localização. Não vê na mucosa jugal, diferentemente da herpes simples. Isabella Pessanha M7 • Tratamento - Antitérmico - AINES OU AIH OBS: Não é amigdalite bacteriana, é um quadro VIRAL. - Evolução benigna. Quadro dura de 4 a 5 dias. TONSILITE CRÔNICA CASEOSA - Deposição de casem, material constituído de restos alimentares, cristais de colesterina, descamação epitelial e leucócitos degenerados nas criptas • Quadro Clinico - Irritação na garganta - Halitose - Saída de material branco de odor fétido das criptas • Tratamento - Higienização local com anti-sépticos em forma de gargarejos, principalmente após as refeições - Remoção do material caseoso OBS INDICAÇÕES DE AMIGDALECTOMIA 1. Hiperplasia amigdalina obstrutiva; 2. Tonsilites recorrentes (7 infecções em 1 ano ou 5 inceções / ano em 2 anos consecutivos ou 3 episódios de infecção aguda em três anos consecutivos); 3. Abscesso periamigdaliano; 4. Halitose por tonsilite caseosa.