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Farmacotécnica II Natalia Petry Pós de uso farmacêutico Misturas secas de fármacos e/ou excipientes finamente divididos que podem ser destinados ao uso interno ou externo. Partículas sólidas, livres e secas, devendo apresentar certa homogeneidade. Apresentados nas formas farmacêuticas: pós tópicos, pós a granel ou pós divididos. Ainda podem ser ponto de partida para preparação de outras formas farmacêuticas: granulados, cápsulas e comprimidos. Vantagens (Pós a granel e divididos) • Prescrição precisa individual em cada dose; • Normalmente mais estáveis; • Menor tamanho e dissolução mais rápida do que comprimidos; • Menos irritação gástrica quando comparado com comprimidos. Desvantagens (Pós a granel e divididos) • Deterioração quando expostos a condições atmosféricas (maior área de superfície das partículas finamente divididas); • Difícil de mascarar sabores; • Maior tempo de preparo; Comprimidos e cápsulas § Maior facilidade de acondicionamento e transporte; § Possibilidade de mascarar sabores § Facilidade na exatidão da dose das formas unitárias § Possibilidade de revestimento de proteção e liberação controlada. Classificação Simples: divisão de uma única droga. Compostos: misturas de dois ou mais pós simples. Necessário verificar a homogeneidade do tamanho e distribuição da mistura. Simples titulados: Utilizados para drogas que contenham substâncias de elevada atividade farmacológica. Determina-se o teor de princípios ativos do pó, ajustando-o ao título por diluição com inertes. Propriedades e características específicas de determinados pós • Higroscópicos: absorvem umidade do ar; • Deliquescentes: higroscópicos com capacidade de absorver umidade suficiente para se dissolverem, formando uma solução; • Eflorescentes: contém água de hidratação que pode ser liberada quando armazenados ou manipulados em condição de baixa umidade relativa do ar; Farmacotécnica II Natalia Petry • Mistura eutética: mistura de duas ou mais substâncias sólidas que podem se liquefazer quando misturadas a temperatura ambiente; Formas farmacêuticas • Pós tópicos: aplicados sobre a pele para exercerem ação local (Ex: talcos antissépticos). • Pós a granel: uso interno em embalagem ou frasco com múltiplas doses, oferecem um método conveniente para dispensar fármacos não potentes em estado sólido, cujas doses requerem volumes moderados e grandes (Ex: antiácidos). No momento da administração, deve-se medir a dose usando uma colher ou dosador. Não pode ser usado para fármacos que requerem dose exatas e precisas. • Pós divididos: uso interno onde cada dose é embalada individualmente. Na manipulação, cada dose de pó é pesada individualmente e acondicionada em sachês, flaconetes ou papeletes, os quais são lacrados. No momento da administração, o conteúdo do sachê deve ser misturado em veículo (água ou algum alimento de acordo com o produto ou prescrição). Forma utilizada quando a dose corresponde a uma quantidade grande, que não caberia em uma cápsula. • Cápsulas: pós para uso interno encapsulados em invólucros de gelatina dura (cápsula). Geralmente a quantidade de pó é pequena e a quantidade de fármacos pode ser medida com precisão e exatidão. • Comprimido: quantidade relativamente pequenas que podem ser medidas com exatidão e precisão que passam por um processo específico de produção, onde uma das etapas é a compressão. Tamanho da partícula • Afeta a velocidade de dissolução e biodisponibilidade; • Pode afetar a velocidade de sedimentação no caso de suspensões; • Interfere no conforto da aplicação de suspensões, pomadas e cremes; • Pós de uso externo: finamente divididos de forma exata, tamanho uniforme para assegurar toque macio não-arenoso, com livre escoamento e fácil espalhamento. • Pós de uso interno (a granel ou divididos): partículas devem apresentar tamanho uniforme para divisão exata, pois a velocidade de dissolução e biodisponibilidade dependem do tamanho da partícula. No caso de pós a granel, partículas de tamanho diferente tendem a segregar com o transporte, o que pode resultar em doses inexatas. Granulometria Corresponde ao grau de divisão dos pós, também referida como tenuidade. Compreende o tamanho das partículas. A granulometria geralmente é determinada por tamisação, de modo a classificar os pós de acordo com a porcentagem na amostra que passa através de um tamis com uma determinada abertura de malha. Farmacotécnica II Natalia Petry Princípios gerais da manipulação de pós Em quase todas as situações de manipulação, os sólidos precisam estar em um estado fino de subdivisão. Sendo assim, é necessário a redução do tamanho de partículas pelo manipulador. Geralmente diferentes fármacos, excipientes e outros adjuvantes apresentam granulometria diferentes. Para obtenção de mistura de pós homogênea, é essencial que todos os pós a serem misturados tenham granulometria próximas. Isso assegura mistura mais homogênea e com menores chances de segregação. Portanto, uma etapa de pulverização individual de cada um dos pós da mistura deve ser realizada antes de misturar os pós. Redução do tamanho das partículas: cominuição 1. Pulverização por trituração – fricção continuada de um sólido em um gral com pistilo. A trituração também utilizada para mistura em gral, sendo um método interessante por permitir proceder a cominuição de duas ou mais substâncias ao mesmo tempo. Portanto, a trituração é utilizada para cominuição/ pulverização e mistura de pós. Pó compactado é constantemente removido das laterais do graal e do pistilo por raspagem para garantir uniformidade. o Grau de cerâmica: maior atrito, muito poroso, não deve ser usado pra fármaco colorido, cuidados especiais de limpeza necessário pra evitar contaminação. o Grau de porcelana: maior eficiência de atrito. o Grau de vidro: superfície lisa não porosa, adequado pra substâncias coradas ou fármacos potentes e perigosos , não tão eficiente. 2. Pulverização por intervenção (intermédio): processo usado para fármacos que não permitem trituração direta, por exemplo, aqueles com estruturas cristalinas duras, que não fragmentam. Envolve a dissolução em um solvente adequado (agente interventor), seguida de recristalização em partícula finas. Os agentes interventores mais utilizados são álcool e acetona. o Volume de líquido interventor pequeno e outros pós preparação insolúveis: demais pós podem ser misturados até que o solvente evapore. o Volume de líquido interventor elevado ou outros componentes da formulação forem solúveis: solvente deve ser evaporado antes dos demais pós serem misturados. 3. Pulverização por levigação: sólido é triturado com uma pequena quantidade de líquido no qual o sólido não é solúvel. Geralmente utilizado para incorporação de sólidos em formas farmacêuticas semissólidas. Óleo mineral e glicerina são exemplos comuns de agentes levigantes. Mistura de pós Operação farmacêutica cujo objetivo é obter uma mistura homogênea, ou seja, qualquer amostra dessa mistura deve ter composição idêntica a qualquer outra da Farmacotécnica II Natalia Petry mistura total. É ideal que os pós em seu estado inicial tenham semelhante densidade, formato e granulometria. A homogeneidade é mais difícil quando um dos componentes está em menor proporção em relação a outros. Portanto, a operação deve ser bem conduzida para obtenção da homogeneidade e de doses uniformes. 1. Mistura por trituração: método preferível em diferentes situações por permitir ao mesmo tempo a redução do tamanho das partículas.2. Mistura por espatulação: realizada em pedra de pomada com uso de espátula. Não há redução do tamanho, portanto todos os pós devem ser finos e possuir tamanho uniforme. O pó resultante é fluído e não compactado. É preferível quando a trituração deve ser evitada, por exemplo, na mistura de substâncias incompatíveis (mistura eutética). Por não haver trituração, a desagregação prévia em um tamis rompe eventuais grupos formados por agregação, otimizando o processo. 3. Misturadores – quantidades grandes de pós, pode ser em V ou de bancada. Controle de qualidade A inspeção visual é quase impossível de ser realizada, uma vez que a maioria dos fármacos são pós brancos. Um método que pode ser utilizado é a adição de uma pequena quantidade de corante na mistura (cerca de 0,1%). Quando o corante estiver disperso de modo uniforme e a cor estiver homogênea, o pó estará misturado homogeneamente. Mistura geométrica (adição alternada de pós): quando uma formulação requer combinação de quantidades semelhantes, uma mistura uniforme pode ser obtida pela mistura de pequenas porções de cada um dos pós, seguida pela adição de porções adicionais alternadamente, com trituração e mistura adequada a cada adição. Diluição geométrica: utilizada quando são misturados dois ou mais pós em quantidades diferentes, geralmente com um componente em quantidade muito pequena em relação aos outros, principalmente para fármacos potentes e/ ou perigosos, usados em quantidades muito pequenas. Permite que pequenas porções de um componente sejam bem distribuídas em toda mistura. A trituração com diluição geométrica permite obtenção de misturas mais homogêneas. Embalagem dos pós Dependendo do uso a que se destinam, os pós podem ser embalados e dispensados de duas maneiras: a granel ou divididos. Pós a granel: acondicionado em grasco de boca larga, que permite a retirada de pequenas quantidades com uma colher. Somente fármacos não potentes. No caso de uso externo podem ser acondicionados em frasco com tampa perfurada ou polvilhador. Pós divididos: o pó pode ser dividido em unidades individuais, com base na dose a ser administrada. Pode-se usar sachês, flaconetes e papeletes. Farmacotécnica II Natalia Petry Problemas especiais, estabilidade e imcompatibilidades Algumas características dos pós devem ser observadas para otimização do processo: 1. Pós que sofrem aglomeração durante armazenamento: alguns fármacos apresentam partículas finamente divididas, mas quem podem aglomerar-se durante armazenamento. Nesses casos, mesmo pós muito finos necessitam de trituração antes do processo. 2. Pós cristalinos: alguns fármacos adjuvantes estão na forma de cristais, os quais devem ser triturados antes da manipulação. Devem ser reduzidos a pó com granulometria semelhante aos demais componentes da mistura. Em alguns casos a trituração deve ser por intervenção. 3. Pós higroscópicos e deliquescentes: absorvem a umidade do ar, devem ser tomadas “medidas corretivas”: - Controle da umidade relativa do ar, com uso de desumidificador e/ ou ar-condicionado (faixa ideal de UR é entre 30-45%); - Controle da exposição ao ambiente, mantendo utensílios contendo os pós vedados com filme plástico ou papel alumínio durante o processo; - Adição de substâncias absorventes. Adjuvantes como óxido de magnésio leve ou dióxido de silício coloidal reduzem tendência a higroscopia. 4. Pós eflorescentes: substâncias cristalinas ou hidratadas que liberam água de cristalização ou hidratação ao serem pulverizadas, tornando o pó pastoso ou liquefeito. A pulverização aumenta a superfície de evaporação da água de cristalização. - Substituir o sal hidratado pelo anidro; - Exsicação do material. 5. Misturas eutéticas: mistura de dois componentes sólidos que se torna pastosa ou se liquefaz a temperatura ambiente devido ao ponto de fusão da mistura ser menor do que das substâncias isoladas. - Interposição de pó absorvente entre os dois pós incompatíveis. Triturar cada pó separadamente com um pó absorvente, e depois procede-se a mistura delicada entre eles (sem trituração). 6. Misturas explosivas: Podem ocorrer quando um agente oxidante forte é triturado com agente redutor forte. - evitar mistura de tais substâncias. Farmacotécnica II Natalia Petry Granulometria e tamisação A tamisação promove a separação das partículas sólidas em função de sua tenuidade, permitindo a classificação do pó em função da distribuição do tamanho das partículas. A operação utiliza o tamis, provido de malhas de diferentes aberturas em função da tenuidade do pó. A classificação do pó pode ser dada em função de termos descritivos (ex: grosso, fino, finíssimo), de acordo com as definições da Farmacopeia, ou em função das menores aberturas de malha das quais passa 10%, 50% ou 90% das partículas (D10, D50, D90). Parâmetros para definir um tamis: • Diâmetro do fio • Tamanho do lúmen (abertura da malha) • Número de malhas por centímetro ou polegada linear (MESH), quanto maior o número do mesh, menor abertura e mais fino o pó que passa. Classificação da granulometria dos pós (Farmacopeia Brasileira IV, 2019) • Pó grosso – partículas passam em sua totalidade pelo tamis com abertura nominal de malha 1,7mm, e no máximo 40% pelo tamis com abertura de malha 355mm. • Pó moderadamente grosso – partículas passam em totalidade pelo tamis com abertura de 710um, e no máximo 40% pelo tamis de 250um. • Pó semifino – partículas passam em totalidade pelo tamis de abertura de malha de 355um, e no máximo, 40%, pelo tamis de 250uuuy m. • Pó fino – partículas passam pelo tamis com abertura nominal de malha de 180um. • Pó finíssimo – partículas passam em sua totalidade pelo tamis com malha de 125um. Calcular porcentual retido em cada tamis: % 𝑟𝑒𝑡𝑖𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑡𝑎𝑚𝑖𝑠 = 𝑃1 𝑃2 . 100 P1 = peso da amostra retida no tamis (em gramas) P2 = soma dos pesos retidos em cada tamis e no coletor (em gramas) Distribuição do tamanho das partículas A distribuição do tamanho é a medida que define a quantidade de partículas de determinado tamanho em um pó ou mistura de pós. Pode ser definida a partir da porcentagem de partículas que passam por tamises de determinadas aberturas de malhas; • D10 -> menor abertura na qual passa 10% do material (ou mais); • D50 -> menor abertura de malha na qual passa 50% do material (ou mais), pode ser considerada a mediana no tamanho. • D90 -> menor abertura de malha na qual passa 90% do material (ou mais). Farmacotécnica II Natalia Petry Fatores de equivalência e correção A não correção do teor de um princípio ativo em uma forma farmacêutica pode implicar em uma dosificação errada e não conformidade com a prescrição, o que acarreta em possíveis sanções legais. Sempre é necessário basear-se no produto farmacêutico de referência e no certificado de análise da matéria-prima utilizada. Há diferentes tipos de correção: Fator de equivalência: permite intercambiar uma substância na sua forma “salina”, “éster” ou “hidratada” com a sua molécula base ou anidra, em relação a qual a forma farmacêutica de referência estaria dosificada. - Substância salina cujo produto farmacêutico de referência que a contém é dosificado em relação à sua molécula base. - Substância comercializada na forma de sal ou base hidratada e cujo produto de referência é dosificado em relação à base ou sal anidro. Fatores de correção: relacionado ao ajuste de teor, compensação da hidratação ou de uma diluição. - Substância comercializada diluída;- Substância que por razões farmacotécnicas e de segurança, são diluídas na farmácia. - Correção do teor, quando o doseamento indicar valores menores que o mínimo especificado na monografia farmacopeica; - Sais minerais ou minerais aminoácidos quelatos em prescrições em que se deseja o teor elementar; - Correção do percentual de umidade da matéria-prima. Fatores de equivalência Fator utilizado para fazer o cálculo da conversão da massa do sal ou éster para massa do fármaco ativo, ou de substância hidratada para anidra. Utilizado quando: • Matéria-prima disponível for um sal ou éster e o fármaco ativo for uma forma livre, sendo as doses expressas na forma livre; • Fármaco terapeuticamente ativo for um sal ou éster diferente daquele em questão, sendo as doses expressas no sal ou éster de referência; • A matéria-prima for hidratada e o fármaco for anidro, sendo as doses expressas na forma anidra. Nessidade ou não da Feq é determinada pelo produto de referência sobre o qual foram feitos ensaios farmacológicos para determinação da dose. Normalmente utiliza- se como parâmetro a bula do medicamento e fórmula molecular, mas pode-se utilizar a farmacopeia, USP-DI, compêndido médico, etc. O FEq sempre será maior do que 1,00. 1. Sal cujo produto de referência é dosificado em relação a molécula base: Ex: fluoxetina (base) e matéria-prima disponível sendo cloridrato de fluoxetina (sal 𝐹𝑒𝑞 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 (𝑠𝑎𝑙) 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 (𝑏𝑎𝑠𝑒) Farmacotécnica II Natalia Petry Há fármacos onde a forma de sal contém mais de uma molécula da base, nesse caso é importante levar em conta a fórmula molecular: Ex: Salbutamol (base) e sulfato de salbutamol (sal com 2 moléculas de base) 𝐹𝑒𝑞 = 𝑃𝑀 (𝑆𝑎𝑙) 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙é𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑥 𝑃𝑀 (𝐵𝑎𝑠𝑒) 2. Sal ou base hidratada cujo produto de referência é dosificado em relação à base ou sal anidro. Ex: lisonopril (base anidra) e lisinopril diidratado (matéria-prima hidratada) 𝐹𝑒𝑞 = 𝑃𝑀 (𝑚𝑜𝑙é𝑐𝑢𝑙𝑎 ℎ𝑖𝑑𝑟𝑎𝑡𝑎𝑑𝑎) 𝑃𝑀 (𝑚𝑜𝑙é𝑐𝑢𝑙𝑎 𝑎𝑛𝑖𝑑𝑟𝑎) • Pode-se utilizar como referência a bula do medicamento e o manual de equivalência e correção do CFF. Fatores de correção Utilizados para corrigir diluição, teor do princípio ativo, teor elementar de um minaral ou umidade. Devem ser feitas baseando-se nos certificados de análise das matérias-primas ou nas diluições feitas na farmácia. 1. Substâncias comercializadas na forma diluída, ou cujo doseamento apresenta valores menores do que 100% ou o mínimo especificado na monografia. São fornecidas no rótulo pelo fabricante e no certificado de análise de produto, o cálculo deve ser feito para 100%. Por questões técnicas, algumas matérias não são utilizadas na sua forma pura, portanto, para que a dose seja a mesma da prescrição, deve-se pesar uma quantidade maior de pó. Para isso aplica-se o fator de correção de teor. O teor da substância fica no certificado de análise da matéria como “doseamento”, “teor” ou “pureza”. 𝐹𝑐 𝑡𝑒𝑜𝑟 = 100 𝑡𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑠𝑢𝑏𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑚 % 2. Substâncias diluídas na farmácia Em geral utiliza-se a diluição geométrica para fármacos de baixo índice terapêutico, utilizados em pequenas dosagens, como uma medida de segurança para manipulação. 1:10 à Fc = 10 1:100 à Fc = 100 1: 1000 à Fc= 1000 3. Compostos minerais ou minerais aminoácidos quelatos em prescrições em que se deseja o teor elementar Em prescrições onde há presença de compostos minerais ou de minerais aminoácidos quelatados, é comum que essa prescrição seja dada em teor elementar do referido mineral. Isso ocorre porque a reposição de minerais é feita a partir de sais ou quelatos. Dessa forma, é necessário analisar a Farmacotécnica II Natalia Petry prescrição. Um fator de correção somente deverá ser aplicado se a prescrição solicitar teor elementar. Ex: CÁLCIO (carbonato) --- 500mg à entende-se que a prescrição requer 500mg do mineral, utilizado na forma de carbonato. CÁLCIO (citrato) à entende-se que a prescrição requer 500mg do mineral cálcio, utilizado na forma de citrato. Nesses casos é necessário utilizar fator de correção para corrigir quantidade de cálcio na mlécula de carbonato ou citrato. 𝐹𝑐 = 𝑃𝑀 𝑆𝐴𝐿 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑎𝑡ô𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑚𝑖𝑛𝑒𝑟𝑎𝑙 𝑥 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑑𝑎 𝑚𝑜𝑙é𝑐𝑢𝑙𝑎 𝑛𝑜 𝑠𝑎𝑙 Para minerais aminoácidos quelatados (minerais ligados a aminoácidos), cuja absorção do mineral é melhor do que em sal deve-se utilizar o fator de correção onde a prescrição solicitar o mineral puro. Ex: Zinco (como quelato) ---- 50mg A correção deve ser feita utilizando o teor do mineral na matéria-prima (observar certificado de análise): 𝐹𝑐 = 100 𝑡𝑒𝑜𝑟 4. Correção do percentual de umidade presente na matéria-prima A água pode estar presente nas moléculas de duas maneiras: água de cristalização (água de hidratação ligada quimicamente à molécula, fazendo parte de sua constituição – Ex: amoxilina triidratada) e água de adsorção (água livre adsorvida à molécula, proveniente da umidade atmosférica, podendo ser eliminada por dessecação). A água adsorvida geralmente é referida como umidade, e deve ser corrigida, uma vez que a massa do insumo não é de moléculas do ativo, mas sim de água livre. Nesse caso a correção deve ser feita a partir do percentual de umidade indicado no certificado de análise. 𝐹𝑐 𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 100 100 − % 𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 Ex: umidade indicada de 3,5 %100/ 100 – 3,5 = 100/96,5 = 1,0362 PS: água cristalizada deverá ser corrigida por fator de equivalência e quando a molécula for hidratada e for aplicado o teor de equivalência, não se faz a correção de umidade, uma vez que a correção já foi feita na equivalência. Porém se não aplicado FEq, cada situação deve ser analisada individualmente sobre necessidade de correção a partir das informações contidas no certificado de análise. Siglas para identificação da correção da umidade • SD/ SA - substância dessecada ou anidra – corrigir a umidade indicada no certificado de análise do lote. E o Feq deverá ser feito sem considerar a água de hidratação. • CE – correção pela equivalência – a hidratação é corrigida pelo FEq, o teor de umidade deve estar dentro dos limites de aceitação, indicados na monografia. Farmacotécnica II Natalia Petry • SOL – solução – princípios dissolvidos em um solvente adequado ou mistura de solventes miscíveis. Corrigir o teor utilizado na diluição. • EF – especificação do fabricante – correção da umidade ou hidratação depende das informações dos fabricantes. Para aplicação do fator de correção de umidade ou fator de quivalência, o farmacêutico deve avaliar o certificado. • SC – Sem correção – não corrigir umidade indicada no laudo. A correção do teor e utilização da FEq deve ser feita quando aplicável. Fc total = Feq x Fc teor x Fc umidade Quantidade pesada de insumo = Dose x número de doses x Fc total Aulas: Fármacos potentes, perigosos e de baixo índice terapêutico Diluição geométrica
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