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Nocicepção e Dor: Caso Clínico: Senhor de 72 anos descreve dor intensa na face anterior da coxa esquerda de início há 3 dias. A dor ocorre durante o dia todo, em queimação. Hoje acordou com lesões vesiculares na face anterior da coxa esquerda, exatamente nos locais em que sentia a dor. Exame Físico: Pressão arterial sistêmica de 120/80 mmHg, frequência cardíaca de 96 bpm, frequência respiratória de 14 irpm. Paciente está emagrecido, hipocorado e em regular estado geral. A esposa do paciente relata então que ele tem comido pouco, não está mais saindo de casa e que não tem ânimo para fazer atividades diárias . Tratamento: · Isolamento. · Aciclovir 200 mg 4 vezes por dia por 7 a 10 dias. · Pomada de capsaicina. (Vanilloid Receptor Subtype 1, canal iônico relacionado a temperatura e dor; e Teoria da comporta sensitiva). Nocicepção x Dor: -Dor: sensação sensorial desagradável componente motivacional afetivo + componente discriminativo sensorial -Nocicepção: componente discriminativo sensorial Tipos de Dor: -Dor Somática: inervação somática · Bem localizada – pode-se apontar com precisão a região dolorosa · Piora aos estímulos mecânicos e à movimentação A) Dor Somática superficial: originada na pele · Picada de agulha · Esmagamento da pele B) Dor somática profunda: origem no tecido conjuntivo, músculos, ossos, articulações · Cãibra muscular · Cefaleia -Dor Visceral: inervação visceral · Costuma se manifestar como uma sensação vaga · Difusa e mal localizada A) Dor Visceral: origem nas vísceras · Cólica biliar · Dor de úlcera · Apendicite -Dor neuropática: origem em nervos e tecido neuronal · O processo doloroso é uma doença · Causada por uma lesão ou doença que afeta o sistema nervoso somatossensorial · Alodinia (dor ao toque leve) é um dos sintomas · Lesão nervosa Fisiologia da dor: -Nociceptores: · Tudo tem início nos nociceptores, os quais invadem a epiderme e a derme · Nociceptores são terminações nervosas livres, espalhados por todo corpo, exceto em todo o sistema nervoso · Nociceptores mecânicos: estímulos mecânicos fortes (estiramento ou dobramento da membrana do nociceptor) despolarização potencial de ação · Nociceptores térmicos: temperaturas extremas (42º ou +) despolarização potencial de ação · Nociceptores químicos: bradicinina, ácidos, histamina, serotonina despolarização potencial de ação · Nociceptores polimodais: estímulo mecânico, térmico e químico despolarização potencial de ação -Transmissão da informação nociceptiva: · A-delta (rápidas) – mielinizada, mais calibrada dor e temperatura; responsáveis pela dor primária (dor com maior intensidade e mais rapidez) · C (lentas) – amielínica, mais fina temperatura, dor, prurido; responsáveis pela dor secundária (dor com menor intensidade, mas lenta, demora mais tempo para desaparecer) · Terminações nervosas livres (nociceptores) na derme e epiderme transmitem informações através do gânglio da raiz nervosa dorsal, pelas fibras rápidas ou lentas penetra a coluna posterior da medula espinhal as fibras nociceptivas rápidas terminam principalmente na lâmina V de Rexed, enquanto as fibras nociceptivas lentas terminam nas lâminas I e II de Rexed sinapses por glutamatos ou pela substância P nas lâminas V, I e II estímulo do neurônio II Vias Ascendentes da dor: 1) Via Neoespinotalâmica: -Trato espinotalâmico lateral: dor aguda e localizada -Neurônio I: gânglios espinhais -Neurônio II: coluna posterior da medula espinhal · Na região da ponte, há formação do lemnisco espinhal (trato espinotalâmico anterior e espinotectal) · Há cruzamento dos neurônios pela comissura branca da medula -Neurônio III: núcleo ventral posterolateral 2) Via Paleoespinotalâmica: -Via espino-retículo-talâmica -Dor crônica e difusa -Neurônio I: gânglios espinhais -Neurônio II: coluna posterior – axônios dirigem-se ao funículo lateral do mesmo lado e do lado oposto · Formação do trato espino-reticular, junto ao trato espinotalâmico lateral -Neurônio III: formação reticular – fibras reticulo-talâmicas -Neurônio IV: núcleos intralaminares – axônios projetam-se para diferentes áreas do córtex cerebral 3) Via Trigeminal: -Dor somática da face, olho (conjuntiva, córnea), boca (língua) -Neurônio I: gânglio Trigeminal -Neurônio II: núcleo do trato espinhal – axônios cruzam para o lado oposto lemnisco Trigeminal -Neurônio III: núcleo ventral posteromedial do tálamo Dor Referida: -Há cruzamento de informações -Lesão na víscera formação de um potencial de ação neurônio II podem parar em regiões iguais as de sinapse de outros neurônios, sugerindo que a dor se localiza no tecido cutâneo -O indivíduo sente dor num local distante do local real da lesão -P. ex.: dor cardíaca Teoria da Comporta/”Portão da dor”: -Promoção da analgesia -Regulação aferente da dor -Mecanismo: · Interneurônio (localizado na coluna posterior da medula) realiza uma sinapse inibitória com o neurônio II da via dolorosa · O interneurônio também faz sinapse com a fibra C inibitória o interneurônio inibido deixa de inibir o neurônio II · Mecanorreceptores (impulso de tato) não nociceptivos fazem sinapses que estimulam o interneurônio a inibir o neurônio II Sistema endógeno de analgesia: -Promoção da analgesia -Regulação descendente da dor -O córtex possui axônios que saem do cérebro e descem para o mesencéfalo fazem sinapse na SCP (substância cinzenta periaquedutal) com neurônios que se projetam para a ponte/bulbo terminam nos núcleos da rafe (conjunto de núcleos que se localizam na linha média) -Esses neurônios descendentes que partem da SCP e terminam nos núcleos da rafe, liberam glutamato (sinapse glutamatérgica) fazem sinapse com os neurônios do núcleos da rafe vão em direção à coluna posterior da medula espinhal liberação de serotonina estimulam o interneurônio produz e libera encefalina (opioide endógeno) ↓ a transmissão de impulsos dolorosos da coluna posterior da medula (neurônio II – ele quem sofre regulação) -Inibição do sistema endógeno da analgesia: no SCP há um neurônio GABAérgico inibe o neurônio descendente da SCP (neurônio glutamatérgico) não há despolarização sem abertura dos canais de Ca2+ não há liberação de glutamato/substância P na coluna posterior
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