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Livro Texto - Unidade I (1)

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Maria Carolina Basso Sacilotto
Colaboradores: Prof. Cristiano Schiavinato Baldan
 Profa. Marília Tavares Coutinho da Costa Patrão
Fisioterapia Cardiológica
Professora conteudista: Maria Carolina Basso Sacilotto
Graduada em Fisioterapia pela Universidade Metodista de Piracicaba – Unimep (2003); especialista em Fisioterapia 
em Cardiologia: da Unidade de Terapia Intensiva à Reabilitação pela Universidade Federal de São Paulo – Unifesp 
(2012); mestre em Fisioterapia Cardiorrespiratória pela Unimep (2005); e doutora em Ciências da Cirurgia pela 
Universidade Estadual de Campinas – Unicamp (2017). Atualmente, é coordenadora e professora do curso de graduação 
em Fisioterapia da Universidade Paulista – UNIP/Campinas e coordenadora e professora do curso de pós-graduação em 
Fisioterapia Cardiorrespiratória do Instituto Imparare/Campinas.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S121f Sacilotto, Maria Carolina Basso.
Fisioterapia Cardiológica / Maria Carolina Basso Sacilotto. – São 
Paulo: Editora Sol, 2021.
128 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Avaliação. 2. Fisiopatologia. 3. Reabilitação. I. Título.
CDU 615.8
U512.34 – 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Ingrid Lorenço
 Jaci Albuquerque
Sumário
Fisioterapia Cardiológica
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 ANATOMIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR ..........................................................................................9
1.1 Localização, estrutura e função do coração .................................................................................9
1.1.1 Miocárdio ................................................................................................................................................... 12
1.1.2 Câmaras e valvas cardíacas ................................................................................................................ 13
1.2 Sistema vascular ................................................................................................................................... 17
2 FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR ................................................................................................................. 23
2.1 Pequena circulação e grande circulação .................................................................................... 23
2.2 Mecanismo de bombeamento cardíaco ...................................................................................... 26
2.3 Atividade elétrica do coração e sistema de excitação e condução ................................. 28
2.4 Débito cardíaco (DC) ........................................................................................................................... 31
2.5 Pressão arterial e circulação periférica ........................................................................................ 34
3 AVALIAÇÃO CARDIOLÓGICA ....................................................................................................................... 35
3.1 Anamnese ................................................................................................................................................ 35
3.2 Exame físico ............................................................................................................................................ 38
3.2.1 Inspeção torácica .................................................................................................................................... 38
3.2.2 Ictus cordis ................................................................................................................................................ 38
3.2.3 Ausculta cardíaca .................................................................................................................................... 39
3.2.4 Sinais vitais ................................................................................................................................................ 40
3.3 Exames complementares ................................................................................................................... 44
3.3.1 Noções de eletrocardiograma ............................................................................................................ 45
3.3.2 Ecocardiograma ou ecocardiografia ............................................................................................... 51
4 FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCV) .............................................. 52
4.1 Diabetes mellitus (DM) ....................................................................................................................... 53
4.2 Hipertensão arterial (HA) .................................................................................................................. 54
4.3 Dislipidemia ............................................................................................................................................ 56
4.4 Obesidade ................................................................................................................................................ 57
4.5 Sedentarismo ......................................................................................................................................... 58
4.6 Tabagismo ................................................................................................................................................ 59
4.7 Estresse ..................................................................................................................................................... 60
Unidade II
5 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO, INSUFICIÊNCIA CARDÍACA E EDEMA AGUDO 
DE PULMÃO ........................................................................................................................................................... 69
5.1 Fisiopatologia e particularidades do infarto agudo do miocárdio ................................... 69
5.2 Fisiopatologia e particularidades da insuficiência cardíaca (IC) ....................................... 74
5.3 Fisiopatologia e particularidades do edema agudo de pulmão (EAP) ............................ 78
6 COR PULMONALE, DOENÇAS CARDÍACAS CONGÊNITAS E VALVOPATIAS ............................... 80
6.1 Fisiopatologia e particularidades da cor pulmonale .............................................................. 80
6.2 Fisiopatologia e particularidades das doenças cardíacas congênitas ............................. 82
6.3 Fisiopatologia e particularidades das valvopatias ..................................................................93
7 FISIOTERAPIA NO PRÉ E NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS CARDÍACAS .......................... 98
7.1 Fatores de riscos clínicos e cirúrgicos .......................................................................................... 99
7.2 Alterações e complicações respiratórias no pós-operatório .............................................100
7.3 Avaliação pré-operatória ................................................................................................................100
7.4 Objetivo e conduta fisioterapêutica no pós-operatório imediato e na 
fase de reabilitação ...................................................................................................................................102
8 REABILITAÇÃO CARDÍACA..........................................................................................................................106
8.1 Indicações e contraindicações ......................................................................................................107
8.2 Fases da reabilitação cardíaca .......................................................................................................108
7
APRESENTAÇÃO
A popularidade da fisioterapia cardiológica vem crescendo cada vez mais, fato que representa um 
reflexo da mudança no estilo de vida das pessoas e o envelhecimento da população.
Além disso, hoje, as doenças cardiovasculares são as que mais matam no Brasil e no restante do 
mundo, e o impacto de programas de reabilitação cardiovascular (RCV) é bastante positivo nessa 
população, promovendo melhora na capacidade funcional, reduzindo a morbimortalidade e melhorando 
a qualidade de vida.
Neste livro-texto, você aprenderá os principais conceitos utilizados na área da fisioterapia 
cardiológica, contemplando desde as bases anatomofisiológicas do sistema cardiovascular até os meios 
de avaliação do sistema cardiovascular, principais patologias cardíacas e atuação do fisioterapeuta na 
área de cardiologia.
Os objetivos gerais desta disciplina são rever conceitos de anatomia e fisiologia cardiovascular; conhecer a 
fisiopatologia das principais doenças cardiovasculares e correlacioná-las ao tratamento fisioterapêutico; 
e promover ao aluno conhecimento das aplicações da fisioterapia na área de fisioterapia cardiológica.
Como objetivos específicos, esta disciplina visa proporcionar conhecimento para a aplicação de 
procedimentos clínicos que sejam compatíveis com os mecanismos básicos fisiológicos e fisiopatológicos 
que envolvem as doenças cardiovasculares e os tratamentos propostos; aplicar técnicas de fisioterapia 
no pré-operatório e no pós-operatório de cirurgias cardiovasculares e desenvolver a reabilitação cardíaca 
em pacientes cardiopatas.
Ao final desta disciplina, o aluno deverá ter o conhecimento do funcionamento do sistema 
cardiovascular, patológico e não patológico, e estar apto a eleger e prescrever a melhor conduta 
fisioterapêutica para um paciente cardiopata.
INTRODUÇÃO
Existe um aumento crescente na ocorrência das doenças cardiovasculares em todo o mundo, 
sendo essa a maior causa da morte de pessoas adultas. Nesse contexto, a fisioterapia cardiológica, 
fundamentada na reabilitação cardiovascular, reduz a morbimortalidade e promove a melhoria da 
qualidade de vida.
Este livro-texto está dividido em itens que agregam conceitos de maneira progressiva, de acordo 
com uma linha de raciocínio, contribuindo assim para um melhor entendimento da disciplina.
Inicialmente, serão apresentadas as bases anatômicas e fisiológicas do sistema cardiovascular, por 
meio do detalhamento das principais estruturas e o funcionamento do coração; a eletrofisiologia das 
células cardíacas; e as fases do ciclo cardíaco até os principais conceitos relacionados ao trabalho do 
coração como bomba propulsora de sangue.
8
Após a compreensão desses itens, serão apresentados os meios de avaliação do sistema cardiovascular, 
conceitos e técnicas.
Na sequência, serão apresentadas as principais patologias cardíacas, os fatores de risco para doenças 
cardiovasculares e situações de pré-operatório e de pós-operatório em cirurgia cardíaca.
Finalmente, serão feitas associações clínicas ao conteúdo discutido, o que poderá prover ao futuro 
profissional ferramentas e conhecimento para conduzir o atendimento de um paciente cardiopata.
9
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
Unidade I
1 ANATOMIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR
O sistema cardiovascular é formado pelo coração, uma bomba propulsora de sangue, e por uma série 
de vasos que tornam possíveis as trocas de substâncias entre o sangue e os tecidos.
A compreensão da anatomia e o funcionamento do sistema cardiovascular é fundamental para o 
entendimento das patologias cardiovasculares e a assistência ao paciente cardiopata. Neste tópico serão 
conhecidas as principais estruturas do sistema cardiovascular.
1.1 Localização, estrutura e função do coração
O coração funciona como uma bomba propulsora de sangue. É um músculo que contrai continuamente, 
com pausas que duram milissegundos entre cada batimento. A principal função desse órgão muscular é 
enviar sangue para diferentes partes do copo.
O coração possui o formato de um cone invertido com tamanho aproximado de uma mão fechada 
(em média, 12 cm de comprimento, 9 cm de largura e 6 cm de espessura) e peso médio de 250 g em 
mulheres adultas e 300 g em homens adultos. Essas características podem sofrer alterações de acordo 
com a idade, o biótipo, as patologias e os hábitos de vida que a pessoa possui, entre outros aspectos.
A localização do coração é bastante privilegiada: ele está localizado no mediastino, região em que 
fica protegido por todos os lados. Repousa sobre o diafragma, está protegido anteriormente pelo osso 
esterno e protegido posteriormente pela coluna vertebral.
Quem nunca usou ou ouviu a frase “o coração está localizado do lado esquerdo do peito”? Na 
verdade, a maior porção do coração está localizada no hemitórax esquerdo. Imagine uma linha mediana 
dividindo o corpo em lado direito e lado esquerdo. Pode-se dizer que dois terços da área cardíaca estão 
à esquerda dessa linha. Além disso, é importante destacar que o coração possui ápice, base e três faces: 
face diafragmática, face esternocostal e faces pulmonares ou laterais.
Na figura a seguir é possível visualizar com detalhes a localização do coração e suas estruturas 
dentro da caixa torácica.
10
Unidade I
EsternoPlano transverso
Músculo
Pulmão esquerdo
Tronco pulmonar (artéria)
Esôfago
T VI
Cavidade pleural esquerda
Anterior
Vista
Posterior
A) Vista inferior do corte transverso da cavidade 
torácica, mostrando o coração no mediastino
B) Vista anterior do coração na cavidade torácica
Arco da aorta
Pulmão esquerdo
Tronco pulmonar
Margem esquerda
Ápice do coração
Cavidade pleural direita
Aorta
Pulmão direito
Cavidade do pericárdio
Coração
Veia cava superior
Margem direita
Pulmão direita
Pleura (cortada para revelar 
a parte interna do pulmão)
Diafragma
Face diafragmática
Figura 1 – Posição do coração e das estruturas associadas no mediastino. Em A, vista inferior 
do corte transversal da cavidade torácica; em B, vista frontal do coração na cavidade torácica
Fonte: Tortora e Nielsen (2019, p. 456).
O coração é formado por quatro câmaras cardíacas: dois átrios e dois ventrículos. E, também, por 
quatro valvas: duas valvas semilunares e duas valvas atrioventriculares como descrito adiante. Esse 
órgão muscular está envolto por um saco membranoso resistente, chamado saco pericárdio.
O pericárdio envolve o coração e os grandes vasos e é formado por duas películas: uma externa, 
fibrosa, chamada pericárdio fibroso e uma interna, serosa, chamada pericárdio seroso. O pericárdio 
seroso possui dupla camada, e é subdividido em camada parietal (externa) e camada visceral (interna). 
Dentro dele existe uma pequena quantidade de líquido claro, chamado líquido pericárdico, que lubrifica 
e protege a superfície externa do coração.
De certa forma, a parede do coração é formada pordiferentes camadas, cada qual com suas funções 
e características específicas. O pericárdio é a camada mais externa. Na sequência, existe uma camada 
intermediária, constituída por tecido muscular, formada por fibras musculares e responsável pela 
função de bombeamento do coração, denominada miocárdio. Por fim, a camada interna do coração é 
o endocárdio.
Na figura a seguir é possível observar com detalhes como estão dispostas as camadas que formam 
a parede do coração.
11
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
Epicárdio
Miocárdio
Endocárdio
Endocárdio
Vasos sanguíneos 
coronários
Miocárdio (músculo 
estriado cardíaco)
Lâmina visceral do 
pericárdio seroso 
(epicárdio)
Cavidade do pericárdio
Lâmina parieral do 
pericárdio seroso
Pericárdio fibroso
Pericárdio
Parede do coração
Figura 2 – Pericárdio e camadas da parede cardíaca
Fonte: Tortora e Nielsen (2019, p. 458).
 Observação
As principais doenças do pericárdio incluem o derrame pericárdico, o 
tamponamento cardíaco e a pericardite.
De forma simples e fácil de compreender, a pericardite envolve um 
processo inflamatório do pericárdio; o derrame pericárdico é caracterizado 
pela presença de quantidades anormais de líquido no espaço pericárdico; e 
o tamponamento pericárdico é o enchimento súbito do espaço pericárdico, 
que leva à compressão cardíaca. Trata-se uma situação emergencial.
12
Unidade I
1.1.1 Miocárdio
A maioria das células musculares cardíacas é contrátil, porém cerca de 1% delas possuem a função 
de condução e excitabilidade elétrica. Essas são as células autorrítmicas, especializadas em gerar 
potenciais de ação espontaneamente. Possuem a função de condução e excitabilidade elétrica, agindo 
como marca-passo cardíaco e definindo o ritmo das contrações do coração.
As células contráteis do coração são células de músculo estriado, muito parecidas com as células 
musculoesqueléticas, mas com algumas diferenças:
• São menores do que as fibras musculares esqueléticas.
• Geralmente possuem um núcleo por fibra.
• Possuem junções celulares, denominadas discos intercalares (são membranas interligadas).
 Observação
Os discos intercalares possuem os desmossomos e as junções 
comunicantes. Os desmossomos são conexões que mantêm as células 
vizinhas unidas, permitindo que a força de uma célula seja passada para a 
célula ao lado. E as junções comunicantes são as que permitem a eficiente 
propagação dos potenciais de ação muscular entre as fibras.
• Nas células cardíacas as mitocôndrias ocupam cerca de um terço do volume da célula, devido à 
grande demanda energética dessas células.
 Observação
O coração utiliza o oxigênio trazido pelas artérias coronárias. Situações 
de privação de oxigênio, como estreitamento de um vaso, depósito de 
coágulo ou gordura, podem causar danos ou morte celular.
13
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
Discos intercalares
Abertura do túbulo 
transverso
Junções 
comunicantes
Filamento fino 
(actina)
Filamento grosso 
(miosina)
Fibra muscular 
cardíaca (célula)
Sarcolema Túbulo 
transverso
Mitocôndria
Sarcômero
Retículo 
sarcoplasmático
Linha MDisco Z Disco Z
Zona H
Banda I Banda A Banda I
Sarcolema
A) Fibras musculares cardíacas
B) Disposição dos componentes em uma fibra muscular cardíaca
Núcleo
Mitocôndria
Desmossomos
Núcleo
Figura 3 – Em A, vê-se a fibra muscular cardíaca; em B, 
a disposição dos componentes de uma fibra cardíaca
Fonte: Tortora e Derrickson (2016, p. 708).
1.1.2 Câmaras e valvas cardíacas
O coração funciona como uma bomba dupla, possuindo dois sistemas de bombeamento 
independentes: um do lado esquerdo e um do lado direito. Cada lado do coração possui duas câmaras 
cardíacas, sendo um átrio e um ventrículo direito e um átrio e um ventrículo esquerdo.
Entre um átrio e um ventrículo existe uma valva atrioventricular. Do lado direito essa valva ganha 
o nome de tricúspide; e do lado esquerdo, bicúspide ou mitral. Ademais, na saída de cada ventrículo 
existe uma valva semilunar: do lado direito, a valva semilunar pulmonar; e do lado esquerdo, a valva 
semilunar aórtica.
14
Unidade I
Os átrios recebem o sangue que retorna ao coração através de veias, e os ventrículos bombeiam 
sangue para fora do coração através de artérias.
A seguir é possível entender melhor as particularidades de cada câmara cardíaca.
• Átrio direito
— O átrio direito recebe sangue venoso proveniente da veia cava superior, da veia cava inferior e 
do seio coronário.
— Entre o átrio direito e o átrio esquerdo existe uma membrana fina, chamada septo interatrial.
— O sangue passa do átrio direito para o ventrículo direito através da valva tricúspide. Essa valva 
é composta por três válvulas, e por isso recebe esse nome.
• Ventrículo direito
— O ventrículo direito recebe sangue do átrio direito, que passa pela valva tricúspide.
— As válvulas que compõem a valva tricúspide estão conectadas às cordas tendíneas (ou cordar 
tendinosas), que estão inseridas nas trabéculas cárneas dos músculos papilares.
— O sangue passa do ventrículo direito, através da valva semilunar pulmonar, para a artéria 
pulmonar, que se divide em duas artérias pulmonares que levam o sangue até os pulmões.
— Entre o ventrículo direito e o ventrículo esquerdo existe o septo interventricular.
• Átrio esquerdo
— O átrio esquerdo recebe o sangue proveniente dos pulmões, sangue oxigenado, através das 
quatro veias pulmonares.
— O sangue passa do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo através da valva bicúspide. Essa 
valva é composta por duas válvulas, por isso recebe esse nome.
• Ventrículo esquerdo
— A parede do ventrículo esquerdo é a mais espessa do coração, se comparada às outras 
câmaras cardíacas.
— O ventrículo esquerdo recebe sangue do átrio esquerdo que passa pela valva bicúspide.
— As válvulas que compõem a valva bicúspide estão conectadas às cordas tendíneas, que estão 
inseridas nas trabéculas cárneas dos músculos papilares.
15
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
— O sangue passa do ventrículo esquerdo, através da valva semilunar aórtica, para a artéria aorta.
— A artéria aorta se ramifica e distribui o sangue para as artérias coronárias e para todo o corpo.
Quando os átrios se contraem, eles empurram um volume de sangue para os ventrículos; e quando 
os ventrículos se contraem, eles empurram um volume de sangue para as artérias. As valvas se abrem 
e se fecham em resposta às mudanças de pressão, de acordo com a contração e o relaxamento das 
câmaras cardíacas. Na figura a seguir é possível visualizar com detalhes as estruturas do coração.
A. cardíaca comum esquerda
Plano frontal
A. subclávia esquerda
Tronco branquiocefálico
Arco da aorta
Ligamento arterial
A. pulmonar esquerda
Tronco pulmonar
Vv. pulmonares esquerdas
Átrio esquerdo
Valva da aorta
Valva atrioventricular esquerda
Cordas tendíneas
Ventrículo esquerdo
Septo interventricular
Músculo papilar
Trabéculas cárneas
Parte descendente da aorta
V. cava inferior
Ventrículo direito
Valva atrioventricular direita
Valva atrioventricular direita
Óstio da v. cava inferior
Óstio do seio coronário
Átrio direito
Fossa oval
Vv. pulmonares direitas
Valva do tronco pulmonar
A. pulmonar direita
V. cava superior
Parte ascendente da aorta
Figura 4 – Estrutura do coração: anatomia interna
Fonte: Tortora e Derrickson (2016, p. 699).
Cada uma das quatro valvas ajuda a assegurar o fluxo unidirecional de sangue por meio da sua abertura 
ao possibilitar que, após a passagem de sangue pela valva, ela se feche, evitando o refluxo de sangue.
Essas valvas estão em constante movimento, abrindo e fechando, regulando o fluxo de sangue que 
passa entre as câmaras cardíacas e impedindo o refluxo de sangue dos ventrículos para os átrios. Suas 
cúspides estão ligadas aos músculos papilares por meio das cordas tendíneas, estruturas importantes 
para a mecânica valvar.
O fechamento das valvas atrioventriculares ocorre no momento da contração ventricular. Nesse 
momento, a pressão dentro do ventrículo empurra as válvulas para cima, até que a abertura entreas 
câmaras se feche. Os músculos papilares estão contraídos e as cordas tendíneas tensionadas, mantendo, 
16
Unidade I
assim, a valva fechada. Quando o ventrículo relaxa, as cordas tendíneas ficam afrouxadas e os músculos 
papilares ficam relaxados, permitindo a abertura da valva e a passagem de sangue do átrio (área de 
maior pressão) para o ventrículo (área de menor pressão).
As valvas semilunares estão localizadas na saída dos ventrículos. A valva semilunar aórtica sai do ventrículo 
esquerdo e a valva semilunar pulmonar sai do ventrículo direito. Elas permitem a passagem do sangue 
dos ventrículos para as artérias e evitam o refluxo de sangue no sentido das artérias para eles. Do lado 
esquerdo do coração, a valva semilunar aórtica permite a passagem do sangue do ventrículo esquerdo 
para a artéria aorta, que irá distribuir, por meio das suas ramificações, sangue arterial (oxigenado) para 
todo o sistema circulatório, nutrindo e irrigando todos os tecidos. Do lado direito do coração, a artéria 
pulmonar recebe do ventrículo direito um sangue venoso (pobre em oxigênio) e o encaminha para o 
pulmão, onde será oxigenado.
Quanto à mecânica das valvas semilunares, acontece da seguinte maneira: quando ocorre a contração 
ventricular, a pressão dentro das câmaras ventriculares se eleva e as valvas semilunares se abrem. Isso 
sucede quando a pressão dentro dessas câmaras se sobrepõe à pressão nas artérias.
Nas figuras a seguir estão apresentadas as estruturas e a mecânica de funcionamento valvar.
A) 
A. coronária direita
Valva da aorta (fechada)
Valva atrioventricular 
direita (aberta)
Anterior
Valva tronco pulmonar 
(fechada)
A. coronária esquerda
Valva atrioventricular 
esquerda (aberta)
B)
Valva da aorta (aberta)
Valva atrioventricular 
direita (fechada)
Anterior
Valva tronco pulmonar 
(aberta)
Valva atrioventricular 
esquerda (fechada)
Figura 5 – Nas imagens, tem-se a vista superior, com os átrios removidos. Em A, valvas semilunares 
pulmonar e aórtica fechadas e valvas atrioventriculares abertas; em B, nota-se o inverso
Fonte: Tortora e Derrickson (2016, p. 702).
17
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
Átrio 
esquerdo
Ventrículo 
esquerdo
Abertas Fechadas
Frouxas Tensas
Relaxados
Válvula da valva 
atrioventricular direita
Cordas tendíneas
Músculo papilar
Contraídos
Músculos 
papilares
Cordas 
tendíneas
Válvula da valva atrioventricular esquerda
A) Valva atrioventricular esquerda aberta B) Valva atrioventricular esquerda fechada
C) Valva atrioventricular direita aberta
Figura 6 – Anatomia e funcionamento das valvas cardíacas
Fonte: Tortora e Derrickson (2016, p. 702).
1.2 Sistema vascular
O nosso corpo é inteiramente vascularizado e possui cinco tipos de vasos sanguíneos: artérias, 
arteríolas, capilares, vênulas e veias. Cada um deles possui diferenças estruturais, a depender da função 
que desempenham em nosso organismo.
18
Unidade I
Endotélio
Membrana basal
Lâmina elástica interna
Lâmina elástica externa
Músculo liso
Túnica média
Túnica externa
Válvula
Lúmen
Lúmen
Membrana basal
B) Veia
C) Capilar
Lúmen
Endotélio
A) Artéria
Figura 7 – Estruturas comparativas dos vasos. Em A, artéria; em B, veia; e em C, capilar
Fonte: Tortora e Derrickson (2016, p. 737).
Confira no esquema a seguir a sequência unidirecional do fluxo sanguíneo no sistema cardiovascular. 
Atente-se às cores escolhidas para cada etapa nesse esquema: o vermelho representa o sangue arterial 
(rico em oxigênio); e o azul representa o sangue venoso (pobre em oxigênio).
Artérias Arteríolas Capilares Vênulas Veias
Figura 8 – Sequência unidirecional do fluxo sanguíneo no sistema cardiovascular
A partir de seu trajeto no coração, a artéria aorta vai se ramificando e dando origem a ramos 
menores que se distribuem pelo corpo. Conforme esses ramos se distanciam do coração, vão diminuindo 
progressivamente seu diâmetro e seu calibre até se tornarem arteríolas.
Na maioria das vezes, as artérias possuem um trajeto profundo e paredes com camada muscular 
espessa para suportar a pressão e a velocidade do fluxo sanguíneo.
Túnica íntima
19
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
As arteríolas podem ser descritas como sendo pequenas artérias que regulam o fluxo de sangue 
para os capilares. São aproximadamente 400 milhões de arteríolas no nosso corpo, com diâmetros que 
variam de 15 μm a 300 μm. As arteríolas têm uma túnica íntima fina com uma lâmina elástica interna 
fina e com pequenos poros. A túnica média é constituída por camadas de células musculares lisas e a 
túnica externa é constituída por tecido conjuntivo.
A. carótida externa
A. carótida interna
A. carótida comum esquerda
A. subclávia esquerda
A. axilar
A. torácica interna
A. gástrica esquerda
A. esplênica
A. renal
A. mesentérica superior
A. testicular
A. mesentérica inferior
A. Ilíaca comum
A. Ilíaca externa
A. Ilíaca interna
A. poplítea
A. tibial anterior
A. tibial posterior
A. fibular
A. dorsal do pé
A. femoral
A. femoral profunda
A. ulnar
A. radial
A. hepática comum
Tronco celíaco
A. braquial
A. braquial profunda
Parte descendente 
da aorta
Parte ascendente da aorta
Parte subclávia direita
Tronco braquiocefálico
Figura 9 – Artérias do corpo humano (vista frontal)
Fonte: Larosa (2018, p. 180).
Em determinado ponto da circulação, as arteríolas se unem às vênulas. Essa união é possível pela 
presença dos capilares.
20
Unidade I
Os capilares são os menores vasos sanguíneos do nosso corpo. Com paredes extremamente finas, 
compostas por uma única camada de células endoteliais e uma membrana basal, apresentam diâmetro 
de 5 μm a 10 μm. Esses vasos microscópicos são de alta permeabilidade e formam uma rede extensa 
organizada em leitos.
Canal alternativo 
(formando um 
desvio vascular)
Vênula
Veia
Capilares
Artéria
Arteríola
Esfíncter pré-capilar
Fluxo de sangue
Fluxo de sangue
Figura 10 – Representação esquemática dos capilares
Fonte: Larosa (2018, p. 195).
Em contato com os tecidos (com as células do corpo), os capilares permitem a troca de nutrientes 
entre o sangue e as células. Estão localizados em praticamente todo o corpo, podendo chegar a cerca 
de 600 m² em um indivíduo.
Após a entrega de nutrientes aos tecidos, os capilares dão origem às vênulas, veias muito pequenas 
que possuem paredes finas. A função das vênulas é receber o sangue capilar e iniciar o fluxo de retorno 
de sangue venoso para o coração. Suas paredes finas são bastante distensíveis, permitindo boa expansão 
e servindo como excelentes reservatórios de grandes volumes de sangue.
As vênulas convergem para as veias, que constituem um sistema cuja função é recolher o sangue 
da periferia ou dos pulmões (que sai dos capilares) e conduzi-lo de volta ao coração, fechando assim a 
circulação (como pode ser visto na figura a seguir). Em decorrência de suas paredes finas, conforme se 
aproximam do coração, as veias sofrem um aumento de tamanho. As veias possuem válvulas que permitem 
a manutenção de um fluxo unidirecional, auxiliando o retorno venoso e impedindo o refluxo de sangue.
21
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
Vv. intracranianas
V. jugular externa
V. jugular interna
V. braquiocefálica esquerda
V. hemiázigo
Rede capilar do sangue 
da v. porta
V. porta do fígado
V. esplênica
V. mesentérica superior
V. renal esquerda
V. mesentérica inferior
V. testicular
V. ilíaca comum
V. ilíaca externa
V. ilíaca interna
V. poplítea
V. tibial anterior
V. tibial posterior
V. safena magna
V. ulnar 
V. radial 
V. braquial
V. hepática 
V. axilar 
V. ázigo
V. subclávia
Figura 11 – Veias do corpo humano (vista frontal)
Fonte: Larosa (2018, p. 187).
 Observação
Com a contração da panturrilha as veias são comprimidas, propelindo 
sangue para o abdome. Esse sistema propulsor é um ótimo aliado para 
o retorno venoso.
22
Unidade I
Como o coração é irrigado?
O coração é irrigado pelas artérias coronárias, direita e esquerda, que se originam nos seios da aorta, 
mais especificamente na região proximalda porção ascendente da aorta.
As artérias coronárias levam oxigênio e nutrientes ao miocárdio, essencial para o metabolismo 
celular. A drenagem do sangue venoso é feita pelas veias, que desembocam nas câmaras cardíacas ou 
pelo seio coronário diretamente no átrio direito.
A artéria coronária esquerda se origina no seio aórtico esquerdo, passando entre a aurícula esquerda e 
tronco pulmonar, e se divide em ramo descendente anterior esquerdo (que dá origem aos ramos diagonais 
e septais) e ramo circunflexo, de onde se originam ramos marginais. Grande parte de átrio esquerdo e 
ventrículo esquerdo são irrigados pela artéria coronária esquerda e seus ramos.
A artéria coronária direita se origina no seio aórtico direito e percorre o sulco atrioventricular 
direito, dando origem ao ramo do cone, ramo ventricular anterior, ramo marginal e artéria descendente 
posterior que se origina da artéria coronária direita, dominante em 85% dos indivíduos. Grande parte 
do átrio direito e ventrículo direito, nodo sinusal, nodo atrioventricular e septo interatrial são irrigados 
pela artéria coronária direita e seus ramos.
A. subclávia esquerda
Lig. lateral
A. pulmonar esquerda
Transição da lâmina 
parietal do pericárdio 
seroso na lâmina visceral
Pericárdio
Tronco pulmonar
Aurícula esquerda
A. coronária esquerda 
R. circunflexo
V. cardíaca magna
Cone arterial
A. coronária esquerda 
R. interventricular anterior
V. interventricular anterior
Ventrículo esquerdo
V. anterior do ventrículo direito 
(R. anterior do ventrículo direito)
Átrio direito
R. (direito) do cone arterial
A. coronária direita 
Aurícula direita
Parte ascendente da aorta
V. cava superior
A. pulmonar direita
Arco da aorta
Tronco braquiocefálico
A. subclávia direita
A. carótida 
comum direita
A. carótida 
comum esquerda 
V. marginal direita
R. marginal direito
Ventrículo direito
Ápice do coração
Figura 12 – O coração e a irrigação coronariana
Fonte: Mello (2018, p. 434).
23
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
2 FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR
A fisiologia do sistema cardiovascular aborda os componentes funcionais do coração e dos vasos 
sanguíneos. Neste capítulo você irá estudar a funcionalidade desse sistema e poderá entender como 
esse processo ocorre no organismo humano.
Iniciaremos com a abordagem da conexão existente entre o sistema cardiovascular e o sistema 
pulmonar, uma vez que, o lado direito do coração encaminha sangue para os pulmões e o lado esquerdo 
do coração recebe sangue dos pulmões, conforme apresentado na figura 8.
2.1 Pequena circulação e grande circulação
No sistema circulatório existem dois tipos de circulação: a circulação pulmonar, conhecida como 
pequena circulação, e a circulação sistêmica, conhecida como grande circulação.
A pequena circulação tem início no ventrículo direito, que, pela artéria pulmonar, bombeia o sangue 
para o sistema vascular pulmonar. Os capilares pulmonares envolvem os alvéolos, e após a hematose 
(troca gasosa de gás carbônico por oxigênio), o sangue oxigenado segue pelas veias pulmonares até o 
átrio esquerdo.
A grande circulação tem início no ventrículo esquerdo, que, pela artéria aorta, bombeia sangue 
arterial para os tecidos de todo o organismo. Após nutrir as células teciduais, o sangue (que agora é 
venoso) retorna ao coração, chegando ao átrio direito pelas veias cavas superior e inferior.
 Lembrete
A pequena circulação envolve coração-pulmão-coração.
A grande circulação envolve coração-tecidos-coração.
Os sistemas venoso e arterial estão conectados. Na figura a seguir você pode observar como os dois 
circuitos (pulmonar e sistêmico) funcionam em série.
24
Unidade I
Artérias da cabeça e 
do pescoço
Artérias do braço
Veias pulmonares
Aorta
Ventrículo 
esquerdo
Átrio 
esquerdo
Artérias coronárias
Artérias do tronco
Artéria hepática
Artéria esplênica
Veia porta
Veia 
hepática
Arteríolas eferentes Arteríolas aferentes
Artérias pélvicas
Artérias da perna
Vênulas
Veias Artérias
Arteríolas 
Capilares
Artéria pulmonar
Artérias brônquicas
Átrio direito
Veias cavas
Ventrículo 
direito
Capilares peritubulares Glomérulos
Artérias mesentéricas 
Artérias renais
Figura 13 – Representação esquemática de uma rede circulatória
Fonte: Mello (2018, p. 435).
25
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
 Lembrete
O sistema cardiovascular é um sistema fechado. Divide-se em pequena 
circulação (baixa pressão), em que ocorre a troca gasosa nos pulmões, e 
grande circulação (alta pressão), em que os tecidos são oxigenados.
A ação do coração como uma bomba é dependente da relação de volume e pressão e das alterações 
dentro das câmaras cardíacas e das grandes artérias. Nesse contexto, as valvas cardíacas (atrioventriculares e 
semilunares) cumprem um papel fundamental na manutenção de um fluxo sanguíneo unidirecional por 
meio das câmaras do coração e das vias de saída dos ventrículos.
A dinâmica da bomba cardíaca pode ser compreendida por etapas, as quais chamamos de 
ciclo cardíaco.
Exemplo de aplicação
Imagine duas situações comuns na prática clínica:
1) Um indivíduo com insuficiência ventricular esquerda, apresentando sintomas predominantemente 
pulmonares (decorrentes de congestão pulmonar).
2) Um indivíduo com insuficiência ventricular direita, apresentando sintomas predominantemente 
decorrentes de congestão sistêmica.
Qual é a razão para essa diferença tão característica na manifestação clínica desses dois casos? Se 
você compreendeu a fisiologia cardiovascular e a conexão entre o sistema pulmonar e cardiovascular, 
irá compreender esses dois casos citados.
A explicação é simples: a função do coração é “ejetar” sangue pobre em oxigênio do ventrículo 
direito para a circulação pulmonar; e “ejetar” sangue oxigenado do ventrículo esquerdo para os tecidos.
No caso da insuficiência ventricular esquerda, ocorre o comprometimento na movimentação do 
sangue do ventrículo esquerdo para a circulação sistêmica. Por isso, o sangue se acumula no ventrículo 
esquerdo, no átrio esquerdo e ocorre circulação pulmonar, provocando congestão pulmonar, levando à 
presença de dispneia, tosse seca e estertores crepitantes na ausculta pulmonar.
No caso da insuficiência ventricular direita, existe uma dificuldade em mover o sangue para frente 
do ventrículo direito (ou seja, para os pulmões), fazendo com que ocorra congestão venosa sistêmica, 
pois o sangue se acumula no ventrículo direito, no átrio direito e nas veias cavas, levando à presença de 
edema periférico e visceral, entre outros, a depender da gravidade.
26
Unidade I
2.2 Mecanismo de bombeamento cardíaco
A cada potencial de ação espontâneo (PAE), gerado pelo marca-passo cardíaco (no nodo sinusal ou 
sinoatrial), inicia-se um ciclo cardíaco, que corresponde ao período entre o início de um batimento e o 
início do batimento seguinte. Um ciclo cardíaco inclui todos os eventos que ocorrem ao longo de 
um único batimento, e dentro dele temos uma sístole e uma diástole atrial e uma sístole e uma 
diástole ventricular.
Vale lembrar que, quando nos referimos à sístole e/ou à diástole, embora possamos nos referir a um 
único lado do coração e/ou a uma única câmara cardíaca, devemos entender que os eventos ocorrem 
simultaneamente nos dois lados do coração.
A contração e o relaxamento das câmaras cardíacas acontecem em sincronia, átrios e ventrículos 
se alternam entre contração e relaxamento. Durante a contração, a pressão dentro da câmara cardíaca 
aumenta; e durante o relaxamento, a pressão diminui. Dessa maneira, o sangue flui entre as câmaras 
cardíacas de áreas de alta pressão para áreas de pressão mais baixa.
Para facilitar a compreensão desse tema, os eventos cardíacos que ocorrem em um batimento, 
sístole e diástole, são divididos em cinco subfases: sístole atrial; contração ventricular isovolumétrica; sístole 
ventricular; diástole ventricular; e enchimento ventricular rápido.
A sístole atrial é o momento em que os átrios se contraem e impulsionam sangue para os 
ventrículos que estão ainda relaxados. Nessafase, o sangue flui no sentido de átrio para o ventrículo, 
elevando a pressão dentro dos ventrículos. Dura cerca de 0,1 segundo, contribuindo, em média, com 
30% do volume de sangue recebido pelo ventrículo. Vale lembrar que, antes de acontecer a sístole atrial, 
ocorre a abertura das valvas atrioventriculares e uma porção de sangue flui de maneira rápida para as 
câmaras ventriculares. Essa passagem de sangue para os ventrículos é chamada enchimento rápido, e 
os ventrículos recebem abruptamente uma porção de sangue que estava acumulada dentro dos átrios, 
preenchendo cerca de 70% do volume ventricular.
Após a sístole atrial ocorre a contração ventricular isovolumétrica. Nessa fase, todas as valvas 
estão fechadas. O volume ventricular é constante, e a tensão da parede ventricular eleva a pressão 
intraventricular. Durante essa fase, as fibras musculares cardíacas estão se contraindo e exercendo força, 
mas ainda não estão se encurtando. Assim, a contração muscular é isométrica (tem mesmo comprimento); e 
como as quatro valvas estão fechadas, o volume ventricular permanece o mesmo (isovolumétrica).
Quando a pressão ventricular supera a pressão arterial, ocorre, então, a fase de ejeção ventricular 
ou sístole ventricular. Nessa fase ocorre a abertura das valvas semilunares, seguida de contração 
ventricular. Nesse momento, os átrios estão relaxados.
Se considerarmos uma sístole ventricular típica, numa situação ideal, de um indivíduo saudável em 
repouso, por exemplo, o ventrículo esquerdo ejetaria aproximadamente 70 mL de sangue para a aorta, 
e o ventrículo direito ejetaria o mesmo volume para a artéria pulmonar. Nem todo volume de sangue 
27
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
contido no ventrículo é ejetado, então uma quantidade de sangue ainda permanece no interior da 
câmara ventricular.
Após a ejeção ventricular, ocorre o relaxamento dos ventrículos ou diástole ventricular. Nesse 
momento, os ventrículos estão relaxados e todas as valvas estão fechadas, mantendo o volume 
ventricular inalterado, sem receber sangue.
Quando a pressão dentro dos átrios vence a pressão dentro dos ventrículos, ocorre a abertura das 
valvas atrioventriculares e, na sequência, a passagem de sangue de átrios para ventrículos. A passagem 
de sangue para os ventrículos é denominada enchimento ventricular rápido e precede a fase de 
sístole atrial.
Sístole atrial
Válvula 
aórtica 
abre-se
120
100
80
60
40
20
0
P
R
Q S
T
vca
130
90
50
Válvula 
A-V 
fecha-se Válvula A-V 
abre-se
Primeira 
bulha
Sístole 
ventricular
Segunda 
bulha
Terceira 
bulha
Diástole 
ventricular
Fonocardiograma
Eletrocardiograma
Volume ventricular
Pressão atrial
Pressão aórtica
Pressão ventricular
Pr
es
sã
o 
(m
m
Hg
)
Vo
lu
m
e 
(m
L)
Válvula aórtica 
fecha-se
Sístole atrialEjeção EnchimentoContração 
isovolumétrica+
Relaxamento 
isovolumétrico
Figura 14 – Ciclo cardíaco. Relação temporal entre as pressões atrial, ventricular e aórtica, o 
volume ventricular, o eletrocardiograma e o fonocardiograma. Os valores de pressão, fluxo e volume 
ventricular referem-se ao ventrículo esquerdo
Fonte: Mello (2018, p. 503).
28
Unidade I
2.3 Atividade elétrica do coração e sistema de excitação e condução
A inervação do coração é feita por meio de fibras do sistema nervoso autônomo, incluindo fibras 
sensoriais oriundas do sistema nervoso simpático e do sistema nervoso parassimpático.
As terminações parassimpáticas localizam-se nos átrios, nodo sinusal e atrioventricular, próximo 
das veias cavas, e as terminações simpáticas inervam os nodos sinusal e atrioventricular e as fibras 
musculares miocárdicas.
As ações desses sistemas autonômicos no coração estão em constante modulação. Quando as fibras 
do sistema nervoso simpático são estimuladas, ocorre aumento da frequência cardíaca e aumento da 
força de contração miocárdica; e quando são estimuladas as fibras do sistema nervoso periférico ocorre 
a redução da frequência cardíaca e da força de contração.
Quadro 1 
Estímulo Resposta
Sistema nervoso simpático
Aumenta a força de contração
Aumenta a frequência cardíaca
Sistema nervoso parassimpático
Cai a força de contração
Cai a frequência cardíaca
O miocárdio possui dois tipos de células: contráteis (grande maioria das células miocárdicas) e 
autorrítmicas (cerca de 1% das células miocárdicas). É importante compreender as características das 
células cardíacas e seu funcionamento.
A atividade elétrica do coração faz parte de um sistema de condução intrínseco e rítmico que, por 
meio da propagação sincronizada de potenciais de ação, estimula as células miocárdicas, promovendo 
a contração. Ou seja, quando o estímulo é gerado pelas células autorrítmicas, a atividade elétrica se 
propaga para as células adjacentes, que se contraem.
Esse sistema de condução é formado por um complexo de fibras musculares especializadas que 
produzem espontaneamente potenciais de ação (células autorrítmicas) que seguem uma sequência:
Nodo sinusal → Nodo atrioventricular → Feixes de His → Fibras de Purkinje
A constituição desse sistema excito-condutor torna possível a formação e condução dos estímulos 
necessários para a contração miocárdica que se origina no nodo sinusal, localizado no átrio direito, e 
segue para o nodo atrioventricular (por meio dos feixes internodais). Ao alcançar o nodo atrioventricular, 
ocorre um retardamento na transmissão do potencial elétrico com o objetivo de permitir a contração 
atrial e o enchimento ventricular. Na sequência, o estímulo percorre o feixe de His (ramos direito e 
esquerdo), para finalmente atingir as fibras de Purkinje.
29
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
Eletrofisiologia do coração
O nodo sinusal está localizado no átrio direito. Cada potencial de ação disparado pelo nodo sinusal 
se propaga ao longo dos átrios, que se contraem simultaneamente.
Além do nodo sinusal, outros tecidos também são especializados na condução de atividade elétrica 
como nodo atrioventricular, feixes de His e fibras de Purkinje. Após a contração atrial e a sequência na 
condução de atividade elétrica, o potencial de ação segue em direção ao nó atrioventricular, que está 
localizado no septo interatrial, seguindo em direção ao feixe de His (se propaga pelos ramos direito e 
esquerdo pelo septo interventricular) e, por fim, atinge as fibras de Purkinje. Ao longo dessa cadeia de 
estímulos ocorre a contração das células adjacentes.
Feixe de His
A)
B)
Ramo esquerdo
Rede de Purkinje
Potenciais de ação das 
células autoexcitáveis
Potenciais de ação das 
células contráteis
Células contráteis
Disco intercalar com 
junções comunicantes
Ramo direito
Células do nó SA
Corrente 
elétrica
Nodo atrioventicular
Feixes internodais
Nodo sinoatrial
SA = sinusal
Figura 15 – Em A: a atividade elétrica do coração depende do sistema excito-condutor, com os nodos 
sinusal e atrioventricular, feixe de His, ramos direito e esquerdo com suas subdivisões e rede de Purkinje. 
Em B: a condução elétrica das células autorrítmicas ou autoexcitáveis disparam potenciais de ação 
espontaneamente, propagando até as células contráteis vizinhas por meio das junções comunicantes
Fonte: A) Mello (2018, p. 434); B) Silverthorn (2017, p. 455).
30
Unidade I
 Observação
Para entender a eletrofisiologia de uma célula contrátil cardíaca, vamos 
estabelecer alguns conceitos:
1) O potencial transmembrana de uma célula depende, basicamente, 
das concentrações dos íons nos meios intra e extracelular.
Meio intracelular mais positivo que o meio extracelular = 
despolarização = contração.
Meio intracelular mais negativo que o meio extracelular = 
repolarização = relaxamento.
2) Os principais canais iônicos são os de sódio (Na+), cálcio (Ca2+) 
e potássio (K+).
3) A expressão “influxo” refere-se à entrada de carga positiva ou saída 
de carga negativa.
4) A expressão “efluxo” refere-se à saída de carga positiva ou entrada 
de carga negativa.
O potencial de repouso de uma célula contrátil do coração é de –90 mV (o que significaque no 
interior da célula é 90 mV negativo em relação ao meio externo).
Quando o miocárdio é estimulado, ocorre inicialmente uma fase de despolarização rápida, em 
que a célula contrátil atinge rapidamente o seu limiar por meio do potencial de ação de uma célula 
vizinha. Nesse caso, os canais rápidos de sódio (Na+) se abrem, e com o influxo de Na+ ocorre a rápida 
despolarização celular.
Após a rápida despolarização ocorre um período de despolarização mantida, chamada platô. Essa 
fase é decorrente do equilíbrio entre o influxo de Ca2+ e efluxo de K+, permitindo então a despolarização 
sustentada das células, durando cerca de 0,25 segundos.
Finalmente, após a fase de platô, ocorre a repolarização celular, ou seja, a recuperação do potencial 
de repouso da célula. Nessa fase ocorre o efluxo de K+ e o fechamento dos canais de Ca2+, restaurando 
o potencial de repouso negativo de –90 mV.
A células miocárdicas autorrítmicas possuem a capacidade de gerar potenciais de ação 
espontaneamente. Isso acontece pelo fato do seu potencial de membrana ser instável, iniciando em 
60 mV, chamado potencial marca-passo. Sempre que o potencial marca-passo depolariza, as células 
autorrítmicas disparam um potencial de ação.
31
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
1
2
3
Platô (despolarização nítida) decorrente do influxo de Ca2+ 
quando os lentos canais de Ca2+ acionados por voltagem se 
abrem e o K+ sai quando alguns canais de K+ se abrem
Repolarização decorrente do 
fechamento dos canis de Ca2+ 
e saída de K+ quando canais 
de K+ acionados por voltagem 
adicionais se abrem
Despolarização rápida 
decorrente do influxo de Na+ 
quando os rápidos canais de 
Na+ acionados por voltagem 
se abrem
+20
0
0,3 s
Despolarização
Período refratário
Potencial de 
membrana (mV)
Contração
Repolarização
-20
-40
-60
-80
-100
Figura 16 – Potencial de ação em uma fibra contrátil ventricular
Fonte: Tortora e Derrickson (2016, p. 711).
 Observação
Um defeito no marca-passo fisiológico cardíaco pode deixar o 
batimento cardíaco irregular, prejudicando o funcionamento do coração. 
O implante de um marca-passo, gerador de impulsos elétricos artificialmente, 
poderá auxiliar.
O trabalho adequado do coração como uma bomba propulsora de sangue depende de diversas 
variáveis. Para que você possa entender as características da funcionalidade cardíaca, serão apresentados 
alguns conceitos importantes sobre a fisiologia cardiovascular.
2.4 Débito cardíaco (DC)
O débito cardíaco (DC) é uma medida de performance do coração. Ele é caracterizado pela quantidade 
de sangue ejetada por ventrículo em uma unidade de tempo. Em geral, é expresso em litros de sangue/
minuto (L/min). O DC em repouso é cerca 5 L/min, mas pode chegar a 35 L/min durante o exercício físico. 
Todo o sangue que é ejetado pelo coração chega aos tecidos, por isso o DC é um indicador importante 
de perfusão tecidual.
Outra variável importante na fisiologia cardiovascular é o volume sistólico (VS), o qual se refere ao 
volume de sangue ejetado por ventrículo em uma sístole, ou seja, o volume ejetado em uma contração 
ventricular. Em repouso, esse volume gira em torno de 70 mL a 80 mL.
32
Unidade I
Se o DC é o volume de sangue ejetado por minuto, e o VS é o volume de sangue ejetado por 
batimento, o DC pode ser calculado a partir do produto do VS e da frequência cardíaca (FC):
DC = VS × FC
Os valores assumidos por essas duas variáveis (FC e VS) exercerão grande influência sobre o DC. Se 
considerarmos, por exemplo, um indivíduo em repouso com 70 batimentos por minuto com VS de 70 mL 
por batimento, iremos encontrar um DC de 4900 mL/min, aproximadamente 5 L/min.
Conhecer a medida do DC é importante para avaliar a função do coração como bomba. Nos casos de 
pacientes com insuficiência cardíaca, por exemplo, é comum encontrar valores reduzidos de DC.
Conceitualmente, o DC é o fluxo sanguíneo bombeado pelo ventrículo esquerdo para a aorta, ou o 
fluxo sanguíneo bombeado pelo ventrículo direito para a artéria pulmonar. Assim, esse sangue passa 
das artérias para os capilares; dos capilares, retorna pela circulação venosa aos átrios, e na sequência 
chega aos ventrículos. O fluxo sanguíneo que retorna ao átrio direito pelas veias cavas e ao átrio 
esquerdo pelas veias pulmonares é denominado retorno venoso. Por se tratar de um circuito fechado, o 
retorno venoso deve ser igual ao DC.
Outros conceitos importantes na fisiologia cardiovascular serão abordados a seguir.
• Volume sistólico final (VSF): é o volume de sangue que permanece dentro da câmara ventricular 
após a sístole, cerca de 60 mL. Nem todo o volume contido no ventrículo antes da sístole é 
ejetado; sendo assim, parte desse sangue permanece nos ventrículos.
 Observação
A finalidade de o sangue permanecer nos ventrículos ao final de cada 
contração é que o VSF proporciona um tipo de “reserva”, uma margem de 
segurança. Quanto mais eficaz é a contração, menor é o VSF e maior é a 
quantidade de sangue enviada aos tecidos.
• Volume diastólico final (VDF): é o volume de sangue que está dentro dos ventrículos ao final 
da diástole, antes da sístole ventricular. Em um homem com 70 kg em repouso, o VDF é de 
aproximadamente 120 mL. Esse valor pode variar, por exemplo, durante situações de taquicardia. 
A frequência cardíaca elevada faz com que o ventrículo não tenha tempo para se encher 
completamente entre os batimentos. O VDF pode ser menor que 120 mL.
• Fração de ejeção (FE): é o percentual de sangue ejetado pelo ventrículo em relação ao VDF. Valor 
de normalidade > 50%.
33
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
Exemplo de aplicação
Considerando um indivíduo com VS de 70 mL e VDF de 120 mL, responda:
a) Qual é a FE?
Se 120 mL corresponde ao volume ventricular total, podemos inferir que esse volume equivale a 
100% do volume ventricular. Queremos saber a FE, ou seja, o percentual de sangue ejetado. Basta saber, 
em porcentagem, quanto foi ejetado (70 mL).
70 × 100 = 120 × FE
A FE é de aproximadamente 58%.
b) Qual é o VSF?
Se o volume máximo do ventrículo antes da ejeção é de 120 mL e o volume ejetado é de 70 mL, 
então o volume residual dentro do ventrículo após a ejeção ventricular é o que sobra.
120 mL – 70 mL = 50 mL
VSF = 50 mL
• Pré-carga: é caracterizada pela quantidade de sangue que chega ao ventrículo (retorno venoso). 
A elevação do retorno venoso aumenta a pré-carga ventricular, aumentando o débito cardíaco. 
Vale destacar que o coração é capaz de ajustar seu DC, em cada batimento, em função do retorno 
venoso. A força de contração ventricular é proporcional ao estiramento das fibras imediatamente antes 
do início da contração (Relação de Frank-Starling).
• Pós-carga: representa a carga pressórica contra a qual o ventrículo deve ejetar o sangue, ou 
seja, caracteriza a resistência à ejeção. Com o aumento da resistência à ejeção ocorre aumento 
da força de contração ventricular, objetivando a manutenção do DC. São exemplos de aumento de 
pós-carga situações em que ocorre aumento da resistência à ejeção, como no caso do aumento 
da resistência vascular periférica ou resistência vascular pulmonar e/ou um estreitamento das 
valvas aórtica ou pulmonar. Nesse caso, ocorre aumento da força de contração ventricular, com o 
objetivo de manter o débito cardíaco.
• Inotropismo: representa a contratilidade cardíaca. A informação do estado inotrópico é 
um parâmetro importante para avaliação da eficiência do miocárdio, ou seja, a eficiência da 
contratilidade miocárdica.
• Cronotropismo: representa a frequência cardíaca. A informação do estado cronotrópico permite 
avaliar a regularidade e a frequência do automatismo cardíaco.
34
Unidade I
2.5 Pressão arterial e circulação periférica
O sistema circulatório permite a conexão entre os diferentes sistemas do organismo por meio de um 
contínuo fluxo de sangue distribuído para todos os órgãos do corpo.
Formado por uma série de tubos (os vasos sanguíneos), o sistema circulatório está conectado ao 
coração, e a pressão gerada no coração propeleo sangue continuamente pelo sistema.
Conforme o sangue avança pelos vasos, ocorre a redução da pressão sanguínea, fazendo com que o 
fluxo de sangue seja praticamente contínuo quando atinge a microcirculação.
Ao atingir a microcirculação, os tecidos corporais podem ser nutridos. A perfusão tecidual é garantida 
pela manutenção constante da circulação sanguínea em níveis pressóricos adequados.
A pressão arterial é uma variável física que depende do volume sanguíneo contido no leito arterial. 
É condicionada pela entrada de sangue no sistema arterial (dependente do DC), bem como a sua saída 
desse sistema (resistência vascular periférica). Assim, deve-se ter em mente que os mecanismos que 
regulam a pressão arterial o fazem por meio de alterações na capacitância e retorno venoso, débito 
cardíaco e resistência vascular periférica; e a longo prazo, por meio da volemia. Na figura a seguir é 
possível visualizar os principais componentes que regulam o débito cardíaco e a pressão arterial.
Débito 
cardíaco
Frequência 
cardíaca
Encurtamento 
da fibra 
miocárdica
Pós-carga Contratilidade Pré-carga
Tamanho 
ventricular 
esquerdo
Resistência 
periférica
Volume de 
ejeção
Pressão 
arterial
Figura 17 – Interações entre os componentes que regulam débito cardíaco e pressão arterial. 
As setas sólidas indicam aumentos, e a seta tracejada indica uma diminuição
Adaptada de: Barrett, Barman, Boitano e Brooks (2014, p. 546).
35
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
O sistema nervoso central tem importante papel no controle da pressão arterial. Ele integra as 
informações recebidas pelos diferentes sensores do sistema cardiovascular e, assim, modula a atividade 
cardíaca e vascular por meio dos nervos autônomos periféricos e pela liberação de diferentes hormônios.
Ademais, a regulação neuro-hormonal da pressão arterial funciona como um arco reflexo, envolvendo 
receptores, aferências, centros de integração, eferências e efetores cardiovasculares, além de 
ações hormonais.
Especialmente na circulação periférica, a maior oferta de norepinefrina aos receptores α-adrenérgicos 
vasculares produz vasoconstrição, levando ao aumento da resistência vascular periférica e, consequentemente, 
ao aumento da pressão arterial. Quando há redução da estimulação adrenérgica, ocorre o inverso.
A seguir estão listados os principais receptores envolvidos na regulação da pressão arterial:
• Mecanorreceptores arteriais, ou barorreceptores: detectam as variações de pressão arterial nas 
grandes artérias.
• Quimiorreceptores arteriais: detectam as variações da pressão parcial de O2, CO2 e do pH no 
sangue arterial.
• Receptores cardiopulmonares: localizados nas câmaras cardíacas, coronárias e na artéria 
pulmonar. Detectam a pressão de enchimento das câmaras, pressão de perfusão coronária e 
estímulos químicos.
• Outros receptores presentes na circulação renal, na musculatura esquelética, na região cutânea etc.
3 AVALIAÇÃO CARDIOLÓGICA
O conhecimento da anatomofisiologia é base fundamental para a avaliação cardiológica. As 
estratégias para avaliação, a partir do exame clínico, permitem o diagnóstico e o acompanhamento das 
enfermidades cardiovasculares.
3.1 Anamnese
A anamnese é complementada pelo exame físico, que a partir da avaliação de sinais clínicos contribui 
para grande parte dos diagnósticos.
Na abordagem inicial deve-se coletar:
• dados pessoais;
• hábitos de vida;
• antecedentes familiares;
36
Unidade I
• histórico da moléstia atual;
• história pregressa;
• queixa principal.
Na avaliação cardiovascular, os pilares importantes do exame físico são: inspeção, palpação, ausculta 
cardíaca e sinais vitais.
A inspeção permite visualizar importantes sinais. Muitas doenças apresentam sinais na pele e nas 
mucosas, alteração na cor, temperatura, umidade, elasticidade e turgor.
No caso de algumas complicações cardiovasculares, são sintomas relevantes a palidez, o rubor, a 
cianose, o calor, o frio, a secura, a sudorese, a dispneia, a fadiga, a síncope, as palpitações, o edema e a 
dor precordial.
Na inspeção geral, especialmente os pacientes cardiopatas com insuficiência ventricular esquerda 
apresentam frequentemente sintomas respiratórios decorrentes de congestão pulmonar, com dispneia 
importante. A congestão pulmonar é um sinal de descompensação cardíaca, e deve-se avaliar a presença 
de ortopneia e/ou dispneia paroxística noturna.
 Observação
A ortopneia é caracterizada como piora da dispneia ao deitar-se 
(decúbito dorsal com menos de 30 graus); e a dispneia paroxística noturna 
é caracterizada em situações em que o paciente acorda durante o sono 
com quadro de tosse, dispneia, sibilo e sudorese.
Os pacientes com insuficiência cardíaca direita apresentam especialmente edema em membros 
inferiores, ascite, hepatomegalia e turgência jugular. Essas são situações frequentes na clínica 
cardiológica. Além disso, muitos pacientes, com o passar do tempo e a progressão da doença, evoluem 
com insuficiência ventricular esquerda e direita, deixando o quadro ainda mais complexo e grave.
Alguns sinais típicos, como presença de unhas quebradiças e/ou cianóticas, podem identificar 
deficiência de vascularização periférica. O hipocratismo digital ou baqueteamento digital pode estar 
presente. Trata-se de uma alteração na conformação ungueal, com aumento de tecido conjuntivo 
vascularizado e edema intersticial, que parece ser decorrente de baixa oxigenação periférica. Apesar da 
causa ainda não estar clara, pode existir correlação com o fator de crescimento derivado das plaquetas.
37
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
Figura 18 – Baqueteamento digital
Fonte: Brasil (2010, p. 15).
A dor talvez seja o sintoma que causa maior impacto. Sempre nos preocupamos quando ouvimos 
alguém dizer que está com dor no peito. É claro que muitas são as possibilidades de causas para a 
sensação de dor precordial (dor no peito), porém a atenção deve ser redobrada.
Quanto à dor, um dos sintomas mais marcantes nas doenças cardíacas, é muito importante identificar 
o tipo, a localização, a irradiação, a intensidade, a duração, a recorrência, em quais situações há piora ou 
melhora e os sintomas aos quais podem estar associados.
A dor anginosa típica, denominada angina estável, é um desconforto com característica de sufocação, 
queimação, aperto em região de precordial. Geralmente o paciente relata sensação de pressão, que pode 
ou não estar associada à irradiação para hemitórax esquerdo, braço esquerdo, dorso, mandíbula e região 
epigástrica. Além disso, é comum a presença de sudorese, palidez e sensação de mal-estar associado. A 
angina estável tem duração média de 2 a 10 minutos, e o máximo de 15 minutos. É mais comum pela 
manhã, e geralmente é desencadeada por esforço físico ou estresse emocional.
Nos casos em que a angina passa a ser desencadeada por leves esforços, ou até mesmo em repouso, 
por tempo prolongado, passa a ser caracterizada como angina instável, representando maior risco 
ao paciente.
 Lembrete
A angina estável dura poucos minutos e melhora com o repouso. 
A angina instável é mais grave, mais intensa, tem maior duração e não 
melhora com o repouso, representando maior risco ao paciente.
38
Unidade I
3.2 Exame físico
3.2.1 Inspeção torácica
Na inspeção torácica deve-se pesquisar a presença de abaulamento, análise de movimentos visíveis 
ou palpáveis, pesquisa de frêmito cardiovascular e análise do ictus cordis.
• Abaulamento: é importante diferenciar o abaulamento decorrente de alterações osteomusculares 
e o abaulamento decorrente de alterações cardíacas. O reconhecimento de abaulamento deve ser 
feito por meio da observação da região precordial em duas incidências: com o examinador de pé 
do lado direito do paciente, e o examinador junto aos pés do paciente, que permanece deitado. 
O abaulamento dessa região pode indicar a presença de aneurisma da aorta, cardiomegalia, 
derrame pericárdico e alterações da caixa torácica. O abaulamento é determinado pela dilatação 
do ventrículo direito, por ser a câmaraque constitui a maior parte da face anterior do coração, 
mantendo relação direta com a parede do tórax.
• Batimentos ou movimentos cardíacos: podem ocorrer na região precordial e ao redor dela. 
Correspondem à retração sistólica, levantamento em massa do precórdio, choques valvares, 
cliques, pulsação epigástrica e pulsação supraesternal.
• Frêmito cardiovascular: é caracterizado pela sensação tátil determinada por vibrações produzidas 
no coração ou nos vasos. Os frêmitos correspondem aos sopros, ruídos decorrentes das vibrações 
produzidas pelo fluxo sanguíneo.
3.2.2 Ictus cordis
O ictus cordis, também conhecido como impulso apical ou choque da ponta, é caracterizado pelo 
contato da porção anterior do ventrículo esquerdo com a parede torácica durante a fase de contração 
ventricular isovolumétrica do ciclo cardíaco.
A avaliação do ictus cordis é de extrema importância na semiologia cardiovascular, e é a única 
avaliação no exame físico que oferece informações sobre a presença de cardiomegalia, pois indica 
dilatação e/ou hipertrofia do ventrículo esquerdo. Geralmente, ocupa uma extensão de uma ou duas 
polpas digitais (aproximadamente de 2 cm a 2,5 cm). Em casos de miocardiopatias dilatadas, é possível 
observar aumento na extensão do ictus cordis, a qual é avaliada analisando quantas polpas digitais são 
necessárias para cobri-lo. Nos casos de hipertrofia ventricular, são necessárias três polpas ou mais.
A mobilidade do ictus cordis pode ser avaliada com o paciente preferencialmente em decúbito dorsal 
com cabeceira alinhada ao tórax, podendo ser realizada em decúbito lateral esquerdo em situações 
especiais. Após inspeção, deve-se fazer a palpação, podendo ser identificado na região do 4º ao 5º 
espaço intercostal esquerdo, variando entre região paraesternal e hemiclavicular. Sua intensidade é 
avaliada especialmente pela palpação, e para fazê-la deve-se repousar a palma da mão sobre a região 
dos batimentos. O ritmo e a frequência cardíaca podem ser bem avaliados pela ausculta.
39
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
3.2.3 Ausculta cardíaca
Como base para o entendimento da ausculta cardíaca está a compreensão das fases do ciclo cardíaco, 
sístole e diástole. Basicamente pode-se inferir que a sístole é caracterizada pela ejeção de volume de 
sangue dos ventrículos para os grandes vasos, período entre a primeira bulha (B1) e a segunda bulha (B2). 
E a diástole é caracterizada pelo relaxamento e pelo enchimento ventricular, período entre a B2 e a B1.
Os dois tipos principais de sons cardíacos são a B1 e a B2. A primeira bulha é o primeiro som, causado 
pelo fechamento das valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide). É mais duradoura e menos intensa 
que a B2, e é marcada pelo som “tum”. A segunda bulha é o som causado pelo fechamento das valvas 
semilunares (pulmonar e aórtica). Tende a ser mais intensa que a B1, e é marcada pelo som “ta”.
Além da B1 e da B2, podem existir outras bulhas, como a terceira bulha (B3) e a quarta bulha 
(B4). A B3 é um som que está associado ao aumento das dimensões ventriculares, ocorre após a B2, 
durante a fase de enchimento rápido ventricular. É denominada como ritmo em galope, e quando 
presente apresenta intensidade e timbre mais alto que as outras bulhas. Em crianças pode ser um ruído 
normal, porém em adultos pode ser sintoma de alguma patologia. A B4 é um som que coincide com a 
sístole atrial. É menos frequente do que a B3, e quando presente em adultos também pode representar 
situação patológica.
As áreas para ausculta cardíaca são divididas em focos, conforme imagem a seguir:
Foco 
pulmonar
Projeção 
da valva 
pulmonar
Projeção 
da valva 
mitral
Foco 
mitral
Foco 
tricúspide
Projeção da 
valva tricúspide
Projeção da 
valva aórtica
Foco 
aórtico
Figura 19 – Localização dos focos de referência para a ausculta cardíaca
Fonte: Porto (2019, p. 383).
• Foco aórtico: 2º espaço intercostal na linha paraesternal direita.
• Foco pulmonar: 2º espaço intercostal na linha paraesternal esquerda.
40
Unidade I
• Foco tricúspide: borda esternal esquerda inferior.
• Foco mitral: 5º espaço intercostal na linha hemiclavicular esquerda.
3.2.4 Sinais vitais
Os sinais vitais são indicadores do estado geral de saúde e das necessidades básicas de um 
indivíduo, podendo contribuir para a avaliação precoce de algum evento clínico e instituição de 
intervenções e tratamentos.
Os sinais vitais incluem a pressão arterial, a frequência cardíaca, a frequência respiratória e 
a temperatura.
A pressão arterial (PA) representa a pressão sanguínea das grandes artérias da circulação sistêmica. 
É a força exercida pelo sangue sobre as paredes dos vasos, com a finalidade de manter uma perfusão 
tecidual adequada aos tecidos. A PA é determinada pelo débito cardíaco (DC) e resistência vascular 
periférica (RP):
PA = DC × RP
O registro da PA pode ser obtido por método invasivo e não invasivo. O método invasivo, direto, é 
utilizado em unidade de terapia intensiva por meio de canulação de artéria periférica e conectado a 
um transdutor de pressão. O método não invasivo, tradicionalmente utilizado em clínicas, ambulatórios 
e domicílio, é feito por meio de técnica auscultatória (ausculta dos sons de Korotkoff), com uso de 
esfigmomanômetro de coluna de mercúrio ou aneroide.
Outra forma de aferição indireta é o método oscilométrico, parecido com o método auscultatório. No 
entanto, nesse método oscilométrico é feito o registro das vibrações das artérias. As oscilações arteriais 
são detectadas por sensores eletrônicos, e os valores de PA são calculados por meio de um algoritmo.
Manguito
A) B)
Bolsa
Pera
Esfignomanômetro
Manômetro 
tipo aneroide
Manômetro 
de mercúrio
Figura 20 – Componentes dos esfigmomanômetros aneroide e 
de mercúrio manual em A e oscilométrico em B
Fonte: Porto (2019, p. 408).
41
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
O valor de PA considerado normal é < 140/90 mmHg. No entanto, indivíduos com valores de pressão 
arterial sistólica (PAS) entre 120 mmHg e 139 mmHg e pressão arterial diastólica (PAD) entre 80 mmHg 
e 89 mmHg merecem atenção, pois são classificados como pré-hipertensos.
A hipotensão arterial é caracterizada pela queda significativa da PA em relação ao seu valor basal. 
Não há um valor definido para caracterizar a hipotensão, no entanto valores de PAS inferior a 90 mmHg 
e PAD inferior a 60 mmHg geralmente configuram essa situação. Algumas causas para a queda da 
pressão arterial incluem desidratação, hemorragia, queimaduras extensas, sepse, entre outras.
Vale a pena destacar também a hipotensão postural ou ortostática, caracterizada como a queda 
sustentada da pressão arterial sistólica em pelo menos 20 mmHg e/ou da pressão arterial diastólica 
em pelo menos 10 mmHg após a adoção da postura ortostática, quando comparado à aferição em 
decúbito dorsal. Podem ser causas da hipotensão postural a disfunção autonômica e outras causas não 
neurogênicas, como hipovolemia, anemia grave e uso de medicações.
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é definida pela presença de PAS acima de 140 mmHg e 
PAD inferior a 90 mmHg, aferidos corretamente, por pelo menos duas vezes, sem o uso de medicação 
anti-hipertensiva.
 Observação
A HAS é uma doença silenciosa que, se não for tratada, pode levar à 
morte. A HAS mata milhares de pessoas todos os anos e geralmente é uma 
doença de fácil prevenção e tratamento. Reflita sobre os hábitos de vida, 
eles são importantes componente da etiologia da HAS.
3.2.4.1 Técnica para aferição da pressão arterial pelo método auscultatório – 
Componentes dos esfigmomanômetros aneroide e de mercúrio manual
• O paciente deverá estar em repouso, em local tranquilo e silencioso.
• A aferição deve ser realizada preferencialmente quando o paciente estiver sentado, com o braço 
na altura do coração.
• Explicar o procedimento ao paciente.
• O paciente não pode estar de bexiga cheia ou ter praticado exercícios físicos, ingerido bebidas 
alcoólicas ou café e fumado até 30 minutos antes da aferição.
• Certificar-sede que o esfigmomanômetro esteja calibrado e registrando o zero na escala.
• Deixar o braço livre de roupas que possam comprimir a área.
• Palpar a artéria braquial.
• Colocar o manguito cerca de 2 cm a 3 cm acima da fossa cubital, centralizando a bolsa inflável 
sobre a artéria braquial.
42
Unidade I
• Método palpatório: palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu desaparecimento, para 
estimar a pressão sistólica, desinsuflar rapidamente e aguardar de 15 a 30 segundos antes de 
inflar novamente.
• Método auscultatório: posicionar a campânula do estetoscópio sobre a artéria braquial, sem 
compressão excessiva.
• O paciente deve se manter em silêncio.
• Inflar rapidamente, de 10 mmHg em 10 mmHg, até o nível estimado da pressão sistólica 
pela palpação.
• Desinflar com velocidade constante inicial de 2 mmHg a 4 mmHg por segundo.
• No momento do aparecimento do primeiro som, determina-se a pressão sistólica.
• No momento do desaparecimento do som, determina-se a pressão diastólica.
Frequência cardíaca
É a medida da quantidade de batimentos cardíacos durante 1 minuto. A frequência cardíaca pode 
ser mensurada manualmente, por meio de monitores cardíacos ou por meio do eletrocardiograma (ECG).
O modo manual para medir a frequência cardíaca é o mais utilizado na prática clínica e pode ser 
realizado por meio da palpação da pulsação arterial. A palpação dos pulsos, especialmente do pulso 
radial, é um dos procedimentos clínicos mais realizados para avaliar o funcionamento cardíaco e a 
frequência dos batimentos. Pode ser avaliada também por meio da palpação das artérias braquial, 
cubital, ulnar, femoral, pediosa, carótida e temporal.
A) Pulso pedioso B) Pulso tibial posterior C) Pulso poplíteo D) Pulso femoral
E) Pulso radial F) Pulso braquial G) Pulso carotídeo
Figura 21 – Palpação dos principais pulsos arteriais
Fonte: Mattos et al. (2017, p. 305).
43
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
A técnica para aferição manual da frequência cardíaca é pressionar levemente, com a polpa dos 
dedos (indicador e médio), os locais em que existem artérias relativamente superficiais, e após localizar 
as ondas de pulso arterial o examinador deve contá-las durante 1 minuto inteiro.
 Observação
Não se deve fazer a mensuração da frequência cardíaca em tempos 
menores que 1 minuto, pois o procedimento pode levar a erros de contagem 
e, também, mascarar possíveis arritmias.
A frequência cardíaca basal em repouso em um adulto deve estar entre 60 e 100 batimentos por 
minuto (bpm). Considera-se bradicardia quando a frequência cardíaca estiver inferior a 60 bpm e 
taquicardia quando estiver superior a 100 bpm.
Os valores de normalidade dos batimentos cardíacos podem variar de acordo com a idade. Em 
lactentes, a frequência cardíaca pode variar de 120 bpm a 160 bpm; em crianças, entre 90 bpm 
e 140 bpm; em pré-escolares, entre 80 bpm e 110 bpm; em crianças em idade escolar, entre 75 bpm e 
100 bpm; e em adolescentes, entre 60 bpm e 90 bpm. Além disso, algumas situações específicas podem 
alterar a frequência cardíaca, como na atividade física ou diante de alguma situação de muita emoção 
ou ansiedade, por exemplo; mas geralmente é uma informação importante quando indica manifestação 
patológica, como em estado febril, em hemorragias, no hipertireoidismo, na insuficiência cardíaca, 
entre outros.
Temperatura
A temperatura corporal é o equilíbrio entre a produção e a perda de calor. Esse controle diminui em 
idosos e pacientes com enfermidades graves.
A temperatura corporal pode ser um importante sinalizador de respostas inflamatórias sistêmicas, 
indicando agressão ao organismo, e, também, um importante parâmetro para acompanhamento clínico 
e terapêutico.
O valor de normalidade deve estar em torno de 37 ºC (podendo variar entre 36 ºC e 37,3 ºC). Sendo 
considerada hipotermia valores abaixo de 35 ºC e hipertermia valores acima do ponto de regulação térmica.
Valores extremos de temperatura corporal podem levar ao óbito, por isso, em casos de hipotermia, 
o mecanismo de resposta envolve a vasoconstrição, e em caso de hipertermia, a primeira resposta é a 
vasodilatação cutânea, sendo a sudorese uma das mais importantes respostas.
A aferição da temperatura corporal pode ser realizada por via oral, retal, axilar e timpânica.
44
Unidade I
Frequência respiratória
A avaliação da frequência respiratória, assim como a profundidade e o ritmo, é essencial para a 
avaliação do funcionamento do sistema respiratório.
Um adulto em repouso pode apresentar uma variação da frequência respiratória entre 10 e 20 
respirações por minuto (rpm). A presença de frequência respiratória ≥ 25 rpm é denominada taquipneia, 
e a frequência respiratória < 8 rpm é denominada bradipneia.
Além disso, podemos avaliar a profundidade e o ritmo respiratório, por meio dos conceitos a seguir:
• Hiperpneia: respirações profundas com elevada frequência respiratória (altos volumes).
• Hipopneia: respirações superficiais com baixa frequência respiratória (baixos volumes).
• Apneia: ausência completa de ventilação (pelo menos 20 segundos).
• Eupneia: padrão respiratório normal (profundidade/ritmo e frequência).
• Dispneia: dificuldade para respirar.
• Ortopneia: dificuldade para respirar na posição deitada, sendo necessário sentar-se ou ficar de pé 
para alívio do desconforto.
• Respiração de Kussmaul: respiração rápida e profunda. Ocorre em situações de acidose metabólica, 
com o objetivo de promover hiperventilação e compensar a acidose pela eliminação de gás 
carbônico (CO2).
• Respiração de Cheyne-Stokes: períodos alternantes de hiperpneia e hipopneia. Ocorre uma fase 
de apneia, na sequência ocorre uma ventilação com volumes crescentes seguida de ventilação 
com volumes decrescentes, até uma nova apneia, e assim sucessivamente. Ocorre em pacientes com 
insuficiência cardíaca congestiva e algumas doenças neurológicas, como traumatismo cranioencefálico 
grave, tumores e hemorragia.
• Respiração de Biot (ou respiração atáxica): irregularidade imprevisível no padrão respiratório. 
Ocorre em casos de depressão respiratória e lesão cerebral.
3.3 Exames complementares
Hoje, com a evolução tecnológica, diversos exames de imagem com detalhamento de informações 
auxiliam o diagnóstico preciso e o direcionamento terapêutico. Neste tópico você poderá conhecer um 
pouco o eletrocardiograma e a ecocardiografia, exames tradicionais e frequentemente utilizados na 
prática clínica.
45
FISIOTERAPIA CARDIOLÓGICA
3.3.1 Noções de eletrocardiograma
O coração é um músculo cuja atividade contrátil é regulada por sinais elétricos, assim como os 
demais tecidos musculares e o sistema nervoso. Para que o desempenho cardíaco seja adequado, deve 
existir sincronia entre as fases de relaxamento (enchimento das câmaras cardíacas) e de contração 
miocárdica (ejeção de sangue para a circulação sanguínea), sendo dependente da adequada geração e 
propagação de potenciais elétricos ao longo do sistema de condução miocárdica. Cabe ressaltar que, 
dentro de um contexto integrador, a atividade cardíaca é resultante de automatismo, condutibilidade, 
excitabilidade e contratilidade.
O eletrocardiograma é o exame utilizado para registrar e avaliar a geração e a propagação dos 
impulsos elétricos no coração. O campo elétrico gerado pelo deslocamento de correntes despolarizantes 
e repolarizantes no coração propaga-se para todo o corpo, e a partir de eletrodos posicionados na 
superfície corporal, por meio de um amplificador, podem registrar as variações do potencial elétrico.
A atividade elétrica do coração segue uma sequência regular, como mostra a figura a seguir.
Nodo SA
Músculo atrial
Nodo AV
Fascículo AV
SA = sinoatrial; 
AV = atrioventricular
Ramos direito e 
esquerdo
Ramos 
subendocárdicos 
(fibras de Purkinje)
Músculo 
ventricular
QRS
ECG
0,2 0,4 0,6
P
T
U
Figura 22 – Apresentação esquemática da propagação da atividade elétrica no coração e 
a correlação temporal com as ondas e os intervalos do eletrocardiograma (ECG)
Fonte:

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