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A DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL DIANTE DE ALUNOS VÍTIMAS DE
ABUSOS
SILVA, Kelli Aparecida da, Licenciando em Pedagogia no Centro Universitário
Internacional Uninter
ANJOS, Elaine Cristina dos, Professor Orientador.
RESUMO
● Este trabalho analisa a atuação do professor de educação infantil diante de
crianças e ou alunos vítimas de abusos. Tal problemática surge do pressuposto dos
questionamentos que não devemos deixar de fazer e interagir: Qual o papel do professor
de Educação Infantil ao se deparar com um aluno vítima de violência? Normalmente
crianças vítimas de abusos tornam-se tímidas e tendem a desejar ficar sozinhas, diante
disso qual tempo necessário para inserir a criança e ressocializá-la junto a escola? Onde
buscar recursos didáticos para incluir estas vítimas e tornar a rotina escolar prazerosa
com intuito de amenizar os traumas? Estas questões se fazem necessárias, pois a luta
contra a violência e abuso infantil é algo que não se deve deixar esquecido, pois as
vítimas, por se tratar de crianças, não sabem nem o que se passa com suas vidas, nem
mesmo os flagelos e as sequelas dos abusos, apenas tornando visível para outros adultos,
normalmente um parente próximo e o professor. Portanto, visando avivar dentro de cada
um de nós, independentemente de ser Professor ou Cidadão Comum, o despertar para
que ações mais eficazes de proteção e prevenção sejam tomadas. A Escola tem um papel
fundamental, tendo em vista que a vida e futuro destas crianças vítimas de abusos devem
ser asseguradas e é na escola que elas iniciarão sua participação ativa como Cidadãos
cientes de seus Direito e Deveres. Também é na Escola que muitas vítimas ganham voz,
pois o Professor, muitas vezes, é quem percebe as marcas deixadas pela violência numa
vítima como: crianças com faltas em excesso, falta de concentração, muito sono,
chorosa, higiene insatisfatória, hematomas etc. A finalidade central deste Artigo parte
dos seguintes objetivos: objetivo geral- Compreender que as crianças vítimas de qualquer
tipo de violência não podem ser segregas ou expostas de alguma forma na escola e
1
objetivos específicos- apresentar como deve ser feito o acolhimento destas vítimas pela
escola; preparar o professor quanto as situações físicas e psicológicas adquirida pelas
vítimas e ter o conhecimento das sequelas deixadas nestas vítimas pelos agressores
ativos ou omissos. Para isto foram empregados a metodologia Bibliográfica e Qualitativa,
através de pesquisas entre autores que descrevem as barbáries contra crianças e atuação
do professor no enfrentamento direto em conduzir estas vítimas e inseri-las no contexto
da escola com todo o cuidado em não causar maiores traumas.
Palavras-chave: Docência na educação infantil. Abusos contra crianças. Preparação do
professor. Atuação e enfrentamento na educação infantil.
1. Introdução
Toda criança é um ser maravilhoso, que transcende toda a pureza e doçura e que
nos envolve com aquele sentimento que produzimos de cuidado e amor.
Este Artigo de pesquisa traz como Tema A DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
DIANTE DE ALUNOS VÍTIMAS DE ABUSOS.
Qual o papel do professor de Educação Infantil ao se deparar com um aluno vítima
de violência? Qual tempo necessário que o professor deve aguardar para inserir a criança
e ressocializá-la junto a escola? Onde buscar recursos didáticos para incluir estas vítimas e
tornar a rotina escolar prazerosa com intuito de amenizar os traumas?
A luta contra a violência e abuso infantil é a justificativa para este Projeto de
Pesquisa, visando avivar dentro de cada um de nós, independentemente de ser Professor
ou Cidadão Comum, o despertar para que ações mais eficazes de proteção e prevenção
sejam tomadas. A Escola tem um papel fundamental, tendo em vista que a vida e futuro
destas crianças vítimas de abusos devem ser asseguradas e é na escola que elas iniciarão
sua participação ativa como Cidadãos cientes de seus Direito e Deveres. Também é na
Escola que muitas vítimas ganham voz, pois o Professor, muitas vezes, é quem percebe as
marcas deixadas pela violência numa vítima como: crianças com faltas em excesso, falta
de concentração, muito sono, chorosa, higiene insatisfatória, hematomas, etc.
2
● Objetivo geral: Compreender que as crianças vítimas de qualquer tipo de violência
não podem ser segregas ou expostas de alguma forma na escola.
● Objetivos específicos: Apresentar como deve ser feito o acolhimento destas
vítimas pela escola; preparar o professor quanto as situações físicas e psicológicas
adquirida pelas vítimas e ter o conhecimento das sequelas deixadas nestas vítimas
pelos agressores ativos ou omissos.
A Metodologia e a Abordagem utilizada para este Artigo de pesquisa serão
Bibliográficas e Qualitativas. Sendo assim, buscamos nos aprofundar em autores que
trazem esta temática para a escola, a fim de que toda a comunidade escolar esteja ciente
desta triste realidade e o que podemos fazer para prevenir, denunciar e amenizar os
traumas das crianças vítimas de abusos.
Diante do Tema Abordado, serão utilizados como locus da pesquisa os Autores:
Paulo Vinícius Baptista da Silva, Jandicleide Evangelista Lopes e Arianne Carvalho, autores
do Livro Por uma Escola que Protege: A Educação e o Enfrentamento à Violência contra
Crianças e Adolescentes, onde os autores apresentam a concepção de que a violência é
um fenômeno complexo e que não está ligado somente à pobreza e à miséria, mas
também às questões culturais, como machismo, o preconceito racial e a ideia de que o
adulto tem poder sobre a criança; José Angelo Gaiarsa tem o foco direto na hipocrisia,
que podemos chamar de omissão, onde o autor ressalta a crueldade sem limites e Sonia
Kramer, Maria Isabel Leite, Maria Fernanda Nunes, Daniela Guimarães, Adriana Pereira
dos Santos, Adriani Pinheiro Freire, Adrianne Ogêda Guedes, Ana Paula Santos Lima
Lanter, Karina Sperle Dias, Kátia Valviesse Mansur, Luciana Muniz, Marceli Ribeiro
Castanheira Lopes, Maria Filomena Fernandes Leonor, Rita de Cássia Prazeres Frangella e
Tereza Cristina Barreiros onde apresentam no Livro Infância e Educação Infantil , em uma
das fases, como foco primordial para o conhecimento do professor a didática e o
enfrentamento de que é necessário trabalhar contra a barbárie. O que nós professores e
futuros professores podemos fazer além da sala de aula, além dos conteúdos a serem
aplicados? A resposta é simples: compaixão e afeto. Para a Bíblia Sagrada em Mateus
19:14 temos uma citação para as crianças do próprio Deus “Então disse Jesus: Deixem vir
a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são
semelhantes a elas.”
3
2. Metodologia
A metodologia de pesquisa utilizada para elaboração deste Artigo consiste em
método Bibliográfico e qualitativo. Muitos são os autores que abordam esta temática por
se tratar de um assunto delicado e que merece total atenção por parte de toda da
comunidade escolar. Foi desenvolvida a partir de materiais já publicados, cuja relação da
investigação aqui abordada não se traduz em números, pois na maioria dos casos, não
são denunciados, também por se tratar de abusos ocorridos dentro do ciclo familiar,
portanto, também não será aqui utilizados métodos estatísticos.
.
3. Revisão bibliográfica/ Estado da arte
A ternura de um olhar inocente é o que faz o professor sentir a necessidade de
suprir algumas mazelas que eles conseguem enxergar naquelas crianças que
cotidianamente estão ali naquela sala de aula.
Atuar na formação de profissionais tornando a escola uma instituição
protetora. Para isso, procura articular e fortalecer a rede de proteção integral,
nos âmbitos municipais, estaduais e nacional e realizar, de forma proativa e
atuante, a integração do Ministério da Educação no combate a
vulnerabilidades sociais que impedem a permanência e o sucesso escolar
dos educandos, sobretudo das classes menos favorecidas. Pretende (...)
apontar saídas para a melhoria do ensino em todos os níveis indicandopossibilidades no enfoque da Educação Integral (SILVA et al, 2009 apud
BRASIL/MEC/SECAD, 2006c, p.32 )
A criança é um pequeno ser dependente de um adulto para cuidá-la, amá-la,
protegê-la e assegurar que todas as suas necessidades sejam supridas e isto é um dever
que cabe especialmente aos pais, depois a família, professores e toda a sociedade.
“Falo da surra solene, de cinta, de deixar marcas, coisas horrorosas que são feitos
com as crianças todos os dias e em todos os lugares e quase ninguém
protesta.”(GAIARSA, 1993, p33)
Além de surras e castigos, muitas crianças estão desemparadas, mesmo tendo um
lar. É comum assistirmos na televisão quando a violência enfim é exposta e ainda ficamos
4
surpresos e perplexos quando a violência e até o infanticídio vem de quem deveria cuidar:
os pais, o padrasto, a madrasta, os avós, os tios, o amigo da família.
Sem contar com os omissos, que são coparticipantes de toda a selvageria. Pessoas
desprezíveis e terrivelmente incapazes de fazer uma única denúncia, ainda que seja
anônima.
Dentro deste contexto, “(...) é terrível e é feito inteiramente com outros nomes –
como se tudo fosse muito certo e até digno de elogios? Muitas vezes dissemos que a
agressão é importante, é necessária. Agressão não é violência”. (GAIARSA, 1993, p 98).
Esta criança vítima de abuso, sendo este denunciado ou não, precisa frequentar a
escola e então, qual o papel do professor ao receber esta criança? O professor está na
sala de aula, recebendo seus alunos, observando continuamente as dificuldades e
habilidades de cada aluno, ainda que tenham trinta alunos ou mais.
Quando o professor se desloca até a escola, o que ele imagina? “Os professores
têm um papel de destaque em nossa sociedade contemporânea, que dicotomiza as
instâncias de produção e transmissão de saberes.”( KRAMER, Sônia et al, 1999).
A rotina é preparada por ele, pensando no todo, mas na prática entra a ação
docente e o conhecimento de que precisa se atentar aos alunos que apresentam
dificuldades.
Esta é a parte digamos “normal” da rotina escolar. Mas como tudo nesta vida,
surgem situações que fogem do contexto e é neste ponto que iniciamos nossa conversa
sobre a atuação do professor ao se deparar com um aluno ou mais, vítimas da violência.
“Por isso, formação e prática são elas que precisam ser resgatadas. Uma formação
que se dê na prática cotidiana de ser sujeito/autor/produtor de conhecimento sobre um
objeto, é inserir-se numa rede de interações em que predomina o elemento humano.”(
KRAMER, Sônia et al, 1999, p 69).
Quando uma criança vítima de abuso, é inserida ou está numa escola, já sob os
cuidados do Conselho Tutelar ou outro Órgão de Proteção e este fato é do conhecimento
do professor e da equipe pedagógica, caberá ao professor acolher esta criança com zelo,
respeito, amor e compreensão, visando resgatar sentimentos e valores que
possivelmente possam ter sido retirados devido aos traumas da violência.
5
A escola e o professor devem compreender que as crianças vítimas de qualquer
tipo de violência não podem ser segregadas ou expostas de alguma forma. É importante
que a escola acolha e viabilize meios de superar ou amenizar as sequelas deixadas pela
violência, como dificuldade de interação social, dificuldade de aprendizado, medo, choro,
falta de apoio emocional e falta de afeto.
Cabe ao professor, como já foi dito, preparar suas aulas pensando no todo. A
rotina não precisa ser mudada. A melhor maneira de amenizar, a princípio, o sofrimento
da criança é preparar aulas onde elas possam brincar e interagir.
Se num primeiro momento, a criança abusada, não conseguir interagir, cabe ao
professor interagir diretamente com a criança e aos poucos e com paciência inseri-la em
dupla com outra criança, depois em trio com outras crianças e por fim com o grupo.
Dando um intervalo e deixando a criança com outras crianças e assim o professor
retoma sua participação até que a criança esteja preparada e aberta para interagir
naturalmente com seus colegas de classe.
Além disso, como sabemos, o professor deve elaborar planos de aula envolvendo
atividades que sejam atraentes para as crianças, sem monotonia ou apenas para cumprir
metas de aplicação de conteúdo.
“Muitos são os caminhos a trilhar. Com sensibilidade e atenção é possível criar
oportunidades para que as crianças se relacionem com o mundo a sua volta de maneira
viva, tornando também vivas as linguagens e a escola.” (KRAMER. Sônia et al, 1999, p
200)
Jogos, brincadeiras, passeios fora da sala de aula, pinturas a dedo, colagens são
algumas atividades que estimulam a criatividade das crianças, trazendo prazer e alegria,
inclusive para a criança vítima de abuso.
“A sensibilização estética precisa estar presente na escola para que esta possa ser
um espaço de vida, expressão, criação, formação de sujeitos sensíveis, capazes de
reinterpretar, transformar, reconstruir a realidade ao seu redor.”( KRAMER, Sônia at al,
1999, p 200).
Quando o professor é notificado ou avisado que uma determinada criança foi
vítima de abuso, ele se depara com uma série de questionamentos e dúvidas. É neste
momento que o docente deve manter o equilíbrio em suas ações. Dar atenção àquela
6
criança, sem deixar transparecer que ela seja diferente das outras, do contrário esta
criança pode sentir-se excluída.
O professor tem que ter em mente, que a criança vítima de abuso, possui traumas,
talvez irreparáveis, mas a sua vida continuará no seu percurso. “A infância é um momento
singular na vida de cada indivíduo. Está em constante construção e permanente
descoberta. Além disso, é específico, pois acontece de maneira diferenciada de pessoa
para pessoa.”( KRAMER, Sônia et al, 1999, p 236).
Portanto, o professor não deve apressar-se quanto a ressocialização da criança na
escola, deixando fluir naturalmente este processo.
Há também um forte impulso do docente em buscar recursos didáticos específicos
a fim de incluir estas vítimas na rotina escolar, e isto é desnecessário.
Sim, a aula do professor, cuja classe tem um aluno vítima de abuso, deve ser
prazerosa para todos, pois a alegria é contagiosa, além disso, se o professor fizer algo
diferente para somente aquele aluno, este poderá sentir-se exposto e então teremos um
resultado inverso.
Também temos a seguinte questão: como incluir se indiretamente com tal atitude,
bem-intencionada, estamos excluindo?
E nós professores e futuros professores, como identificar na sala de aula ou no
pátio da escola que uma criança de educação infantil está sofrendo abuso?
Neste caso deve-se considerar o desenvolvimento de cada criança. As crianças da
primeira infância já gesticulam e repetem gestos violentos como “tapa”, e é possível que
ela tenha vivido ou presenciado situações semelhantes.
Em relação a crianças que reproduzem movimentos alusivos ao ato sexual, com
falas obscenas e ou gestos impróprios para a idade, também podem estar presenciando
ou sendo vítima de algum tipo de abuso com conotação sexual.
Se o professor perceber e identificar tais comportamentos, identificar faltas em
excesso, falta de concentração, muito sono, é chorosa, se a higiene não está satisfatória e
ainda hematomas ou sinais que houve penetração na vagina ou anus da criança, é muito
espontânea e repete falas adultas, se faz desenhos voltados a conteúdos sexuais,
violentos ou tristes, deve comunicar a equipe pedagógica da escola.
7
É importante compreender que atualmente, existem fluxos que norteiam a ação
da escola quando houver suspeita ou confirmada qualquer tipo de violência. O professor
deve comunicar a equipe pedagógica e a equipe encaminha via ficha de notificação de
violência (SINAN) para o Conselho Tutelar e o Conselho aplicará as medidas cabíveis de
proteção.
É imprescindível que em caso de violência o Conselho seja comunicado
imediatamente nos telefones de plantão, para que seja garantida a proteção da criança,
aplicando as medidas contidas no Artigo 129 do ECA.
(...) é responsabilidadeda escola trabalhar no processo de ensino-aprendizagem,
garantindo aos alunos a aquisição de saberes historicamente construídos, mas isto
não a autoriza “fechar os olhos” para as condições de vida de seus educandos. A
formação de professores para que eles se sensibilizem e compreendam a temática e
o real prejuízo das violências sofridas pelas crianças e adolescentes para seu
desenvolvimento em todos os níveis (cognitivo, afetivo, social...) e que irá capacitá-los
para cumprir verdadeiramente o seu papel de professores. ( SILVA et al, 2009, p 12)
O estupro ou violência sexual é o ato mais vil, desumano e demoníaco que pode
existir. Não é a toa que até os piores marginais condenam os agressores, no que chamam
“tribunal do crime”, onde normalmente são “julgados” e condenados a serem
executados.
Porém, alguns profissionais da saúde indicam que o pedófilo, agressor, abusador
infantil possui problemas de ordem mental. Conforme indica SILVA et al, 2099, p 155 apud
FELIPE (2006) e SANTOS; IPÓLITO et al, 2004, p 41 “ A pedofilia, segundo o Catálogo de
Doenças (CID), é considerada um transtorno de preferência sexual , classificada como
parafilia e como perversão sexual (FELIPE, 2006). O conceito social da pedofilia define-se
pela atração erótica por crianças (SANTOS; IPÓLITO et al, 2004).
Dentro deste contexto, diante de um tribunal e de um magistrado, o indivíduo
será julgado como uma pessoa fora da sua capacidade intelectual e mental, neste caso, a
pena seria abrandada, ou o abusador simplesmente poderia responder em liberdade.
Se um pedófilo, não pode ser julgado como um estuprador e violador de crianças,
então levantamos a seguinte questão: um cleptomaníaco que rouba e comete
estelionato, também deveria ser julgado como um doente? Neste caso, para todos os
tipos de crimes, os autores poderiam ser enquadrados em alguma doença e incapazes de
terem autocontrole sob o que fazem e assim também serem isentados dos seus atos?
8
Nó como professores, futuros professores e acima de tudo cidadãos, não
podemos aceitar, permitir que tais atos não sejam vistos como abuso, estupro, agressão e
crueldade. Sendo assim, que estes pedófilos recebam o julgamento e deixem de conviver
na nossa sociedade.
Há ainda a situação da criança, vítima deste tipo de estupro, em que tudo ocorre
no ciclo familiar, no ciclo de amizades.
“A violência sexual, dentre elas o abuso sexual ocorre, na maioria das vezes,
numa atmosfera de segredo familiar. As relações de afinidade e
consanguinidade entre crianças/adolescentes abusadas e os agressores/ as
explicam a complacência de outros membros da família, afora o poder moral,
econômico e disciplinador que o abusador/a normalmente tem sobre a
vítima.”( SILVA, et al, 2009, p 154 apud SANTOS, IPÓLITO et al, 2004)
Acreditamos que diante de todos os fatos aqui tratados, discutidos, questionados
e analisados nossos objetivos de compreender que as crianças vítimas de qualquer tipo
de violência não podem ser segregadas ou expostas de alguma forma na escola. A ética e
o sigilo devem permanecer intactos entre o professor e a equipe pedagógica, portanto
seria imoral e antiética qualquer comentário em corredores ou sala dos professores.
Foram também aqui apresentadas s formas de acolhimento destas vítimas pela escola e
pelo professor, o que já foi tratado aqui neste Artigo que este acolhimento, apesar de
“especial”, deve ocorrer de forma natural, a fim de preservar a criança de lembranças as
quais deverão ser tratadas por outros profissionais como psicólogos e psiquiatras.
Também cabe a escola orientar o professor quanto a situação física e psicológica
da criança abusada, além disso ter o conhecimento das sequelas e traumas deixados
nestas vítimas pelos seus agressores ativos – os que cometeram o abuso e os omissos –
pessoas que viam, mas escolheram o silêncio.
Como professores e futuros professores, devemos estar atentos e vigilantes com
relação ao comportamento de nossos alunos. Uma criança alegre que de repente se torna
triste, isolada com olhar distante; uma criança participativa e ativa que de repente
torna-se chorosa e desinteressada.
É impossível o professor que convive diariamente com esta criança não perceber
alguma alteração comportamental.
9
Em caso de suspeita de abuso, o professor pode até investigar o que pode estar
acontecendo, conversando com a criança, pois já existe um elo de confiança e afeto entre
ambos e desta forma protegê-la, denunciando se caso for confirmado o abuso.
Diante de todo o exposto, o professor pode questionar quanto a sua integridade
física, ou pensar nas consequências de efetuar uma denúncia, pode sentir medo ou receio
de sofrer represálias por parte dos agressores e dos omissos, que muitas vezes são do
ciclo de convivência da criança.
Neste caso, o professor e a escola devem entender eu muitas vezes a criança
demora a contar o que está sofrendo.“Por exemplo, o abusador ameaça cometer alguma
maldade com a mãe, pai, irmãos, cachorro ou outro animal de estimação. O infante,
pensando em proteger o seu ente querido, cede aos desejos do abusador.”( SILVA, et
al,2009).
Este é o enfrentamento que o professor irá ter que superar diante de um aluno
vítima de abuso.
“Não! O dever de comunicar maus-tratos é imposição legal, ademais,
evidente a justa causa (art.154 do Código Penal) da notícia da violência em
nome da proteção de pessoas notoriamente vulneráveis à conduta dos
cuidadores “e completa “(...) mas aqueles que cumprirem deveres nos limites
destes não sofrerão nada e se houver ameaça física ou psicológica a
educadores ou outros profissionais, devem comunicar a polícia e ao
Ministério Público.”( SILVA, et al, 2009, p 91)
É de suma importância que o professor consiga identificar sinais de violência em
crianças, são muitos e diversos estes sinais, por isso elencamos uma série destas marcas
de violência para que a escola esteja preparada e prepare seus professores para também
o fazerem e assim, com coragem, denunciar:
“Portanto, conclui-se que cabe aos educadores muita atenção aos sinais de
violência doméstica ou intrafamiliar e com pauta nos escólios da pediatra Luci
Pfeiffer apresenta aqui um elenco dos mais conhecidos:
1) Lesões não compatíveis com a idade ou com o desenvolvimento psicomotor
da criança. Exemplos: quedas de bebês com idade abaixo de quatro meses.
Sabe-se que eles não têm condições de rolar, de se arrastar, etc.. Fratura da
perna em crianças abaixo de um ano – elas, por suposto, não andam;
2) Lesões que não se justificam pelo acidente relatado. Exemplo: queda de
bicicleta em crianças abaixo de quatro anos;
10
3) Lesões que envolvam partes usualmente cobertas do corpo ou
anatomicamente protegidas, como: áreas laterais, dorso, pescoço, região
interna de coxa, genitália;
4) Lesões em várias partes do corpo ou bilaterais. Exemplos: equimoses,
hematomas, arranhões, lacerações em várias partes do corpo, opostas ou
bilaterais;
5) Lesões em estágios diferentes de cicatrizações ou cura;
6) Atrasos na procura de um médico;
7) Sonolência;
8) Desnutrição;
9) Apatia;
10) Agressividade;
11) Isolamento;
12) Irritabilidade;
13) Choros frequentes sem motivo;
14) Baixa autoestima;
15) Muita autoconfiança;
16) Ansiedade;
17) Medo;
18) Gagueira;
19) Tiques e manias;
20) Depressão;
21) Afecções da pele sem causa aparente;
22) Obesidade – anorexia – bulimia;
23) Drogas;
24) Comportamento delinquente;
25) Tentativa de suicídio.”( SILVA, et al, 2009 apud PFEIFFER, Luci, 2004, p 207)
Fica aqui demonstrado neste Artigo o sofrimento de muitas crianças vítimas de
Abusos, que frequentam a escola e como já foi dito, normalmente será na escola onde o
professor identifica diferenças de comportamento ou marcas em seus alunos então esta
vítima passa a ter voz.
Por isso a importância do debate, da análise e acima de tudo, documentar estas
barbáries, a fim de que os abusadores saibam que existem pessoas e pessoas de
autoridade que tratam estas questões com ímpetoe responsabilidade e que farão o
possível para que sejam punidos e reprendidos dentro das leis.
11
Aos professores a importância de saber lidar em sua docência com situações tão
adversas como o abuso infantil e ter um referencial de como enfrentar estas situações e
como manter o equilíbrio emocional e pedagógico em sala de aula.
Não só os professores testemunham esta realidade que acontece todos os dias,
mas enfermeiros, médicos, assistentes sociais, pedagogos, auxiliares de educação e
saúde, como o fator humano capaz de aferir e noticiar os maus-tratos sofridos pelas
crianças.
São estas pessoas, que testemunham a maioria dos fatos onde crianças estão
verdadeiramente sofrendo torturas físicas, psicológicas e morais e em face disso, têm a
responsabilidade moral e jurídica de levarem às autoridades a denúncia sobre essas
violências.
Sendo assim, explica
“A convenção Internacional dos Direitos da Criança é o suporte supranacional
ao combate dos maus tratos quando dispõe Art.19 – 01 Os Estados Partes
adotarão todas as medidas legislativas, administrativas, sociais e
educacionais, apropriadas, para proteger a criança contra todas as formas de
violência física e mental, abuso ou tratamento negligente, maus-tratos ou
exploração, inclusive abuso sexual, enquanto a criança estiver sob a custódia
dos pais, do representante legal ou de qualquer outra pessoa responsável por
ela. 02 Essas medidas de proteção devem incluir, conforme apropriado,
procedimentos eficazes para a elaboração de programas sociais capazes de
proporcionar uma assistência adequada às crianças e às pessoas
encarregadas de seu cuidado, bem como para outras formas de prevenção,
para a identificação, notificação, transferência a uma instituição, investigação,
tratamento e acompanhamento posterior dos casos acima mencionados de
maus-tratos à criança e, conforme o caso, para a intervenção judiciária”.(
SILVA , et al, 2009 ).
O enfrentamento à violência contra a criança, deve seguir todos os ritos para que
o agressor seja de fato retirado do convívio da criança e a escola deve ter todo o amparo
para realizar as denúncias.
O Estado deve oferecer toda a proteção a criança abusada e em parceria com a
escola, mantê-la no convívio escolar ressocializando-a naturalmente, sem pressa, sem
excluí-la, sem expor.
12
Esta criança carregará consigo sentimentos, lembranças, traumas, falas que
devem ser compreendidas pela equipe pedagógica, pois a situação de abuso e violência
também tem o seu percurso desde o momento em que é descoberto o fato, a denúncia
até o momento de intervenção pelas instâncias de proteção à criança.
Como já foi dito, não é fácil também para o professor conduzir esta criança da
mesma forma de uma criança que foi planejada e é amada em seu ciclo familiar.
Também não podemos afirmar que as questões de abuso contra a criança estão
relacionadas somente a pobreza e ao analfabetismo. Temos visto muitas crianças como
Henry Borel, Isabela Nardoni, Bernardo Boldrini que foram torturadas e mortas por seus
genitores e parceiros, todos de classe média e com curso superior.
Estas crianças acima mencionadas não tiveram uma segunda chance, não foram
ouvidas, sentidas ou vistas. Como o caso Henry Borel, onde apenas uma Babá comentou
com a mãe do menino que “achava” que o mesmo estava sendo agredido, inclusive
enviando um vídeo em que a criança aparecia mancando, mas a mãe se omitiu Por quê?
Henry Borel tinha como padrasto um conceituado vereador e este tinha influência na
Cidade.
Isabela Nardoni torturada e sufocada pela madrasta e jogada pelo próprio pai da
janela do apartamento onde morava com o pai, a madrasta e os dois irmãos. Alexandre
Nardoni filho de um respeitado advogado.
Bernardo Boldrini, após a morte “suspeita” de sua mãe passou sua primeira
infância e sua quase adolescência com seu pai relapso e abusivo que cometia atrocidades
contra o menino, levando o menino a vagar sozinho, sujo e faminto pelas ruas da cidade.
Ele clamou, pediu socorro, mas ninguém o ouviu. Após foi encontrado morto numa cova
rasa feita pela madrasta, enfermeira, que lhe aplicou uma injeção cuja receita estava
assinada pelo seu pai, um renomado médico.
Não podemos aceitar que casos semelhantes a esses permaneçam no silêncio e
nem que crianças continuem sendo vítimas destes abusadores, agressores cujo limite da
crueldade ultrapassa todo entendimento humano.
Durante o período de estágio supervisionado na educação infantil, tivemos relatos
alarmantes de crianças da rede de ensino particular e que eram enviadas para a escola em
dias de muito frio, desagasalhadas!
13
O docente enviava avisos para os pais, sem respostas e a escola oferecia o
agasalho para a criança, além de um chá quente.
Esta situação foi denunciada e como represália, os pais retiraram o aluno da escola
particular, fazendo a transferência para outra instituição.
A criança acima citada, não conseguia acompanhar os demais colegas,
apresentava dificuldade de concentração, não acompanhava os conteúdos, nem mesmo
os jogos e brincadeiras.
Isto também demonstra que este tipo de situação não ocorre somente em escolas
públicas, mas também em escolas particulares.
Ainda que tenhamos que enfrentar as dificuldades que certamente surgirão, não
devemos nos calar, daí a importância do debate sobre o assunto na escola.
Mateus 18-6 “Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crê em
mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho e se
submergisse na profundeza do mar.”
4. Considerações finais
Os casos de abuso contra crianças existem há muitos e muitos anos atrás. Mas
estes eram tratados de forma “normal” e aceitável não só dentro de casa, mas também
pela sociedade como por exemplo o trabalho infantil.
Em algumas “culturas” ao redor do mundo casamento infantil, venda de crianças,
trabalho escravo são aceitáveis devido a vários motivos como fome, miséria,
analfabetismo, rituais religiosos, etc...
É algo muito opressor para todos que são professores de educação infantil e para
aqueles que amam a doçura das crianças, terem em mente que não poderemos fazer algo
verdadeiramente significativo para evitar os abusos.
Diante desta situação levantamos este debate e que muitos outros surjam, a fim
de que os agressores tenham ao menos “receio” de cometer tais atos e que os omissos
venham se envergonhar da sua atitude de omissão, e tenham a consciência de que a
omissão compactua com a violência, sendo assim, o omisso também deverá ou deveria
ser punido.
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Este Artigo, preparado para professores e futuros professores da educação
infantil, teve vistas a alertar, esclarecer, diagnosticar e denunciar qualquer tipo de abuso
contra crianças.
Elas são tímidas, ainda não se situaram no mundo, elas não sabem contar para um
adulto s está sofrendo violência, porque ela não compreende ainda o que significa um
abuso.
De uns tempos para cá, observamos pessoas se degladiando, organizando e
fazendo passeatas pró ou contra certos políticos, mas não vemos ninguém organizando
passeatas e protestos com o mesmo fervor na luta contra o abuso infantil. Esta nossa
hipocrisia se sustenta porque talvez não se trate da nossa criança, mas de uma criança
desconhecida e que sofre no anonimato.
O professor deve ser encorajado, preparado, orientado para tomar as decisões a
atitudes certas diante desta situação aqui levantada.
A Secretaria de Educação deve promover nas escolas debates, reuniões com os
pais e responsáveis abordando este assunto.
O Conselho Tutelar, Delegacia de Polícia, Escolas, Cidadãos devemos todos nos dar
as mãos e procurar maneiras não só de identificar estes crimes contra as crianças, mas
também ter o apoio jurídico para condenar esses agressores e abusadores.
O que adianta termos a plena consciência de que uma criança foi agredida e
mesmo assim, enviá-la a continuar convivendo com o agressor ou com quem foi omisso?
Temos que tirar as vendas dos olhos e dar a devida e necessária atençãoas nossas
crianças, o desenvolvimento destas crianças na escola caso não sejam reparados os
traumas, elas terão sérias dificuldades de aprendizagem, socialização e posteriormente
teremos mais adultos afundados nas drogas, nos vícios, depressivos, rebeldes e de
repente até repetindo os mesmos atos que sofreram na sua infância.
O debate sobre a Docência na Educação Infantil Diante de Alunos Vítimas de
Abusos é algo de suma importância para toda a sociedade e deve ser incluído em
Programas Governamentais Federal, estaduais e Municipais; bem como nas instâncias
jurídicas, educacionais, sociais, etc...
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Assim e só assim daremos voz para aqueles que são muitas vezes reprimidos a não
falarem, mas agora sabemos que o comportamento fala o corpo fala e nós como
educadores, temos que estar alertas a estes sinais.
Referências
GAIARSA, José Agelo. Agressão, violência e crueldade. 2 ed. Gente, 1993.
KRAMER, Sonia, et al. Infância e educação infantil. Papirus, 1999.
SILVA, Paulo Vinícius Baptista da, et al. Por uma escola que protege – A educação e o
enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes. 2. ed. UEPG, 2009.
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