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Aspectos Teoricos da Educação Fisica

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Prévia do material em texto

Aspectos Teóricos da 
Educação Física
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Fabio Tomio Fuzii
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Deus à Razão: Do Pensamento Medieval ao Moderno
e a Educação Física
• Introdução
• Idade Média
• Ciência Moderna
• Revolução Industrial
• Concepção de Corpo e Movimento
 · Conhecer as características das Idades Média e Moderna e suas 
concepções de corpo e movimento e a relação com a Educação Física.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Deus à Razão: Do Pensamento Medieval 
ao Moderno e a Educação Física
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Deus à Razão: Do Pensamento Medieval 
ao Moderno e a Educação Física
Contextualização
Nesta Unidade, vamos compreender as características da Idade Média e a transição 
para a Idade Moderna. Não se trata de aprofundar cada período, mas de buscar 
elementos que nos possibilitem entender a sociedade moderna, a industrialização, 
o pensamento científico e a Educação Física que emerge nesse processo.
Veremos o início de uma “educação do físico” preocupada com a saúde e a dis-
ciplina da mão de obra das indústrias e os fundamentos científicos, que a embasam.
A Unidade pretende ajudar o futuro professor de Educação Física a entender 
melhor a área, os debates epistemológicos e a sua formação profissional.
Então, vamos começar logo nossos estudos!!!
8
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Introdução
Nos dias atuais, não é raro encontrar agentes da Educação Física em vários 
campos de trabalho, podendo citar clubes, escolas, academias e até mesmo dentro 
do terceiro setor.
Terceiro Setor: refere às organizações que não estão vinculadas ao primeiro setor (público, 
Estado) e ao segundo setor (privado, mercado). É um termo utilizado nos Estados Unidos, 
‘third sector’, para defi nir entidades da sociedade civil sem fi ns lucrativos.
Ex
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Além disso, conhecimentos que fazem parte da área também estão sendo 
veiculados nos meio de comunicação em massa prometendo e demonstrando, por 
exemplo, melhoras na saúde por meio de exercícios físicos e a importância de pensar 
as práticas esportivas para performance ou em ações educativas, influenciando o 
currículo escolar. 
Porém, há questões que se podem fazer: “Quando começou a Educação Física?”; 
“Por que a Educação Física é importante na sociedade?”; ou “Como a Educação 
Física se desenvolveu?”.
O que é Educação Física? Desde quando existe a Educação Física?
Ex
pl
or
E para responder a essas perguntas, é importante entender algumas ideias. 
Vamos a elas!
A Educação Física como conhecemos hoje é fruto da Modernidade, ou seja, 
foi por conta de uma configuração do contexto social, político e econômico que 
práticas corporais de exercícios físicos sistematizados ganharam força. 
Aqui estamos nos referindo a uma forma de intervenção na realidade social que 
surge na Europa, século XVII e XVIII, com um conteúdo higiênico e uma forma 
disciplinar voltados ao “corpo biológico”, entendida como “Educação do Físico”. 
Importante!
Se pensarmos a Educação Física como experiência educacional, vamos nos reportar 
à Antiguidade grega. Porém, naquela época, possui significados e valores difer-
entes da Educação Física que se entende na atualidade. Sendo assim, não é a mes-
ma coisa. A Educação Física que vamos estudar é no prisma do campo acadêmico, 
profissional e epistemológico.
Importante!
9
UNIDADE Deus à Razão: Do Pensamento Medieval 
ao Moderno e a Educação Física
Dito isso, percebe-se a necessidade de entender o que provocou a valorização 
dessas práticas corporais. Assim, vamos entender a seguir dois períodos históricos: 
a Idade Média e a Idade Moderna.
Idade Média
O que vamos abordar nessa seção não é uma análise profunda da Idade Média, 
mas se trata de identificar algumas características que nos ajudarão a compreender 
a sociedade em que nós vivemos.
A Idade Média é um período que engloba do século V ao século XV e que também 
foi chamada de “Idade das Trevas” ou “Idade da Fé” por conta da interferência 
religiosa que tinha poder central na organização social-política da Europa.
Documentário explicativo sobre a Idade Média: https://youtu.be/Z5I__iL2VJ8
Ex
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Sobre o período, é interessante entender como se organizou o Sistema Feudal, 
ou Feudalismo. Trata-se de um sistema social de servidão, ou seja, havia servos da 
gleba que eram obrigados a prestarem serviços em troca da permissão do uso da 
terra e de proteção.
Assim, na Idade Média, a posse da 
terra significava poder político e eco-
nômico. E quem tinha todo esse poder 
era o senhor feudal. Os donos de feu-
do eram os homens livres que se orga-
nizavam em uma escala hierárquica. 
Um senhor feudal menor se unia, por 
juramento de fidelidade, a um senhor 
feudal mais importante. O feudo fazia 
suas leis, tinha sua moeda, seus tribu-
nais, seu sistema de defesa. É claro que 
havia feudos mais importantes e menos 
importantes (LARA, 1988, p.22)
O Estado medieval era uma rede 
hierárquica de senhores feudais e no 
ápice estava o rei.
Figura 1 - A imagem tenta ilustrar a Idade Média. São 
grandes propriedades de terras uma ao lado da outra
Fonte: Acervo do Conteudista
Outros elementos importantes do Feudalismo são os burgueses, os pequenos 
comerciantes e os artesãos. Sem poderes políticos, embora homens livres, os 
burgueses habitam os burgos, cidades surgidas em torno do castelo.
10
11
Com o desenvolvimento do comércio, os burgueses vão aos poucos ganhando 
força, ao mesmo tempo em que surgem elementos que irão por fim ao Feudalismo. 
Portanto, atenção a essa classe, pois na Idade Moderna eles conseguirão impor 
seus valores para a sociedade.
Figura 2 - O sistema feudal tinha uma estrutura hierárquica bem defi nida
Fonte: umjornalismosocial.wordpress.com
Explore o vídeo, no mesmo documentário anterior, o trecho que explica sobre o feudalismo: 
https://youtu.be/Z5I__iL2VJ8?t=4m37s
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Entendida basicamente a estrutura da Idade Média, vamospara o próximo passo, 
que se trata de compreender a sua doutrina, o Teocentrismo.
Teocentrismo
Importante para compreender a Idade Média é sua doutrina teocêntrica. Para 
isso, é preciso saber que a Europa inteira se considerava cristã e que havia apenas 
uma Igreja, cujo chefe era o Papa. 
O Papa era uma autoridade real e política sobre toda a Europa, e não apenas um 
chefe religioso. Portanto, podemos dizer que a Igreja tinha monopólio e domínio 
cultural sobre toda a Europa. 
Teocentrismo: signifi ca “Deus no centro”, na etimologia da palavra. Segundo o dicionário 
Michaelis: “Crença ou doutrina que considera Deus o centro de tudo”.
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UNIDADE Deus à Razão: Do Pensamento Medieval 
ao Moderno e a Educação Física
Dessa forma, o que se tinha era uma visão da vida baseada em princípios da Religião, 
admitindo que Deus revelava ao homem os caminhos para se viver e a ordem social. 
Apesar de os medievais reconhecerem a razão humana para raciocinar e 
inventar, não havia questionamentos de uma verdade suprema que o homem não 
consegue atingir. Essas verdades são revelações divinas. Porém, a única capaz de 
conhecer essas verdades e divulgá-las é a Igreja.
Importante!
Na Idade Média, surgiram as cidades, a Universidade, o relógio; existiam as corporações de 
ofício etc. Porém, as descobertas da razão nunca poderiam estar em oposição às verdades 
reveladas por Deus, um Deus cristão. As outras crenças eram rejeitadas e marginalizadas.
Importante!
Assim sendo, a hierarquização da Sociedade Medieval era considerada vontade 
de Deus, do modo que não havia espaço para contestação da ordem social. Quem 
nascia servo iria morrer servo, pois assim se cumpria uma vontade divina. E quem 
nascia na nobreza ou senhor feudal também estava cumprindo essa mesma vontade. 
Portanto, a Igreja, com o poder que tinha (pensamento teocêntrico) não dava 
espaço para outras formas de ver o mundo além de ser uma forma de manutenção 
do status quo. 
Status quo: Significa estado atual. A expressão aqui está sendo utilizada para manter ou 
defender a condição atual de sociedade. https://goo.gl/8NAaqm
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Porém, o Feudalismo começa a entrar em declínio e, por consequência, o pen-
samento teocêntrico. A sociedade feudal começa a se desintegrar por razões diver-
sas, entre elas, a ascensão do comércio, a nova atividade econômica que tomará 
conta da Europa.
Explore o vídeo que explica algumas razões do declínio do Feudalismo: https://youtu.be/1Ax3bLJetrY
Explore o vídeo que explica algumas razões do declínio do Feudalismo: https://youtu.be/1fmrfq8ojMUEx
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Com o crescimento do comércio, a Burguesia também tem sua ascensão social 
e política. Assim, a Europa começa a assistir, do século XV ao final do século XVIII, 
a luta da Burguesia para ascender ao poder político.
Para isso acontecer, não será mais aceito o Teocentrismo. Com a Burguesia, 
haverá a valorização de outra forma de pensar. Por isso, na próxima parte desta 
Unidade, vamos falar do Antropocentrismo. 
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Antropocentrismo
Como visto nas páginas anteriores, com o Feudalismo se dissolvendo, a 
ascensão do comércio produziu profunda modificação na ordem social e despertou 
contestação e alternativas das bases da sociedade medieval.
O homem burguês agora tem prestígio e poder, tenta reelaborar a vida social 
e política da Europa; porém, sem se basear numa cultura religiosa, fundamentada 
pela Igreja, mas com base na razão. É a valorização da Humanidade, sua razão, seu 
sentimento, suas forças que serão clamadas para descobrir a verdade.
A essa valorização do homem, que começa como um movimento literário, mas 
engloba a expressão do acontecer do homem em oposição ao Teocentrismo me-
dieval, chamamos de Humanismo.
É a filosofia humanista que propõe o Antropocentrismo: o deslocamento de 
Deus para se colocar o homem no centro das explicações do mundo. Agora o 
homem se lança ao descobrimento, ele não é mera criatura, mas se coloca como 
protagonista que, por meio da racionalidade, conhece melhor a natureza. É um 
entusiasmo de liberdade, individualidade, criatividade e enriquecimento:
Neste sentido, as grandes navegações eram um símbolo eloquentíssimo. 
É o novo homem, enfrentando o mar bravio e profundo, desafiando, na 
sua pequenez, a grandeza dos abismos, a fim de descobrir-se infinito em 
possibilidades (LARA, 1988, p.29).
Veja uma breve explicação sobre o Antropocentrismo em: https://goo.gl/q0l4Cw
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Importante!
Antropocentrismo não quer dizer que o homem não acredita mais em Deus e nega 
sua existência. Não se trata de ateísmo. Por exemplo, a Reforma Protestante é 
um acontecimento antropocêntrico, pois existe a valorização do homem na livre 
interpretação da Bíblia, sem a ação da Igreja.
Importante!
Aqui podemos falar que a Idade Média ficou para trás e estamos na chamada 
Idade Moderna. 
A Modernidade, ou Idade Moderna, caracteriza-se pela ruptura com o pensamento 
medieval, com o processo de consolidação do Mercantilismo, dos Estados-Nação e 
do fortalecimento das monarquias nacionais europeias.
É o período de uma nova organização política e social pelo desenvolvimento da 
Ciência Moderna. 
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UNIDADE Deus à Razão: Do Pensamento Medieval 
ao Moderno e a Educação Física
Ciência Moderna
Para entender a Ciência Moderna, é importante lembrar que se trata de um novo 
saber, em oposição ao Teocentrismo, trazendo as promessas do Antropocentrismo. 
Portanto, o homem será posto em desafio para conhecer o mundo e para isso irá 
apelar para a razão.
É a Ciência Moderna que vai dar conta dos desafios das grandes navegações, por 
exemplo. As explicações da natureza não serão mais por mitos ou vontade divina, 
mas entra em cena a observação, a experimentação, a formulação de hipóteses, 
descobrimento de fenômenos e as teorias capazes de explicá-las. Ou seja, estamos 
falando do Método Científico. 
O Racionalismo e o Empirismo irão contribuir para o rigor e a exigência de 
um método para chegar ao Conhecimento. Nesse processo, alguns nomes foram 
importantes para a Ciência Moderna e como nós acessamos hoje a ideia de Ciência.
Figura 3 - Francis Bacon (1561-1626)
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 4 - Galileu Galilei (1564-1642)
Fonte: Wikimedia Commons
Francis Bacon (1561-1626) foi um empirista inglês. Suas contribuições foram decisivas para a 
Ciência Moderna.
Galileu Galilei (1564-1642) é um matemático, físico e astrônomo. Foi considerado o pai da 
Física Moderna.
Desse modo, a expressão mais completa da Ciência foi a Física, o entendimen-
to de que os fenômenos podem ser explicados por leis e traduzidos em fórmulas 
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matemáticas. O mecanicismo, a concepção que o mundo é regido por processos 
mecânicos, foi a perspectiva científica predominante.
Figura 5 - Isaac Newton (1643-1727)
Fonte: Wikimedia Commons
A Física tem como um grande nome Isaac Newton (1643-1727), que explicou a Lei da Gravitação 
Universal e as Três Leis de Newton, a base para a Mecânica Clássica.
Introdução à Filosofi a da Ciência: https://goo.gl/PXe3dF
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Todas as explicações e os avanços da Ciência com consistência teórica e 
metodológica vão produzindo um ambiente de excitação ao novo momento que 
viveu a Europa. É a certeza de que a Idade das Trevas ficou para trás. Sobre o 
assunto, vamos discutir um pouco na próxima seção. 
Iluminismo
Com o otimismo no novo tipo de saber, a Ciência Moderna e as profundas trans-
formações socioeconômicas que a Europa vinha passando, no século XVII emerge 
um movimento denominado Iluminismo.
As perspectivas filosóficas empiristas e racionalistas, com sua maneira de entender 
a realidade e marcar o método da Ciência Moderna, encontram-se em estado de 
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UNIDADE Deus à Razão: Do Pensamento Medieval 
ao Moderno e a Educação Física
euforia. A simbologiadesse momento é a luz que representa a razão humana, que é 
capaz de iluminar as trevas da ignorância que assombrou a Humanidade no passado. 
No Iluminismo, a razão, a luz, é defendida com todas as forças pela elite intelectual, 
que se recusa a qualquer explicação que remeta à tradição medieval. É a esse período que 
se credita a criação da Enciclopédia Moderna, uma obra extraordinária de 27 volumes.
O movimento iluminista ecoou na sociedade como um todo. A economia e a 
política também sofrem impactos dos ideais iluministas, dando origem a outros 
movimentos, como o Liberalismo.
Liberalismo
Pode-se dizer que o Liberalismo é uma face do Iluminismo e é amplamente enrai-
zado na Burguesia. A defesa pela liberdade é a bandeira que se levanta nesse movi-
mento, influenciando duas áreas específicas: a econômica e a política.
Na Economia, o Liberalismo defende um livre comércio, já que os burgueses se 
viam prejudicados pelo excesso de leis (ainda feudais) e das intervenções do Estado. 
Procurando se desvencilhar dessas amarras, o Liberalismo econômico entende 
que a melhor forma de se chegar a uma ordem econômica é deixar as atividades 
comerciais completamente livres, entregues à Lei da Oferta e da Procura. Ficou 
famoso o lema liberal laissez-faire, laissez-passer (deixe fazer, deixe passar).
Consequentemente, na área política, os liberais defendem a mínima intervenção 
do Estado, pois entendem que os indivíduos são livres para ser e agir e não há 
razão para um poder centralizador absoluto. O individualismo é determinante na 
concepção liberal. 
Sem dúvida, o Liberalismo vai de encontro aos interesses da burguesia que en-
riqueceu, ganhou poderes e está interessada no desenvolvimento do novo sistema 
social vigente, o Capitalismo.
É nesse ponto que se faz necessário entender a Revolução Industrial.
Revolução Industrial
Com todo esse cenário de mudanças na Europa, um fato em particular provocou 
uma grande transformação, a Revolução Industrial. Essa Revolução foi a passagem 
da manufatura (produto de um trabalho artesanal) para a maquinofatura (uso de 
máquinas para a produção). Começou na Inglaterra, com as famosas máquinas de 
tear das indústrias de tecido de algodão. 
Isso provocou aumento na produção e surgimento do trabalhador assalariado, a 
quem agora só resta vender a sua mão de obra. Por exemplo: a figura do artesão 
entrou em declínio e passou a entrar em cena a relação entre patrão (detentor dos 
meios de produção) e trabalhador (proletariado), que vende sua força de trabalho 
em troca do salário. 
16
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Figura 6 - Maquinotatura - Produção Têxtil
Fonte: Wikimedia Commons
Figura que retrata a maquinotatura. Observe as máquinas sendo operadas por trabalhadores na 
produção têxtil. No caso, não apenas homens adultos, mas mulheres e crianças também foram 
colocadas nas linhas de produção.
Importante entender que a Revolução Industrial provocou o êxodo rural pela 
necessidade de mão de obra nas indústrias e pela diminuição do trabalho no campo. 
O crescimento populacional urbano começou a superar o rural. No século XX, 
a população urbana é muito superior à rural; porém, o processo iniciou-se na 
Revolução Industrial. Claro que o processo não ocorreu de forma planejada. O que 
ocorreu foi a precarização na qualidade de vida daqueles que viviam nas cidades 
(exceto para aqueles detentores do capital, lógico). 
Essa urbanização pela necessidade de mão de obra revela a preocupação que se 
tem com a produção e o desenvolvimento da indústria. Dessa forma, o olhar para essa 
mão de obra e para a urbanização provocou também um olhar para o corpo humano.
O corpo humano, na Modernidade, passa a ser entendido pela perspectiva ra-
cionalista e empirista, sendo investigado e estudado pela Ciência. A mecanização 
também se faz presente. 
Tudo isso porque agora o corpo humano também é concebido como engrenagem 
do sistema. No caso, mais uma peça da máquina da Revolução Industrial. Sendo 
uma máquina, ele pode ser ajustado para produzir bons rendimentos. 
É nesse contexto que emerge a Educação Física como forma de intervenção 
na realidade social. Irão surgir métodos de exercícios físicos, cientificamente 
fundamentados, para modificar o corpo da sociedade. Portanto, será necessário, 
para o desenvolver da indústria, um corpo forte e saudável capaz de aguentar as 
extenuantes jornadas de trabalho para o aumento da produção.
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UNIDADE Deus à Razão: Do Pensamento Medieval 
ao Moderno e a Educação Física
Concepção de Corpo e Movimento
Para aprofundar a discussão da concepção de corpo presente na Modernidade, 
vamos realizar uma breve volta à Idade Média. 
Na Idade Média, por conta de ser uma sociedade centrada na Igreja, o corpo foi 
interpretado como algo oposto e com menor valor do que a alma. A civilização cristã 
impôs uma concepção de corpo como algo proibido, cujos desejos é preciso combater. 
Assim, no período medieval, foram elaboradas técnicas coercitivas sobre o corpo 
na forma de execuções públicas, autoflagelo e outras punições. O corpo é perverso 
e a salvação se dá pela alma. 
No entanto, a Modernidade veio para quebrar esse paradigma medieval. O 
Antropocentrismo entende que o corpo é algo que pode ser investigado, descrito e 
analisado. Estudos anatômicos e biomecânicos do corpo foram propostos.
Figura 7 - A lição de Anatomia do Dr. Tulp, 1632
Fonte: Wikimedia Commons
A lição de Anatomia do Dr. Tulp, 1632. A obra passa a visão do corpo como objeto de investigação 
e dominação científica.
Na Revolução Industrial, o que se vê é uma ideia de corpo como produtor de 
rendimentos. O corpo passa a ser encarado como uma unidade produtiva da 
indústria capitalista e que, portanto, deve ser mantido permanentemente saudável.
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Figura 8 - O Homem Vitruviano
Fonte: Wikimedia Commons
A obra “Homem Vitruviano”, de Leonardo da Vinci, ilustra a concepção mecanicista do corpo pela 
sua simetria, a inserção geométrica, dando a impressão de movimento perfeito.
O movimento pode ser explicado de forma mecânica, de maneira a elaborar 
técnicas e práticas sobre o corpo, que passa a ser a expressão física do capital, que 
precisa da sua força para fazer funcionar as máquinas das indústrias e garantir o 
progresso da sociedade. 
Como falamos anteriormente, é nesse contexto que emerge a Educação Física e o 
seu desenvolvimento é o que nós conhecemos atualmente. 
Antes da Modernidade, não havia condições socioeconômicas para compreender 
o corpo tal qual o faz a Ciência Moderna: “No corpo, estão inscritas todas as regras, 
todas as normas e todos os valores de uma sociedade específica, por ser ele o meio de 
contato primário do indivíduo com o ambiente que o cerca” (DAOLIO, 1995, p.105).
Era possível desenvolver uma Educação Física na Idade Média?
Ex
pl
or
A Educação Física surge com a promessa de modificar os corpos de acordo 
com a exigência da sociedade capitalista. Será por meio de exercícios físicos que se 
pretende alcançar um corpo ágil, disciplinado e saudável. 
Cuidar do corpo é cuidar da nova sociedade em construção. Afinal, a força de 
trabalho produzida e posta em ação pelo corpo é fonte de lucro.
Nesse contexto de Revolução Industrial e urbanização, os hábitos de higiene 
ganharão grande importância. A figura do médico higienista será decisiva para 
questões de políticas públicas e do desenvolvimento da Educação Física. 
Porém, isso será assunto para a próxima Unidade.
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UNIDADE Deus à Razão: Do Pensamento Medieval 
ao Moderno e a Educação Física
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
O que é Modernidade?
https://goo.gl/dpyohx
Revolução Industrial
https://goo.gl/1kCxLg
 Livros
Elementos para compreender a modernidade do corpo numa sociedade racional
SILVA, A. M. Elementos para compreender a modernidadedo corpo numa sociedade racional. 
Cadernos Cedes, ano XIX, nº 48, agosto, 1999.
A Educação Física na Crise da Modernidade
FENSTERSEIFER, P. E. A educação física na crise da modernidade. 1999. 194f. Tese (Doutorado 
em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1994.
20
21
Referências
BARBOSA, M. R.; MATOS, P. M.; COSTA, M. E. Um olhar sobre o corpo: o 
corpo ontem e hoje. Psicologia e Sociedade, v.23, n.1, p.24-34, 2011.
DAOLIO, J. O significado do corpo na cultura e as implicações para a Educação 
Física. Movimento, Ano 2, n.2, p.24-28, jun., 1995.
LARA, T. A. Caminhos da razão no ocidente. 3.ed. Petrópolis: Vozes, 1988.
SURDI, A. C.; KUNZ, E. O pensamento moderno e a crise na Educação Física. 
Roteiro, Joaçaba, v.32, n.1, p.7-36, jan./jun. 2007.
21