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Monografia Violência Contra Mulher

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RATIO – FACULDADE TEOLÓGICA E FILOSÓFICA
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
ERLANIA TEIXEIRA PINHEIRO
A LEI MARIA DA PENHA COMO INSTRUMENTO PARA REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: Uma análise bibliográfica
Fortaleza - CE
2017
ERLANIA TEIXEIRA PINHEIRO
A LEI MARIA DA PENHA COMO INSTRUMENTO PARA REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: Uma análise bibliográfica
Trabalho de Conclusão de Curso submetido à aprovação do Curso de Bacharelado em Serviço Social pela Faculdade Teológica Ratio, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.
Orientador (a): Prof. (a) Ms. Luciana Gomes Marinho
Fortaleza - CE
2017
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	04
2. O HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER	07
3. A MULHER NOS DIAS ATUAIS	09
4. ARRANJOS FAMILIARES	10
5. FACES DA VIOLÊNCIA	12
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS	18
REFERÊNCIAS	19
INTRODUÇÃO
A referente pesquisa aborda a função social da Lei Maria da Penha, Lei n° 11.340 de 07 de agosto de 2006, na perspectiva da prevenção à violência contra a mulher. O estudo tem o objetivo de mostrar a importância da lei como mecanismo de garantia dos direitos da mulher, sendo necessário, nesse contexto, conceituar a violência de gênero, apontar os aspectos inovadores trazidos pela norma jurídica - a mesma proporciona que o acesso à justiça, pela mulher vitimada, seja efetivo e eficaz - e apresentar a atuação do profissional de serviço social na garantia e defesa dos direitos da mulher.
Pesquisa feita pelo Datafolha e encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança, divulgada no dia Internacional da Mulher, 08 de março de 2017, mostra que 22% das brasileiras sofreram ofensa verbal no ano passado, um total de 12 milhões de mulheres. Além disso, 10% das mulheres sofreram ameaça de violência física, 8% sofreram ofensa sexual, 4% sofreram ameaça com faca ou arma de fogo. E ainda: 3% ou 1,4 milhões de mulheres sofreram espancamento ou tentativa de estrangulamento e 1% levou pelo menos um tiro. A pesquisa mostrou que, entre as mulheres que sofreram violência, 52% se calaram. Apenas 11% procuraram uma delegacia da mulher e 13% preferiram o auxílio da família.
E o agressor, na maior parte das vezes, é um conhecido (61% dos casos). Em 19% das vezes, eram companheiros atuais das vítimas e em 16% eram ex-companheiros. As agressões mais graves ocorreram dentro da casa das vítimas, em 43% dos casos, ante 39% nas ruas.
O levantamento do Datafolha apontou que 40% das mulheres acima de 16 anos sofreram algum tipo de assédio, o que inclui receber comentários desrespeitosos nas ruas (20,4 milhões de vítimas), sofrer assédio físico em transporte público (5,2 milhões) e ou ser beijada ou agarrada sem consentimento (2,2 milhões de mulheres). Os assédios mais graves aconteceram entre adolescentes e jovens de 16 a 24 anos e entre mulheres negras. Só entre as vítimas de comentários desrespeitosos, 68% eram jovens e 42% mulheres negras. Já em assédio físico em transporte público, 17% eram jovens e 12% negras.
E esse tipo de violência todo mundo percebe. Cerca de 66% dos brasileiros presenciaram uma mulher sendo agredida fisicamente ou verbalmente em 2016. E, em vez de o cenário ter melhorado, a sensação da maioria dos brasileiros (73%) é de que a violência contra a mulher aumentou ainda mais na última década. A maior parte das mulheres (76%) acreditam no mesmo.
Nesse contexto, foi criada a Lei Maria da Penha, Lei n° 11.340 de 07 de agosto de 2006, a fim de conscientizar as pessoas sobre a necessidade de proteger física, social e psicologicamente a saúde da mulher, além de ser uma forma coercitiva para frear os abusos provocados pelo agressor.
Vale ressaltar a importância da socialização da lei e dos movimentos feministas por atuarem incansavelmente para torná-la conhecida por toda sociedade, pois é sabido que as leis são importantes e que representam uma vitória para as mulheres que durante séculos foram vistas como propriedades de seus maridos, pais e irmãos. Sendo assim, esta Lei é um valioso instrumento que propõe romper essa permissão social historicamente inculcada em nossa sociedade.
A Categoria Gênero
Segundo PISCITELLI, “(...) o conceito de gênero, desenvolvido no seio do pensamento feminista, foi inovador em diversos sentidos.” (p. 2). 
A ideia central era de que na verdade, o “masculino” e o “feminino” eram socialmente construídos, ou seja, não eram as características sexuais em si que diferenciava a postura de homens e mulheres, mas quais destas características eram valorizadas. No caso, as características que remetiam ao plano do masculino eram destacadas pela sociedade, sendo o feminino dessa forma, relegado a segundo plano, oprimido. Nas palavras de LOURO:
“É necessário demonstrar que não são propriamente as características sexuais, mas é a forma como essas características são representadas ou valorizadas, aquilo que se diz ou se pensa sobre elas que vai constituir, efetivamente, o que é feminino ou masculino em uma dada sociedade e em um momento histórico. Para que se compreenda o lugar e as relações de homens e mulheres numa sociedade importa observar não exatamente seus sexos, mas sim tudo o que socialmente se construiu sobre os sexos” (2007, p. 21).
Dessa forma, se as características destacadas como femininas eram a calma, a obediência e a submissão, era dessa maneira que as mulheres deveriam agir para não serem consideradas subversivas ou transgressoras da ordem social. Da mesma maneira, se as características que remetiam ao plano do masculino eram a rigidez, a força e a racionalidade, os indivíduos do sexo masculino deveriam agir dessa maneira para serem considerados “homens”. Assim, a opressão à qual as mulheres eram submetidas também era fruto da constituição social.
Sobre o conceito de gênero, PISCITELLI diz:
“Ele foi produto, porém, da mesma inquietação feminista em relação às causas da opressão da mulher. A elaboração desse conceito está associada à percepção da necessidade de associar essa preocupação política a uma melhor compreensão da maneira como o gênero opera em todas as sociedades, o que exige pensar de maneira mais complexa o poder.” (p. 11).
Importante destacar que não se pretendia negar o plano biológico, mas destacar o impacto e a influência do social perante a constituição do indivíduo. Segundo LOURO (2007, p. 22), “(...) não há, contudo, a pretensão de negar que o gênero se constitui com ou sobre corpos sexuados”. 
A Categoria Mulher
Seguindo a ALVES e PITANGUY (1985), percebemos que no contexto do processo do que hoje resultou o “Ocidente”, desde a Grécia, as mulheres são herdeiras do silêncio, de um apagamento e falta de reconhecimento de suas vidas. As autoras nos lembram de que as mulheres, juntamente com os escravos, não gozavam do título de “cidadão” e, portanto, não eram entendidos e reconhecidos como pessoas de “maior valor”, livres e capazes. 
Desde esses tempos, às mulheres couberam atividades reprodutivas, “dentro de casa” e entendidas como de “menor valor”. Faziam, e ainda fazem, uma associação correlata entre mulher e corpo (esta compreendida como inferior), homem e mente (este compreendido como superior). Essa associação foi sustentada por nomes importantes como Platão, Aristóteles, René Descartes, carregada até nossos tempos, sobretudo, como base de conhecimentos.
A situação das mulheres continua semelhante ou até pior em todos os tempos: Idade Média, Renascimento, Revolução Industrial. Nesse sentido, o feminismo sempre procurou, em sua prática, como afirmam ALVES e PITANGUY (1985), “superar as formas de organização tradicionais, permeadas pela assimetria e pelo autoritarismo” (p. 8). É claro, é difícil “estabelecer uma definição precisa do que seja feminismo, pois este termo traduz todo um processo que tem raízes no passado, que se constrói no cotidiano, e que não tem um ponto predeterminado de chegada” (p. 7). 
Pertencem a esse processo de busca de superação de estruturas dominantes, que são tanto materiais quanto simbólicas, conquistas como o direito ao voto, o direito ao ingresso no mercadode trabalho e certa igualdade de salários e condições de trabalhos (se bem que este ponto é bem questionável). Pertencem a esse processo conquistas como as escritas desmobilizadoras de Betty Friedan, Simone de Beauvoir, Heleieth Saffioti, entre tantas outras.
Certamente, o dia “8 de março” como “Dia Internacional da Mulher” também pertence as conquistas desse processo, ainda que tenhamos que pensar melhor sobre o que esse dia significa e o que deveria ser feito. E, certamente, ainda há muito para se batalhar e conquistar: o direito ao aborto, por exemplo.
O feminismo está sempre em movimento e problematiza um ideal dominante de “humano”, nos fazendo sempre e sempre pensar na questão do reconhecimento, de como alguém chega a ser re-conhecido. Às vezes, pode ser que quando nomeamos o dia “8 de março” ou o “Dia Internacional da Mulher”, ou que seja o dia 8 de março como o “Dia Internacional da Mulher”, nós estamos apenas nomeando um problema que não está resolvido. Seja no contexto da Grécia antiga, em 1857, ou nos tempos atuais, as mulheres, como nos diz JUDITH BUTLER (2006), as mulheres não estão totalmente incluídas no marco do “humano”. Suas vidas, em razão das implicações sociais construídas em torno de ser desse gênero, tornam-se mais precárias do que a vida é em si mesma. As mulheres têm sido construídas e, ao mesmo tempo, exploradas como vidas “menos humanas”, como vidas de “menor valor”. Além do mais, quanto mais estão implicadas num processo de outridade, as mulheres são mais exploradas do que nunca.
Inclusive, dentro dos próprios setores da teoria e do movimento feminista, a categoria das mulheres tem sido feita e desfeita. E tal tarefa, realmente, deve acontecer, principalmente quando em alguns momentos, a categoria das mulheres foi usada para ânimos de exclusão, para excluir parte da clientela que buscava representar mesmo. Essa desconstrução e reconstrução é bastante necessária e proveitosa, uma vez que, como diria BUTLER (2010), a crítica feminista “tem de explorar as afirmações totalizantes da economia significante masculinista, mas também deve permanecer autocrítica em relação aos gestos totalizantes do feminismo”. É certo que se o feminismo não empreende uma autocrítica em relação a si mesmo, ele corre o risco de se tornar tão opressor quanto às opressões que procura combater.
A Categoria Violência Doméstica
Segundo MINAYO (2006), a violência não é uma, mas múltipla. Seu vocábulo possui origem latina e vem da palavra vis, que quer dizer força e se refere às noções de constrangimento e de uso da superioridade física sobre o outro. Ainda segundo a autora, quem analisa os eventos violentos descobre que eles se referem a conflitos de autoridade, a lutas de poder e a vontade de domínio, de posse e de aniquilamento do outro ou de seus bens.
Em sentido jurídico, a violência é compreendida como forma de constrangimento físico ou moral, o emprego da força física ou moral para alcançar fim ilícito ou não desejado pela pessoa que a sofre, podendo assumir a forma de coação (PARODI & GAMA, 2009).
No que se refere à violência doméstica, JESUS (2010) afirma que esta pode ser definida segundo duas variáveis: quem agride e onde agride. Assim, para que a violência sofrida por uma mulher esteja enquadrada na categoria “conjugal”, é necessário que o agressor seja uma pessoa que frequente sua casa, ou cuja casa ela frequente, ou que more com ela – independente da denominação: marido, noivo, namorado, amante, etc. Já o espaço doméstico, torna-se a segunda variável, delimitando o agressor como pessoa que tem livre acesso a ele.
Segundo o art. 5º da Lei nº 11.340/2006 fica configurada a violência doméstica e familiar contra a mulher, na ocorrência de qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, no âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto. Ainda segundo preceituado artigo, o âmbito da unidade doméstica é compreendido como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar e, inclusive as esporadicamente agregadas; o âmbito da família é a unidade formada por indivíduos que são e se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa e; por fim, ocorre a relação íntima de afeto quando a vítima e o agressor convivam ou tenham convivido, independente de coabitação. Neste sentido, SOUZA (2007) afirma que “estará fora do âmbito de proteção desta Lei se a agressão for praticada por uma pessoa que não mantenha vínculo de afetividade íntima, doméstico ou familiar com a vítima, caso em que se aplicam as regras processuais gerais e as da Lei 9.099/95”.
Segundo a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a violência contra a mulher - “Convenção de Belém do Pará” (1994), entende-se por violência contra a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado.
Essa violência se expressa em diversas formas, tais como violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, e, normalmente, é exercida no âmbito das relações de intimidade, tendo como principal causador alguém que já manteve, ou ainda mantém, uma relação íntima com a vítima.
A violência doméstica é considerada uma violência baseada no gênero. Scott (1995) conclui que gênero é uma forma de referenciar a construção social das diferenças entre os sexos, hierarquizando essas diferenças dentro de uma maneira de pensar engessada e dual. A autora não nega que existem diferenças entre os corpos sexuados, mas sim ressalta as formas como se constroem significados culturais para essas diferenças, comumente expressas por meio de relações hierárquicas. Segundo Louro:
Gênero se constitui na prática social que se dirige aos corpos. O conceito pretende se referir ao modo como as características sociais são compreendidas e representadas. Na medida em que o conceito afirma o caráter social do feminino e do masculino obriga [...] levar em consideração as distintas sociedades e os distintos momentos históricos [...] o conceito passa a exigir que se pense de modo plural, acentuando que os projetos e as representações sobre mulheres e homens são diversas. (LOURO, 1997, p. 22-23).
Percebemos que muitas mulheres que sofrem violência se sentem desestimuladas para enfrentar tal situação, deixando muitas vezes de procurar uma delegacia para prestar queixa, ou não dando prosseguimento à denúncia. O medo, a vergonha, a dependência financeira, a insegurança, existem várias situações que levam essas mulheres a permanecerem nesse ciclo.
A Lei Maria da Penha configura-se como um mecanismo especial de proteção que toma como base o gênero da vítima, sendo um importante marco na efetivação da política para as mulheres, pois com a tipificação da violência praticada no âmbito doméstico familiar e afetivo como crime, esses delitos passaram a serem julgados nos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos especializados do Judiciário criados para a aplicação da Lei Maria da Penha, ou, enquanto esses não existirem, nas Varas Criminais (BRASIL, 2011). Contudo, é importante salientar que, apesar da Lei n.º 11.340/2006 trazer algumas inovações e benefícios, como uma série de medidas protetivas de urgência, reforçando a atuação das Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAM), da Defensoria Pública e do Ministério Público e dos demais serviços, como o Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS, que compõem a rede de serviços de atenção à mulher, muito ainda precisa ser repensado para que ocorra a verdadeira efetivação dos direitos das mulheres, especialmente no que tange ao direito de viverem sem violência.
Vale ressaltar, que a comunidade ao se omitir a respeito dessa violência, contribui de forma indireta com sua permanência. Antes, a Lei Maria da Penha previa que, em casos de lesões corporais leves, o agressor só seria processadose a mulher agredida fizesse uma queixa formal. Contudo, foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal no dia 9 de fevereiro de 2012, que qualquer pessoa pode denunciar casos de agressão contra mulheres.
Segundo GROSSI (1996), a Organização Mundial de Saúde (OMS) passa reconhecer a violência doméstica contra a mulher como uma questão de saúde pública. Segundo a OMS, a violência contra a mulher além de gerar danos enormes à integridade física e emocional da mulher, também aumenta os gastos no setor da saúde, pois muitas vezes o círculo se torna vicioso, ou seja, cheio de “idas e vindas”.
É necessário que a mulher seja tratada de forma digna e respeitosa por toda a sociedade. Porém, enquanto isso não acontece, as mulheres precisam romper as barreiras do silêncio, da vergonha, do medo e principalmente da crença da impunidade para esses delitos. Somente dessa forma, teremos uma redução desse tipo de violência, uma vez que nem todas as mulheres denunciam seus agressores, mas buscam alternativas e medidas que possam evitar novas agressões a fim de preservar seus direitos.
Essa pesquisa também contribui na formação de profissionais com uma nova consciência social, que atuam nos espaços sociocupacionais na defesa de direitos e na gestão de políticas públicas, participando e fortalecendo a rede de atenção as mulheres em situação de violência contribuindo para uma abordagem emancipatória.
Nesta perspectiva de enfrentar essa complexa situação, a Lei 11.340, é dotada de mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres e da Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher.
Conforme GOMES (2007), a violência contra a mulher não é somente um problema de segurança, de justiça, de educação ou de saúde, mas representa uma verdadeira diversidade de fatores formada por todos esses componentes, são necessárias ações interdisciplinares entre os diferentes campos do conhecimento e Instituições Sociais. Nesse contexto, é de grande importância à promoção de políticas públicas de combate a violência doméstica e familiar contra a mulher, tendo em vista que esse tipo de violência atinge todas as esferas da sociedade.
Metodologia
Como objeto de estudo deste trabalho, iremos através da pesquisa bibliográfica e exploratória, buscar conhecer os diversos posicionamentos e contribuições de autores, a respeito da Lei Maria da Penha; a atuação desse instrumento jurídico para coibir a violência doméstica contra a mulher; entender como se processa este tipo de violência em nossa sociedade; compreender as principais formas de violência doméstica contra a mulher e as políticas públicas de enfrentamento; além de apresentar a atuação do profissional de serviço social na garantia e defesa dos direitos desse segmento. Pois em conformidade com IAMANOTO (2010, p. 21) é preciso apreender a dinâmica da realidade para assim propor possíveis tendências e possibilidades.
Contudo, espera-se que este estudo possa levantar elementos que adicionem ao combate a violência doméstica contra a mulher, e que ofereça subsídios para ações de mobilização e enfrentamento.
O assunto, na conjuntura tem se tornado tema de vários estudos e pesquisas no espaço acadêmico. Portanto, estuda-lo será uma forma de enriquecer a produção de conhecimento já existente.
Analisar a temática ora em estudo, contribuirá para estimular os profissionais de diversas áreas a refletirem a prática profissional diante de situações complexas e desafiadoras de mulheres que passam por situação de violação de seus direitos no âmbito familiar.
A discussão da temática, nessa pesquisa, irá contribuir para subsidiar conhecimentos que poderão nortear possíveis propostas de intervenções ao enfrentamento nos diversos campos de espaços ocupados por assistentes sociais, principalmente aqueles nos quais a demanda feminina é constante.
O despertar para essa pesquisa acontece em virtude de nossa indignação e curiosidade em decifrar a dinâmica que move tantas atrocidades cometidas contra a mulher, que com grande luta, caminha para conquistar seu espaço em uma sociedade machista, e com o crescente índice de dados estatísticos, apresentados anteriormente, da violência no seio familiar.
Tais motivações impulsionaram a necessidade de buscar elementos, referentes ao tema produzindo assim conhecimentos que poderão nortear propostas de intervenções ao enfrentamento e referência de consulta para posteriores pesquisas.
Esta pesquisa, quanto a sua finalidade pode ser classificada como uma pesquisa bibliográfica e exploratória de abordagem qualitativa. Segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica tem como objetivo procurar a partir de material já elaborado solução de determinado problema. O autor ressalva que a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto. 
Como pesquisa exploratória, o referente trabalho buscou proporcionar maior familiaridade com o problema delimitado, que conforme Gil (2002) possibilita a consideração dos mais variados aspectos relativo ao fato estudado. 
A respeito da pesquisa qualitativa, Setúbal (1999), aponta que o estudo de abordagem qualitativa, utiliza-se da análise de conteúdo. Que em conformidade com a autora, análise de conteúdo consiste em uma técnica de compreensão, interpretação e explicação das formas de comunicação (escrita, oral ou icônica). Setúbal (1999), afirma que a análise de conteúdo tem duas importantes intenções nas quais utilizamos em nossa pesquisa: ultrapassar as evidências imediatas, à medida que busca a certeza da fidedignidade das mensagens socializadas e aprofundar por meio das leituras sistemáticas e sistêmicas, a percepção, a pertinência e a estrutura das mensagens. 
Segundo Marconi e Lakatos (2011, p. 100) a pesquisa bibliográfica abrange:
Toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico, até meios de comunicação orais: rádio, gravação em fitas magnéticas e audiovisuais: filmes e televisão.
Para desenvolvimento da pesquisa bibliográfica escolhemos por abordar o tema a Lei Maria da Penha como instrumento para redução da violência contra a mulher. O levantamento bibliográfico a respeito do tema foi realizado em bibliotecas e em sites de revistas científicas. As fontes utilizadas foram livros, artigos, monografias, folders, publicações avulsas e revistas.
Após o levantamento bibliográfico, efetivamos uma leitura exploratória que de acordo com Gil (2002) consiste em uma leitura do material com o objetivo de verificar em que medida a obra consultada interessa a pesquisa. Em seguida à leitura exploratória, concretizamos uma leitura seletiva a qual Gil (2002) define como uma leitura mais profunda que a exploratória.
Com os textos selecionados, foi realizada a leitura analítica com a finalidade de ordenar e sumariar as informações contidas na fonte de forma que possibilite a obtenção de respostas ao problema da pesquisa, conforme Gil (2002). 
Depois da leitura analítica dos textos, passamos para a leitura interpretativa com o intuito de conferir significado mais amplo aos resultados obtidos com a leitura analítica. Para Gil (2002), na leitura interpretativa o pesquisador vai além dos dados obtidos, ele já faz uma ligação com outros conhecimentos já alcançados. 
Finalizando toda etapa de leitura das fontes, partimos para confecções de arquivos no Word 2010, com a finalidade de identificar as obras pesquisadas registrar os dados relevantes, nelas obtidos. Os arquivos foram divididos em: resenha de livros, resenha de periódicos, resenha de periódicos on-line, resenha de artigos científicos e resenha de revistas e folders. 
As resenhas foram estruturadas, de forma a identificar as obras selecionadas e o conteúdo presente nos textos. Nas resenhas eram referenciadas as obrasestudadas e um resumo do texto.
Para o tratamento dos dados será constituída uma análise interpretativa das informações recolhidas na pesquisa bibliográfica, com base no método de análise de conteúdo. Como técnica de tratamento dos dados, Setubal (1999), pontua a análise de conteúdo como tendo um caráter dimensional que ultrapassa o conteúdo da mensagem, onde se é possível buscar significados de outros significados.
O processo de análise qualitativa dos dados envolverá as seguintes atividades e etapas: redução, categorização, interpretação dos dados. A redução consistirá na abstração dos dados provenientes da leitura do material selecionado. A categorização consistirá na organização dos dados obtidos, permitindo a construção das categorias de análise descritoras do objeto de estudo. E, finalmente, a interpretação pressupõe descrever as categorias de análise e a apresentação das mesmas de modo a interpretá-las utilizando-se a inferência e a associação ao referencial teórico do estudo.
No capítulo 2 do referido trabalho aborda-se uma discussão sobre o que é a violência doméstica contra a mulher, suas principais formas de acordo com aspectos sociais, históricos e culturais da violência. Ainda neste capítulo apresentamos contribuições, de acordo com diferentes autores, a respeito da definição do papel da mulher nos dias atuais, bem como os diferentes espaços onde está inserida. Abordamos também as principais formas de violência contra a mulher, tendo como norte a Lei 11.340/2006 e as formas não físicas de violência contra a mulher. 
 No capítulo 3 estamos no aguardo de orientações da professora...
CAPÍTULO II
1. CONTEXTO HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER
A mulher no decorrer da história sempre foi vista como ser de pouca significância. Conforme PINAFI (2007), a mulher em Roma não exercia seus direitos de cidadã como os demais integrantes do sexo masculino naquela época. No período do cristianismo a mulher mais uma vez passou a ser alvo de descriminação, pois esta era vista como culpada pela perdição do homem, por tal culpa elas deviam total obediência aos seus senhores.
Conforme as inferências de PINAFI (2007), no final do século XVIII, tendo como base a percepção naturalista houve uma determinação para o sexo masculino e feminino. O primeiro deveria se dedicar aos estudos de certas ciências e à política, enquanto que as mulheres deveriam procriar cuidar dos filhos, do lar e outras atividades que mantivesse a harmonia do ambiente familiar. Sobre este ponto ALVES (2010) acrescenta que:
“Antigamente as mulheres eram consideradas inferiores aos homens e se submetiam as ordens e humilhações que a cultura lhes continha, vista apenas como fonte doadora de amor, uma peça destinada a prestar serviços de alimentação, comodidade” (ALVES, 2010, p. 9).
Seguindo esta mesma linha histórica PINAFI (2007), relata que com o evento da Revolução Francesa as mulheres passaram a ocupar espaço na sociedade da época, todos estavam motivados pelos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. 
No século XIX, sob influência do capitalismo, as mulheres passaram a ser utilizadas como mão de obra, mas apesar da sua inserção em certas atividades industriais não foi o suficiente para garantir sua liberdade de expressão e respeito.
No tocante aos atos de violência percebe-se que estes estão inseridos na humanidade desde o aparecimento do homem, pois a violência era cometida de diferentes formas e praticada por diferentes sujeitos. Práticas de violência tinham como pano de fundo a relação de diferenças, ou seja, o agressor tinha sobre suas vítimas uma relação de poder, podendo ser aquisitiva, força, dominação, classe social, raça, religião e outros. Nesse assunto DELFINO (2009) pontua que:
O fenômeno não é recente e exclusivo do mundo contemporâneo. A história mostra exemplos de violência cometida contra os “diferentes”, como negros, mulheres, crianças, adolescentes, idoso e outros. Estas “diferenças” ao serem traduzidas em desigualdades têm propiciado e justificado as situações de violência que foram e são praticadas pelo ser humano [...] (DELFINO, 2009, p.20).
Percebe-se que o fenômeno da violência sempre esteve presente na história da humanidade e quem a cometia atuava de forma dominante, pois muitas vezes as vítimas não tinham como se defender, por conta da sua fragilidade física, psicológica e social. Esse contexto de violência, que ao longo da história deixou suas marcas de maneira bastante implícita, persistem até hoje.
A violência doméstica é um problema universal que atinge milhares de pessoas, em grande número de vezes de forma silenciosa e dissimulada. Ela não é recente trata-se de um fenômeno antigo, presente em todas as classes sociais e em todas as sociedades, das mais desenvolvidas às mais vulneráveis economicamente, compreendendo um conjunto de relações sociais que complexificam sua natureza. Trata-se de um problema que atinge ambos os sexos e não costuma obedecer a nenhum nível social, econômico, religioso ou cultural específico (MORGADO, 2001, apud ALVES, 2010, p. 9).
Haja vista, a presente colocação entende-se que a violência doméstica tem um grupo específico para acontecer, tendo em vista que em qualquer classe social, independente do poder sócioecomico, raça, credo, religião, nacionalidade esta pode acontecer de maneiras diversificadas, ocorrendo de maneira generalizada em qualquer ambiente, mudando apenas as formas como ocorrem e a frequência das agressões. 
A violência contra a mulher é produto de uma construção histórica — portanto, passível de desconstrução — que traz em seu seio estreita relação com as categorias de gênero, classe e raça/etnia e suas relações de poder. Por definição, pode ser considerada como toda e qualquer conduta baseada no gênero, que cause ou passível de causar morte, dano ou sofrimento nos âmbitos: físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública quanto na privada (PINAFI, 2007, p. 1).
A presente colocação explicita que a violência contra mulher tem suas raízes ao longo da história, e como uma categoria de gênero, no qual o praticante da ação violenta age sobre suas vítimas de maneira opressora, que ocasiona nas vítimas angústia, sofrimento, repulsa e medo de pedir suporte para o enfrentamento dessa situação de violência, pois a violência é tolerada e escondida pela vítima durante muito tempo.
1.1. A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER NO BRASIL
A despeito da violência a nível nacional podemos acrescentar que assim como nos primórdios, ela sempre existiu. Pois, esta se configurava conforme o contexto social de cada período. A mulher no âmbito nacional estava inserida em uma família patriarcal, na qual os homens tinham um tratamento diversificado, com mérito e direito bem definido. Outro dado interessante acerca da violência contra mulher no Brasil está relacionado ao período do colonialismo e no período escravocrata. Em relação a esse assunto CARVALHO (2012) pontua que:
No Brasil, a violência contra mulher, destaca-se a época do colonialismo, com a escravidão, onde as mulheres eram espancadas, violentadas pelos senhores de engenho. Nos tempos seguintes a mulher continuava submetida às ordens do marido, sofrendo com a violência, através do modelo patriarcal. (CARVALHO et al, 2012, p. 203)
Assim, a mulher no período do colonialismo ocupava um lugar opaco na família tendo como função gerar filhos e cuidar do lar. Em se tratando da mulher escrava esta estava sujeita a prestar serviços aos senhores de engenho, suas esposas no tocante a cuidar da casa grande, na prestação de serviço braçal, prestar total assistência aos filhos de seus senhores e ainda eram utilizadas para fins sexuais. Caso seus serviços não atendessem os anseios estabelecidos elas eram espancadas no troco, para todos veem, servindo de exemplo para os demais escravos. Essa estrutura rígida fez com que a mulher durante muito tempo atuasse apenas como sombra dos homens.
Durante essa trajetória de violência doméstica sofrida pela mulher brasileira a literatura mostra que estano decorrer dos anos aos poucos começou a lutar pelo enfrentamento a violência que era submetida dentro de seus lares. Como é afirmado por CARVALHO (2012):
Um dos marcos mais importante para o começo pela luta das mulheres no Brasil foi no início da década de 80 com a mobilização de mulheres “na temática sobre a violência contra mulher e como resultado foi criado, em 1985, o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher – CNDM, vinculado ao Ministério da Justiça” (CARVALHO et al, 2012, p. 203).
 Esta atitude tomada por parte das mulheres vítimas de violência doméstica fez com que estas saíssem do anonimato violento pela qual eram submetidas e tornassem público para o contexto social que eram vítimas e que precisavam de apoio para enfrentar essa situação deplorável que é a submissão ao poder do macho. Esse passo foi importantíssimo para desencadear no contexto nacional a criação de um conselho voltado para o atendimento às mulheres vítimas de violência domiciliar. A presente atitude fez com que o país se tornasse pioneiro no combate e enfrentamento a tal violência. Em relação às delegacias CARVALHO (2012) pontua que:
É importante lembrar que o Brasil foi pioneiro na América Latina, com a criação das delegacias de defesa da mulher. Nos âmbitos internacionais, destaca-se a Declaração de Viena, em 1993, afirmando que a violência contra a mulher infringe os Direitos Humanos, que em 1995 foi validada no Brasil (CARVALHO et al, 2012, p. 201).
Percebe-se que as primeiras iniciativas por parte das autoridades para o enfretamento a violência de gênero, proporcionou as mulheres vítimas de violência à possibilidade de proteção e acolhimento. Outro marco histórico de combate à violência contra Mulher foi a Conferência do Pará, tendo como medida prevenir, punir e erradicar a violência contra mulher, à referida conferência baseia-se na Declaração dos Direitos Humanos, que reconhece os direitos da mulher como pessoa humana que precisa de proteção como qualquer outro cidadão. A este respeito, acrescenta ALVARENGA (2008):
No Brasil podemos destacar a realização, em 1994, da Convenção de Belém do Pará (Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher). Essa conferência ratificou e ampliou a Declaração e o Programa de Ação da Conferência Mundial de Direitos Humanos [...] que reconheceu, pela primeira vez na história da humanidade, os direitos das mulheres como direitos humanos. Para a Convenção de Belém do Pará, a violência contra a mulher é uma afronta à dignidade humana que se traduz em desrespeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, limitando, total ou parcialmente, a mulher de ter esses direitos assegurados (ALVARENGA, 2008, p. 7).
Diante do exposto em relação ao reconhecimento dos direitos subjetivos de proteção a mulher fica entendido que ela como cidadã deve ser protegida, ter proteção legal quanto a sua integridade física, psicológica e social, devendo assim ser respeitada nas suas particularidades, pois independente de cor, raça e cultura, a mulher precisa ter seus direitos como pessoa respeitados e atendidos em qualquer circunstância social. Segundo ALVARENGA (2012) o Brasil como pioneiro no enfretamento a violência contra mulher passou a ampliar as delegacias especializadas para atender as vítimas e em 2003 lança a Política Nacional de Atenção à Violência de Gênero, que tem por função prestar atendimento às mulheres vítimas de violência. 
No ano de 2004 foi lançado o Plano Nacional de Políticas para Mulheres – PNPM, com o intuito de elaborar novas políticas e para estruturar as já existentes, e, por conseguinte, temos como marco relevante a promulgação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). Conforme Brasil (2013):
A Lei Maria da Penha representa um dos mais relevantes avanços legislativos desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, pois significa o reconhecimento da violência contra as mulheres como violação dos direitos humanos. O fenômeno, longe de ser inédito, era considerado, culturalmente, até então, um problema da esfera privada. A especificidade da violência contra a mulher, instituída pela Lei Maria da Penha, constitui mecanismo essencial ao enfrentamento de todas as formas de opressão e agressão sofridas pelas mulheres no Brasil (Brasil, 2013, p. 19).
Em síntese compreende-se que a promulgação da referida lei foi um importantíssimo marco legal para o enfretamento a violência contra mulher, pois este quadro situacional de violência doméstica por qual passam milhares de mulheres a nível nacional deve ser revertido e a Lei Maria da Penha tem por missão central coibir os atos de violência contra mulheres e punir os agressores para que estes possam vir a mudar suas condutas e refletir sobre suas práticas criminosas.
1.2. CONCEITUANDO A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER
A violência contra a mulher é um fenômeno que tem ganhado proporções alarmantes nos últimos tempos, sendo a mesma bastante complexa, apresentando raízes profundas e bem variadas. Sendo assim, para se compreender as causas e implicações que decorrem desta prática na vida das mulheres, é necessário em um primeiro momento se fazer uma retomada acerca da concepção de violência.
1.3. A VIOLÊNCIA NO CONTEXTO MAIS GERAL
Atualmente a todo o momento nos deparamos com relatos de violência. Ela acontece na rua, nas escolas, no local de trabalho, nos espaços destinados a prática do lazer, dentro da própria família. E, a violência está presente no cotidiano das pessoas, em suas mais variadas manifestações, trazendo graves consequências físicas e psicológicas para aqueles que são vitimados por ela. Como um fenômeno de grande complexidade, WHO (2002) apud PARENTE (2007) coloca que:
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como violência o uso intencional da força física, poder, real ou sob a forma de ameaça contra si própria, contra outra pessoa, grupo ou comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação de liberdade (WHO, 2002, apud PARENTE, 2007, p. 12).
 Como pode ser observado, o fenômeno da violência é evidenciado de diferentes maneiras, podendo ser concretizado e comprovado por lesões físicas, psicológicas e até mesmo pela morte da pessoa que sofre esta ação. Suas consequências também são muitas, trazendo danos pessoais e sociais que acompanharão o agredido por toda a sua vida. Por conta desta realidade, a violência tornou-se uma questão social, que necessita de um enfrentamento sistemático e eficaz, no sentido de diminuir a incidência de tantos casos bárbaros de agressão, de haver mais punições aos agressores, a fim de erradicar este mal do meio social. 
TELES; MÔNICA (2003) contribuem com a discussão e debate dizendo que:
Violência, em seu significado mais frequente, quer dizer uso da força física, psicológica ou intelectual para obrigar outra pessoa a fazer algo que não está com vontade; é constranger, é tolher a liberdade, é incomodar, é impedir a outra pessoa de manifestar seu desejo e sua vontade, sob pena de viver gravemente ameaçada ou até mesmo ser espancada, lesionada ou morta. É um meio de coagir, de submeter outrem ao seu domínio, é uma violação dos direitos essenciais do ser humano (TELES; MÔNICA, 2003, p. 15).
 A violência seja ela física ou psicológica é uma das mais agravantes maneiras de discriminação e de transgressão dos direitos humanos. A pessoa que é agredida tem todos os seus direitos de cidadã violados; ela é humilhada, tem sua liberdade dificultada, sente medo, vergonha, sente-se inferiorizada perante seu agressor. Produzindo, portanto, sequelas orgânicas e emocionais que afetam a saúde física e mental dos agredidos, o que coloca este fenômeno de violência como uma grave questão social.
Outro conceito elencado para violência é o de ROCHA (1996) apud LEVISKY (2010), onde é enfatizado que: a violência, em todos os seus desenhos, pode ser considerada como uma prática desprezível, que por meio da força e da relação de poder de um sobre o outro é uma forma de transgressãode todos os direitos que o individuo possui, em todos os aspectos: físico, psicológico, social, ético, estético, político e religioso. Em Suma, a violência em todas as suas manifestações desrespeita os direitos fundamentais de todas as pessoas, direitos sem os quais o indivíduo deixa de ser considerado como um sujeito provido de direitos e de deveres, passando, portanto, a ser visto como um puro e simples objeto.
Este contexto de violência que acomete todo o mundo pode ser considerado um acontecimento sócio-histórico, pois faz parte das práticas do homem deste a sua origem, em manifestações particulares ou grupais. Segundo o Ministério da Saúde (2005) a violência como uma questão social pode ser notada no episódio bíblico da morte de Caim, onde por desavenças, Abel mata violentamente seu irmão, o que já demonstra a existência no meio social das eternas disputas pelo poder, do domínio de um sobre o outro por meio de ações violentas e da força. 
Ainda na perspectiva do Ministério da Saúde (2005):
A violência não é uma, é múltipla. De origem latina, o vocábulo vem da palavra vis
que quer dizer força e se refere às noções de constrangimento e de uso da superioridade física sobre o outro. No seu sentido material o termo parece neutro, mas quem analisa os eventos violentos descobre que eles se referem a conflitos de autoridade, a lutas pelo poder e a vontade de domínio, de posse e de aniquilamento do outro ou de seus bens. Suas manifestações são aprovadas ou desaprovadas, lícitas ou ilícitas segundo normas sociais mantidas por usos e costumes naturalizados ou por aparatos legais da sociedade. Mutante, a violência designa, pois – de acordo com épocas, locais e circunstâncias – realidades muito diferentes. Há violências toleradas e há violências condenadas (Ministério da Saúde, 2005, p.14).
Neste sentido, percebe-se que a violência não pode ser compreendida como algo único e isolado, existe toda uma conjuntura que a torna múltipla. Dada esta complexidade de análise, faz necessário considerar a concepção que a população em geral tem acerca deste fato, como também buscar embasamento em estudos realizados na área.
Para o Ministério da Saúde (2005) as maiores dificuldades em se chegar a uma concepção a respeito dos atos violentos é a questão dos mesmos estarem carregados de uma forte carga emocional, seja de quem comete o crime ou de quem o sofre. Diante desta constatação, coloca-se a necessidade de se considerar o que a sociedade, a partir do senso comum, tem a dizer a respeito destes casos, bem como também buscar esclarecimentos na literatura pertinente, pois frente a esta realidade de violência e da necessidade de se conhecer mais este fenômeno, julga-se interessante considerar as experiências destas duas vertentes, já que a violência é um acontecimento humano e social presente em todas as sociedades. E como fenômeno histórico-social, ela precisa ser analisada de acordo com a realidade em que acontece. 
Quando analisada nas suas expressões concretas permite ser assumida como objeto de reflexão e superação. E, por fim, na medida em que a definem como “uma relação humana”, compreendem-na também como um comportamento aprendido e culturalizado que passa a fazer parte dos padrões intrapsíquicos, dando a falsa impressão de ser parte da natureza biológica dos seres humanos. Portanto, a violência necessita ser interpretada em suas várias faces, de forma interligada, em rede, e por meio dos eventos em que se expressa, repercute e se reproduz (MINAYO, 1999, apud TENÓRIO; PIMENTEL, 2007, p.1).
 A violência apresenta-se de diferentes maneiras, com variadas formas de atuação. Ela está presente nas guerras, nas práticas de tortura, em qualquer manifestação preconceituosa, nos crimes contra a vida, na negação dos direitos essenciais a manutenção da vida, etc. É válido ressaltar que ela pode ser identificada com diferentes denominações; violência contra a criança e o idoso, violência física e sexual, entre outras, porém o objetivo deste trabalho é analisar a violência contra a mulher, mais precisamente a violência doméstica em suas diferentes manifestações.
A partir do que foi trabalhado, pontua-se que o fenômeno da violência não é uma prática somente da contemporaneidade, haja vista que ela faz parte do dia a dia dos seres humanos há muito tempo, mesmo que sua manifestação aconteça em situações diferenciadas, dependendo sempre do contexto social, cultural e econômico das civilizações onde a mesma é praticada. Por estas características, as manifestações violentas são bastante complexas, trazendo múltiplos significados, o que vem a dificultar uma conceituação mais precisa deste acontecimento. 
1.4. A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER
A luta das mulheres por condições mais igualitárias na sociedade tem alcançado avanços significativos nos últimos tempos. No entanto, também tem aumentado de forma alarmante o número de mulheres que sofrem algum tipo de violência doméstica. 
“A violência doméstica é um fenômeno que tem assumido, por todo o mundo, proporções bastante elevadas e que só foi denunciado a partir dos anos 60 e 70 pelos movimentos feministas” (ALVES, 2005, p.2). 
Portanto, a violência doméstica ou intrafamilar tornou-se uma questão social que afeta a sociedade como um todo. Neste sentido MACHADO; GONÇALVES (2003) apud ALVES (2005) relatam que:
Considera-se violência doméstica “qualquer ato, conduta ou omissão que sirva para infligir, reiteradamente e com intensidade, sofrimentos físicos, sexuais, mentais ou econômicos, de modo direto ou indireto (por meio de ameaças, enganos, coação ou qualquer outro meio) a qualquer pessoa que habite no mesmo agregado doméstico privado (pessoas – crianças, jovens, mulheres adultas, homens adultos ou idosos – a viver em alojamento comum) ou que, não habitando no mesmo agregado doméstico privado que o agente da violência seja cônjuge ou companheiro marital ou ex-cônjuge ou ex-companheiro marital” (MACHADO; GONÇALVES, 2003, apud ALVES, 2005, p.2).
A violência doméstica é um fenômeno social que acomete mulheres de todas as classes sociais, credo, raça ou escolaridade e que acontece dentro do seio familiar, sendo em geral cometida pelo companheiro ou ex-companheiro da mulher agredida. Este tipo de violência está intimamente relacionado com a questão de gênero, ou seja, com as desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais que historicamente existem entre as mulheres e os homens. CELMER (2010) referindo-se a Convenção de Belém do Pará, diz que:
Conforme a Convenção de Belém do Pará, violência contra mulher é “qualquer ação ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como privado”. O termo “violência contra a mulher”, portanto, engloba a violência doméstica, a violência familiar e a violência conjugal (CELMER, 2010, p.1).
Portanto, o dimensionamento e a compreensão acerca da violência doméstica contra a mulher passam necessariamente pelo entendimento da construção social de gênero, que ao longo do tempo vem atribuindo diferentes papeis para mulheres e homens. Nesta construção social de gênero, a mulher é colocada em posição inferior a do homem, ou seja, são produzidas grandes desigualdades entre eles, onde a mulher é considerada inferior. 
Neste sentido, TELES; MELO (2003, p.16) ressaltam que:
A sociologia, a antropologia e outras ciências humanas lançaram mão da categoria gênero para demonstrar e sistematizar as desigualdades socioculturais existente entre mulheres e homens, que repercutem na esfera da vida pública e privada de ambos os sexos, impondo a eles papéis sociais diferenciados que foram construídos historicamente, e criaram pólos de dominação e submissão. Impõe-se o poder masculino em detrimento dos direitos das mulheres, subordinando-as às necessidades pessoais e políticas dos homens, tornando-as dependentes (TELES; MELO, 2003, p.16).
Entende-se então que a construção social de gênero coloca mulheres e homens em situações diferenciadas, em geral o feminino ocupa um lugar de menorprestigio social que o masculino. Esta diferença de papeis entre os sexos traz consequências pessoais e sociais para toda a sociedade, uma vez que pode ser colocado que as desigualdades de gênero são o elemento motivador da violência doméstica contra a mulher e de violação dos direitos humanos, que qualquer pessoa possa ter acesso.
É válido ressaltar que a violência doméstica apresenta-se de diferentes formas, porém em todas as suas manifestações o direito da mulher é violentamente negado. As suas manifestações mais frequêntes são a violência física, a psíquica e a sexual.
O artigo 7º da Lei nº 11.340/2006, coloca que a violência doméstica e familiar contra a mulher deve ser compreendida como qualquer prática ou omissão apoiada na questão de gênero que possa levar a mulher a óbito, lesões, sofrimento físico, sexual ou psicológico e ainda prejuízo moral e patrimonial dentro do contexto doméstico ou familiar, onde o agressor conviva ou tenha convivido com a agredida. Ainda segundo a Lei supracitada, compreende-se como violência doméstica, entre outras: a violência física, a violência psicológica, a violência sexual, a violência patrimonial e a violência moral.
Segundo CARVALHO (2010) a violência física é entendida como “qualquer ação que ofenda a integridade física ou psicológica da mulher”. 
“Violência sexual é toda ação na qual uma pessoa, em situação de poder, obriga outra à realização de práticas sexuais, utilizando força física, influência psicológica ou uso de armas ou drogas”. (CARVALHO 2010, p.2).
A violência psicológica pode ser entendida como qualquer prática que ocasione prejuízos morais e por consequência causem a diminuição ou perda da autoestima da pessoa agredida. Este tipo de violência pauta-se em ameaças, constrangimentos, perseguições, chantagens, insultos, chingamentos, ridicularizações, restrição da liberdade, entre outros.
“Violência psicológica inclui toda ação ou omissão que causa ou visa causar dano à autoestima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa”. (CARVALHO 2010, p.2).
No que concerne a violência sexual, pode-se dizer que a violência de cunho sexual é aquela em que uma pessoa é levada a presenciar ou participar contra a sua vontade da prática de relações sexuais. Ela também se baseia na coação, em chantagens, suborno e manipulação de suas vítimas. Em relação à violência sexual, Brasil (2007) declara que:
A violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos (Brasil, 2007, p.9).
Nestes termos, a violência sexual configura-se como mais uma forma grave de agressão a mulher e violação de seu direito de escolha. O praticante deste tipo de agressão faz uso da força e de outros mecanismos para intimidar suas vítimas e assim mantê-las coagidas.
Outro tipo de violência doméstica que acomete a mulher é a patrimonial, que pode ser colocada como aquela conduta que através da subtração, destruição de bens, dos documentos pessoais da mulher, criando assim, uma situação de violação dos direitos adquiridos. 
“Entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades” (BRASIL 2007, p.9).
Completando o rol dos tipos mais frequêntes de violência doméstica contra a mulher, coloca-se a violência moral. O agressor no caso da violência moral tem por objetivo caluniar, difamar e ofender a honra da mulher agredida. 
“A violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria” (BRASIL, 2007, p.9).
2. O PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE ATUAL
Na perspectiva feminista, até a metade do século XX, as sociedades ocidentais concediam um tratamento favorável aos homens, mas que subjugavam as mulheres, tanto do ponto de vista do direito quanto dos usos e costumes. De fato, a maioria das tradições atribui uma importância particular ao papel social da mulher no lar, que deveria se consagrar às tarefas domésticas, à reprodução e à educação dos filhos. Contudo, notamos que a desobrigação da mulher de seguir esse papel feminino tradicional é recente, relacionada ao atual modelo de desenvolvimento econômico, que estimula a produção para a família e também para o mercado.
A mulher foi destinada ao lar e a maternidade, e seu papel foi definido em nossa sociedade, de certa forma, com o objetivo de controle e manejo social. Desde o concílio de Trento (realizado de 1545 a 1563) a Igreja Católica destinou para mulher o espaço doméstico e privado, fazendo desta um suporte para a família e contribuindo para que o marido ficasse em casa e o lar fosse mantido segundo os costumes e normas morais estabelecidos, visando assim um controle e uma padronização moral da sociedade. Paralelo a isso, ao homem foi dado certo poder, poder de chefe de família que detém o controle sobre sua mulher e seu lar.
A inserção social e familiar da mulher se deu de forma subordinada, e como já mencionada acima, a esta foi destinado um lugar, que ela tem ocupado ao longo da história, lugar que lhe confere algumas possibilidades, mas também lhe impõe limites. Foi somente a partir dos movimentos feministas de 1970 que se tornou possível a ocorrência de várias mudanças em relação à posição social da mulher. Assim, o conceito de gênero não se resume somente a uma categoria de análise, mas também diz respeito a uma categoria histórica, sendo uma construção social do masculino e do feminino.
A figura da mulher, de elemento secundário, passou a ser algo extremamente importante na sociedade atual, onde ela exerce cada vez mais um papel de protagonista, embora ainda sofra com as heranças históricas do sistema social patriarcalista em seu dia a dia. Com o tempo, graças às lutas promovidas, a mulher vem conseguindo aumentar o seu espaço nas estruturas sociais, abandonando a figura de mera dona de casa e assumindo postos de trabalho, cargos importantes em empresas e estruturas hierárquicas menos submissas.
Apesar de uma maior presença no mercado de trabalho, ainda há uma desigualdade no que se refere aos diferentes gêneros. A mulher, em muitos perfis familiares, acumula tanto as funções trabalhistas quanto as domésticas e até as maternas, ficando, muitas vezes, sobrecarregada. Além disso, o número de mulheres ocupando cargos de nível superior nas empresas ainda é menor, embora elas constituam a maioria apta a pertencer ao mercado de trabalho. E por falar em trabalho, o salário da mulher ainda é proporcionalmente menor do que o dos homens na sociedade atual, fator que fica ainda mais crítico quando nos referimos às mulheres negras.
Nos cargos políticos, apesar de termos superado o fato de nunca ter havido uma presidente mulher no Brasil – e também em outros países da América Latina, tais como Argentina e Chile –, ainda é desigual à comparação entre mulheres e homens nos cargos executivos, legislativos e judiciários. Foi na Argentina, inclusive, que a primeira mulher (Isabel Martínez de Perón) ocupou o cargo de presidente no mundo, embora outras mulheres tenham ocupado cargos de chefes de Estado anteriormente em outros locais do globo.
Nas eleições de 2014, apenas 10% dos candidatos eleitos eram mulheres. Embora esse número seja melhor que nas eleições anteriores, ele ainda é muito baixo. Além disso, cinco estados (AL, ES, MT, PB e SE) não elegeram sequer uma mulher para um dos cargos de deputados federais, e mesmo aqueles que apresentaram os melhores índices (AP e TO) completaram apenas 38% do total de eleitos com mulheres.
É por essa desigualdade ainda latente,fruto de um passado que deixou marcas na atualidade – em que a mulher era vista apenas para a reprodução e como um complemento do homem –, que surge a necessidade de lutar pelos direitos femininos.
Não por acaso, a influência do feminismo tem crescido na sociedade, apesar do fato de muitas pessoas carregarem mitos sobre esse movimento, tal como pensar que feminismo é o contrário de machismo ou que as mulheres feministas lutam contra os homens, entre outros erros. A luta feminista é pela igualdade entre mulheres e homens na sociedade, é contra o machismo e o patriarcalismo, lutando pela liberdade individual, tanto é que homens também podem atuar, embora as lideranças devam ser obviamente compostas por mulheres.
Mais um entre os problemas vividos pelas mulheres na sociedade é a questão da violência. Embora leis específicas (tais como a “Lei Maria da Penha”) e as Delegacias da Mulher tenham sido criadas no Brasil, ainda são numerosos os casos de agressões no ambiente domiciliar, assédio, estupro, assassinatos e outros. Isso sem falar no monitoramento social constante sobre as atitudes e o corpo da mulher, que são cada vez mais cercados de “regras” e posturas morais que muitas vezes privam os direitos e as liberdades individuais.
2.1. PARTICIPAÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO
A maior participação da mulher no mercado de trabalho formalmente remunerado, provocou mudanças nos padrões conjugais e familiares social e culturalmente estabelecidos, levando a uma reorganização dos papéis familiares tradicionais referentes a homens e mulheres, evidenciando a importância dos papéis do homem na família. O homem passa a ser incentivado a manter um maior envolvimento afetivo com os (as) filhos (as), terminando com a dicotomia: pai distante, figura de autoridade e mãe próxima, figura de afeto. Ele passa, portanto, a ter uma participação ativa na criação dos filhos, percebendo que pode contribuir para o desenvolvimento destes de uma forma mais agradável e satisfatória do que a concebida pelo papel tradicional disciplinar.
3. O ASSISTENTE SOCIAL NO ATENDIMENTO A MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Para prestar um atendimento de qualidade e de forma mais eficaz é pertinente que o assistente social paute suas ações em três dimensões básicas, que de acordo com Czapski (2010), a ético-política, a teórico-metodológica e técnico-operativa. Uma vez que cada dimensão mencionada contribuirá de maneira decisiva para o delineamento do atendimento que os profissionais do Serviço Social dispensaram a seus casos, no caso deste estudo, as mulheres vítima de violência doméstica.
A dimensão ético-política tem como ponto central, levar o profissional Assistente Social a ter uma postura de maior criticidade frente às diferentes realidades que estes vão encontrar no seu campo de atuação. Pois, é colocado que estes devem atuar de maneira crítica e reflexiva nas suas tomadas de decisões, devendo sempre estar aberto a questionamentos e a fazer colocações. Compreende-se, portanto, que são as suas tomadas de decisões que irão dar amplitude para a sua atuação profissional e estas devem basear-se no Código de Ética, na Lei de Regulamentação da Profissão, bem como também nas Diretrizes Curriculares. Haja vista, que estes embasamentos darão aos referidos profissionais uma visão a respeito da sua atuação, se eles realmente estão exercendo a sua profissão de maneira condizente com as expectativas.
Diante desse contexto, fazem-se necessário que o profissional esteja atento aos desafios que acontecem na esfera social, que estão ligados as mudanças ocorridas no âmbito sociopolítico, econômico e educacional, pois essas transformações têm grande influência na atuação do Serviço Social. Portanto, estas alterações exigem do profissional um conhecimento sistematizado e suscetível a adaptações, haja vista, que para sua atuação fidedigna, se faz necessário repensar a respeito do seu perfil de atuação.
“A dimensão ético-política tem orientado a profissão a exercer um papel no sentido de orientar as mulheres discutindo com estas seus direitos, e se posicionando a favor da luta por políticas que venham a suprir as necessidades reais das vítimas desse mal” (CZAPSKI, 2010, p.325). 
Em síntese, compreende-se que o assistente social, ao propor um trabalho voltado para orientação, permite as mulheres, vítimas de violência doméstica, a terem conhecimento a cerca do aparato legal que é direito da mulher, estando sim ou não em situação de vulnerabilidade social. Para LISBOA; PINHEIRO (2005) a dimensão ético-política:
Tem como objetivo proporcionar a base de explicação e interpretação do real, para que o assistente social possa propor estratégias de intervenção para o enfrentamento da realidade. A intencionalidade da ação vai estar presente no exercício profissional e é explicitada quando a intervenção se realiza (LISBOA; PINHEIRO, 2005, p.205).
Do exposto, percebe-se que através desta dimensão o profissional tem a capacidade de interpretar a situação da vítima de maneira real, e a partir dessa constatação o mesmo irá propor a melhor maneira de desenvolver seu trabalho junto à vítima propondo intervenções que ajude a reverter situação vivenciada pela mulher.
Em relação à dimensão teórico-metodológica, esta se caracteriza pela inter-relação entre a história, a teoria e o método, pois só a partir desse estudo é que será possível entender como é a realidade social da sociedade, pois as mudanças que ocorrem no seio social são dinâmicas e heterogêneas e para que o assistente social possa vir a atuar de maneira plausível, se faz necessário que este tenha conhecimento a respeito da clientela que este vai trabalhar, para que sua atuação atenda os anseios da sociedade, bem como também o da sua profissão.
Para tal finalidade, o profissional do Serviço Social deve ter acesso a mecanismos que possam lhe servir de alicerce para o seu desempenho, pois este precisa ter acesso a um leque de informações, devendo assim, manter-se sempre bem informado participar de congressos, colóquios, anais e outros que lhe mantenha atualizado em relação às transformações que ocorrem no âmbito social. De posse do conhecimento adquirido, os profissionais devem compartilhar seu conhecimento com os demais para realizarem um trabalho eficiente.
A dimensão teórico-metodológica tem como objetivo iluminar a prática profissional, à medida que subsidia o profissional para a criação de estratégias para o enfrentamento das demandas postas nesta área (CZAPSKI, 2010, p.325).
As estratégias delineadas por esse profissional são muito importantes, pois será ela uma das bases para todo o processo de atendimento a mulher vítima de violência doméstica. Em se tratando da dimensão técnico-operativa tem como base os instrumentos que deverão ser utilizados pelo profissional do Serviço Social, pois estas técnicas é que lhe servirão de meios concretos para que ele possa vir a atuar de forma singular durante o seu trabalho com as vítimas de violência doméstica. Como adequadamente aponta CZAPSKI (2010):
A dimensão técnico-operativa instrumentaliza o profissional do Serviço Social para a atuação e intervenção junto às demandas apresentadas. O conjunto de instrumentais utilizados pelos assistentes sociais é variado, mas para escolher corretamente qual instrumental irá auxiliá-lo para a intervenção, o assistente social deve articular sua escolha às dimensões teórica e ético-política. Isso se faz necessário, devido o cotidiano profissional ser um espaço que impõe limites, oportunidade e desafios ao assistente social, fazendo com que a reflexão, a investigação e a criticidade sejam alguns dos principais elementos utilizados para articular essas dimensões (CZAPSKI, 2010, p.325).
Diante do exposto, esta dimensão permite ao profissional escolher o melhor método/técnica que irá instrumentar a sua prática de acordo com a necessidade de quem irá atender. A escolha do instrumental deve estar sempre interligada com as demais dimensões, pois permitirá ao assistente social realizar um trabalho articulado, diversificado e preciso. Atécnica utilizada por ele deverá estar suscetível a mudanças, pois cada atendimento tem as suas particularidades e devem ser atendidas da melhor forma possível.
O Serviço Social é uma profissão interventiva, socialmente construída, inserida na divisão sociotécnica do trabalho. O assistente social tem a tarefa de responder com competência às demandas sociais apresentadas no seu cotidiano profissional, pois a natureza interventiva da profissão exige dos profissionais a utilização de instrumentos e técnicas articulados com as dimensões teórica, ética, e política (LISBOA; PINHEIRO, 2005, p.205).
Desta forma, o assistente social tem o papel de prestar um serviço de qualidade, pautada sempre na sua ética profissional, com técnicas e instrumentos eficientes, buscando sempre maneiras sucintas para realizar um trabalho interventivo voltado para atender corretamente quem está fazendo uso desse tipo de serviço de maneira teórica, técnica e política.
3.1. INSTRUMENTOS TÉCNICO-OPERATIVO
Para um atendimento objetivo a vítima de violência doméstica, se faz necessário que o assistente social faça uso de alguns instrumentos técnicos operativos, que de acordo com LISBOA; PINHEIRO (2005) pode ser a entrevista, a visita domiciliar, as reuniões em grupo, reuniões com a equipe multiprofissional, documentação, relatórios e parecer social, planejamento de programas e construção de indicadores, pesquisa e articulação em rede.
A entrevista realizada com a vítima, será o primeiro momento de contanto do assistente social, nela a vítima irá desabafar, contar a respeito da violência sofrida, relatará como se sente diante da situação que está vivenciando e outras particularidades.
“A entrevista se desenrola num processo de escuta da queixa apresentada e do motivo que a levou a procurar o serviço. Neste momento, as mulheres expõem suas preocupações, queixas, desejos, necessidades” (LISBOA; PINHEIRO, 2005, p.206). 
Por conseguinte, é neste momento que o assistente social tem a oportunidade de observar e ouvir cautelosamente todos os detalhes, pois neste contato a vítima deve ter no assistente a confiança e segurança, uma vez que ele será o suporte para ela enfrentar de maneira correta a situação que vivencia, assim como servirá de mecanismo para que ocorram outros diálogos durante todo o acompanhamento social.
Na visita domiciliar o assistente social tem a oportunidade de conhecer a real realidade na qual se encontra a vítima, pois a partir da visita o profissional poderá de fato observar com mais detalhes a respeito do cotidiano domiciliar, observando como ocorrem as relações entre os componentes, relações entre vizinhos, quais as reais necessidades que a família tem.
Nas reuniões em grupo, as mulheres vítimas de violência doméstica têm a oportunidade de conversar livremente a respeito das situações de violência que viveu ou vivem, tendo assim a oportunidade de desabafar, socializando com as demais, dando oportunidade as mesmas de exteriorizar todo o sofrimento, conhecendo novas histórias e apoiando umas as outras para a superação dos traumas adquiridos. O assistente pode utilizar neste momento, dinâmicas de grupo que as estimule, valorize, as deixem mais próximas, firmem ainda mais os laços de confiança, para que elas percebam que é dialogando que conseguimos encontrar saídas para muitas situações embaraçosas.
As reuniões com a equipe multiprofissional, ou seja, uma equipe formada por profissionais da saúde, assistentes sociais, psicólogos, psicopedagoga, juristas, terapeutas ocupacionais, que atuam conjuntamente no atendimento das mulheres que precisam de apoio, cada profissional trabalhará dentro da sua área de atuação, para juntos darem todo o suporte necessário e eficaz, no que as vítimas precisarem.
Nas reuniões com profissionais de diferentes áreas é possível conhecer ainda mais o perfil de cada mulher atendida, pois cada profissional terá o seu contato diferenciado e a posteriore, todos eles devem ter uma conversa, que servirá de base para montar um dossiê informativo de cada vítima atendida. 
Reuniões interdisciplinares com a equipe que atendeu a mesma situação são importantes, com o objetivo de socialização dos dados (ou do diagnóstico), para que os encaminhamentos possam ser realizados da forma mais correta possível LISBOA; PINHEIRO (2005, p.206).
 Documentação, relatórios e parecer social, devem ser feitos de forma minuciosa pelo assistente social, pois é, através deles que se têm todo o dossiê da vítima, todas as informações a respeito das agressões sofridas, sobre a vida conjugal do casal, sobre os avanços alcançados pela mulher durante o processo de entrevista, visitações domiciliares, reuniões com o grupo multiprofissional. 
Toda e qualquer documentação deve ser mantida em total sigilo, uma vez que todos os dados são muito importantes para ajudar durante todo o caminhar do processo. 
O sigilo profissional é um dos aspectos mais polêmicos do Código de ética. Ele envolve apenas o que é conformado ao profissional pelo usurário; é a parte da ética profissional a preservação do usuário de todas as informações que lhe digam respeito, mesmo que elas não lhe tenham sido reveladas diretamente (Barroco; Terra, 2012, p.91).
Frente ao exposto, a ética profissional do assistente social é de fundamental importância, pois trabalhar com mulheres vitimadas é trabalhar diretamente na proteção de suas vidas, por isso nada, ou seja, nenhuma informação a respeito de sua vida pode ser do conhecimento de outras pessoas, pois todas as informações devem correr sob sigilo de justiça.
No tocante ao planejamento de programas e construção de indicadores, os assistentes sociais devem elaborar de forma sucinta mecanismo programas vinculados com políticas públicas para o enfrentamento a violência contra mulher, pois é de essencial importância realizar um trabalho que seja útil para a sociedade, para que esta possa usufruir, conhecendo a respeito das políticas públicas de apoio a mulher, assim como também de dados que confirmem que as mesmas são de valia e exerce grande função no combate a violência doméstica no país.
Pesquisa com o contato real que os assistentes sociais têm com as mulheres vítimas de violência doméstica se faz necessário que esse conhecimento sirva de pesquisa para elaboração de material científico para embasamento teórico, que servirá de suporte para o próprio assistente social, para as vítimas e para a sociedade de modo geral, pois serão estudos reais que explanam a respeito de uma realidade triste sofrida por mulheres no âmbito nacional e mundial, pois a violência doméstica contra mulher não é apenas um caso estremo do Brasil, mas sim de milhares de lares em todas as partes do globo e todos devem ter conhecimento e procurar suporte certo para o combate a este ato criminoso que deve ser revertido.
Essa disseminação de conhecimento a cerca da temática violência doméstica deve ser bem trabalhada pelo assistente social, pois esses profissionais são peças singulares no enfrentamento a violência doméstica, devendo assim haver uma articulação em rede com outros órgãos espalhados por todo o Brasil e até mesmo com outros países, pois a partir de um trabalho conjunto é que se consegue maximizar ainda mais o potencial de combate à violência doméstica contra mulher.
 
3.2.2 Atendimento psicossocial
O atendimento psicossocial envolve um trabalho interdisciplinar que conta com o apoio sistemático dos seguintes profissionais: assistentes sociais psicólogos, educadores sociais, delegacias especializadas, atendimento judiciário necessário e outros. Portanto, a partir de um atendimento bem estruturado é contando com o apoio de técnico adequado é possível prestar um atendimento de qualidade que venha a atender as necessidades dos que dele necessitam. Para o:
O atendimento psicossocial é um instrumento fundamental para a garantia dos direitos [...], que tem como referência básica os princípios de prioridade absoluta, por serem sujeitos de direitos e em condição peculiar de desenvolvimento. Configura conjunto de atividades e ações psicossocioeducativas,de apoio e especializadas, desenvolvidas individualmente e em pequenos grupos (prioritariamente), de caráter disciplinar e interdisciplinar, de cunho terapêutico [...] (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2009, p.49).
Diante dessa colocação, em síntese compreende-se que ao prestar um atendimento psicossocial, os profissionais envolvidos, oportunizarão as vítimas de violência doméstica a possibilidade se superação de muitos traumas que esse tipo de violência pode gerar, de acordo com a frequência da agressão e fragilidade da vítima. Ressalta-se que este tipo de atendimento envolve um conjunto de atividades que poderão ser organizadas de acordo com tipo de atendimento prestado. Seguindo ainda a presente reflexão SANDERSON (2005), apud SOUSA; VENTURA (2013, p.5):
A equipe multidisciplinar [...] é imprescindível que cada profissional saiba o seu papel e as suas tarefas, tendo flexibilidade diante das diferentes necessidades que apresentam. A proposta do trabalho multidisciplinar enriquece as tentativas da busca de uma melhor qualidade de vida, tanto física quanto psicológica, pois permite discutir estratégias diversificadas que almejam resultados eficazes. E o papel do psicólogo, na equipe é fundamental. O atendimento do processo e a realização de seu trabalho são dinâmicos e não pode ser atendido como uma tarefa fácil e simples. É preciso ter a consciência de que mesmo com a sua ajuda, nem todos os problemas estarão resolvidos, porque muitos fatores independem do psicólogo das suas ações.
 Em linhas gerais, fica claro que a prestação de serviço pela equipe multidisciplinar às mulheres vítimas de violência doméstica é de singular importância, uma vez que cabe aos profissionais envolvidos elaborar uma melhor estratégia de acompanhamento, bem como também, trabalhar de forma conjunta com demais profissionais, para que estes possam readaptar suas práticas pautando-se nos anseios particulares de cada dificuldade presente na clientela que está sendo atendida. 
Ressalta-se também, a importância de um trabalho contínuo com os integrantes do seio familiar para que o atendimento seja o mais exequível possível. Ainda sobre o atendimento, o Conselho federal de Psicologia (2009, p.50), aborda que:
Entende-se por atendimento a atenção física, jurídica, psicológica, econômica e social prestada a todas as pessoas envolvidas [...] o atendimento deve ser entendido ainda como conjunto de ações internas do CREAS e dos demais serviços da rede, e deve estar voltado, além da atenção emergencial para a redução de danos sofridos pelos sujeitos, para a mudança de condições subjetivas que geram, mantêm ou facilitam à dinâmica e as ameaças abusivas. As ações devem ser potencializadoras da autonomia, favorecendo aparticipação na rede social ampliada [...].
Frente a isso, o atendimento as vítimas conta com um aparato socioassistencial, jurídico e psicológico como um todo. Este tipo de atendimento deve ser ofertado por uma instituição de apoio social o CREAS, sendo que todos os serviços prestados por este órgão têm papel fundamental para o atendimento as vítimas, favorecendo-as no tocante a superação das consequências físicas e psicológicas, para que os mesmos possam conviver em harmonia com consigo mesmo e com o contexto social no qual este está inserido.
NÃO IMPRIMIR ESSA PARTE
4 METODOLOGIA
Para a realização deste presente trabalho monográfico a metodologia adotada foi pesquisa bibliográfica, na qual o pesquisador faz uso de artigos científicos, reportagens, livros e outros materiais que sirvam de suporte para auxiliá-lo na efetivação de sua pesquisa. 
Na concepção de Gil (2002), a pesquisa bibliográfica permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos, pois permite a quem a faz ter acesso a diferentes fontes de pesquisa de acordo com seus anseios. Ainda de acordo com Gil (2002, p.59):
A pesquisa bibliográfica, como qualquer outra modalidade de pesquisa, desenvolve-se ao longo de uma série de etapas. Seu número, assim como seu encadeamento, depende de muitos fatores, tais como a natureza do problema, o nível de conhecimento que o pesquisador dispõe sobre o assunto, o grau de precisão que pretende conferir a pesquisa etc. 
Sendo assim, a pesquisa bibliográfica desenvolve-se a partir de várias etapas, que dependem exclusivamente do caminho que será percorrido pelo pesquisador, uma vez que o os objetivos por ele delineadodevem ser atingidos, assim como outros pontos que foram levantados por ele. Esse tipo de pesquisa permite que a faça conhecer de maneira bastante sucinta a respeito do tema pesquisado, pois terá a oportunidade de conhecer o mesmo assunto a partir da visão de diferentes autores o que levará ao mesmo a oportunidade de ampliar seu conhecimento de maneira eficaz.
A pesquisa bibliográfica é realizada a partir de consulta a diferentes tipos de literaturas que podem ser adquirida através da leitura de artigos acadêmicos, dissertações, tese, matérias em revistas, livros de renomados autores e outros. Com esse tipo de pesquisa o pesquisador tem a oportunidade de ampliar seu conhecimento de maneira global, pois conhece sobre diferentes temas de maneira diversificada de acordo com a sua necessidade de conhecimento. Para Gil (2002, p.44-45):
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos [...]. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia ser pesquisada. Essa vantagem torna-se particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito mais dispersos pelo espaço. 
De posse o que foi proposto, confirma-se que ao realizar uma pesquisa bibliográfica tem-se a oportunidade de voltar-se para o assunto de pesquisa de maneira eficaz por possibilitar a oportunidade de desenvolver o conhecimento de forma precisa.
CONCIDERAÇÕES FINAIS
Abordar a questão da violência, seja qual for à forma emque ela se apresente, não pode ser vista como uma ação simplista, pois esta temática é bastante complexa, apresentando um pluralismo de concepções. E mesmo sendo de difícil compreensão, é de conhecimento geral que a violência está cada vez mais presente na vida das pessoas, tanto no nível pessoal como também no coletivo. Ressalta-se, que dentre as diversas formas de manifestação de violência, o abuso contra as mulheres dentro do ambiente doméstico vem ocupando lugar de destaque no cenário nacional e mundial.
Diante das dificuldades de compreensão acerca da violência doméstica, ela pode ser colocada como sendo o resultado da agressão física, psicológica ou emocional e verbal a que a mulher é submetida por parte de seu companheiro. Ela acomete um percentual significativo da população feminina, podendo ser observada em todas as classes sociais, não fazendo distinção econômica, racial, religiosa ou de escolarização, dentro outros. 
Este fenômeno social em que se tornou a violência doméstica contra as mulheres apresenta um dinamismo todo particular, manifestando-se de diferentes maneiras, sendo a agressão física, psicológica ou emocional e verbal suas manifestações mais frequentes. Diz-se física, quando existe o uso da força, havendo, portanto, a ocorrência de lesões. Exemplos claros deste modo de agressão são bofetões, empurrões, queimaduras, etc. No caso da psicológica ou emocional, ao contrário da física não deixa marcas visíveis no corpo, porém marcas profundas que a agredida leva por toda a sua vida, ela é caracterizada pela rejeição, depreciação, humilhação, desrespeito, entre outras situaçõesconstrangedoras. A verbal está intimamente relacionada com a violência psicológica e diz respeito aos chingamentos ou até mesmo situações em que não são usadas palavras, porém existem situações de claro constrangimento.
Diante do que foi constatado com a presente pesquisa, averigua-se que a violência doméstica contra a mulher pode ocorrer de diferentes maneiras, como também são os inúmeros fatores que contribuem para a sua

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