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Crimes contra o patrimônio

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31/07/2022 06:41 Crimes contra o patrimônio
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02913/index.html#imprimir 1/37
Crimes contra o patrimônio
Daniela Duque-Estrada
false
Descrição
As figuras típicas contra o patrimônio, sua interpretação e sua filtragem constitucional.
Propósito
Realizar uma análise precisa dos crimes contra o patrimônio é essencial na formulação de soluções jurídicas para os conflitos sociais a partir da
correta interpretação constitucional dos institutos de Direito Penal pelo profissional de ciências jurídicas.
Preparação
Antes de iniciar seus estudos, pesquise e acesse os arts. 155 a 180 do Código Penal (CP) para investigar as figuras típicas contra o patrimônio.
Objetivos
Módulo 1
Conceitos
Identificar os conceitos de patrimônio para fins penais e as figuras típicas do delito de furto.
Módulo 2
Condutas
Distinguir as condutas de furto, roubo, extorsão e extorsão mediante sequestro.
Módulo 3
Delitos
Categorizar os delitos de usurpação, dano e apropriação indébita.
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Módulo 4
Figuras típicas
Avaliar as figuras típicas de estelionato, as demais fraudes e a receptação.
Antes de iniciarmos os estudos sobre os crimes contra o patrimônio, há uma série de indagações a serem respondidas para que possamos
compreender melhor suas características elementares. Elenquemos três delas:
Qual é o conceito de patrimônio para fins penais?
Que conceitos de Direito Civil precisam ser revisitados para a compreensão do alcance das expressões “propriedade”, “posse” e
“detenção”, assim como de suas características?
Qual é a distinção entre o bem móvel e o imóvel?
Perceba que tais indagações resultam da interdisciplinaridade do Direito. Graças à compreensão de tais conceitos, podemos identificar o
bem jurídico-penal tutelado e os critérios utilizados pelo legislador para fins de tipificação e diferenciação das principais figuras típicas
contra o patrimônio.
O conceito de patrimônio utilizado para fins extrapenais pode ser compreendido como o conjunto de relações jurídicas de um indivíduo
com um potencial economicamente apreciável. Nesse conceito, são incluídas as relações jurídicas positivas e negativas, ou seja, créditos e
débitos.
Diferentemente disso, o Direito Penal somente contempla o conceito de patrimônio positivo. É fácil compreender essa distinção, uma vez
que não é possível imaginar o interesse na realização do furto de um débito ou dívida.
Ainda que utilizemos o valor econômico para caracterizar o patrimônio, podemos acrescentar no âmbito penal outro critério:
Valor de troca:
Corresponde ao valor economicamente apreciável.
Valor de uso:
Corresponde ao valor sentimental conferido ao bem.
Segundo Greco (2019), ambos são objeto de proteção do Direito Penal.
Exemplo: Pensemos numa boneca de pano guardada por uma neta como recordação de sua avó. Ainda que tal bem móvel só possua valor
sentimental, ele poderá ser objeto de crimes contra o patrimônio, como furto e roubo.
Introdução
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1 - Conceitos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os conceitos de patrimônio para �ns penais e as �guras típicas do delito
de furto.
Primeiras palavras
Neste módulo, analisaremos a figura típica do delito de furto (previsto no art. 155 do CP), as controvérsias sobre sua consumação e a dosimetria
de pena, bem como sua distinção em relação aos demais delitos contra o patrimônio. Para isso, realizaremos o estudo de casos exemplificativos
e hipotéticos a partir das referências da literatura jurídica e da jurisprudência.
Furto
A professora Daniela Duque-Estrada discorre sobre as principais características do tipo penal de furto, com exemplos.
Principais conceitos e características
Previsto no art. 155 do CP, o delito de furto inaugura o título de crimes contra o patrimônio. Essa é a razão pela qual o utilizaremos como elemento
de comparação com os demais crimes deste título.
Exemplos:
Roubo.
Apropriação indébita.

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Estelionato.
Temos como objeto jurídico protegido o patrimônio. Isso compreende não apenas o direito à propriedade, mas também à posse e à detenção
“legítimas de coisa móvel”, completa Cunha (2019, p. 274), sendo esse o entendimento majoritário. Em relação ao objeto material sobre o qual
recai a conduta do agente, há a coisa móvel.
Mais uma vez, precisamos recorrer à interdisciplinaridade do Direito para a compreensão do conceito de coisa móvel para fins penais.
O Direito Penal não utiliza conceitos e requisitos para a distinção entre coisa móvel e imóvel estabelecidos pelo
Código Civil; ao contrário, para o Penal, é irrelevante a forma pela qual ocorre a transmissão do bem, seja por
tradição ou registro. Basta que tal bem possa ser transferido de um local para o outro sem perder a sua essência.
Qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime, exceto o proprietário da res que esteja destituído de sua posse, pois, nesse caso, é possível
estar caracterizado um crime contra a administração da justiça (previsto no art. 346 do CP). Da mesma forma, o possuidor não pode ser sujeito
ativo do delito de furto, pois a inversão do animus sobre a posse tipifica a conduta como apropriação indébita (prevista no art. 168 do CP).
Ainda que se trate de crime unissubjetivo, pois ele pode ser praticado por um único agente, é possível haver o concurso eventual de pessoas
(previsto no art. 29 do CP). O sujeito passivo será o titular do bem jurídico lesionado, podendo a conduta ser praticada contra o proprietário,
possuidor ou até mesmo detentor da res furtiva, desde que ele tenha alguma relação ou interesse legítimo sobre a coisa móvel.
Para que possamos identificar o alcance das expressões “propriedade”, “posse” e “detenção”, precisamos lançar mão dos conceitos
desenvolvidos em Direito Civil nos arts. 1198 e 1228 do Código Civil.
Vejamos, por exemplo, a seguinte figura:
Res
Coisa
Res furtiva
A coisa furtada.
Propriedade
Consistente nas faculdades de uso, gozo ou fruição e disposição.
Posse
Caracterizada como “uma situação de fato, em que se reconhece o exercício autônomo de alguma das faculdades inerentes ao domínio”, aponta
Tepedino (2020, não paginado).
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Detenção
Situação na qual o agente exerce um “poder de fato” em nome de outrem (TEPEDINO, 2020, não paginado).
Exemplo
Gil transporta em sua mochila um computador que acabou de comprar para a empresa na qual trabalha. Ele não pode ser considerado possuidor
do bem, e sim um mero detentor, na medida em que exerce a posse em nome de outrem; logo, caso seja subtraída sua mochila dentro do metrô
no caminho à empresa, será caracterizada a conduta de furto.
Em síntese, significa dizer que a conduta pode ser realizada contra um sujeito que não o proprietário do bem.
Podemos classificar o furto, portanto, como:
Crime comum.
Subjetivamente complexo.
De dano.
Material.
Instantâneo.
Unissubjetivo.
Plurissubsistente.
O tipo penal apresenta como núcleo do tipo o verbo “subtrair”. Ele representa a retirada do bem da esfera de disponibilidade de seu titular sem o
consentimento dele, caracterizando a “clandestinidade” na posse sobre o bem, vista aqui sob a mesma concepção de Direito Civil.
O elemento subjetivo, por sua vez, se caracteriza pelo:
Dolo genérico de subtrair.
Especial fim de agir de assenhoreamento definitivo para si ou para outrem, ou seja, o especial fim de agir de retirar da esfera de disponibilidade
de seu titular para nunca mais restituir.
Saiba mais
A conduta denominada “furto de uso” não se caracteriza como infração penal, e sim como mero ilícito civil,exceto se estivermos diante de crimes
de responsabilidade de prefeitos e vereadores previstos no Decreto-Lei nº 201/1967.
Para a caracterização do “furto de uso”, é necessário haver a cumulação dos seguintes requisitos:

Coisa alheia móvel infungível.

Ausência do especial fim de agir de assenhoreamento definitivo para si ou para outrem.

Restituição imediata e integral da res ao sujeito passivo.
Temos ainda o elemento normativo na expressão “coisa alheia”, sendo necessária a valoração extrajudicial pelo intérprete para delimitar o alcance
de seu conteúdo.
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O senso comum nos diz que “coisa alheia” é tudo o que não é nosso, ou seja, o patrimônio que se encontra sob a
propriedade, a posse ou a detenção de outrem.
Vale lembrar que algumas coisas móveis não podem ser objeto de furto, pois não integram o patrimônio alheio.
Vejamos quais e por qual motivo:
res nullius
Coisas sem dono.
res derelicta
Coisas abandonadas.
res desperdicta
Coisas perdidas.
Por se tratar de um crime material, o furto se consuma com a ocorrência do resultado naturalístico, ou seja, quando o bem é retirado da esfera de
disponibilidade de seu titular. É irrelevante o que ocorre com o bem móvel após a consumação, seja ele vendido, doado ou destruído, pois trata-se
de um mero exaurimento do delito.
Nesse sentido, trata-se de crime de dano em face da necessidade de lesão ao bem jurídico protegido. Ele ainda é considerado instantâneo, já que
sua consumação ocorre graças à realização de uma única conduta que não se prolonga no tempo.
Inicialmente, a consumação do delito deu ensejo a controvérsias sobre a determinação do lapso temporal da inversão da posse ou da
necessidade de a posse ser mansa e pacífica — e, portanto, desvigiada para a sua consumação. Sobre o tema surgiram, na literatura jurídica,
quatro teorias:
Concretatio.
Amotio.
Ablatio.
Illatio.
Atualmente, conforme o entendimento dominante nos tribunais superiores, aplica-se a teoria amotio, segundo a
qual o delito se consuma com a inversão da posse, não sendo necessário que ela seja mansa ou pacífica. No
mesmo sentido, não se exige lapso temporal para a posse, de modo que a prisão do agente não descaracteriza a
consumação do delito.
Uma questão interessante trata da caracterização ou não de crime impossível (art. 17 do CP) no caso da existência de detectores antifurto, como
câmeras de vigilância, por exemplo, pois elas são passíveis de falha. Prevalece o entendimento de que sua existência, por si só, não é capaz de
tornar o crime impossível por absoluta ineficácia do meio, podendo a conduta ser caracterizada na forma tentada dependendo das circunstâncias
fáticas nas quais foi praticada. Por conta disso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) editou o Enunciado de Súmula nº 567.
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Súmula nº 567
Súmula 567 do STJ: “Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento
comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto”.
Modalidades de furto
Furto simples
Previsto no caput do art. 155 do CP, ele corresponde à figura típica que contém todos os elementos fundamentais do delito, bem como prevê a
cominação de abstrata de reclusão de 1 a 4 anos e multa.
Furto noturno
Previsto no §1º do art. 155 do CP, o furto noturno configura causa de aumento de pena de um terço. Esse entendimento fundamenta-se no maior
juízo de reprovabilidade da conduta praticada, uma vez que a vigilância sobre a coisa móvel é reduzida durante o período da noite, no qual as
pessoas costumam descansar.
Ainda que a lei utilize a expressão “repouso noturno”, ela não apresenta qualquer critério para sua definição. Isso, portanto, gera algumas dúvidas:
A causa de aumento só se aplica a residências ou também a estabelecimentos comerciais?
Apesar de haver divergências na literatura jurídica e na jurisprudência, prevalece o entendimento pela possibilidade de incidência do furto noturno
a estabelecimento comercial, vazio ou não, bem como a residências desabitadas (STJ, HC 501.072/ SC, 2019).
Furto privilegiado
Previsto no §2º do art. 155 do CP, o furto privilegiado, também denominado “furto de pequeno valor”, configura causa obrigatória de diminuição de
pena a ser aplicada na terceira fase da dosimetria, podendo variar de um a dois terços.
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Saiba mais
Existe a previsão da possibilidade de substituição da pena de reclusão pela de detenção ou da aplicação somente da pena de multa. A aplicação
de uma ou outra está condicionada às regras previstas no art. 44 do CP.
Vejamos os requisitos cumulativos para a incidência da aplicação de pena:
Primariedade do agente
A primariedade nada mais é do que reconhecer que o agente não é, de acordo com o conceito previsto no art. 63 do CP, reincidente.
“Pequeno valor” da res furtiva
A delimitação da expressão “pequeno valor” gera controvérsias, pois não podemos confundi-la com as situações nas quais é aplicado o princípio
da insignificância.
Enquanto o privilégio é uma causa obrigatória de diminuição de pena, o reconhecimento da aplicação do princípio
da insignificância exclui a tipicidade (material) da conduta.
Esse entendimento foi incluído no rol de jurisprudência em teses do STJ (AgRg no HC 521476/SP, 2020).
Feita essa distinção, surge a indagação:
Considera-se “pequeno valor” o da res furtiva ou seu valor em comparação ao patrimônio da vítima?
Prevalece o entendimento de que deve ser analisado o valor da coisa independentemente do prejuízo causado ao patrimônio do titular do bem
jurídico lesionado, informa Nucci (2021).
Furto de energia
O §3º do art. 155 do CP apresenta uma figura equiparada ao furto de coisa móvel por intermédio da adoção da técnica de interpretação analógica,
na qual o legislador utiliza um procedimento de comparação entre uma “formulação genérica de incidência” e o rol de casos exemplificativos
descritos pela lei penal.
Aqui o legislador equiparou à coisa móvel qualquer forma de energia, desde que ela tenha valor econômico — conforme extraímos da leitura do
item 56, da exposição de motivos da parte especial do CP e do §3º do art. 155 do CP —, sendo a energia elétrica descrita como exemplo de
energia para fins de tipificação da conduta de furto.
Curiosidade
A captação clandestina de sinal de TV a cabo tem sido objeto de controvérsia na jurisprudência sob o argumento de que não se trata de “energia”
(STJ, REsp 1838056/ RJ, 2020).
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Furto quali�cado
O §4º do art. 155 do CP descreve as circunstâncias qualificadoras do delito de furto com o intuito de gerar uma nova pena de reclusão em
abstrato: 2 a 8 anos e multa.
O furto qualificado, portanto, é um tipo penal derivado no qual o legislador considerou o maior juízo de reprovabilidade da conduta do agente em
decorrência de circunstâncias de natureza objetiva e subjetiva.
Vejamos cada uma dessas circunstâncias:
É preciso compreender o “obstáculo” aqui como algo externo à coisa móvel e, portanto, impeditivo de seu acesso. Exemplo: um cadeado.
Incide a qualificadora de abuso de confiança quando o agente se vale de uma relação de confiança existente entre ele e a vítima
previamente à prática da conduta.
A relação empregatícia, por si só, não gera uma relação de confiança, devendo ser auferida no caso concreto. Caso seja comprovado que,
apesar do vínculo empregatício, não havia tal relação, ele poderá ser usado como circunstância agravante genérica (prevista no inciso II,
alínea f, do art. 61 do CP).
O emprego de fraude se caracteriza pela utilização dealgum artificio ou ardil capaz de diminuir a vigilância da vítima sobre o bem.
Exemplo: Anabella ingressa em uma joalheria e, após ver vários anéis dispostos em uma bandeja, solicita à vendedora que traga outros
modelos sob a alegação de que ainda está na dúvida sobre qual adquirir. Aproveitando-se da distração da funcionária ao buscar outra
bandeja, ela subtrai uma peça que estava sobre a mesa.
A qualificadora da escalada se configura quando o agente precisa empregar um meio anormal ou esforço incomum para que o agente
tenha acesso à coisa móvel. Exemplo: o uso de uma escada ou corda para que o agente tenha acesso ao interior do primeiro andar de um
imóvel.
Por fim, o inciso II ainda descreve o emprego de destreza, segundo o qual o agente se utiliza de excepcional habilidade para subtrair a res
sem que a vítima perceba sua conduta.
Podemos compreender como “chave falsa” todo e qualquer instrumento que possa ser utilizado para abrir fechaduras independentemente
de ele possuir forma de chave. Exemplo: arame, grampo ou a denominada “mixa”.
Dica: A utilização de cópia de chave verdadeira realizada sem o consentimento da vítima não pode ser considerada chave falsa para fins
de qualificação do delito; todavia, ela pode qualificá-lo por fraude ou abuso de confiança a depender da forma com a qual se teve acesso à
Mediante destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa (inciso i) 
Com abuso de confiança ou mediante fraude, escalada ou destreza (inciso ii) 
Com emprego de chave falsa (inciso iii) 
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chave original/verdadeira.
Esta qualificadora se refere ao concurso eventual de pessoas previsto no art. 29 do CP. Não se exige, para sua caracterização, que todos
os agentes sejam imputáveis ou que todos estejam presentes no momento da execução do delito, devendo ser comprovada, ao longo da
instrução criminal, a relevância causal das condutas praticadas pelos agentes para a prática do furto.
Acerca dessa qualificadora, ainda surge a seguinte indagação:
É possível, em benefício dos agentes, aplicar ao furto a majorante (prevista no art. 157, §2º, II, CP) para o delito de roubo?
Em decorrência do maior juízo de reprovabilidade empregado ao furto pela prática do delito em concurso eventual de agentes, acrescido
do princípio da legalidade, não há que se aplicar o disposto para esse delito (Enunciado de Súmula nº 442, STJ). Prevalece o entendimento
pela possibilidade da ocorrência do furto qualificado-privilegiado, à exceção da qualificadora “abuso de confiança”, por se tratar de uma
circunstância subjetiva (Enunciado de Súmula nº 511, STJ).
As quali�cadoras inseridas pela lei nº 13.654/2018
A Lei nº 13.654/2018 acrescentou duas qualificadoras ao art. 155 do CP relacionadas a substâncias explosivas, análogas ou a seus acessórios.
Elas podem ser contextualizadas pelo crescente número de furtos ocorridos em agências bancárias e caixas eletrônicos espalhados pelo país.
O §4º-A estabeleceu uma nova pena abstrata de reclusão de 4 a 10 anos e multa caso o furto seja praticado mediante emprego de explosivo ou
de artefato análogo que cause perigo comum.
Curiosidade
Essa qualificadora foi inserida no rol de crimes hediondos (art. 1º, inciso IX, da Lei nº 8.072/1990) pela Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime).
O §7º, por sua vez, prevê a pena abstrata de reclusão de 4 a 10 anos e multa se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios, os
quais, de maneira conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
Analisaremos agora três tipos de furto:
Mediante concurso de duas ou mais pessoas (inciso iv) 
Furto de veículo automotor
Previsto no §5º, com pena abstrata de reclusão de 3 a 8 anos, ele foi incluído pela Lei nº 9.426/1996 e tem por objeto o furto no
qual o agente visa a transportar o veículo para outro estado ou para o exterior.
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Verificamos, portanto, a presença de três situações previstas:
A previsão da qualificadora, com pena abstrata de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa (§4º-B) pelo emprego da fraude eletrônica.
A incidência de causa de aumento à figura qualificada, consideranda a relevância do resultado gravoso, quando praticada com utilização de
servidor mantido fora do território nacional (§4º-C, I, com aumento de 1/3 a 2/3).
Contra idoso ou vulnerável (§4º-C, II, com aumento de 1/3 até o dobro).
Furto de animal
Também conhecido como “abigeato”, o §6º possui por objeto de proteção semovente domesticável de produção, ainda que abatido
ou dividido em partes no local da subtração. Considerado de natureza objetiva, esse tipo de furto permite a concorrência com o de
pequeno valor (privilegiado).
Furto mediante fraude eletrônica
Acrescido pela Lei nº 14.155/2021, o furto mediante fraude eletrônica tem por finalidade agravar as penas das condutas praticadas
por meio de dispositivo eletrônico ou informático com ou sem invasão de dispositivo informático. Ele tem por fundamento a
necessidade de adoção de medidas de política criminal voltadas para a prevenção e a repressão das condutas delitivas praticadas
por esses meios. A lei prevê a cláusula de equiparação (interpretação analógica) a qualquer outro meio fraudulento análogo.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Vendedor de uma loja de eletrodomésticos, Robervaldo resolve, ao sair do trabalho no sábado, pegar “emprestada” da loja na qual trabalha uma
TV, sem que ninguém saiba e pretendendo devolvê-la cedo já na segunda-feira, para assistir à final do campeonato no domingo em casa com seus
amigos. Logo após sair da loja, ele é abordado por Zecão, o qual, com emprego de grave ameaça, arranca a caixa da TV da mão de Robervaldo e
sai correndo em fuga. 
Ante a situação exposta, é correto afirmar que as condutas de Robervaldo e Zecão são respectivamente:
A Conduta atípica; conduta atípica.
B Furto consumado; roubo consumado.
C Conduta atípica; roubo consumado.
D Furto consumado; furto consumado.
E Furto consumado; conduta atípica.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Para que o furto de uso seja caracterizado, é imprescindível que a res seja restituída pronta e
integralmente.
Questão 2
Cleosvaldo, com o dolo de subtrair um notebook que se encontra no banco de trás de um veículo, quebra o vidro do motorista, retira o computador
e, ato contínuo, empreende fuga. Nesse caso, é correto afirmar que sua conduta será tipificada como furto:
A Simples.
B Qualificado pela escalada.
C Qualificado pela destruição ou rompimento de obstáculo.
D Qualificado pela destreza.
E Majorado pelo valor da res furtiva.
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2 - Condutas
Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir as condutas de furto, roubo, extorsão e extorsão mediante sequestro.
Primeiras palavras
Neste módulo, investigaremos as figuras típicas de roubo, extorsão e extorsão mediante sequestro, assim como a incidência da lei de crimes
hediondos e consectários para fins de cominação e execução de pena. Realizaremos, para tal, o estudo de casos exemplificativos e hipotéticos a
partir das referências da literatura jurídica e da jurisprudência.
Roubo
A professora Daniela Duque-Estrada discorre sobre as principais características do tipo penal de roubo com exemplos.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Conforme entendimento majoritário, o vidro será considerado um obstáculo à subtração da coisa
alheia móvel, enquanto o delito será tipificado como qualificado (STJ, AgRg no HC 407615/SC).


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Principais conceitos e características
Previsto no art. 157 do CP, o roubo se caracteriza como um delito complexo, pois ele contempla a união de duas figuras típicas formando uma
terceira autônoma — seja por meio do emprego de violência ou de grave ameaça.
Podemos visualizar a incidência do princípio da consunção da seguinte forma:
Inicialmente, conseguimos identificar como elemento distintivo entre os delitos de furto e de roubo o emprego de violência ou grave ameaça
contra pessoa, fator que caracteriza o crime como complexo ou pluriofensivo. Além do patrimônio, contempla-se, assim, a integridade física ou a
liberdade individual como bens jurídico-penais.
Furto
É crime menos grave, pois não há violência.
Roubo
Ocorre com ameaça e violência.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime — e com as mesmas exceções previstas para o delito de furto.
Atenção!
Precisamos ter atenção ao sujeito passivo pois a violência ou a grave ameaça pode ser empregada tanto contra o titular do patrimônio lesionado

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Precisamos ter atenção ao sujeito passivo, pois a violência ou a grave ameaça pode ser empregada tanto contra o titular do patrimônio lesionado
quanto contra outrem, ainda que ele não seja o titular do bem jurídico patrimônio, já que o delito de roubo é pluriofensivo.
O roubo classifica-se como:
Crime comum.
Subjetivamente complexo.
De dano.
Complexo.
Material.
Instantâneo.
Unissubjetivo.
Plurissubsistente.
Da mesma forma que o furto, a descrição da conduta típica contempla a subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem — especial fim de
agir da conduta. No entanto, acrescenta-se a essa conduta o emprego de violência ou a grave ameaça à pessoa.
Tal conduta ainda pode ser caracterizada como:
Violência própria
Caracteriza-se como a coação física (vis absoluta).
Violência imprópria
Caracteriza-se pelo emprego de qualquer meio capaz de reduzir a capacidade de resistência da vítima.
Aqui novamente o legislador optou pelo emprego de interpretação analógica ao estabelecer a formulação genérica para “qualquer meio” no qual
existe a redução da capacidade de resistência da vítima.
Exemplo
Podemos citar como exemplo de violência imprópria o “golpe” conhecido como “Boa noite, Cinderela”, no qual o agente se utiliza de ardil para
drogar a vítima com o propósito de reduzir sua capacidade de resistência ou suprimir a de discernimento/consentimento para que possa realizar
a subtração da res.
A terceira forma de realização da conduta típica é a coação moral (vis compulsiva) por meio de constrangimento ilegal ou grave ameaça. Por
tratar-se de um crime material, sua consumação ocorre com a produção do resultado lesivo, causando “inversão da posse mediante emprego de
violência ou grave ameaça, ainda que por um breve período de tempo” (Enunciado da Súmula nº 582 do STJ).
É dispensável que tal posse seja mansa ou pacífica conforme a teoria da amotio majoritária na literatura jurídica e na jurisprudência e presente no
verbete de Súmula nº 582 do STJ. Sendo um crime plurissubsistente, a tentativa é admissível.
Atenção
A perseguição imediata do agente e a consequente prisão em flagrante delito não afastam a consumação do roubo (ou do furto).
Modalidades de roubo
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O delito de roubo apresenta um rol de diferentes causas de aumento, bem como de figuras qualificadas. Descreveremos agora as seguintes
modalidades de roubo:
Roubo próprio e roubo impróprio
Diferenciam-se o roubo próprio e o impróprio pelo momento no qual ocorre o emprego da violência para a subtração da coisa.
Roubo próprio
Caso a violência seja empregada em momento anterior ou concomitante à subtração (art. 157, caput, CP).
Roubo impróprio
Caso a violência seja empregada imediatamente após a subtração para “assegurar a detenção da res ou a impunidade do agente” (art. 157, §1º,
CP).
Perceba que, no roubo impróprio, a conduta inicialmente é de furto e se transforma em roubo à medida que ocorre o emprego da violência à
pessoa. Dessa forma, questiona-se a possibilidade de tentativa no delito de impróprio.
Prevalece o entendimento de que o roubo impróprio se consuma com o emprego da violência para assegurar a detenção do bem ou sua
impunidade; logo, ele não admite a modalidade tentada, e sim a tipificação do delito de furto na modalidade tentada, destaca Prado (2019, p. 650).
Pode ocorrer ainda o concurso material de crimes com o crime decorrente de violência, como lesão corporal leve, por exemplo.
Roubo majorado
Apresentaremos agora estes tipos de roubo majorado:
Roubo majorado de um terço até a metade
O §2º do art. 157 do CP descreve as circunstâncias nas quais o roubo pode ter sua pena majorada de um terço até a metade. Falaremos sobre
elas a seguir:
Da mesma forma que a qualificadora prevista para o delito de furto, essa circunstância se refere ao concurso eventual de pessoas, não se
exigindo que todos sejam imputáveis e tampouco que todos estejam no local do crime quando da prática da conduta.
Surge, nesse caso, a seguinte controvérsia:
No caso da prática do roubo por associação criminosa (descrita no art. 288 do CP), incidirá o concurso material de crimes com o roubo
majorado pelo concurso de pessoas ou será caracterizado o bis in idem?
Prevalece o entendimento nos tribunais superiores e na literatura jurídica pela admissibilidade do concurso de crimes sob os argumentos
de que:
Os bens jurídicos protegidos nos delitos são distintos (patrimônio e paz pública).
Esses bens serão utilizados em fases distintas da dosimetria de pena.
O mesmo entendimento se aplica em relação ao delito de furto (STF, ARE 1234968/SP, 2021).
Concurso de pessoas (inciso ii) 
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Esta majorante visa a proteger a segurança no transporte de valores e os agentes que os transportam mediante serviço. Ela, portanto, não
se aplica àquele realizado pelo proprietário dos valores.
Aplica-se aqui o mesmo raciocínio empregado no delito de furto previsto no §5º do art. 155 do CP. Desse modo, para a configuração da
circunstância, é indispensável que o agente pretenda transportar o veículo para outro estado ou para o exterior.
Caso ele consuma a subtração, mas seja detido antes de chegar a outro estado ou país, não incidirá a circunstância, frisa Cunha (2019, p.
295).
A majorante se aplica quando o agente priva a liberdade da vítima para garantir a consumação do delito ou a fuga do local do crime.
Exemplo: No caso de o agente roubar um carro parado em um sinal de trânsito e manter o condutor do veículo dentro do veículo até
ambos chegarem a um local ermo no qual a vítima será largada.
Verifica-se o mesmo fundamento do art. 155, §7º, CP, diferenciando-se dele apenas pelo fato de que o roubo é praticado mediante
violência ou grave ameaça.
A Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) incluiu o emprego de arma branca como causa de aumento da pena de um terço até a metade,
tendo, dessa forma, encerrado as controvérsias decorrentes da revogação do inciso I do §2º pela Lei nº 13.654/2018.
Considera-se arma branca todo instrumento que não se constitua arma de fogo capaz de vulnerar a integridade física de outrem,
informam Souza e Japiassú (2020).
Ela é classificada como própria ou imprópria conforme sua finalidade, seja ela instrumento de ataque ou defesa, como é o caso da espada
e da chave de fenda, respectivamente.
Roubo majorado de dois terços
A Lei nº 13.654/2018 acrescentou o §2º-A do art. 157 do CP prevendo como causa de aumento estes dois incisos:
Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância (incisoiii) 
Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro estado ou para o exterior (inciso iv) 
Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade (inciso v) 
Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem
ou emprego (inciso vi) 
Se a violência ou grave ameaça é exercida com o emprego de arma branca (inciso vii) 
Circunstância do emprego de arma de fogo (inciso I).
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Em relação à arma de fogo, caracteriza-se uma novatio legis in pejus na confrontação com o quantum de causa de aumento anteriormente
previsto no revogado inciso I do §2º.
Não se aplicará a causa de aumento quando o agente empregar arma de brinquedo (simulacro), pois, ainda que ela possua potencialidade
intimidatória, não possui potencialidade lesiva; logo, o crime será caracterizado como roubo simples.
Sobre o emprego de explosivo ou artefato análogo que cause perigo comum, aplica-se o mesmo entendimento do delito de furto.
Roubo majorado do dobro
A Lei nº 13.964/2019 acrescentou o §2º-B ao art. 157 do CP prevendo a aplicação em dobro da pena prevista para o roubo simples caso a
conduta seja praticada por arma de fogo de uso restrito ou proibido.
Aqui não é possível aplicar a causa de aumento do §2º-A, pois prevalece a circunstância que mais aumenta; desse modo, o §2º-A, inciso I,
somente será aplicado para os casos de arma de fogo de uso permitido.
Roubo quali�cado
A Lei nº 13.654/2018 alterou a redação do §3º do art. 157 do CP ao estabelecer qualificadoras distintas se o resultado mais gravoso for:
Lesão corporal de natureza grave (inciso I).
Morte (inciso II).
Ambos são crimes agravados pelo resultado, conforme o art. 19 do CP, apesar de não serem necessariamente preterdolosos.
O roubo qualificado pelo resultado morte foi denominado “latrocínio” pela Lei de Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/1990). Da figura agravada pelo
resultado mais gravoso, porém, surgem algumas controvérsias.
Em que momento se consuma o delito de latrocínio?
O latrocínio admite a modalidade tentada?
Qual é o juízo competente para processo e julgamento?
Destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (inciso
II).
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Conforme entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o delito de latrocínio se consuma com a
produção do resultado lesivo mais gravoso (morte), ainda que não tenha ocorrido a consumação da subtração
(Enunciado de Súmula nº 610).
Sobre a possibilidade de tentativa, ainda que se esteja diante de um homicídio, como resultado mais gravoso, o legislador optou por manter o
delito no rol de crimes contra o patrimônio, uma vez que a conduta inicial do agente visa à subtração da coisa alheia móvel, ainda que, para isso,
ele tenha de matar a vítima.
A partir da interpretação sistemática desse dispositivo, a competência para processo e julgamento, conforme entendimento sumulado pelo STF,
“é do juiz singular, e não do Tribunal do Júri” (Enunciado de Súmula nº 603).
Curiosidade
O Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019) inseriu no rol de crimes hediondos as seguintes figuras típicas de roubo previstas no art. 157 do CP:
§§2º, inciso V; 2º-A, inciso I; e 2º-B, bem como o roubo qualificado pelo resultado lesão corporal de natureza grave (art. 157, §3º, I).
Extorsão
Principais conceitos e características
Prevista no art. 158 do CP, a extorsão, da mesma forma que o delito de roubo, se caracteriza como crime complexo, ou seja, pluriofensivo, pois
são tutelados o patrimônio e a liberdade individual — e até mesmo a integridade física e psíquica ou a própria vida da vítima.
A extorsão configura-se como delito comum, não sendo exigida qualidade especial do agente ou da vítima. Como
no roubo, a vítima da violência ou da grave ameaça pode ser um terceiro que não o titular do patrimônio lesado.
A vantagem econômica indevida se configura como uma elementar normativa do tipo.
Saiba mais
Caso a conduta seja praticada por funcionário público, ela poderá, por força do princípio da especialização, ser caracterizada como delito de
concussão (art. 316 do CP), desde que ele não utilize violência ou grave ameaça. Se a vantagem for “devida”, a conduta poderá ser caracterizada
como delito previsto no art. 345 do CP.
Podemos classificar a extorsão como:
Crime comum.
Subjetivamente complexo.
De dano.
Complexo.
Formal.
Instantâneo.
Unissubjetivo.
Plurissubsistente.
A extorsão ainda pode ser compreendida como uma forma de constrangimento ilegal cuja finalidade seja a obtenção de vantagem econômica
i d id A lit t j ídi d “ á i h t ” d t S J i ú (2020)
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indevida. A literatura jurídica a descreve como uma “mercenária chantagem”, destacam Souza e Japiassú (2020).
A figura simples descrita no caput apresenta a mesma pena abstrata do delito de roubo. Em relação ao elemento subjetivo, temos o dolo genérico
de constranger e o especial fim de agir, ou seja, a obtenção de vantagem econômica indevida.
Trata-se de um crime formal, pois ele se consuma com a prática de violência ou grave ameaça, não sendo necessária a obtenção da vantagem
econômica indevida; logo, caso ela ocorra, será considerada um mero exaurimento da conduta (pós-fato impunível). Tal entendimento prevalece
nos tribunais superiores conforme o Enunciado de Súmula nº 96 do STJ.
Dica
Por se tratar de crime plurissubsistente, é possível fracionar sua conduta; assim, admite-se sua tentativa, por exemplo, nos casos em que a vítima
não se sente constrangida (ameaçada) pelo agente.
Modalidades de extorsão
Extorsão majorada
O §1º do art. 158 do CP prevê uma causa de aumento que pode variar de um terço até a metade nos casos em que a conduta seja praticada
mediante concurso eventual de pessoas ou emprego de arma. Aqui podemos utilizar o mesmo raciocínio visto nos delitos de furto e roubo em
relação ao concurso de pessoas.
Extorsão quali�cada
O §2º estabelece a incidência das qualificadoras previstas no §3º do art. 157, ou seja, nos casos de produção de resultado lesão corporal de
natureza grave ou morte.
O §3º, por sua vez, prevê como qualificadora o denominado “sequestro relâmpago”, sendo a pena abstrata cominada elevada à reclusão de 6 a 12
anos, além da multa. O dispositivo ainda estabelece que, se dessa conduta advir o resultado lesão corporal de natureza grave ou morte, serão
aplicadas as penas cominadas às respectivas qualificadoras do art. 159, §§2º e 3º.
Saiba mais
Ainda que a Lei nº 13964/2019 (pacote anticrime) tenha incluído a figura típica do “sequestro relâmpago” no rol de crimes hediondos (Lei nº
8.072/1990), não podemos deixar de apontar a exclusão do §2º do referido rol, o que consequentemente tem gerado a interpretação de que o
delito de extorsão previsto no §2º do art. 158 do CP não é considerado crime hediondo em decorrência do princípio da especialidade.
Extorsão mediante sequestro
A conduta descrita no art. 159 do CP se caracteriza como crime pluriofensivo, pois são tutelados o patrimônio e a liberdade pessoal do indivíduo.
Dessa forma, em decorrência do maior juízo de reprovabilidade da conduta em relação ao delito de extorsão (previsto no art. 158 do CP), a pena
abstrata cominada à conduta simples é de reclusão de 8 a 15 anos.
Curiosidade
Por consequência, todas as figuras típicas previstas no art. 159 do CP (simples e na forma qualificada) foram incluídas no rol de crimes
hediondos (art. 1º, IV, Lei nº 8072/1990).
Estamos novamente diante de um crime comum. Admite-se qualquer pessoa como sujeito ativo e passivo desse delito, destacando-se somente
quea vítima da privação de liberdade também seja a titular do patrimônio lesionado.
A extorsão mediante sequestro também se classifica como um delito unissubjetivo e subjetivamente complexo pois além do dolo genérico de
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A extorsão mediante sequestro também se classifica como um delito unissubjetivo e subjetivamente complexo, pois, além do dolo genérico de
sequestrar, há o especial fim de agir para obter qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate, por exemplo. A descrição típica
contempla a conduta de sequestrar com o fim de obter para si ou para outrem alguma vantagem do tipo.
Por se tratar de crime formal, ele se consuma quando a vítima é privada de sua liberdade independentemente da obtenção de qualquer vantagem.
A tentativa é possível nos casos em que o agente, por circunstâncias alheias à sua vontade, não logra êxito na privação de liberdade da vítima.
A extorsão mediante sequestro é um delito permanente; por isso, sua consumação se prolongará no tempo enquanto perdurar a conduta de
“sequestrar”, sendo aplicável o disposto no Enunciado de Súmula nº 711 do STF.
Figura simples
A conduta descrita no caput do art. 159 do CP prevê a pena abstrata de reclusão de 8 a 15 anos. Como vimos até agora, a figura simples somente
será caracterizada nos casos em que não for possível tipificar a extorsão pelas demais condutas descritas — no caso, as qualificadas.
Figuras quali�cadas
Este delito apresenta seis qualificadoras previstas nos §§1º, 2º e 3º do art. 159 em decorrência das seguintes circunstâncias:
Verifica-se aqui as circunstâncias de tempo decorrentes de:
Maior vulnerabilidade da vítima.
Maior juízo de reprovabilidade da conduta quando praticada por associação criminosa.
Sobre esse maior juízo de reprovabilidade da conduta, é necessário interpretar o dispositivo conforme a atual previsão do art. 288 do CP, a fim
de se reconhecer a prática por associação criminosa.
Trata-se de crime agravado pelo resultado mais gravoso. A pena abstrata cominada é alterada para reclusão de 16 a 24 anos.
Também é crime agravado pelo resultado mais gravoso. A pena abstrata cominada é alterada para reclusão de 24 a 30 anos em face do
Se o sequestro dura mais de 24 horas, se o sequestrado é menor de 18 ou maior de 60 anos ou se o crime é cometido por bandido ou
quadrilha (§1º) 
Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave (§2º) 
Se dele resulta morte (§3º) 
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maior juízo de reprovabilidade da conduta e do resultado.
Causa de diminuição de pena
Também denominada “delação premiada”, a diminuição de pena, prevista no §4º, teve sua redação alterada pela Lei nº 8.072/1990.
Essa lei estabelece uma causa de diminuição de pena nos casos em que o delito seja praticado mediante o concurso de pessoas — e desde que
sua “colaboração” efetivamente facilite a libertação da vítima.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Aproveitando-se da viagem de seus vizinhos, Felix ingressa no apartamento deles durante a madrugada e subtrai um notebook. No momento em
que está saindo da residência com o computador em uma mochila, ele é surpreendido pelo filho dos vizinhos, que estava cuidando do
apartamento enquanto eles viajavam. Nervoso, Felix dá um soco no rapaz e sai correndo do imóvel com a mochila contendo o computador. 
Nesse caso, é correto afirmar que a conduta de Felix configura crime de:
A Roubo próprio na modalidade tentada.
B Roubo impróprio consumado.
C Furto na modalidade tentada e lesão corporal consumada em concurso formal de crimes.
D Furto na modalidade tentada.
E Furto na modalidade tentada e lesão corporal consumada em concurso material de crimes.
Parabéns! A alternativa B está correta.
A distinção entre o roubo próprio e o impróprio reside no momento em que a violência é
empregada, sendo majoritário o entendimento de que o roubo impróprio não admite tentativa.
Questão 2
Hermenegildo, com emprego de arma, ameaça uma jovem em determinado caixa eletrônico e a obriga a sacar todos os valores constantes em
sua conta corrente. Nesse caso, é correto afirmar que sua conduta configura crime de:
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3 - Delitos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de categorizar os delitos de usurpação, dano e apropriação indébita.
Primeiras palavras
Neste módulo, investigaremos as figuras típicas de usurpação e sua interpretação constitucional para fins de delimitação e diferenciação dos
atos ilícitos extrapenais. Analisaremos ainda a conduta de dano e seus consectários, bem como as condutas de apropriação indébita, de modo a
A Roubo simples
B Extorsão simples.
C Roubo qualificado.
D Extorsão majorada.
E Roubo impróprio.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A distinção entre as condutas de roubo e de extorsão reside primordialmente na
imprescindibilidade da conduta da vítima na extorsão e em sua classificação como crime formal.

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diferenciá-las dos delitos de furto e estelionato.
Para tanto, realizaremos o estudo de casos exemplificativos e hipotéticos a partir das referências da literatura jurídica e da jurisprudência.
Usurpação
A professora Daniela Duque-Estrada discorre sobre as principais características do tipo penal de usurpação.
O capítulo III do título de crimes contra o patrimônio contempla as figuras típicas de usurpação descritas nos arts. 161 e 162 do CP. Para uma
melhor compreensão do conteúdo, podemos dividir o capítulo de usurpação nas figuras típicas de:
Alteração de limites (art. 161, caput, CP).
Usurpação de águas (art. 161, §1º, I, CP).
Esbulho possessório (art. 161, §1º, II, CP).
Supressão ou alteração de marca em animais (art. 162, CP).
A tipificação dessas condutas somente se dará de forma subsidiária às demais formas de proteção da propriedade imóvel previstas no Código
Civil (arts. 1210 a 1213).
Os delitos previstos no art. 161 do CP, em decorrência da pena máxima abstrata, caracterizam-se como infrações penais de menor potencial
ofensivo, sendo aplicáveis os institutos despenalizadores previstos na Lei nº 9.099/1995, como a transação penal (art. 76), por exemplo, exceto
nos casos em que houver emprego de violência.
Apontaremos a seguir as principais características dos itens que constam nesta figura:
Alteração de limites
Prevista no caput do art. 161 do CP, a alteração de limites apresenta, por bem jurídico-penal protegido, “a propriedade imobiliária” (SOUZA, 2020, p.
709) ou, em outras palavras, “a posse tranquila e propriedade de coisas imóveis” (PRADO, 2019, p. 670), sendo imóvel cuja linha divisória foi
alterada em seu objeto material.

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Ela se classifica como crime próprio, pois somente pode ser praticada pelo proprietário ou possuidor da propriedade imóvel alheia contígua. O
sujeito passivo, por sua vez, é o proprietário ou o possuidor do imóvel sobre o qual recairá a conduta delitiva. O possuidor indireto também pode
ser considerado sujeito passivo do delito, completa Cunha (2019, p. 337).
Exemplo
Proprietário destituído de sua posse direta em um contrato de locação.
A alteração de limites é subjetivamente complexa, uma vez que, além do dolo genérico de suprimir ou deslocar o sinal indicativo de linha divisória,
o agente atua com o especial fim de apropriar-se, ainda que parcialmente, de imóvel alheio.
A descrição típica prevê como condutas suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo
de linha divisória. Por se tratarde tipo misto alternativo, ainda que o agente pratique uma ou todas as condutas
descritas no tipo penal (suprimir ou deslocar), o crime permanece único.
Vejamos como podem ser caracterizadas as seguintes condutas:
Suprimir
Eliminação ou destruição da demarcação entre as propriedades contíguas.
Deslocar
Alteração ou modificação dessa demarcação.
A lei define a demarcação entre as propriedades com tapume como uma cerca ou um muro, conforme descreve o art. 1297, §1º, do Código Civil,
enquanto um marco pode ser considerado qualquer sinal indicativo da demarcação da propriedade, como uma placa, por exemplo.
A indicação de tapume ou marco é exemplificativa, pois estamos diante da utilização da interpretação analógica constante na expressão “ou
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória”.
Considera-se a alteração de limites um crime formal e de dano que se consuma com a prática de quaisquer condutas previstas no tipo penal,
sendo irrelevante a produção do resultado lesivo (efetiva redução do patrimônio). Ainda que seja um delito formal, por se tratar de crime
plurissubsistente, ele admite, em tese, a tentativa.
Usurpação de águas
Prevista no §1º, I, do art. 161, ela tem por núcleo do tipo as condutas de desviar (alterar) ou represar (barrar) águas alheias. Estamos diante de um
tipo misto alternativo e subjetivamente complexo, pois ele contempla o especial fim de agir em proveito próprio ou alheio, ainda que se consuma
com a mera realização da conduta, sendo irrelevante a obtenção desse proveito (crime formal).
Atenção
Deve-se observar o sentido da expressão “águas alheias”, uma vez que se trata de crime comum. Além disso, a água deixa de ser bem público de
uso comum a partir do momento em que é captada ou canalizada.
Esbulho possessório
Descrito no §1º, II, do art. 161, o esbulho possessório prevê a invasão de terreno ou edifício alheio.
Ele pode ser realizada mediante três condutas:
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O esbulho possessório é subjetivamente complexo, porque, além do dolo genérico de invadir, ele apresenta o especial fim de agir em proveito
próprio ou alheio, embora se consuma com a mera realização da conduta (crime formal).
Conforme prevê o §2º, caso o agente atue com violência, a pena proveniente de seu resultado também será cominada à do esbulho possessório.
A ação penal, em regra, é deflagrada mediante denúncia. Entretanto, é possível que ela seja decorrente de uma ação de iniciativa privada
(mediante queixa) nos casos de propriedade particular e quando, em sua conduta, não tenha sido praticada tal ação mediante violência, conforme
expressa previsão legal do §3º do art. 161 do CP.
Curiosidade
Em decorrência da função social da propriedade prevista na Constituição Federal de 1988, houve no país um movimento popular com vistas à
reforma agrária. Não obstante, o STF, à época, manifestou-se pela ilegalidade do esbulho possessório em terras consideradas improdutivas em
respeito à cláusula de garantia do direito de propriedade previsto no art. 5º, XXII, da Constituição (STF, ADI 2213/DF).
Supressão ou alteração de marca em animais
O art. 162 do CP prevê a proteção da propriedade e a posse de semoventes caracterizados como bens móveis para fins penais. A supressão ou
alteração de marca em animais não configura infração penal de menor potencial ofensivo em razão da pena abstrata cominada, mas permite a
aplicação do instituto da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/1995).
Dano
Novamente se tutela a coisa alheia, sendo imóvel ou móvel. Desse modo, o art. 163 do CP descreve as condutas de destruir, inutilizar ou deteriorar
a coisa alheia como tipo misto alternativo que se consuma com a ocorrência do efetivo dano, ainda que parcialmente, sendo todas as suas
condutas dolosas.
Perceba que se trata de crime subsidiário a demais figuras típicas.
Exemplo
Delito de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo.
A figura simples é uma infração penal de menor potencial ofensivo; a qualificada, apesar de prevista no parágrafo, não admite a aplicação da
suspensão condicional do processo.
O dano qualificado tem a pena abstrata cominada alterada para detenção de 6 meses a 3 anos e multa, além da pena correspondente à violência.
Ele pode ser realizado por intermédio destas cinco condutas:
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Atenção!
O delito de dano qualificado pelo motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima somente poderá proceder mediante queixa (art. 167
do CP).
Apropriação indébita
Inicialmente, é necessário destacar que tal delito possui muitas semelhanças com o de furto. Elencaremos alguns exemplos disso a seguir:
Pena abstrata cominada à figura simples.
Objetividade jurídica e material.
Crime material cuja consumação pode ocorrer em duas situações: quando o agente dispõe da coisa alheia móvel, como alienar, ou quando ele
se nega a restituir a res, findo o prazo de sua entrega.
Especial fim de agir de assenhoreamento definitivo.
Por outro lado, há diferenças entre tais delitos. Na apropriação indébita, afinal, observa-se que a posse é inicialmente lícita e desvigiada.
Ainda que tal crime seja material, sua tentativa é de difícil caracterização, pois ela pressupõe a posse ou a detenção pelo sujeito ativo e se
consuma com a exteriorização de sua vontade, pontua Prado (2019, p. 696). Por fim, o dolo é posterior à posse da res, ou seja, ele ocorre quando
o possuidor ou o detentor inverte o animus sobre ela, passando a agir como se fosse dono.
Por conta disso, podemos classificar a apropriação indébita como:
Crime comum.
Material.
De dano.
Subjetivamente complexo.
Unissubjetivo.
As figuras previstas no §1º majoram sua pena em um terço. Aqui é preciso recorrer a conceitos estabelecidos pelo direito privado para se
compreender o alcance das expressões descritas, como, por exemplo, “depósito necessário” (previsto no art. 647 do Código Civil).
Observemos agora a distinção entre os institutos previstos no inciso II (MASSON, 2018, p. 586):
Ofício
Ocupação em atividade mecânica ou manual habitualmente e com fins lucrativos.
Pro�ssão
Ocupação em atividade intelectual realizada habitualmente e de forma remunerada.
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Emprego
Ocupação em serviço particular realizado em caráter não eventual a um empregador sob a dependência dele e mediante salário.
As figuras privilegiadas contra o patrimônio
O art. 170 do CP faz expressa remissão à aplicação do privilégio previsto no delito de furto (art. 155, §2º, CP) a
todos os crimes previstos no capítulo V do CP (da apropriação indébita).
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Yan aproveita-se de uma viagem de férias dos seus vizinhos para fazer uma ligação irregular de água dos vizinhos na casa de Laura, vizinha de
ambos. Sobre os crimes de dano e usurpação, marque a alternativa correta.
A A conduta dele é tipificada como furto.
B
Para incidência da qualificadora ao crime de dano pelo prejuízo considerável para a vítima, o juiz valora o valor do bem
independentemente do patrimônio da vítima.
C
No caso de esbulho possessório, caso a conduta seja praticada pelo emprego de violência, tal violência será absorvida pelo
esbulho.
D O crime de dano é uma infração penal de menor potencial ofensivo, à exceção da figura qualificada.
E A ação penal pelo crime de dano, em todas as suas figuras típicas, procede mediante queixa.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A alternativa A está errada, pois o caso descreve a conduta de usurpação. Na alternativa B, o
patrimônio da vítima é utilizado como parâmetro. Na C, as penas deverão ser somadas. Na E,
somente procede mediante queixa nos casos previstos no incisoIV do parágrafo único do art.
163.
Questão 2
Thor pegou emprestado de seu vizinho um aparelho para lavar seu carro e quintal no final de semana. Após lavá-los, ele se negou a devolver a lava
a jato, levando-a para a casa de seus pais a fim de evitar que ela fosse vista. Nesse caso, é correto afirmar que a conduta de Thor configura:
A Furto qualificado pelo abuso de confiança.
B Furto simples.
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4 - Figuras típicas
Ao �nal deste módulo, você será capaz de avaliar as �guras típicas de estelionato, as demais fraudes e a receptação.
Primeiras palavras
Neste módulo, investigaremos os critérios de política criminal adotados para a caracterização da fraude como mero ilícito civil ou crime a partir de
seus requisitos. Ainda avaliaremos o momento no qual a fraude é empregada para a tipificação da conduta do agente.
Por fim, analisaremos as condutas de receptação com o fim de selecionar as que podem ser consideradas insignificantes para o Direito Penal.
Para tanto, realizaremos o estudo de casos exemplificativos e hipotéticos a partir das referências da literatura jurídica e da jurisprudência.
C Furto qualificado pela fraude.
D Apropriação indébita.
E Dano.
Parabéns! A alternativa D está correta.
O comando da questão descreve a conduta de apropriação indébita na qual a posse é
inicialmente lícita e o dolo, posterior à posse.

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Estelionato e outras falsidades
A professora Daniela Duque-Estrada discorre sobre as principais características dos tipos penais de estelionato e outras falsidades.
Estelionato
Previsto no art. 171 do CP, o estelionato possui pena abstrata cominada de reclusão de 1 a 5 anos e multa. Ele possui por objetividade material
bens de qualquer natureza:
Ainda existe a previsão legal de pena de multa a ser paga em réis; entretanto, deve-se calculá-la de acordo com o disposto no art. 49 do CP.
A figura a seguir ilustra quatro requisitos do estelionato:
Caso a fraude seja empregada posteriormente à conduta de obtenção da vantagem ilícita, será caracterizada a apropriação indébita.
O estelionato é classificado como:
Crime comum.
Subjetivamente complexo.

Liame entre o ilícito civil e penal
A distinção é traçada por questões de política criminal, sendo extremamente controvertida a tênue linha que separa as condutas
socialmente aceitas (fraudes insignificantes) das tipificadas.
Torpeza bilateral
Situação na qual há má-fé tanto do agente quanto da vítima, como, por exemplo, quem vende medicação para febre dizendo à
compradora que se trata de uma droga abortiva. Prevalece o entendido pela caracterização do estelionato.
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Material.
Dano.
Instantâneo.
Plurissubsistente.
Por se tratar de crime material e de duplo resultado, ele consuma-se com a obtenção da vantagem ilícita e consequente prejuízo alheio, bem como
admite a tentativa quando o agente, após iniciar os atos executórios, é impedido por circunstâncias alheias à sua vontade de dar prosseguimento
à empreitada.
Por expressa previsão legal do §1º, aplica-se ao estelionato o disposto para o furto privilegiado (pequeno valor). No entanto, além do valor
equiparado ao salário mínimo vigente, como no furto, o pequeno valor também é valorado de acordo com a situação econômica da vítima
(prejuízo).
Demais fraudes
Descreveremos a seguir as seguintes figuras especiais do art. 171 do CP:
O §1º do art. 171 do CP apresenta os mesmos requisitos aplicáveis ao delito de furto (art. 155, §2º, CP) para fins de caracterização da
conduta privilegiada.
O agente exerce todos os direitos de propriedade sobre coisa alheia. A disposição de coisa alheia como própria se consuma com a
produção do binômio vantagem ilícita/prejuízo alheio.
O agente dispõe de coisa própria, embora ele o faça de forma fraudulenta ao:
Onerar coisa própria, móvel ou imóvel, inalienável, gravada de ônus ou litigiosa.
Alienar imóvel prometido a terceiro.
Esse tipo de fraude, que se consuma como os anteriores, admite a tentativa, pois ele é plurissubsistente.
Tal conduta é praticada pelo devedor em prejuízo do credor pignoratício. A defraudação de penhor admite a tentativa, pois é
Estelionato privilegiado 
Disposição de coisa alheia como própria 
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria 
Defraudação de penhor 
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plurissubsistente.
Saiba mais: Para saber mais sobre o penhor, leia o art. 1431 do Código Civil.
Sua conduta configura qualquer alteração realizada na coisa, móvel ou imóvel, que gere prejuízo alheio pela alteração da qualidade ou pela
quantidade dela. Por isso, esse tipo de fraude se consuma com a entrega da coisa ao credor.
Saiba mais: Leia os arts. 272 e 273 do CP, pois eles tratam de figuras especiais.
Ela pode ser realizada por meio destas duas condutas:
Destruir (total ou parcialmente) ou ocultar coisa própria.
Lesar o próprio corpo ou a saúde, ou agravar as consequências da lesão ou da doença.
A literatura jurídica diverge sobre sua classificação como crime formal (CUNHA, 2019, p. 392) ou de mera conduta (PRADO, 2019, p. 732).
Desse modo, a fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro se consuma independentemente da obtenção da vantagem
ilícita.
Sua conduta é praticada pelo emitente do cheque em prejuízo do tomador dele. Ela pode ser realizada de duas formas:
Emitir (colocar em circulação) o cheque ciente de que ele não possui uma provisão de fundos.
Frustrar o pagamento do cheque.
A controvérsia sobre o momento de consumação foi sanada pela edição do Enunciado de Súmula nº 521 do STF, segundo o qual o delito
se consuma quando o sacado nega seu pagamento.
Atenção: A emissão de cheque pós-datado é prática comum no comércio, que descaracteriza o cheque como ordem de pagamento à vista
e o transforma em garantia. Assim, em tese, isso é uma conduta atípica, pois há acordo entre seu emitente e o tomador de que ele
somente será apresentado ao sacado na data acordada. Por outro lado, caso o agente “emita” o cheque pós-datado ciente de que não terá
a provisão de fundos na data acordada para a apresentação, sua conduta será a de estelionato simples.
O pagamento do cheque emitido sem provisão de fundos após o recebimento da denúncia é causa de diminuição de pena, aponta o art. 16
do CP (Enunciado de Súmula nº 554, STF).
O estelionato e a falsidade são um tema controvertido na literatura e na jurisprudência. Ele possui, afinal, quatro entendimentos:
1. O estelionato (crime-fim) absorve o falso (crime-meio) quando este não tiver maior potencialidade lesiva (Enunciado de Súmula nº 17,
STJ).
2. Concurso material de crimes, pois são condutas praticadas em momentos distintos, bem como lesionam bens jurídicos diversos.
3. Concurso formal de crimes se o falso for ocorrer com a finalidade da prática do estelionato, bem como lesionar bens jurídicos diversos.
4. O delito de falsidade de documento público absorve o estelionato por ser mais gravoso (SOUZA; JAPIASSÚ, 2020).
Fraude na entrega de coisa 
Fraude para recebimemto de indenização ou valor de seguro 
Fraude no pagamento por meio de cheque 
Estelionato Majorado 
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Os §§3º e 4º descrevem duas causas especiais de aumento de pena:
Aumento de um terço: Cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social
ou beneficência.
Aumento de um terço ao dobro: Cometido contra idoso ou vulnerável, sendo considerada a relevância do resultado gravoso. Éimprescindível que o agente tenha ciência da idade ou da vulnerabilidade da vítima.
A ação penal pública é deflagrada mediante representação da vítima. No entanto, a ação será pública incondicionada se suas vítimas
forem:
Administração pública direta ou indireta.
Criança ou adolescente.
Pessoa com deficiência mental.
Maior de 70 anos de idade ou incapaz.
A qualificadora do §2º-A foi incluída pela Lei nº 14.155/2021 com uma pena abstrata de 4 a 8 anos e multa se a fraude for cometida
com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos
ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.
Estamos diante de mais uma cláusula de equiparação (interpretação analógica) em face da impossibilidade de o legislador prever todos
os meios de execução do delito.
Receptação
Principais conceitos e características
Prevista no art. 180 do CP, a receptação possui por objeto material coisa que seja produto de qualquer crime anterior, não se aplicando, portanto,
ao caso de anterior contravenção penal. Prevista no caput, a figura simples prevê pena abstrata de reclusão de 1 a 4 anos e multa, sendo aplicável
o sursis processual (Lei nº 9.099/1995).
O crime pode ser praticado por qualquer pessoa para as condutas previstas no caput e no §2º, exceto o concorrente do crime anterior. O §1º é
próprio, pois somente pode ser praticado por comerciante ou industrial.
Podemos classificar a receptação como:
Delito comum.
Unissubjetivo.
Subjetivamente complexo.
De dano.
Plurissubsistente.
Instantâneo (exceto na conduta de ocultar, na qual é permanente).
Trata-se de crime acessório em relação ao crime anterior; entretanto, ele é dotado de autonomia para fins processuais, ou seja, para que se possa
deflagrar a ação penal pelo crime de receptação, é irrelevante que o autor do crime anterior seja desconhecido ou isento de pena (conforme
expressa previsão do §4º do art. 180 do CP e análise da norma geral de interpretação prevista no art. 108 do CP).
Fraude eletrônica 
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Modalidades de receptação
Receptação própria e imprópria
A receptação própria é crime material; a imprópria, formal, sendo consumada quando ocorre a influência sobre terceiro.
Receptação quali�cada
O §1º do art. 180 prevê uma nova pena abstrata de reclusão de 3 a 8 anos e multa. Foram acrescentadas mais condutas a essa figura, uma vez
que ela é praticada no exercício de atividade comercial ou industrial.
Essas inserções foram objeto de críticas da literatura jurídica sob o fundamento de tal figura deixou de ser um tipo derivado.
A conduta de ter em depósito de natureza permanente contempla a retenção da coisa em nome do agente ou de
terceiro, seja a título oneroso ou gratuito. Já as condutas de desmontar, montar e remontar denotam a expertise
do agente, enquanto as de vender, expor à venda ou, de qualquer forma, utilizar revelam o animus sobre a coisa.
Diferentemente da conduta prevista no caput, o §1º se utiliza da expressão “deve saber” ser produto de crime. Isso gerou controvérsias sobre o
elemento subjetivo do tipo, sendo necessária a utilização de uma interpretação extensiva para fins de compreensão no que se refere ao dolo
direto e ao indireto.
Figura equiparada
O §2º equipara à atividade comercial qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. A figura equiparada
tem por fundamento a realidade social, na qual é cada vez mais comum a atividade de comércio irregular ou clandestino.
Receptação culposa
Em regra, os crimes contra o patrimônio são dolosos. A presente conduta é expressamente prevista no §3º, seja pela culpa consciente ou
inconsciente, bem como o rol de indícios objetivos. Em razão da pena abstrata cominada, a receptação culposa é uma infração penal de menor
potencial ofensivo.
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Receptação privilegiada
O §5º do art. 180 do CP apresenta os mesmos requisitos aplicáveis ao delito de furto (art. 155, §2º, CP) para fins de caracterização da conduta
privilegiada.
Distinção entre crimes contra o patrimônio
Para que possamos julgar a aplicação correta dos crimes contra o patrimônio com o objetivo de formular soluções jurídicas de conflitos,
precisamos observar as principais distinções entre os crimes:
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Simulando ser um manobrista de estacionamento, Odin recebe o veículo do cliente para estacioná-lo, porém, em vez disso, vende o carro para
uma terceira pessoa. Em tese, a conduta de Odin configura o crime de:
A Furto mediante fraude.
B Apropriação indébita simples.
C Furto simples.
D Estelionato.
E Apropriação indébita majorada.
Parabéns! A alternativa D está correta.
O t li t dif d d lit d f t di t f d i l f d é d
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Considerações �nais
Vimos neste conteúdo que o delito de furto inaugura o título de crimes contra o patrimônio e é utilizado como balizador para o estudo comparado
de todas as demais figuras típicas contra o patrimônio, em especial os delitos de roubo, apropriação indébita e estelionato. Para isso,
identificamos e analisamos as figuras típicas do furto simples, noturno, privilegiado e qualificado. Observamos ainda todas as controvérsias sobre
tal delito que deram ensejo às teses e à edição de enunciados de súmula pelo STJ.
Verificamos que o roubo, a extorsão e a extorsão mediante sequestro se apresentam como delitos complexos ou pluriofensivos, pontuando que,
em decorrência do maior juízo de reprovabilidade sobre algumas de suas figuras típicas, elas foram inseridas no rol de crimes hediondos por
questões de política criminal. Apontamos também as controvérsias e os entendimentos prevalentes na literatura jurídica e na jurisprudência para
fins de tipificação e diferenciação dessas condutas.
Salientamos que, para a correta tipificação dos delitos de usurpação, é imprescindível haver a filtragem constitucional deles, principalmente em
relação aos direitos de propriedade e à função social dela. Além disso, observamos as condutas típicas de dano e sua subsidiariedade em relação
O estelionato difere do delito de furto mediante fraude, pois, naquele, a fraude é empregada para
que a vítima voluntariamente (viciada) entregue o bem; neste, para reduzir a vigilância da vítima
sobre o bem.
Questão 2
Getúlio aborda o veículo conduzido por Zeca, que estava parado em um semáforo. Mediante emprego de grave ameaça, ele obriga a vítima a
descer do carro para poder fugir. Ato contínuo, Getúlio o leva até o “desmanche” de um amigo, Edgar, para que ele possa vender suas peças.
Nessa situação, é correto afirmar que:
A
Caso Edgar tivesse acordado previamente com Getúlio a realização do roubo, ele responderia por concurso de crimes entre o
roubo e a receptação.
B Como Getúlio desconhecia a conduta anterior de roubo, ele não poderá ter sua conduta tipificada como receptação.
C
Ainda que Getúlio só contasse a Edgar sobre o roubo quando lhe entregasse o carro, ele teria sua conduta tipificada como
receptação.
D
Caso Edgar tivesse acordado previamente com Getúlio a realização do roubo, Edgar responderia somente pelo crime de
receptação.
E Edgar não cometeu nenhum crime, já que quem praticou o roubo do carro foi Getúlio.
Parabéns! A alternativa D está correta.
O delito de receptação pode ser praticado por qualquer pessoa que não o autor do crime
precedente.

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aos demais delitos contra o patrimônio. Por fim, avaliamos as principais distinçõesentre a apropriação indébita e os crimes de furto e estelionato.
Podcast
Agora, a professora Daniela Duque-Estrada encerra o tema trazendo um panorama geral sobre os crimes contra o patrimônio.

Referências
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal.
CUNHA, R. S. Direito Penal. Parte especial. 11. ed. Salvador: JusPODIVM, 2019.
GRECO, R. Curso de Direito Penal. Parte Especial. 16. ed. Niterói: Impetus, 2019. v. 2.
MASSON, C. Direito Penal: parte especial: arts. 121 a 212. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018.
NUCCI, G. de S. Código Penal comentado. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021.
PRADO, L. R. Curso de Direito Penal Brasileiro. Parte geral e parte especial. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
SOUZA, A. de B. G.; JAPIASSÚ, C. E. A. Direito Penal: volume único. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2020.
TEPEDINO, G.; MONTEIRO FILHO, C. E. do R.; RENTERIA, P. (Org.). Fundamentos de Direito Civil. Direitos reais. Rio de Janeiro: Forense, 2020. v. 5.
E-book (não paginado).
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Para um melhor aproveitamento e aprofundamento dos temas tratados neste conteúdo, leia os seguintes artigos:
STJ: 13 teses sobre estelionato, publicado no Canal Ciências Criminais em 14 jan. 2019.
O “gato” de energia elétrica configura furto ou estelionato?, escrito por Rodrigo Leite e publicado no Meu site jurídico em 2 jun. 2021.
As alterações na lei dos crimes hediondos promovidas pelo pacote anticrime sob a ótica constitucional, de Eduardo Fleck de Souza e Caroline
Fockink Ritt, publicado no livro Criminologias e Política Criminal II publicado pela Conpedi (2002).
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