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crime contra o patrimonio

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CRIMES CONTRA O 
PATRIMÔNIO
ÍNDICE
1.  FURTO - ART. 155, CP .......................................................................................................5
Furto simples .........................................................................................................................................................................5
Furto majorado ......................................................................................................................................................................5
Furto privilegiado ..................................................................................................................................................................5
Furto qualificado ....................................................................................................................................................................7
Furto ........................................................................................................................................................................................ 10
2. FURTO PRIVILEGIADO ...................................................................................................12
Extensão do conceito de coisa móvel ...................................................................................................................... 13
3. FURTO: MODALIDADES QUALIFICADAS ...................................................................14
Momento da destruição; obstáculo descontínuo ................................................................................................ 14
4.  FURTO - TEMAS DE DESTAQUE ...................................................................................18
Crime impossível e a súmula 567 do STJ ................................................................................................................ 18
Diferença entre pequeno valor e insignificância ................................................................................................... 18
Furto de sinal de TV em canal fechado .................................................................................................................... 18
Extensão da aplicação da súmula 554 do STF ao crime de furto ................................................................ 19
Diferença do furto mediante fraude e estelionato............................................................................................... 19
Subtração por arrebatamento ...................................................................................................................................... 19
Comunicação das qualificadoras aos coparticipantes ..................................................................................... 20
Exame pericial .................................................................................................................................................................... 20
5.  ROUBO ..............................................................................................................................21
Tipologia do crime ...............................................................................................................................................................21
Classificação ..........................................................................................................................................................................21
6.  ROUBO - CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ............................................................... 24
7.  ROUBO - LATROCÍNIO ....................................................................................................27
Roubo qualificado pela lesão corporal e pela morte (latrocínio) .....................................................................27
8.  ROUBO - TEMAS DE DESTAQUE ..................................................................................29
Súmula 443 do STJ e incidência de mais de uma causa de aumento de pena ....................................29
Concurso de crimes entre roubo e extorsão ..........................................................................................................29
Roubo praticado contra várias vítimas no mesmo contexto ..................................................................30
Emprego de arma de fogo e perícia ..........................................................................................................................30
Fixação de regime prisional para cumprimento da pena ................................................................................30
Crime de latrocínio e tentativa .......................................................................................................................................31
Roubo contra empresa brasileira de correio e telégrafos ..................................................................................31
9. EXTORSÃO ...................................................................................................................... 32
Previsão Legal .....................................................................................................................................................................32
Diferença entre o crime de roubo e o crime de extorsão .................................................................................33
Causas de aumento de pena ....................................................................................................................................... 34
Modalidades qualificadoras .......................................................................................................................................... 34
Diferença entre concussão e extorsão .....................................................................................................................35
Diferença entre exercício arbitrário das próprias razões e extorsão ............................................................35
Sequestro relâmpago .......................................................................................................................................................36
10. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO ........................................................................37
Previsão Legal .....................................................................................................................................................................37
Condição de resgate e preço de resgate .................................................................................................................37
Possibilidade de multiplicidade de sujeito passivo .............................................................................................38
Consumação e tentativa ................................................................................................................................................38
Modalidades qualificadoras ...........................................................................................................................................39
Delação premiada .............................................................................................................................................................. 41
Destaques .............................................................................................................................................................................42
11.  APROPRIAÇÃO INDÉBITA ........................................................................................... 43
Previsão Legal .................................................................................................................................................................... 43
Elementos do crime ......................................................................................................................................................... 43
Apropriação de uso..........................................................................................................................................................44
Consumação e tentativa ................................................................................................................................................44
Causas de aumento de pena ....................................................................................................................................... 45
Temas de destaque ...........................................................................................................................................................47
12. ESTELIONATO ..............................................................................................................50
Previsão Legal .................................................................................................................................................................... 50
Consumação e tentativa ..................................................................................................................................................51
Causas especiais de aumento de pena ...................................................................................................................55
Ação Penal ............................................................................................................................................................................56
13. RECEPTAÇÃO ...............................................................................................................58
Previsão Legal .................................................................................................................................................................... 58
Receptação imprópria ..................................................................................................................................................... 58
Consumação e tentativa .................................................................................................................................................59
14. RECEPTAÇÃO QUALIFICADA .................................................................................... 60
15.  RECEPTAÇÃO: MODALIDADE EQUIPARADA .......................................................... 62
Previsão Legal .....................................................................................................................................................................62
Elemento subjetivo ............................................................................................................................................................62
16. RECEPTAÇÃO: QUALIFICADORA ESPECIAL .......................................................... 63
Estudo das Qualificadoras ..............................................................................................................................................63
www.trilhante.com.br 5
1. Furto - Art. 155, CP
Furto simples
O furto simples está descrito no artigo 155, caput do Código Penal.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Vale relembrar que os tipos penais são divididos em preceitos primários e secundários.
O preceito primário é a descrição da conduta proibida. Nesse caso, subtrair, para si ou para 
outrem, coisa alheia móvel.
O preceito secundário, por sua vez, é a cominação da pena prevista caso a conduta seja 
praticada. Para o crime de furto, a pena prevista é de reclusão de um a cinco anos e multa.
Furto majorado
No parágrafo primeiro do artigo 155 do CP, temos a segunda modalidade de furto, o chamado 
furto majorado. Note que, nessa figura, há uma circunstância que torna a conduta mais 
reprovável, a ser penalizada mais gravosamente pelo legislador, justificando-se o aumento 
de pena de 1/3.
Essa circunstância é a prática de furto durante o período noturno, quando se presume que a 
vítima terá menor capacidade de reação.
É muito comum a discussão sobre o que é considerado repouso noturno para efeito desse 
artigo. Não há um horário pré-determinado, o julgador deve considerar os costumes locais.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
Furto privilegiado
Assim como as circunstâncias da conduta praticada podem aumentar a pena, como vimos no 
item anterior, também é possível que certos aspectos do crime tragam menor reprovabilidade 
ao ato, justificando-se uma pena mais branda.
É o que ocorre no furto privilegiado, previsto no artigo 155, §2º do CP.
www.trilhante.com.br 6
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão 
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Aqui é importante ter atenção para os requisitos de aplicação, uma vez que o criminoso 
precisa ser primário e o objeto furtado precisa ser de pequeno valor.
As alternativas dadas pela lei nessa situação são três: a substituição da pena de prisão por de 
reclusão, a diminuição da pena aplicada em um a dois terços ou a aplicação apenas da pena 
de multa.
EXTENSÃO DO CONCEITO DE COISA MÓVEL
Saindo um pouco do enfoque das modalidades de furto, é importante tratarmos também da 
extensão do conceito de coisa móvel trazida pelo parágrafo terceiro do artigo 155 do Código 
Penal.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Dizemos que houve extensão do conceito de coisa móvel porque o legislador adotou o critério 
do valor econômico para defini-la, abarcando bens que não são propriamente passíveis de 
classificação comum do bem móvel pois que não são concretos, palpáveis.
Também é importante perceber que o legislador deixou aberta a possibilidade de incluir outros 
bens de valor econômico nessa categoria.
A exposição de motivos do Código Penal explica no seu item 56 que a intenção do legislador 
com essa extensão foi possibilitar que o direito penal acompanhe as inovações tecnológicas:
56. Várias são as inovações introduzidas pelo projeto no setor dos crimes patrimoniais. Não se distingue, 
para diverso tratamento penal, entre o maior ou menor valor da lesão patrimonial; mas, tratando-se de furto, 
apropriação indébita ou estelionato, quando a coisa subtraída, desviada ou captada é de pequeno valor, e desde 
que o agente é criminoso primário, pode o juiz substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um 
até dois terços, ou aplicar somente a de multa (artigos 155, § 2º, 170, 171, § 1º). Para afastar qualquer dúvida, é 
expressamente equiparada à coisa móvel e, compatibilizar, reconhecida como possível objeto de furto a “energia 
elétrica ou suscetível de incidir no poder de disposição material e exclusiva de um indivíduo (como, por exemplo, 
a eletricidade, a radioatividade, a energia genética dos reprodutores, etc.) pode ser incluída, mesmo do ponto de 
vista técnico, entre as coisas móveis, a cuja regulamentação jurídica, portanto, deve ficar sujeita.
https://www.diariodasleis.com.br/busca/exibelink.php?numlink=1-96-15-1940-12-07-2848-CP
www.trilhante.com.br 7
Furto qualificado
Nas situações que passaremos a analisar a seguir, o legislador entendeu que há uma maior 
reprovabilidade da conduta. Essa maior reprovabilidade, diferentemente da majorante, faz 
com que a pena base deixe de ser a do caput para iniciar-se já em um valor maior. No caso 
em estudo, a de reclusão de dois a oito anos, e multa.
As hipóteses são taxativas.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: (…)
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
A primeira hipótese de furto qualificado é aquela que ocorre com destruição ou rompimento 
da coisa.
Quando há destruição, o obstáculo deixa de existir, há a sua completa supressão. Com o 
rompimento, não há o desaparecimentodo obstáculo, mas sim sua inutilização.
Outro ponto importante é que o obstáculo em questão deve ser algo que antecede o bem a 
ser furtado. Quando a violência ocorre contra a própria coisa que se pretende subtrair, não se 
trata de furto qualificado.
Exemplificando, se o agente quebrar a janela do veículo para furtar o aparelho de som instalado 
no automóvel, comete furto qualificado. Agora, se esse rompimento da janela ocorreu para 
furtar o próprio veículo, não incide a qualificadora.
Uma questão importante para relembrarmos ao tratar de qualificadoras é que estas podem 
ser objetivas ou subjetivas. As qualificadoras objetivas são aquelas que se referem ao meio 
de execução do crime, sendo as subjetivas aquelas que se referem à motivação do agente 
para o crime.
A qualificadora que acabamos de ver é caracterizada pela forma de cometimento do crime 
(com rompimento de obstáculo ou destruição deste), sendo, portanto, objetiva.
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
O abuso de confiança é a única qualificadora do furto apontada como subjetiva por boa 
parte da doutrina, por envolver consideração de natureza subjetiva (a relação de confiança 
existente entre o criminoso e a vítima).
www.trilhante.com.br 8
Esse inciso traz quatro situações diferentes.
No abuso de confiança existe uma relação prévia de confiança entre o criminoso e a vítima, 
o que reduz a vigilância dessa última sobre o bem.
Destacamos a relação prévia porque há entendimento na doutrina de que, se a confiança 
foi obtida no mesmo momento do furto e com a intenção de cometê-lo, trata-se de furto 
mediante fraude e não do abuso de confiança.
Um exemplo clássico do abuso de confiança é a relação de emprego.
A segunda situação é o furto mediante fraude. Aqui, o agente utiliza ardil ou estratégia para 
que a vítima diminua a sua vigilância sobre o bem. Distrai a pessoa no momento da interação, 
não havendo vínculo prévio com ela.
Muito cuidado para não confundir o furto mediante com o estelionato, que é outra figura 
típica que veremos adiante. A diferença entre esses dois tipos penais é simples. No furto 
mediante fraude, o agente subtrai o bem, não há consentimento da vítima na entrega. No 
estelionato, a vítima, levada a erro, consente na entrega do bem, é ludibriada.
A terceira hipótese é a escalada, que é a entrada no local do furto por vias extraordinárias, 
por exemplo, cavando um túnel, pulando uma cerca, etc. Apesar do nome escalada, não é 
necessário que se trate de um lugar alto ou que o agente literalmente escale. Basta que a 
entrada se dê de forma extraordinária.
Vale ressaltar que a escalada só se aplica se não houver violência contra a coisa, pois nessa 
situação estaremos no inciso anterior. No nosso exemplo, se o agente, em vez de pular a 
cerca, destruísse, não se trataria de escalada.
Por fim, a última hipótese é a destreza. A destreza é a habilidade de o agente praticar o 
crime de forma tão sutil que a vítima demore a perceber a ocorrência. É o caso do batedor de 
carteira, também chamado de punguista.
III - com emprego de chave falsa;
A chave falsa é o instrumento utilizado para facilitar o acesso ao bem, como se fosse sua 
chave original.
É importante esclarecer que a chave verdadeira subtraída com o objeto não caracteriza 
a qualificadora.
Houve, na doutrina, a discussão sobre a possibilidade de chave mixa caracterizar a qualificadora. 
A chave mixa é um instrumento utilizado por chaveiros para abertura de fechaduras em geral, 
não sendo, via de regra, uma chave falsa.
www.trilhante.com.br 9
Contudo, o STJ já se posicionou sobre o tema positivamente, entendendo que o uso desse 
objeto é emprego de chave falsa para fins penais.
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
Praticar o furto com o auxílio de outras pessoas diminui a possibilidade de reação da vítima, 
sendo, portanto, também uma qualificadora.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato 
análogo que cause perigo comum.
Essa qualificadora foi criada com influência da alta incidência de uso de explosivos para 
subtração de valores de caixas eletrônicos.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou para o exterior.
Nessa situação, o veículo é subtraído no Brasil para posterior transporte a outro Estado ou 
para o exterior.
Vale lembrar que, embora o primeiro exemplo em nossa cabeça seja o automóvel, o conceito 
de veículo automotor é aquele adotado no Código de Trânsito Brasileiro em seu anexo I, abaixo 
transcrito:
VEÍCULO AUTOMOTOR - todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios 
meios, e que serve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração 
viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os 
veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico).
§ 6º-A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, 
ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
Aqui, o legislador também optou por punir mais severamente aquele que subtrai animal 
domesticável de produção (por exemplo, gado, cabras, porcos, etc.), já que este representa 
frequentemente parte essencial da fonte de renda de seu possuidor.
http://www.detran.sp.gov.br/wps/wcm/connect/a293af77-b3ea-4e32-9598-2063aaa8202b/CTB+Anexo+I.pdf?MOD=AJPERES
www.trilhante.com.br 10
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou 
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
Por fim, também é furto qualificado a subtração de artigos explosivos. O objetivo do legislador 
foi prevenir a utilização de explosivos em crimes posteriores.
Furto
O verbo que indica a ação criminosa do furto é subtrair, ou seja, tomar a coisa para si.
A finalidade do furto deve ser a de obter a posse da coisa furtada de forma definitiva. Por esse 
motivo, é posição pacífica na doutrina e jurisprudência que não se pune o chamado furto de 
uso, no qual a intenção do agente é o uso temporário da coisa.
As elementares do crime são que a coisa a coisa furtada deve ser alheia pois, por óbvio, não 
é possível que o agente furte coisa própria.
Também deve tratar-se de coisa móvel e de valor. A maior parte da doutrina entende que 
esse valor não precisa ser econômico, podendo ser sentimental (por exemplo, furto de uma 
fotografia).
A posição contrária na doutrina é de Guilherme de Souza Nucci, que entende que, para que 
seja caracterizado o furto, o valor da coisa deva ser econômico.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
O Superior Tribunal de Justiça adotou a chamada Teoria Amotio, segundo a qual o crime 
de furto é consumado quando o agente obtém a posse da coisa furtada, ainda que por um 
espaço curto de tempo.
Ainda, o Superior Tribunal esclareceu que não se exige que tal posse seja mansa e pacífica ou 
desvigiada.
Dessa forma, o agente que subtrai a coisa e é perseguido e pego comete furto consumado.
Essa posição foi exposta no julgamento do tema 934, abaixo transcrito:
Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço 
de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica 
ou desvigiada. (Tese Julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - Tema 934)
MODALIDADE OMISSIVA
É possível praticar furto de forma omissiva. Isso ocorrerá quando estivermos na hipótese do 
artigo 13, §2º do Código Penal, que trata da omissão penalmente relevante:
www.trilhante.com.br 11
§ 2º- A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever 
de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
A omissão penalmente relevante ocorre quando o agente tem o dever legal ou contratual 
de agir para evitar o resultado, ou ainda quando deu causa à ocorrência com seu 
comportamento anterior ou, de outra forma, assumiu essa responsabilidade.
Na hipótese do furto, podemos falar no exemplo do segurança particular (dever contratual) 
que vê o furto e de nenhuma forma age para impedir o resultado, praticando o crime por 
omissão.
O dever de agir, nessa situação, não significa que o segurança tem o dever de interceptar o 
agente criminoso. A ligação para a polícia, nesse caso, já seria uma ação que poderia evitar o 
resultado.
CAUSA DE AUMENTO DE PENA
Agora falaremos de forma um pouco mais detalhada sobre as causas de aumento de pena 
previstas para o crime de furto.
REPOUSO NOTURNO
Para aplicação do aumento de pena relativo ao repouso noturno, o STJ já entendeu que não 
é necessário que o local seja habitado, tampouco que os moradores estejam presentes 
ou de fato repousando.
A mera prática do crime em horário de repouso noturno (que como já vimos, será definido 
de acordo com os costumes locais) já permite a qualificadora. Isso porque, como também já 
vimos, o entendimento é que nesse horário há uma menor capacidade de reação da vítima.
Essa posição foi trazida pelo STJ no julgamento do HC 331.100/MS.
Ainda, o STJ já pacificou o entendimento de que essa causa de aumento de pena pode ser 
aplicada nas hipóteses qualificadas.
Essa posição foi exposta no julgamento do AREsp 741.482/MG.
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/340110935/habeas-corpus-hc-331100-ms-2015-0179777-5/relatorio-e-voto-340110967
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/468182398/agravo-em-recurso-especial-aresp-974698-mg-2016-0228853-4
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2. Furto Privilegiado
Como vimos anteriormente, o parágrafo segundo do artigo 155 do Código Penal traz a hipótese 
do furto privilegiado:
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão 
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
No furto privilegiado (e sempre que estivermos falando de crime privilegiado no geral) o 
legislador verifica que, na situação, há menor reprovabilidade, concedendo uma diminuição 
de pena ao acusado.
O furto privilegiado ocorre quando o criminoso é primário e a coisa furtada é de pequeno 
valor. São requisitos cumulativos, ou seja, os dois devem estar presentes na situação para 
que possa ser reconhecido o privilégio.
Para definir quem é criminoso primário precisamos ir ao artigo 63 do Código Penal, que trata 
sobre reincidência:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a 
sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior
Art. 64 - Para efeito de reincidência: 
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração 
posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão 
ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; 
Assim, só é possível considerar que não é réu primário aquele que comete crime após o 
trânsito em julgado de sentença condenatória de crime anterior.
Também é importante ressaltar que primariedade não se confunde com maus antecedentes. 
Dessa forma, se o réu possuir maus antecedentes, mas não se enquadrar nos conceitos 
acima, poderá obter o privilégio.
O segundo requisito é que o objeto seja de pequeno valor. Contudo, como se define o que é 
pequeno valor?
O STJ já definiu a questão ao entender que a coisa é considerada de pequeno valor desde 
que, ao tempo do crime, valha um salário mínimo ou menos. É importante observar duas 
coisas: que o valor do salário mínimo é considerado o vigente na época do crime, bem como 
que não se exige valor exato. Se a diferença para mais ou para menos for pequena, ainda é 
possível falar em privilégio.
www.trilhante.com.br 13
O STJ também já se manifestou sobre a possibilidade do furto privilegiado quando estivermos 
falando de furto qualificado. A posição do Superior Tribunal de Justiça é de que a aplicação do 
furto privilegiado é, sim, possível, mas só quando a qualificadora for objetiva.
No crime de furto só existe uma qualificadora subjetiva, qual seja, o furto com abuso 
de confiança. As demais são todas objetivas, e portanto, permitem a aplicação do furto 
privilegiado.
Ainda que o legislador diga que o juiz pode aplicar as hipóteses no artigo, o que pode sugerir 
que é faculdade do julgador, o posicionamento da jurisprudência e da doutrina é que este é 
um direito subjetivo do réu, portanto, existentes os requisitos, o juiz deve reconhecer o furto 
privilegiado.
Extensão do conceito de coisa móvel
Como vimos, no crime de furto, o legislador adotou um conceito extensivo de coisa móvel, 
considerando para classificar-se dessa forma o seu valor econômico.
Observamos lá atrás que o conceito foi deixado intencionalmente aberto pelo legislador para 
que a norma pudesse acompanhar as inovações tecnológicas, o que, de fato, foi necessário.
Dessa forma, além da energia elétrica, já há entendimento pacífico de que o sinal de TV a 
cabo, a água e até sêmen de animais reprodutores são considerados bens móveis para 
efeito penal.
É importante ressaltar aqui a prática do by-pass, que é a adulteração do relógio medidor de 
água ou de energia elétrica para que aponte um valor menor de consumo. Nessa situação, 
não se trata de crime de furto, mas sim de estelionato.
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3. Furto: Modalidades Qualificadas
Momento da destruição; obstáculo descontínuo
Agora vamos falar de algumas particularidades das formas qualificadas do crime de furto.
Iniciaremos nossa análise pela primeira hipótese de furto qualificado trazida pela lei:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
Como falamos anteriormente, o obstáculo deve anteceder a coisa a ser furtada, ou seja, deve 
ter sido rompido com a finalidade de acesso ao alvo do furto, sendo que a violência contra o 
próprio objeto do crime não qualifica a conduta.
O STJ já se pronunciou sobre o tema, conforme julgado abaixo:
CRIMINAL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. FURTO. DESTRUIÇÃO OU ROMPIMENTO 
DE OBSTÁCULO. VIDRO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. SUBTRAÇÃO DE APARELHO SONORO. CONFIGURAÇÃO DA 
QUALIFICADORA DO INCISO I DO § 4º DO ART. 155 DO CP. EMBARGOS ACOLHIDOS. 1. A subtração de objetos 
localizados no interior de veículo automotor, mediante o rompimento ou destruição do vidro do automóvel, 
qualifica o furto. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. 2. De rigor a incidência da qualificadora do inciso I 
do § 4º do art. 155 do CP quando o agente, visando subtrair aparelho sonoro localizado no interior do veículo, 
quebra o vidro da janela do automóvel para atingir o seu intento, primeiro porque este obstáculo dificultava a 
ação do autor, segundo porque o vidro não é parte integrante da res furtiva visada, no caso, o som automotivo. 
3. Comprovada por perícia a destruição do obstáculo, não há como afastar a qualificadora prevista no art. 155, 
§ 4º, I, do Código Penal. 4. Embargos de divergência acolhidos para dar provimento ao recurso especial do 
Ministério Público para restabelecer a sentença que reconheceu a qualificadora tipificada no art. 155, § 4º, I, do 
Código Penal. (EREsp 1.079.847/SP. Terceira Seção, DJE de 5/9/2013)
Dessa forma, a quebra de vidro para subtração de objeto que está dentro do veículo qualifica 
a conduta, pois o vidro é obstáculo à coisa, e é destruído para atingi-la. Agora, se intenção é 
furtar o próprio veículo, o vidro não pode ser considerado obstáculo, pois já é a própria coisa. 
Nessa situação, por conseguinte, não incide essa qualificadora.
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
Como vimos, o abuso de confiança é aúnica qualificadora do furto apontada como subjetiva 
por boa parte da doutrina, por envolver consideração de natureza emocional (a relação de 
confiança existente entre o criminoso e a vítima).
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No abuso de confiança, demos o exemplo da relação entre empregado e empregador, um dos 
mais frequentes vínculos desse tipo de situação.
Contudo, vale ressaltar que a relação empregatícia, por si só, não caracteriza o abuso de 
confiança, sendo necessário demonstrar que essa relação de vínculo entre as pessoas existia 
no exercício do emprego.
Por exemplo, na situação do empregado que furta no seu primeiro dia de trabalho, não é 
possível dizer que já existia uma relação de confiança entre o criminoso e seu empregador.
No furto mediante fraude, há o emprego de meio para induzir em erro a vítima do furto, a qual 
diminui a vigilância sobre o bem.
A outra modalidade é a escalada, que, como vimos, é o aceso extraordinário ao ambiente para 
que o furto possa ser praticado. A escalada pode ocorrer tanto na entrada quanto na saída do 
ambiente, e não consiste necessariamente em escalada literalmente, como já vimos.
A destreza, por sua vez, é a habilidade na prática do furto sem ser notado. Aqui é importante 
dizer que, caso haja flagrante no momento da subtração do bem, a qualificadora será afastada. 
Se o agente foi pego no momento do cometimento do crime, é possível dizer que não houve 
destreza na sua execução (caso houvesse, sequer teria sido flagrado).
Comumente, esse tipo de ação é descoberta por meio de imagens de câmeras de segurança 
existentes nos locais, modo pelo qual se confirmará a destreza do agente na prática do crime.
III - com emprego de chave falsa;
Como vimos, qualquer chave falsa caracteriza a qualificadora, lembrando que a chave original 
furtada não é chave falsa.
IV - Mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Praticar o furto com o auxílio de outra pessoa gera uma probabilidade maior de sucesso do 
crime, motivo pelo qual se qualifica a conduta. Aqui é importante destacar algumas situações 
que podem ser cobradas em provas e concursos: Não é necessário que todas as pessoas 
que participem do furto sejam imputáveis, ou seja, ainda que um inimputável auxilie no 
cometimento do crime, estará configurada a qualificadora.
Outro ponto controvertido é a necessidade da presença física das pessoas que auxiliam na 
prática do crime. Há duas posições, sendo que uma sustenta a necessidade da presença de 
todos no momento do crime e uma que sustenta a possibilidade da qualificadora mesmo que 
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um ou mais participantes da ação criminosa não esteja no local no ato da subtração, desde 
que auxilie de alguma forma.
A maior parte da doutrina entende que, na redação da qualificadora, não há nenhuma previsão 
que determine a necessidade da presença no ato da subtração, bem como que o artigo 29 do 
Código Penal define como partícipe quem, de qualquer forma, contribua para o cometimento 
da infração.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato 
análogo que cause perigo comum.
Antes dessa inovação legislativa, os magistrados aplicavam o crime de explosão em concurso 
com o crime de furto. Contudo, o crime de explosão tem características diversas que não se 
encaixam na hipótese do emprego direcionado do explosivo para o furto, o que ocasionava 
diversas reformas de sentença em segunda instância.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou para o exterior.
Como vimos anteriormente, o furto de veículo para posterior transporte a outro Estado ou 
para o exterior também é situação que qualifica o crime.
É necessário que o bem efetivamente seja transportado para que se possa falar em crime 
consumado na forma qualificada.
No caso da tentativa, é necessário que se demonstre que a efetiva intenção do agente era 
o transporte do veículo. Caso não reste comprovada essa intenção, o crime será classificado 
como furto simples.
§ 6º- A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, 
ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
Como vimos, essa situação se aplica no caso de furto de animais de produção (gado, cabras, 
porcos, etc.).
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou 
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
Aqui, reforçando, o legislador buscou prevenir a prática do furto com emprego de explosivos.
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Um ponto interessante para discussão nessa hipótese é a situação em que o agente furta o 
explosivo e ele mesmo o utiliza em furto posterior.
Defende a doutrina que, caso isso ocorra, o criminoso deverá apenas ser enquadrado no furto 
com emprego de explosivo, uma vez que a subtração do material é meio para a consecução 
do crime.
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4. Furto - Temas de Destaque
Crime impossível e a súmula 567 do STJ
Aqui trabalharemos alguns pontos de destaque com base em entendimentos sumulados dos 
tribunais.
A súmula 567 do STJ corrobora a adoção da Teoria Amotio, que vimos anteriormente:
Súmula 567 - Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no 
interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. (Súmula 
567, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/02/2016, DJe 29/02/2016)
O Superior Tribunal de Justiça entendeu que a existência de monitoramento por câmeras em 
um estabelecimento comercial não torna impossível a ocorrência do crime de furto.
Antes desse entendimento, existia uma forte posição doutrinária no sentido de que a existência 
desse monitoramento faria com que qualquer tentativa de furto no estabelecimento comercial 
fosse frustrada, já que o agente seria invariavelmente flagrado.
Com a edição da súmula, tal argumentação caiu por terra. É claro que apenas a existência 
de circuito de câmeras não é suficiente para garantir a frustração de qualquer furto. Tal 
argumentação saía muito da realidade.
Diferença entre pequeno valor e insignificância
Nós já vimos que o objeto de pequeno valor é aquele que vale cerca de um salário mínimo 
vigente na época do crime.
Lembre-se de que o objeto de pequeno valor não culmina necessariamente na aplicação do 
Princípio da Insignificância. Enquanto o pequeno valor da coisa furtada se presta a permitir 
uma diminuição da pena, a insignificância torna a conduta atípica.
O STJ definiu como parâmetro econômico da insignificância o objeto que valha cerca de 
10% do salário mínimo vigente na época do crime. Veja que a insignificância tem ainda 
outros requisitos, como a baixa periculosidade e reprovabilidade da conduta, não se limitando 
apenas ao critério de valor do bem furtado.
Furto de sinal de TV em canal fechado
Como vimos anteriormente, o STJ já pacificou o entendimento de que o furto de sinal de TV 
em canal fechado possui valor econômico e está enquadrado no conceito extensivo de coisa 
móvel adotado pelo legislador.
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI296893,71043-Crimes+que+o+Direito+Penal+nao+pune+principio+da+insignificancia
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Como exemplo desse entendimento podemos citar o julgado do Agravo em Recurso Especial 
nº 726.601/SP.
Extensão da aplicação da súmula 554 do STF ao crime de furto
Diz a súmula 554 do STF:
O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, 
não obsta ao prosseguimento da ação penal.
Veja que a súmula foi editada para o crime de estelionato na modalidade em que o agente 
emite cheque sem provisão de fundos.
Nessa situação, caso seja efetuado o pagamento após o recebimento da denúncia, a ação 
penal prossegue normalmente. Entende-se, portanto, que o pagamento antes da denúncia 
obsta o prosseguimento daação penal, extinguindo a punibilidade do agente.
A jurisprudência vem adotando o entendimento dessa súmula também para o crime de furto 
de duas modalidades, quais sejam, furto de energia elétrica ou água.
O fundamento para a aplicação do entendimento é que as faturas de energia elétrica e 
água são fornecidas em regime de preço público, assemelhando-se a tributo. Nos crimes 
tributários, o pagamento do valor devido ou o parcelamento do débito obstam o seguimento 
da ação penal, extinguindo a punibilidade do agente no primeiro caso e suspendendo o curso 
da ação penal até o final do pagamento no segundo.
Sendo assim, no caso de furto de energia elétrica ou de água, se o pagamento do débito 
ocorrer antes da denúncia, estará extinta a punibilidade. Caso seja efetuado o parcelamento 
do débito, a ação ficará suspensa enquanto perdurarem os pagamentos, sendo também 
extinta a punibilidade quando houver o adimplemento integral.
Diferença do furto mediante fraude e estelionato
Embora já tenhamos tratado desse tema anteriormente, vale a pena reforçar a diferença entre 
o furto mediante fraude e o estelionato.
A fraude praticada no furto é para que a vítima, levada a erro, diminuía a vigilância sobre o 
bem, deixe de prestar tanta atenção a ele. No estelionato, a vítima é levada a erro, ludibriada, 
para que ela mesma entregue o bem.
Subtração por arrebatamento
A subtração por arrebatamento é aquela em que o agente bate na mão da vítima para subtrair 
o bem.
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/529499809/agravo-em-recurso-especial-aresp-726601-sp-2015-0140158-1
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/529499809/agravo-em-recurso-especial-aresp-726601-sp-2015-0140158-1
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Como há o contato físico com a vítima, surgiu a dúvida se a situação se enquadra no furto ou 
no roubo.
A posição do STJ é que, no caso concreto, deve ser verificado se houve a produção de qualquer 
lesão contra a vítima, ainda que pequena (aranhão, vermelhidão, etc.). Caso seja constatada 
a lesão, estaremos diante do crime de roubo. Caso não se verifique qualquer lesão à vítima, 
estaremos diante de crime de furto.
Comunicação das qualificadoras aos coparticipantes
Nós já vimos que as qualificadoras podem ser objetivas (relativas à execução do crime) e 
subjetivas (referentes ao motivo do crime).
São comunicáveis sempre as qualificadoras objetivas, desde que os coparticipantes 
tenham conhecimento da sua ocorrência. As qualificadoras subjetivas, por sua vez, são de 
cunho pessoal (dependem da motivação de cada agente para participar do crime) e não se 
comunicam.
Vimos que a única qualificadora subjetiva do crime de furto é o abuso de confiança, sendo 
essa, portanto, hipótese em que a qualificadora não se comunica aos coparticipantes.
Exame pericial
No caso de furto de automóveis, na incidência da qualificadora do rompimento ou destruição 
de obstáculo, há a necessidade de exame pericial para a constatação do ocorrido.
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5.  Roubo
Tipologia do crime
Dando continuidade à análise dos crimes contra o patrimônio, passaremos agora ao crime de 
roubo.
Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou 
depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
O roubo diferencia-se do furto pelo emprego da violência ou grave ameaça na subtração da 
coisa.
Assim, o roubo se caracteriza pela subtração de coisa alheia somada à violência ou grave 
ameaça.
Lembre-se de que a violência pode ser própria ou imprópria. Violência própria é aquela que 
atenta contra a integridade física da vítima, seja por vias de fato ou lesão corporal.
A diferença entre as vias de fato e a lesão corporal será atestada por um laudo pericial. Caso 
não se comprove nenhuma lesão à integridade física (como, por exemplo, vermelhidão ou um 
arranhão) estaremos diante de vias de fato. Caso haja dano à integridade física, estaremos 
diante da lesão corporal.
A violência também pode ser imprópria. Esta ocorre quando o agente, por qualquer meio, 
diminui a capacidade de resistência da vítima (induzindo consumo de álcool ou drogas, por 
exemplo).
Classificação
O crime de roubo é um crime complexo.
Crime complexo é aquele que tem atinge vários bens jurídicos tutelados. Veja que, no artigo 
157 do Código Penal, estão contidos a lesão corporal, o furto e também a ameaça.
Trata-se de crime material, pois exige um resultado naturalístico para que se caracterize. O 
crime material, em outras palavras, demanda que tenha havido um resultado fático da prática 
do agente. Diferente é o crime formal, o qual apenas prevê a conduta de quem comete o 
crime, não importando se o resultado esperado aconteceu.
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/vias-de-fato-x-lesao-corporal-leve
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Via de regra é um crime comissivo (ou seja, exige uma ação). Contudo, é possível que o 
roubo seja praticado por omissão imprópria caso exista a condição de garante (que já vimos 
anteriormente ao tratarmos do furto).
ROUBO PRÓPRIO E ROUBO IMPRÓPRIO
No caput do artigo 157 do Código Penal, está descrito o chamado roubo próprio. Neste, a 
violência ocorre desde o início da conduta criminosa (para que se possa subtrair a coisa) ou 
durante a subtração do objeto.
Contudo, devemos observar a figura prevista no artigo 157, §1º do CP:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave 
ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
Esse é o chamado roubo impróprio. Nessa situação, primeiramente, a coisa é subtraída sem 
violência, de modo semelhante ao que ocorre no furto. Contudo, logo após, o agente emprega 
violência contra a vítima para assegurar a posse da coisa.
Veja que não há diferença de pena entre o roubo próprio ou impróprio.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Assim como no furto, no roubo, também é adotada a Teoria Amotio, segundo a qual o crime 
se consuma quando há a posse da coisa pelo agente.
Dessa forma, não se exige posse mansa e pacífica do objeto para que se configure o crime.
A diferença é que, para o roubo, já existe súmula do STJ:
Súmula 582. Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência 
ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da 
coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 14/09/2016, DJe 19/09/2016 (Info 590).
Esse entendimento é criticado pela doutrina por não permitir a tentativa prevista no artigo 14 
do CP.
IMPOSSIBILIDADE DE TENTATIVA NO ROUBO IMPRÓPRIO
Seguindo o que vimos acima, caso o agente subtraia o bem e após o emprego de violência, 
não será possível falar em tentativa.
https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/700283643/crimes-omissivos-improprios-e-a-figura-do-garantidor
https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/387560367/stj-firma-entendimento-pela-teoria-da-amotio-na-consumacao-do-roubo
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Como a posse da coisa já foi obtida, caso a violência não seja empregada, estaremos diante 
de um roubo próprio, figura do caput.
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6. Roubo - Causas de Aumento de Pena
Veremos agora as causas de aumento de pena aplicadas para o crime de roubo.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
I – Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma (Revogado)
É necessário observar que esse inciso I foi revogado pela Lei 13.654/18. Essa expressão 
contemplava armas de fogo, armas brancas, explosivos e armas impróprias (barras de ferro, 
tacos de baseball, etc.).
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
Aqui, há duas questões importantes a serem observadas: os agentes precisam estar presentes 
no local da subtração para que haja concurso.Caso um deles esteja em outro local, auxiliando 
à distância, não haverá o concurso de agentes.
Outro ponto é que não se exige que todos os agentes sejam imputáveis. Ainda que um deles 
seja inimputável, haverá o aumento de pena.
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
A causa de aumento é autoexplicativa, mas devemos destacar a necessidade de que o agente 
saiba que a vítima está transportando valores.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
A causa de aumento segue o mesmo previsto para o furto. Para que incida o aumento de 
pena, é necessário que o veículo seja transportado ou, no caso da tentativa, que se comprove 
a intenção de transportar o veículo para outro Estado ou para o exterior.
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
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Vale ressaltar que a restrição da liberdade nessa causa de aumento é momentânea e deve ter 
como objetivo a subtração dos bens das vítimas.
Caso a privação da liberdade tenha outro objetivo, como, por exemplo, a extorsão, será 
caracterizado este outro crime, e não o roubo com aumento de pena.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem 
sua fabricação, montagem ou emprego.
Assim como no furto, o legislador visou a reprimir o uso de explosivos para outros ilícitos, 
sendo que o roubo desses itens traz um aumento de pena.
VII – se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;
A Lei 13.964/2019 passou a prever mais uma majorante do crime de roubo, que incide no caso 
de emprego de arma branca. Nesse caso, aumenta-se a pena de um terço até metade. 
Tal alteração só vale para os crimes cometidos a partir do início da vigência da Lei 13.964/2019.
É importante ter em mente que não se deve considerar a arma de brinquedo para a incidência 
da majorante, já que não se trata propriamente de arma, mas apenas de um objeto que pode 
enganar a vítima, configurando a grave ameaça, elementar do tipo penal. 
Mas, então, o que seria uma arma branca? Anteriormente a majorante fazia referência 
apenas ao emprego de arma, sem qualquer especificação. Portanto, incluía-se a arma de 
fogo (revólver ou espingarda, por exemplo), a arma branca (espada, por exemplo) ou a arma 
imprópria (pedra pontiaguda, por exemplo). Com o advento da Lei 13.654/2018, tal majorante 
foi revogada e previu-se apenas a majorante do uso de arma de fogo no parágrafo 2º do art. 
157 - que continua em vigor, como veremos logo adiante.
Nesse contexto, a Lei 13.964/2019 tentou corrigir essa alteração, incluindo a majorante do 
emprego de arma branca. Entretanto, ficou a dúvida se é possível incluir nas hipóteses da 
majorante apenas as armas brancas propriamente ditas, ou seja, aqueles objetos fabricados 
especificamente para utilização como arma, como uma espada, um canivete ou um punhal, 
ou também é possível incluir as armas impróprias, como uma garrafa, uma barra de ferro, 
uma faca de cozinha, um caco de vidro ou uma pedra, por exemplo. De qualquer forma, será 
preciso analisar a interpretação que será dada pelo judiciário nesses casos.
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
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Com a alteração legislativa que mencionamos, o emprego de arma de fogo implica aumento 
de pena de 2/3.
Aqui o legislador foi específico ao mencionar arma de fogo. Lembre-se de que a interpretação 
não poderá ser extensiva, de modo que não são abarcados outros tipos de armas.
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que 
cause perigo comum.
Finalizando esse ponto e notando a alteração legislativa que deixou de considerar as armas 
brancas para a finalidade de aumento de pena, devemos nos lembrar de que a lei mais 
benéfica sempre retroage em favor do réu.
Dessa forma, aqueles que praticaram roubo com uso de arma branca ou imprópria na vigência 
do inciso I do artigo 157 do CP devem ser beneficiados com a sua revogação, deixando de ser 
considerada tal circunstância como um aumento de pena a eles.
Há, em verdade, de se reconhecer a ocorrência da novatio legis in mellius, ou seja, nova lei 
mais benéfica, sendo, pois, de rigor que retroaja para alcançar os roubos cometidos com 
emprego de arma branca, beneficiando o réu (artigo 5º, XL, da CF/88) (AREsp 1.249.427/SP)
§ 2º-B.  Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, 
aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
O parágrafo 2º-B do artigo 157, do Código Penal, foi incluído pela Lei 13.964/2019 e determina 
que a pena de reclusão de quatro a dez anos e multa, previsa no caput do artigo, deve ser 
aplicada em dobro, passando a ser de 8 a 20 anos de reclusão, nos casos em que houver 
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido. Tais armas são definidas pelo Decreto 
9.847/2019, que regulamenta a Lei 10.826/2003.
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7. Roubo - Latrocínio
Roubo qualificado pela lesão corporal e pela morte (latrocínio)
Antes de tratar do latrocínio, vamos voltar à causa de aumento de pena de restrição da 
liberdade da vítima.
Como vimos anteriormente, o inciso V do artigo 157 do Código Penal prevê como causa de 
aumento de pena - de 1/3 até a metade - a situação em que o agente mantém a vítima em 
seu poder, restringindo sua liberdade.
Ressaltamos que essa privação de liberdade deve observar algumas exigências: ser uma 
forma de execução do crime de roubo, ou, ainda, uma garantia em benefício do agente contra 
a ação policial.
Por fim, essa privação da liberdade deve ocorrer por período breve. Não há um lapso de 
tempo determinado, isso deve ser avaliado de acordo com o caso concreto e tendo em vista 
o Princípio da Razoabilidade.
§ 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa
RESULTADOS QUALIFICADORES
De acordo com a previsão legal, são dois os resultados qualificadores, sendo o primeiro a 
lesão corporal de natureza grave.
Devemos esclarecer que os resultados lesão corporal ou morte devem decorrer de violência 
física.
Caso a morte ou a lesão decorram da grave ameaça (por exemplo, vítima que tem um colapso 
nervoso ou cardíaco), o agente responderá apenas pelo roubo, sem o resultado que qualifica 
a conduta.
É preciso analisar, contudo, se o agente tinha conhecimento da condição vulnerável de saúde 
da vítima e se, de certo modo, utilizou-se disso. A depender da situação, podemos ter o roubo 
em concurso com homicídio doloso ou culposo.
Ainda, de acordo com a localização dos dispositivos no código, é posição doutrinária e 
jurisprudencial dominante que as majorantes anteriormente elencadas não se aplicam ao 
latrocínio.
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Como exemplo, caso o agente utilize arma de fogo para provocar o resultado morte, não se 
aplicará a causa referente à arma.
CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO NO CRIME DE LATROCÍNIO
Para esse item, cabe destacar o entendimento do STJ (julgamento do HC 185.101/SP) sobre 
o tema. Na hipótese de subtração de um bem com a ocorrência de várias mortes, entende o 
Superior Tribunal de Justiça que não há crime único, mas concurso formal impróprio.
O concurso formal impróprio ocorre quando, apesar de os vários crimes decorrerem todos 
da mesma conduta, houver um desígnio autônomo do agente em relação a esses crimes, ou 
seja, dolo na prática de todos eles.
A figura do concurso formal impróprio está prevista na segunda parte do artigo 70 do Código 
Penal, a qual destacamos:
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, 
aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada,em qualquer 
caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é 
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. 
Conforme a redação acima, no concurso impróprio não se aplica a exasperação da pena de 
até um sexto, mas se somam as penas referentes a cada crime.
Um exemplo dessa situação, na prática, é o roubo contra agência bancária na qual o agente 
subtrai os valores e mata dois seguranças.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Iniciaremos a análise desse tema pela leitura da súmula 610 do STF:
Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a 
subtração de bens da vítima
O crime de latrocínio é um crime complexo, pois tutela dois bens jurídicos, a vida e o patrimônio. 
Se um desses bens é violado – no caso, a vida – o STF entende que o crime está consumado.
Há posição contrária na doutrina (por exemplo, Rogerio Greco). De acordo com essa corrente, 
é necessário preencher todas as figuras típicas que formam a cadeia – patrimônio e vida – de 
modo a respeitar a previsão da tentativa constante no artigo 14 do Código Penal.
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8. Roubo - Temas de Destaque
Súmula 443 do STJ e incidência de mais de uma causa de 
aumento de pena
Aqui vamos analisar alguns temas essenciais para provas, concursos e o exame da OAB. 
Fique atento!
Lembre-se de que, no direito penal, um dos princípios basilares é a individualização da pena, 
ou seja, cada caso deve ser tratado de forma única levando em consideração as características 
do crime praticado e as condições pessoais do acusado.
Tendo isso em vista, lembre-se de que o crime de roubo pode ter sua pena aumentada de 1/3 
até a metade caso ocorram as circunstâncias previstas no artigo 157, §2º do CP.
Nada impede que, ao mesmo fato, incida mais de uma qualificadora. Por exemplo, podemos 
ter roubo praticado em concurso de uma ou mais pessoas e a vítima pode estar a serviço de 
transporte de valores, sendo essa circunstância conhecida dos partícipes.
Nessa situação, como o julgador deverá calcular o aumento de pena? O STJ resolveu essa 
questão por meio da súmula 443 do STJ, que diz:
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige 
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do 
número de majorantes.
Dessa forma, o número de circunstâncias não deve ser levado em conta, por si só, para 
calcular o aumento da pena. Tomando a nossa situação como modelo, existindo as duas 
circunstâncias, o juiz poderá aumentar a pena de um terço até a metade, sendo necessário 
fundamentar o agravamento da pena.
Dessa forma, a existência de duas circunstâncias, por si só, não autoriza o aumento em 
metade da pena.
O critério deve ser de gravidade do meio empregado pelo agente, não o mero número de 
requisitos do artigo que foram atingidos.
Concurso de crimes entre roubo e extorsão
Tanto no crime de roubo quanto no crime de extorsão, há lesão ao bem jurídico do patrimônio 
da vítima.
A diferença é que, no roubo, a violência é empregada para subtrair o bem, enquanto que, na 
extorsão, a violência é empregada para constranger a vítima a entregar esse bem ao agente.
Dessa forma, é possível que haja concurso material entre roubo e extorsão.
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Esse concurso ocorrerá quando o agente, após subtrair bens da vítima mediante emprego 
de violência ou grave ameaça, constrange-a a entregar seu cartão bancário e a 
respectiva senha para sacar dinheiro de sua conta.
Roubo praticado contra várias vítimas no mesmo contexto
Situação recorrente é o roubo praticado contra diversas vítimas em um mesmo contexto 
fático. Por exemplo, suponha que uma agência bancária seja alvo de uma ação criminosa, 
sendo que enquanto um dos agentes rouba os valores do banco outro aborde as pessoas 
que estão no local, também subtraindo seus pertences.
Outro exemplo é o roubo em residência, quando cada um dos familiares é uma vítima diversa.
Nessa situação o STJ já se manifestou no sentido de que há concurso formal de crimes, 
não se tratando de um único crime.
Lembre-se de que o concurso formal está previsto no artigo 70 do Código Penal e possibilita 
o aumento de 1/6 até a metade da pena:
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, 
aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer 
caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é 
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Emprego de arma de fogo e perícia
Outro ponto importante nas decisões judiciais relacionadas ao crime de roubo é o entendimento 
dos tribunais de que não é necessária a apreensão da arma de fogo e sua posterior perícia 
para que fique caracterizada a causa de aumento prevista no artigo 157, §2º,I do CP quando 
seu emprego possa ser comprovado por outros meios (gravação do local, testemunhas, etc.).
Fixação de regime prisional para cumprimento da pena
Aqui é importante analisarmos três súmulas, sendo a primeira do STJ e as demais do STF:
Súmula 440 
Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o 
cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. 
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Súmula 718
A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição 
de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
Súmula 719
A imposição do regime de cumprimento mais severo do que aquele que a pena aplicada permitir exige motivação 
idônea.
Veja que as três súmulas defendem que a gravidade abstrata do delito não é suficiente para 
a determinação de regime mais severo para cumprimento de pena, devendo ser motivada 
objetivamente pelo julgador.
Assim, seguindo tal entendimento, no crime de roubo, o mero emprego de arma de fogo ou 
concurso de pessoas, por sua gravidade em abstrato, não são suficientes para fundamentar 
a aplicação de regime fechado para o cumprimento da pena, sendo necessário que o julgador 
fundamente essa decisão com base na gravidade específica da conduta exercida pelo agente 
nas particularidades do caso.
Crime de latrocínio e tentativa
É possível a tentativa no crime de latrocínio quando a morte deixar de ocorrer por circunstância 
alheia à vontade do agente e o dolo do homicídio ficar evidenciado.
Roubo contra empresa brasileira de correio e telégrafos
Na hipótese de roubo praticado contra agência brasileira de correio ou telégrafos, a 
competência será definida de acordo com a natureza do serviço prestada na agência em 
questão. Se for uma agência própria, a competência será da justiça federal. Se o serviço for 
prestado por particular na forma de franquia, a competência será da justiça estadual.
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9. Extorsão
Previsão Legal
O crime de extorsão está previsto no artigo 158 do Código Penal:
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para 
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
A tipologia do crime nos diz qual é a conduta proibida pelo agente, que, no caso em questão, 
é constranger.
O constranger, no tipo penal da extorsão, significa obrigar, coagir a fazer alguma coisa ou 
forçar a que se deixe de fazê-la.
A elementar do crime, assim como no crime de roubo, também é a violência ou a grave 
ameaça.
Ainda, é necessário que haja a finalidade especial de obter para si ou para outrem uma 
vantagem econômica indevida.
Trata-sede um crime formal, ou seja, não se exige que a vantagem econômica seja obtida 
de fato.
Se esta ocorrer, será somente um exaurimento do crime, influenciando na pena imposta.
Lembre-se de que o iter criminis, ou caminho do crime, são as etapas percorridas pelo agente 
para a prática do ilícito penal, sendo seis essas etapas:
• Cogitação (que é o planejamento do crime, fase na qual surge a intenção do agente em cometer o 
ilícito);
• Preparação (é a fase em que o agente começa a externar a sua vontade, preparando-se com o 
necessário para a prática do crime);
• Execução (prática do crime propriamente dita);
• Consumação (quando o agente realiza toda a conduta prevista no tipo penal), e
• Exaurimento (quando, esgotada a consumação, persistem os efeitos lesivos da conduta).
Tal entendimento inclusive já foi sumulado pelo STJ, conforme se verifica:
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 Súmula 96/STJ - Extorsão. Consumação. Caracterização. CP, art. 158, caput.
O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida. 
Isso não quer dizer que não caiba tentativa no crime de extorsão. Caso a ação criminosa seja 
interrompida por circunstância alheia à vontade do agente, ocorrerá crime na sua modalidade 
tentada.
Diferença entre o crime de roubo e o crime de extorsão
É bastante comum a dificuldade em entender a diferença entre o crime de roubo e o crime 
de extorsão, mas existem alguns critérios de distinção que podem ajudar a identificar qual o 
crime praticado: para Nelson Hungria, a diferenciação está na subtração da coisa (que ocorre 
no crime de roubo) e a entrega desta ao agente pela própria vítima (que ocorre na extorsão). 
Já para Conti, semelhantemente, a diferença está na colaboração ou não do comportamento 
da vítima. Na extorsão, é necessário que haja uma “colaboração” da vítima para que ocorra a 
entrega da vantagem econômica, o que não se verifica no crime de roubo.
Para Magalhães Noronha, por sua vez, no roubo, o mal é iminente e o proveito é contemporâneo, 
ou seja, a violência ou grave ameaça e a subtração do bem ocorrem no mesmo momento. Na 
extorsão, o mal prometido e a vantagem econômica são futuros. Por fim, o entendimento mais 
adotado pelos tribunais é o de Rogerio Greco, segundo o qual o que caracteriza a extorsão é 
a necessidade de colaboração da vítima em conjunto com o lapso temporal (que não pode 
ser muito longo) para que esta não resista ao constrangimento e entregue a vantagem ao 
agente. Segundo este ponto de vista mais específico, deve ser avaliado o poder de resistência 
da vítima.
Exemplificando, voltamos à vítima que é constrangida a entregar seu cartão e senha bancária. 
Embora ela colabore com o agente, considera-se que não haveria outra alternativa possível, 
visto que está sujeita a uma grave ameaça.
O exemplo dado por Rogerio Greco é a ligação efetuada de dentro de presídio exigindo o 
depósito de valores, prometendo um mal à vítima caso não realize o depósito bancário. Nessa 
situação, a vítima tem um poder de resistência, ela pode desligar o telefone e ponderar se 
efetuará o depósito ou não.
Sempre que a vítima não puder resistir de forma alguma, estaremos diante do crime de roubo. 
Contudo, caso exista essa possibilidade de resistência da vítima, com um espaço de tempo 
para que pense sobre colaborar ou não, estaremos diante da extorsão.
https://www.legjur.com/legislacao/art/dcl_00028481940-158
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Causas de aumento de pena
Assim como no roubo, na extorsão também temos causas de aumento de pena que permitem 
o acréscimo de 1/3 até a metade de seu valor:
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um 
terço até metade.
São duas as causas de aumento de pena na extorsão: o concurso de duas ou mais pessoas 
e o emprego de arma.
Para o emprego de arma, valem as mesmas considerações do crime de roubo, abrangendo 
também as armas impróprias (facas, pedaços de pau, etc.).
Modalidades qualificadoras
Também na extorsão, da mesma forma que no crime de roubo, temos causas qualificadoras, 
previstas nos parágrafos 2º e 3º do artigo 158 do Código Penal:
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a 
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta 
lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.
O parágrafo 2º faz menção ao §3° do artigo 157 do CP, que vimos anteriormente. Ele faz 
referência à situação em que do roubo resulta uma lesão corporal de natureza grave, quando 
a pena será de sete a 18 anos e multa; ou, ainda, quando do roubo resultar morte, quando a 
pena será de 20 a 30 anos de reclusão e multa. Assim, a pena será a mesma caso a extorsão 
tenha esses resultados.
É importante esclarecer que, assim como no roubo, as causas de aumento de pena previstas 
no artigo não se comunicam com a figura qualificada.
O mesmo não vale para as causas de aumento previstas na parte geral do Código Penal, 
que continuam aplicáveis.
Por fim, temos também a situação do parágrafo 3º, que trata da hipótese em que houver 
restrição da vítima.
Nessa situação, a pena base será alterada para seis a 12 anos de reclusão. Como há alteração 
da pena base, trata-se também de uma modalidade qualificada do crime.
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Assim como vimos no roubo, na extorsão também é necessário que essa privação da liberdade 
atenda a alguns requisitos.
A privação deve ocorrer por tempo razoável, geralmente de poucas horas. Ultrapassando o 
que se considera temo razoável, o agente poderá responder por sequestro em concurso com 
o crime de extorsão.
Vale lembrar que não existe um período pré-determinado do que será considerado como 
tempo razoável, circunstância que deve sempre ser avaliada no caso concreto.
Outro requisito é que a privação da liberdade deve ser um meio ou condição necessária para 
que o agente tenha sucesso na obtenção da vantagem econômica.
O exemplo clássico ocorre quando a vítima tem seu cartão subtraído, é obrigada a acompanhar 
o agente para que efetue saques no caixa eletrônico.
Vale aqui ressaltar que, na posição do professor Greco, a hipótese acima é um crime de roubo, 
tendo em vista que não há qualquer possibilidade de resistência da vítima. Entretanto, tal 
posição doutrinária é minoritária, sendo que os tribunais não adotam esse entendimento.
Diferença entre concussão e extorsão
O crime de extorsão pode ser confundido com a figura do crime de concussão, previsto no 
artigo 316 do Código Penal:
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-
la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
O crime de concussão é classificado pela doutrina como uma modalidade especial de extorsão.
A primeira diferença está no sujeito ativo do crime. Enquanto qualquer um pode ser sujeito 
ativo do crime de extorsão, a concussão exige uma qualidade especial, a de funcionário 
público em exercício de sua função. Apenas o funcionário público pode praticar tal crime.
Lembre-se de que a definição de funcionário público para fins penais é bastante ampla, sendo 
que o rol completo está previsto no artigo 327 do Código Penal.
Outra diferença é que, na extorsão, o constrangimento deve ser acompanhando de violência 
ou grave ameaça, enquanto na concussão o funcionário público deve exigir a vantagem 
indevida sem utilizar-se de meio violento ou de ameaça.
Diferença entre exercício arbitrário das próprias razões e 
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extorsão
Outro crime que pode gerar certa confusão com a extorsão é o exercício arbitrário das próprias 
razões, previsto no artigo 345 do CP:
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quandoa lei o 
permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
A diferença está na natureza da pretensão do agente. Veja que no exercício arbitrário das 
próprias razões o agente tem uma pretensão legítima, embora a defenda de forma ilegítima.
É o exemplo do agente que empresta quantia em dinheiro para um conhecido e, diante da 
ausência do pagamento, vai buscar esse valor e o ameaça para tê-lo de volta.
Na extorsão, não há nenhuma legitimidade do agente. A vantagem econômica pretendida é 
indevida desde o começo.
Sequestro relâmpago
Aqui relembramos o que vimos anteriormente no estudo do parágrafo 3º do artigo 158 do CP, 
hipótese na qual há restrição de liberdade da vítima:
§3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a 
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta 
lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.
A privação deve ocorrer por tempo razoável, geralmente de poucas horas. Ultrapassando o 
que se considera tempo razoável, o agente poderá responder por sequestro em concurso 
com o crime de extorsão (lembrando que não existe um período pré-determinado do que 
será considerado tempo razoável).
Outro requisito, como já vimos, é que a privação da liberdade deve ser um meio ou condição 
necessária para que o agente tenha sucesso na obtenção da vantagem econômica.
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10. Extorsão Mediante Sequestro
Previsão Legal
O crime de extorsão mediante sequestro está previsto no artigo 159 do Código Penal:
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição 
ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
Assim, nesse crime, o sequestro é puramente um meio para a obtenção de condição ou 
preço de resgate.
São os elementos do tipo a privação da liberdade da vítima e o fim específico de agir visando 
a obter para si ou para outrem vantagem. Em geral, falamos de condição de preço ou resgate.
Vale ressaltar que, embora a lei não o determine, a jurisprudência e a doutrina majoritária 
entendem que se aplica, nesse tipo penal, apenas a vantagem econômica, não se aplicando 
outros tipos de vantagem (como por exemplo, sexual).
É importante observar, conduto, que há posição minoritária (por exemplo, Damásio de Jesus) 
que entende ser cabível qualquer tipo de vantagem.
Quando pensamos em extorsão mediante sequestro, geralmente imaginamos a vítima sendo 
levada para um cativeiro. Contudo, não é necessário que haja um efetivo deslocamento 
da vítima para que o crime se caracterize.
Uma pessoa pode ser vítima desse tipo penal em sua própria residência, desde que o agente 
a prive de sua liberdade e exija preço ou condição de resgate para que ela possa voltar a 
exercer seu direito de ir e vir.
Condição de resgate e preço de resgate
O tipo penal fala em condição ou preço do resgate, expressões que podem causar confusão.
Para facilitar o entendimento da diferença entre eles, utilizaremos o entendimento do 
professor Cleber Masson:
Condição de resgate diz respeito a qualquer tipo de comportamento, por parte do sujeito 
passive, idôneo a proporcionar uma vantagem econômica ao criminoso. A vítima patrimonial 
faz ou deixa de fazer algo que possa beneficiar o sequestrador. Exemplos: a assinatura de um 
cheque, entrega de um documento, elaboração de uma nota promissória, etc. De outro lado, a 
elementar preço de resgate se relaciona à exigência de um valor em dinheiro ou em qualquer 
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outra utilidade econômica. Neste caso, o ofendido ou seus familiares pagam alguma quantia 
em troca da liberdade do sequestrado
Dessa forma, enquanto a condição envolve uma ação ou omissão da vítima almejada pelo 
agente, o preço envolve tão somente o pagamento de uma quantia pela liberdade.
Possibilidade de multiplicidade de sujeito passivo
É bastante comum que, no crime de extorsão mediante sequestro, a vítima seja obrigada a 
acionar seus familiares para o pagamento do preço de resgate.
Contudo, nada impede que o próprio sequestrado satisfaça a exigência do agente.
Ter em mente essas duas situações é importante para definirmos a possibilidade de 
multiplicidade de sujeitos passivos no crime de extorsão mediante sequestro, ou seja, 
a possibilidade de que haja mais de uma vítima para o mesmo crime exercendo papéis 
diferentes dentro dele.
Tal posição é defendida na doutrina, por exemplo, por Cezar Roberto Bitencourt, e é bem 
aceita pela jurisprudência. Teríamos, de acordo com este entendimento, na hipótese de uma 
pessoa ser sequestrada e outra for acionada para pagamento, mais de uma vítima (a que foi 
sequestrada e aquela de quem se demandou o pagamento de resgate), sendo uma atingida 
em sua liberdade e outra em seu patrimônio. Diferentes, mas as duas sujeitos passivos de 
extorsão mediante sequestro.
Na hipótese de a própria vítima efetuar o pagamento, naturalmente, temos um único sujeito 
passivo.
Consumação e tentativa
O crime de extorsão mediante sequestro é formal, ou seja, não se exige que alcance um 
resultado material para a sua consumação.  A própria conduta do agente já basta para que 
fique caracterizado o crime.
Dessa forma, uma vez que a vítima foi privada de sua liberdade com a intenção de obter a 
condição ou preço do resgate, não importa que este fim tenha sido efetivamente atingido 
para a consumação do crime ser considerada completa.
Caso ocorra a condição ou o pagamento do preço, estaremos diante de exaurimento do 
crime, cuja definição já vimos anteriormente.
Isso não quer dizer que a tentativa não é possível. A conduta de privação da liberdade da vítima 
pode ser interrompida por circunstância alheia à vontade do agente, quando, por exemplo, é 
abordado no momento em que tenta capturá-la.
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ELEMENTO SUBJETIVO DO CRIME
O elemento subjetivo do crime de extorsão mediante sequestro é o dolo. Não existe previsão 
legal de modalidade culposa para esse tipo penal.
Além disso, é necessário ainda o dolo especial, ou seja, a finalidade específica de obter 
vantagem mediante condição ou preço de resgate.
Vale ressaltar ainda que tal vantagem pode ser obtida para si ou para outrem, ou seja, é possível 
que o agente do crime esteja agindo a mando de outra pessoa, que será o destinatário da 
vantagem indevida. Nessa situação, aquele que priva a vítima de sua liberdade, ainda que 
não seja aquele que receberá a vantagem, continuará respondendo por extorsão mediante 
sequestro.
Modalidades qualificadoras
Assim como os outros tipos penais que vimos, na extorsão mediante sequestro também 
temos modalidades qualificadas.
Vale lembrar que as qualificadoras alteram a pena base a ser aplicada pelo legislador, que 
passa, a partir desse novo patamar para o cálculo da dosimetria.
As qualificadoras estão previstas nos parágrafos 1º a 4º do artigo 159 do Código Penal. Veremos 
abaixo cada uma dessas possibilidades:
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 
60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos
A primeira delas é o sequestro que dura mais de 24 horas. O legislador entendeu que, nessa 
situação, a reprovação moral do ato criminoso é maior em razão do tempo prolongado, que 
provoca mais danos à vítima e seus familiares.
Ainda, temos a situação em que o sequestrado é menor de 18 anos ou maior de 60 anos. 
Vítimas nessas condições têm uma maior vulnerabilidade, justificando-se uma reprimenda 
maior para a conduta.
É importante destacar que essa circunstância precisa ser de conhecimento do agente, ou 
seja, ele precisa saber que a vítima tem menos de 18 ou mais de 60 anos. Caso contrário, 
será possível alegar o erro de tipo, previsto no artigo 20 do CP. Tais circunstâncias serão 
avaliadas de acordo

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