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Procedimento de Dissolução Parcial de Sociedade Empresarial

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Processo Civil 
Empresarial 
 
 
 
 
 
 
 
Pós-Graduação “lato sensu” 
Prof. Ival Heckert 
Pós-Graduação “lato sensu” | Cenário Processual em Advocacia Empresarial 
Prof. Ival Heckert 
Pós-Graduação “lato sensu” | Processo Civil Empresarial 
Prof. Ival Heckert 
 
 
 
 
Unidade I 
 
 
 
DEMANDAS EMPRESARIAIS 
Aula 2 
 
 
 
PRINCIPAIS DEMANDAS EMPRESARIAIS 
 
O Código Processo Civil traz algumas novidades bastante interessantes, 
aplicáveis às demandas empresariais. Dentre essas novidades apresentadas pela 
atual lei Processual Civil básica (CPC) destacamos o procedimento especial de 
dissolução parcial da sociedade empresária, bem como o procedimento de apuração 
dos haveres, regulados a partir do art. 599, do Código Processo Civil. 
Nessa aula, data a importância do tema, e a ausência de sua regulação no CPC 
revogado, daremos muita atenção aos artigos que compõem esse procedimento, já 
que sua correta interpretação é hoje de sua importância para o desempenho da da 
advocacia empresarial 
DO OBJETIVO DA AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE 
 
Podemos afirmar que toda sociedade empresária, pelo menos em regra, surge 
com de um “agregar de objetivos” de pessoas que, por alguma proximidade (seja de 
amizade, social ou mesmo puramente econômica) se unem para empreender. É, 
resumidamente, a conhecida “affectio societatis”. 
O procedimento de dissolução parcial da sociedade empresária, detalhada dos 
artigos que cuidam dessa ação de procedimento especial, parte da premissa que, em 
razão de acontecimentos derivados da “causa mortis” ou de situações do cotidiano 
(inter vivos), desapareceu (grosso modo falando) esse AFETO SOCIETÁRIO. 
Pós-Graduação “lato sensu” | Processo Civil Empresarial 
Prof. Ival Heckert 
 
 
E a quebra ou inexistência desse “afeto”, não precisa inibir a continuidade da 
empresa, da sociedade empresária, ela pode existir, com mudanças em sua 
composição subjetiva, notadamente a exclusão daquele falecido (sem aceitação total 
ou parcial de seus sucessores) ou exclusão daquele que não tem mais interesse de 
permanecer na sociedade (ou daquele cujos demais sócios não tem interesse na sua 
continuidade). 
Portando, diante dessas possíveis situações e para a apuração dos haveres do 
sócio excluído, fez bem o legislador 2015 em criar o presente procedimento cognitivo, 
implementando as bases procedimentais necessárias para os objetivos específicos, 
permitindo a continuidade da sociedade. 
Art. 599. A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter por objeto: 
 
O Art 599 do Código Processo Civil apresenta, justamente, quais são os 
objetivos do procedimento da dissolução parcial da sociedade: 
Art. 599. A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter por objeto: 
 
I - a resolução da sociedade empresária contratual ou simples em 
relação ao sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou 
recesso; e 
II - a apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o 
direito de retirada ou recesso 
 
O objetivo primário da ação de dissolução parcial da sociedade é justamente a 
resolução SUBJETIVA PARCIAL, da sociedade empresária contratual ou simples 
levando em consideração o falecimento de um dos sócios, ou eventual exclusão de 
um dos sócios da sociedade. 
Além da resolução parcial da sociedade em relação ao sócio falecido ou 
excluído, o procedimento também tem como objetivo a apuração dos haveres do 
sócio excluído, com a delimitação dos valores econômicos devidos e a formação de 
um título executivo, seja para o sócio excluído ou para seu espólio, herdeiros e 
Pós-Graduação “lato sensu” | Processo Civil Empresarial 
Prof. Ival Heckert 
 
 
sucessores, levando em consideração se a dissolução se deu em razão da causa mortis 
ou de ato entre vivos. 
Percebam que entre os incisos “I’ e “II” do presente artigo de lei temos a 
expressão “E” – o que isso significa? – Significa que estamos diante de procedimento 
cognitivo bifásico, ou seja, que possui duas fases cognitivas: uma primeira para 
verificação das circunstâncias autorizadoras da dissolução parcial da sociedade 
empresária e, uma segunda, que existirá se a primeira tiver um provimento de mérito 
positivo, que é a fase de apuração dos haveres. 
Art. 599. A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter por objeto: 
(...) 
III - somente a resolução ou a apuração de haveres. 
 
Ou, então, pode ser que esse procedimento tenha apenas uma fase cognitiva, 
tão somente para a resolução ou para a apuração dos haveres. 
RESUMINDO 
 
Podemos afirmar que o objeto desta ação de procedimento especial será a 
resolução da sociedade empresária e/ou apuração dos haveres, direitos que podem 
ser exercidos da seguinte forma: 
 
1 - tanto a resolução da sociedade empresária quanto a apuração dos haveres; 
ou 
 
2 - somente a resolução ou somente apuração dos haveres 
 
Art. 599 (...) 
 
§ 2º A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter também por 
objeto a sociedade anônima de capital fechado quando demonstrado, por 
acionista ou acionistas que representem cinco por cento ou mais do capital 
social, que não pode preencher o seu fim. 
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Um terceiro objeto para apresentação da presente demanda surge no 
parágrafo 2º do artigo 599, CPC, podendo tal procedimento também ser utilizado 
para dissolução parcial de uma sociedade anônima de Capital fechado dentro dos 
limites da Lei, aqui estabelecidos. 
 
 
DA PETIÇÃO INICIAL 
 
Art. 599 (...) 
 
§ 1º A petição inicial será necessariamente instruída com o contrato 
social consolidado. 
 
Todo processo de natureza cognitiva deve respeitar os artigos 319 e 320 do 
Código de Processo Civil, ou seja: os requisitos básicos de toda e qualquer petição 
inicial, sendo discutível, no presente caso, por ser procedimento especial, se há ou 
não a audiência de tentativa de autocomposição, prevista no artigo 334, CPC. 
Podemos afirmar que por se tratar de procedimento especial, não há a realização da 
audiência primária de tentativa de autocomposição, nada impedindo que, no 
decorrer do procedimento, as partes (por atos bilateral de vontade) de ofício ou 
mediante provocação do próprio magistrado, que poderá determinar uma audiência 
especial para tentativa de autocomposição. 
De qualquer forma além dos requisitos convencionais da petição inicial exige a 
lei, obrigatoriamente, a instrução da petição com o contrato social consolidado. 
Uma Questão: se eventualmente a exordial não carregar o contrato social 
deverá o juiz indeferir a petição inicial? - não!! - em respeito ao princípio da 
primazia do mérito e na busca de um processo efetivo, o magistrado deverá 
determinar que o autor emende a petição inicial, fazendo a devida adequação ao 
exigido na lei processual. 
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DA LEGITIMIDADE ATIVA 
 
Art. 600. A ação pode ser proposta: 
 
I - pelo espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores 
não ingressar na sociedade; 
II - pelos sucessores, após concluída a partilha do sócio falecido; 
 
O artigo 600 do Código Processo Civil apresenta, justamente, quem são os 
legitimados ativos para a propositura das demandas reguladas nessa parte da 
legislação. 
Inicialmente temos a legitimação ativa derivada do fator causa mortis. 
 
Falecendo um dos sócios originais a demanda poderá ser proposta pelo 
espólio, quando a totalidade dos sucessores não ingressar na sociedade empresária. 
Exemplo: falecimento de um sócio originário deixando dois filhos e os dois 
passam, por vontade e aceitação dos demais sócios, a integrar a sociedade 
empresarial, cada qual com sua parte das quotas sociais, tudo bem, existe uma 
mudança na estrutura subjetiva da sociedade empresária, e sua continuidade; mas e 
se um dos filhos não tiver interesse ou se os sócios remanescentes nãoconcordarem 
com a sucessão dos filhos na cota do sócio falecido? Nesse caso o próprio espólio do 
falecido ou os sucessores poderão ingressar em juízo para a dissolução parcial da 
sociedade e para a apuração dos haveres que lhes seriam devidos. 
Art. 600. A ação pode ser proposta: 
 
(...) 
 
III - pela sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem o 
ingresso do espólio ou dos sucessores do falecido na sociedade, quando esse 
direito decorrer do contrato social; 
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Também tem legitimidade ativa a própria sociedade empresária, quando não 
houver interesse, dos sócios originais, na sucessão do sócio falecido por seus 
herdeiros, notadamente quando esse direito decorrer do próprio contrato social da 
sociedade empresária. 
Já falamos que o que leva pessoas a empreenderem em conjunto é o AFETO 
SOCIETÁRIO, e ele não existe, necessariamente, com os sucessores do falecido sócio, 
razão pela qual também é possível que a sociedade empresária vire autora de uma 
demanda para a dissolução parcial, notadamente para não aceitar os que são 
sucessores do sócio falecido como atuais sócios da sociedade empresária. 
Art. 600. A ação pode ser proposta: 
 
(...) 
 
IV - pelo sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se não tiver 
sido providenciada, pelos demais sócios, a alteração contratual consensual 
formalizando o desligamento, depois de transcorridos 10 (dez) dias do 
exercício do direito; 
 
 
Inicia, agora, o artigo 600, CPC, as situações de legitimidades ativas derivadas 
por ato entre vivos. A primeira situação inserida, justamente no inciso IV, dita ser 
legitimado o próprio sócio que tem o poder e a faculdade de exercer o seu direito de 
retirada ou de recesso da sociedade empresária. 
Como o sócio, eventualmente, não tem mais interesse em continuar fazendo 
parte do quadro social da empresa, pode ele exercer o direito de retirada e ter 
judicialmente a apuração dos seus haveres. 
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Art. 600. A ação pode ser proposta: 
 
(...) 
 
V - pela sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a exclusão 
extrajudicial; ou 
VI - pelo sócio excluído. 
 
Os incisos V e VI do art. 600, CPC, trazem as duas últimas hipóteses de 
legitimidade ativa, em razão de ato entre vivos. 
O direito a propositura da demanda pode ser da própria sociedade 
empresária, desde que a lei não autorize a exclusão extrajudicial de um dos sócios ou, 
até mesmo pelo próprio sócio excluído da sociedade. Neste último caso 
principalmente para a busca de apuração dos haveres. 
 
 
DA INSTAURAÇÃO DA RELAÇÃO PROCESSUAL 
 
Art. 601. Os sócios e a sociedade serão citados para, no prazo de 15 
(quinze) dias, concordar com o pedido ou apresentar contestação. 
Parágrafo único. A sociedade não será citada se todos os seus sócios o 
forem, mas ficará sujeita aos efeitos da decisão e à coisa julgada. 
 
Depois do debate e da verificação das questões normativas ligadas a petição 
inicial e a legitimidade ativa para a propositura da ação, o CPC nos apresenta os 
possíveis atos derivados da citação válida dos réus. 
Como sabemos, a citação é ato pelo qual o Estado traz o réu a integrar a 
relação jurídico-processual, dando validamente (a ele réu) ciência da demanda 
cognitiva. No caso figurarão, como réus, dependendo daquele que é o autor, os 
sócios remanescentes e a própria sociedade empresária. 
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Tratando-se de procedimento especial, falamos sobre isso em item acima, não 
há, necessariamente, a designação da audiência prevista no Art. 334 do código de 
processo civil, aquela onde, inicialmente, se buscaria a autocomposição das partes 
para a resolução imediata do conflito. 
Como procedimento especial que é os réus serão citados para, no prazo de 15 
dias, exercerem a opção de concordar com o pedido de dissolução ou de apresentar 
contestação. 
Claro que temos que levar em consideração a possibilidade da existência da 
citação válida e da não apresentação de resposta, pelo réus, dentro do prazo legal, ou 
seja a ocorrência da revelia. Ocorrendo a revelia teremos os seus efeitos, 
notadamente, dos fatos alegados na petição inicial serem vistos, pelo magistrado, 
como verdadeiros, podendo, dependendo da circunstância processual, gerar o 
julgamento antecipado da lide. 
 
 
DA CONTESTAÇÃO E DA AÇÃO DE FORÇA DÚPLICE 
 
Art. 602. A sociedade poderá formular pedido de indenização 
compensável com o valor dos haveres a apurar. 
 
Devidamente citado podem os réus, tendo interesse, apresentar as suas 
contestações, com todos os elementos processuais e materiais garantidos para o 
exercício da ampla defesa e do contraditório. 
Permite o art. 602 do código de processo civil que sociedade empresária, como 
ré, possa, além de apresentar toda a defesa possível, formular, na própria 
contestação, um pedido de indenização, compensável com o valor dos haveres que 
deverão ser apurados e que são buscados pelo autor. 
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Não se trata necessariamente de uma reconvenção mas sim de um pedido 
contraposto, que, ao final, apesar da técnica diferenciada, pode gerar os mesmos 
efeitos materiais da reconvenção. 
Como o sócio (ou seus sucessores) terá direito a receber valores quando da 
dissolução parcial da sociedade, eventuais valores que ele tenha que pagar para a 
sociedade empresária, inclusive eventuais indenizações, caso existam, ao final, se 
julgado procedente o pedido indenizatório feito pelo réu, haverá a devida 
compensação. 
 
 
DA CONCORDÂNCIA COM A DISSOLUÇÃO PARCIAL DA 
SOCIEDADE 
Art. 603. Havendo manifestação expressa e unânime pela concordância 
da dissolução, o juiz a decretará, passando-se imediatamente à fase de 
liquidação. 
§ 1º Na hipótese prevista no caput , não haverá condenação em 
honorários advocatícios de nenhuma das partes, e as custas serão rateadas 
segundo a participação das partes no capital social. 
§ 2º Havendo contestação, observar-se-á o procedimento comum, mas a 
liquidação da sentença seguirá o disposto neste Capítulo. 
 
Podemos afirmar que a presente demanda possui duas possíveis fases 
cognitivas. Uma primeira, onde se discute ser possível ou não a dissolução parcial da 
sociedade, e uma segunda fase, posterior à primeira, em que, havendo a decretação 
da dissolução da sociedade, abre uma segunda fase cognitiva, essa de liquidação das 
quotas do sócio excluído, inclusive com verificação dos valores que eventualmente 
ele tem que receber 
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Desta forma será muito comum não existir, necessariamente, uma contestação 
por parte do réu, quando da resposta à demanda de dissolução parcial da sociedade; 
na maioria dos casos pode existir uma concordância com a dissolução parcial, nesse 
caso a lei processual determina que, desde logo, se dê início à segunda fase cognitiva 
do procedimento, ultrapassando rapidamente a primeira, para liquidação e 
verificação dos valores que eventualmente o sócio excluído terá para receber. 
Destacamos, no artigo 603, parágrafo primeiro, CPC, que, com o intuito de 
colocar fim à lide através de situação autocompositiva (já que todas as partes 
concordam com a retirada do sócio ou a não inclusão de seus sucessores), que não 
haverá condenação a honorários, de nenhuma das partes, e as custas processuais 
serão rateadas, levando em consideração a proporção de cada um no capital social. 
Lado outro, se as partes litigarem em razão de apresentação de contestação 
pelo réu, daí em diante o procedimento a ser seguido, será o procedimento comum, 
com o desenvolvimento da fase de saneamento e de provas, para final 
pronunciamento do magistrado. 
DA APURAÇÃO DOSHAVERES 
 
Art. 604. Para apuração dos haveres, o juiz: 
 
I - fixará a data da resolução da sociedade; 
 
II - definirá o critério de apuração dos haveres à vista do disposto no 
contrato social; e 
III - nomeará o perito. 
 
§ 1º O juiz determinará à sociedade ou aos sócios que nela permanecerem que 
depositem em juízo a parte incontroversa dos haveres devidos. 
§ 2º O depósito poderá ser, desde logo, levantando pelo ex-sócio, pelo espólio 
ou pelos sucessores. 
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§ 3º Se o contrato social estabelecer o pagamento dos haveres, será observado 
o que nele se dispôs no depósito judicial da parte incontroversa. 
Art. 605. A data da resolução da sociedade será: 
I - no caso de falecimento do sócio, a do óbito; 
II - na retirada imotivada, o sexagésimo dia seguinte ao do 
recebimento, pela sociedade, da notificação do sócio retirante; 
III - no recesso, o dia do recebimento, pela sociedade, da notificação do 
sócio dissidente; 
IV - na retirada por justa causa de sociedade por prazo determinado e 
na exclusão judicial de sócio, a do trânsito em julgado da decisão que 
dissolver a sociedade; e 
V - na exclusão extrajudicial, a data da assembleia ou da reunião de 
sócios que a tiver deliberado. 
(...) 
 
Art. 607. A data da resolução e o critério de apuração de haveres podem 
ser revistos pelo juiz, a pedido da parte, a qualquer tempo antes do início da 
perícia. 
 
Partindo da premissa de que temos, no final do procedimento, um ato 
decisório decretando a dissolução parcial da sociedade empresária, inicia a fase 
cognitiva e procedimental de apuração dos haveres do sócio excluído, iniciando, 
assim, a já mencionada segunda fase cognitiva do presente procedimento. 
Como delimitado na lei, compete ao magistrado fixar a data da resolução da 
sociedade e definir o critério de apuração dos haveres, além de nomear perito para a 
devida verificação dos haveres. 
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Para fixação da data da resolução da sociedade empresária o magistrado 
deverá observar o disposto no artigo 605 do código de processo civil. 
Permite a lei, entretanto, que a data da resolução da sociedade empresária, 
bem como o critério de apuração dos haveres, possa ser revisto pelo magistrado em 
razão de requerimento de qualquer das partes. Frisamos que esse prazo, para que as 
partes solicitem essa revisão (da data da resolução e do critério de apuração) é prazo 
preclusivo, já que deve ser formulado antes do início da perícia, iniciada a perícia 
perde a parte a oportunidade de solicitar essa revisão. 
Podem existir, entretanto, valores incontroversos. Por exemplo, o sócio 
excluído acredita que deverá receber uma determinada quantia e os demais sócios 
acreditam que ele deveria receber um valor menor do que o pretendido. Com isso 
teremos valores incontroversos e que devem ser imediatamente pagos por serem 
direito do sócio excluído. Depositados os valores incontroversos poderá, 
imediatamente, o ex-sócio, seu espólio ou sucessores, fazerem o levantamento desses 
valores. 
Art. 606. Em caso de omissão do contrato social, o juiz definirá, como 
critério de apuração de haveres, o valor patrimonial apurado em balanço de 
determinação, tomando-se por referência a data da resolução e avaliando-se 
bens e direitos do ativo, tangíveis e intangíveis, a preço de saída, além do 
passivo também a ser apurado de igual forma. 
Parágrafo único. Em todos os casos em que seja necessária a realização 
de perícia, a nomeação do perito recairá preferencialmente sobre especialista 
em avaliação de sociedades. 
(...) 
 
Art. 608. Até a data da resolução, integram o valor devido ao ex-sócio, 
ao espólio ou aos sucessores a participação nos lucros ou os juros sobre o 
capital próprio declarados pela sociedade e, se for o caso, a remuneração 
como administrador. 
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Parágrafo único. Após a data da resolução, o ex-sócio, o espólio ou os 
sucessores terão direito apenas à correção monetária dos valores apurados e 
aos juros contratuais ou legais. 
Art. 609. Uma vez apurados, os haveres do sócio retirante serão pagos 
conforme disciplinar o contrato social e, no silêncio deste, nos termos do § 2º 
do art. 1.031 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) . 
 
Para apuração dos haveres o magistrado deverá, inicialmente, se pautar por 
aquilo que o contrato social determinar. No caso de omissão do contrato social dita o 
artigo 606, CPC, como o juiz deverá proceder para a apuração dos haveres, 
determinando, caso necessária, uma perícia. Ressaltamos que o perito a ser nomeado 
deverá ser uma pessoa altamente qualificada, preferencialmente especialistas em 
avaliação de sociedades. 
Qual o motivo dessa preocupação da lei, com a correta nomeação do perito? - 
Notadamente o valor de uma sociedade empresária não se dá tão somente em razão 
dos seus ativos financeiros e bens que integram o seu patrimônio. Muitas sociedades 
empresárias possuem um nome, uma marca, que tem critérios próprios e especiais 
para uma devida e correta avaliação. 
Muitas sociedades empresárias possuem patrimônios imateriais e estes devem 
compor a devida avaliação. Me permitam: em 2019 a APLLE, como marca, foi 
avaliada pela Revista Forbes, em mais de 200 bilhões de dólares, apesar da queda nas 
vendas. Isso mostra que uma marca é, muitas vezes, maior que seu ativo de bens e 
capital. 
Link da reportagem: https://forbes.com.br/listas/2019/05/as-100-marcas- 
mais-valiosas-do-mundo-em-2019/ 
https://forbes.com.br/listas/2019/05/as-100-marcas-mais-valiosas-do-mundo-em-2019/
https://forbes.com.br/listas/2019/05/as-100-marcas-mais-valiosas-do-mundo-em-2019/
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E, por fim, uma vez apurado os haveres e esgotado o caminho recursal 
daqueles que, como partes, não concordarem com as decisões judiciais, deverão os 
valores serem devidamente pagos conforme o contrato social ou na omissão do 
contrato conforme estipulado no código civil, em razão da formação, pela decisão 
judicial, de um título executivo judicial.

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