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Reconvenção - CPC 2022

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Caderno de Resumos – Direito Processual Civil II - 2022
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Direito Processual Civil II 
Da Comunicação Dos Atos Processuais
Reconvenção
A reconvenção é modalidade de resposta e corporifica o exercício do direito de ação. Um novo direito de ação é exercido, tanto que a petição que a materializa deve cumprir os requisitos da petição inicial.
A reconvenção inaugura uma nova relação jurídica processual dentro dos mesmos autos, trazendo novos fatos e uma nova pretensão (sendo, inclusive, distribuída por dependência à ação inicial). Todavia, estes fatos trazidos são conexos aos fatos constantes na petição inicial ou na contestação.
A reconvenção não é acessória, de forma que, ainda que o demandante primitivo desista da ação originária, a reconvenção continua e será julgada.
Não impede os efeitos primários (materiais) e secundários (processuais) da revelia, mas,
excepcionalmente, será possível que a causa de pedir da reconvenção seja um fato, que se alegado na contestação, constituiria uma defesa de mérito indireta.
A reconvenção se baseia num fato impeditivo ou modificativo do direito do autor. E, nesse caso, o sujeito se vale desse fato conexo da petição inicial, a fim de promover uma cobrança na reconvenção.
Vale recordar que, caso requerida a desistência do pedido inicial, observados os requisitos formais, fica impossibilitada a posterior apresentação de reconvenção.
Distinção Entre Reconvenção, Pedido Contraposto E As Ações Dúplices
A reconvenção decorre do exercício do direito de ação. Cria então uma nova relação jurídico-processual nos mesmos autos. O reconvinte pode trazer novos fatos, desde que conexos àqueles constantes da petição inicial ou contestação.
Por sua vez, o pedido contraposto, embora seja uma forma de exercício do direito de ação, só é deduzido nas hipóteses autorizadas em lei e no próprio corpo da contestação. Também deverá ser com base nos mesmos fatos alegados pelo autor. Isto é, o pedido contraposto não autoriza a inserção ou a introdução dos novos fatos conexos à contestação ou à petição inicial. Ele se baseia nos mesmos fatos.
Também é autônomo em relação à demanda primitiva, de modo que, se for extinta a demanda originária, não impede a análise do pedido contraposto. A Lei n.º 9.099/1995 veda, de forma expressa, a reconvenção (art. 31) e permite o pedido contraposto.
Já as ações dúplices são ações em que, se o pedido for julgado improcedente, há um benefício ao réu. Em outras palavras, o demandado poderá ter o reconhecimento do seu direito a partir da improcedência do pedido formulado pelo demandante, sem exercer o direito de ação. Demandas declaratórias são essencialmente ações de caráter dúplice; se não é reconhecido o que o autor pleiteia ser declarado, é forçoso convir que há uma declaração em benefício do réu.
Processos E Procedimento Que Admitem A Reconvenção
Reconvenção é o instrumento utilizado apenas em processo de conhecimento que observa o
procedimento comum. 
A reconvenção não é cabível na execução.
Só haverá procedimento especial admitindo reconvenção quando eles possam ser convertidos em processos que obedecem ao rito comum. Ex.: na ação monitória, se o sujeito apresenta contestação, se tornará rito comum.
A Súmula 292 do STJ diz que “a reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em ordinário”. E esse é o sentido do art. 700, § 6º, do CPC.
Outro procedimento que admite reconvenção é o da ação rescisória. Isso porque se trata de
procedimento especial que admite conversão em procedimento comum.
Em suma, caberá reconvenção quando:
• Houver uma ação pendente;
• O juízo da causa principal for competente para julgar a reconvenção;
• Entre a ação principal e a reconvenção houver compatibilidade entre os procedimentos.
Procedimento Na Reconvenção
A reconvenção deve ser apresentada na mesma peça da contestação. Recomenda-se que venha num capítulo próprio da peça. É possível, todavia, que o réu apresente tão somente a reconvenção, hipótese em que será considerado revel.
Nesta petição da reconvenção deverá constar o valor da causa, por se tratar de um direito de ação, sendo o prazo para seu oferecimento de 15 (quinze) dias, que é aquele coincidente com o da contestação, devendo ser exercido no mesmo momento da peça contestatória.
Quanto à legitimidade da reconvenção, só poderá ser apresentada pelo demandado originário em face do demandante primitivo.
Em suma, a legitimidade passiva para a reconvenção é do autor da demanda originária. A
legitimidade ativa é do réu da ação originária. O CPC/2015, por sua vez, referendando o que a jurisprudência já consolidava, passou a dispor que a reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro (art. 343, § 4º), da mesma forma que poderá ser intentada contra o autor e terceiro (art. 343, § 3º).
Quando uma das partes primitivas estiver sendo substituída processualmente (substituto
processual), a reconvenção é possível? - SIM, desde que na reconvenção também seja possível a substituição processual. 
Neste caso, claramente é possível apresentar a reconvenção em substituição processual, contanto que a reconvenção revele uma pretensão contra o substituído e não contra o substituto. Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto processual (art. 343, § 5º, do CPC).
Ao analisar a peça da reconvenção, o juiz deverá apreciar se deve ser indeferida de plano ou não.
Caso indefira de plano, haverá decisão interlocutória, cabendo agravo de instrumento.
Se o juiz entender que deve ser deferida a reconvenção, o reconvindo será intimado na pessoa de seu advogado (demandante da ação originária).
Intimado o reconvindo, apresentará a sua resposta também no prazo de 15 (quinze) dias.
Existe uma discussão sobre se seria possível que o reconvindo pudesse oferecer a reconvenção da reconvenção. Há quem defenda que não, pois, se fosse autorizado, por via oblíqua, estaria admitindo uma emenda à inicial, visto que inseriria novos pedidos não incluídos na inicial. Além disso, causa enorme prejuízos à marcha processual.
Vale dizer que o CPC, quando disciplina o procedimento monitório, veda expressamente a
reconvenção da reconvenção.
Uma vez apresentada a defesa do reconvindo, o juiz determinará o prosseguimento do feito e, ao final, prolatará uma sentença para a demanda originária juntamente com a reconvenção.
Destaca-se que a extinção/desistência da ação principal não obsta o julgamento da reconvenção.
Ainda, caso tenham sido apresentadas a defesa e/ou a reconvenção, não mais será lícito ao autor desistir do pedido inicial sem o consentimento do réu. E ainda que consinta, o réu mantém o seu direito a um pronunciamento judicial sobre a reconvenção.

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