Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cetoacid�� Diabétic� Introdução Complicação mais grave do DM tipo I É raro na DM tipo 2, geralmente ocorre associado à estresse ou infecção grave Mortalidade de quase 100% se não tratada, mas com mortalidade de 5% apenas se tratada adequadamente. Achados clínicos Hiperglicemia (varia de 400-800 mg/dL) ● Decorrente do aumento na produção hepática de glicose e diminuição na utilização de glicose pelos tecidos ● A hiperglicemia tem como consequência a diurese osmótica Cetonemia ● Decorrente do aumento da lipólise e consequente produção de ácidos graxos (ácido beta-hidroxibutírico, ácido acetoacético e acetona) ● A acetona por ser mais volátil, é a responsável pelo hálito cetônico típico desses pacientes Acidose metabólica com ânion gap elevado ● Os ácidos produzidos se dissociam em cetoânions e H+, provocando acidose e aumento do anion-gap Disturbios hidroelétrolíticos ● A hiperosmolaridade plasmática estimula a saída de fluidos do espaço intra para o extracelular, juntamente com a saida de eletrólitos (potássio, cloro e fosfato) ● Esses eletrólitos são eliminados em grande quantidade na urina devido à diurese osmótica Fatores desencadeantes ● Infecção (pneumonia, ITU, gastroenterite) ● Abuso de bebida alcoólica ● Doses inadequadas de insulina ● Gestação ● Medicamentos - Glicocorticóides, inibidores da protease, tiazídicos, betabloqueadores, agentes simpaticomiméticos, antipsicóticos atípicos (olanzapina e clozapina) Sinais e Sintomas ● Poliúria ● Polidipsia ● Polifagia ● Astenia ● Perda ponderal ● Nauseas e vomitos - Gastroparesia ● Dor abdominal (principalmente em crianças) - Causado pelo atrito entre os folhetos do peritônio desidratado, distensão e estase gástrica ● Sinais de desidratação ● Taquicardia ● Respiração de Kussmaul - Resposta compensatória a acidose ● Alterações do nível de consciência - Especialmente em pacientes com niveis muito elevados de glicemia. Laboratório específico ● Leucocitose 10.000 - 25.000/mm3 com ou sem desvio a esquerda - Ocorre mesmo na ausência de infecção devido a hiperatividade do córtex adrenal com aumento de glicocorticóides ● Culturas - Devem ser colhidas com base em prováveis sítios de infecção ● Apesar da espoliação do potássio, o paciente pode apresentar-se normocalemico - já que a depleção de insulina predispõe à saída de potássio e fosfato das células, a hiperosmolaridade extrai água das células e a acidemia promove a entrada de H+ nas células em troca da saída de potássio. ● Hipercalemia ● Ureia e creatinina aumentadas devido a desidratação (azotemia pré-renal) ● Pseudo-hiponatremia - O efeito osmótico causado pela hipoglicemia dilui o sódio, por isso deve-se fazer o cálculo do sódio corrigido (cada 100 pontos de aumento de glicemia equivale a uma queda de 1,6 no sódio) ● Outros achados - Elevações discretas de amila, creatinina, transaminases, CKMB Diagnóstico Critérios diagnósticos de cetoacidose diabética - ADA Conduta Reposição Volêmica ● SF 0,9% 1000 mL na primeira hora (O ringer lactato deve ser usado com cautela pois apresenta mais potássio, apesar de ter uma menor concentração de cloro) ● Após a primeira hora deve-se dosar o sódio, se o sódio corrigido estiver normal ou elevado, a reposição deve continuar com solução salina a 0,45%, se baixo, deve-se continuar com SF a 0,9%. (velocidade de infusão 4-14 mL/kg/hora - 200 a 800 mL/hora) ● Quando a glicemia atingir 250 mg/dL, a reposição deve ser feita com solução glicosada a 5% e com NaCL a 0,45%, visando evitar o edema cerebral causada por diminuições muito abruptas da glicemia. (infusão de 150 a 250 mL/hora, visando manter a glicemia entre 150-200 mg/dL) Insulinoterapia - Não iniciar se houver hipocalemia (K<3,3). Não iniciar antes da reposição volêmica, pois a insulina estimula a entrada de glicose juntamente com água para dentro da célula, podendo espoliar o volume do paciente. ● Dose de ataque de 0,1 a 0,15 U/kg + Infusão contínua de 0,1 U/kg/hora (até a glicemia atingir valores ≤ 200-250) ● Visar uma queda de 50 a 75 mg/dL/hora da glicemia, dobrando a dose caso essa queda não ocorra (Evitar quedas acima de 100 mg/dL/hora devido a o risco de edema cerebral e hipoglicemia). ● Quando a glicemia atingir valores ≤ 200-250 deve-se diminuir a dose de insulina para 0,02-0,05 U/kg/hora e deve-se adicionar solução glicosada a hidratação. ● Critério de resolução da CAD - pH>7,3, bicarbonato>18 mEq/L e glicemia<200 mg/dL ● Quando os critérios forem alcançados, inicia-se a insulinização subcutânea conforme a glicemia capilar a cada 3-4 horas Monitorização ● Calcular o anion-gap a cada 2 horas e posteriormente a cada 4 horas ● A acidose costuma demorar o dobro do tempo para normalizar comparado com o tempo que a glicemia demora para atingir o valor de 250 mg/dL ● Pode-se usar a gasometria venosa para acompanhar o paciente (já que a gasometria arterial é muito desconfortável para ser colhida várias vezes) desde que se corrija o pH pela fórmula (pH arterial= pH venoso + 0,03) Reposição de Potássio ● Se < 3,3 mEq/l reposição com 40 mEq de potássio. ● Se ≥ 3,3 e < 5,0 mEq/l adicionar 20 a 30 mEq de potássio por soro. ● Se ≥ 5 mEq/l não administrar potássio inicialmente, mas checá-lo de 2/2h. Reposição de fósforo ● É controversa na literatura, devendo ser considerada apenas em casos de disfunção cardíaca, anemia e depressão respiratória ● 20-30 mEq/L de fosfato de potássio em velocidade não superior 3-4 mEq/L Reposição de bicarbonato ● Indicado apenas quando pH<6,9 Complicações Consequentes à doença ● Infecção ● Hipertrigliceridemia grave (TG>1000 mg/dL) ● pancreatite aguda Consequentes a terapêutica ● SDRA ● Edema cerebral ● Acidose metabólica hiperclorêmica ● Mucormicose ● Trombose vascular Referência Medcurso 2018 - Endocrinologia - Volume 3
Compartilhar