Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Penal IV Caso 1 : Once upon a time Alicia é uma jovem de 21 anos que estuda Direito na UFMA. Ela tem um irmão mais novo de 13 anos: Elois. Em um fim de semana, Elois vai para a casa do seu amigo Luis para ver o filme Harry Potter. Alicia vai buscar o seu irmão no domingo à noite, por volta das 18 horas. É Vicente, o padrastro de Luís, quem lhe abre a porta. Luis não está lá. Alicia encontra Elois prostrado, assustado, em lágrimas no sofá. Ela vai confortá-lo, mas antes que possa alcançálo, Vicente a ameaça com uma arma e a força a fazer sexo oral sob os olhos de seu irmão, Elois, a quem ele insulta. Quais crimes são cometidos e por quem? Quais são os tipos penais e quais são as penas aplicáveis? (são 2 crimes). Resposta: São praticados os crimes de Estupro no ato de forçar o sexo oral com a ameaça de uma arma e o crime de Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente em virtude da presença do Elois, ambos cometidos em concurso formal por Vicente. Os tipos penais estão previstos nos artigos 213 e 218-A do Código Penal, com penas de reclusão de 6 a 10 anos e de 2 a 4 anos, respectivamente. PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO (ART. 213 DO CÓDIGO PENAL). ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. INVIABILIDADE. MATERIALIDADE, AUTORIA E CULPABILIDADE SUFICIENTEMENTE DEMONSTRADAS EM FACE DO APELANTE. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE ESTUPRO NA FORMA TENTADA. DESCABIMENTO. DELITO DE ESTUPRO QUE RESTA CONFIGURADO COM A PRÁTICA DE ATO LIBIDINOSO MEDIANTE VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA, O QUE CONSTA TER OCORRIDO NO CASO CONCRETO. PEDIDO DE REDUÇÃO DA PENA. IMPROCEDÊNCIA. APENAMENTO APLICADO AO APELANTE QUE FOI ESTABELECIDO EM PATAMAR MÍNIMO PREVISTO EM LEI. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA QUE SE IMPÕE. RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1) Nos termos do art. 213 do Código Penal, comete o crime de estupro de vulnerável o agente constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. 2) Comprovado nos autos pelas provas orais colhidas, notadamente a palavra da vítima, que o apelante com ela praticou atos libidinosos diversos da conjunção carnal, deve ser desacolhido o pleito absolutório baseado na alegação de insuficiência de provas, já que demonstradas, em face do AVALIAÇÃO DIREITO PENAL RESOLUÇÃO DE CASOS recorrente, a materialidade, autoria e culpabilidade necessárias para a configuração do delito previsto no artigo 213 do Código Penal, razão pela qual também se desacolhe o pedido de desclassificação do fato para o crime de estupro na forma tentada. 3) Deve ser desacolhido o pedido de redução de pena constante do recurso sob exame quando a pena aplicada foi estabelecida no patamar mínimo previsto em lei, não restando nenhuma causa de diminuição de pena que justificasse qualquer redução de pena. 4) Recurso de Apelação conhecido e não provido. (ApCrim 0331182018, Rel. Desembargador(a) TYRONE JOSÉ SILVA, TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL, julgado em 13/05/2019 , DJe 27/06/2019) RECURSO ESPECIAL. PENAL. ART. 218-A DO CÓDIGO PENAL. SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE. CRIME FORMAL. INTENÇÃO DE SATISFAZER O DESEJO LASCIVO EM RAZÃO DE O ATO LIBIDINOSO SER VISUALIZADO PELO MENOR. NECESSIDADE. ELEMENTAR DO TIPO PENAL. ACÓRDÃO RECORRIDO. REVISÃO. MATÉRIA FÁTICOPROBATÓRIA. SÚMULA N.º 7 DO STJ. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, DESPROVIDO. 1. O crime tipificado no art. 218-A do Código Penal consuma-se com a prática da conjunção carnal ou de ato libidinoso diverso na presença de menor de 14 (catorze) anos, ou quando este é induzido a presenciar tais condutas, realizadas na intenção de satisfazer a lascívia do Agente ou de terceiro. É delito formal, não requerendo, para a sua consumação, que o Agente atinja o seu intento de satisfazer a lascívia própria ou alheia ou mesmo que haja o comprometimento do menor. 2. Contudo, a figura típica exige que a satisfação da lascívia seja dirigida ao menor, ou seja, é necessário que o Agente busque a satisfação de seus intentos lascivos (ou de terceiro), no fato de que a conjunção carnal ou o ato libidinoso está sendo presenciado pelo menor de 14 (catorze) anos. 3. No caso concreto, segundo o acórdão recorrido, não ficou provado que a presença da menor no local, enquanto ocorria a prática da conjunção carnal mediante violência, também teve por escopo a satisfação da lascívia do Recorrido. Para rever a conclusão, seria necessário o reexame de matéria fático-probatória, inviável em recurso especial, por força da Súmula n.º 7 do Superior Tribunal de Justiça. 4. Situação concreta em que, embora o Tribunal de origem não tenha reconhecido a prática do delito autônomo do art. 218-A do Código Penal, manteve a elevação da pena-base do crime de estupro em 2 (dois) anos acima do mínimo legal, diante de ter havido o arrombamento da residência, bem assim em razão de a prática delitiva ter ocorrido na frente de um dos filhos da vítima. 5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, desprovido. (REsp 1824457/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 18/08/2020, DJe 02/09/2020) Caso 2 : Um trabalho bizarro Renée trabalha com Josué para o Ministerio de Educação, no departamento de bolsas, chefiada por John. Renée é uma jovem de 25 anos, muito bonita e sempre muito bem vestida. John costuma fazer piadas e comentários sobre seu sex-appeal de modo que Renée se sentia cada vez mais desconfortável no trabalho, porque John demonstrava querer obter vantagem sexual em razão de sua superioridade hierárquica. Após uma reunião de negócios, Renée e Josué ficam até tarde nos escritórios. Renée vai checar um último ponto na sala de reuniões e sai, esquecendo de fechar a porta atrás dela. Josué aproveita essa falha para entrar na sala e subtrair o computador da empresa deixado na mesa de reunião. Quais crimes são cometidos e por quem? Quais são os tipos penais e quais são as penas aplicáveis? (são 2 crimes). Resposta: São praticados os crimes de Assédio Sexual por John no ato de constranger Renee com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, sendo ele chefe da mesma, previsto no Art. 216-A do CP com pena de detenção de 1 a 2 anos. E o crime de Peculato por Josué ao apropriar-se do computador da empresa, previsto no artigo 312 do CP, com pena de detenção de 2 a 12 anos e multa. Há ainda a possibilidade de enquadramento de Renée no crime de Peculato Culposo previsto no §2º do Art. 312, com pena de 3 meses a 1 ano, visto que a mesma concorreu ao deixar a porta aberta, mesmo sem a intenção de participar do ato ilícito de Josué. Penal. Processual penal. Apelação criminal. Crime de assédio sexual. Pleito absolutório. Inviabilidade. Autoria delitiva devidamente comprovada. Pedido de redução da pena. Não acolhimento. Manutenção do reconhecimento da continuidade delitiva. Pleito de isenção ao pagamento das custas. Ausência de condenação nesse sentido. Falta de interesse recursal. Apelo conhecido e improvido. 1. Emergindo dos autos, o quanto baste, provas inequívocas da materialidade e autoria do crime de assédio sexual, praticado em continuidade delitiva, capitulado no art. 216-A, c/c art. art. 71, todos do Código Penal, a resolução condenatória deve ser preservada. 2. Nos crimes sexuais, desde que coerente com as demais provas dos autos, a palavra da vítima tem grande validade como elemento de convicção, sobretudo porque, em grande parte dos casos, tais delitos são perpetrados às escondidas, sem testemunhas oculares que possam ratificar as acusações erigidas contra o criminoso, e podem não deixar vestígios. 3. Não havendo, na sentença, condenação ao pagamento das custas, falece de interesse recursal o pedido de isenção. 4. Apelo conhecido e improvido. (ApCrim 0000342020, Rel. Desembargador(a) JOSÉ LUIZ OLIVEIRA DE ALMEIDA, SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL, julgado em 23/07/2020 , DJe 04/08/2020) RECURSO ESPECIAL. PECULATO. DIREITO PENAL. CONSUMAÇÃO. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO RECORRIDAE REEXAME DE PROVAS. SÚMULAS NºS 7/STJ E 283/STF. RECURSO NÃO CONHECIDO. 1. A jurisprudência desta Corte Federal Superior é firme na compreensão de que o trancamento da ação penal por ausência de justa causa, medida de exceção que é, somente pode ter lugar, quando o seu motivo legal mostrar-se na luz da evidência, primus ictus oculi. 2. A caracterização do crime de peculato reclama o fim específico de se apropriar, definitivamente, de bem móvel de que tem a posse o funcionário público em razão de sua função. 3. "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles." (Súmula do STF, Enunciado nº 283). 4. "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial." (Súmula do STJ, Enunciado nº 7). 5. Recurso não conhecido. (REsp 830.671/SP, Rel. Ministro PAULO MEDINA, Rel. p/ Acórdão Ministro HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado em 08/03/2007, DJe 09/06/2008) EMENTA Apelação Criminal. Art. 312, § 1º, do CP. Arguição de prescrição da pretensão punitiva afastada. Preliminares. Peculato culposo. Incidência em tipo penal diverso. Não acolhimento. Oitiva de testemunhas de acusação. Ausência de defensor. Nulidade absoluta. Cerceamento de defesa. Vício insanável. Prejudicada a análise do mérito. 1.Não há que se falar em extinção da punibilidade pela prescrição, se, entre os marcos interruptivos verificados no curso processual, não se observou o lapso temporal previsto no art. 109, V, do Código Penal. 2. A alegação de que o bem subtraído era utilizado por terceiro não descaracteriza o crime previsto no art. 312, § 1º, do CP, uma vez que o tipo penal não distingue o uso do bem em proveito próprio ou alheio. 3. É nula a audiência de oitiva de testemunhas de acusação quando, ausente o advogado do réu, não lhe é nomeado defensor para o ato, sobretudo se tais depoimentos servem para lastrear a sentença condenatória. 4. Diante do evidente prejuízo à defesa do réu, acolhe-se a preliminar para decretar a nulidade do processo, a partir da audiência de instrução e julgamento. 5. Apelação conhecida. Preliminar de nulidade processual acolhida. Prejudicada a análise do mérito. (ApCrim 0204742012, Rel. Desembargador(a) JOSÉ LUIZ OLIVEIRA DE ALMEIDA, SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL, julgado em 16/05/2013 , DJe 21/05/2013) Caso 3: O Tesouro dos Índios Os índios Navaro vivem na região do Iapoque, no Amazonas, próximo a uma importante zona orífera. Esta tribo indígena vive graças ao cultivo de plantas antigas. Um dia, o apelo do ouro levou os garimpeiros a invadirem a região do Iapoque e a ocupar o território navaro. Para lutar contra a hostilidade dos índios, eles farão os homens beber até gerar dependências, obrigarão as mulheres a tomar anticoncepcionais para diminuir as chances de reprodução do Navaro e matarão os velhos sábios da tribo que tentarão alertar os mais jovens da situaçao. Para se vingar dos garimpeiros, o Navaro vai desviar os produtos químicos da empresa Zozo e ameaçar todos os moradores da região do Oiapoque. Além disso, vao sabotar o sistema bancário e as redes de atendimento do país B, depois se apoderou do sistema de controle nuclear para pressionar as autoridades. Atualmente, ela ameaça usar o vírus Cocovid para matar hereticos no país B. Quais crimes são cometidos e por quem? Quais são os tipos penais e quais são as penas aplicáveis? (são 2 crime). Resposta: São praticados os crimes de Genocídio pelos garimpeiros ao matar os velhos sábios, submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial ao fazer os homens beberem até gerar dependência e adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo com a obrigação das mulheres de tomar anticoncepcionais, previstos nas alíneas “a”, “c” e “d” do artigo 1º da Lei n.º 2.889/1956, com penas de reclusão de 12 a 30 anos, 10 a 15 anos e de 3 a 10 anos, respectivamente. E o crime de Terrorismo pelos Navaro pelo desvio de produtos químicos e ameaça aos moradores, bem como a sabotagem do sistema bancário e apoderamento de controle nuclear, previstos nos incisos I e IV do artigo 2º da Lei n.º 13.260/2016, com pena de reclusão de 12 a 30 anos, além das sanções correspondentes à ameaça ou à violência, para cada crime. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL - RECURSO ESPECIAL - CRIMINAL - CRIME DE GENOCÍDIO CONEXO COM OUTROS DELITOS - COMPETÊNCIA - JUSTIÇA FEDERAL - JUIZ SINGULAR - ETNIA - ÍNDIOS YANOMAMI - ALÍNEA "A", DO ART. 1º, DA LEI Nº 2.889/56 C/C ART. 74, PARÁG. 1º, DO CPP E ART. 5º, XXXVIII, DA CF - PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO - CONHECIMENTO - SENTENÇA MONOCRÁTICA RESTABELECIDA. 1 - Inicialmente, reconhecida extinta a punibilidade de FRANCISCO ALVES RODRIGUES, em virtude de seu falecimento, conforme certidão de óbito juntada às fls. 1.807 dos autos (art. 107, I, CP). 2 - Aos réusrecorridos é imputada a perpetração dos delitos de lavra garimpeira ilegal, contrabando ou descaminho, ocultação de cadáver, dano, formação de quadrilha ou bando, todos em conexão com genocídio e associação para o genocídio, na figura da alínea "a", do art. 1.º da Lei n.º 2.889/56, cometidos contra os índios YANOMAMI, no chamado "MASSACRE DE HAXIMÚ", que resultou na morte de 12 índios, sendo 01 homem adulto, 02 mulheres, 01 idosa cega, 03 moças e 05 crianças (entre 01 e 08 anos de idade), bem como em 03 índios feridos, entre eles, 02 crianças. 3 - Esta Corte, através de seu Órgão Especial, posicionou-se no sentido de que a violação à determinada norma legal ou dissídio sobre sua interpretação, não requer, necessariamente, que tal dispositivo tenha sido expressamente mencionado no v. acórdão do Tribunal de origem. Cuida-se do chamado prequestionamento implícito (cf. EREsp nºs 181.682/PE, 144.844/RS e 155.321/SP). Sendo a hipótese dos autos, afasta-se a aplicabilidade da Súmula 356/STF para conhecer do recurso, no tocante à suposta infringência aos arts. 74, parág. 1º, do Código de Processo Penal e 1º, "a", da Lei nº 2.889/56. 4 - Como bem asseverado pela r. sentença e pelo v. decisum colegiado, cuida-se, primeiramente, de competência federal, porquanto deflui do fato de terem sido praticados delitos penais em detrimento de bens tutelados pela União Federal, envolvendo, no caso concreto, direitos indígenas, entre eles, o direito maior à própria vida (art. 109, incisos IV e XI, da Constituição Federal). Precedente do STF (RE nº 179.485/2-AM). Logo, a esta Corte de Uniformização sobeja, apenas e tão somente, a análise do crime de genocídio e a competência para seu julgamento, em face ao art. 74, parág. 1º, do Código de Processo Penal, tido como violado. 5 - Pratica genocídio quem, intencionalmente, pretende destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, cometendo, para tanto, atos como o assassinato de membros do grupo, dano grave à sua integridade física ou mental, submissão intencional destes ou, ainda, tome medidas a impedir os nascimentos no seio do grupo, bem como promova a transferência forçada de menores do grupo para outro. Inteligência dos arts. 2º da Convenção Contra o Genocídio, ratificada pelo Decreto nº 30.822/52, c/c 1º, alínea "a", da Lei nº 2.889/56. 6 - Neste diapasão, no caso sub judice, o bem jurídico tutelado não é a vida do indivíduo considerado em si mesmo, mas sim a vida em comum do grupo de homens ou parte deste, ou seja, da comunidade de povos, mais precisamente, da etnia dos silvícolas integrantes da tribo HAXIMÚ, dos YANOMAMI, localizada em terras férteis para a lavra garimpeira. 7 - O crime de genocídio têm objetividade jurídica, tipos objetivos e subjetivos, bem como sujeito passivo, inteiramente distintos daqueles arrolados como crimes contra a vida. Assim, a idéia de submeter tal crime ao Tribunal do Júri encontra óbice no próprio ordenamento processual penal, porquanto não há em seu bojo previsão para este delito, sendo possível apenas e somente a condenação dos crimes especificamente nele previstos, não se podendo neles incluir,desta forma, qualquer crime que haja morte da vítima, ainda que causada dolosamente. Aplicação dos arts. 5º, inciso XXXVIII, da Constituição Federal c/c 74, parág. 1º, do Código de Processo Penal. 8 - Recurso conhecido e provido para, reformando o v. aresto a quo, declarar competente o Juiz Singular Federal para apreciar os delitos arrolados na denúncia, devendo o Tribunal de origem julgar as apelações que restaram, naquela oportunidade, prejudicadas, bem como o pedido de liberdade provisória formulado às fls. 1.823/1.832 destes autos. Decretada extinta a punibilidade em relação ao réu FRANCISCO ALVES RODRIGUES, nos termos do art. 107, I, do CP, em razão de seu falecimento. (REsp 222.653/RR, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, julgado em 12/09/2000, DJ 30/10/2000, p. 174) CRIME CONTRA A SEGURANÇA NACIONAL - "ALA VERMELHA" REORGANIZAÇÃO DE ORGANISMO CLANDESTINO ATENTATORIO A SEGURANÇA NACIONAL - PRATICA DE ATOS DE TERRORISMO - PRELIMINARES REJEITADAS PROVA BASTANTE A CONDENAÇÃO DOS REUS - RECURSOS CONHECIDOS AOS QUAIS, NO MÉRITO, SE NEGOU PROVIMENTO. (RC 1248, Relator(a): CUNHA PEIXOTO, Primeira Turma, julgado em 08/06/1976, DJ 24- 09-1976 PP-08290 EMENT VOL-01035-01 PP-00019 RTJ VOL-00080-02 PP-00344) Caso 4 : Um terror social Rogério é casado, mas usa sites de namoro para satisfazer suas fantasias safadas. Durante seu último encontro, ele criou um personagem ideal para seduzir uma jovem a fazer sexo que ela diria que foi forçada a fazer. Destruída por este evento, ela tentará fugir do país B fingindo ser sua irmã gêmea, que faz parte da elite social no pais B. Ela então tentará cruzar a fronteira para o país A para começar uma nova vida usando os privilégios da sua irmã. Quais crimes são cometidos e por quem? Quais são os tipos penais e quais são as penas aplicáveis? (são 2 crimes). Resposta: São praticados os crimes de Violência Sexual mediante fraude por Rogério ao inventar um personagem para seduzir a jovem e fazer sexo com ela, previsto no art. 215 do CP, com pena de reclusão de 2 a 6 anos. E o crime de Falsa Identidade praticado pela mulher ao se fazer passar pela irmã, previsto no artigo 308 do Código Penal, com pena de detenção de 4 meses a 2 anos e multa. HABEAS CORPUS. VIOLÊNCIA SEXUAL MEDIANTE FRAUDE. ART. 215 DO CÓDIGO PENAL. PRISÃO PREVENTIVA. PRESENTES FUNDAMENTOS PARA A MANUTENÇÃO DA PRISÃO. Paciente preso preventivamente em decisão devidamente fundamentada, pela prática, em tese, de delitos de violência sexual mediante fraude. Na espécie, presentes prova da materialidade e indícios suficientes da autoria do paciente em delitos graves de abuso sexual contra as vítimas, utilizando-se da fragilidade emocional dessas, mediante fraude, para, em suposta terapia, praticar e reiterar a conduta criminosa, em circunstâncias que demonstram a maior audácia e periculosidade social do agente e que, em liberdade, reiterará as mesmas práticas, impondo-se, para a garantia da ordem pública, a prisão preventiva. Embora primário, nas circunstâncias dos crimes, justificada a manutenção da prisão preventiva, também, por conveniência da instrução criminal, garantindo condições às vítimas para depor, sem temor, em juízo, evitando constrangimento às mesmas, pelo que, também por isso, inviável a substituição por medidas cautelares diversas. Ademais, a prisão preventiva não implica em ofensa ao princípio constitucional da presunção de inocência, pois tem natureza cautelar e é recepcionada pela Constituição Federal (artigo 5º, inciso LXI), tampouco configurando antecipação de pena. No tocante ao pedido de soltura ou de prisão domiciliar, fundamentado na exposição do preso à COVID-19, não se vislumbra a presença dos elementos para ensejar a flexibilização da prisão preventiva, conforme a Recomendação 62/2020 do CNJ. Não há, nos autos, nada que indique estar o preso acometido de doença grave e/ou com patologia que lhe impeça de permanecer no cárcere ? ou que traga uma situação de maior risco de contaminação pela COVID-19 -, sendo consabido que a prova da alegação incumbe a quem a fizer (art. 156 do CPP). Inexistente constrangimento ilegal. ORDEM DENEGADA. (TJ-RS - HC: 70084375666 RS, Relator: José Ricardo Coutinho Silva, Data de Julgamento: 13/08/2020, Sexta Câmara Criminal, Data de Publicação: 24/08/2020) Caso 5 : Los pollos hermanos Harold é um empresário holandês. Ele dirige a los pollos hermanos, uma empresa de fast food com várias redes no Brasil. Mas Harold também é um grande traficante de drogas sintéticas. Algumas de suas lojas também servem como "diversão". Além disso, graças à sua rede, garante as suas transações bancárias desde a Holanda, utilizando determinados agentes bancários para efetuar as transações. Jenna, um dos agentes de negócios sujos de Harold, decide que ela também tem o direito de melhorar suas condições de vida. Obterá o material necessário para a fabricação das cédulas brasileiras e argentinas que também utilizará e colocará em circulação nos dois países. Que crime é cometido aqui? Que pena ta aplicavel ? ( sao 2 crimes). Resposta: Harold pratica vários crimes, entre eles: Lavagem de Dinheiro ao efetuar transações financeiras desde a Holanda com o dinheiro de infração penal, previsto no Art. 1º da Lei n.º 9.613/1998, com pena de reclusão de 3 a 10 anos e multa; Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual, favorecer a “diversão” em suas lojas, previsto no artigo 228 do CP, com pena de reclusão de 2 a 5 anos e multa; e o crime de Tráfico de Drogas previsto no artigo 33 da Lei n.º 11.343/2006, com pena de reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Jenna comete o crime de Moeda Falsa, ao fabricar e colocar em circulação cédulas falsas, previsto no artigo 289 caput do Código Penal, com pena de reclusão de 3 a 10 anos e multa. PROCESSUAL PENAL. AGRAVOS REGIMENTAIS. PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. DECISÃO MONOCRÁTICA QUE, ACOLHENDO REPRESENTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, DECRETA PRISÕES PREVENTIVAS. MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA. PERIGO GERADO PELO ESTADO DE LIBERDADE DO IMPUTADO. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA, CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL E NECESSIDADE DE ASSEGURAR-SE A APLICAÇÃO DA LEI PENAL. CONTEMPORANEIDADE. REQUISITOS PRESENTES. INADEQUAÇÃO E INSUFICIÊNCIA DAS MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS DIVERSAS DA PRISÃO. MANUTENÇÃO DAS PRISÕES PREVENTIVAS. RECURSOS CONHECIDOS, MAS NÃO PROVIDOS. PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA REJEITADO. 1. Nos moldes dos arts. 282, § 6º, e 312, "caput" e §§ 1º e 2º, do Código de Processo Penal, a prisão preventiva só é cabível em último caso, quando presentes a materialidade e os indícios suficientes de autoria, bem ainda o perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado, em situação de vulneração à ordem pública, à ordem econômica, para conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, ou ainda quando houver descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares, e desde que a decisão que as fundamente seja motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada, observando-se, ainda, o disposto no art. 313 do Código de Processo Penal. 2. Mantém-se a decisão monocrática que, acolhendo representação do Ministério Público Federal, decreta prisões preventivas no curso de investigação que busca apurar a prática de crimes corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de capitais, dentre outros, previstos, respectivamente, nos arts. 333 e 317 do Código Penal, art. 2º da Lei n. 12.850/2013 e art. 1º da Lei n. 9.613/1998, quando constatada a insuficiência e a inadequação de medidas cautelares pessoais diversas da prisão e presentes os pressupostos e requisitos acima mencionados, nos moldes dos arts. 282, § 6º, 312 e 313 do Código de Processo Penal. 3. Agravos regimentais não providos e pedido de revogação da prisão preventiva rejeitado. (AgRg na CauInomCrim 35/DF,Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/11/2020, DJe 04/12/2020) APELAÇÃO CRIMINAL. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO (ART. 228, §1º, §2º e § 3º DO CÓDIGO PENAL). AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. Não se vislumbra a possibilidade de absolvição do réu, quando devidamente comprovadas a autoria e a materialidade do delito, não havendo que se falar em declarações inconsistentes, fracas e confusas. 2. Recurso não provido. (ApCrim 0457352016, Rel. Desembargador(a) JOÃO SANTANA SOUSA, PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL, julgado em 30/10/2018 , DJe 08/11/2018) AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA O TIPO DO ART. 28 DA LEI N. 11.343/2006. INVIABILIDADE. REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO INCABÍVEL NA ESTREITA DO WRIT. MERCANCIA. PRESCINDIBILIDADE. TIPO MISTO ALTERNATIVO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O habeas corpus não é a via adequada para apreciar o pedido de desclassificação do delito, tendo em vista que, para se desconstituir a conclusão obtida pelas instâncias locais sobre a condenação do paciente pelo crime de tráfico de drogas, mostra-se necessário o reexame aprofundado dos fatos e das provas constantes dos autos, procedimento vedado pelos estreitos limites do remédio heróico, caracterizado pelo rito célere e por não admitir dilação probatória. 2. O crime de tráfico de drogas é tipo misto alternativo, restando consumado quando o agente pratica um dos vários verbos nucleares inserido no artigo 33, caput, da Lei n. 11.343/2006, sendo a venda prescindível ao seu reconhecimento. 3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no HC 618.667/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 24/11/2020, DJe 27/11/2020) AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIME DE MOEDA FALSA. DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. ELEVADO NÚMERO DE CÉDULAS FALSAS. 197 (CENTO E NOVENTA E SETE) CÉDULAS DE R$ 100,00 (CEM REAIS). AVALIAÇÃO NEGATIVA. POSSIBILIDADE. QUANTUM DE AUMENTO EM 8 (OITO) MESES ACIMA DO MÍNIMO (6 A 12 ANOS). ALEGADA DESPROPORCIONALIDADE. INEXISTÊNCIA. CRITÉRIO MATEMÁTICO. INAPLICABILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A Corte federal de origem não dissentiu da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, orientada no sentido de que "[...] a grande quantidade de cédulas falsas apreendidas deve ser considerada como demonstrativa de maior reprovabilidade da conduta, apta a ensejar a majoração da pena-base, em razão da finalidade na norma legal, que busca proteção da fé pública" (AgRg no AREsp 1.083.941/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 24/10/2017, DJe 30/10/2017, grifei). 2. No caso, conforme consignado pelas instâncias ordinárias, foi apreendido um total 197 (cento e noventa e sete) notas falsas de R$100,00 (cem reais) (fl. 2.190), circunstância concreta que, nos termos da orientação jurisprudencial deste Tribunal Superior, demonstra a maior reprovabilidade da conduta e autoriza a majoração da pena-base. 3. No mais, o aumento da pena-base não está adstrito a critérios matemáticos e considerando-se o intervalo entre as penas mínima e máxima abstratamente cominadas ao delito de moeda falsa (3 a 12 anos de reclusão), não se verifica desproporcionalidade na exasperação da pena-base em 8 (oito) meses acima do mínimo legal. 4. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1864511/SC, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 03/11/2020, DJe 19/11/2020)
Compartilhar