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DISCIPLINA: SISTEMÁTICA E BIOLOGIA DE MICRO-ORGANISMOS AULA: ESTUDO DA DIVERSIDADE DIVERSIDADE MICROBIANA. Prof. Dr. Ilio Fealho de Carvalho SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Diversidade Microbiana Definição: A diversidade biológica, ou biodiversidade, refere-se à variedade de vida no planeta Terra. Inclui: a variedade genética dentro das populações e espécies; a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formadas pelos organismos ; Existem: três níveis de diversidade: a genética, a de espécies e a de ecossistemas. A biodiversidade refere-se tanto ao número (riqueza) de diferentes categorias biológicas quanto à abundância relativa (constância) dessas categorias. Esta inclui: a variabilidade ao nível local (alfa diversidade), a complementaridade biológica entre habitats (beta diversidade) e a variabilidade entre paisagens (gama diversidade). Diversidade Microbiana Análise ecológica de um habitat natural Tem o objetivo: determinar quais e quantos micro-organismos estão presentes; Requer: a identificação, A classificação e a enumeração desses seres. A identificação de suas atividades individuais: requer o conhecimento das fontes de carbono e energia, produtos metabólicos, habitats de crescimento e reprodução dos organismos. As atividades são conduzidas de modo a obter uma medida quantitativa do complexo inteiro, assim como seus componentes individuais. Coleta Antes de realizar a coleta: Deve-se determinar o local e as condições de coleta, Assim como o substrato para isolamento dos micro-organismos A melhor metodologia a ser utilizada (métodos dependentes de cultivo ou independentes de cultivo). Deve-se também verificar o “n” amostral necessário para estudos de diversidade com micro-organismos. Caso possível, os micro-organismos de- vem ser depositados em Coleções de Culturas e identificados. Métodos utilizados na ecologia microbiana: Análises dependentes de cultivo: 1- Enriquecimento e isolamento em cultura pura 2- Análise de características fenotípicas Análises independentes de cultivo (molecular) 1- Viabilidade e quantificação - técnicas de coloração 2- Corantes genéticos 3- PCR - associação de genes específicos a micro-organismos específicos. Medida das atividades microbianas 1- Respiração, 2- ATP, 3- produção de calor, 4- atividade enzimática; e outros. Figura 1. O esquema evidencia os métodos utilizados no estudo da diversidade microbiana de um habitat. Taxonomia A taxonomia é a área da microbiologia que estuda a classificação (agrupamento em taxa), a nomenclatura (espécie, gênero ou família) e a identificação dos organismos. Características usadas na classificação 1- Fenotípicas: inclui características: morfológicas, estruturais e metabólicas. http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000000092/ 0000000978.jpg Genotípicas: tem o objetivo de determinar o grau de parentesco entre as moléculas de DNA das amostras em classificação. Características usadas na classificação Taxonomia polifásica A taxonomia bacteriana clássica tradicionalmente empregava análises fenotípicas como base para classificação. A filogenia de procariotos apenas emergiu após análises genotípicas. A taxonomia atual não é mais baseada somente em critérios fisiológicos, mas sim em uma combinação de critérios fenotípicos e genotípicos. Taxonomia filogenética Algumas macromoléculas celulares correspondem a cronômetros evolutivos, como por exemplo o RNA ribossomal, cuja sequência molecular pode ser empregada como medida comparativa da divergência evolutiva. A distância evolutiva entre dois organismos pode ser medida: pelas diferenças encontradas nas sequências de nucleotídeos ou aminoácidos dos monômeros de macromoléculas homólogas deles isoladas. O número de diferenças encontradas na sequência de uma molécula é proporcional ao número de mutações estáveis, fixadas no DNA de um micro-organismo. Estudos filogenéticos requerem a seleção de moléculas corretas para sequenciamento. Taxonomia filogenética Características do cronômetro evolutivo Regiões 16S e 23S rRNA: Os RNA ribossomais são moléculas com sequências conservadas ao longo de gerações. Possuem tamanho ideal em relação a confiabilidade e custo (cerca de 1500 pb) e o grau de similaridade entre as sequências de rRNA de dois organismos indica sua relação evolutiva relativa. Requer análises comparativas das sequências por meio de análises computacionais de sequências alinhadas e construção de árvores filogenéticas (fig. 2) com indicação do posicionamento evolutivo mais provável dos organismos, uns em relação aos outros. Figura 2. Árvore filogenética universal, determinada pelo seqüenciamento comparativo de rRNA. Métodos fenotípicos Caracteriza-se os produtos da expressão gênica para a diferenciação das cepas. Em decorrência de envolverem a expressão do gene, estas propriedades podem variar devido alterações das condições de crescimento e mutações espontâneas. A utilização de métodos fenotípicos possui algumas desvantagens: Os procedimentos podem ser longos e ambíguos e os resultados podem ser afetados pelas condições do meio. Problemas técnicos que dificultam a interpretação dos resultados (pouco crescimento; presença de substâncias instáveis nos meios de cultura, etc.) podem acontecer. Culturas mistas também não permitem a diferenciação de espécies e a quantidade de micro-organismos pode ser subestimada (100 a 1000 vezes menor quando comparado à preparação microscópica). Técnica de enriquecimento Na natureza os organismos estão dispostos em comunidades. Os ecologistas microbianos tiveram que desenvolver métodos e procedimentos para isolar e cultivar os micro-organismos de seu interesse. Para uma cultura de enriquecimento são escolhidos um meio e um conjunto de condições de incubação que sejam seletivos para o micro-organismo desejado. As culturas de enriquecimento reproduzem da maneira mais fiel possível os recursos e condições de um nicho particular. Numa cultura de enriquecimento típica, o organismo mais adaptado ao conjunto de condições selecionadas torna-se dominante. Entretanto, o micro-organismo selecionado em cultura pode ser um componente de menor importância no ecossistema. Quando uma diluição seriada é utilizada antes do enriquecimento um micro- organismo diferente é selecionado. Acredita-se que a diluição elimina a presença de espécies “indesejadas”, dando oportunidade ao desenvolvimento de outros membros da comunidade microbiana. Essa técnica tem sido bastante utilizada. Técnica de enriquecimento Exemplo de cultura de enriquecimento: é a coluna de Winogradsky, utilizada para o isolamento de bactérias púrpuras ou verdes fototróficas, redutoras de sulfato e outros organismos anaeróbicos. Corresponde a uma miniatura de um ecossistema anóxico e pode ser utilizada como uma fonte duradoura de bactérias. É uma coluna preenchida por lodo e recoberta com água, que imita um lago, onde várias bactérias se desenvolvem durante vários meses. O lodo é suplementado com carbonato de cálcio e sulfato de cálcio, que atuam como tampões. As colunas são utilizadas no enriquecimento de vários procariotos, tanto aeróbios Técnica de enriquecimento Figura 3. Diluição seriada do substrato do qual se deseja isolar o microrganismo. Acredita-se que a diluição dê oportunidadeao desenvolvimento de outros membros da comunidade microbiana. Após a diluição a cultura é inoculada em um meio de enriquecimento. Isolamento em cultura pura Semeadura por esgotamento A semeadura por esgotamento é uma técnica rápida e simples. Consiste em semeaduras repetidas de uma colônia isolada a partir da coleta até a obtenção de uma cultura pura. Figura 4. Semeadura por esgotamento. Uma colônia isolada deve ser inoculada em um meio de cultura e, a partir dela, devem ser realizadas estrias por toda a placa. O processo deve ser repetido até que uma cultura pura seja obtida Proteínas e anticorpos fluorescentes como marcadores celular A utilização de anticorpos fluorescentes permite a identificação e rastreamento de um micro-organismo específico em um ambiente complexo. Esse tipo de estudo é mais adequado para micro-organismos de importância clínica. A utilização de proteínas com um marcador celular fluorescente verde torna possível realizar o rastreamento de células introduzidas em um ambiente. Isso é possível quando um gene codificador de uma proteína fluorescente verde (GFV) é inserido numa bactéria, que fica verde quando o gene é expresso, quando observada em um microscópio de luz ultravioleta. Essas células marcadas podem ser introduzidas em um ambiente e acompanhadas com a microscopia, possibilitando o estudo in situ dos micro- organismos. Na microscopia, células muito pequenas podem não ser percebidas . Além disso, há uma grande dificuldade em diferenciar células vivas de células mortas e de materiais inanimados; A morfologia não permite avaliar a diversidade genética. Limitações da microscopia Métodos genotípicos Identifica-se por meio do genoma, ao contrário dos métodos biológicos e imunológicos, que são fenotípicos e detectam os produtos codificados pelo genoma. Ácidos nucléicos são universais em biologia celular, e a sequência de bases de nucleotídeos das moléculas não são influenciadas pelas condições de cultivo. A análise dos ácidos nucléicos é a base dos métodos de identificação por meio de técnicas de biologia molecular, e possuem a vantagem da reprodutibilidade. Os métodos genotípicos são mais promissores para uma rápida e acurada identificação. Como isolar e identificar fungos endofíticos Coleta e isolamento O isolamento dos fungos endofíticos ocorre a partir do interior de tecidos e órgãos sadios,. Deve ser feita também uma desinfecção da superfície do fragmento da planta para eliminar os epifíticos. O local da coleta, o N amostral, número de indivíduos e a parte da planta a ser coletada devem ser cuidadosamente planejados. Cuidados para a correta identificação da espécie vegetal a ser coletada e da localização precisa desta também devem ser tomados. Os dados do GPS (localização) e da época(s) de coleta (estação seca, chuvosa) devem ser anotados. . Fig. 3 – Hifas de fungos emergindo das partes internas de um pecíolo de Anibia roseadora Ducke Fonte :Tiago. Lab Microb. Como isolar e identificar fungos endofíticos Folhas, caules e raízes devem ser limpos superficialmente com detergente neutro, água e enxaguados com água destilada em abundância. Os fragmentos devem ser mergulhados em álcool a 70% por 1 minuto, depois em hipoclorito de sódio 2% por 3 minutos e, finalmente, em água destilada por 2 minutos. Em seguida os fragmentos devem ser transferidos para placas de Petri contendo meio ágar batata (BDA) suplementado com o antibiótico cloranfenicol. As placas devem ser incubação a 28º C, por até 60 dias e os isolados transferidos para placas com meio BDA para purificação Como isolar e identificar fungos endofíticos 1 - Metodologia clássica a) Leveduras: para a identificação das espécies de leveduras isoladas é testada a capacidade de crescimento (assimilação) em meios com diferentes fontes de carbono e nitrogênio (“réplicas”), Yarrow (1998). Chaves taxonômicas, Kurtzman & Fell (1998) são utilizadas. b) Fungos filamentosos: para a identificação dos fungos filamentosos é feito um microcultivo para observação de estruturas reprodutivas e características morfológicas. Chaves taxonômicas também são utilizadas. Para o microcultivo é necessário utilizar meios adequados que favoreçam a esporulação. Identificação de fungos endofíticos Identificação de fungos endofíticos Figura 6. Exemplo de teste de assimilação de diferentes fontes de carbono e nitrogênio utilizada na identificação das leveduras. Figura 7. Microcultivo – técnica utilizada na identificação dos fungos filamentosos. Um isolado de cada fungo com morfotipo distinto é selecionado e submetido ao sequenciamento das regiões ITS1-5.8S-ITS2 do rDNA. A região transcrita interna (ITS) é uma região não codificadora, que, portanto, sofre menos pressão seletiva, e tem sido muito utilizada para fins de filogenia por ser conservada entre espécies e com baixas variações dentro de um mesmo gênero. Seu sequenciamento é indicado para diferenciar espécies. Os iniciadores (primers) comumente utilizados são o ITS1 (TCCGTAGGTGAACCTGCGG) e o ITS4 (TCCTCCGCTTATTGATATGC). . Técnicas de Biologia Molecular Leveduras com perfis fisiológicos e bioquímicos idênticos podem ser agrupadas e, posteriormente, um exemplar de cada grupo é submetido ao sequenciamento da região D1/D2 da subunidade maior do DNA ribossomal Os iniciadores normalmente utilizados no PCR são o NL-1 - 5’- GCATATCAATAAGCGGAGGAAAAG-3’ e o NL-4 - 5’-GGTCCGTGTTTCAAGACGG- 3’. Geralmente é observada uma maior diversidade em ambientes tropicais e não impactados. Técnicas de Biologia Molecular
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