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Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP ADAPTAÇÃO METABÓLICAS AO JEJUM No caso do jejum, há baixa secreção de insulina1 pela baixa concentração de glicose no sangue (hipoglicemia)2. 1 semelhante na diabetes mellitus tipo 1 e no jejum. 2 hipoglicemia apenas no jejum, no DM1 há hiperglicemia. ESTADOS METABÓLICOS ● Estado absortivo: 2 a 4 horas após refeição ● Estado pós absortivo: 4 a 12h após refeição ● Estado de jejum: Inicial: 12-18h; Prolongado: 2-10 dias; Inanição: > 10 dias sem ingestão calórica ESTADO ALIMENTADO PÓS-PRANDIAL IMEDIATO ● 2 a 4 horas após uma refeição normal. ● Transitório ↑ plasmático de glicose, aminoácidos e TAG (quilomícrons). ● O pâncreas aumenta a secreção de insulina e reduz a secreção de glucagon. ↑↑ razão INS/GLUC + disponibilidade de substratos Período anabólico e anticatabólico ↑ síntese de TAG, glicogênio, proteínas e inibição de lipólise, glicogenólise e proteólise. Estado em que há ingestão calórica (proteínas, polissacarídeos e gorduras), com absorção e digestão dos nutrientes, resultando em nutrientes chegando aos tecidos e células. O sangue contendo esses nutrientes chega ao pâncreas, havendo estímulo (presença de secretagogos) para liberação da insulina, que, resumidamente, age da seguinte maneira: Fígado: - ↑ glicogênese (síntese de glicogênio) - ↑ fluxo glicolítico - ↑ lipogênese (VLDL) - - ↓ glicogenólise - ↓ neoglicogênese - ↓ lipólise - ↓ cetogênese Tecido adiposo: - ↑ lipogênese - ↑ formação de glicerol-3-P (p/ lipogên.) - ↑ gliceroneogênese - ↓ lipólise - ↓ neoglicogênese Músculo esquelético: - ↑ glicogênese - ↑ captação de aminoácidos - ↑ proteogênese - ↑ glicogênese - ↓ glicogenólise - ↓ proteólise - ↓ glicogenólise 1 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP JEJUM Ausência de alimentos da dieta. ● ↓ níveis plasmáticos de glicose, aminoácidos, TAG e outros nutrientes. ● O pâncreas reduz a secreção de insulina e aumenta a secreção de glucagon. ↓ razão INS/GLUC + decréscimo de substratos para anabolismo Período catabólico, com ação de hormônios contrarreguladores (glucagon, cortisol, catecolaminas e hormônio do crescimento). Degradação de estoques de glicogênio e lipídeos, proteólise, mobilização de AG do TAG, síntese e liberação de corpos cetônicos pelo fígado. 2 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP GLICOSE Em jejum há baixo nível de glicose, mas permanece em um nível basal. ↑ PRODUÇÃO HEPÁTICA DE GLICOSE ● ↑ GLICOGENÓLISE→ Glicogênio fosforilase ativa (fosforilada) → 1° via a ser ativada no jejum ↓ Glicogênese → Glicogênio sintase inativa (fosforilada por PKA) Remoção de uma glicose da extremidade não redutora do glicogênio pela ação da glicogênio fosforilase, resultando em uma molécula de glicose-1-fosfato e glicogênio (N resíduos -1). A ação da enzima fosfoglicomutase transforma G1P em G6P. No fígado, a glicose-6-fosfato pode ser transformada em glicose novamente pela ação da glicose-6-fosfatase, havendo a liberação da glicose na corrente sanguínea. 3 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP A enzima desramificadora atua quando há apenas 3 glicoses em uma ramificação, apresentando atividade de transferase (transfere as 3 glicoses para a cadeia linear) e glicosidase (libera a glicose que iniciava a ramificação). O músculo consegue converter o seu glicogênio até G6P, porém não tem a enzima glicose-6-fosfatase, não liberando a glicose. A partir da G6P pode gerar lactato, que chega ao fígado e serve de substrato para a neoglicogênese. ● ↑ NEOGLICOGÊNESE ↓ Glicólise A neoglicogênese exige condições, como: - Falta da insulina - Aporte hormonal → glucagon, cortisol, catecolaminas, GH 4 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP - Afluxo de substrato → glicerol (da lipólise), lactato (da degradação de glicogênio muscular e fermentação de G6P) e aminoácidos (da proteólise). Enzimas neoglicogenéticas: Piruvato Carboxilase (PC): Piruvato → Oxaloacetato Fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK): Oxaloacetato → Fosfoenolpiruvato Frutose-1,6-difosfatase: Frutose-1,6-bifosfato → Frutose-6-fosfato Glicose-6-fosfatase: Glicose-6-fosfato → Glicose Ex.: Glucagon O glucagon age no seu receptor GPCR Gαs, a subunidade α da proteína G se dissocia e ativa adenil ciclase, que converte ATP em cAMP, esse atua ativando PKA, que fosforila o fator de transcrição CREB, induzindo a região promotora CRE e, assim, aumentando a expressão gênica das enzimas neoglicogênicas. Glucagon → ativa AC → ↑ cAMP → ativa PKA → p-CREB → ativa promotor CRE → ↑ exp enzimas neoglicogênicas Obs.: A glicogenólise e a neoglicogênese ocorrem simultaneamente, apesar da glicogenólise ser ativada primeiramente. 5 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP Com o prolongamento do jejum o rim começa a produzir glicose, por meio da NEOGLICOGÊNESE RENAL ● PEPCK presente no córtex renal ● Uso de glutamina como substrato → papel importante na homeostase glicídica LIPÍDEOS ↑ LIPÓLISE ↓ Lipogênese - Falta da insulina - Aporte hormonal: glucagon, GH e catecolaminas obs.: o cortisol tem ação citoespecífica→ estimula lipogênese no TA visceral e a lipólise no TA subcutâneo. Enzimas lipolíticas: ATGL: TAG → AG + DAG Lipase hormônio sensível (LHS): DAG → AG + MAG Lipase de monoacilglicerol (LMS): MAG → AG + Glicerol 6 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP Com a lipólise há um aumento nos ácidos graxos livres no plasma e uma redução no uso de glicose muscular (usa AG para deixar glicose para os tecidos dependentes) Ácidos graxos e corpos cetônicos se convertem até acetil-CoA e entram no ciclo de Krebs, aumentando a [citrato], que atua inibindo a PKF-1, havendo acúmulo de frutose-6P, que inibe a hexoquinase e pode ser convertida em G6P (por uma isomerase), diminuindo a captação da glicose → diminuição do uso de glicose pelo músculo - Ciclo de Randle. O AG é usado por tecidos como músculo e fígado. Além do ↑AGL, há ↑ glicerol, que servirá de substrato para a neoglicogênese. ↑CETOGÊNESE Os AGs provenientes da lipólise dos tecidos periféricos chegam até o fígado, tecido em que ocorre a cetogênese. O AG se liga a carnitina e é transportado para dentro da mitocôndria pela carnitina aciltransferase I (CAT I), que está ativa pelo meio ter ↓ níveis de malonil-CoA (↓ insulina; com insulina há ↑ malonil-CoA, formado na lipogênese)⇒ ↑ transporte de AG para mitocôndria, ocorrendo β-oxidação e formação de acetil-CoA. Nem todo o acetil-CoA é usado no ciclo de Krebs, pois nessas situações há uma limitação por parte de oxaloacetato, que está desviado para a neoglicogênese. Assim, há a junção de 2 em 2 moléculas de acetil-CoA, com formação dos corpos cetônicos. CC = acetoacetato, acetona, e β-hidroxibutirato ● Fonte de energia para rim, músculo cardíaco, músculo esquelético e cérebro → tecidos periféricos com enzimas que degradam CC até acetil-CoA, que podem entrar no CK e dar ATP. 7 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP PROTEÍNAS PROTEÓLISE MUSCULAR Degradação da proteína muscular para o fornecimento de aminoácidos como substrato para neoglicogênese. - Falta de insulina - Ação do cortisol (catecolaminas e GH têm efeito protetivo - proteogênese) Os aminoácidos exportados para a circulação sanguínea chegam ao fígado, precisando ser desaminados. ● “N” vai para o Ciclo da Uréia para ser excretado - ↑ Excreção ureia ● Esqueleto carbonado segue para a neoglicogênese - ↑ glicose Aminoácidos → Fígado → Neoglicogênese Em estado de jejum há a ação dos atrogenes (foxo desfosforilado → ↑ degradação protéica via ubiquitina-proteossoma) → ↑ aminoácidos livres chegando ao fígado → ↑ neoglicogênese Com jejum muito prolongado a proteólise muscular reduz a velocidade, ↓ excreção de uréia e ↓ neoglicogênese hepática. 8 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP MÚSCULO EM JEJUM CURTO - ↑↑ proteólise muscular (fornece aa para neoglicogênese) - ↑ excreção uréia (N do aa vai para ciclo ureia) - ↑ neoglicogênese MÚSCULO EM JEJUM PROLONGADO - ↑ consumo AGL e CC - consome menos glicose (ciclo de Randle) - ↓ proteólise (↓ velocidade de fornecimento de aa para o fígado) - ↓ excreção deureia (↓ciclo ureia) - ↓ neoglicogênese hepática 5 FASES DA HOMEOSTASE DA GLICOSE EM HUMANOS FASE ORIGEM DA GLICOSE DO SANGUE TECIDOS QUE USAM GLICOSE PRINCIPAL COMBUSTÍVEL P/ CÉREBRO I Exógena Todos Glicose II Glicogenólise Neoglicogênese hepática Todos, menos fígado Músculo e tecido adiposo com taxas reduzidas Glicose 9 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP III Neoglicogênese hepática Glicogenólise Todos, menos fígado Músculo e tecido adiposo com taxas reduzidas entre fase II e IV Glicose IV Neoglicogênese hepática e renal Cérebro e medula renal Pouca quantidade para músculo Glicose e corpos cetônicos V Neoglicogênese hepática e renal Cérebro (↓ taxas) e medula renal Corpos cetônicos e glicose 10 Nicole Siqueira de Arruda CB USP FMRP RESUMO DO METABOLISMO EM DIFERENTES CONDIÇÕES MÚSCULO ESQUELÉTICO TECIDO ADIPOSO CÉREBRO FÍGADO Estado alimentado (↑glicose no sangue) Glicólise Proteogênese Glicogênese Glicólise Lipogênese Glicólise Glicólise Glicogênese Lipogênese (VLDL) Proteogênese Jejum curto (↓ glicose no sangue) Proteólise Glicogenólise* Oxidação AG Lipólise Glicólise Glicogenólise Neoglicogênese β-oxidação AG Cetogênese Jejum prolongado (inanição) ↓Proteólise Oxidação CC Lipólise Glicólise Oxidação CC Neoglicogênese β-oxidação AG Cetogênese *G6P→ piruvato = acetil-CoA ou Lactato A oxidação dos ácidos graxos forma acetil-CoA que pode entrar no ciclo de Krebs e gerar ATP (energia) para o tecido. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Aires, Margarida de M. Fisiologia, 5ª edição. Grupo GEN, 2018. [Minha Biblioteca]. 11
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