Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 ANA CAROLINA TEIXEIRA BASTOS – MEDICINA – 2021.1 FARMACOLOGIA: ANTIEMÉTICOS TERAPIA NÃO FARMACOLÓGICA No serviço de emergência, a primeira decisão a ser tomada nesses pacientes é a necessidade ou não, de reposição volêmica intravenosa. A alteração de turgor da pele e a alteração ortostática de pressão arterial indicam perda de mais de 10% da volemia e são indicativas de reposição endovenosa, preferencialmente com solução fisiológica a 0,9%. PRINCÍPIOS GERAIS O tratamento dos vômitos visa à correção de anormalidades clínicas ou cirurgicamente remediáveis, quando possível. A hospitalização deve ser considerada nos casos de desidratação grave, especialmente se a reposição com líquidos orais não puder ser mantida. Uma vez que a ingestão oral seja tolerada, os alimentos devem ser reiniciados com líquidos pobres em gorduras, pois os lipídios retardam o esvaziamento gástrico. FÁRMACOS ANTIEMÉTICOS s antieméticos incluem: • antagonistas dos receptores H1 (p. ex., cinarizina) • antagonistas muscarínicos (p. ex., hioscina) • antagonistas dos receptores 5- HT3 (p. ex., ondansetrona) • antagonistas dos receptores D2 (p. ex., metoclopramida) • canabinoides (p. ex., nabilona) • antagonistas da neurocinina-1 (p. ex., aprepitanto, fusaprepitanto). Os agentes antieméticos mais comumente usados atuam em regiões do sistema nervoso central Fármacos procinéticos são capazes de estimular seletivamente a função motora do intestino, apresentando significativa utilidade clínica. Por exemplo, fármacos que aumentam a pressão do esfíncter esofágico inferior Os agentes procinéticos são fármacos que estimulam a motilidade do TGI de modo coordenado, favorecendo o trânsito do bolo alimentar. Embora a acetilcolina (ACh) liberada pelos neurônios motores primários do plexo mioentérico seja o mediador imediato principal da contratilidade muscular ANTAGONISTAS DOPAMINÉRGICOS (PROCINETICOS) Em nosso meio, a medicação mais utilizada é a METOCLOPRAMIDA, que age via receptor serotoninérgico SHT-4, que facilita a transmissão gástrica colinérgica, e via receptor dopaminérgico D2, antagonizando seus efeitos. Ela atua centralmente sobre a ZGQ e tendo ação periférica sobre o próprio trato gastrointestinal, uma vez que aumenta a motilidade esofágica, gástrica e entérica. Isso não apenas se acrescenta ao efeito antiemético, mas também explica seu uso no tratamento do refluxo gastresofágico e de distúrbios hepáticos e biliares. 2 ANA CAROLINA TEIXEIRA BASTOS – MEDICINA – 2021.1FÁRMACOS ANTIEMÉTICOS uteis no tratamento da cinetose e nos distúrbios da orelha interna. • Os antagonistas D2 da dopamina tratam a êmese produzida por estímulos da área postrema e são úteis para as etiologias medicamentosas, tóxicas e metabólicas. • Os antagonistas da dopamina cruzam livremente a barreira hematencefálica e causam ansiedade, reações distônicas, efeitos hiperprolactinêmicos (galactorreia e disfunção sexual) e discinesia tardia irreversível. Fármacos antipsicóticos, como o haloperidol, o composto relacionado droperidol e a levomepromazina, atuam como antagonistas dos receptores D2 da dopamina na ZGQ e podem ser usados para êmese aguda induzida por quimioterapia ESTIMULANTES MOTORES GASTRINTESTINAIS Os fármacos que estimulam o esvaziamento gástrico são indicados à gastroparesia (Quadro 5.2). A metoclopramida, uma combinação do agonista de 5-HT4 com o antagonista D2, é eficaz no tratamento da gastroparesia, mas os efeitos colaterais antidopaminérgicos, particularmente a discinesia tardia, limitam seu uso a < 25% dos pacientes.. BUTIROFENONAS Esses fármacos também atuam como antagonistas a ação da dopamina, nesse caso por meio do bloqueio de seus receptores. O droperidol e o haloperidol fazem parte dessa classe e são antieméticos de eficácia moderada. O primeiro é mais utilizada em endoscopia e procedimentos cirúrgicos, normalmente associados a opioides ou benzodiazepínicos. O haloperidol em doses altas são quase tão eficazes como a metoclorpramida na prevenção quanto a ação ematogênica da cisplatina. FENOTIAZÍNICOS Os Fenotiazínicos – como a proclorperazina e a clorpromazina – foram o primeiro grupo de fármacos cuja ação antiemética se mostrou eficaz e estão entre os agentes antieméticos e antinauseantes utilizados com mais frequência. O mecanismo principal de ação desse fármaco é o bloqueio aos receptores da dopamina D2 na ZDQ. São menos eficazes que os outros fármacos no que tange a vômitos induzidos por quimioterapia. A DOMPERIDONA é um fármaco semelhante, usado para tratar êmese causada por citotóxicos e sintomas gastrointestinais. Diferentemente da metoclopramida, não atravessa facilmente a barreira hematoencefálica. Portanto, tem menos propensão a produzir efeitos colaterais centrais. Ambos fármacos são administrados por via oral, têm meias-vidas plasmáticas de 4-5 horas e são eliminados na urina. ANTAGONISTAS SEROTONINÉRGICOS (RECEPTORES 5-HT3) Os antagonistas seletivos dos receptores 5- HT3 possuem propriedades antieméticas potentes, mediadas, em parte, por bloqueio dos receptores 5-HT3 centrais no centro do 3 ANA CAROLINA TEIXEIRA BASTOS – MEDICINA – 2021.1FÁRMACOS ANTIEMÉTICOS vômito e na zona de gatilho quimiorreceptora. Os três principais fármacos dessa classe são: ondansetrona, granisetrona e dolasetrona. Esses fármacos exercem um bloqueio seletivo aos receptores 5-HT3 presentes na periferia (fibras aferentes vagais) e no cérebro, sendo eficazes contra todos os graus de tratamentos referentes à êmese. ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES DE NEUROCININA (RECEPTORES NK1) Suas propriedades antieméticas são mediadas por meio do bloqueio central na área postrema. Inibem vômitos produzidos por quimioterapia com potencial altamente emetogênico, tanto na fase aguda quanto na tardia. A substância P causa êmese quando injetada intravenosamente e é liberada pelos nervos aferentes vagais gastrointestinais, assim como pelo próprio centro do vômito. O aprepitanto bloqueia os receptores da substância P na ZGQ e no centro do vômito. Os antagonistas dos receptores H1 de primeira geração, como os derivados da piperazina, etanolamina e fenotiazina, atuam nos núcleos vestibulares, zona de gatilho e centro do vômito, sendo eficazes contra náuseas e vômitos resultantes de hipercinetose e labirintopatias. Possuem também propriedades antialérgica e sedativa. ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES MUSCARÍNICOS Os anticolinérgicos inibem o estímulo do vômito por ação sobre receptores de acetilcolina (mACh) expressos no centro do vômito e nos núcleos vestibulares. São fármacos efetivos no controle de náuseas e vômitos por intoxicações alimentares, cinetose ou no pós-operatório, mas pouco efetivos no quadro emético já instalado. A hioscina (escopolamina) é empregada principalmente para profilaxia e tratamento de cinetose e pode ser administrada por via oral ou em adesivo transdérmico. Antagonistas dos receptores H1 Os fármacos mais usados desse grupo são difenidramina, cinarizina, ciclizina e prometazina. São eficazes contra náuseas e vômitos de diversas etiologias, incluindo cinetose e a presença de substâncias irritantes no estômago, mas nenhuma das drogas é amplamente eficaz contra substâncias que atuam diretamente sobre a ZGQ. ANTI-HISTAMINICOS Os anti-histamínicos, como a meclizina e o dimenidrinato, e anticolinérgicos, como a escopolamina, atuam nas vias pelo labirinto, sendo úteis no tratamento da cinetose e nos distúrbios da orelha interna. BENZAMIDAS SUBSTITUÍDAS Representada principalmente pela metoclopramida, essa classe de fármaco é eficaz em doses altas contra a ação emetogênica da cisplatina, prevenindo esse efeito em cercade 30 a 40% dos pacientes. 4 ANA CAROLINA TEIXEIRA BASTOS – MEDICINA – 2021.1FÁRMACOS ANTIEMÉTICOS A metoclopramida é um antagonista da dopamina no cérebro, o que pode levar a efeitos antidopaminérgicos, como sintomas extrapiramidais; por isso, doses elevadas têm uso limitado. São utilizadas principalmente em pacientes com gastroparesia comprovada. BENZODIAZEPÍNICOS As benzodiazepinas, como o lorazepam e o alprazolam, não têm ação antiemética muito efetiva, embora seus efeitos sedativos, ansiolíticos e amnésicos possam ser úteis na êmese por antecipação. Como induz atividade depressora ao sistema nervoso central, deve ser evitado o consumo de álcool associado, a fim de evitar potencialização desses efeitos. BLOQUEADOR DO RECEPTOR DA SUBSTÂNCIA P/NEUROCININA-1 Enquanto os antagonistas de receptor 5- HT3 são mais eficazes contra a êmese aguda (em 24h de quimioterapia), os antagonistas do receptor da substância P, como o aprepitanto, apresentam ações antieméticas mais visíveis em náuseas e êmeses tardias (2-5 dias), além de melhorar a eficácia dos regimes antieméticos nos pacientes sujeitos a múltiplas sessões de quimioterapia.
Compartilhar