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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA 
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
CURSO: Engenharia de Produção 
DISCIPLINA: Gestão da Tecnologia 
COORDENADOR: Carlos Rodrigues Pereira 
CONTEUDISTA: Carlos Alberto Chaves 
AULA 7 – TÍTULO 
 
Propriedade industrial, comércio de tecnologia e intangíveis. 
META 
Compreender os conceitos e formas dos diferentes tipos de propriedade intelectual/industrial, bem como 
ter noções acerca do comércio de tecnologia e acerca de ativos intangíveis. 
OBJETIVOS 
Ao final da aula os alunos (as) deverão ser capazes de definir as formas de propriedade intelectual/industrial, 
bem como ter noções acerca do comércio de tecnologia e acerca de ativos intangíveis. 
Esperamos que após o estudo do conteúdo desta aula você seja capaz de: 
Diferenciar propriedade intelectual de propriedade industrial; 
Diferenciar as diferentes formas de propriedade intelectual/industrial; 
Definir transferência de tecnologia, licença e contrato de know how; 
Descrever o que um ativo intangível. 
PRÉ-REQUISITOS: É importante lembrar os conceitos vistos na Aula 5 - Transferência de Tecnologia e 
na Aula 6 - Sistema de Propriedade de Ativos Intelectuais. 
 
O texto a seguir foi retirado dos links: 
https://duduhvanin.jusbrasil.com.br/artigos/407435408/propriedade-intelectual-conceito-evolucao-
historica-e-normativa-e-sua-importancia, de autoria de Carlos Eduardo Vanin. 
http://w2.iffarroupilha.edu.br/site/midias/arquivos/2011229152557281o_comercio_de_tecnologias.pdf, de 
autoria de Denis Borges Barbosa. 
http://www.cavalcanteassociados.com.br/utd/UpToDate201.pdf, de autoria de Francisco Cavalcante & 
Paulo Dragaud Zeppelini 
 
 
 
https://duduhvanin.jusbrasil.com.br/artigos/407435408/propriedade-intelectual-conceito-evolucao-historica-e-normativa-e-sua-importancia
https://duduhvanin.jusbrasil.com.br/artigos/407435408/propriedade-intelectual-conceito-evolucao-historica-e-normativa-e-sua-importancia
http://w2.iffarroupilha.edu.br/site/midias/arquivos/2011229152557281o_comercio_de_tecnologias.pdf
http://www.cavalcanteassociados.com.br/utd/UpToDate201.pdf
Propriedade Intelectual: conceito, evolução histórica e normativa, e sua importância 
Carlos Eduardo Vanin 
 
 
1. PROPRIEDADE INTELECTUAL 
 
A Propriedade Intelectual é a área do Direito que, por meio de leis, garante a inventores 
ou responsáveis por qualquer produção do intelecto - seja BENS IMATERIAIS ou 
INCORPÓREOS nos domínios industrial, científico, literário ou artístico - o direito de 
obter, por um determinado período de tempo, recompensa resultante pela “criação” – 
manifestação intelectual do ser humano. 
Segundo Buainain (2004), a propriedade intelectual: 
"Possibilita transformar o conhecimento, em princípio um bem quase público, em bem 
privado e é o elo de ligação entre o conhecimento e o mercado." 
Portanto, a Propriedade Intelectual engloba o campo de Propriedade Industrial, os 
Direitos Autorais e outros Direitos sobre bens imateriais de vários gêneros, tais como os 
Direitos Conexos, e as Proteções Sui Generis. 
https://duduhvanin.jusbrasil.com.br/
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
 
1.1. DIREITO AUTORAL 
É o direito que decorre basicamente da autoria de obras intelectuais no campo literário, 
científico e artístico, de que são exemplos: desenhos, pinturas, esculturas, livros, 
conferências, artigos científicos, matérias jornalísticas, músicas, filmes, fotografias, 
software, entre outros. 
 
 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
1.2. PROPRIEDADE INDUSTRIAL 
A propriedade Industrial tem o seu foco de interesse voltado para a atividade empresarial. 
Tem por objeto patente de invenção e de modelo de utilidade, marca, desenho industrial, 
indicação geográfica, segredo industrial e repressão a concorrência desleal, sendo 
regulamentada pela Lei nº 9.279/96. A propriedade industrial engloba um conjunto de 
direitos e obrigações relacionados a bens intelectuais, objeto de atividade industrial de 
empresas ou indivíduos. Assegura a seu proprietário (titular do direito) a exclusividade 
de: fabricação, comercialização, importação, uso, venda e cessão. 
 
1.3. PROTEÇÕES SUI GENERIS 
Com o surgimento de novas criações intelectuais, a possibilidade de incorporação de 
novas modalidades de direito para proteção dessas criações estão sendo ampliadas. Essas 
figuras jurídicas intermediárias entre a Propriedade Industrial e o Direito Autoral, são 
denominadas “híbridos jurídicos”. 
 
Exemplos de proteções sui generis: 
• Topografia dos Circuitos Integrados (também chamadas de mask works, chip, layout 
projeto de semicondutor) – Lei nº 11.484, de 31 de maio de 2007. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91774/código-de-propriedade-industrial-lei-9279-96
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033822/lei-11484-07
• Proteção de Cultivares (ou Obtenções Vegetais ou Variedades Vegetais) – Lei nº 9.456, 
de 25 de abril de 1997, o Decreto nº 2.366, de 5 de novembro de 1997 que regulamenta a 
Lei de Cultivares e dispõe sobre o Serviço Nacional de Proteção de Cultivares – SNPC, 
a Convenção Internacional para a Proteção das Obtenções Vegetais, promulgadas através 
do Decreto nº 3.109, de 30 de junho de 1990. 
• Conhecimentos Tradicionais Associados aos Recursos Genéticos – Medida Provisória nº 
2.186-16, de 23 de agosto de 2001, Convenção sobre Diversidade Biológica, promulgada 
através do Decreto nº 2.519, de 16 de março de 1998. 
2. ORIGEM E NASCIMENTO 
 
A partir de 1967, constitui-se como órgão autônomo dentro do sistema das Nações Unidas 
a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI, ou, na versão inglesa, WIPO), 
englobando as Uniões de Paris e de Berna, além de perfazendo uma articulação com a 
recente União para a Proteção das Obtenções Vegetais, e a administração de uma série de 
outros tratados. 
A Convenção da OMPI define como “propriedade intelectual”, a soma dos direitos 
relativos às obras literárias, artísticas e científicas, às interpretações dos artistas 
intérpretes e às execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e às emissões de 
radiodifusão, às invenções em todos os domínios da atividade humana, às descobertas 
científicas, aos desenhos e modelos industriais, às marcas industriais, comerciais e de 
serviço, bem como às firmas comerciais e denominações comerciais, à proteção contra a 
concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual nos 
domínios industrial, científico, literário e artístico. 
Antes da definição convencional, a expressão “Propriedade intelectual” aplicava-se, 
mais restritamente, aos direitos autorais; nesta acepção, encontramos extenso emprego 
na doutrina anterior. Em sua origem, porém, como concebido por Josef Kohler e 
Edmond Picard nos fins do Século XIX, o conceito correspondia ao expresso na 
Convenção da OMPI [7]. 
Tem-se, assim, correntemente, a noção de Propriedade intelectual como a de um capítulo 
do Direito, altissimamente internacionalizado, compreendendo o campo da Propriedade 
Industrial, os direitos autorais e outros direitos sobre bens imateriais de vários gêneros. 
Porém, nem na Convenção da OMPI, meramente adjetiva, nem mesmo no mais recente 
Acordo TRIP’s da Organização Mundial de Comércio, se tenta uma estruturação das 
normas jurídicas comuns a cada um e a todos capítulos da Enciclopédia Jurídica. Os 
propósitos deste último diploma internacional não são, aliás, a construção de nenhum 
sistema jurídico, mas a derrubada da individualidade jurídica nacional, o que pode levar 
seguramente a uma harmonização, mas não necessariamente a uma elaboração lógica de 
um substrato comum, a não ser indutivamente. 
2.1. INFLUÊNCIA DO CÓDIGO FRANCÊS 
O Código de Propriedade Intelectual francês, de 1992, tentativa inaugural de um corpo 
nacionalintegrado de normas sobre o tema, não foi, ainda, um parâmetro de racionalidade 
e sistematização comparável ao Code Civil de Pothier. Código em nome, na verdade 
consolidação de normas preexistentes, sem evidenciar lhes o sistema comum, a norma 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110082/lei-9456-97
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111891/decreto-2366-97
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109703/decreto-2519-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
francesa será, possivelmente, um teste para o desenvolvimento de um Direito, no que hoje 
persiste sendo apenas um campo de prática profissional e o objeto de instituições 
administrativas nacionais ou supranacionais.. 
2.2. SURGUIMENTO NO ORDENAMENTO BRASILEIRO 
No Brasil, o direito industrial surgiu no início do século XIX, quando a Corte portuguesa 
veio para o país fugindo de Napoleão. Desta forma, em 1809 o Príncipe Regente 
reconheceu o direito do inventor concedendo assim o direito à exclusividade do uso pelo 
prazo de 14 (catorze) anos, para as invenções que fossem registradas junto a Real Junta 
do Comércio (COELHO, 2001). 
Em 1824, com a edição de uma nova Constituição surge a possibilidade de proteção dos 
inventos. Já em 1830 o país consegue a sua independência política e edita uma lei que 
versava sobre invenções. 
A primeira lei brasileira sobre marcas surgiu em nosso país somente em 1875, em 
decorrência dos interesses de um cliente de Ruy Barbosa, a firma Meuron e Cia. O qual 
possuía a marca Rapé Areia Preta e estava processando a firma Moreira e Cia. Por 
falsificação pela utilização da marca Rapé Areia Parda (COELHO, 2001; VARELLA, 
1996). 
Apesar de Rui Barbosa, vencer em primeira instância, o referido processo foi anulado 
posteriormente, tendo em vista não existir no ordenamento jurídico uma norma que 
descrevesse o ocorrido como sendo um crime, não podendo assim se falar em punição. 
Com isto a Comissão de Justiça Criminal da Câmara dos Deputados propôs o Projeto de 
lei o qual fora convertido na Lei nº 2.682/75, referida lei concedia aos comerciantes a 
possibilidade de utilizar uma marcar como forma de assinatura de seus produtos e que 
dessa maneira, pudessem diferenciá-los dos demais produtos comercializados 
(VARELLA, 1996). 
No ano de 1882, ocorre a edição de uma nova lei de patentes, e nos anos de 1887 e 1904 
outras leis que versavam sobre a proteção de marcas (VIEIRA, 2001). 
Posteriormente o tratamento integrado das questões da propriedade intelectual como um 
todo, sem divisão entre patentes, cultivares, e direitos autorais – temas sujeitos a 
ministérios diversos na Administração Pública Brasileira -, vem de ser prestigiado pelo 
disposto no decreto de 21 de agosto de 2001, que Cria, no âmbito da CAMEX - Câmara 
de Comércio Exterior, o Grupo Interministerial de Propriedade Intelectual. 
3. PROPRIEDADE INTELECTUAL 
 
3.1. FORMAS DE PROPRIEDADE INTELECTUAL 
O recital do Art. 2º da Lei que regulamenta a Propriedade Intelectual - (Lei nº 9.279, de 
14 de maio de 1996) não abrange, obviamente, a totalidade dos objetos da Propriedade 
Industrial, previstos em outras legislações nacionais. O rol dos objetos legais é menor que 
os dos objetos possíveis na teia das relações econômicas; como veremos adiante, no 
tratamento das definições constitucionais de “outras criações industriais” e “outros signos 
distintivos”, haverá amparo para a constituição futura de outros direitos do mesmo gênero. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constituição-federal-constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91774/código-de-propriedade-industrial-lei-9279-96
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.279-1996?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.279-1996?OpenDocument
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constituição-federal-constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988
Segundo definição da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), a 
Propriedade Intelectual está dividida em duas categorias: Propriedade Industrial, que 
inclui as patentes (invenções), marcas, desenho industrial, indicação geográfica e 
proteção de cultivares, e Direitos Autorais abrangendo trabalhos literário e artísticos, e 
cultura imaterial como romances, poemas, peças, filmes, música, desenhos, símbolos, 
imagens, esculturas, programas de computador, internet, entre outros. 
3.1.1. PATENTE 
 
Segundo Aurélio W. Bastos (1997, pg. 209) patente: 
"É um direito exclusivo concedido a uma invenção*, que consista em um produto ou um 
processo que prevê, em geral, uma nova maneira de fazer algo, ou oferece uma nova 
solução técnica para um problema. Título de exploração temporal, concedido pela 
Administração ao inventor, em contrapartida à divulgação, bem como da exploração 
fidedigna do seu invento. O inventor precisa atender aos requisitos de novidade, atividade 
inventiva e aplicação industrial. Pode-se afirmar que a Patente é um documento expedido 
pelo órgão competente do Estado que reconhece o direito de propriedade industrial 
reivindicado pelo titular." 
• *Invenção é uma solução técnica a um problema, estando intimamente ligado ao 
desenvolvimento de um experimento, podendo ser protegido pela propriedade intelectual. 
Por outro lado, a inovação tecnológica é a possibilidade de inserção no mercado de 
determinado produto ou processo, tendo viabilidade econômica e de mercado, nem 
sempre sendo passível de proteção pela propriedade intelectual. 
Sua concessão pelo Estado é na realidade uma ‘troca’, pois o titular recebe a proteção por 
meio de patentes em contrapartida torna público por meio do relatório descritivo, o qual 
é requisito para o depósito do pedido de patente a descrição minuciosa do produto ou 
processo a ser protegido. 
A concessão de patentes para os inventores traz consigo algumas vantagens: o titular pode 
impedir que terceiros utilizem, ou seja, que produzam, coloquem à venda, usem, vendam 
ou importem sua invenção ou modelo de utilidade sem sua autorização tendo o poder de 
controlar ou limitar a concorrência no prazo de seu domínio, após esse prazo eles recaem 
sobre domínio público. 
O pedido de patente poderá recair sobre uma invenção ou um modelo de utilidade (art. 2º 
da Lei 9.279/96), sendo entendido como modelo de utilidade qualquer objeto de uso 
prático que apresente uma nova forma ou disposição e que este decorra de um ato 
inventivo ou de uma melhoria funcional (art. 9º da referida lei), protegendo, assim, as 
partes internas ou externas de um produto (CORREA, 1999, p. 4). 
O Art. 10 da lei 9.279/97 dispõe do que não pode ser considerado uma invenção nem um 
modelo de utilidade, são eles: 
a) descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos; 
b) concepções puramente abstratas 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10599351/artigo-2-da-lei-n-9279-de-14-de-maio-de-1996
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91774/código-de-propriedade-industrial-lei-9279-96
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/332503/lei-9279-97
c) esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, 
educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização; 
d) as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética; 
e) programas de computador em si, 
f) regras de jogo, 
g) técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de 
diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal e; 
h) o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, 
ou ainda que dela isolados,inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo 
natural e os processos biológicos naturais. 
3.1.1.1. PATENTEÁVEL 
A definição do que pode ser patenteável é dada pelo GATT - General Agreement on 
Tariffs and Trade (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), o qual descreve que: “qualquer 
invenção, de produto ou processo, em todos os setores tecnológicos, desde que seja nova, 
envolva processo inventivo e seja passível de aplicação industrial” (GATT/TRIPS, art. 
27.1). 
O mesmo artigo define também o que os Estados membros podem considerar como não 
sendo passível de patenteamento, são eles: 
a) invenções que contrariem a ordem pública e a moralidade e que atentem contra a vida 
ou a saúde humana, animal ou vegetal, além daquelas que prejudiquem o meio ambiente; 
b) os métodos diagnósticos, terapêuticos e cirúrgicos para tratamento de seres humanos 
ou de animais; 
c) plantas e animais, exceto micro-organismos e processos essencialmente biológicos 
para a produção de plantas ou animais, excetuando-se os processos não biológicos e 
microbiológicos. 
(GATT/TRIPS, art. 27.2 e 3). 
3.1.1.2. NÃO PATENTEÁVEIS 
O art. 18 da Lei 9.279/97 dispõe que não são patenteáveis: a) o que for contrário à moral, 
aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; b) as substâncias, matérias, 
misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas 
propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, 
quando resultantes de transformação do núcleo atômico, e c) o todo ou parte dos seres 
vivos, exceto os micro-organismos transgênicos que atendam aos três requisitos de 
patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 
8º e que não sejam mera descoberta*. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/332503/lei-9279-97
• *Descoberta é a revelação de alguma coisa até então desconhecida pela sociedade, mas 
que já se encontrava inserido na natureza, sendo a mesma encontrada pela simples 
observação do homem, como por exemplo, metais encontrados em nossa natureza, 
proteínas, genes, etc. 
 
3.1.1.3. PRAZO DA PATENTE 
O prazo de proteção é de 20 (vinte) anos nos casos de patente de invenção e de 15 (quinze) 
anos nas patentes de modelo de utilidade, contados a partir da data de depósito do pedido, 
após este período os mesmos caem em domínio público. 
3.1.2. MARCA 
Gerenciar Marca é um sinal distintivo que identifica certos bens ou serviços os quais são 
produzidos ou prestados por uma determinada pessoa ou empresa. Sua origem data de 
tempos antigos, quando os artesãos reproduziam suas assinaturas, ou “marcas” nos seus 
produtos artísticos ou utilitários. Ao longo dos anos essas marcas evoluíram para o atual 
sistema de registro e proteção de marcas. Esse sistema ajuda consumidores a identificar 
e comprar um produto ou serviço porque sua procedência e qualidade, indicada pela sua 
marca única, atende às suas necessidades. 
São assim conceituados por Vieira e Buainain (2006, p. 394) como: 
"Sinais distintivos que identificam, direta ou indiretamente, produtos ou serviços. A 
identificação se realiza através da aposição do sinal no produto ou no resultado do serviço, 
etc." 
Pode ser registrado como marca qualquer sinal que distinga visualmente (Art. 122 da lei 
9.279/96) um produto ou serviço de outro idêntico ou semelhante ou que tenha como 
finalidade atestar a conformidade de um serviço ou produto com as normas e 
especificações técnicas (Art. 123 da referida lei). 
A propriedade sobre uma marca somente é adquirida após o registro da mesma perante o 
órgão responsável (INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial). 
3.1.2.1. DIREITO DA MARCA 
O titular da marca tem o direito de: 
• Ceder o seu registro ou pedido; 
• Licenciar o uso da mesma; 
• Zelar pela reputação e integridade de sua marca. 
3.1.2.2. FINALIDADE DA MARCA 
As marcas podem ter como finalidade distinguir: 
• Um produto – Nestlé, Intel, Garoto; 
• Um serviço – TAM, Pizza Hut, Mcdonalds; 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10585815/artigo-122-da-lei-n-9279-de-14-de-maio-de-1996
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91774/código-de-propriedade-industrial-lei-9279-96
• Uma marca coletiva – Mãos de Minas, CONAP; 
• Uma marca de certificação – INMETRO, ABICAP. 
 
3.1.2.3. FORMAS DA MARCA 
Estas podem se apresentar de forma: 
• Nominativa – neste caso a marca é formada por nomes, números, siglas ou combinações 
destas; 
• Figurativa – fazem parte os desenhos, imagens, figuras, símbolos, números ou letras 
fantasiosos; 
• Mista – é uma combinação entre as formas nominativas e figurativas; 
• Tridimensional – diz respeito à forma do produto ou de sua embalagem. 
Podem requerer o registro de uma marca tanto pessoas físicas como pessoas jurídicas de 
direito público ou privado. São pessoas de direito público: União, Estados, Municípios, 
autarquias, fundações públicas, Nações Unidas, União Europeia, etc. 
3.1.2.4. REGISTRO DA MARCA 
O registro de uma marca pode extinguir-se: 
• Pela expiração do prazo de vigência sem renovação sequencial; 
• Pela renúncia do titular dos direitos; 
• Pela caducidade dos direitos; 
• Se o titular for domiciliado no exterior o mesmo deverá nomear um procurador que seja 
domiciliado em território nacional para representá-lo (art. 217, Lei nº 9.279/96). 
3.1.2.5. PRAZO DA MARCA 
O prazo de proteção das marcas é de 10 (dez) anos contados a partir da concessão do 
registro, podendo o mesmo ser prorrogado por períodos de 10 (dez) anos iguais e 
sucessivas vezes. Conforme Art. 133 da Lei 9.279 de 1996, vejamos: 
Art. 133. O registro da marca vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data da 
concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e sucessivos. 
 
3.1.3. DESENHO INDUSTRIAL 
 
O desenho industrial é o aspecto ornamental ou estético de um artigo. O projeto pode 
consistir em características tridimensionais, como a forma ou a superfície de um artigo, 
ou bidimensionais, como padrões, linhas ou cores. Desenhos industriais têm aplicação em 
uma grande variedade de produtos da indústria e do artesanato: de instrumentos técnicos 
e médicos à relógios, joias, e outros artigos de luxo; de utensílios domésticos e aparelhos 
elétricos à estrutura veicular e arquitetônica; de desenhos têxteis à bens de lazer. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10576951/artigo-217-da-lei-n-9279-de-14-de-maio-de-1996
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91774/código-de-propriedade-industrial-lei-9279-96
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10583402/artigo-133-da-lei-n-9279-de-14-de-maio-de-1996
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91774/código-de-propriedade-industrial-lei-9279-96
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10583402/art-133-do-codigo-de-propriedade-industrial-lei-9279-96
Forma Plástica ornamental de um objeto ou conjunto ornamental original de linhas e/ou 
cores que, com fim industrial ou comercial, poder ser utilizados ou aplicados na 
fabricação de um produto industrial ou artigo utilitário, proporcionando resultado visual 
novo e original na sua configuração externa. 
 
O Art. 95 da Lei nº 9.279/96, define o desenho industrial como sendo: 
A forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que 
possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado novo e original na sua 
configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial. 
A proteção recai sobre a forma externa do objeto, não estando protegida pelo desenho 
industrial a função prática deste objeto, o mesmo também ocorre com as cores e os 
materiais utilizados na fabricação. Não sendo considerado desenho industrial as obras de 
caráter puramente artístico. 
Todos aqueles que criarem desenhos industriais poderão proteger sua criação, desde que 
preenchidos os requisitos: da novidade, da originalidade e que o objeto seja passível de 
fabricação. 
O Art. 96 da Lei estabelece queo desenho industrial será considerado novo quando não 
estiver compreendido no estado da técnica; já no Art. 97 da mesma lei, dispõe que será 
considerado original o desenho industrial quando sua configuração visual o distinga dos 
objetos anteriores a ele. 
Não podem ser registrados como desenhos industriais: 
• Tudo o que for contrário a moral e aos bons costumes; 
• A forma necessária ou vulgar de um objeto; 
• A forma determinada pelas considerações técnicas ou funcionais do objeto. 
3.1.3.1. PRAZO DO DESENHO INDUSTRIAL 
O prazo de proteção é de 10 (dez) anos a partir da data do depósito do pedido, podendo o 
mesmo ser prorrogado no máximo por 3 (três) vezes pelo período de 5 (cinco) anos cada. 
3.1.4. DIREITOS DE AUTOR 
 
Direitos de autor são direitos conferidos aos criadores de obras literárias e artísticas. Os 
tipos de trabalhos protegidos por direitos autorais incluem: trabalhos literários, como 
romances, poemas, peças de teatro, obras de referência, jornais e programas de 
computador; bases de dados, filmes, composições musicais, coreografias, trabalhos 
artísticos como pinturas, desenhos, fotografias e esculturas; arquitetura, anúncios, mapas 
e desenhos técnicos. 
O Direito de Autor ou Direito Autoral constitui, como a propriedade industrial, um dos 
ramos dos denominados direitos intelectuais, enquanto criações do espírito humano. Não 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10588608/artigo-95-da-lei-n-9279-de-14-de-maio-de-1996
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91774/código-de-propriedade-industrial-lei-9279-96
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
é propriamente um produto, mas o produto não existe sem ele, razão pelo qual o autor 
tem direitos sobre o produto. O Direito do Autor compreende prerrogativas morais e 
patrimoniais, aquelas referentes ao vínculo pessoal e perene que une o criador à sua obra 
e estas referentes aos efeitos econômicos da obra e o seu aproveitamento mediante a 
participação do autor em todos os processos e resultados. O direito de autor protege o 
criador e as obras resultantes, direta ou indiretamente, e ampara a concepção do autor 
apresentada sob determinada forma. 
O direito autoral de nosso país encontra-se regulamentado pela Lei nº 9.610/98, a qual 
tem como finalidade proteger as obras literárias, artísticas e científicas, impedindo desta 
forma, que terceiros se utilizem indevidamente das obras protegidas. 
A WIPO define direito de autor como sendo “a proteção da criação da mente humana”. 
Assim, é importante salientar que o direito autoral protege as obras não estando inseridos 
neste contexto os pensamentos e ideias. Ou seja, para que gozem de proteção é necessário 
que os pensamentos e ideias sejam exteriorizados, passados para um documento em 
concreto deixando de existir somente em nossa mente. 
O autor poderá ser identificado de várias formas: pelo seu nome civil- seja ele completo, 
abreviado ou somente pelas iniciais de seu nome; podendo ainda utilizar um pseudônimo 
ou qualquer outro sinal que o identifique. 
Todos aqueles que tiverem o seu nome agregado a uma obra serão legalmente 
considerados coautores, não se enquadrando nesta definição aqueles que realizam 
serviços de correção, atualização ou fiscalização de uma obra. 
É possível a realização de paráfrases e paródias de obras desde que não caracterizem 
reproduções e que não causem descrédito ao autor da obra. 
O titular dos direitos autorais tem direito de exigir uma indenização do infrator pelos 
prejuízos causados, estando o mesmo sujeito a pena na esfera penal podendo receber pena 
de detenção que pode variar de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa. 
3.1.4.1. PRAZO DO DIREITOS AUTORAIS 
O prazo de proteção dos direitos autorais é de 70 (setenta) anos contados a partir de 1º 
de janeiro do ano subsequente ao da morte do autor, independente de registro. 
3.1.5. BIOTECNOLOGIA 
 
Biotecnologia é o termo dado ao uso de plantas, animais, micro-organismos, e 
procedimentos biológicos feitos para alcançar avanços nas áreas de indústria, medicina e 
agricultura. É a utilização de organismos vivos para promover desenvolvimentos em 
benefício a humanidade. De vacinas e avanços nas metodologias/técnicas para 
diagnostico/identificação e combate a doenças, à proteção e preservação da 
biodiversidade, aumento de produção de alimentos e maior produtividade de culturas para 
descontaminação de ambientes poluídos, a Biotecnologia já teve um impacto positivo em 
nossas vidas e ajudou a melhorar a qualidade de vida para todos. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
Aplicação de princípios científicos e de engenharia para o processamento de materiais e 
energia por agentes biológicos com a finalidade de prover bens e serviços. A 
biotecnologia consiste na utilização de bactérias, levedos e células animais e vegetais em 
cultivo, cujo metabolismo e capacidade de biossíntese estão orientados para a fabricação 
de substâncias específicas. A Biotecnologia pode provocar profundas modificações nos 
procedimentos de fabricação de grandes números de substâncias químicas e 
farmacêuticas, devido à multiplicação dos descobrimentos no campo da bioquímica, da 
genética, da biologia molecular e celular. 
3.1.6. CONHECIMENTOS TRADICIONAIS 
 
Conhecimentos tradicionais referem-se ao volume cumulativo e dinâmico de 
conhecimentos e representações pertencentes aos povos com longas histórias de interação 
com seu meio natural. Tais conhecimentos estão intimamente vinculados à linguagem, às 
relações sociais, à espiritualidade e à visão de mundo, e são geralmente mantidas 
coletivamente. 
3.1.7. FOLCLORE 
 
Folclore, ou Expressões Culturais Tradicionais (Traditional Cultural Expressions – TCE), 
é parte integrante da identidade cultural e social das comunidades indígenas e locais, que 
incorporam conhecimentos e habilidades e transmitem valores e crenças. A proteção do 
folclore está relacionada com a promoção da criatividade, uma maior diversidade cultural 
e a preservação do patrimônio cultural. Essas “expressões de folclore” incluem música, 
arte, desenhos, nomes, sinais e símbolos, performances, formas arquitetônicas, 
artesanatos e narrativas. 
Folclore é um gênero de cultura de origem popular, constituído pelos costumes e tradições 
populares transmitidos de geração em geração. Todos os povos possuem suas tradições, 
crendices e superstições, as quais são transmitidas por meio de lendas, contos, provérbios, 
canções, danças, artesanatos, jogos, religiosidade, brincadeiras infantis, mitos, idiomas e 
dialetos característicos, adivinhações, festas e outras atividades culturais que nasceram e 
se desenvolveram com o povo. A Carta do Folclore Brasileiro, em sintonia com as 
definições da UNESCO, declara que folclore é sinônimo de cultura popular e representa 
a identidade social de uma comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou 
individuais, e é também uma parte essencial da cultura de cada nação. 
3.1.8. RECURSOS GENÉTICOS 
 
Os Recursos Genéticos são a base biológica da variabilidade de espécies de plantas, 
animais e micro-organismos. A informação de origem genética contida em plantas, 
animais, fungos, bactérias, etc. É a base da diversidade de espécies e da diversidade entre 
indivíduos da mesma espécie. Tal informação de origem genética está contida no todo ou 
em parte de tais organismos, na forma de moléculas e substânciasprovenientes de seu 
metabolismo, e de extratos dos mesmos. Por exemplo: um inseto, ou mesmo uma pata de 
um inseto, contêm informações genéticas, e são considerados componentes do patrimônio 
genético. 
 
3.1.9. NANOTECNOLOGIA 
 
Nanotecnologia é o estudo, concepção, criação, síntese, manipulação e aplicação de 
materiais funcionais, dispositivos e sistemas através do controle da matéria em escala 
nanométrica (1-100 nanômetros, um nanômetro é igual a 1 × 10-9 metros), isto é, a nível 
atômico e molecular, e a exploração de novos fenômenos e propriedades da matéria nessa 
escala. 
 
3.1.10. INDICAÇÃO GEOGRÁFICA 
 
A Indicação Geográfica é um sinal usado em produtos que têm uma origem geográfica 
específica e possuem qualidades, reputação ou características que são essencialmente 
atribuídas a essa origem. Mais comumente, uma indicação geográfica inclui o nome do 
lugar de origem das mercadorias. Produtos agrícolas normalmente têm qualidades que 
derivam de seu local de produção e são influenciadas por fatores específicos do local, 
como clima e solo. Uma denominação de origem é um tipo especial de indicação 
geográfica. Ela geralmente consiste em um nome geográfico ou numa designação 
tradicional utilizada nos produtos que têm uma qualidade ou característica específica que 
se devem essencialmente ao meio geográfico no qual eles são produzidos. 
Expressão usada para designar o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade 
de seu território, que distingue produtos ou serviços cujas qualidades ou características 
devam-se, exclusiva ou essencialmente, ao meio geográfico, incluídos fatores humanos e 
naturais. A Denominação de Origem não é apropriada para o título de marca comercial, 
mas pode ser definida como o nome geográfico de uma região mais ou menos extensa, de 
uma cidade ou localidade determinada, ou de um país, servindo para designar um produto 
originário de qualquer uma destas indicações, evidenciando qualidades ou características 
que lhe são próprias, que sejam proporcionadas exclusiva ou essencialmente em função 
do meio geográfico, compreendidos os fatores geográficos e os fatores humanos. 
As indicações geográficas são compostas por nomes geográficos que tenham por 
finalidade caracterizar a procedência de um produto, identificando sua cidade ou região; 
além de ser um mecanismo de diferenciação de produtos. No Brasil está se subdivide em 
2 espécies: indicação de procedência e denominação de origem. 
A Lei 9.279/96, em seu Art. 177, define indicação de procedência como: 
O nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha 
tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado 
produto ou de prestação de determinado serviço. 
Podemos citar como exemplos de indicações de procedência concedidos: 
Vale dos Vinhedos – para vinhos (IG200002); 
Pampa Gaúcho da Campanha Meridional – para carne e derivados (IG 200501); 
Vale dos Sinos – para couro acabado (IG200702), dentre outros. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91774/código-de-propriedade-industrial-lei-9279-96
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10580111/artigo-177-da-lei-n-9279-de-14-de-maio-de-1996
Já a denominação de origem é definida no Art. 178 da referida lei como 
O nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe 
produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou 
essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. 
Com relação à denominação de origem, temos como exemplos: 
Região dos Vinhos Verdes – para vinhos de Portugal (IG970002); 
Franciacorta – para vinhos e bebidas alcoólicas da Itália (IG200101); 
San Daniele – para coxas de suínos frescas e presunto defumado cru (IG980003), dentre 
outros. 
O decreto nº 4.062/01 definiu os termos ‘Cachaça’, ‘Brasil’ e ‘Cachaça do Brasil’ como 
sendo indicações geográficas, podendo ser utilizado no caso de destilados simples do 
caldo de cana-de-açúcar produzidos dentro do território nacional. 
Entretanto, se o nome já for de uso comum, ou seja, já estiver sendo utilizado para 
identificar um produto ou serviço, o mesmo não poderá ser protegido como indicação 
geográfica. Este é o caso do queijo mineiro o qual já é um uso comum, não podendo os 
produtores de queijo de minas protegerem este nome como uma indicação geográfica. 
3.1.11. DIREITO DE PERSONALIDADE 
 
É o Direito da Pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física 
(vida, alimentos, o próprio corpo vivo ou morto, o corpo alheio vivo ou morto, partes 
separadas do corpo vivo ou morto), a sua integridade intelectual (liberdade de 
pensamento, autoria científica, artística e literária) e a sua integridade moral (honra, 
recato, segredo pessoal, profissional e doméstico, imagem, identidade pessoal, familiar e 
social). É o direito comum da existência, porque é simples permissão dada pela norma 
jurídica, a cada pessoa, de defender um bem que a natureza lhe deu, de maneira primordial 
e direta. 
Os direitos da personalidade são intransferíveis, só podem ser exercidos pelo seu titular. 
São os direitos ao corpo e vida, a liberdade, a honra, ao estado civil, ao nome, ao direito 
moral de autor, ao direito à própria imagem, ao direito à intimidade, ao direito ao segredo 
epistolar e etc. 
3.1.12. Proteção de Cultivares 
 
Uma cultivar, segundo Wilkinson & Castelli (2000, p.9) “é uma variedade de planta 
utilizada na agricultura, ou seja, uma variedade cultivada. É, portanto, uma variedade 
melhorada e mais homogênea – por força da seleção do homem – do que a variedade 
silvestre que lhe deu origem”. 
Ao elaborar a nossa legislação, o Brasil optou pelo sistema sui generis de proteção, sendo 
este definido por Wilkinson & Castelli (2000, p.77): 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/100116/decreto-4062-01
Como aqueles legalmente reconhecidos adaptados a determinados sujeitos que, por sua 
natureza, não encaixam, na normativa sobre direitos de propriedade intelectual clássica, 
seja em termos de propriedade industrial seja em termos de direitos de autor/cópia. 
Para que uma nova variedade vegetal tenha proteção pela LPC - Lei de Proteção de 
Cultivares, é necessário que esta preencha os requisitos estabelecidos pelo Art. 3º da lei, 
ou seja, é crucial que a espécie seja distinta, homogênea e estável. 
De acordo com o Art. 3º, da LPC uma nova variedade vegetal será: distinta quando a 
mesma se distinguir de forma clara de outras cultivares já existentes (inciso VI); 
homogênea quando utilizada em plantio e apresentar variabilidade mínima com relação 
aos descritores que a identificam (inciso VII); estável se nas gerações futuras esta 
mantiver a sua homogeneidade (inciso VIII). 
Assim, caso a nova variedade vegetal esteja de acordo com os requisitos, o obtentor 
receberá um certificado de proteção, o qual dará direitos exclusivos a ele. Desta forma, 
se terceiros quiserem se utilizar de sua obtenção vegetal deverá ter autorização do 
obtentor caso contrário, estarão agindo de maneira ilegal. 
3.1.12.1. PRAZO DA PROTEÇÃO DE CULTIVARES 
As variedades vegetais gozam de proteção pelo prazo de 15 (quinze) anos em geral 
(culturas anuais ou temporárias) e de 18 (dezoito) anos para as videiras, árvores florestais, 
frutíferas e ornamentais. 
3.2. IMPORTÂNCIA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL 
 
A Propriedade Intelectual é considerada um dos principais motores da economia 
globalizada. Caracteriza o reconhecimento de formas legais de apropriação do 
conhecimento humano, tanto da materialização dos insights ou frutos da criatividade 
humana, como dos resultados de pesquisa e conhecimento técnico que se concretizem em 
produto novo ou modificado. 
Em sentido amplo, o Direito de Propriedade Intelectual protege as espécies de criações 
intelectuais que podem resultar na exploração comercial ou vantagem econômica para o 
criador ou titular e nasatisfação de interesses morais dos autores, ou seja, o que a norma 
protege não é a ideia (entendida como objeto incorpóreo), mas a materialidade de uma 
ideia. Os direitos patrimoniais que decorrem de propriedade intelectual são temporários 
e devem respeitar ao princípio da territorialidade. 
Assegurar Direitos de Propriedade Intelectual é crucial para que ideias criativas e 
inovações estejam bem protegidas, a fim de garantir sua exploração comercial. 
 
 
 
 
3.2.1. PORQUE PROTEGER A PROPRIEDADE INTELECTUAL? 
 
Os ativos intelectuais precisam ser legalmente protegidos, como qualquer outra 
propriedade em uma empresa ou instituição, como qualquer outro ativo físico, (conferido 
por uma nota fiscal ou uma escritura e registro de imóvel). É preciso obter a propriedade 
legal sobre uma invenção para poder explorá-la, licenciá-la ou vende-la a terceiros. 
A finalidade dos Direitos de Propriedade Intelectual é coibir o uso, a fabricação, venda 
ou importação de produto similar no âmbito de sua proteção. 
 
3.2.2. O QUE DEVE SER PROTEGIDO? 
Definir os bens intelectuais passíveis de proteção, bem como a forma de proteção 
conferida a cada um destes bens constitui, principalmente, em medida estratégica inerente 
à atividade de gestão da inovação em uma instituição. 
Uma política de proteção aos Direitos de Propriedade Intelectual inclui avaliar o potencial 
inovador e tecnológico e decidir como proteger o conhecimento, utilizando um ou mais 
recursos legalmente possíveis. 
3.2.3. PORQUE SURGIU A PROPRIEDADE INTELECTUAL? 
A aceleração do processo informacional e o desenvolvimento da economia industrial 
passou a exigir, desde o Renascimento, a criação de uma nova categoria de direitos de 
propriedade. Tal se deu, essencialmente, a partir do momento em que a tecnologia passou 
a permitir a reprodução em série de produtos a serem comercializados: além da 
propriedade sobre o produto, a economia passou reconhecer direitos exclusivos sobre a 
ideia de produção, ou mais precisamente, sobre a ideia que permite a reprodução de um 
produto. 
A estes direitos, que resultam sempre numa espécie qualquer de exclusividade de 
reprodução ou emprego de um produto (ou serviço) se dá o nome de “Propriedade 
Intelectual”. Já ao segmento da Propriedade Intelectual que tradicionalmente afeta mais 
diretamente ao interesse da indústria de transformação e do comércio, tal como os direitos 
relativos a marcas e patentes, costuma-se designar por “Propriedade Industrial”. 
Nos países de economia de mercado a propriedade industrial consiste numa série de 
técnicas de controle da concorrência, assegurando o investimento da empresa em seus 
elementos imateriais: seu nome, a marca de seus produtos ou serviços, sua tecnologia, sua 
imagem institucional, etc. 
Assim, quem inventa, por exemplo, uma nova máquina pode solicitar do Estado uma 
patente, que representa a exclusividade do emprego da nova tecnologia - se satisfizer os 
requisitos e se ativer aos limites que a lei impõe. Só o titular da patente tem o direito de 
reproduzir a máquina; e o mesmo ocorre como uso da marca do produto, do nome da 
empresa, etc. 
É de notar-se que, não obstante a expressão “propriedade” ter passado a designar tais 
direitos nos tratados pertinentes e em todas as legislações nacionais, boa parte da doutrina 
econômica a eles se refira como “monopólios”. 
Tal se dá, provavelmente, porque o titular da patente, ou da marca, tem uma espécie de 
monopólio do uso de sua tecnologia ou de seu signo comercial, que difere do monopólio 
stricto sensu pelo fato de ser apenas a exclusividade legal de uma oportunidade comercial 
(do uso da tecnologia, etc.) e não - como no monopólio autêntico - uma exclusividade de 
mercado. Exclusividade a que muito frequentemente se dá o nome de propriedade. 
Seguramente isso acontece porque o estatuto da propriedade tende a ser um dos conjuntos 
mais estáveis de normas de um sistema legal, permitindo a formulação da política de 
longo prazo, aumentando a segurança dos investimentos e direcionando a evolução 
tecnológica para os objetivos que a comunidade elegeu como seus. 
Vale também lembrar que, segundo a Constituição Brasileira vigente, a propriedade, e 
especialmente aquela resultante das patentes e demais direitos industriais, não é absoluta 
- ela só existe em atenção ao seu interesse social e para propiciar o desenvolvimento 
tecnológico e econômico do País. Não há, desta forma, espaço para um sistema neutro ou 
completamente internacionalizado de propriedade industrial no Brasil. 
A tutela dos direitos autorais, de outro lado, não tão ligada, no texto constitucional, às 
claras e específicas raízes nacionais, volta-se aos conceitos de tutela dos direitos da pessoa 
humana, de cunho, assim, natural e universal, ainda que, como toda propriedade, sujeita 
à obrigação de um uso socialmente adequado. 
Não fosse a industrial cultural uma das maiores fontes de ingressos dos países 
desenvolvidos, e um fator estratégico inestimável. A posição dos países europeus e, em 
particular, da França, na longa discussão dos acordos da OMC relativos aos bens culturais 
demonstra, no entanto, que a posição da Carta de 1988, ingenuamente voltada à ideia do 
homem de Rousseau vai, na verdade enfraquecendo os direitos dos criadores nacionais, 
em face de uma cultura global. 
3.2.4. POR QUE É PROPRIEDADE? 
Entende-se, conforme as leis civis de tradição romanística, por propriedade (de bens 
corpóreos) a soma de todos os direitos possíveis, constituídos em relação a uma coisa: é 
a “plena in re potestas” – (pleno poder sobre a coisa). 
Uma definição analítica (como a do nosso Código Civil no Art. 1.228) seria: o direito 
constituído das faculdades de usar a coisa, de tirar dela seus frutos, de dispor dela, e de 
reavê-la do poder de quem injustamente a detenha. Os direitos reais diferentes da 
propriedade seriam exercícios autônomos das faculdades integrantes do domínio, de parte 
deles, ou limitações e modificações. 
A emergência das novas formas de propriedade exige, porém, que se analise tal fenômeno 
jurídico sob o ângulo da estrutura dos direitos em geral, levando em conta, inclusive, a 
natureza dos objetos destes mesmos direitos. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constituição-federal-constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92175/lei-de-direitos-autorais-lei-9610-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constituição-federal-constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/código-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10653373/artigo-1228-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
Em termos muito genérico, propriedade poderia ser definida como “controle jurídico 
sobre bens econômicos”. A palavra controle tem a acepção de regulamento, além da de 
domínio, ou soberania; é a segunda significação que cabe ao conceito ora expresso [4]. 
Falando dos fundamentos de uma economia de mercado, Jaquemim e Schrans [6] 
lembram: 
"Em geral, um bem não adquire uma utilidade econômica, ou ainda, uma coisa não se 
converte em bem, senão graças aos direitos que se têm sobre ela. Assim, uma certa forma 
de propriedade está na base das trocas. Esta propriedade confere, com efeito, um controle 
do bem ou do serviço, de forma que haja uma relação entre o fato de adquirir e o de dispor. 
Assegura a possibilidade de excluir, até certo grau, a utilização por outrem. Além disso, 
comporta o direito de ser transferida. Quanto mais estritos são os princípios de 
exclusividade e de transferência da propriedade de um bem, mais o valor comercial desse 
bem tenderá a subir. Em suma, o verdadeiro bem é menos a coisa do que os próprios 
direitos." 
As características econômicas da propriedade serão, assim, o controle sobre o bem 
(inclusive o bem-serviço), e a possibilidade de excluir a utilização por outrem. 
Mas a tradiçãotem reservado a palavra “propriedade” ao controle sobre coisas, ou bens 
tangíveis; por uma extensão relativamente moderna, admite-se falar de propriedade 
intelectual, propriedade industrial, propriedade comercial, etc., para descrever direitos 
exercidos com relação a certos bens intangíveis. 
3.2.4.1. PROPRIEDADE E FUNÇÃO 
O contexto da instituição jurídica da propriedade mudou radicalmente desde a noção 
romana da “plena in re potestas”. Esculpida como um direito-função, com fins 
determinados, confiada a cada titular para realização de objetivos socialmente 
importantes, a propriedade em geral tem seu estilo novo desenho no Código Civil de 2002 
da seguinte forma: 
Art. 1.228 do CC - O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o 
direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.. 
§ 1º - O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades 
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o 
estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e 
o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. 
§ 2º - São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou 
utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. 
§ 3º - O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por 
necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso 
de perigo público iminente. (...) 
A raiz histórica e os fundamentos constitucionais da propriedade intelectual são muito 
menos naturais e muito mais complexos do que a da propriedade romanística; como se 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/código-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10653373/artigo-1228-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/código-civil-lei-10406-02
verá, disto resulta que – em todas suas modalidades – a propriedade intelectual é ainda 
mais funcional, ainda mais condicionada, ainda mais socialmente responsável, e 
seguramente muito menos plena do que qualquer outra forma de propriedade. 
3.2.5. A QUESTÃO DA EXCLUSIVIDADE 
O “controle jurídico” de que fala o conceito inicialmente proposto é melhor expresso pela 
palavra “poder”; o poder de ação, conferido pela ordem jurídica a uma pessoa, para que 
possa alcançar um interesse próprio é o direito subjetivo. Costuma-se analisar tal noção 
de forma a evidenciar a existência de um sujeito ativo, que detém o poder; de um sujeito 
passivo, a quem cabe um dever; de uma relação jurídica entre os dois pólos subjetivos; e 
de um bem, objeto desta relação. 
Este poder de agir por vezes se exerce sobre um sujeito passivo determinado, cujo dever, 
além da obrigação genérica de respeitar o poder do polo ativo, é de realizar uma prestação, 
uma atividade positiva ou negativa. Tal atividade é, ao mesmo tempo, o objeto da relação, 
e a forma de se executar o poder. Quando se dá, da maneira descrita, uma coincidência 
entre dever do sujeito passivo e o objeto do poder, tem-se o direito subjetivo de crédito. 
Quando a atividade negativa de um sujeito determinado consiste em abster-se perante o 
exercício do poder do sujeito ativo, têm-se os chamados direitos potestativos que são 
direitos subjetivos de crédito cujo conteúdo se esgota no próprio poder [8]. 
A noção de “direitos exclusivos” merece reflexão especial. Pontes de Miranda [9], ao 
tratar exatamente do segredo de fábrica, refere-se à eficácia “erga omnes, mas não real” 
daquela figura jurídica. Ao usar tal expressão, algo paradoxal, o autor reconhecia que há 
no caso eficácia absoluta (erga omnes) mas não um poder de excluir terceiros com os 
mesmos direitos erga omnes (por exemplo, o de ter a oportunidade de usar uma estrada 
pública), ou seja, não é um direito exclusivo [2]. Os direitos de oportunidade são todos 
deste tipo, pressupondo um bem-meio (a oportunidade) e um bem-fim (a estrada pública); 
a existência ou não de exclusividade refere-se, de fato, ao bem-fim, pois o bem-meio será 
sempre exclusivo, sob pena de inexistir direito erga omnes. 
Os direitos absolutos podem, assim, ser exclusivos ou não exclusivos conforme seja 
materialmente ou juridicamente impossível fazer incidir outros direitos idênticos sobre 
um mesmo bem-fim. Em se tratando de bens corpóreos patrimoniais, os atributos físicos 
de individualidade e atualidade (“corporales sunt quae sunt”, no dizer de Cícero), se 
acrescidos pelo propósito de apropriação, transformam o direito absoluto em exclusivo. 
Tais são os chamados direitos reais, cujos predicados de sequela e transferência podem 
ser explicados pela natureza do direito (absoluto), pelas qualificações do objeto 
(individualizado e atual) e pelo objetivo da apropriação. Quando ao poder do sujeito ativo 
não corresponde um dever, específico, de nenhum sujeito ativo, a não ser aquele de 
respeitar a juridicidade do exercício do mesmo poder, há um direito absoluto. 
Concebe-se, também, que haja, poderes que não se exercitem em interesse próprio, mas 
para atender objetivos ao menos parcialmente alheios. É o caso do poder tutelar, do poder 
marital, e do exercício da jurisdição pelo magistrado: são poderes-função, em que existe 
um dever-poder, um exercício não voluntário de um poder de agir. Tais poderes não serão 
direitos subjetivos, mas potestades. 
Entre os direitos de conteúdo não patrimonial, são absolutos e exclusivos os de 
personalidade, os políticos, os chamados direitos humanos, etc.. De outro lado, são 
insuscetíveis de direitos exclusivos a “res communes omnium” tais como as vias públicas, 
ou o mercado (o espaço jurídico onde se tecem as relações econômica); as coisas ou bens 
de uso inexaurível, como o ar atmosférico, que no entanto se transformam em objetos 
possíveis de direito exclusivo se parceladas e individualizadas; e todos os bens 
inapropriáveis, em relação àquelas pessoas que não podem apropriar-se deles [1]. 
Os bens, produtos da inventiva industrial ou da criação estética, denominados usualmente 
imateriais, carecem dos atributos das coisas corpóreas, objeto natural dos direitos reais: 
não são individualizadas e atuais, no sentido de que podem ser reproduzidos ou recriados 
por uma outra pessoa, diversa do criador original. 
Embora suscetíveis de serem objetos de direitos absolutos exclusivos, esta exclusividade 
não impede, a rigor, a reprodução ou a recriação, que são processos de produzir objetos 
idênticos, mas diferentes [5]. Por ficção, o Direito tem atribuído a tais bens as mesmas 
qualidades das coisas sob direito real, fazendo prevalecer a exclusividade do direito 
mesmo sobre bens idênticos de criação absolutamente autônoma. 
NOTAS 
[1] Bevilacqua, op. Cit. P. 221. 
[2] Carvalho Santos,Código Civil de 19166 Interpretado, vol. II, 1964, pg. 154. 
Jurisprudência RJ 468/87-88. 
[3] Chisum e Jacobs, Understanding Intellectual Property Law, Matthew Bender 1992, 
p. 6-1 a 6-90. 
[4] Fábio Konder Comparato, O Poder de Controle nas S. A., Ed. Revista dos 
Tribunais, 1976, pg. 11. 
[5] Hegel, Principes de Philosophie du Droit, Gallimard, 1963, pg. 127. 
[6] Jaquemim e Schrans, O Direito Econômico. Ed. Vega (Lisboa) pg. 13. 
[7] Stephen P.. Ladas, The International Protection of Literary and Artistic Property 9-
10 (1938), Arpad Bogsch, The First Hundred Years of the Paris Convention for the 
Protection of Industrial Property, 19 Indus.. Prop.. 191 (1983); Arpad Bogsch, The First 
Hundred Years of the Berne, Convention for the Protection of Literary and Artistic 
Works, 22 Copyright (W.. I.. P.. O..) 291 (1986). 
[8] Passarelli: op. Cit. Pg. 50s 0seg. 
[9] Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado, vol. XVI, § 2005. Borzoi Ed. 1971. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
Jungmann, D. M. A caminho da inovação: proteção e negócios com bens de 
propriedade intelectual:guia para o empresário /Diana de Mello Jungmann, Esther 
Aquemi Bonetti. – Brasília: IEL, 2010. 125 p.: il. ISBN 978-85-87257-49-9. 
Bastos, Aurélio Wander. Dicionário de Propriedade industrial e assuntos conexos, 
Aurélio Wander Bastos. 1997. Ed lúmen júris. Pg. 69, 73, 77 e 209. 
Vieira, A. C. P. E A. M. Buainain, Propriedade intelectual, biotecnologia e proteção 
de cultivaes no âmbito agropecuário. Livro Biotecnologia e recursos genéticos desafios 
e oportunidades para o Brasil. Finep. 2006. 
 
Artigo criado, editado e elaborado por Carlos Eduardo Vanin, fruto de imensurável 
pesquisa, sendo realizada e construída a partir de estudos, debates e longas 
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 IASC (International Accounting Standards Committee) - criado na década de 70, países 
europeus. 
 IAS (International Accounting Standard/ Normas Internacionais de Contabilidade) - 
primeiros pronunciamentos contábeis. 
 IASB (International Accounting Standards Board) – criado em 2001 com objetivo de 
melhorar a estrutura técnica. 
 IFRS (International Financial Reporting Standard) - novos pronunciamentos 
internacionais emitidos pelo IASB 
 As normas IFRS foram adotadas pelos países da União Europeia a partir de 2006 com 
o objetivo de harmonizar as demonstrações financeiras das Cias abertas europeias. 
 FASB (Financial Accounting Standards Board) – criado na década de 70, EUA 
 SFAS (Statement of Financial Accounting Standards - pronunciamentos internacionais 
emitidos pelo FASB 
 Vários países estão em fase de convergência para as normas IFRS, inclusive o Brasil e 
EUA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Comércio de Tecnologia: Aspectos Jurídicos - Transferência, Licença E Know How 
 
Denis Borges Barbosa (1988) 
 
O que é Transferência de Tecnologia 
 Em 1978 o Departamento de Estado Americano patrocinou uma pesquisa junto a 120 
multinacionais daquele país para determinar a posição da comunidade empresarial quanto 
ao processo de transferência de tecnologia. Os resultados, reunidos em quatro alentados 
volumes, 1/ permitem estabelecer o que o supridor americano concebe como tecnologia 
e o que toma como sendo sua transferência. 
A definição de tecnologia é a seguinte: 
"Technology is defined for this project as all the knowledge 
necessary for the productive functioning of an enterprise. The 
term can embrace hardware, such as factories, machines, 
products, and infrastructures (laboratories, roads, water 
distribution systems, storage facilities) and software, including 
non-material ingredient such as know how, experience, 
organizational forms, knowledge, and education. It is a dynamic, 
continuing, sequential, and complex process." 
Já de início se percebe que, segundo tal perspectiva, tecnologia é algo intrínseco à 
atividade empresarial, o fator cognitivo da produção da empresa. Não se trata, pelo menos 
diretamente, de um bem intelectual comunitário, ou nacional, que vise o bem do homem 
ou o progresso dos povos, a não ser na medida em que a empresa é considerada como o 
meio ótimo de alcançar tais objetivos. 
Em segundo lugar existe a noção de que a tecnologia se apresenta de duas formas: a 
incorporada em bens materiais, e a existente em estado puramente intelectual. Tal 
distinção é comum mesmo entre certos autores não ligados ao sistema empresarial. 
O estudo se dedica, em seguida a dar noções do que seja know how: 
"Know how is considered by a good number of firms to be one of 
the most valuable types of technology since it is the accumulation 
of many years of experience. This is often the least apreciated of 
all forms of technology by developing countries." 
A observação final é interessante e atinge o ponto central do nosso trabalho. 
O passo seguinte é precisar o que seja transferência de tecnologia: 
"Transfer occurs when knowledge is conveyed from one person 
to another. It can occur by means of licenses; direct investment in 
wholly, majority, or minority foreign owned ventures; techinical 
assistance; management contracts; consulting; trademarks; turn-
key contracts; individuals, general education. Technology can be 
sucessfully transferred to a variety of users, by a variety of 
methods, for a multitude of types of activities and reasons. 
Transfer does not necessarily mean the permanent transfer of 
ownership of a technology; it often refers to a temporary transfer 
of the right to use a technology for a limited period under certain 
conditions but with the technology still under control of the firm 
that developed it." 
A noção, neste ponto, é particularmente rica. Em primeiro lugar, a transferência é definida 
como mera comunicação ("convey" sendo repasse) e não mudança de título. Como pouco 
adiante no texto se enfatiza, transferir tecnologia, na perspectiva das empresas 
multinacionais, não significa transferir a propriedade da mesma. 
Deve-se notar que noção de "transferência" como transferência de propriedade é a 
predominante na prática do INPI. 2/ Além disto, a jurisprudência do INPI exige, para que 
haja transferência: 
a) que não haja a tecnologia já no país. 3/ 
b) que importe em aumento da capacidade de produção da receptora. 4/ 
c) que haja responsabilidade da supridora pela tecnologia. 4/ 
d) que haja absorção ou autonomia. 5/ 
e) que o bem transmitido seja de natureza imaterial (não se admitindo a tese da tecnologia 
implícita do hardware). 6/ 
Finalmente, a prática mais recente do Instituto só entende que há transferência de 
tecnologia se a mesma é transmitida para fora do mesmo grupo econômico. 
Nossa definição anterior leva em conta tais parâmetros. 7/ 
Em segundo lugar, concebe-se que a transferência se faça por veículos que extravasam os 
dois objetos de nosso Trabalho. No texto, "licenses" inclui tanto a licença de patentes 
como várias formas de contrato de know how. A par de tais contratos, nota-se que se 
entende o investimento direto, os contratos de assistência técnica (como sendo algo 
diverso do know how), as marcas, os acordos de consultoria técnica, contratos turnkey e 
até a educação não específica como meios de transferência do fator cognitivo da atividade 
empresarial. 
Nem sempre os autores definem tecnologia como algo tão vinculado, de um lado, à 
produção de bens e serviços para o mercado e, de outro, à empresa. Tomando tecnologia 
como expressão geral de cultura, já se definiu: 
 
"La tecnologia puede definirse como el conjunto de instrumentos, 
herramientas, elementos, conceimientos técnicos y habilidades 
que se utilizam para satisfacer las necesidades de la comunidad y 
para aumentar su dominio sobre el medio ambiente". 8/ 
O objeto de nosso estudo, porém, não é este valor antropológico vasto, mas aquele bemque, em teoria ou na prática, é transferido através das licenças de patente ou dos contratos 
de know how. 9/ Em outras palavras, interessa-nos a tecnologia enquanto objeto de 
comércio, um bem que, intrínseco a uma unidade de produção, é repassado a outra 
unidade, de produção em condições comerciais. 
A tecnologia, em tais condições, assume características especiais. Não se fala mais de um 
fluxo de conhecimento, mas de uma mercadoria: 
"Sendo uma mercadoria, a tecnologia comporta-se-á como tal. 
Apesar da maior parte da tecnologia não ser produzida para a 
troca, pode ser negociada quando uma oportunidade econômica 
se apresenta. É importante adicionar a este respeito, a tendência 
mais recente de produção de tecnologias por si mesma; i.e, o 
emprego de tecnologia para a produção de novas tecnologias. 
Começam a aparecer institutos de investigação com objetivo de 
produzir tecnologia para seus clientes e compradores - 
verdadeiras empresas de tecnologia". 10/ 
Similarmente, é necessário apurar a noção de Transferência de tecnologia, para efeitos de 
nosso Trabalho: 
"Em primeiro lugar, transferência não é o termo empregado 
quando transacionamos; mercadorias, seja nacional ou 
internacionalmente. Logo percebemos que, ao tratarmos do 
Comércio de Tecnologia, estamos tratando de estudar um 
mercado, definir suas regras e leis de comportamento. 
(...) Substancialmente, Transferência e Comércio podem estar 
totalmente dissociados. É possível, por exemplo, através de 
convênios governamentais, existirem situações em que a 
transferência tecnológica acontece sem o comércio, como 
também é viável no comércio inexistir a transferência. Este 
segundo aspecto, aliás, tem sido a preocupação de inúmeros 
autores, principalmente quando demonstram as imperfeições de 
mercado internacional de tecnologia”. 
Contudo, o conceito de Comércio de Tecnologia, conforme aqui empregado, está atrelado 
à categoria Tecnologia, como foi conceituada. O enfoque, desta maneira, é 
exclusivamente sobre a chamada tecnologia explícita, sem qualquer menção à tecnologia 
implícita, nos termos que vem sendo usualmente utilizado. Para alguns, tecnologia 
implícita é aquela incorporada a outras mercadorias, em geral com ênfase em bens de 
capital. Esse aspecto pode servir para definir o estado das artes, mas obscurece, em geral, 
a questão da Transferência e, principalmente, do Comércio de Tecnologia. 11/ 
Assim sendo, a Transferência de Tecnologia a qual o título deste trabalho se remete é um 
processo de comercialização de um bem que se constitui em fator cognitivo da atividade 
empresarial. As conclusões que se extraem de nosso estudo estão, desta feita, limitadas 
ao contexto restrito de um negócio efetuado entre duas empresas, numa economia em que 
o mercado, seja interno, seja internacional, representa um fator dominante. 
Duas observações importantes de fazem necessárias neste passo. Em primeiro lugar, a 
consideração de que a tecnologia de que se fala implica num sistema de propriedade, em 
que se estruture o valor e a necessidade da mercadoria comercializada. 
Comércio sem transferência, leia-se, sem passagem de propriedade. 12/ Nem sempre as 
relações de propriedade se exercem sobre o bem transferido: quem contrata a prestação 
de um serviço de treinamento não recebe nenhum item sobre o qual possa exercer uma 
exclusividade de direito, nem tinha tal exclusividade o prestador. 
Em outros casos, há propriedade (ou mais propriamente, exclusividade de direito) sobre 
o objeto do contrato, por exemplo, quando se transmite o direito de explorar uma 
tecnologia patenteada; em outros, há um tipo de proteção jurídica de efeitos próximos a 
da propriedade, como quando se transfere um conjunto de conhecimentos de que o 
supridor disponha em condições de exclusividade de fato, total ou relativa, a qual o 
Direito reconheça legitimidade: o know how. Em todas as hipóteses, porém, há um 
sistema de propriedade, ou de exclusividade de fato reconhecida como legítima, dos bens 
de produção das empresas envolvidas no negócio. 
Definindo-se propriedade, não como o poder absoluto sobre a coisa, à maneira de Code 
Napoleon, mas como a indisponibilidade legal de terceiros sobre bens que o direito dá a 
alguns o poder de usar, 13/ pode-se dizer que só há transferência de tecnologia se há 
propriedade da tecnologia que se define como mercadoria. Num universo anômico, em 
que lei nenhuma proibisse o uso de todas tecnologias existentes por qualquer interessado, 
inclusive através da penetração forçada na intimidade das empresas para extrair seu 
modelo específico de produção, não haveria espaço para o comércio de tecnologia; é de 
se perguntar, inclusive, se haveria tecnologia a se comerciar. 
Em segundo lugar, é preciso enfatizar que o comércio de tecnologia entre empresas do 
mundo desenvolvido e as do mundo em desenvolvimento se perfaz em condições 
especiais. Diferentemente das transferências que se concluem entre empresas europeias e 
americanas, processo simples de acasalamento entre unidades de produção atuando no 
mesmo contexto econômico, social e cultural, a empresa brasileira recebe da fornecedora 
americana algo que lhe chega como enxerto. 
Nas transferências entre empresas do primeiro mundo, a tecnologia objeto do negócio 
pode ser tomada como base de um processo de geração de novas tecnologias: a 
comunidade científica e a estrutura empresarial estão aptas a prover uma concorrência 
tecnológica, através da geração de conhecimentos voltados para a produção, na qual o 
novo item se incorpora. A tecnologia transferida constitui em um fator de produção de 
tecnologia nova. 
No caso da transferência para empresas do terceiro mundo, a tecnologia surge como, 
somente, um fator de produção de bens e serviços: 
"En el caso de los países en desarrollo no se puede hablar 
propiamente de transferencia de tecnologia porque generalmente 
la compra de las técnicas necesarias para un determinado proceso 
productivo, constituye sólo un insumo mas para sus adquirentes; 
existe una pseudo transferencia, usando la terminologia de Sachs. 
Esto significa que ne hay una asimilación de la tecnologia, que 
ella no se incorpora al bagaje intelectual del adquirente y que las 
posibilidades de perfeccionamiento y adaptación son muy 
limitadas. Más aún, en determinadas circunstancias la tecnologia 
no puede ser utilizada una vez expirado el contrato, ni siquiere 
como un simple insumo de la prducción. Por ello se puede hablar 
más propiamente del arrendamiento de um factor de producción, 
más que de una "transferencia." 14/ 
Assim, e retomando a imagem anterior, o acasalamento entre a empresa do primeiro e a 
do terceiro mundo dá, via de regra, um animal que, mesmo se eficaz como uma mula, 
como uma mula é incapaz de reproduzir-se. O comércio de puros-sangues reprodutores e 
o de mulas tende a ser um tanto diverso. 
 
O que é uma licença 
Uma patente é um direito, conferido pelo Estado, que dá ao seu titular a exclusividade da 
exploração de uma tecnologia. Como contrapartida pela divulgação dos pontos essenciais 
do invento, a lei dá ao titular da patente um direito limitado no tempo, no pressuposto de 
que é socialmente mais produtiva em tais condições a troca da exclusividade de fato (a 
do segredo da tecnologia) pela exclusividade de direito. 
O titular de uma patente, como o dono de um apartamento, tem meios legais de impedir 
o uso do objeto de seu direito por qualquer pessoa não autorizada: ninguém pode invadir 
o imóvel, ou explorar uma tecnologia patenteada, sem dar conta de seus atos segundo o 
que a lei dispões. Isto é o mesmo que dizer que os direitos decorrentes de uma patente, 
como os resultantes da propriedade dos bens materiais, se exercem, indistintamente, 
contra todas as pessoas: e a ninguém é facultado esbulhar apartamentos ou violar patentes. 
A licença é precisamente uma autorização, dada por quem tem o direitosobre a patente, 
para que uma pessoa faça uso do objeto do privilégio. Esta autorização tem um aspecto 
puramente negativo: o titular da patente promete não empregar os seus poderes legais 
para proibir a pessoa autorizada do uso do objeto da patente. Tem, porém, um aspecto 
positivo, qual seja, o titular dá ao licenciado o direito de explorar o objeto da patente, com 
todos os poderes, instrumentos e meios que disto decorram. 
Enfatizando um ou outro aspecto, os vários sistemas jurídicos veem a licença como um 
contrato aproximado ao de locação de bens materiais, ou, se tomado o lado negativo, 
como uma promessa formal de não processar a pessoa autorizada por violação de 
privilégio. Neste último sentido, o direito americano 15/ e determinados autores jurídicos. 
16/ A corrente que favorece a aproximação entre licença 17/, por sua vez, exige do 
licenciador o cumprimento de uma série de obrigações, que configuram o contrato como 
de natureza substantiva: quem loca tem de dar o apartamento em condições de moradia. 
A esta última corrente se filia o Direito da Propriedade Industrial no Brasil (vide AN INPI 
17/76, 13 e 15). 
Outros autores vão mais além e, não se restringindo ao paralelo com a locação, percebem 
na licença a natureza complexa que resulta do caráter associativo do licenciamento. 18/ 
Ao se comprometer a não disputar um mercado com o seu licenciado (ou a permitir que 
ele o dispute) o licenciador estabelece uma relação de repartição de benefícios que se 
aproxima da sociedade; a similitude se acentua quando o contrato prevê a transmissão de 
conhecimentos técnicos complementares, know how ou assistência técnica. 
Na verdade, as diferentes perspectivas enfatizam modos diversos de explorar a patente, 
em contextos empresariais distintos. Num quadro de concorrência tecnológica perfeita, 
com os participantes do mercado aptos a extrair toda tecnologia necessária de sua própria 
experiência, somada aos documentos publicados da patente, a licença pode funcionar 
como uma simples promessa de não processar o licenciado em juízo por violação de 
direitos. No caso de o licenciado e o licenciador terem capacitação tecnológica diversa, a 
licença deve ser substantiva para ser útil. Se licenciado e licenciador repartem, atual ou 
potencialmente, um mercado, a licença se configura como associação ou como um 
método de concentração industrial. 19/ 
Desvestida de toda complexidade, porém, a licença pressupõe um direito cujo exercício 
pode privar o licenciado da exploração da tecnologia, mesmo que dela tivesse inteiro 
conhecimento, e uma autorização para a exploração, dada por quem tem este direito. A 
natureza do direito, concedido pelo Estado e oponível contra todos indistintamente, é que 
caracteriza a licença. 20/ 
A Licença sem royalties, acompanhando o mesmo raciocínio, se assemelharia ao 
comodato. 
Uma licença pode ser simples ou exclusiva; aquela é a autorização de exploração, sem 
que o licenciador assuma o compromisso de não mais explorar direta ou indiretamente o 
objeto do privilégio. A licença exclusiva, que implica em renúncia do direito de 
exploração por parte do licenciador 21/, se aproxima economicamente da venda do 
direito, embora juridicamente o licenciador continue como titular do privilégio. Existem, 
igualmente, licenças parciais, que se limitam a autorizar a exploração de parte do direito 
(e.g.; só a exclusividade de fabricação na máquina, mas não do uso do processo) as quais, 
no entanto, dão frequentemente oportunidade para práticas de abuso de poder econômico 
e de repartições de mercado. 22/ 
É necessário lembrar neste ponto, o princípio da independência das patentes: cada Estado 
emite suas próprias patentes, que têm validade em seu território. 23/ Não há patente 
internacional, e nem tem qualquer valor a patente estrangeira. Assim, a licença tem de se 
referir a cada uma destas patentes nacionais, sem que uma concessão para um país 
implique em licença parcial. 24/ 
A característica das patentes, de impedirem o uso da tecnologia mesmo por quem dela já 
disponha, faz da licença um instrumento primordial para a concentração e coordenação 
industrial. A administração em pool das patentes de um determinado setor econômico, 
afirmando o poder de mercado dos participantes do pool, é um meio poderoso de 
cartelização e de exercício do poder econômico 25/, e se perfaz através de uma rede de 
licenças cruzadas (cross licensing). Apreciaremos, mais adiante, a utilização das licenças 
como meios de exercício abusivo de direitos e de poder econômico. 
Da licença se distingue a cessão de patentes, contrato em que o titular transfere o direito 
de exclusividade, como um todo, e não só seu exercício - como no caso da licença. 26/ 
O que é um Contrato de Know How 
Enquanto que a definição de licença parte da definição da patente, como uma 
exclusividade de direito, o contrato de know how presume uma situação de fato. Há uma 
empresa que tem conhecimentos técnicos e de outra natureza, que lhe dão vantagem na 
concorrência, seja para entrar no mercado, seja para disputá-lo em condições favoráveis; 
e há outra, que não dispõe destes conhecimentos. O contrato visa suprir a segunda 
empresa com os conhecimentos que lhe faltam, habilitando-a ao mercado. 
Algumas vezes, como visto, os contratos de know how se agregam a licença de patentes 
e, de outro lado, nas licenças de patentes nas licenças substantivas existe uma parcela de 
transmissão de conhecimentos, a par da simples autorização. O que caracteriza a natureza 
do contrato, no entanto, é o bem que ele torna disponível à parte adquirente: num caso é 
o direito de disputar o mercado, com o uso de uma tecnologia, no outro são certas 
condições de fato necessárias para competir em tal mercado. 
Mas é preciso mais para distinguir o contrato de know how de outros acordos similares, 
como os de consultoria, engenharia, etc. No contrato de know how, o supridor dos 
conhecimentos não só informa e treina o recipiente, mas repassa a este uma parcela de 
seu próprio mercado, atual ou potencial. A indústria de papel desenvolve uma técnica 
especial de produzir e vender seu produto, que lhe dá vantagens sobre os competidores; 
se ela ensina a um competidor como usar seus métodos, divide com ele sua vantagem. A 
empresa de engenharia, que está no negócio de fazer projetos, provê a indústria de papel 
com informações necessárias ao seu funcionamento, mas nem por isso cede parcela de 
seu poder de mercado. 27/ 
O know how, cuja transmissão é objeto do contrato, é o corpo de conhecimentos, técnicos 
e de outra natureza, necessários para dar a uma empresa acesso, manetenção ou vantagem 
no seu próprio mercado. Esta vantagem poderia ser obtida por outras formas: 
concentração de meios financeiros, situação legal privilegiada, capacitação dos 
dirigentes, acesso a fontes de matéria prima, poder político, etc. No entanto, toda vez que 
o acesso, manutenção ou vantagem no mercado de uma empresa resultam da maneira que 
ela se estrutura para produzir, no plano técnico, administrativo, comercial, etc., o modelo 
desta micro-estrutura de produção é o objeto do know how. O know how, é assim, o 
conjunto de conhecimentos disponíveis a respeito do modelo de produção específico de 
uma empresa, 28/ que lhe permite ter acesso a um mercado, manter-se nela, ou nele 
desfrutar vantagens em relação a seus competidores. 
O que o contrato transmite é, na maior parte das vezes, uma parecela do know how da 
empresa supridora, em particular o conhecimento de certos segmentos da estrutura técnica 
de produção (know how técnico). Ao efetuar tal transmissão, o contrato visa dar à 
recipiente uma oportunidade comercial, que resulta do fato da repartição, entre supridora 
e recipiente, dos meios de aceder, manter-se ou ter vantagens no mercado comum a elas. 
Em outras palavras, comunicar-se um corpo de conhecimentos para se obter uma 
oportunidade comercial.

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