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modificações gravídicas Na gravidez, ocorrem mudanças no organismo materno anatômicas e funcionais (a nível molecular, bioquímico, celular, tecidual e hormonal) que se iniciam desde a 1ª sem. de gestação e algumas das modificações permanecem até os primeiros dias do pós-parto, com exceção das mamas, pois após o parto há a lactogênese (amamentação). Tudo isso para a adaptação, manutenção e desenvolvimento harmônico da gestação. Essas modificações podem ser: LOCAIS - Órgãos genitais e mamas. GERAIS - Demais sistemas: digestivo, urinário, respiratório, nervoso, esquelético, pele e anexos. Conhecer essas modificações é importante para saber reconhecer os desvios de normalidade. alterações hormonais As alterações hormonais envolvem 3 principais hormônios: · Estrogênio; - Aumenta gradativamente, podendo estabilizar, mas não tem queda como a progesterona. · Progesterona; - Aumenta gradativamente e por volta da 36ª semana começa a diminuir. · Gonodatrofina coriônica. - É o hormônio da gestação. - Tem um pico por volta da 10ª semana e após diminui até o final da gestação. PLACENTA: hoje é considerado um órgão endócrino, capaz de produzir qualquer hormônio, desde que necessário. metabolismo materno na gestação · Início até 24 sem.: anabolismo materno. · > 24 sem: anabolismo fetal às custas do catabolismo materno. modificações sistema cardiovascular CORAÇÃO: · Aumento do vol. Sistólico · Aumento da FC (15-20bpm) · Deslocamento do coração para cima e para esquerda: o útero aumenta, empurra o diafragma e o coração se desloca p/ cima e p/ esquerda. - No rx, pode ser confundido com uma cardiomegalia, porém é apenas uma alteração fisiológica da gestação. · Sopro sistólico no foco mitral: fisiológico na gestação por conta do ↑ volume circulante que gera ↑ DC, também pela diminuição da viscosidade sg. · Extra-sístole ventricular: não é sempre que ocorre. · Taquicardia paroxística supraventricular · Alterações no ECG: onda T, Q e segmento ST, desvio do eixo cardíaco de 15-20 graus. DC: · O DC aumenta em torno de 50%, principalmente após a 5ª sem. de gestação, por volta da 24ª sem. ele estabiliza e volta a aumentar logo após o pós-parto imediato. · Posição supina: diminui o DC em 25-50% RVP: · Vasodilatação sistêmica e shunt arterio-placentário (placenta com útero) gera ↓ RVP. · Refratariedade vascular sistêmica à ação da angiotesina II e das catecolaminas. · Aumento do fluxo sg para pele, mamas, útero e rins. · Diminuição do fluxo sg p/ MMII. - Importante saber que a ↓ da Rvp ocorre principalmente pelo shunt arterio-placentário. PRESSÃO ARTERIAL: · A PA ↓ muito no 2º trimestre · ↓ PAS em 3-5 mmHg · ↓ PAD em 5-15 mmHg Importante para diagnosticar casos de pré-eclâmpsia (↑PA), que normalmente ocorre no 2º trimestre de gestação. RESUMO DAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES NA GESTAÇÃO: · ↑FC; · ↑ Volume plasmático; · ↑ DC; · Alteração da PA. hematológicas VOLUME PLASMÁTICO · ↑ volume plasmático em 45-50% a partir da 6ª semana e pico em 30-40s. - Precisa aumentar pois agora o sangue precisa ir para o corpo da mãe e do bb. · Hipervolemia: a gestante é hipervolêmica, porém como ocorre ↓ da viscosidade sg ela se torna hemodiluída fisiologicamente. - Gestante é hemodiluída e quando tiver ↑ PA ela vai ser hemoconcentrada. · Ação do sistema renina-angiotensina-aldosterona ERITRÓCITOS · ↑ 30% dos eritrócitos (↑ demanda de O2 então consequentemente precisa ↑ os eritrócitos para carregar o O2). · ↑ eritropoietina. · Anemia fisiológica por ser hemodiliuída (Hb < 11 mg/dL). LEUCÓCITOS · Leucocitose relativa (sem desvio a E) – aumento dos glóbulos brancos (em uma pessoa não gravídica poderia indicar infecção, mas na gestante ocorre fisiologicamente). · Supressão da imunidade celular e humoral (para não reconhecer o feto como corpo estranho). · ↑ PCR. · ↑ VHS. FATORES DE COAGULAÇÃO · Todos os fatores de coagulação estão aumentados, exceto as plaquetas, por isso diz-se que as gestantes são trombogênicas (risco aumentado de trombose): · ↑ fibrinogênio e dímero D; · ↑ agentes pró-coagulantes; · ↑ fatores VII, VIII, IX e Von Willebrand; · ↑ resistência dos anticoagulantes endógenos; · Maior predisposição a TNP, TEP e CIVD. · ↓ discreta das plaquetas. sistema respiratório · Ingurgitamento e edema da mucosa nasal; · Elevação do diafragma comprime o pulmão diminui a complacência pulmonar diminui a capacidade pulmonar: a gestante tem respiração mais ofegante. · Broncodilatação; · Aumento da caixa torácica; - O aumento do útero promove a elevação do diafragma e altera a angulação do esterno, isso gera aumento da caixa do tórax em cerca de 5-7 cm. É visível ao raio-x. snc Progesteronahormônio do zen. · Discretas alterações de memória e concentração; · Sonolência (por conta da progesterona e da alcalose respiratória compensatória por conta da complacência pulmonar); · Modificação do psiquismo – ocorre um pouco de perda da percepção, a emoção desencadeada pode ser diferente da esperada. · Diminuição da memória verbal e velocidade de processamento; sistema urinário · Hipertrofia renal; · ↑ 50-80% do fluxo plasmático renal – se aumenta a volemia, consequentemente tem que aumentar o fluxo plasmático e a TFG. · ↑ 40-50% TFG: diminuição da ureia, creatinina e glicosúria. · Compressão e obstrução do ureter: ocorre pelo crescimento do útero. Isso gera hidronefrose renal direita discreta, pois é do lado D que é comprimido. Após a gravidez, essa hidronefrose se normaliza. · ↓ tônus vesical por conta da progesterona e isso aumenta as chances de ITU. sistema gastrointestinal · Constipação: a progesterona diminui o peristaltismo. · Náuseas, vômito, sialorreia; · Pirose (↓ tônus + relaxamento do esfíncter + deslocamento do estômago e ↑ da PIA) · Hipertrofia e hipervascularização da gengiva: ocorre sangramento da gengiva. Epulis da gestação (hipertrofia local da gengiva formando um pequeno nódulo), não tem indicação cirúrgica, se resolve após a gestação. · ↑ FA (fosfatase alcalina); · ↓ albumina; · Alteração da motilidade da vesícula: aumenta o risco de litíase. metabólico · Ganho ponderal; · Retenção hídrica; · ↑ proteínas e ↓ albumina; · Hiperinsulinemia (aumenta a resistência à insulina, pois a gestante precisa nutrir o feto), hipoglicemia de jejum, hiperglicemia pós-prandial; · ↑ lipídeos; · ↑ sódio, ↓ cálcio total e ↓ iodo; · ↑ necessidade de ferro; - No início da gestação não suplementa ferro, pois sua reserva é suficiente para ela e para o bebê. A partir do segundo trimestre, torna-se insuficiente e inicia-se a suplementação. · Alcalose metabólica por hiperventilação. sistema endócrino · Aumento dos hormônios por conta da placenta que produz. CAMILA QUEVEDO - PRL (prolactina); - GH; - ACTH; - MSH; - Ocitocina (parto); - T3 e T4 e FT4 (1º trim.); - PTH (discreto no 3º trim.); - Cortisol; - Aldosterona; - Andostenediona; - Relaxina; - Estrogênio; - Progesterona; - Testosterona; Não precisa decorar tudo, mas saber os que diminuem. · Redução dos hormônios: - TSH (principal); seu VR na gestação é menor (2,5). - FSH; - LH; - PTH (1º trim.); - SDHEA; · Níveis mantidos dos hormônios - ADH - FT4 (2º e 3º trim.) OSTEOARTICULAR · Hiperlordose lombar; - A mama e a barriga crescem, alterando o eixo gravitacional da gestante, que fica com uma tendencia a cair para frente. Para evitar isso, ela desloca as costas para trás e para isso precisa abrir as pernas para manter o equilíbrio. · Marcha anserina; · Compressão radicular; · Lombalgia; · Desconforto e dormência nos MMSS; · Maior mobilidade das articulações pélvicas: preparação para o parto, a progesterona faz isso; · Relaxamento dos ligamentos articulares: preparação para o parto. Mudança do eixo aumento da lordose lombar e cervical. cutâneas · Estrias: estrias que surgem na gestação são vermelhas (chances de melhorar com o tto) e estrias antigas são brancas. Ocorre por ↑ cortisol. · Telangiectasias (↑ estrogênio); · Eritema palmar (↑ estrogênio); · Hipertricose – aumento dos pelos (↑ estrogênio); · ↑ secreção sebácea e sudorese (↑ estrogênio); · Cloasma gravídico: é o melasma gravídico.(↑ estrogênio/progesterona/MSH); - ↑ do hormônio melanotrófico (MSH). · Linha nigra: linha alba hiperpigmentada (↑ estrogênio/progesterona/MSH); mamas As alterações mamárias continuam após o parto por conta da lactopoiese. · Mastalgia: dor por conta do aumento das mamas, retenção líquida; · Sinal de Hunter: aparecimento de aréola secundária; · Hiperpigmentação da aréola primária, pequenos e grandes lábios, etc. - Todos os locais que tem mais MHS podem se tornar mais expressivos na gestação. · Tubérculos de Montgomery: são as gls. ao redor da aréola que ficam hipertrofiadas; · Aréola secundária; · Rede de Haller: ↑ vascularização das mamas. útero · Hipertrofia e hiperplasia das céls. mm do útero: crescimento uterino; · Hipertrofia e hiperplasia dos ligamentos de sustentação uterina; · ↑ vascularização dos vasos linfáticos; · Sinal de Hegar: flexão do corpo uterino sobre o colo (acentuação da anteversoflexão do útero) – o útero está amolecido, então na hora do toque é possível mobilizar o útero para frente. · Sinal de Piskacek: assimetria uterina pela implantação - onde ocorre a nidação o útero fica assimétrico, percebe-se um abaulamento e amolecimento do local. (toque) · Sinal de Noble-Budin: preenchimento do fundo de saco (FS) pelo útero gravídico, ou seja, o FS não é mais sentido na palpação. COLO DO ÚTERO · Colo do útero arroxeado e amolecido (edema + aumento da vascularização); · Ectocérvice friável e sangrante: pode colher o papanicolau, mas apenas na ectocérvice e evitar as primeiras 12 sem., para evitar aborto. · Rolha de Schroeder: muco viscoso e mais espesso que irá virar o tampão mucoso do final da gestação. · Regra de Goodell: colo amolecido ao toque – colo gravídico: consistência semelhante ao lábio. Colo não gravídico: semelhante à cartilagem nasal. vagina e vulva · Sinal de Kluge: arroxeamento da mucosa vaginal. · Sinal de Osiander: pulsação da artéria vaginal. Como ocorre aumento da vascularização, ao fazer o toque sente-se a pulsação dessa artéria, sendo que na não gestante é difícil sentir. · Sinal de Jacquemier-Chadwick: arroxeamento da mucosa vulvar. · ↑ secreção vaginal. · Ph mais ácido, fica em torno de 3,5. Nas não grávidas o pH fica em torno de 4,5. · Hipertrofia de céls. musculares e papilas da mucosa. 1
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