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Trabalho do gestão de recursos

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Universidade Federal de Juiz de Fora 
Instituto de Ciências Humanas (ICH) 
Departamento de Geociências 
 
 
 
 
 
 
 
 
A bacia hidrográfica do Ribeirão Espírito Santo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JUIZ DE FORA 
2017 
 
 
 
 
 
 
2 
 
Este presente trabalho é referente a disciplina Gestão 
de Recursos Hídricos, ministrada pelo Professor Dr. 
Pedro Machado, do curso de Geografia na 
Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito 
para a obtenção de nota parcial para a aprovação na 
disciplina. 
 
 
 
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Sumário 
 
INDRODUÇÃO ............................................................................................................... 4 
 
A caracterização física da Bacia do Ribeirão Espírito Santo ...................................... 6 
Um pouco de História .................................................................................................... 6 
Os fatores físico-naturais ............................................................................................... 7 
 
A caracterização socioespacial da Bacia do Ribeirão Espírito Santo ....................... 15 
O processo de Ocupação da área ................................................................................. 15 
Sobre os usos atuais da água da bacia .......................................................................... 16 
 
Acerca das práticas de manejo ..................................................................................... 19 
Diagnósticos da bacia .................................................................................................. 20 
Prognósticos sobre a bacia ........................................................................................... 21 
Estabelecimento das Diretrizes ................................................................................... 22 
Referências Bibliográficas ........................................................................................... 22 
 
 
 
4 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Desde o Neolítico, quando surgiu a prática da agricultura, as civilizações se 
instalam e se desenvolvem majoritariamente às margens de corpos hídricos. Diante da 
evolução tecnológica e da complexificação das relações sociais, o espaço se constituiu e 
se adaptou à presença de cursos d’água, dispondo dos mesmos para a satisfação de 
necessidades antrópicas básicas como irrigação, uso doméstico (abastecimento), 
transporte e lazer. 
O advento da urbanização desencadeou o aperfeiçoamento de conhecimentos de 
engenharia para o armazenamento, conservação e suprimento de água – os aquedutos 
romanos, por exemplo, são obras de grande escala com o fim de transportar água oriunda 
de locais distantes (HESPANHOL, 2008). Porém, o uso indiscriminado e inconsciente da 
água suscitou no desequilíbrio dos sistemas hídricos, contaminando-os com o lançamento 
de efluentes em excesso. Em um ciclo vicioso, as civilizações causam tais impactos 
ambientais nos cursos d’água, os utilizando e degradando até a completa deterioração dos 
mesmos, de modo a explorar novas fontes que satisfaçam suas necessidades. 
 “A política de importar água de bacias cada vez mais 
distantes para satisfazer o crescimento da demanda 
remonta a mais de dois mil anos. Os romanos, que 
praticavam uso intensivo de água para 
abastecimento domiciliar e de suas termas, 
procuravam, de início, captar água de mananciais 
disponíveis nas proximidades, e à medida que esses 
se tornavam poluídos pelos esgotos dispostos sem 
nenhum tratamento, ou ficavam incapazes de 
atender à demanda, passavam a aproveitar a segunda 
fonte mais próxima, e assim sucessivamente. Essa 
prática deu origem à construção dos grandes 
aquedutos romanos, dos quais existem, ainda, 
algumas ruínas, em diversas partes do Velho 
Mundo.” (HESPANHOL, 2008) 
 
Logo, há demanda por estudos sobre recursos hídricos e pelo planejamento de seus 
usos e gestões, de maneira a desenvolver modos mais eficientes de consumo, preservação 
5 
 
do ambiente aquático e sua fauna e, sobretudo, a construção e promoção de uma 
humanidade mais consciente e educada o que diz respeito aos seus hábitos e necessidades 
vitais. 
Segundo Machado (2012) o termo gestão pode ser entendido "como um processo 
que envolve um conjunto de procedimentos e ações destinado a administrar, gerenciar, 
dirigir alguma entidade ou situação, ou seja, colocar em ordem, ordenar ou organizar 
segundo o que é considerado adequado pelos agentes interessados/envolvidos." 
É interessante mencionar aqui brevemente a distinção entre os conceitos de água 
e recurso hídrico. O primeiro diz respeito a um elemento natural, considerando este sem 
uso ou utilização, ou seja, como a chuva, a infiltração, entre outros. Porém, quando há 
agregação de valor econômico, este passa a ser considerado como recurso. (Machado, 
2012) 
Este mesmo autor afirma que a gestão dos recursos hídricos está atrelada a outros 
dois conceitos preliminares, são eles: gestão territorial e gestão ambiental. O conceito de 
gestão territorial pode ser entendido com um processo que está relacionado a 
administração, o controle, o planejamento e o ordenamento de um território de acordo 
com os interesses de quem o administra. Já o conceito de gestão ambiental possui como 
finalidade promover de maneira coordenada o uso, proteção, conservação e 
monitoramento dos recursos naturais. (MACHADO, 2012) 
É a partir de 1978 que a bacia hidrográfica passa a ser considerada como unidade 
territorial de gestão, através da criação do Comitê de Estudos Integrados de Bacias 
Hidrográficas – CEEIBH. E com a Lei Federal N°9.433, de 08/01/97, conhecida como 
Lei das Águas, é estabelecido que 
“(...) a bacia hidrográfica é a unidade territorial para 
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e 
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos 
Hídricos”. Com isso foi dada uma nova dimensão ao conceito de 
bacia hidrográfica, que passou de unidade preferencial de estudos 
à unidade institucionalizada de intervenção e gestão. (MACHADO, 
2012, p. 41). 
6 
 
 
Objetivos 
 
O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre um plano de gestão da 
bacia do Ribeirão Espírito Santo, localizado no município de Juiz de Fora - MG 
destacando os aspectos físicos e sociais que interagem na dinâmica da bacia, de modo a 
promover uma série de diagnósticos, prognósticos e diretrizes para a conservação e 
manutenção do manancial e recurso hídrico da bacia. 
O trabalho se divide em três capítulos fundamentais, sendo o primeiro destacando 
os principais aspectos físicos que interagem na dinâmica fluvial e hídrica da bacia, o 
segundo momento se dá a partir de uma caracterização dos fatores sócio espaciais 
presentes na bacia, por fim um último desdobramento toma forma sobre uma série de 
diagnósticos, prognósticos e diretrizes para a gestão dos recursos hídricos. 
 
A caracterização física da Bacia do Ribeirão Espírito Santo 
 
Em termos conceituais a bacia hidrográfica (BH) pode ser definida pela 
hidrografia como “o conjunto de terras drenadas por um corpo d’água principal e seus 
afluentes e representa a unidade mais apropriada para o estudo qualitativo e quantitativo 
do recurso água e dos fluxos de sedimentos e nutrientes” (PIRES et al 2002, p.17) 
 
Pois toda a estrutura e dinâmica presente em uma bacia hidrográfica reflete um 
somatório de fatores naturais que se estabelecem dentro de um mosaico na paisagem 
estabelecendo características únicas que refletem a composição morfogênica e geológica 
da área (Rocha 2008, p.03) 
 
Sendo o uso da BH como unidade básica de gestão de recursos hídricos já 
consolidado nos estudos ambientais deste escopo como destacado por Pires “A utilização 
da BH como unidade de planejamento e gerenciamento ambiental não é recente; há muito 
tempo os hidrólogos têm reconhecido as ligações entre as características físicas de uma 
BH ea quantidade de água que chega aos corpos hídricos” (PIRES et al 2002, p.17) 
 
7 
 
As caracterizações de aspectos físico-natural de uma bacia BH são fundamentais 
para a execução de qualquer processo de planejamento e gestão de recursos hídricos. Na 
medida que este presente trabalho busca modelar através de técnicas de 
geoprocessamento os fatores físico-naturais da bacia hidrográfica a fim de fomentar 
dados necessários sobre as características gerais da bacia do Ribeirão Espírito Santo para 
o seu manejo. 
 
 
Os fatores físico-naturais 
 
A bacia do Ribeirão Espírito Santo, se encontra na porção noroeste do Município 
de Juiz de Fora, compreendido entre as coordenadas 21º36'41" e 21º44'48" Sul e 
43º26'30" e 43º37'46" Oeste (FIGURA 1). Com uma área de aproximadamente 152 km², 
possui cerca de 400 km de drenagem de rios e córregos e mais de 480 nascentes 
intermitentes, sendo seu exutório ligado a margem esquerda do rio Paraibuna. 
A bacia do Ribeirão Espírito Santo, é responsável por grande parte do 
abastecimento da cidade de Juiz de Fora como 
um importante manancial da cidade de Juiz de Fora, responsável pelo 
abastecimento de água de cerca de 40% da população, produzindo 620 
litros de água tratada por segundo, conforme indicado pela Companhia 
de Saneamento Municipal (CESAMA, 2010 apud PINTO, p.45) 
 
Fomentando a importância da caraterização geoambiental da área relacionado ao 
manejo dos recursos hídricos para o bem-estar social. 
8 
 
 
FIGURA 1: Mapa de localização da Bacia do Ribeirão Espirito Santo 
 
 
A bacia hidrográfica do Ribeirão Espírito Santo ainda possui um relevo 
acidentado, característico da morfologia dos Mares de morros no qual está inserida. A 
declividade dentro da bacia é relativamente moderada (FIGURA 2), não possuindo 
valores de declividade superiores a 100% significativos e nem a classe que compreende 
46% a 75%, sendo o valor mais representativo entre 21% a 45%. 
 Figura 2: Declividade da Bacia do Ribeirão Espírito Santo 
 
9 
 
 
 
A declividade é um fator a condicionante a erosão superficial do solo e 
consequentemente ao transporte e deposição de sedimento nos rios provocando o seu 
assoreamento pois 
 
(...) o grau de declive é um dos fatores mais importante no processo 
erosivo, pois do grau de declive depende diretamente o volume e a 
velocidade das enxurradas que sobre ele escorrem, que em princípio, 
quanto maior o comprimento de rampa mais enxurrada se acumula e 
maior energia resultante se traduz por uma erosão maior. Villela e 
Matos (1975) comentam que a declividade do terreno é que controla 
boa parte a velocidade de deslocamento da água em escoamento 
superficial. (LENSEN 2006, p.23) 
 
Sendo assim dentre as classes de declividade presente na bacia do Ribeirão 
Espirito Santo, a mais expressiva fica com os valores entre 25% a 46% passam ar ser 
classificada a área da bacia da mesma forma como Calderando Filho et al (2014) 
determinou para configurações de paisagem semelhante como: fortemente ondulado e 
com uma potencialidade de erosão. 
Em um trabalho realizado na região serrana do Rio de Janeiro, em área de 
morfologia e pedologia semelhantes ao da bacia do Espírito Santo (Latosolos vermelho-
amarelo FIGURA 3) argumentou que ocorre a necessidade de execução de medidas 
mitigadoras a fim de limitar os valores de erosão laminar superficial dos solos 
(CALDERANDO FILHO et al 2014) 
 
10 
 
 
Figura 3: Mapa Pedologico 
 
Quanto a variação hipsometria (FIGURA 4) da bacia temos uma variação de cerca 
de 267m de altura, sendo seu ponto mais baixo, 683m e o ponto mais alto 950m com uma 
altura média de 816m. 
 
Figura 4: Hipsometria da Bacia do Espírito Santo 
 
11 
 
 
Os demais índices morfométricos de interesse a estre trabalho referente a bacia 
(QUADRO 1), se estabeleceram através da visita a autores que já trabalharam na área. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O valor de índice de circularidade de 0,24 é característico de bacias alongadas o 
que determina um fator de possibilidades com menor possibilidade de enchentes, 
demonstrando uma forma alongada para a bacia em questão. Ainda quando aos valores 
de sinuosidade dos canais com um valor de 1,63, reflete uma morfologia de canais 
meandrosos no interior da área de estudo. 
QUADRO GERAL DE ÍNDICES MORFOMÉTRICOS 
Índice Definição Valor 
 
 
 
Índice 
De 
Circularidade 
 
É função da razão entre a área de drenagem 
(km2 ) e o quadrado do perímetro (km). 
Bacias com IC maiores que 0,51 indicam 
tendência a formas circulares, com maior 
susceptibilidade a enchente, enquanto 
valores inferiores a 0,51 indicam uma 
tendência à formas alongadas que 
favorecem a translação e maior tempo de 
armazenamento do fluxo nos canais 
 
 
 
 
0,24 
 
 
Densidade Hidrográfica 
É a relação existente entre o número de 
canais e a área da bacia hidrográfica (km2 ) 
(HORTON, 1945). Indica a resposta da bacia 
ao processo de escoamento superficial, seu 
comportamento hidrográfico e a 
capacidade de geração de novos cursos de 
água (SOUZA, C. R. G., 2005). 
 
 
 
 
4,90 
Índice 
De 
Rugosidade 
É o produto da amplitude altimétrica pela 
densidade de drenagem. Em uma mesma 
região, Ir elevado implica em maior 
potencial de erosão por processos hídricos 
(ROCHA; KURTZ, 2001). 
 
0,776 
 
 
Densidade 
De 
Drenagem 
É a razão entre o comprimento total de 
todos os canais (km) e a área de drenagem 
total (km2) (HORTON, 1945). É controlada 
por inúmeras variáveis: relevo, cobertura 
vegetal, volume de chuvas, infiltração de 
água no solo, resistência à erosão entre 
outras (SOUZA, C. R. G., 2005) 
 
 
 
2,83 
 
 
Índice de Sinuosidade 
do Canal Principal 
É a razão entre o comprimento do rio 
principal (km) e a distância vetorial entre os 
pontos extremos do talvegue (km). Is igual a 
um, revela que o canal de drenagem tende 
a ser retilíneo, superior a dois, canal 
tortuoso e valores intermediários indicam 
formas transicionais (ALVES; CASTRO, 2003). 
 
 
 
1,63 
12 
 
 Com uma densidade de drenagem de valor relativamente alto 2,83 e com uma 
densidade hidrográfica com uma cota de densidade hidrográfica de 4,90 acondiciona a 
essa bacia uma capacidade de disponibilidade hídrica de alto volume. 
 No que tange ao uso e cobertura do solo, a ocupação de uma bacia é fator 
determinante para as variações e qualidades nos fluxos hídricos visto que em alguns 
estudos argumentam que ocorre a alteração dos fluxos hídricos em bacias onde ocorre 
plantações de exploração florestal em até 20% em bacias (CALDER 2007, Apud PINTO 
2015). 
Quanto ao uso e ocupação do solo (FIGURA 5) dentro da bacia, é 
predominantemente rural com pastagem, silvicultura e mata. Sendo que a sua parte mais 
densamente antropizada se encontra próximo a foz, como destaca 
 
A BHRES é caracterizada por predominante ocupação rural (Figura 
3.4), com 98,43% da sua área ocupada por pastagens, silvicultura e 
mata. A BHRES possui 0,63 km2 (0,41%) de área construída, 8,43 km2 
(5,56%) de silvicultura, 1,46 km2 (0,99%) de agrossilvicultura, 43,85 
km2 (28,99%) de floresta (regeneração da vegetação arbórea), 95,08 
km2 (62,89%) de pastagens e 1,77 km2 (1,16%) de solo exposto. A área 
mais antropizada da BHRES fica a jusante das seções monitoradas, 
concentrada próxima ao exutório, local que recebe parte do distrito 
industrial de Juiz de Fora.(PINTO 2013, p.55) 
 
 Pode se destacar dois fatores fundamentais no que tange ao uso e ocupação da 
bacia hidrográfica, o fato de cerca de 5,56% de sua área está ligado a plantação de 
eucalipto que quanto ao solo a erosão é drasticamente acentuada no período de corte do 
eucalipto enquanto Pinto (2013) destaca sobre a influência fluvial direta que essa cultura 
produz 
 
Apesar de a BHRES como um todo possuir um percentual baixo de 
ocupação pela silvicultura, cabe considerar que plantações florestais de 
crescimentorápido como o Eucalipto consomem mais água do que a 
vegetação de menor porte e culturas agrícolas não irrigadas, podendo 
em algumas situações levar à uma redução significativa do deflúvio na 
escala de microbacias (LIMA, 2010; POORE; FRIES, 1985 Apud 
PINTO 2013) 
 
13 
 
O fator seguinte a se discorrer quanto ao uso e ocupação do solo está ligado a 
grande densidade de pastagem no interior da bacia, visto que a boa manutenção de um 
manancial hídrico está fortemente ligada a vegetação. Já que estudos determinaram que 
a qualidade da água é sempre superior sobre fragmentos de vegetação natural pois “Veiga 
et al. (2003); Silva (2009), afirmaram que os fragmentos remanescentes de vegetação 
natural atuaram como mecanismo eficiente na preservação da qualidade da água.” 
(MARMONTEL 2014, p.09) 
Figura 5: Uso e ocupação do Solo da Bacia do Espírito Santo – Fonte: PINTO 2015 
 
 
A gestão de recursos hídricos é de suma importância para a manutenção tanto da 
biodiversidade ambiental quando o bem-estar social das pessoas que ali se encontram. A 
bacia do Ribeirão Espírito Santo é um importante manancial de abastecimento da cidade 
de Juiz de Fora e a modelagem de seus aspectos físicos é de suma importância. 
As características físicas como os índices de circularidade e forma da bacia são 
fundamentais para entender o seu comportamento frente a enchentes, os índices de 
sinuosidade do canal vão determinar a velocidade dos rios no interior da bacia. 
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E os tipos de solos presentes na bacia, os índices de rugosidade da bacia e a 
declividade média de seus relevos somados ao uso e ocupação do solo vão determinar os 
índices de erosão laminar e consequentemente o nível de assoreamento dos corpos 
hídricos. 
Pois os diversos índices e fatores físicos extraídos através uma modelagem são 
importantes para o entendimento das dinâmicas dos fatores naturais que vão interferir nos 
usos sócio espaciais dos recursos ali presentes assim como as ações de manejo e mitigação 
das potenciais modificações ambientais de teor antrópico. 
A caracterização Sócio espacial da Bacia do Ribeirão Espírito Santo 
 
Entender o processo de ocupação de uma bacia é fundamental para o seu processo 
de gestão, visto que cada vez mais o homem é um fator determinante na modificação do 
espaço. 
Mesmo que a bacia hidrográfica seja a unidade fundamental de gestão e análise 
ambiental, a sua visão holística também pode ser aplica também a análise de fatores 
sociais, visto que esses fatores sociais se desenrolam sempre em algum lugar e contexto 
no espaço como destacado por 
Uma bacia hidrográfica pode ser analisada de acordo com as funções 
de uso pela sociedade. Assim, podemos destacar alguns itens que 
merece ser analisado numa escala de prioridade para a gestão da água, 
entre elas temos: a drenagem da bacia, o abastecimento humano e o 
saneamento, a manutenção da ictiofauna, a geração de energia, a 
produção de alimentos, outros usos diversos e a navegação. (ROCHA 
2008, p.03) 
Desta forma é possível estabelecer uma caracterização sócio espacial a partir do 
uso da bacia hidrográfica como unidade básica de análise a fim de estabelecer planos de 
manejo e gestão de recursos hídricos. 
 
O processo de Ocupação da área 
 
A Bacia Hidrográfica do Ribeirão Espirito Santo encontra-se entre as coordenadas 
21º36’41’’ e 21º44’48’’ Sul e 43º26’30’’ e 43º37’46’’ Oeste. De acordo com a 
companhia de abastecimento da cidade, CESAMA, grande parte de sua área está situada 
15 
 
na zona rural. Pela margem direita tem como afluente a Bacia do Rio Paraibuna, fazendo 
parte da grande bacia do Rio Paraíba do Sul. Seu ponto de maior altitude atinge 914 
metros, localizado próximo a Fazenda Laje, já o mais baixo apresenta 640 metros, e 
encontra-se na foz do Ribeirão Espírito Santo em sua chegada no Rio Paraibuna. 
(CESAMA, 2017) 
 
A área de estudo localiza-se na região noroeste do município de juiz de fora, 
estado de Minas Gerais. É possível identificar nesta área registros de atividades 
antrópicas, tais como abertura de estradas, silvicultura, granjeamentos, e principalmente 
a expansão do distrito industrial do município. 
Entretanto, no século XIX, a Bacia Hidrográfica do Ribeirão Espirito Santo era 
cenário de lavouras de café, o que resultou na retirada de grande parte de sua cobertura 
arbórea. Posteriormente, com a queda do café as lavouras deram lugar sobretudo a 
pastagens, até apresentar sua atual configuração explicitada acima. (Pinto, SD). 
Algumas intervenções foram feitas no leito do Ribeirão Espírito Santo na década 
de 1970 para que a população pudesse ocupar sua planície para diversas formas de 
atividades, de moradias, a indústrias e comércios. A retificação do canal no trecho de 
baixo curso foi uma das medidas tomadas para que a ocupação se fizesse favorecida. 
Outra medida, essa considerada paliativa, foi a implantação de muros à margem 
do ribeirão para conter um transbordamento. 
Registros de inundações são frequentes na bacia do Ribeirão Espírito Santo, 
principalmente em seu baixo curso, onde ele é mais densamente ocupado ‒ resultante do 
fato de ser afluente do Rio Paraibuna pela margem direita, em uma porção que o mesmo 
não é retificado e sua calha não sofreu um rebaixamento como houve à jusante, o que faz 
com que o Ribeirão Espírito Santo tenha sua foz mais baixa em relação ao Rio Paraibuna, 
fazendo com que ocorra um refluxo da água gerando rápidas inundações sendo um reflexo 
da modificação antrópica na dinâmica natural do rio. 
 
Sobre os usos atuais da bacia 
 
16 
 
O Ribeirão Espírito Santo possui 17 km de extensão, sendo os seus principais 
afluentes os Córregos Gouveia e Vermelho, pela margem esquerda, e os Córregos 
Barreiro e Penido, pela margem direita. É responsável pelo abastecimento de 40% da 
cidade de Juiz de Fora, produzindo 620 litros por segundo na Estação de Tratamento de 
Água (ETA) Walfrido Machado Mendonça, responsável pelo seu tratamento desde 1970. 
(CESEMA, SD). 
A bacia tem como principal uso o abastecimento de água potável 
para a população de Juiz de Fora. Em segundo plano vem o 
consumo para uso industrial, e com menor aproveitamento dos 
recursos hídricos ainda existem as atividades de irrigação de 
pequenas culturas e atividades agropecuárias, pouco expressivas na 
região. (CESAMA) 
A coleta de água no manancial é feita diretamente no leito do Ribeirão Espírito 
Santo, devido à ausência de uma barragem para o represamento, a retirada da água a ser 
tratada é feita na porção de baixo curso do Ribeirão Espírito Santo e é bombeada para a 
ETA, que se localiza próxima à BR040, à montante do ponto de coleta. É, então, 
distribuída para a população de várias partes da cidade de Juiz de Fora ‒ sendo que a 
maior parte dessa água é destinada ao consumo da população e uma pequena parte, 
destinada às indústrias que se encontram concentradas próximo ao Ribeirão Espírito 
Santo ‒ como mostra a imagem (FIGURA 6) disponibilizada pelo site da CESAMA sobre 
todos os mananciais de coleta e tratamento de água do município de Juiz de Fora. 
 
Figura 6: Sistema de abastecimento Juiz de Fora - Fonte: CESAMA 2017 
17 
 
Ainda se tratando da imagem a cima, há dados referentes a ampliação das Estações 
de Tratamento de Água, a ETA Walfrido Machado Mendonça, responsável pela coleta e 
tratamento de água do Ribeirão Espírito Santo está passando por processo de ampliação, 
atualmente a estação fornece 620 l/s, após a conclusão das obras para ampliação, a ETA 
no bairro Benfica poderá fornecer até 1200 litros de água tratada por segundo. 
Esse aumento no fornecimento de água nas proximidades da região norte de Juiz 
de Fora se deve principalmente ao aumento da demanda crescente nos setores de 
comércio, indústria e serviços para essa região da cidade. 
Em seu alto curso, o Ribeirão Espírito Santo se encontra em grande parte na zona 
rural do município de Juiz de Fora, a populaçãoque vive nessa porção da bacia do 
Ribeirão não recebe água do próprio manancial já tratada pela empresa de fornecimento 
de água por fins de logística em sua distribuição, uma vez que a coleta de água no Ribeirão 
Espírito Santo é feita na zona urbana, em seu baixo curso. 
Sendo normalmente essa população abastecida de pela retirada de água 
diretamente do Ribeirão e demais afluentes da bacia, ou através de poços artesianos. Em 
estudo realizado por Pinto (2015) demonstrou a ocorrência de 62 outorgas(FIGURA 7) 
para o uso insignificante da agua do da bacia a jusante da estação de coleta e tratamento 
sendo divididas como 
os cadastros de usos considerados insignificantes estão bastante 
distribuídos. Na BHRES são identificados 62 cadastros de uso 
insignificante, sendo 13 para barramento em curso d`água sem 
captação, 10 para captação de água em surgência e 18 para captação de 
água subterrânea por meio de poço manual, 16 para captação em 
barramento em curso de água sem regularização de vazão e cinco para 
captação em rios. (PINTO 2015, p60) 
18 
 
 
Figura 4:Usos de água insignificante da Bacia do Espírito Santo - Fonte: PINTO 2015 
 
Acerca das práticas de manejo 
 
No que tange as práticas de manejo e gestão ambiental, três etapas são necessárias 
para a análise e construção de um estudo de caso: Diagnósticos; Prognósticos; Diretrizes. 
19 
 
Na medida que cada um deste pontos vai construir um pilar necessário para fundamentar 
toda as ações e práticas de conservação subsequentes. 
Inicialmente o processo de diagnóstico de uma bacia, toma forma a partir da 
modelagem dos fatores que estão inseridos em sua dinâmica, englobando fatores de 
ordem natural e humana e seus impactos na estrutura do sistema da bacia. 
O segundo momento passa a ser aquele que com os dados de diagnósticos em 
mãos, se promove a inferência de possíveis realidade que irão existir em cenário distinto, 
o primeiro se não for empreendido nenhuma diretriz de mudança e o segundo cenário 
sobre no tocar da realidade se estabelece mudanças a fim de tentar construir um cenário 
que se idealiza e médio e longo prazo. 
Sendo o momento de determinar prognósticos demandando do gestor uma grande 
porção de senso crítico e senso de realidade e propensões para o futuro almejado. 
Ao fim se inicia a construção de diretrizes, estas com o intuito de disciplinar os 
usos e ocupações do solo na área do estudo, na tentativa de mitigar os possíveis impactos 
ambientais que ocorrem atualmente na área e tentar guiar os processos que ocorrem na 
dinâmica sócio espacial a atenderem o plano de construção do cenário do futuro almejado 
frente aos prognósticos. 
 
Diagnósticos da bacia: 
 
A partir das informações levantadas entre fatores físicos e humanos que integram 
a bacia hidrográfica do Ribeirão Espírito Santo pode-se chegar à conclusão de que mesmo 
sendo uma bacia que tem grande parte localizada na zona rural do município de Juiz de 
Fora a ação antrópica, principalmente relacionado à expansão da rede urbana. A baixo, é 
apresentado em forma de tópicos o diagnóstico do manancial: 
• Modificações estruturais foram feitas diretamente no leito do canal, como por 
exemplo: retificação e canalização de alguns trechos do curso, alterando a 
dinâmica e intensificando o desequilíbrio da bacia. (mesmo apresentando baixo 
índice de circularidade, alguns trechos da bacia têm ocorrência de inundações) 
• Segundo Pinto (2015), a prática de sivilcultura de árvores de crescimento rápido 
como o eucalipto, pode provocar uma considerável redução no volume 
20 
 
fluviométrico. Cerca de 8% da bacia corresponde a plantações de eucalipto, 
associado a diversas atividades industriais a ampliação dessas práticas podem vir 
a causar alteração no regime hídrico local. 
• Além das atividades industriais a ocupação ao longo da bacia se dá de forma bem 
adensada em seu baixo curso, com finalidades diversas a ocupação se dá em forma 
de moradias principalmente, além dos setores de comércios e serviços que 
também tem ocorrência significativa na área da bacia. 
• Há na bacia um total de 62 outorgas de uso insignificante (poços artesianos e semi-
artesianos), além de 2 barragens e 2 pontos de coleta de água direto no manancial 
(um dos pontos é de responsabilidade da empresa CESAMA para fornecimento 
de água à população e outro ponto é de responsabilidade privada) (Dados: 
SEMADEM, 2013). 
 
Prognósticos sobre a bacia 
Caso se mantenha o ritmo nos processos de expansão urbana, como prognóstico 
teremos: 
• Aumento significativo das atividades industriais com um vetor de crescimento 
coincidente a área da bacia. 
• Outro ponto a se destacar é o aumento da retirada de água desse manancial, devido 
à maior demanda pela população juiz-forana, visto que a empresa CESEMA já 
tem obras para ampliação da coleta e distribuição de água no Ribeirão Espirito 
Santo, provocando um déficit hídrico no manancial. 
• Além do aumento da sivilcultura que tendencialmente vem se expandindo por 
toda Zona da Mata Mineira, comprometendo a recarga hídrica da bacia. 
• Ainda como prognóstico, vale a pena ressaltar, que com o aumento tendencial da 
ocupação da bacia pode levar ao aumento dos processos de erosão laminar e de 
impermeabilização da superfície (o que gera consequentemente um aumento no 
RUNOFF), isso potencializa os processos de remoção e transporte de materiais 
em domínio de vertentes e consequentemente leva ao assoreamento do leito do 
manancial. 
 
21 
 
 
 
Estabelecimento das Diretrizes 
 
De acordo com o contexto elucidado acima, são propostas algumas diretrizes a 
fim de amenizar o impacto sobre a área, são elas: estabelecer medidas que visem a 
controlar o uso e ocupação da bacia pela silvicultura, como afirma Pinto (2015) 
 
Neste contexto, Calder (2007) alerta que o percentual de ocupação 
da área da microbacia pelas plantações florestais é um fator muito 
importante para a ocorrência ou não de redução de fluxo fluvial, 
uma vez que alguns trabalhos em microbacias experimentais 
indicaram alteração no deflúvio em situações em que as plantações 
florestais ocupavam apenas até 20% da área da microbacia 
hidrográfica. Sendo assim, talvez seja o momento para a criação de 
políticas públicas que: possam controlar o uso e ocupação da 
BHRES (...) uma vez que a bacia contém um dos mais importantes 
mananciais da cidade de Juiz de Fora (PINTO 2015, p 62) 
 
Seria importante também estabelecer medidas que regulem a ocupação da área da 
bacia, como evitar que ocorra novos parcelamentos do solo na região, a fim de que não 
aumente a pressão sobre o manancial. Além disso, outra proposta, voltada 
especificamente para o uso industrial, seria a reutilização da água ao longo do seu 
processo produtivo. 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas: 
 
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Geografia, v. 9, p. 50-65. 2003. 
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e abiótica da bacia hidrográfica do ribeirão do Espírito Santo. 2015. 
Teodoro, V. L. I.; Teixeira, D.; Costa, D. J. L.; Fuller, B. B. O conceito de bacia 
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