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Semiologia do sistema gastrointestinal Sistema digestivo dos ruminantes - Sempre deve ser feito a realização da anamnese antes de qualquer coisa Trazer informações, o porquê daquilo está ocorrendo Na agonia acaba não sendo feito por alguns profissionais, porém uma anamnese bem realizada com riqueza de destaque lhe dará 50% do seu diagnóstico - Após a anamnese é importante ver como o animal se comporta, como por exemplo se está se alimentando corretamente ou se está com algum vicio durante essa alimentação - É importante avaliar se o apetite do animal está presente ou ausente, para isso é preciso fornecer alimentos palatáveis de boa qualidade, como por exemplo o capim, pois se tudo estiver normal certamente o animal aceitará a comida Deve ser levado em consideração o manejo de alimentação que é feito na propriedade, pois se for dado algo que o animal não é não pode ser dado qualquer tipo de capim. Um exemplo comum de acontecer é que caprinos não tem o hábito de comer capim picado em forrageira, dessa forma mesmo com apetite por não Outro equívoco é oferecer ração para testar o apetite, pois o animal com algum distúrbio gástrico terá repulsa por algumas rações - Além do apetite é observado também se o animal apresenta sialorréia, que é o excesso de saliva na boca. Se estiver ocorrendo é preciso saber a sua causa Estruturas que compõe o sistema digestivo Boca Faringe Esôfago Rúmen Retículo Omaso Abomaso Intestinos Boca - É preciso ter um certo cuidado ao abrir a boca desses animais, por se tratar de grandes espécies Bovinos por exemplo tem muita força na língua - Ao abrir a boca deve-se lembrar de avaliar todas as estruturas como arcada dentária, mucosa, faringe e laringe - Além dessas estruturas é possível avaliar os odores. Por se tratar de herbívoros é esperado um cheiro próximo do capim verde, se fugir disso é porque há algo de errado - É importante avaliar ainda se o animal está deglutindo bem. Odinofagia: dor durante a deglutição - Existe uma técnica que funciona bem para abrir a boca, onde consiste em pegar o polegar e aperta-lo no palato duro, que fará com que o animal abra a boca Serve para procedimentos rápidos como avaliação dos dentes Tem que se ter cuidado com a manipulação da língua, pois se for manipulado com muita força pode gerar traumas na sua movimentação Não é para segurá-lo pela língua, é apenas para ser lateralizada - Além do uso das mãos para a abertura da boca desses animais, há também instrumentos que podem auxiliar nesse trabalho - Abridor de boca para equinos - Se for avaliar apenas língua e molares pode ser usado o primeiro abridor - Caso precise avaliar incisivos pode ser usado o segundo abridor As vezes se tem animais que possuem lesões no palato, é por isso que nem sempre é usado o segundo equipamento Se for permanecer por muito tempo com o abridor geralmente se faz uso de anestésicos para que haja mais conforto ao animal, como acetram e xilazina Faringe - Duas situações muito corriqueiras na faringe é a faringite (infecção da faringite) e a estenose (diminuição da luz da faringe) Faringite - A faringite tem diversas causas, indo desde infecções até a deglutição de corpos estranhos - Quando se suspeita de faringite é feita uma massagem na região de faringe e laringe e aperta-se levemente com os dedos. Se houver problemas o animal irá reagir - Em equinos se observa muito em casos de garrotilhos mal curados Estenose - Pode ser desenvolvida por processos infecciosos e principalmente por picadas de cobras - Há também como causa a reação inflamatória a medicamentos, como por exemplo aplicação por via errada Esôfago - É muito comum observar obstruções nessa região. Ex: consumo de frutas com uma deglutição errada - Outro problema é o uso de cloro para lavar os coxos de água e não retirar seu excesso posteriormente, pois quando o animal consumir a água com grandes concentrações de cloro poderá causar rupturas - O esôfago apresenta 3 constrições naturais: 1° logo após a faringe, a 2° na entrada do tórax e a 3° próximo à cárdia Se o corpo estranho estiver próximo a faringe há a possibilidade de se colocar um abridor de boca e tirar com a própria mão Há partir do momento que o coro estranho penetrou um pouco mais já não é possível tirar com a mão. Se você estiver em centros cirúrgicos há a possibilidade de retirar usando endoscópio - Um aparelho muito usado a campo é a sonda de Thygesen que de um lado é romba e do outro lado possui um pescador - O aparelho vai sendo colocado na boca no animal até encostar corpo estranho. Quando o pescador atinge o corpo estranho é feito uma rotação lateral lenta para que haja uma pequena dilatação do esôfago e facilite a passagem do pescador - Após a rotação é feita uma pequena tração para que o corpo estranho se adere ao aparelho - Por equino ser bastante sensível e não ter a lubrificação que os ruminantes tem ao usar esse aparelho o esôfago pode ser facilmente rompido Importante - Geralmente quando você é chamado algumas pessoas já mexeram no animal tentando empurrar o corpo estranho para o estomago. Como você provavelmente será o último a mexer nele pode ser que a culpa de uma lesão caia para você, nesse caso é feito uma palpação no esôfago pois se há lesão você encontrará enfisema na região Enxame clínico geral Eructação - É importante detectar se está havendo eructação, ou seja, se o animal está expulsando gases pela boca - Em média um bovino adulto é capaz de eliminar 600L de gases por dia Defecação - A observação das fezes pode dizer muita coisa sobre o animal - São observadas características como quantidade, consistência, misturas anormais, odor e coloração - A quantidade normal de defecação gira em torno de 30 a 50kg por dia, sendo realizada de 10 a 24 vezes Estrutura dos órgãos digestivos Rúmen - O rumem é capaz de produzir e absorver muitos nutrientes - Um animal com comprometimento de rúmen tem um tempo de vida menor - O ph normal do rúmen é em torno de 6,5 a 6,8 - Durante a avaliação desse órgão algumas situações são observadas como a plenitude, estratificação e peristaltismo Plenitude - Está relacionado com o enchimento do rúmen, podendo estar cheio, moderadamente cheio, moderadamente vazio e vazio Estratificação - Fisiologicamente existe uma estratificação do rúmen, que nada mais é do que camadas que são formadas pelo alimento nesse compartimento - A uma camada de volumoso (2/3), uma de lamina liquida (8 – 10 cm) e uma de gás (saco dorsal) - Se o animal comeu de forma excessiva ou comeu algo com alta capacidade de produção de gás pode ser que haja uma estratificação comprometida Com a estratificação alterada pode haver desde uma simples sobrecarga até um caso de timpanismo - A avaliação do rúmen se faz na fossa sublombar esquerda, entre o 6° e 7° espaço intercostal Peristaltismo - Para avaliar o peristaltismo é feito uma auscultação do rúmen na fossa sublombar esquerda - Se há um comprometimento do sistema digestório é necessário avaliar por mais tempo (cerca de 5 minutos), já se o problema for em outra estrutura a avaliação do rúmen pode ser mais rápida Em 5 minutos = 10 a 15 movimentos Em 2 minutos = 2 a 4 movimentos - A grande maioria dos movimentos ruminais devem ser completos, se houver muitos movimentos incompletos ou o peristaltismo está ocorrendo de forma incorreta, ou a quantidade de alimento é pouca ou então há alguma lesão Ele vem como se fosse o estouro de um trovão, que começa suava, dá um estrondo e depois vai caindo lentamente No incompleto começa suava, dá um estrondo e termina do nada Caso o rúmen esteja parado se diz que está com atoniaRetículo - Possui uma mucosa diferenciada em formas de favos de mel - Função de distribuição de alimentos O alimento que passa pelo reticulo e está bem digerido vai para o omaso. Caso o alimento ainda esteja grande ele será jogado pelo reticulo de volta para boca para que o animal o mastigue e salive nele novamente. Essa ruminação ocorre em torno de 4 vezes ao dia Sua estrutura em forma de favos de mel favorece sua função - É um órgão muito contrátil Por conta disso qualquer material que for mais pesado vai se depositar dentro dele, o que vai desencadear alguns processos, principalmente se for o caso de objetos estranhos cortantes pois vão se aderir com muita facilidade Dentro desse órgão se encontram muitas patologias devido a deposição desses corpos Patologias mais comuns - Se o corpo estranho compromete apenas o retículo então há uma reticulite - Se lesionar mais alguma estrutura como por exemplo o reticulo e coração então se chama reticulo pericardite traumática Dependendo do que foi comprometido a condição do animal é muito grave - Quando se tem dor na cavidade abdominal há uma diminuição na quantidade de peristaltismo que desencadeia acumulo de gases já que não está tendo sua eliminação - Sempre vai existir timpanismo, seja ele mais leve ou mais brando - Quando há essas condições de reticulite há uma produção de fibrina muito grande nesses animais para tentar encapsular o que está sendo transbordado do reticulo Provas de dor Beliscamento dorsal: é beliscar o dorso do animal na região depois da escápula, pois ao beliscar ele irá arquear seu corpo e devido a esse movimento o reticulo será pressionada e se houver problema o animal irá responder com gemidos Prova de percussão: ao bater na região e houver corpo estranho vai haver gemidos Prova de bastão: nada mais é do que pegar um ferro e passar por baixo da virilha do animal e puxar esse bastão para cima, o que irá pressionar o rúmen e consequentemente o reticulo. Ao baixar o bastão o rúmen volta ao local e gera uma movimentação do retículo o que vai haver resposta do animal com gemidos. Essa técnica não é boa pois ao pressionar o rúmen o reticulo é muito movimentado, o que há risco de perfurações se houver corpos estanhos Detector de metais: emitira sinais sonoros se os corpos estranhos forem metálicos - Exemplo de corpo estranho - Animal com timpanismo ruminal Nervo vago - O nervo vago faz a inervação dos prés estômagos dos ruminantes e é responsável por manter o ritmo cardíaco - O nervo vago ventral inerva, preferencialmente, o retículo, o omaso e o cárdia, mas atinge, também, o abomaso, o piloro e o saco ventral do rúmen. O nervo vago dorsal, apesar de inervar, preferencialmente, o saco dorsal do rúmen, atinge o cárdia, o retículo, o omaso e o abomaso. Síndrome de hoflund ou indigestão vagal - Essa síndrome é quando o nervo vago está comprometido e perde a função de manter o ritmo cardíaco e manter o peristaltismo, fazendo com que haja o timpanismo - Para tirar a dúvida se é a síndrome ou não é feito a prova da atropina - Administra-se atropina e observa como fica os batimentos cardíacos do animal Se os batimentos exceder 16% a prova é positiva Se os batimentos forem menores de 16% não há comprometimento do nervo vago Nesse exemplo a prova foi negativa pois teve um aumento de apenas 8% Omaso - Órgão cuja a principal função é a absorção de líquidos - Sua localização é atrás do pulmão, abaixo do fígado, ficando entre o 7° e 9° costela e possuindo o tamanho de uma bola de vôlei - Sua principal patologia é a compactação, onde seu tamanho pode chegar a uma bola de basquete - Quando há uma compactação desse órgão deixa-se de passar liquido para o resto do intestino, fazendo com que o bovino defeque com fezes em forma de bolotas Um exemplo de alimento que pode causar essa compactação é farelo de trigo (principalmente ele muito seco) pois nesse o animal não o mastiga muito, o consequentemente não salivara, o alimento fica sem a lubrificação correta e ao chegar ao omaso pode compactar - Para reverter problemas no omaso é com acesso via rúmen - Quando o omaso está compactado ele aumenta muito de tamanho e não fica com espaço entre as costelas onde ele estará inserido, o que ficaria se ele estive no seu tamanho normal Abomaso - É o estomago propriamente dito - Sua localização encontra-se no hipocôndrio ventral lateral direito - Sua exploração clinica pode ser feita através de auscultação, percussão e palpação profunda - A presença de areia nas fezes indica o acumulo de sedimentos no abomaso - O abomaso pode deslocar tanto para direita quanto para a esquerda Se for descolado para a esquerda ele passa por baixo do rúmen e se localiza próximo a fossa sublombar esquerda Se o deslocamento for para a direita ficando na fossa direita Sinais de quando há descolamento - Na fossa para onde ele se deslocar há acumulo de gases, e na percussão terá som metálico - O local fisiológico do abomaso não terá som algum já que ele não estará mais lá - Quando há o deslocamento as fezes ficam escuras, diarreicas e fétidas - O deslocamento é uma situação comum de ocorrer em fêmeas bovinas leiteiras Sistema digestivo equino - O equino possui condições favoráveis para o desenvolvimento de patologias no sistema digestório - O estômago do equino é pequeno, se a ração for fornecida de uma única vez em grande quantidade é chance de cólica na certa, pois após tomar água o alimento ira inchar mais ainda dentro de seu estômago - A primeira condição de atendimento para esse animal é observar a sua dor Quando a dor é muito severa é preciso fazer uso de medicamentos ou até mesmo anestésicos, se for por exemplo um caso de deslocamentos e obstruções Quadrantes de auscultação intestinal do equino - A flexura pélvica é um local de muita obstrução - No lado esquerdo espera-se escutar fisiologicamente movimentos peristálticos. Quando há compactação esses movimentos podem estar diminuídos ou inexistentes - No lado direito além de se esperar fisiologicamente os movimentos peristálticos há também o som da válvula ileo cecal - Em caso de cólicas por exemplo que há um comprometimento do peristaltismo o que pode ser feito para estimular a sua volta é fazer pequenas caminhadas após lavagens e até mesmo o uso de medicações como o cálcio - Se for visto que não há condição de tratar o animal na fazenda é melhor preparar ele com analgésicos para que ele possa ter condição de viajar até a clinica Punção cecal percutânea - Tem como objetivo facilitar a oxigenação do paciente, reduzindo o risco de falência cardiorrespiratória - Reduz o agravamento de compressão diafragmática, quando o animal é colocado em decúbito - Muitas vezes quando há a retirada do acumulo de gases no ceco os movimentos peristálticos tendem a melhorar - Em alguns casos quando os gases estão envoltos com bolhas são administrados medicamentos para remover essas bolhas Paracentese abdominal - A obtenção do liquido peritoneal por meio de paracentese é considerada uma pratica fácil e segura para o animal - O procedimento fornece dados complementares importantes, seja através do enxame físico e bioquímico, classificação e contagem das células, ou pela detecção de bactérias no liquido peritoneal, informando o provável grau de comprometimento da parede intestinal direcionando a conduta clínica e o prognostico - Dependendo das condições que o animal se encontra a resolução da cólica é apenas cirúrgica, mas antes de levar o animal para a cirurgia é preciso saber se o procedimento é realmente necessário, é realizado então a paracentese abdominal para avaliar o quadro do paciente - Para realizar o procedimentousa-se sondas mamarias por terem uma ponta romba A: claras e incolores – transudadas B: transudado amarelo e levemente turvo – modificado C: vermelho e ligeiramente turvo (provavelmente hemácias hemolisadas) – hemorragia D: laranja e turva – provável fluido inflamatório com sangue E: fluido sedimentado – observe grânulos grossos de células no fundo do tubo F: vermelho e turvo – sangrento como resultado de hemorragia ou contaminação sanguínea iatrogênica G: marrom e ligeiramente turvo - possível colapso dos glóbulos vermelhos ou biliares - Se o enxame der como na amostra A significa que o animal não precisa realizar a cirurgia - Entre B e D ele precisa tratar da cólica por meio de procedimento cirúrgico - Entre F e G não há mais nada que posso ser feito, nem mesmo por meio de procedimentos cirúrgicos, pois o animal já se encontra em um estado muito avançado Tempo de perfusão capilar (TPC) - Quando as alças intestinais estão comprometidas o TPC se altera - Com a coleta abdominal e o TPC se tem uma ideia do estado real do animal 1-2s: Normal 2-4s: Moderado a fraco. Há possível desidratação +4: Problema grave Laparotomia exploratória em equino - A laparotomia também é tida como um método de diagnostico - Pode ser feita pela linha alba e pelos flancos - Laparotomia mediana ventral equina e laparotomia lateral (flanco) equino Laparotomia exploratória em bovino - Em bovino utiliza-se muito o flanco - Basta colocar o animal em um ambiente tranquilo e fazer uma anestesia local em L invertido com lidocaína 2% - Se fizer um pré-anestésico em bovino geralmente ele se deita, o que pode dificultar alguns procedimentos Flanco esquerdo - Rúmen: visível após a conclusão da incisão/palpação do conteúdo - Rim esquerdo: suspenso e palpado diretamente se o rúmen estiver vazio, se estiver cheio é palpado inferiormente ao saco dorsal - Baço, retículo e região diafragmática: aderências e abscessos – lado esquerdo do rúmen dorsalmente - Lobo caudado do fígado e vesícula biliar: lado direito, cranialmente - Útero e bexiga: região pélvica Flanco direito - Duodeno: correndo horizontalmente através da parte dorsal da incisão - Piloro e abomaso: palpados ventralmente - Jejuno, íleo, ceco, rins e região pélvica: examinados através do deslocamento cranial do omento maior - Omaso, lobo caudado do fígado, vesícula biliar e diafragma: palpados cranialmente
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