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Educação Ambiental Para Sustentabilidade

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Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA 
SUSTENTABILIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
JULIANA MARCONDES BUSSOLOTTI 
PATRICIA ORTIZ MONTEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA 
SUSTENTABILIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Taubaté 
Universidade de Taubaté 
2015 
 
 
Copyright©2015. Universidade de Taubaté. 
Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser 
reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade. 
Administração Superior 
Reitor Prof.Dr. José Rui Camargo 
Vice-reitor Prof. Dr. Isnard de Albuquerque Câmara Neto 
Pró-reitor de Administração Prof. Dr. Arcione Ferreira Viagi 
Pró-reitor de Economia e Finanças Prof. Dr. José Carlos Simões Florençano 
Pró-reitora Estudantil Profa. Ma. Angela Popovici Berbare 
Pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias Prof. Dr. Mario Celso Peloggia 
Pró-reitora de Graduação Profa. Dra. Nara Lúcia Perondi Fortes 
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof. Dr. Francisco José Grandinetti 
Coordenação Geral EaD Profa.Dra.Patrícia Ortiz Monteiro 
Coordenação Acadêmica Profa.Ma.Rosana Giovanni Pires 
Coordenação Pedagógica Profa.Dra. Ana Maria dos Reis Taino 
Coordenação Tecnologias da Informação e Comunicação Profa. Ma. Andréa Maria G. de A. Viana Consolino 
Coordenação de Mídias Impressas e Digitais 
Coordenação de Formação e Desenvolvimento Profissional 
 Profa.Ma.Isabel Rosângela dos Santos 
Profa. Dra. Juliana Marcondes Bussolotti 
Coord. de Área: Ciências da Nat. e Matemática Profa. Ma. Maria Cristina Prado Vasques 
Coord. de Área: Ciências Humanas Profa. Ma. Fabrina Moreira Silva 
Coord. de Área: Linguagens e Códigos Profa. Dra. Juliana Marcondes Bussolotti 
Coord. de Curso de Pedagogia 
Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Gestão e Negócios 
Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais 
Revisão ortográfica-textual 
Projeto Gráfico 
Diagramação 
Autor 
 Profa. Dra. Ana Maria dos Reis Taino 
Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira 
Profa. Dra. Ana Paula da Silva Dib 
Profa. Ma. Isabel Rosângela dos Santos 
Me. Benedito Fulvio Manfredini 
Bruna Paula de Oliveira Silva 
Juliana Marcondes Bussolotti 
Patricia Ortiz Monteiro 
Unitau-Reitoria Rua Quatro de Março,432-Centro 
Taubaté – São PauloCEP:12.020-270 
Central de Atendimento: 0800557255 
Polo Taubaté 
 
 
 
Polo Ubatuba 
 
 
 
Polo São José dos Campos 
 Avenida Marechal Deodoro, 605–Jardim Santa Clara 
Taubaté–São Paulo CEP:12.080-000 
Telefones: Coordenação Geral: (12)3621-1530 
Secretaria: (12)3625-4280 
Av. Castro Alves, 392 – Itaguá – CEP: 11680-000 
Tel.: 0800 883 0697 
e-mail: nead@unitau.br 
Horário de atendimento: 13h às 17h / 18h às 22h 
Av. Alfredo Ignácio Nogueira Penido, 678 
Parque Residencial Jardim Aquarius 
Tel.: 0800 883 0697 
e-mail: nead@unitau.br 
Horário de atendimento: 8h às 22h 
 
Ficha catalográfica elaborada pelo SIBi 
Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU 
 
B981e Bussolotti, Juliana Marcondes 
 Educação ambiental para sustentabilidade. /Juliana 
 Marcondes Bussolotti; Patrícia Ortiz.Taubaté: UNITAU, 2015. 
 118f. : il. 
 
 Bibliografia 
 
 1. Educação ambiental. 2. Sustentabilidade. 
 3. Meio ambiente. I. Ortiz, Patrícia II. Universidade de Taubaté. 
 III. Título 
 
 
 
 
1 
 
PALAVRA DO REITOR 
Palavra do Reitor 
 
 
Toda forma de estudo, para que possa dar certo, 
carece de relações saudáveis, tanto de ordem 
afetiva quanto produtiva. Também, de 
estímulos e valorização. Por essa razão, 
devemos tirar o máximo proveito das práticas 
educativas, visto se apresentarem como 
máxima referência frente às mais diversificadas 
atividades humanas. Afinal, a obtenção de 
conhecimentos é o nosso diferencial de 
conquista frente a universo tão competitivo. 
 
Pensando nisso, idealizamos o presente livro-
texto, que aborda conteúdo significativo e 
coerente à sua formação acadêmica e ao seu 
desenvolvimento social. Cuidadosamente 
redigido e ilustrado, sob a supervisão de 
doutores e mestres, o resultado aqui 
apresentado visa, essencialmente, a orientações 
de ordem prático-formativa. 
 
Cientes de que pretendemos construir 
conhecimentos que se intercalem na tríade 
Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de 
forma responsável, porque planejados com 
seriedade e pautados no respeito, temos a 
certeza de que o presente estudo lhe será de 
grande valia. 
 
Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa 
leitura. 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
Prof. Dr. José Rui Camargo 
Reitor 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
3 
 
 
Sobre o autor 
 
JULIANA MARCONDES BUSSOLOTTI: Possui graduação em Artes com 
licenciatura em Artes Cênicas ECA – USP; Mestrado em Ciências Ambientais pela 
Universidade de Taubaté – UNITAU; Doutora em Geografia pela UNESP - Rio Claro, 
SP. Atualmente é professora assistente III da Universidade de Taubaté (professora desde 
2001 no Departamento de Administração); desde 2009 é professora na EAD – Unitau; 
atualmente Coordenadora do Polo EAD Ubatuba. Trabalhou desde 1980 na educação 
básica, até 1998. Tem experiência na área de Turismo receptivo e ecoturismo (gerência 
em hotelaria por mais de 17 anos), atuando principalmente nos seguintes temas: hotelaria, 
turismo, ecoturismo, cultura e patrimônio, educação ambiental, planejamento 
participativo em Unidades de Conservação. Atua como consultora na área de educação, 
educação ambiental, Unidades de Conservação e Turismo. Participa de organizações não 
governamentais desde 1991. Representante das organizações não governamentais do 
Mosaico Bocaina como membro do colegiado gestor, desde 2010; participante do 
conselho consultivo do Parque Estadual da Ilha Anchieta pela UNITAU, desde 2011. 
Participante do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra do Mar Núcleo 
Picinguaba pela Associação Cunhambebe da Ilha Anchieta, desde 2014. 
 
PATRÍCIA DIANA EDITH BELFORT DE SOUZA CAMARGO ORTIZ 
MONTEIRO: Graduada em Agronomia pela Universidade de Taubaté (1986). 
Especialista em Planejamento e Manejo de Unidades de Conservação (CATIE/Costa 
Rica). Especialista em Turismo e Meio Ambiente (SENAC/CEATEL). Especialista em 
Gestão Ambiental (USP). Doutora em Ciências Ambientais pela Universidade de Taubaté 
(2005). Consultora em Turismo e Meio Ambiente. Atualmente é professora assistente 
doutora da Universidade de Taubaté e Coordenadora Geral do Ensino a Distância da 
UNITAU. É, ainda, a atual Diretora da EPTS. 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
5 
 
Caros(as) alunos(as), 
Caros( as) alunos( as) 
O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se 
como espaço acadêmico de encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais 
diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta com 
profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advém da grande experiência 
adquirida no campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação, ao longo de 
mais de 35 anos de História e Tradição. 
Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial. 
Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e Web 
interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a 
distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais preparada 
especificamente para este fim, e por conteúdo presente em salas virtuais. 
A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e 
subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como 
subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e 
atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta síntesesdas unidades, dicas de leituras e 
indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo 
estudado. 
Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da Web. Para 
a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de 
blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados 
ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem. 
Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua 
disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais 
atores desta formação. 
Para todos, os nossos desejos de sucesso! 
Equipe EAD-UNITAU 
 
 
 
6 
 
 
 
 
7 
 
Sumário 
 
 
 
Palavra do Reitor ........................................................................................................... 1 
Sobre o autor .................................................................................................................. 3 
Caros(as) alunos(as) ...................................................................................................... 5 
Ementa ........................................................................................................................... 9 
Objetivos ...................................................................................................................... 10 
Unidade 1. Histórico e Conceitos da Educação Ambiental ................................... 11 
1.1 Por Que Discutimos e Falamos Tanto em Educação Ambiental? ......................... 12 
1.2 Você Conhece o Contexto Histórico em que Nasceu a Educação Ambiental? ..... 13 
1.3 Mas afinal o que é Educação Ambiental? ............................................................. 24 
1.4 O que Dizem as Instituições Públicas e Pensadores das Universidades sobre 
EA? .............................................................................................................................. 27 
1.5 Síntese da Unidade ................................................................................................ 34 
1.6 Para saber mais ...................................................................................................... 34 
Unidade 2 As Relações entre Educação; Problemática Ambiental e 
Sustentabilidade ......................................................................................................... 37 
2.1 A Questão Ambiental Contemporânea e a Educação para a Sustentabilidade ...... 38 
2.2 O Que é Sustentabilidade? ..................................................................................... 39 
2.3 O Que é Ambientalização? .................................................................................... 42 
2.4 O que é Desenvolvimento? .................................................................................... 46 
 
 
 
8 
 
2.5 É Possível Fazer um Planejamento Ecológico e Começar a Mudar a Ordem 
Vigente? ....................................................................................................................... 49 
2.6 Conseguiremos Mudar e Construir uma Sociedade Sustentável? ......................... 52 
2.7 Síntese da Unidade ................................................................................................ 53 
2.8 Para saber mais ...................................................................................................... 54 
Unidade 3 Educação Ambiental Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade 57 
3.1 O Que Há Entre a Educação Formal e a Nossa Própria Vida? .............................. 59 
3.2 Como se Dá a Soma dos Saberes na Educação Formal? ....................................... 61 
3.3 Mas como Lidar Com a Realidade da Educação Hoje no Brasil para se Alcançar a 
Mudança de Atitude Desejada? ................................................................................... 65 
3.4 Podemos Refletir Acerca dos Paradigmas Educacionais que Ainda Iremos 
Aprender? .................................................................................................................... 69 
3.5 Ainda Temos Muito que Caminhar ....................................................................... 70 
3.6 Síntese da Unidade ................................................................................................ 74 
3.7 Para saber mais ...................................................................................................... 74 
Unidade 4 Quais Seriam as Práticas Educativas para uma Educação Ambiental 
para a Sustentabilidade? ........................................................................................... 77 
4.1 Fazemos uma Educação SOBRE o Meio Ambiente, NO Meio Ambiente, PARA o 
Meio Ambiente ou a PARTIR DO Meio Ambiente? .................................................. 77 
4.2 Campanhas de Sensibilização, Projetos e Programas: O Que Vem a Ser? ........... 79 
4.3 Que Tipo de Educador Você Pretende Ser? .......................................................... 81 
4.4 Que Passos dar Nesta Prática Educativa da EA? ................................................... 83 
4.5 Síntese da Unidade ................................................................................................ 85 
4.6 Para saber mais ...................................................................................................... 85 
Caderno de Atividades................................................................................................. 81 
Referências .................................................................................................................. 97 
 
 
 
9 
 
 
 
 
Educação Ambiental para 
a Sustentabilidade 
 
 
 
Ementa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ORGANIZE-SE!!! 
Você deverá usar de 3 
a 4 horas para realizar 
cada Unidade. 
EMENTA 
 
 
 
A EA é a principal ferramenta e estratégia para o enfrentamento da 
problemática ambiental, pois atua como proposta de mudança 
cultural e social, trabalhando com sensibilidade para que ocorram 
mudanças na forma de olhar o mundo, de desejar novas realidades e 
de contribuir para formar cidadãos mais críticos e ativos em suas 
realidades locais. A EA apoia e estimula processos educativos que 
fortaleçam os sujeitos sociais para atuar em seu contexto político, 
cultural e ambiental de forma crítica, autônoma, e na direção da 
construção de Sociedades Sustentáveis (FUNBEA, 2014). 
 
 
 
10 
 
Objetivo Geral 
 
Desenvolver a capacidade de compreensão da temática ambiental no âmbito 
interdisciplinar, enfocando o papel da educação para a construção de sociedades 
sustentáveis. 
 
 
Obj eti vos 
 
Objetivos Específicos 
 Compreender o contexto histórico em que se dá a educação ambiental e 
refletir sobre os diferentes conceitos atribuídos a ela. 
 Analisar as relações entre educação, problemática ambiental e 
sustentabilidade. 
 Discutir a prática educativa interdisciplinar e o desenvolvimento de 
projetos de intervenção social na educação ambiental. 
 Estimular a produção de materiais de apoio para o desenvolvimento de 
campanhas, projetos e programas de Educação Ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
Unidade 1 
Unidade 1 . Histórico e Conceitos da Educação 
Ambiental 
 
A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da 
Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da 
diversidade da vida. 
Carta da Terra, 2000. 
A Unidade 1 deste livro-texto pretende que você compreenda o contexto histórico em que 
se dá a Educação Ambiental (EA) no mundo e no Brasil. Também tem como objetivo 
refletir sobre os diferentes conceitos atribuídos a ela. Esta será a porta de entrada para a 
temática ambiental em seu curso. 
A reflexão sobre o tema é ampla e complexa. Talvez, depois de ler este livro-texto, você 
construa outras e tantasmais perguntas sobre como exercer sua prática educativa nos 
tempos de hoje – fique tranquilo(a), abrir o nosso futuro como educadores com muitas 
perguntas só nos leva a querer respondê-las, desafiar as incertezas, e, contribuir para uma 
sociedade reflexiva e participativa, o que não é tarefa de uma pessoa só. 
É preciso que exercitemos a reflexão e participação nos menores detalhes de nossa vida 
profissional e pessoal. “A aprendizagem é a nossa própria vida, desde a juventude até a 
velhice, de fato quase até a morte; ninguém passa dez horas sem nada aprender” 
(PARACELSO apud MÉSZÁROS, 2008, p. 21). Ao ensinar, aprendemos e nos 
perguntaremos mais; ao refletirmos sobre nossa prática educativa, ensinaremos e 
aprenderemos novamente, e assim continuamente por toda a vida. 
 
 
 
 
12 
 
1.1 Por Que Discutimos e Falamos Tanto em Educação 
Ambiental? 
 
A Educação Ambiental é contemporânea; ela nasce no século XX como prática educativa 
para trabalhar as crises ambientais provocadas pelo crescimento da industrialização, da 
população humana e do uso dos recursos naturais em todo o planeta. 
Veja a tira da Mafalda; com sua ironia costumeira, a personagem de Quino demonstra o 
atordoamento dos nossos tempos com o modo como vivemos hoje em nossa sociedade. 
São questões pertinentes à globalização econômica, ao modo de estar no planeta. 
Alguns autores dão como marco da construção da Educação Ambiental o botânico e 
sociólogo britânico, Patrick Geddes, nos idos de 1930. Entretanto, somente depois das 
primeiras manifestações sociais relacionadas a eventos catastróficos advindos da 
industrialização, das grandes guerras, da ocupação das grandes cidades e dos efeitos da 
mudança da qualidade de vida nasce de fato a prática da educação ambiental. 
A preocupação com o meio ambiente surge na mesma proporção de nossa ação 
devastadora sobre ele. Também é claro para nós que a revolução industrial e o aumento 
das tecnologias desenvolveram a ampliaram os conhecimentos da humanidade sobre o 
nosso planeta. Tanto as ideias preservacionistas como as ideias conservacionistas da 
natureza já estavam disseminadas no meio científico desde o século XIX. Do mesmo 
 
Figura 1.1: O mundo visto por Mafalda. 
Fonte: BUSSOLOTTI, 2015 (fotografia tirada na Mostra O Mundo de Mafalda, Praça das 
Artes, São Paulo, jan. 2015). 
 
 
 
13 
 
modo que tínhamos homens trabalhando na industrialização e no desenvolvimento de 
tecnologias para expandir a capacidade das sociedades, tínhamos homens refletindo sobre 
as consequências destas ações sobre o meio ambiente. 
Para o Dicionário de Ecologia e Ciências Ambientais (2001, p. 339), meio ambiente é a 
“soma total das condições circundantes no interior das quais um organismo, uma 
condição, uma comunidade ou um objeto existe. O meio ambiente não é um termo 
exclusivo; os organismos podem ser parte do ambiente de outro organismo.” 
Exemplo importante do pensamento científico desta época, Ernst Haeckel, biólogo 
alemão e grande divulgador das ideias de Darwin, propôs, em 1869, o termo “ecologia” 
para nominar os estudos das relações entre as espécies e seu ambiente. 
 
 
1.2 Você Conhece o Contexto Histórico em que Nasceu a 
Educação Ambiental? 
 
Em meados do século XX, em 1947, é fundada a International Union for the 
Conservation of Nature (IUCN), essencialmente ligada à questão da preservação de 
ambientes naturais é o primeiro movimento mundial em prol da conservação ambiental. 
Os anos 60 são conhecidos como uma década de grande agitação social, as questões 
ambientais não poderiam estar fora deste importante momento histórico. Em 1962, o 
famoso livro intitulado Primavera Silenciosa que versava sobre a influência negativa de 
pesticidas, o DDT principalmente, em aves, marcou o movimento ambiental mundial 
(BRASIL, 2014). 
Para Manoel Castells (1999, p. 411), os anos 60 e 70 foram palco de três processos 
independentes, mas interligados na nova sociedade global, redefinindo a história das 
relações de produção, de poder e de experiências, tanto em nível macrossocial como nas 
questões pessoais, chamada por ele de “revolução da tecnologia da informação”, a “crise 
 
 
 
14 
 
econômica do capitalismo e do estatismo e a consequente reestruturação de ambos” e pelo 
“apogeu de movimentos sociais e culturais, tais como libertarismo, direitos humanos, 
feminismo e ambientalismo”. A análise de Castells elucida o cenário posto nestas décadas 
de grandes mudanças sociais, econômicas e políticas em nível mundial; não vemos mais 
só o entorno de nossas casas ou cidades, já nessa época, incorporamos o planeta como 
nosso território. 
Em 1965, a expressão originalmente em inglês Enviromental Education – Educação 
Ambiental – EA, em português, foi utilizada na Conferência de Educação da 
Universidade de Keele na Grã Bretanha, quando se discutiu a EA como parte essencial 
na educação dos cidadãos. 
De uma perspectiva cultural ampla, há que se considerar também 
múltiplas contribuições éticas, estéticas, político-ideológicas e 
teóricas provenientes dos movimentos de contracultura que 
marcaram a vida cultural do ocidente a partir dos anos 60 do século 
passado; das tradições anarquistas e socialistas; das teorias e 
pedagogias críticas veiculadas em grande medida pela educação 
popular; da produção e da cultura das ciências naturais; dos 
movimentos e debates preservacionistas e conservacionistas 
verificados na América do Norte; e das heranças do romantismo 
como movimento estético e sociocultural (LIMA, 2009, p. 149). 
Nos anos 70 tivemos muitos eventos importantes para o movimento ambiental e 
especificamente para a Educação Ambiental, foram eles (BRASIL, 2014): 
- 1972. Publicação do Relatório “Os Limites do Crescimento” 
do Clube de Roma e Conferência de Estocolmo - Discussão do 
Desenvolvimento e Ambiente, Conceito de 
Ecodesenvolvimento. Discutiu-se sobre as ações para se obter 
no mundo um equilíbrio global, ponderando-se a redução do 
consumo e determinadas prioridades sociais. Na Conferência 
da ONU em Estocolmo reconheceu-se a necessidade do 
 
 
15 
 
desenvolvimento e recomendou-se o estabelecimento de 
Programas de EA; 
- 1974. Seminário de Educação Ambiental em Jammi, 
Finlândia - Reconhece a Educação Ambiental como educação 
integral e permanente; 
- 1975. Congresso de Belgrado - Carta de Belgrado estabelece 
as metas e princípios da Educação; 
- 1976. Reunião Sub-regional de EA para o ensino Secundário 
Chosica, Peru. Questões ambientais na América Latina estão 
ligadas às necessidades de sobrevivência e aos direitos 
humanos; 
- 1976. Congresso de Educação Ambiental Brasarville, África, 
reconhece que a pobreza é o maior problema ambiental; 
- 1977. Conferência de Tbilisi - Geórgia, estabelece os 
princípios orientadores da EA e remarca seu caráter 
interdisciplinar, critico, ético e transformador; 
- 1979. Encontro Regional de Educação Ambiental para 
América Latina em San José, Costa Rica. 
Os anos 80 trouxeram vários eventos internacionais e nacionais que consolidaram 
compromissos voltados para a discussão e pactos políticos sobre as questões ambientais. 
Como exemplo, “em 1981 foi sancionada a lei nº 6. 938 que estabeleceu a Política 
Nacional do Meio Ambiente visando acionar Estados e Municípios como executores de 
medidas e providências” que determinou a participação conjunta dos órgãos públicos nos 
três níveis de poder para participarem das ações em prol do meio ambiente no Brasil 
(BARBOUR, 2003, p. 13). 
Tanto para Lima (1999), como para diversos autores que tratam da temática ambiental, o 
ano de 1987 foi um marco fundamental que trouxe uma revisão detalhada sobre as ações 
 
 
 
16 
 
em educação ambiental no mundo desde a Conferência de Tbilisi. É o ano em que ocorre 
a Conferência Internacional sobre Educação e Formação Ambiental em Moscou realizada 
pela UNESCO/PNUMA, que divulga o relatório da ComissãoBrundtland – ‘Nosso 
Futuro Comum’, escrito em 1987; neste a ideia de desenvolvimento sustentável é 
retomada e construída a partir das discussões do relatório “Os Limites do Crescimento” 
do Clube de Roma e Conferência de Estocolmo em 1972. 
 “O Nosso Futuro Comum” em linhas gerais discutia a complexidade da globalização e 
os problemas ambientais e socioeconômicos chamando a atenção para as questões éticas 
e de responsabilidade dos dirigentes da época com as futuras gerações, tais como 
desarmamento, cultura de paz, adaptação das indústrias com tecnologias ‘verdes’, pactos 
mundiais contra destruição de florestas, proteção à biodiversidade, apoio a medidas 
protetoras relacionadas às mudanças climáticas, diminuição da pobreza, excesso do 
consumo, bem como a discussão de estratégias para a educação ambiental para as 
próximas décadas. 
 
 
 
17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 1.1: Relatório Brundtland 
Fonte:<http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/91>. Acesso em: 20 
nov. de 2014. 
 
 
 
 
Em 1987, o documento Our Common Future (Nosso Futuro 
Comum) ou, como é bastante conhecido, Relatório Brundtland, 
apresentou um novo olhar sobre o desenvolvimento, definindo-o 
como o processo que “satisfaz as necessidades presentes, sem 
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas 
próprias necessidades”. É a partir daí que o conceito de 
desenvolvimento sustentável passa a ficar conhecido. 
Elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, o Relatório Brundtland aponta para a 
incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os 
padrões de produção e consumo, trazendo à tona mais uma vez a 
necessidade de uma nova relação “ser humano-meio ambiente”. 
Ao mesmo tempo, esse modelo não sugere a estagnação do 
crescimento econômico, mas sim essa conciliação com as 
questões ambientais e sociais. 
O ‘Relatório Brundtlandt’ é resultado do trabalho da Comissão 
Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, da ONU, 
presidida por Gro Harlem Brundtlandt e Mansour Khalid, daí o 
nome final do documento. A comissão foi criada em 1983, após 
uma avaliação dos 10 anos da Conferência de Estocolmo, com o 
objetivo de promover audiências em todo o mundo e produzir 
um resultado formal das discussões. O documento foi publicado 
após três anos de audiências com líderes de governo e o público 
em geral, ouvidos em todo o mundo sobre questões relacionadas 
ao meio ambiente e ao desenvolvimento. Foram realizadas 
reuniões públicas tanto em regiões desenvolvidas quanto nas em 
desenvolvimento, e o processo possibilitou que diferentes 
grupos expressassem seus pontos de vista em questões como 
agricultura, silvicultura, água, energia, transferência de 
tecnologias e desenvolvimento sustentável em geral. 
 
Fonte: <http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/91>. 
Acessado em: nov. de 2014. 
 
 
 
18 
 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 também corrobora as diretrizes 
mundiais da época (BRASIL, 1988), tendo estabelecido, no inciso VI do artigo 225, a 
necessidade de “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. 
Para o professor Pedro Roberto Jacobi da Universidade de São Paulo – USP (2005, p. 
238), “os anos de 1990 marcam mudanças significativas no debate internacional sobre os 
problemas ambientais.” A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento – Rio 92 foi um marco muito importante na discussão da crise 
ambiental em nível planetário referendando uma agenda para ser seguida por todos os 
países na passagem para o século 21. Os “temas da sustentabilidade e do desenvolvimento 
sustentável foram adotados como referenciais e presidiram todo o processo de debates, 
declarações e documentos formulados”. 
Outro documento importante nascido na Rio 92 foi a “Carta da Terra” escrita por 
representantes de quarenta e seis países. Iniciada no Fórum global de Ong’s, demorou 
oito anos para ficar pronta (de 1992 a 2000); após amplos processos públicos de debates 
foi ratificada pela UNESCO. “Trata-se de uma declaração de princípios globais que 
orienta as ações individuais e coletivas rumo ao desenvolvimento sustentável e sugere 
parâmetros éticos globais.” (JACOBI, 2005, p. 239). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1.2: Emblema da Carta da Terra. 
Fonte: http://www.cartadaterrabrasil.org/prt/index.html 
Acesso em: 10 nov. 2014. 
 
http://www.cartadaterrabrasil.org/prt/index.html
 
 
19 
 
 
Juntamente com a “Carta da Terra”, construiu-se o “Tratado de Educação Ambiental para 
Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”; segundo o ProNEA (BRASIL, 
MMA, 2005), constituiu-se como marco mundial relevante para a educação ambiental. 
Foi elaborado no âmbito da sociedade civil reconhecendo a educação ambiental como um 
processo dinâmico em permanente construção, orientado por valores baseados na 
transformação social. O Tratado postula que: 
(...) a educação ambiental para uma sustentabilidade equitativa é um 
processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas 
as formas de vida. Tal educação afirma valores e ações que 
contribuem para a transformação humana e social e para a 
A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a 
construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia 
métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. 
A Agenda 21 brasileira é um instrumento de planejamento participativo para o 
desenvolvimento sustentável do país, resultado de uma vasta consulta à população 
brasileira. Foi coordenada pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento 
Sustentável e Agenda 21 (CPDS), construída a partir das diretrizes da Agenda 21 
Global, e entregue à sociedade, por fim, em 2002. 
A Agenda 21 Local é o processo de planejamento participativo de um determinado 
território que envolve a implantação, ali, de um Fórum de Agenda 21. Composto por 
governo e sociedade civil, o Fórum é responsável pela construção de um Plano Local 
de Desenvolvimento Sustentável, que estrutura as prioridades locais por meio de 
projetos e ações de curto, médio e longo prazo. No Fórum são também definidos os 
meios de implementação e as responsabilidades do governo e dos demais setores da 
sociedade local na implementação, acompanhamento e revisão desses projetos e 
ações. 
Quadro 1.2: Agenda 21 
Fonte: <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21>. 
Acessado em: nov. de 2014 Acesso em: 20 nov. 2014. 
 
 
 
20 
 
preservação ecológica. Ela estimula a formação de sociedades 
socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservam 
entre si relação de interdependência e diversidade. Isto requer 
responsabilidade individual e coletiva em nível local, nacional e 
planetário (BRASIL, MEC, 2014). 
Em 1996, foram instituídas as “Diretrizes e Bases da Educação Nacional” pela Lei nº 
9.394, de 20/12/1996. 
Na LDB existem poucas menções à Educação Ambiental. A 
referência é feita no artigo 32, inciso II, segundo o qual se exige, 
para o Ensino Fundamental, a “compreensão ambiental natural e 
social do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em 
que se fundamenta a sociedade”; e no artigo 36, § 1º, segundo o 
qual os currículos do ensino fundamental e médio “devem abranger, 
obrigatoriamente, (...) o conhecimento do mundo físico e natural e 
da realidade social e política, especialmente do Brasil” 
(HENRIQUES, R. et al. 2007, p. 19). 
Em 1999, foi instituída a Política Nacional de Educação Ambiental pela lei 9.795 em 27 
de abril. Nos dois primeiros artigos, define a Educação Ambiental: 
Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio 
dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, 
conhecimentos, habilidades, atitudes e competênciasvoltados para 
a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, 
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. 
Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e 
permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma 
articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, 
em caráter formal e não-formal (BRASIL, 1999). 
Em 2002, o Decreto Nº 4.281, de 25 de junho de 2002, regulamenta a Lei que instituiu a 
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências: 
 
 
21 
 
Art. 1º A Política Nacional de Educação Ambiental será executada 
pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio 
Ambiente - SISNAMA, pelas instituições educacionais públicas e 
privadas dos sistemas de ensino, pelos órgãos públicos da União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios, envolvendo entidades não 
governamentais, entidades de classe, meios de comunicação e 
demais segmentos da sociedade (BRASIL, MEC, 2014). 
Em setembro de 2004 é realizada a Consulta Pública do ProNEA, o Programa Nacional 
de Educação Ambiental, que reuniu contribuições de mais de 800 educadores ambientais 
do país. Assumindo as seguintes diretrizes: 
• Transversalidade e Interdisciplinaridade. 
• Descentralização Espacial e Institucional. 
• Sustentabilidade Socioambiental. 
• Democracia e Participação Social. 
• Aperfeiçoamento e Fortalecimento dos Sistemas de Ensino, Meio 
Ambiente e outros que tenham interface com a educação ambiental 
(BRASIL, MMA, 2014). 
Por iniciativa das Nações Unidas, foi instituída a “Década da Educação para o 
Desenvolvimento Sustentável (2005-2014)”, tendo como meta potencializar as políticas 
de EA, “os programas e as ações educacionais já existentes, além de multiplicar as 
oportunidades inovadoras” (HENRIQUES et al, 2007, p. 13). 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os desafios dilemáticos da Década 
Mas nem tudo são flores. Não há unanimidade entre os especialistas em educação ambiental 
quanto às expectativas da implementação da Década, pois existem perdas e ganhos com a 
iniciativa das Nações Unidas. 
Enquanto uns acreditam se tratar de uma importante iniciativa que virá beneficiar a construção 
da sustentabilidade a partir da Educação, não fazendo inclusive qualquer distinção conceitual 
ou político-pedagógica entre EA ou EDS; outros entendem que elas são duas propostas 
educativas divergentes, denunciando ainda a Educação para o Desenvolvimento Sustentável 
como comprometida com as forças sociais conservadoras e liberais, que tem no vocábulo 
“Desenvolvimento Sustentável” a oportunidade de se abrandar o questionamento da atual 
ordem socioeconômica vigente no planeta. 
Segundo esse ponto de vista, em decorrência do estímulo ao processo pelas Nações Unidas, 
uma eventual substituição do vocábulo “Educação Ambiental” para o de “Educação para o 
Desenvolvimento Sustentável”, pode significar um entrave ao processo que possui mais de 
trinta anos de trajetória. Aproximar a Educação ao reconhecidamente ambíguo e controverso 
conceito de Desenvolvimento Sustentável pode representar um retrocesso na construção de 
uma identidade que vislumbra a construção de sociedades sustentáveis a partir de uma 
perspectiva crítica e emancipatória, que evita a articulação da Educação com a ideologia 
desenvolvimentista e economicista. 
Em maio de 2005, durante o lançamento oficial da Década na América Latina e Caribe pela 
Unesco no Rio de Janeiro, foi realizada uma Oficina intitulada “Educação ambiental no 
contexto da sustentabilidade”, onde se discutiu o conflito de visões polarizando as opiniões a 
respeito da EA e EDS. Nessa ocasião, foi elaborado um documento chamado “Manifesto pela 
Educação Ambiental”, que em menos de dois meses, foi traduzido do português para outras 
sete línguas (francês, inglês, alemão, italiano, espanhol, galego e catalão) e já possui a adesão 
de quase 800 educadores ambientais preocupados com as conquistas expressadas no Tratado 
de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, para a 
construção de sociedades ecologicamente prudentes, socialmente justas, culturalmente 
diversas e politicamente atuantes. 
Quadro 1.3: Educação para o Desenvolvimento Sustentável 
Fonte: http://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/dt_04.pdf. Acesso 
em: 22 nov. 2014. 
 
 
23 
 
Essa iniciativa, a nona Década Internacional proclamada pela 
Assembleia Geral das Nações Unidas, é uma proposta sugerida pelo 
governo japonês, foi apoiada por quarenta e seis países, e é 
decorrente do projeto “Educação para um Futuro Sustentável”, 
criado em 1994 como o principal mecanismo para a aplicação das 
recomendações relativas à educação, efetuadas pelas grandes 
conferências das Nações Unidas na década de 90 e pelas convenções 
da diversidade biológica, mudança climática e desertificação. Foi 
encaminhada à Conferência Mundial sobre Desenvolvimento 
Sustentável (Johannesburgo, 2002), que oficializou uma 
recomendação à Assembleia Geral das Nações Unidas para adotar a 
Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável 
(BRASIL, 2005, p. 9). 
Para Rodrigues e Colesanti (2008, p. 52), as formas mais comuns de implementação das 
políticas de EA têm sido: 
• Inclusão de temas ambientais no sistema educacional básico com 
o estabelecimento de programas institucionais voltados à Educação 
Ambiental; 
• Formação de pessoal necessário ao desenvolvimento da 
Educação Ambiental, por meio da inserção de cursos de temática 
ambiental na grade curricular dos cursos de graduação; 
• Criação de cursos de pós-graduação, lato e stricto sensu, para 
professores e outros profissionais, centrados em temáticas 
ambientais, a fim de complementar e atualizar a formação 
tradicional dos cursos de origem; 
• Elaboração de materiais didáticos, audiovisual ou impresso, para 
Educação Ambiental; 
• Proliferação e abertura de novos espaços de comunicação para a 
Educação Ambiental, dentre os quais podemos citar fóruns, 
congressos e, no meio digital, a formação de redes e a multiplicação 
 
 
 
24 
 
de sites na internet referentes ao tema, que acabam por sensibilizar 
a população em geral para os problemas da degradação ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3 Mas afinal o que é Educação Ambiental? 
 
Podemos aqui passar páginas e páginas conceituando a Educação Ambiental, mas, para 
organizar nossas ideias, deixaremos registrados alguns pontos fundamentais que você, 
como professor, deve levar em consideração na sua prática de EA. Deixaremos o registro 
do ideário institucional e de alguns autores consagrados. Ficam as dicas para a pesquisa 
mais aprofundada para aqueles que quiserem mergulhar no tema em outro momento. 
Dica de Leitura 
 
 
 
Ministério do Meio Ambiente (MMA, BRASIL). 
Periódico Coleciona (1) 
ProNEA (4) 
Publicações Especiais (5) 
Série "Desafios da EA" (9) 
Série "Documentos Técnicos" (15) 
Série "Repertórios da EA" (9) 
 
 
 
25 
 
Chamamos para a discussão um importante cientista brasileiro, Aziz Ab’Saber, (1924-
2012). De maneira firme e muito consciente do panorama mundial, o professor Aziz, já 
em 1991, alertava a todos os educadores sobre as incoerências e idiossincrasias da prática 
educativa da educação ambiental que estava apenas no discurso pedagógico mas que 
ensejava na prática uma ideologia conservadora do modo de ver a educação de modo 
geral. 
Não há lugar para se conduzir, no processo educativo, dito 
ambiental, tentando impingir noções genéricas para habitantes da 
beira de um lago ou das margens de um rio ou “furo” da Amazônia, 
e estendendo-as para os moradores dos sertões interiores ou das 
coxilhas do Rio Grande do Sul. Ou, tentar utilizar material 
documentário preparado para alunos residentes em áreas de solos 
férteis e rios perenes, projetando-o para meninos ou adolescentes 
residentes emrústicos sertões do Nordeste Seco, em que os rios 
correm apenas por 5 a 6 meses durante o ano, e em que as condições 
culturais e sociais da população são totalmente diversas. 
Ou, ainda, pretender usar conhecimentos e posturas relacionados aos 
lindos litorais do Brasil atlântico, no ensino dirigidos para crianças, 
adolescentes e adultos, condenados à vivência das favelas. Ou, aos 
pobres trabalhadores, semi-escravos, que mourejam no coração das 
selvas (AB’SÁBER, 1991). 
A adequação da prática pedagógica ao público com que vamos trabalhar é uma das 
reflexões mais importantes para fazermos em qualquer atividade didática, em EA não será 
diferente. Do mesmo modo, sabemos que temos que estudar, aprender, entender, 
compreender, sentir sobre o assunto que vamos trabalhar com nossos alunos, sejam 
conteúdos científicos, técnicos ou afetivos que queiramos mediar na nossa ação 
educativa. No mesmo artigo citado anteriormente, o professor Aziz nos fornece as 
diretrizes para esses conteúdos. 
Enfim, EA exige método, noção de escala; boa percepção das 
relações entre tempo e conjunturas; conhecimentos sobre diferentes 
realidades regionais. E, sobretudo, códigos de linguagem adaptados 
 
 
 
26 
 
às faixas etárias do aluno. É um processo que, necessariamente, 
revitaliza a pesquisa de campo, por parte dos professores e dos 
alunos. Implica um exercício permanente de interdisciplinaridade – 
a prévia da transdisciplinaridade. Faz balançar o gasto correto das 
velhas disciplinas, eliminando teorizações elitistas e aperfeiçoando 
novas linhas teóricas, em bases mais sólidas e de entendimento mais 
amplo (AB’SÁBER, 1991). 
Em seu artigo sobre “A formação dos professores em Educação Ambiental”, em livro 
importante para leitura de professores, Panorama da educação ambiental no ensino 
fundamental, Naná Mininni Medina, tece considerações sobre a EA. Entende que a 
Educação Ambiental é “uma modalidade da educação em geral” que trabalha valores, 
desenvolve atitudes, trabalha a “compreensão crítica e global do ambiente” para gerar 
“uma posição consciente e participativa a respeito das questões relacionadas com a 
conservação e a adequada utilização dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade 
de vida e a eliminação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado.” (MEDINA, 
2001, p. 18). 
No livro acima citado, Maurício Compiani, em seu artigo “Contribuição para reflexões 
sobre o panorama da Educação Ambiental no ensino formal” elenca o que chamou de 
princípios da EA acordados pelos educadores ambientais. 
i) A educação é um direito de todos, somos todos aprendizes e 
educadores; 
ii) a EA é individual e coletiva, tem o propósito de formar cidadãos 
com consciência local e planetária que respeitem a 
autodeterminação dos povos e a soberania das nações; 
iii) a EA não é neutra, mas ideológica. É um ato político, baseado 
em valores para a transformação social; 
iv) a EA deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a 
relação entre o ser humano, a natureza e o universo, de forma 
interdisciplinar; 
 
 
27 
 
v) a EA deve ser planejada para capacitar as pessoas a trabalharem 
conflitos de maneira justa e humana (COMPIANI, 2001, p. 43) 
 
1.4 O que Dizem as Instituições Públicas e Pensadores das 
Universidades sobre EA? 
 
O quadro abaixo foi construído a partir das informações disponibilizadas no site do 
Ministério do Meio Ambiente no item Educação Ambiental, subitem Política de 
Educação Ambiental. Ele escolhe entre as instituições e pensadores de universidades para 
imprimir o pensamento mais generalizado sobre este tema. 
 
 
 
 
28 
 
DOCUMENTO CONCEITO 
Política Nacional de 
Educação Ambiental - Lei 
nº 9795/1999, Art 1º 
"Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade 
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a 
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e 
sua sustentabilidade." 
Diretrizes Curriculares 
Nacionais para a Educação 
Ambiental, Art. 2°. 
 
“A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática social, que 
deve imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e 
com os outros seres humanos, visando potencializar essa atividade humana com a finalidade de 
torná-la plena de prática social e de ética ambiental.” 
Conferência Sub-regional 
de Educação Ambiental 
para a Educação 
Secundária – Chosica/Peru 
(1976) 
 
“A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa tem a 
tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre 
si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela 
desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes 
que promovem um comportamento dirigido a transformação superadora dessa realidade, tanto em 
seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes 
necessárias para dita transformação.” 
Conferência 
Intergovernamental de 
Tbilisi (1977) 
 
“A educação ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de conceitos, 
objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para 
entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. 
A educação ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que 
conduzem para a melhora da qualidade de vida” 
QUINTAS, J. S., Salto 
para o Futuro, 2008 
 
“A Educação Ambiental deve proporcionar as condições para o desenvolvimento das capacidades 
necessárias; para que grupos sociais, em diferentes contextos socioambientais do país, intervenham, 
de modo qualificado tanto na gestão do uso dos recursos ambientais quanto na concepção e 
aplicação de decisões que afetam a qualidade do ambiente, seja físico-natural ou construído, ou seja, 
educação ambiental como instrumento de participação e controle social na gestão ambiental 
pública.” 
SORRENTINO et all, 
Educação ambiental como 
política pública, 2005 
 
“A Educação Ambiental nasce como um processo educativo que conduz a um saber ambiental 
materializado nos valores éticos e nas regras políticas de convívio social e de mercado, que implica 
a questão distributiva entre benefícios e prejuízos da apropriação e do uso da natureza. Ela deve, 
portanto, ser direcionada para a cidadania ativa considerando seu sentido de pertencimento e co-
responsabilidade que, por meio da ação coletiva e organizada, busca a compreensão e a superação 
das causas estruturais e conjunturais dos problemas ambientais” 
TREIN, E., Salto para o 
Futuro, 2008 
 
“A Educação Ambiental, apoiada em uma teoria crítica que exponha com vigor as contradições que 
estão na raiz do modo de produção capitalista, deve incentivar a participação social na forma de 
uma ação política. Como tal, ela deve ser aberta ao diálogo e ao embate, visando à explicitação das 
contradições teórico-práticas subjacentes a projetos societários que estão permanentemente em 
disputa.” 
SATO, M. et all, 
Insurgência do grupo-
pesquisador na educação 
ambiental sociopoiética, 
2005 
“A EA deve se configurar como uma luta política, compreendida em seu nível mais poderoso de 
transformação: aquela que se revela em uma disputa de posições e proposições sobre o destino das 
sociedades, dos territórios e das desterritorializações; que acredita que mais do que conhecimento 
técnico-científico, o saber popular igualmente consegue proporcionar caminhos de participação para 
a sustentabilidade através da transição democrática”. 
LAYRARGUES; P.P. 
Crise ambiental e suas 
implicações na educação, 
2002. 
 
“Um processo educativo eminentemente político, que visa aodesenvolvimento nos educandos de 
uma consciência crítica acerca das instituições, atores e fatores sociais geradores de riscos e 
respectivos conflitos socioambientais. Busca uma estratégia pedagógica do enfrentamento de tais 
conflitos a partir de meios coletivos de exercício da cidadania, pautados na criação de demandas por 
políticas públicas participativas conforme requer a gestão ambiental democrática.” 
MOUSINHO, P. 
Glossário. In: Trigueiro, A. 
(Coord.) Meio ambiente no 
século 21. Rio de Janeiro: 
Sextante. 2003. 
"Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, 
garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de 
uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais. 
Desenvolve-se num contexto de complexidade, procurando trabalhar não apenas a mudança 
cultural, mas também a transformação social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética 
e política." 
Quadro 1.4: Quadro conceitual da educação ambiental 
Fonte: BRASIL (MMA), 2014. 
O Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA, é coordenado pelo órgão gestor 
da Política Nacional de Educação Ambiental. Suas ações destinam-se a assegurar, no 
âmbito educativo, a integração equilibrada das múltiplas dimensões da sustentabilidade – 
ambiental, social, ética, cultural, econômica, espacial e política – ao desenvolvimento do 
 
 
29 
 
País, resultando em melhor qualidade de vida para toda a população brasileira, por 
intermédio do envolvimento e participação social na proteção e conservação ambiental e 
da manutenção dessas condições ao longo prazo (BRASIL, MMA, 2005). 
Nesse sentido, assume também as quatro diretrizes do Ministério do Meio Ambiente para 
compor a sua proposição de Educação Ambiental: 
• Transversalidade; 
• Fortalecimento do SISNAMA; 
• Sustentabilidade; 
• Participação e controle social. 
 
 
 
 
30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente 
 
O Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, foi instituído pela Lei 6.938, de 31 de 
agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto 99.274, de 06 de junho de 1990, sendo constituído 
pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas 
Fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade 
ambiental, e tem a seguinte estrutura: 
 
 Órgão Superior: O Conselho de Governo 
 Órgão Consultivo e Deliberativo: O Conselho Nacional do Meio Ambiente - 
CONAMA 
 Órgão Central: O Ministério do Meio Ambiente – MMA 
 Órgão Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis – IBAMA 
 Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de 
programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a 
degradação ambiental 
 Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e 
fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições 
 
A atuação do SISNAMA se dá mediante articulação coordenada dos Órgãos e entidades que o 
constituem, observando o acesso da opinião pública às informações relativas as agressões ao 
meio ambiente e às ações de proteção ambiental, na forma estabelecida pelo CONAMA. 
 
Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a regionalização das medidas emanadas 
do SISNAMA, elaborando normas e padrões supletivos e complementares. 
 
Os Órgãos Seccionais prestarão informações sobre os seus planos de ação e programas em 
execução, consubstanciadas em relatórios anuais, que serão consolidados pelo Ministério do 
Meio Ambiente, em um relatório anual sobre a situação do meio ambiente no País, a ser 
publicado e submetido à consideração do CONAMA, em sua segunda reunião do ano 
subsequente. 
Quadro 1.5: SISNAMA 
Fonte: http://www.mma.gov.br/port/conama//estr1.cfm> 
Acesso em: 15 nov. 2014. 
http://www.mma.gov.br/port/conama/estr1.cfm
 
 
31 
 
Ao fecharmos a Unidade 1 deste livro-texto, traremos aqui um pouco da discussão de 
outra teórica da Educação Ambiental, Isabel Cristina de Moura Carvalho. Talvez 
consigamos, com as questões colocadas por esta autora, deixar janelas abertas para a 
reflexão de vocês sobre a prática de EA, seja na escola ou fora dela. 
Isabel Cristina de Moura Carvalho questiona, em seu artigo intitulado “Qual educação 
ambiental? Elementos para um debate sobre educação ambiental Popular e extensão 
rural”, se podemos afirmar ter apenas uma Educação Ambiental. Pergunta ainda: todos 
os educadores ambientais partem do mesmo “princípio pedagógico e de um ideário 
ambiental comuns?” (CARVALHO, 2001, p. 2). 
A resposta, acreditamos, vocês já sabem: não há um consenso sobre essas práticas e, como 
também era esperado, “há uma grande variação das intencionalidades sócio-educativas, 
metodologias pedagógicas e compreensões acerca do que seja a mudança ambiental 
desejada” (CARVALHO, 2001, p. 2). Não há convergência de visão de mundo, pois os 
conceitos que são os termos-chave da educação ambiental e, mais amplamente das 
questões ambientais, ainda estão em construção ou não são tratados cuidadosamente e 
profundamente como deveriam. São termos bastante utilizados, muitas vezes já 
incorporados na nossa fala do dia a dia, nas discussões dos noticiários, nas reuniões da 
escola e nos livros didáticos, tais como sustentabilidade, desenvolvimento, meio 
ambiente, economia verde, e o próprio termo educação ambiental. 
A primeira parte do artigo questiona se o termo ambiental pode ser qualificador da 
educação, pois “contextualizar os sujeitos no seu entorno histórico, social e natural”, ou 
se utilizar de práticas educativas que fazem “trabalhos de campo, estudos do meio”, ou 
ainda elaborar projetos por “temas geradores” e dar aulas ao ar livre não são atividades 
inéditas na educação (CARVALHO, 2001, p. 3). 
Os diferenciais entre a educação propriamente dita e a educação ambiental estão nos 
pressupostos teóricos e no conhecimento sobre os aspectos metodológicos que regem o 
entendimento do que é ser ambiental. O termo ambiental está suposto no entendimento 
de que a construção teórica sobre o meio ambiente é sistêmica, alicerçada no pensamento 
complexo, baseada nas relações interativas entre a diversidade da natureza e sociedades 
 
 
 
32 
 
humanas, pontuadas pelos interesses políticos, econômicos e culturais da humanidade no 
planeta. 
O foco de uma educação dentro do novo paradigma ambiental, 
portanto, tenderia a compreender, para além de um ecossistema 
natural, um espaço de relações socioambientais historicamente 
configurado e dinamicamente movido pelas tensões e conflitos 
sociais (CARVALHO, 2001, p. 3). 
Para compreendermos as práticas educativas desenvolvidas por nós nas escolas e em que 
ideário de homem e de mundo estas práticas se apoiam temos que analisá-las em seus 
“cenários sociais e históricos mais amplos”, pois é evidente que são “projetos 
pedagógicos políticos datados e intencionados” carregados de intencionalidade e 
ideologias, porque estas práticas não saíram ‘do nada’ sem contextualização e/ou função 
social alguma (CARVALHO, 2001, p. 3). Elas partilham com os seus criadores modos 
de ver e agir no mundo. 
A questão ambiental traduzida num conjunto de “práticas educativas nomeadas como EA 
e a identidade de um profissional a ela associada, o educador ambiental” vão constituir o 
que Isabel Cristina de Moura Carvalho nomeou de Campo Ambiental, um espaço de 
crenças, valores e hábitos, ou seja, uma cultura ambiental que pressupõe um “novo pacto 
societário sustentável” (CARVALHO, 2001, p. 3). 
Este é o desafio que nos impõe o século XXI: como pensaremos uma educação que possa 
formar as pessoas para viver em uma sociedade que considere o ambiente em que está 
inserida como um organismo vivo,em transformação. 
 
 
 
33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dica de Leitura 
 
 
 
BRASIL. (MMA) Educação Ambiental 
Disponível em: http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-
educacao-ambiental/documentos-referenciais/item/8074 
Acesso em: 25 set. 2014 
Documentos básicos para 
Educação Ambiental 
 
O ProNEA - Programa Nacional 
de Educação Ambiental - 3a. 
edição 
 
Carta de Belgrado-Algumas 
Recomendações da Conferência 
Intergovernamental sobre 
Educação Ambiental: Tbilisi 
 
Capítulo 36 da Agenda 21 
 
Tratado de Educação Ambiental 
Para Sociedades Sustentáveis e 
Responsabilidade Global 
 
Declaração de Brasília para a 
Educação Ambiental feita na I 
Conferência Nacional de EA 
 
Declaração de Thessaloniki 
 
A Carta da Terra 
 
Declaração de Caracas para a 
Educação Ambiental na região 
Ibero-americana 
 
Compromisso de Goiânia 
 
Carta de Itajaí 
 
Proposta de Aliança Latino 
Americana 
Documentos relativos a 
Educação para o 
Desenvolvimento Sustentável 
 
Resolução nº 57/254 adotada pela 
Assembleia Geral da Nações 
Unidas que institui a década da 
Educação para o Desenvolvimento 
Sustentável 
 
Plano Internacional de 
Implementação da Década das 
Nações Unidas da Educação Para 
o Desenvolvimento Sustentável 
 
Artigo: Em direção a Década da 
Educação para o Desenvolvimento 
Sustentável 
 
Questionário Latino-Americano e 
Caribenho sobre a Década da 
Educação para o Desenvolvimento 
Sustentável 
 
Década das Nações Unidas da 
Educação para o Desenvolvimento 
Sustentável 2005/2014 – 
Documentos afins a 
Educação Ambiental 
 
 
 
Deliberações da CNMA – 
Conferência Nacional sobre 
o 
Meio Ambiente 
 
Manifesto Ecossocialista 
 
Manifesto pela Vida na 
Floresta 
 
Manifesto de Lançamento da 
Rede Brasileira de Justiça 
Ambiental 
 
Iniciativa América Latina e 
Caribe 
 
Declaração de Hong Kong 
Sobre o Desenvolvimento 
Sustentável das Cidades 
 
GEO América Latina e 
Caribe: perspectivas do meio 
ambiente 2003 – 
Formação e 
Educação Ambiental 
 
 
 
 
 
34 
 
1.5 Síntese da Unidade 
 
A Unidade 1 pretendeu que você compreenda o contexto histórico em que se dá a 
Educação Ambiental (EA) no mundo e no Brasil. Demonstrou a inter-relação entre as 
discussões ambientais e os eventos que marcaram a educação ambiental e as práticas 
sociais e econômicas da sociedade contemporânea. 
Indicou como princípios fundamentais da EA o direito de todos à educação. Que devemos 
ter uma postura educacional reflexiva e democrática, pois somos todos aprendizes e 
educadores na vida. Que a EA é individual e coletiva e tem o propósito de formar cidadãos 
com consciência local e planetária que respeitem a autodeterminação dos povos e a 
soberania das nações. 
Também discutiu com você que a EA não é neutra, mas ideológica, pois é um ato político 
baseado em valores para a transformação social uma vez que ela nasce da reflexão da 
crise ambiental no mundo. 
A EA deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o ser humano, 
a natureza e o universo de forma interdisciplinar e deve ser planejada para capacitar as 
pessoas a trabalharem conflitos de maneira justa e humana. 
 
1.6 Para saber mais 
 
Filmes e telenovelas 
 
 A Carta da Terra (vídeo) Disponível em: 
 http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/carta-da-
terra Acesso em: 22 nov. 2014. 
 
 
 
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Livros 
 
 COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E 
DESENVOLVIMENTO (CMMAD). Nosso futuro comum. 2ª ed. Rio de 
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1991. 
 
Sites 
 
 Sites e publicações sobre Educação Ambiental encontrados no acervo – 
Pesquisa - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 
http://portal.inep.gov.br/acervo-pesquisa-educacao-ambiental 
 A Última Arca de Noé 
http://www.aultimaarcadenoe.com 
O Programa Ambiental A Última Arca de Noé é fruto de estudos de seu 
idealizador, Antonio Silveira Ribeiro dos Santos, nas áreas de História Natural e 
Meio Ambiente. Tem como objetivo promover e aperfeiçoar a Educação e Meio 
Ambiental. O site disponibiliza informações sobre o programa, o acervo 
disponível, as publicações em foco, informações ambientais e um fórum de 
debates. 
 Ministério da Educação - Educação Ambiental 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1363
9%3Aeducacao-ambiental-publicacoes&catid=194%3Asecad-educacao-
continuada&Itemid=913 
É uma seção da página do Ministério da Educação que disponibiliza publicações 
sobre EA. 
 5 Elementos - Instituto de Educação e Pesquisa Ambiental. 
http://www.5elementos.org.br 
 
 
 
36 
 
 Trata-se de organização não-governamental, sediada em São Paulo, que objetiva 
ampliar a percepção do cidadão a respeito das questões socioambientais urbanas, 
desenvolvendo programas de educação ambiental à comunidade. Suas principais 
atividades consistem em planejar e realizar projetos visando à melhoria da 
qualidade de vida, priorizando programas nas áreas de educação, saúde e meio 
ambiente. Desenvolve e apoia projetos, pesquisas e assessoria na área de educação 
ambiental para empresas, escolas, entidades ecológicas e órgãos públicos. 
 
 
 
 
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Unidade 2 
As Relações entre Educação; 
Problemática Ambiental e 
Sustentabilidade 
 
Cada um de nós, consciente ou inconscientemente, analisa o ambiente a partir de uma 
estrutura ideológica. Este sistema não é estático, apesar de que tende a sê-lo, sobretudo 
quando não desenvolvemos uma atividade crítica e autocrítica que nos permita 
reconsiderar nossos conceitos prévios, ver além de nossos preconceitos. Como bem 
colocado pela curadoria da Mostra ‘O mundo de Mafalda’ em São Paulo no ano de 2015, 
o cartunista Quino faz de cada personagem sua, principalmente a Mafalda, um sujeito 
reflexivo com um modo de pensar e ver o mundo particular, numa mistura de crítica 
adulta e interpretação infantil da realidade desconstruindo os conceitos, preconceitos e 
idiossincrasias da sociedade atual. 
 
 
Figura 2.1: Cuidado, homens trabalhando 
Fonte: BUSSOLOTTI, 2015 (fotografia tirada da Mostra O Mundo de Mafalda, Praça 
das Artes, São Paulo, jan. 2015) 
 
 
 
 
38 
 
2.1 A Questão Ambiental Contemporânea e a Educação para a 
Sustentabilidade 
 
“Educação Ambiental designa uma qualidade especial que define uma classe de 
características que, juntas, permitem o reconhecimento de sua identidade, diante de uma 
Educação que antes não era ambiental” (BRASIL, 2007, p. 7). Toda educação é por 
princípio um ato político que comporta as possibilidades de conservar a ordem existente, 
de buscar sua transformação ou de mudar na aparência para conservar na essência o que 
aí está. 
Então, nos perguntamos: que educação ambiental estamos praticando? Fazemos uma 
educação ambiental para deixar o mundo como está ou fazemos uma educação ambiental 
para mudar o mundo em que vivemos? Será que só mudamos aparentemente nossa prática 
educativa de EA, mas conservamos antigos valores educativos? 
O papel da educação ambiental é de importância vital para romper com a ordem vigente, 
mas também pode legitimar esta mesma ordem. Por exemplo, se fizermos um projeto de 
reutilização de garrafas pet com nossos alunos na escola para construir uma parede 
protetora para a área em que jogam bola e nossos alunos, como resultado da ação, 
começarem a comprar mais refrigerantes para colecionarem as ‘pets’, estaremos 
estimulando o consumo e a produção de mais ‘pets’, o que seria o contrário do que 
gostaríamos de trabalhar como princípios de educação ambiental, concordam?! 
Para que de fato mudemos o que já está, ou seja, para que eduquemos nossos alunos para 
transformar o próprio futuro, serem autônomos para gerar seu conhecimento e tomarem 
suas decisões, precisamos partir da ideia de “sociedade aprendiz” que se definecomo 
aquela capaz de se autocriticar, autocompreender e criar novas visões de mundo e cursos 
de ação de acordo com a necessidade de uma determinada conjuntura histórica (CLARK 
apud LIMA, 2004, p 103). 
O surgimento e o desenvolvimento de uma ideia nova precisam de um campo intelectual 
aberto, onde se debatam teorias, visões e práticas de estar no mundo. Educar para a 
 
 
39 
 
sustentabilidade pressupõe uma rede de relações multidisciplinar e imponderada, 
transversal. É necessário que o professor seja reflexivo, compartilhe suas ideias com os 
demais de sua escola, discuta e aprofunde o conhecimento sobre as temáticas que deseja 
trabalhar com seus alunos. 
 
2.2 O Que é Sustentabilidade? 
 
Mas como ser sustentável numa sociedade incerta e complexa, contraditória e 
insustentável? 
“A maioria da população tem a sensação imediata e intuitiva de que existe uma 
necessidade de criar um futuro sustentável.” (BRASIL, 1999, p. 21). É dessa forma que 
inicia a abordagem do texto intitulado ‘Educação para um futuro sustentável: uma visão 
transdisciplinar para ações compartilhadas’ trazendo a discussão da sustentabilidade 
ligada a “fatores importantes e inter-relacionados (...) sintomas e não causas”, de modos 
de pensar e agir da sociedade pós-industrialização. 
Quando Mafalda interpreta o pedido de limpeza do globo terrestre como uma limpeza 
política, ética e não de sujeira propriamente dita, Quino, o autor da tirinha, está a nos 
dizer, ironicamente, que não podemos entender ‘a sujeira’ do mundo apenas como 
impurezas e resíduos materiais, mas como questões filosóficas. 
 
Figura 2.2: Ajudando na faxina do mundo 
Fonte: BUSSOLOTTI, 2015. (fotografia tirada da Mostra O Mundo de Mafalda, Praça 
das Artes, São Paulo, jan. 2015). 
 
 
 
 
40 
 
Para exemplificar, elencamos os seguintes sintomas da insustentabilidade deste modo de 
estar no mundo da sociedade (BRASIL, 1999, p. 23): 
O rápido crescimento da população mundial e a mudança em sua 
distribuição; 
A persistência da pobreza generalizada; 
As crescentes pressões sobre o meio ambiente devido à expansão da 
indústria em todo o mundo e o uso de modalidades de cultivos novos 
e mais intensivos; 
A negação contínua da democracia, as violações dos direitos 
humanos e o aumento de conflitos e de violência étnica religiosa, 
assim como a desigualdade entre homens e mulheres e, 
O próprio conceito de desenvolvimento, o que significa e como é 
medido, será que todos nós temos a possibilidade de nos desenvolver 
num mesmo padrão e eficiência? 
Moacir Gadotti (2008, p. 91) também analisa a crise atual nas seguintes categorias: 
Crise social mundial: pobreza e exclusão, cruel e sem piedade com 
os membros da mesma espécie. 
Crise da água potável: muitas crianças morrem de doenças causadas 
pela falta de tratamento do esgoto e da água. A água potável é cada 
vez mais escassa. 
Crise de alimentos que virá com crise da água. 
Crise do efeito estufa (mudanças climáticas). Se essa crise não for 
superada não haverá nada para compartilhar. 
Crise energética: até quando teremos combustíveis não renováveis? 
O petróleo é hoje o sangue do sistema. 
 
 
41 
 
Se relacionarmos o que estes autores nos trazem como sintomas da crise mundial da 
humanidade podemos afirmar que: temos atualmente um número cada vez maior de 
pessoas no planeta, divididas entre aquelas que têm acesso aos recursos naturais 
abundantes e aquelas que estão fora do acesso a esses recursos; já vivemos guerras de 
poderes, investimentos e disputas armadas pelo uso de água, por terras e por energia. 
Como podemos ser sustentáveis, permanecer sustentando nossa vida no planeta, sem 
incentivar a crise que foi descrita anteriormente? Como podemos não aumentar a crise da 
humanidade e ainda melhorar a vida daqueles que sofrem com a falta de água, alimentos 
e espaço para viver e trabalhar? Como podemos educar nossos alunos para refletirem 
sobre o papel de cada um na melhoria das condições de vida e diminuição da crise 
mundial? 
Para Jean Pierre Leroy (2009), a sustentabilidade precisa ser uma unidade, um todo 
articulado, que envolva ética, economia, mercado, área social e de direitos. A 
sustentabilidade vai depender da capacidade da humanidade de se submeter aos preceitos 
da prudência ecológica e de fazer um bom uso da natureza. 
Na perspectiva do ‘saber cuidar’, já que o cuidado é uma manifestação de todo ser 
humano, sem o qual não haveria a possibilidade de sua existência, a sustentabilidade se 
dá no cuidado Consigo, com o Outro e com o Planeta (BOFF, 2004, p.34). 
Entendemos também sustentabilidade como um conceito sistêmico que relaciona os 
aspectos econômicos, culturais e ambientais, bem como os sociais – a democracia, a 
inclusão social e a justiça ambiental. 
Porém, é preciso prestar atenção com os processos de institucionalização das questões 
ambientais. Ela aparece na perda do caráter emancipatório do ambientalismo, na 
despolitização dos discursos e práticas ambientais e no esvaziamento dos conflitos 
inerentes à questão ambiental que, gradualmente, são substituídos por discursos 
conciliatórios sequestrando a crítica à sociedade industrial e convertendo-a em mais um 
instrumento a serviço de sua reprodutibilidade (LIMA, 2004). 
 
 
 
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Isto quer dizer, em termos práticos, que não podemos propor um projeto que ajude as 
empresas a venderem mais refrigerante, como na situação relatada anteriormente; 
devemos ajudar nossos alunos a pensar sobre o consumo desenfreado sem necessidade, a 
pensar como podem viver de forma diferente nesta sociedade. E deixar claro que o 
conflito está aí presente na diferença de oportunidades sociais, econômicas, ambientais e 
culturais entre indivíduos da mesma sociedade. 
 
2.3 O Que é Ambientalização? 
 
Vamos primeiro comentar um fenômeno que ocorre no mundo todo em relação à questão 
ambiental, chamado de ‘ambientalização’ por Henri Acselrad (2010, p. 103). Quando a 
sociedade adota um discurso ambiental para “legitimar práticas institucionais, políticas, 
científicas e comerciais” demonstra muitas vezes que a incorporação do discurso de 
proteção do meio ambiente vem encobrir modelos antigos de atuação com ‘roupas novas’. 
(...) o “meio ambiente” é visto como “oportunidade de negócios” 
(vide concepções vigentes em seguidos Planos Plurianuais de 
Investimento de governos brasileiros); o meio ambiente e a 
sustentabilidade tornam-se categorias importantes para a 
competição interterritorial e interurbana; para atrair capitais, a 
“ecologia” e a “sustentabilidade” podem tornar-se apenas um 
símbolo, uma marca que se quer atrativa (ACSELRAD, 2010, p. 
110). 
 
Figura 2.3: O que nós somos? 
Fonte: Quino (2003, p. 372, tira 5). 
 
 
43 
 
Muitos empreendimentos imobiliários ‘vendem’ seus condomínios como ‘verdes’, 
‘ecológicos’, por exemplo por ter uma área de grama ou algumas árvores em seu terreno. 
Isso quer dizer que praticam ações em suas estruturas planejando a sustentabilidade da 
água do condomínio, pensam na biodiversidade de espécies em seu terreno ou sabem 
fazer a gestão dos resíduos sólidos, líquidos e orgânicos? Sabemos que a resposta correta 
seria um NÃO em letras maiúsculas! Para Mészáros (2008, p 61), filósofo húngaro 
estudioso de Marx, o papel da educação é de importância vital para romper com essa 
banalização das questões políticas, sociais e ambientais – pela educação podemos refletir 
e tentar romper com as ‘armadilhas’ que instituições utilizam para ‘vender’ melhor seus 
produtos, com temas muito discutidos e valorizados atualmente como os ecológicos. 
Claro que a educação, como já afirmamos, pode manter essa banalização das questões 
ambientais e se servir dos modismos para justificar que faz educação ambiental para pais, 
professores e alunos. Observamos essa postura em escolas que camuflam seus discursos 
pedagógicos com a ‘marca verde’, quando propõem atividadesque não resultam em 
mudança de postura dos seus alunos, professores e funcionários perante o meio: colocar 
cestos de lixos para seleção de resíduos e não trabalhar o ciclo destes mesmos resíduos é 
no mínimo ingênuo da parte destas escolas.Se quisermos, de fato, sair deste modelo de 
atuação da sociedade mercadológica – que incorpora temáticas sérias para toda a 
sociedade de forma banal, como artigo de moda, ou para valorização da mercadoria que 
está vendendo, ou para dar status pessoal – teremos que fazer reformas profundas em 
nosso dia a dia. A tira da Mafalda, a seguir, retrata a dificuldade que temos de sair do 
nosso papel de ‘donos dos processos de produção’, de ‘donos do planeta’, para 
entendermos e olharmos as relações de todos os seres vivos como tão importantes para 
nós como para todo o mundo. Não estamos na Terra para sermos ‘servidos’ pela natureza, 
nós somos seres que fazemos parte do planeta e não os mais importantes. 
 
 
 
 
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“As reformas, na prática são irrealizáveis dentro da estrutura atual estabelecida de 
sociedade” (MÉSZÁROS, 2008, p 62) teríamos que repensar nosso estar no mundo, 
mudar nosso modo de ver, pensar e sentir o mundo. Somos seres bio-psico-sociais e as 
mudanças que fizermos em nós, provocariam mudanças sociais bem como no ambiente 
em que estamos inseridos, será que estamos ‘preparados’ para estas grandes 
transformações? Ou melhor, estamos dispostos a efetivar estas mudanças? 
Para pensarmos como lutar pelo que chamamos de “justiça ambiental” nesta sociedade, 
ainda teremos muito que mudar. Mas é preciso colaborar com esse processo de mudança; 
ele se dá por alguns princípios e práticas que devemos assegurar e favorecer, pois 
contribuirão para a solução da crise mundial. São eles: 
a – assegurar que nenhum grupo social, seja ele étnico, racial ou de 
classe, suporte uma parcela desproporcional das conseqüências 
ambientais negativas de operações econômicas, de decisões de 
políticas e de programas federais, estaduais, locais, assim como da 
ausência ou omissão de tais políticas; 
 
Figura 2.4: Donos do Planeta. 
Fonte: Quino (2003, p. 191, tira 3). 
 
 
Figura 2.5: Um modelo reduzido. 
Fonte: Quino (2003, p. 104, tira 4). 
 
 
 
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b – assegurar acesso justo e eqüitativo, direto e indireto, aos recursos 
ambientais do país; 
c – assegurar amplo acesso às informações relevantes sobre o uso 
dos recursos ambientais e a destinação de rejeitos e localização de 
fontes de riscos ambientais, bem como processos democráticos e 
participativos na definição de políticas, planos, programas e projetos 
que lhes dizem respeito; 
d – favorecer a constituição de sujeitos coletivos de direitos, 
movimentos sociais e organizações populares para serem 
protagonistas na construção de modelos alternativos de 
desenvolvimento, que assegurem a democratização do acesso aos 
recursos ambientais e a sustentabilidade do seu uso (ACSELRAD, 
2004, p.13-20). 
O que podemos fazer para assegurar que não sejamos prejudicados pelas consequências 
ambientais negativas advindas de ações de empresas privadas e programas públicos, ou 
se pensarmos em cidadania, pela omissão nossa como cidadãos? O que fazer frente a 
deslizamento de encostas, inundações, falta de água? Temos que discutir e participar 
como cidadãos dos planos diretores de nossas cidades, escolher bem nossos vereadores, 
deputados e demais políticos, e claro, educar nossos alunos com conhecimento e 
capacidade reflexiva para enfrentar estes problemas. 
Ao trabalharmos nos “três registros ecológicos (o do meio ambiente, o das relações 
sociais e o da subjetividade humana)” ao mesmo tempo otimizaremos as mudanças 
necessárias para a sustentabilidade do Planeta. Só com uma “articulação ético-política” – 
chamada por Guattari de ecosofia estaremos integrados para minimizar a crise ambiental 
planetária (GUATTARI, 1990, p. 8). 
 
 
 
 
46 
 
2.4 O que é Desenvolvimento? 
 
Desde o final dos anos 60, a imagem da terra na primeira fotografia tirada fora dela foi 
abrindo caminho para a “consciência contemporânea – o globo na sua finitude física” – 
sentimo-nos parte da ‘humanidade’. Apesar de na época já estarmos ligados através do 
mercado mundial, das comunicações e dos transportes, concretizamos simbolicamente 
com a imagem da terra vista por um humano que estamos “fadados a um mesmo destino 
comum porque somos habitantes de um só planeta”. Todos nós dependemos de uma só 
biosfera que já demonstra seu desequilíbrio, muitas vozes nos “convocam para uma 
coexistência política global”, será que a ouviremos? (SACHS, 2000, p. 361). 
A partir do Relatório Brundtland (1987) vem se construindo, apesar da expansão 
desenfreada da globalização, uma consciência do estar no mundo; “o que une os povos 
do mundo não é mais a civilização ou o jogo livre de procura e oferta do mercado, mas 
uma interdependência dos sistemas biofísicos de sustentação da vida” (SACHS, 2000, p. 
363). A crise advinda do aquecimento planetário que derrete as camadas de gelo polar e 
aumenta o nível dos mares para todos os humanos em qualquer parte do mundo, ou a falta 
de água nas grandes metrópoles brasileiras que resulta, além da má gestão dos recursos 
locais, como consequência do desmatamento na Amazônia, demonstram como somos 
interdependentes. 
Para o Dicionário de Ecologia e Ciências Ambientais (2001, p. 152), desenvolvimento 
sustentável é o “crescimento econômico e atividades que não esgotam nem degradam os 
recursos ambientais, dos quais depende o crescimento econômico presente e futuro.” 
 
Figura 2.6: Desenvolvimento? 
Fonte: Quino (2003, p. 122, tira 2). 
 
 
 
47 
 
Hoje, podemos entender o desenvolvimento como uma série de “possibilidades que a 
cooperação e a solidariedade entre os membros da sociedade trazem ao transformar o 
crescimento econômico de destruidor das relações sociais em processo de formação de 
capital social ou em ‘desenvolvimento como liberdade’” (SEN, 2004 apud JACOBI, 
2005, p. 235). Essa reflexão adverte que o desenvolvimento faz parte das escolhas das 
pessoas, está ligado ao “processo de ampliação da capacidade de os indivíduos terem 
opções” abrindo o “horizonte social e cultural da vida das pessoas”. 
Mas antes de pensarmos esse novo modo de ver o planeta, também temos que pensar o 
que o termo desenvolvimento representa na sociedade capitalista global. A incorporação 
de um marco ecológico nas decisões econômicas e políticas implica o reconhecimento 
por parte de todas as instâncias públicas, privadas e dos cidadãos de que as consequências 
ecológicas da utilização dos recursos do planeta estão ligadas ao modo como o 
capitalismo global utiliza estes recursos. Isto implicaria mudança de pensamento de 
TODOS, do modo como agimos e nos relacionamos nesta economia que configura “um 
estilo de desenvolvimento ecologicamente predador, socialmente perverso, politicamente 
injusto, culturalmente alienado e eticamente repulsivo” (JACOBI, 2005, p. 235). 
As tensões entre desenvolvimento e conservação do meio ambiente 
ainda persistem, e o forte viés economicista é um dos fatores de 
questionamento do conceito pelas organizações ambientalistas. Há 
definição de diferentes abordagens que apresentam uma diversidade 
conceitual, enfatizando, entretanto, as enormes diferenças quanto ao 
significado para as sociedades do Norte e do Sul (JACOBI, 2005, p. 
235). 
Já no final da década de 1980, Felix Guatarri, filósofo francês (1930 - 1990) psicanalista 
e militante revolucionário, discutia em seu livro As três ecologias: “Não haverá 
verdadeira resposta à crise ecológica a não ser em escala planetária e com a condição de 
que se opere uma autêntica revolução política, social e cultural reorientando os objetivos 
da produção de bens materiais e imateriais” (GUATTARI, 1990, p. 9). 
 
 
 
 
48 
 
 
A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216, ampliou a noção de patrimônio

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