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MICROBIOLOGIA

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MICROBIOLOGIA GERAL: tópicos 
essenciais para as Ciências biológicas 
 
 
 
 
 
 
 
ISABELA AMÊNDOLA 
MAITÊ CHAGAS IGLESIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MICROBIOLOGIA GERAL: 
tópicos essenciais para as Ciências 
biológicas 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Taubaté 
Universidade de Taubaté 
2016 
 
 
Copyright©2016. Universidade de Taubaté. 
Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser 
reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade. 
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Diagramação 
Autor 
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Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira 
Profa. Dra. Ana Paula da Silva Dib 
Profa. Ma. Isabel Rosângela dos Santos 
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Isabela Amêndola e Maitê Chagas Iglesias 
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Ficha catalográfica elaborada pelo SIBi 
Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU 
 
 
 
A511m Amêndola, Isabela 
 Microbiologia geral: tópicos essenciais para Ciências 
 Biológicas. /Isabela Amêndola; Maitê Chagas Iglesias. 
 Taubaté: UNITAU, 2016 
 66f. : il. 
 
 Bibliografia 
 
 1. Fungos. 2. Bactérias. 3. Microbiologia. I. Iglesias, Maitê 
 Chagas II. Universidade de Taubaté. III. Título 
 
v 
 
PALAVRA DO REITOR 
Palavra do Reitor 
 
 
Toda forma de estudo, para que possa dar certo, 
carece de relações saudáveis, tanto de ordem 
afetiva quanto produtiva. Também, de 
estímulos e valorização. Por essa razão, 
devemos tirar o máximo proveito das práticas 
educativas, visto se apresentarem como 
máxima referência frente às mais diversificadas 
atividades humanas. Afinal, a obtenção de 
conhecimentos é o nosso diferencial de 
conquista frente a universo tão competitivo. 
 
Pensando nisso, idealizamos o presente livro-
texto, que aborda conteúdo significativo e 
coerente à sua formação acadêmica e ao seu 
desenvolvimento social. Cuidadosamente 
redigido e ilustrado, sob a supervisão de 
doutores e mestres, o resultado aqui 
apresentado visa, essencialmente, a orientações 
de ordem prático-formativa. 
 
Cientes de que pretendemos construir 
conhecimentos que se intercalem na tríade 
Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de 
forma responsável, porque planejados com 
seriedade e pautados no respeito, temos a 
certeza de que o presente estudo lhe será de 
grande valia. 
 
Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa 
leitura. 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
Prof. Dr. José Rui Camargo 
Reitor 
 
 
vi 
 
 
vii 
 
Apresentação 
 
O livro-texto MICROBIOLOGIA GERAL: tópicos essenciais para as Ciências 
biológicas apresentará o ramo das ciências biológicas que estuda as bactérias, fungos e 
vírus. 
É importante ressaltar que a Microbiologia representa uma das mais relevantes, 
dinâmicas, interessantes e atuais disciplinas em ciências biológicas. 
Bons estudos! 
 
 
 
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ix 
 
Sobre o autor 
 
ISABELA AMÊNDOLA: Bacharela em Ciências Biológicas pela Universidade de 
Taubaté  UNITAU, em 2013. Ingresso, em 2014, no Mestrado pelo Programa de Pós-
graduação em Biopatologia Bucal (PPGBB), áreas de Microbiologia e Imunologia, do 
Instituto de Ciência e Tecnologia de São José dos Campos da Universidade Estadual 
Paulista Júlio de Mesquita Filho – ICT-UNESP, com término em 1º de dezembro de 
2015. Aprovada no Doutorado, ao final de 2015, pelo PPGBB ICT-UNESP. 
 
MAITÊ CHAGAS IGLESIAS: Bacharela em Ciências Biológicas pela Universidade de 
Taubaté – UNITAU, em 2013. Técnica dos Laboratórios de Microbiologia e Imunologia 
da Universidade de Taubaté  UNITAU, de 2012 até os dias atuais. 
 
x 
 
 
 
xi 
 
Caros(as) alunos(as), 
Caros( as) alunos( as) 
O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se 
como espaço acadêmico de encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais 
diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta com 
profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advém da grande experiência 
adquirida no campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação, ao longo de 
mais de 35 anos de História e Tradição. 
Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial. 
Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e web 
interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a 
distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais preparada 
especificamente para este fim, e por conteúdo presente em salas virtuais. 
A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e 
subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como 
subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e 
atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das unidades, dicas de leituras e 
indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo 
estudado. 
Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da web. Para 
a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de 
blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados 
ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem. 
Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua 
disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais 
atores desta formação. 
Para todos, os nossos desejos de sucesso! 
Equipe EAD-UNITAU 
 
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xiii 
 
SumárioPalavra do Reitor ........................................................................................................... v 
Apresentação ............................................................................................................... vii 
Sobre o Autor ............................................................................................................... ix 
Caros(as) Alunos(as) .................................................................................................... xi 
Ementa ........................................................................................................................... 1 
Objetivos ........................................................................................................................ 3 
Unidade 1 Bactérias e Protozoários .......................................................................... 7 
1.1 Bactérias .................................................................................................................. 7 
1.2 Protozoários ........................................................................................................... 19 
1.3 Síntese da Unidade ................................................................................................ 25 
1.5 Atividades .............................................................................................................. 26 
Unidade 2 Fungos e Vírus ........................................................................................ 27 
2.1 Características Gerais dos Fungos ......................................................................... 27 
2.2 Características Gerais dos Vírus ............................................................................ 32 
2.3 Síntese da Unidade ................................................................................................ 37 
2.4 Atividades .............................................................................................................. 37 
Unidade 3 Doenças Infecciosas de Interesse Médico-odontológico ...................... 39 
3.1 Tripanossomíase .................................................................................................... 39 
3.2 Leishmaniose ......................................................................................................... 40 
3.3 Infecções do Trato Urinário (ITU) ........................................................................ 41 
 
xiv 
 
3.4 Meningites ............................................................................................................. 43 
3.5 Candidose .............................................................................................................. 45 
3.6 Hepatites Virais ..................................................................................................... 46 
3.7 Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) ........................................................... 47 
3.8 Síntese da Unidade ................................................................................................ 48 
3.9 Atividades .............................................................................................................. 48 
Unidade 4 Microbiologia Ambiental e Industrial .................................................. 49 
4.1 Microbiologia Ambiental ...................................................................................... 49 
4.2 Microbiologia Industrial ........................................................................................ 55 
4.3 Síntese da Unidade ................................................................................................ 60 
4.3 Síntese da Unidade ................................................................................................ 61 
Referências ................................................................................................................ 613 
 
 
 
 
 
 
1 
 
 
Microbiologia Geral: 
Tópicos Essenciais para as 
Ciências Biológicas 
 
 
 
Ementa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ORGANIZE-SE!!! 
Você deverá usar de 3 
a 4 horas para realizar 
cada Unidade. 
EMENTA 
 
 
 
Organismos dos Reinos Protista, Monera, Fungi e os vírus. Doenças 
infecciosas de maior interesse médico-odontológico. Microbiologia 
Médica, Microbiologia Ambiental e a Industrial. 
 
 
 
2 
 
 
 
 
3 
 
Objetivo Geral 
 
O objetivo deste livro-texto é informar ao aluno conceitos básicos e importantes 
no contexto microbiológico, além de detalhar alguns dos assuntos mais 
significantes dentro da Microbiologia para o futuro Biólogo. 
 
 
Obj eti vos 
 
Objetivos Específicos 
 Definir conceitos básicos sobre protozoários, bactérias, fungos e vírus. 
 Classificar tais grupos de acordo com o plano de divisão, a morfologia e 
a reprodução, dentre outras características. 
 Descrever alguns dos agentes causadores das principais doenças 
infecciosas de interesse médico-odontológico. 
 Delinear algumas das áreas de atuação do Biólogo, como a 
Microbiologia Médica, a Microbiologia Ambiental e a Industrial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
 
Neste livro-texto, estudaremos conceitos básicos sobre protozoários, bactérias, fungos e 
vírus. Há autores que incluem na microbiologia as formas parasitárias, mas, em nosso 
livro-texto, não trataremos delas, sendo isso mais oportuno em outro volume. 
Na primeira Unidade, conceituaremos os protozoários e as bactérias; veremos a 
classificação desses seres vivos quanto à morfologia e plano de divisão; estudaremos 
categorizações quanto à presença ou ausência de apêndices bacterianos e em relação à 
composição da parede celular, dentre outros tópicos. 
Fungos e vírus serão estudados na segunda Unidade. Eles são classificados de acordo com 
as características particulares de cada grupo, pois a importância ambiental dos fungos é 
classificada conforme os quatro Filos do Reino Fungi. 
As doenças infecciosas de maior importância médica e odontológica serão descritas na 
terceira Unidade, bem como seus agentes etiológicos. 
Duas grandes áreas da Microbiologia de grande interesse para a Biologia são a 
Microbiologia Ambiental e a Industrial, que serão estudadas mais detalhadamente na 
quarta Unidade deste livro-texto. 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
7 
 
Unidade 1 
Unidade 1 . Bactérias e Protozoários 
 
Nesta Unidade, vamos estudar as principais características das bactérias, que são 
microrganismos procarióticos do Reino Monera, e dos protozoários, que são 
microrganismos eucarióticos do Reino Protista. 
 
1.1 Bactérias 
 
As bactérias são organismos unicelulares e procarióticos, pertencentes ao Reino Monera. 
Invisíveis a olho nu, apresentam cerca de 0,5 a 1,5 μm de comprimento, sendo, assim, os 
menores microrganismos unicelulares existentes. 
São seres de estrutura relativamente simples, não possuem organelas membranosas e 
apresentam uma única molécula de DNA circular dispersa no citoplasma. 
Há dois tipos diferentes de procariotos, eles são designados como arqueobactérias e 
eubactérias. As eubactérias são bactérias produtoras de peptideoglicano, dividindo-se em 
Gram-positivas e Gram-negativas. Porém, no grupo das eubactérias também estão 
incluídas algumas espécies que carecem de parede celular não sintetizadoras de 
peptideoglicano e os micoplasmas. Já as arqueobactérias, consideradas bactérias mais 
primitivas, não geram peptideoglicano e caracterizam-se por viverem em ambientes 
extremos, pela capacidade de criação de metano e por apresentarem sequências 
características de DNA ribossômico. 
Estes microrganismos podem ser encontrados isolados ou em colônias e apresentam 
grande variedade de formas, características e estruturas, internas e externas, que nos 
permitem identificá-los e estudá-los. 
 
 
 
8 
 
1.1.1 Estruturas Bacterianase suas Funções 
Parede Celular 
A parede celular bacteriana é uma estrutura complexa, rígida, que está presente em quase 
todas as bactérias e recobre a membrana citoplasmática, conferindo forma à célula. 
Assim, devido a sua rigidez, mesmo em altas pressões ou condições físicas extremas, é 
muito difícil que a célula bacteriana mude sua forma. 
Ela serve também como ponto de ancoragem para os flagelos e como barreira, impedindo 
a evasão de enzimas importantes, assim como a entrada de substâncias indesejáveis. 
Clinicamente sua importância está na contribuição para que algumas espécies sejam 
causadoras de doenças, além de ser o local de ação de alguns antibióticos. 
 
Figura 1.1: Esquema da célula bacteriana. 
Fonte: Desenho de Lady of Hats, indicações de Lipe Fontoura. Disponível em: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File %3AAverage_prokaryote_cell_pt.svg 
Acesso em: 20 mar. 2016. 
 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%20%3AAverage_prokaryote_cell_pt.svg
 
 
9 
 
Sua composição é, na maioria das vezes, uma rede macromolecular denominada 
peptideoglicano (também chamado de mureína). Essa rede é formada por dois açúcares 
aminados, N-acetil-glicosamina e ácido N-acetil-murâmico, ligados um ao outro 
intercaladamente. Contudo, podem ocorrer variações na composição química e estrutural 
das paredes bacterianas, sendo essas as principais diferenças entre bactérias Gram-
positivas, Gram-negativas, micobactérias e espiroquetas. 
- Bactérias Gram-positivas: possuem parede celular muito espessa (aproximadamente 
80 nm) e rígida, se comparada à das Gram-negativas. Essa espessura deve-se às muitas 
camadas de peptideoglicano que apresenta (cerca de 15 a 50 camadas). As bactérias 
Gram-positivas podem apresentar moléculas de ácidos teicoicos, que consistem 
principalmente de um álcool, como o glicerol ou ribitol, e fosfato. O glicerol liga-se aos 
lipídeos da membrana citoplasmática e o ribitol liga-se à camada de peptideoglicano. Os 
ácidos teicoicos fornecem boa parte da especificidade antigênica da parede celular das 
bactérias Gram-positivas, tornando possível sua identificação por meio de testes 
laboratoriais específicos. 
- Bactérias Gram-negativas: possuem parede celular fina (aproximadamente 15 nm), 
que consiste em uma ou poucas camadas de peptideoglicano e uma membrana externa. 
Por sua pequena quantidade de peptideoglicano, estão mais suscetíveis ao rompimento 
mecânico. A membrana externa é composta por lipopolissacarídeo, lipoproteínas e 
fosfolipídeos. Ela serve como barreira contra antibióticos, enzimas digestivas, sais 
biliares, etc., e apresenta permeabilidade à passagem de peptídeos, vitaminas e 
aminoácidos, graças às proteínas porinas formadoras de canais. O espaço entre membrana 
citoplasmática e membrana externa é preenchido pelo periplasma, uma espécie de fluido, 
em que se encontram a camada de peptideoglicano e as enzimas bacterianas. 
- Espiroquetas: possuem camada de peptideoglicano e membrana externa semelhante à 
encontrada nas bactérias Gram-negativas. Sobre a camada de peptideoglicano existe uma 
camada de endoflagelos chamados filamentos axiais, que são responsáveis pela 
locomação das espiroquetas. 
 
 
 
 
10 
 
- Micobactérias: possuem em sua parede uma alta concentração de ácido micólico, um 
lipídeo céreo hidrofóbico, que impede a entrada de corantes (inclusive os da coloração de 
Gram). Elas são denominadas, por isso, de álcool-ácido resistentes. Porém, se a parede 
de ácido micólico for removida, coram-se como Gram-positivas. 
Em algumas bactérias, Gram-positivas ou Gram-negativas, podemos observar uma 
camada cristalina externamente à célula bacteriana, chamada camada S. Essa camada é 
composta por proteínas e glicoproteínas e sua função é proteger contra enzimas que 
degradam a parede celular. 
Nas arqueobactérias (bactérias primitivas que não sintetizam peptideoglicano) que 
possuem camada S, sua função é manter a forma da célula e sua capacidade de adesão. 
Outras arqueobactérias apresentam apenas parede celular rígida de pseudomureína, um 
tipo de polissacarídeo, que lhes confere coloração Gram-positiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1.2: Imagem de microscópio de cocos Gram-positivos 
(Staphylococcus aureus, roxo) e de bacilos Gram-negativos 
(Escherichia coli, rosa). 
Disponível em: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3AGram_stain_01.jpg
Acesso em: 20 mar. 2016. 
 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3AGram_stain_01.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3AGram_stain_01.jpg
 
 
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Membrana Citoplasmática 
A membrana citoplasmática bacteriana é fina (aproximadamente 7,5 nm) e separa o 
citoplasma e a parede celular. É composta por uma bicamada de fosfolipídeos e mais de 
200 tipos de proteínas, sendo o local onde ocorre atividade enzimática, além de 
desempenhar papel importante na permeabilidade seletiva, no transporte de solutos da 
célula, na secreção de enzimas e toxinas, na digestão de nutrientes e na produção de 
energia. É ainda sede de precursores da parede celular, enzimas e moléculas atuantes nas 
sínteses de DNA e lipídeos da membrana. 
Difere da membrana plasmática das células eucarióticas por não apresentar esteroides em 
sua composição, por ser o núcleo de numerosas enzimas do metabolismo respiratório das 
bactérias e por controlar a divisão bacteriana mediante os mesossomos (invaginações da 
membrana plasmática que, segundo alguns autores, também desempenham papel na 
respiração bacteriana). 
Citoplasma 
O citoplasma bacteriano é espesso, semitransparente e composto basicamente por 80% 
de água. Contém ainda: enzimas, carboidratos, íons inorgânicos, lipídeos e outros 
compostos. É delimitado pela membrana citoplasmática e apresenta, como principais 
estruturas, grupos de partículas denominadas ribossomos; cromossomo bacteriano (ou 
nucleoide), constituído de filamentos de DNA sem membrana nuclear; depósitos de 
reserva denominados inclusões e os mesossomos formados pela membrana 
citoplasmática. 
Glicocálice 
O glicocálice bacteriano é um envoltório externo à membrana citoplasmática da célula, 
que fica ligado à parede celular e é formado por uma substância viscosa de natureza 
química variável: podendo ser de natureza polissacarídica (um ou vários tipos de 
açúcares), polipeptídica ou ambas. 
Se o glicocálice é organizado de maneira definida e está firmemente aderido à parede 
celular, é descrito como cápsula; e se é desorganizado e fracamente aderido à parede 
 
 
 
12 
 
celular, é descrito como camada viscosa ou limosa. Na maioria dos casos, é formado no 
interior da célula e excretado para a superfície. 
Em certas espécies de bactérias, a cápsula desempenha papel importante na infecção, 
permitindo sua ligação a tecidos específicos do hospedeiro; na virulência, protegendo as 
bactérias da fagocitose pelas células do hospedeiro; na prevenção da dessecação, pela 
ação de barreira osmótica; e na especificidade imunológica. 
1.1.2 Aspectos Morfológicos e Arranjos Bacterianos 
Embora exista uma grande variedade de tipos e formas de bactérias, elas apresentam três 
tipos morfológicos principais: cocos, bacilos e formas espiraladas. 
Os cocos possuem formato esférico, podendo ser ovalados. Quando se dividem para 
reprodução, podem permanecer unidos e, assim, são classificados, de acordo com o 
arranjo, em: 
- Diplococos: agrupamento de dois cocos, resultado da divisão em apenas um plano. Um 
exemplo de diplococo é o Streptococcus pneumoniae. 
- Tétrades: resultado da divisão em dois planos, são agrupamentos de quatro cocos, 
formando tétrades. Um exemplo de tétrade é o Deinococcus radiodurans. 
- Estreptococos: cocos que, após a divisão em um plano, ficam dispostos em cadeias. 
Exemplo: Streptococcus pyogenes. 
- Estafilococos: cocos dispostos em cachos, resultado de divisões em múltiplos planos, 
lembrando cachos de uva. Exemplo de estafilococo: Staphylococcus aureus.13 
 
- Sarcinas: cocos que se dividem em dois ou três planos, formando grupos cúbicos de oito 
organismos. Exemplo: Sarcina ventriculi. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os bacilos possuem formato cilíndrico ou de bastonete. Existem espécies de bacilos com 
diferentes morfologias, como os cocobacilos, com comprimento um pouco maior que a 
largura; fusiformes, de extremidades afiladas; bastonetes delgados e longos; curtos com 
extremidades retas; bastonetes de formas irregulares; bastonetes com ramificações, etc. 
Normalmente encontram-se isolados, porém podem se apresentar aos pares, sendo 
chamados de diplobacilos, e em cadeias, denominados estreptobacilos. 
As formas espiraladas possuem a forma de hélice ou saca-rolhas. Como apresentam 
comprimento muito maior que a largura, geralmente são de difícil visualização em 
microscópio óptico comum. Podem ter um ou mais espirais e dividem-se em: 
 
Figura 1.3: Esquema demonstrando diferentes arranjos e divisões dos 
cocos: (a) Estreptococo; (b) Diplococo; (c) Tétrade; (d) Sarcina; (e) 
Estafilococo. 
Disponível em: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cocci_arrangement.png#/
media /File:Cocci_arrangement.png. Acesso em: 20 mar. 2016. 
 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cocci_arrangement.png#/media /File:Cocci_arrangement.png
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cocci_arrangement.png#/media /File:Cocci_arrangement.png
 
 
 
14 
 
- Vibriões: possuem corpo rígido, movimentam-se por flagelo externo e têm formato de 
vírgula. Exemplo: Vibrio cholerae. 
- Espirilos: possuem corpo rígido, forma de saca-rolhas e movimentam-se por flagelos. 
Exemplo: gênero Aquaspirillium. 
- Espiroquetas: possuem corpo flexível e locomovem-se por filamentos axiais, os quais 
estão contidos dentro de uma bainha externa flexível. Exemplo: gênero Leptospira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1.3 Apêndices Bacterianos 
Fímbrias 
São apêndices filamentosos menores, mais curtos, numerosos e delicados que os flagelos, 
não desempenhando nenhum papel relacionado à mobilidade. Originam-se de 
corpúsculos basais da membrana citoplasmática e apresentam diversas funções 
relacionadas aos diferentes tipos de fímbrias. 
 
 
Figura 1.4: Espiroquetas não identificadas em esfregaço de sangue 
humano. 
Disponível em: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3ASpirochaetesDetailRed
CellsScale.jpg. Acesso em: 20 mar. 2016. 
 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3ASpirochaetesDetailRedCellsScale.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3ASpirochaetesDetailRedCellsScale.jpg
 
 
15 
 
As fímbrias sexuais ou pili F servem como condutores de material genético entre células 
doadoras e receptoras, durante a conjugação bacteriana. Já as fímbrias comuns, muito 
mais numerosas (até 200 por célula), funcionam como mecanismo de aderência sobre a 
superfície das células do hospedeiro. 
Há, também, tipos que funcionam como sítio receptor para vírus bacteriófagos. E, no caso 
de algumas bactérias Gram-negativas, as fímbrias podem ser decisivas para sua 
patogenicidade, como é o caso da espécie Neisseria gonorrhoeae, que se torna avirulenta 
quando não apresenta fímbrias. 
Flagelos 
São longos apêndices filamentosos que conferem movimento à célula bacteriana e são 
formados por um corpúsculo basal (porção imersa na membrana citoplasmática), por um 
gancho (estrutura curva e rígida que conecta o corpúsculo basal ao filamento externo) e 
por um longo filamento externo ligado à parede celular (porção distal do flagelo), 
composto por flagelinas (tipo de proteína). 
Geralmente possuem grande comprimento (maior que a célula), mas pequeno diâmetro 
(12 a 15nm), e movimentam-se em grandes velocidades, causando um rápido 
deslocamento das células. 
De acordo com a distribuição dos flagelos, as bactérias podem ser classificadas como 
atríquias (sem flagelos), monotríquias (um único flagelo polar), anfitríquias (um 
flagelo em cada extremidade), lofotríquias (dois ou mais flagelos em uma ou ambas as 
extremidades) e peritríquias (flagelos distribuídos por toda a superfície da bactéria). 
Cada espécie bacteriana apresenta uma estrutura diferente de flagelinas, característica que 
confere especificidade antigênica e possibilita, por meio do antígeno H, a identificação 
das bactérias. 
Esporos 
São estruturas que ocorrem quando as condições nutricionais e ambientais de algumas 
espécies Gram-positivas, como as bactérias patogênicas dos gêneros Clostridium e 
 
 
 
16 
 
Bacillus, tornam-se desfavoráveis por algum motivo. Cada célula vegetativa dá origem a 
um único esporo, resistente a agentes físicos e químicos, que representa uma forma de 
sobrevivência, não de reprodução. Bactérias capazes de formar esporos se encontram, na 
maioria das vezes, no solo. 
O processo de formação do esporo dentro de uma célula vegetativa se chama 
esporogênese e começa com a formação de um filamento axial, seguido da invaginação 
da membrana citoplasmática. O pré-esporo composto por membrana dupla é formado e 
ocorre síntese da parede celular. A maior parte da água do citoplasma é eliminada, 
fazendo com que o esporo contenha em seu cerne apenas DNA, RNA, ribossomos, 
enzimas e moléculas importantes, como o dipicolinato de cálcio que lhe confere 
resistência ao calor. Quando a esporogênese se completa, o esporo é liberado no ambiente, 
podendo sobreviver por anos em condições desfavoráveis e extremas. 
Se o ambiente se tornar favorável novamente, o esporo volta à forma vegetativa mediante 
o processo de germinação, que tem três estágios: ativação, iniciação e crescimento. 
1.1.4 Reprodução Bacteriana e Transferência de Material Genético 
As bactérias dividem-se por fissão binária, forma de reprodução assexuada, na qual ocorre 
replicação do cromossomo e uma célula-mãe dá origem a duas células-filhas. Os cocos 
dividem-se em qualquer plano, já os bacilos e espirilos fragmentam-se sempre no sentido 
transversal. Embora não haja reprodução sexuada, pode ocorrer transferência de genes 
entre as bactérias. Tal recombinação genética pode acontecer de três maneiras: 
transformação, transdução e conjugação. 
- Transformação: incorporação de DNA solto, liberado por bactéria doadora, em 
genoma de bactéria receptora, podendo conferir resistência a determinado antibiótico. 
- Transdução: transferência de material genético de uma bactéria para outra por 
intermédio de um vírus bacteriófago. Quando o bacteriófago lisa uma bactéria sensível, 
libera partículas chamadas transdutoras, e, assim, o ácido nucleico do vírus incorpora um 
segmento cromossômico da bactéria doadora. Ao infectar uma segunda bactéria, as 
partículas transdutoras são liberadas, o DNA da bactéria doadora penetra na receptora e 
 
 
17 
 
é incorporado em seu genoma. A cada divisão, a nova informação genética também é 
replicada. 
- Conjugação: transferência de informação genética, provavelmente DNA 
extracromossômico (plasmídeo), entre bactérias mediante o contato direto entre célula 
doadora (macho) e receptora (fêmea), por uma ponte citoplasmática temporária. O pili F 
da célula receptora se liga à célula doadora e recebe uma fita de DNA extracromossômica. 
A fita que ficou com a doadora serve de molde para a fita complementar, assim como 
aquela doada à receptora. É uma forma de recombinação genética entre bactérias. 
Material Genético Bacteriano 
O cromossomo bacteriano corresponde a um único filamento de DNA circular, um 
polímero de desoxirribonucleotídeos de adenina, citosina, guanina e timina, semelhante 
ao DNA de células eucarióticas. Não apresenta cromossomo homólogo e é responsável 
pela replicação de DNA, transcrição em RNA e tradução (síntese de proteínas). 
No nucleoide, região da célula bacteriana onde localiza-se o material genético, há ainda 
moléculas extracromossomiais, os plasmídeos. São moléculas menores de DNA que 
contêm genes com funções variadas, como fatores de fertilidade (Fator F, envolvido na 
conjugação),resistência a antibióticos, etc. 
1.1.5 Crescimento Bacteriano 
O crescimento bacteriano ocorre somente com a disponibilidade de nutrientes exigidos 
para obtenção de energia e síntese de novos componentes celulares. Cada bactéria tem 
capacidade de se desenvolver em temperaturas, níveis de oxigênio, pH, salinidade e 
nutrientes diferentes. Fatores físicos, químicos e orgânicos devem estar favoráveis e em 
equilíbrio, de acordo com a exigência da célula. 
 
 
 
 
 
 
18 
 
Fases do Crescimento Bacteriano 
 
 
 
 
 
Uma cultura bacteriana, quando incubada em composição apropriada e em temperatura 
adequada, apresenta curva de crescimento dividido em quatro fases características: 
- Fase lag ou de latência: ocorre quando há aumento da atividade metabólica, síntese de 
proteínas, enzimas e RNA. O número de microrganismos permanece constante. Ela pode 
ser curta ou longa, dependendo do histórico da cultura e das condições de cultivo. 
- Fase logarítmica ou exponencial: essa fase é consequência da divisão celular por fissão 
binária, em que a célula se divide em duas outras, as quais se repartem novamente, 
originando mais duas células, e daí por diante. Assim, o número de microrganismos 
aumenta em progressão geométrica, ocorrendo pico de atividade e eficiência fisiológica. 
O tempo de duração dessa etapa varia de acordo com a espécie bacteriana. 
- Fase estacionária: ocorre assim que há exaustão de nutrientes e o crescimento da 
população fica mais lento. O número de bactérias viáveis permanece constante em seu 
valor máximo, já que o número das que morrem é igual ao número dos novos 
microrganismos. 
 
Figura 1.5: Gráfico de crescimento bacteriano. 
Fonte: IGLESIAS, Maitê Chagas. 
 
 
 
19 
 
- Fase de morte ou declínio: nesse estágio, a taxa de morte acelera e a de crescimento é 
igual a zero, devido ao acúmulo adicional de produtos metabólicos inibitórios e à falta de 
nutrientes essenciais. A morte ocorre de forma exponencial. 
 
1.2 Protozoários 
 
1.2.1 Características Gerais 
Os protozoários são organismos unicelulares e eucarióticos pertencentes ao Reino 
Protista, do qual também fazem parte as algas. As algas são protistas autótrofos (realizam 
fotossíntese ou quimiossíntese), enquanto os protozoários são heterotróficos e ocorrem 
em colônias ou em células isoladas. 
Eles possuem papel importante nas cadeias alimentares, nas relações de simbiose e no 
parasitismo. Há protozoários saprófitas que ingerem bactérias e, por isso, fazem recircular 
a matéria orgânica, ao utilizarem substâncias e organismos envolvidos na decomposição 
final. Existe, ainda, uma gama de doenças em humanos que são causadas por 
protozoários. 
Os principais grupos de protozoários são divididos com base em seu modo de locomoção: 
Sarcodina, cuja movimentação ocorre por meio de projeções celulares chamadas de 
pseudópodos; Mastigophora, os quais se deslocam por flagelos; Ciliophora, que se 
locomovem utilizando cílios e Apicomplexa, protozoários que não apresentam estrutura 
locomotora. 
Esses organismos estão presentes em todos os ambientes devido ao tamanho reduzido que 
têm e à produção de cistos resistentes, podendo viver em meio rico ou pobre em oxigênio. 
Os parasitas do trato digestivo, por exemplo, vivem em ambiente pobre em oxigênio. 
 
 
 
 
20 
 
1.2.2 Morfologias 
Os protozoários apresentam variações de morfologia relacionadas à fase evolutiva e ao 
meio em que estão adaptados. Existem algumas formas definidas: 
- Trofozoíto: forma ativa do protozoário, a qual realiza funções mantenedoras de vida, 
como alimentação, respiração, locomoção, excreção e reprodução. 
- Cisto e oocisto: forma de resistência. Quando se encontram em condições adversas, 
devido à ausência de alimento, temperaturas inadequadas e presença de substâncias 
tóxicas, os protozoários criam uma cápsula protetora chamada cisto. O cisto também 
permite que o organismo parasita sobreviva fora do hospedeiro. O filo Apicomplexa cria 
um cisto conhecido como oocisto, que tem função reprodutiva. 
1.2.3 Reprodução 
Os protozoários podem se reproduzir de forma sexuada ou assexuada: 
- Reprodução assexuada: ocorre por divisão do núcleo e citoplasma, podendo ser por 
fissão binária, brotamento ou esquizogonia (fissão múltipla em que o núcleo se divide 
múltiplas vezes antes da divisão celular, uma pequena porção do citoplasma se concentra 
ao redor de cada núcleo e a célula se separa em várias células-filhas). 
- Reprodução sexuada: alguns protozoários produzem gametas. No processo de 
reprodução, dois gametas haploides se unem e dão origem a um zigoto diploide. A 
reprodução sexuada pode ocorrer também por conjugação, processo em que duas células 
se juntam e um micronúcleo haploide migra de uma célula para outra. O micronúcleo se 
funde a um outro, que já estava dentro da célula, e ela se fragmenta, surgindo, assim, duas 
células fertilizadas. Essas células se dividem e geram células-filhas de DNA 
recombinado. 
Quanto aos ciclos de vida, dentre as inúmeras espécies de parasitas, há categorias que 
necessitam de um ou mais hospedeiros intermediários, enquanto outras possuem apenas 
um hospedeiro. 
 
 
21 
 
1.2.4 Nutrição 
Os protozoários são, em sua maioria, heterotróficos, porém existem dois grupos 
autotróficos que apresentam clorofila (dinoflagelados e euglenoides), os quais são 
estudados junto às algas. Eles podem ainda ser saprozoicos, quando fazem absorção de 
substâncias de origem vegetal já decompostas e dissolvidas em meio líquido, ou 
mixotróficos, se apresentam mais de um hábito alimentar. 
A nutrição desses organismos pode acontecer de diversas formas. As amebas capturam o 
alimento circundante com seus pseudópodos (projeções citoplasmáticas das células) e 
realizam fagocitose ou pinocitose. Ao identificarem a presença do alimento, deslocam-se 
e o englobam com os pseudópodos. O alimento, então, é incorporado pela célula, ficando 
no interior do vacúolo alimentar (fagossomo), onde é digerido por enzimas armazenadas 
nos lisossomos. O vacúolo passa então a se chamar vacúolo digestivo e é deslocado pelo 
citoplasma, distribuindo o alimento já digerido. A nutrição suspensívora se dá 
principalmente nos organismos ciliados, que realizam ondulação de cílios em direção a 
uma estrutura chamada citóstoma, uma espécie de “boca celular”, por onde ingerem o 
alimento. 
Em todos os protozoários, a digestão ocorre nos vacúolos alimentares e os dejetos podem 
ser excretados por meio da membrana plasmática ou liberados por um poro especializado. 
1.2. 5 Características dos Principais Filos 
Filo Sarcomastigophora 
- Subfilo Sarcodina 
Tem como principais representantes as amebas e os foraminíferos (amebas que secretam 
uma concha durante o crescimento vegetativo), os quais se locomovem por intermédio de 
pseudópodos (também empregados na captura de alimentos). A reprodução é assexuada 
por fissão binária. 
 
 
 
22 
 
O grupo das amebas inclui espécies de vida livre, mas apresenta diversos tipos que 
parasitam humanos e outros vertebrados, por meio da ocupação da cavidade oral e do 
trato intestinal. Muitas vezes, uma infecção por amebas não apresenta sintomas aparentes, 
porém, em alguns indivíduos produz ulcerações que resultam em disenteria amebiana. As 
amebas são transmitidas, sob a forma de cisto, pela água ou por alimentos contaminados. 
Os foraminíferos são exclusivamente 
marinhos e sua concha é composta, em 
geral, por carbonato de cálcio. São 
importantes nas pesquisas de 
prospecção de petróleo por constituírem 
um grupo com muitos representantes 
fósseis, bons indicadores de presença de 
combustível fóssil. 
A espécie Entamoeba histolytica 
corresponde a um bom exemplo de 
ameba parasita. 
 
 
- Subfilo Mastigophora 
São protozoários flagelados, divididos em dois grupos: os fitoflagelados (contém clorofila 
e normalmente são estudados junto às algas) e os zooflagelados(não possuem clorofila e 
sua nutrição é heterotrófica). 
 
Figura 1.6: Cisto de Entamoeba histolytica. 
Fonte: Por Yasser. 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3A
Entamoeba_histolytica_cyst.jpg. Acesso em: 
20 mar. 2016. 
 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3AEntamoeba_histolytica_cyst.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3AEntamoeba_histolytica_cyst.jpg
 
 
23 
 
Eles apresentam, na maioria dos casos, 
reprodução assexuada por fissão 
binária longitudinal, no entanto, existe 
reprodução sexuada em alguns grupos. 
Podem ser organismos de vida livre, 
movimentando-se com auxílio dos 
flagelos, ou fixos ao substrato, 
empregando o flagelo apenas na 
captura de alimento. 
Os hemoflagelados (parasitas 
sanguíneos) são transmitidos pelas 
picadas de insetos hematófagos e são 
encontrados no sistema circulatório do 
hospedeiro picado. 
Entre os flagelados parasitas de humanos, destacam-se os gêneros Trichomonas, Giardia, 
Leishmania e Trypanosoma. 
Filo Ciliophora 
São protozoários que possuem cílios, estruturas similares aos flagelos, no entanto, mais 
curtas e numerosas, espalhadas pela membrana ou em tufos. Os cílios são utilizados para 
locomoção e captura de alimento. 
 
Figura 1.7: Micrografia eletrônica de trofozoíto 
de Giardia muris. 
Fonte: Por CDC/ Dr. Stan Erlandsen. 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3AGi
ardia _muris_trophozoite_SEM_11643.jpg. 
Acesso em: 20 mar. 2016. 
 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3AGiardia%20_muris_trophozoite_SEM_11643.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3AGiardia%20_muris_trophozoite_SEM_11643.jpg
 
 
 
24 
 
Grande parte dos indivíduos é de vida livre, 
sendo Balantidium coli a única espécie de 
ciliados que parasita o ser humano. Esse 
organismo é adquirido pelo homem devido 
à ingestão de água contaminada com cistos, 
os quais se alojam no trato intestinal 
humano e é causador de um tipo de 
disenteria severa. 
Apresentam reprodução sexuada por 
conjugação e assexuada por fissão binária. 
Para sua nutrição, existe um sulco oral, 
abertura ciliada que empurra água com 
alimento para o citóstoma (boca celular). 
Os organismos ciliados possuem dois 
núcleos: o macronúcleo, responsável pelo 
controle do metabolismo, e o micronúcleo, envolvido na reprodução sexuada por 
conjugação. 
Filo Apicomplexa 
São protozoários parasitas intracelulares obrigatórios, não se locomovem na fase adulta e 
se caracterizam pela presença de organelas nas extremidades das células, as quais contêm 
enzimas que penetram os tecidos dos hospedeiros. Apresentam um ciclo de vida 
complexo, envolvendo a transmissão entre vários hospedeiros. 
Eles obtêm alimento absorvendo diretamente os nutrientes dos organismos que parasitam. 
A reprodução assexuada ocorre por esquizogonia, podendo suceder uma fase reprodutiva 
sexuada durante o ciclo de vida. 
 
 
 
Figura 1.8: Paramecium aurelia, o mais 
conhecido dos ciliados, observado em 
microscopia óptica. As bolhas espalhadas 
pela célula são vacúolos. Toda a superfície é 
coberta por cílios, borrados devido à rápida 
movimentação. 
Fonte: Por Barfooz. 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%
3APara mecium.jpg. Acesso em: 20 mar. 
2016. 
 
 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3APara%20mecium.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3APara%20mecium.jpg
 
 
25 
 
Esses protozoários geram esporos não verdadeiros denominados esporozoítos, os quais 
têm como função a colonização de novos hospedeiros. O zigoto sofre encistamento e 
divisão meiótica, originando quatro esporozoítos com metade do número cromossômico 
do zigoto. Depois de sucessivas mitoses, 
essas células se multiplicam e originam 
muitos outros esporozoítos, que são 
finalmente liberados do cisto. 
Os membros mais importantes desse filo 
são os do gênero Plasmodium, 
causadores da malária. Há, ainda, outros 
parasitas responsáveis por doenças em 
humanos, como Toxoplasma gondii, 
Babesia microti, Cyclospora 
cayetanensis e Cryptosporidium. 
 
1.3 Síntese da Unidade 
 
Na Unidade 1, vimos que as bactérias: 
- apresentam, muitas vezes, parede celular formada por uma ou mais camadas de 
peptideoglicano e podem ser divididas em dois principais grupos: Gram-positivas e 
Gram-negativas; 
- possuem três principais morfologias: cocos, bacilos e formas espiraladas; 
- têm um único filamento de DNA circular não recoberto por membrana nuclear, 
apresentam plasmídeo (DNA extracromossomial) e sua reprodução é por fissão binária. 
 
 
 
Figura 1.9: Toxoplasma gondii. 
Fonte: Por Jitinder P. Dubey. 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3A
Toxoplasma_gondii_tissue_cyst_in_mouse_br
ain.jpg. Acesso em: 20 mar. 2016. 
 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3AToxoplasma_gondii_tissue_cyst_in_mouse_brain.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3AToxoplasma_gondii_tissue_cyst_in_mouse_brain.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3AToxoplasma_gondii_tissue_cyst_in_mouse_brain.jpg
 
 
 
26 
 
Vimos ainda que os protozoários: 
- podem ser classificados quanto à forma de locomoção em: Sarcodina, Mastigophora, 
Ciliophora e Apicomplexa; 
- podem apresentar vida livre e simbionte; 
- possuem espécies parasitas, as quais são causadoras de doenças em humanos; 
- reproduzem-se de forma sexuada e assexuada; 
- são, em maioria, heterótrofos e podem capturar alimento de diversos modos. 
 
1.5 Atividades 
 
1. Descreva as principais estruturas bacterianas e pesquise um exemplo de espécie para 
cada morfologia. 
 
2. Pesquise e descreva a coloração de Gram e aponte as principais diferenças entre 
bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. 
 
3. Descreva as fases do crescimento bacteriano. 
 
4. Cite e diferencie os principais filos de protozoários. 
 
5. Apresente as principais formas de obtenção de alimento dos protozoários 
 
 
27 
 
 
Unidade 2 
Fungos e Vírus 
 
 
Nesta Unidade, vamos aprender conceitos básicos acerca dos fungos, organismos uni ou 
pluricelulares, que habitam o ambiente, fazendo parte da microbiota normal do homem e 
dos animais. Além dos fungos, nesta Unidade, vamos conhecer a composição básica da 
estrutura viral e como podem ser classificados os vírus. 
 
2.1 Características Gerais dos Fungos 
 
 
Os fungos ou bolores, alguns conhecidos como orelhas-de-pau e cogumelos, são os 
principais representantes desse grupo. Eles são aclorofilados e, assim como as células 
presentes no corpo humano, são classificados como seres eucariotos (Figura 2.1), ou seja, 
possuem um envoltório nuclear separando o material genético do citoplasma celular, o 
qual é denominado núcleo ou carioteca. Existem espécies de vida livre como os líquens, 
considerados associações harmônicas entre fungos e algas, e tipos parasitários, os quais 
estabelecem relações desarmônicas com outros seres vivos, como plantas e animais, 
valendo-se dos nutrientes alheios. 
Eles são seres heterótrofos, por isso, não sintetizam seu próprio alimento, e ao mesmo 
tempo decompositores, necessitando extrair os nutrientes por meio de enzimas secretadas 
 
 
 
28 
 
sobre a matéria orgânica, animal ou vegetal, presente no ambiente. Por esse motivo, são 
denominados saprófagos. 
Os fungos podem ser unicelulares, como as leveduras (fermento), ou pluricelulares, como 
os cogumelos (Figura 2.2). Este último é composto por hifas, estruturas alongadas que, 
em conjunto, formam o micélio. As hifas podem ser classificadas como septadas, quando 
cada célula contém núcleo individualizado, ou cenocítica, quando existem células com 
aparência de citoplasma polinucleado (Figura 2.3). 
 
 
Figura 2.1: Esquema de célula animal (A); célula de mucosa bucal corada com azul de 
metileno (B). 
Fonte: slideplayer.com.br. Acesso em: 20 mar. 2016. 
 
 
Figura 2.2: Microscopia de luz de leveduras da espécie Candida dubliniensis 
cultivadas em ágar Sabouraud Dextrose e coradas pelo método de Gram (A); 
cultivode bolor em ágar Sabouraud Dextrose (B). 
Fonte: AMÊNDOLA, Isabela. 
 
 
 
29 
 
2.1.1 Reprodução dos Fungos 
Os representantes do Reino Fungi podem se reproduzir de forma assexuada e sexuada e, 
de acordo com isso, são classificados em Filos. Assexuadamente, os fungos podem se 
reproduzir por brotamento, esporulação ou fragmentação. 
No processo de brotamento, a célula-mãe gera brotos laterais que podem permanecer 
unidos ou se destacar, dando origem a um novo ser (Exemplos: Saccharomyces cerevisae, 
leveduras do gênero Candida). 
Já a esporulação acontece por meio da liberação de esporos presentes em bolsas 
localizadas nas extremidades das hifas (esporângios), as quais ficam contidas em hifas 
modificadas, denominadas de esporangióforos. Os esporos são células haploides de 
composição extremamente resistente à dessecação e às mudanças ambientais e, por serem 
estruturas leves, podem ser disseminados pelo vento, pela água e pelos animais. Quando 
os esporos se encontram maduros, os esporângios tornam-se escuros, rompem-se e 
libertam os esporos no ambiente que, encontrando locais adequados, germinam e criam 
um novo organismo. 
A terceira e última forma de reprodução assexuada dos fungos é a fragmentação, que 
sucede de maneira simples: mediante a fragmentação de partes do micélio, células 
idênticas às originais são geradas, desenvolvendo um novo organismo. 
 
 
Figura 2.3: Esquema e imagens características de hifa cenocítica (A) e septada (B). 
Fonte: Adaptado de slideplayer.com.br; mrsyuscienceclasses.weebly.com. Acesso em: 20 
mar. 2016. 
 
 
 
 
30 
 
2.1.1 Classificação em Filos 
A classificação dos fungos em quatro Filos distintos acontece segundo diferenças de 
conformação nas estruturas reprodutivas, as quais armazenam esporos e ciclo de vida. Os 
estágios de vida dos esporos gerados por mitose, quer dizer, assexuadamente, são 
estabelecidos por estímulos ambientais que, caso se modifiquem, podem determinar o 
início de uma fase sexuada ou meiótica. 
Assim, o Reino Fungi está dividido em quatro Filos, Ascomycetes, Basidiomycetes, 
Deuteromycetes e Phycomicetes. 
Os Ascomycetes ou ascomicetos, durante o processo de reprodução sexuada formam 
sacos, denominados ascos, que se tornam esporos. Os Basidiomycetes ou basidiomicetes 
originam estruturas reprodutivas (basídios), cujas bases, por que são fixas ao corpo de 
frutificação, apresentam algumas regiões livres que dão origem aos basidiósporos, 
composições contendo esporos. Os Deuteromycetes ou deuteromicetes são também 
denominados fungos imperfeitos, devido à inabilidade de desenvolverem formas 
sexuadas de reprodução. Em sua maioria, são organismos parasitas causadores de doenças 
em humanos e em animais. Alguns de seus representantes são leveduras do gênero 
Candida que, normalmente presentes na microbiota humana de forma comensal, em 
decorrência de modificações imunológicas, por exemplo, podem se proliferar e 
desencadear doença. E, por fim, há os Phycomycetes ou ficomicetos, fungos de estrutura 
simples que produzem esporos flagelados (Figura 2.4). 
 
Figura 2.4: Aspecto dos representantes de cada Filo do Reino Fungi. 
Fonte: Adaptado de reinofungi2etd.blogspot.com. Acesso em: 31/03/2016. 
 
 
 
31 
 
2.1.3 Importância dos Organismos do Reino Fungi 
Como visto anteriormente, existem algumas espécies de fungos que, assim como as 
espécies parasitas de vegetais, causam doenças em humanos e em animais. Os 
microrganismos do Reino Fungi às vezes desencadeiam malefícios, mas há casos em que 
também geram benefícios. 
Os fungos saprófagos, por exemplo, são extremamente importantes na natureza, pois, 
junto com as bactérias, decompõem cadáveres de animais e restos vegetais, impedindo 
acúmulos no ambiente e fazendo ciclagem dos nutrientes. 
Agaricus campestres, Lentinus edodes, Penicillium roqueforti, Penicillium camembertii, 
Saccharomyces cerevisae e Saccharomyces ellipsoideos são algumas das espécies de 
fungos frequentemente empregadas na gastronomia, sendo conhecidas, respectivamente, 
por champignon, shitake, queijo Roquefort e Camembert, fermento de pão (que 
proporciona leveza e maciez a pães e também é utilizado na fermentação de bebidas 
alcoólicas como cerveja, uísque e saquê) e vinho. 
Os fungos têm papel importante na indústria farmacêutica para a produção de penicilina, 
um antibiótico produzido pelo fungo Penicillium, descoberto em 1928 pelo médico inglês 
Alexander Fleming que, por ajudar os feridos da Segunda Guerra Mundial, estudou 
profundamente a bactéria Staphylococcus aureus (com frequência isolada de feridas 
infeccionadas dos soldados). O médico, ao chegar em seu laboratório depois de alguns 
dias, percebeu uma placa de Petri entreaberta contendo colônias de S. aureus, além de um 
fungo filamentoso, ao redor do qual não havia colônias bacterianas. A partir daí, a 
penicilina foi isolada por Ernst B. Chain e Howard W. Florey em 1938 e utilizada para o 
tratamento de meningite, tuberculose, pneumonia e sífilis, entre outras doenças 
infecciosas. 
 
 
 
 
 
32 
 
2.2 Características Gerais dos Vírus 
 
Os vírus são partículas infecciosas causadoras de inúmeras doenças tanto para o homem, 
quanto para os animais e vegetais. Foram descobertos separadamente por dois 
pesquisadores, Dimitri Iwanowiski, em 1892, e Martinus Beijerinch em 1898. Esses 
organismos são acelulares e, devido ao seu diâmetro entre 15 e 300 nm, visíveis apenas 
por meio de microscopia eletrônica. Eles são formados basicamente por proteínas, que 
compõem o capsídeo (envoltório que armazena e protege o material genético, além de se 
combinar com receptores específicos das células afetadas). O capsídeo é formado por 
capsômeros, que são utilizados para classificação dos vírus. Os ácidos nucleicos podem 
ser DNA ou RNA, nunca ocorrendo a associação deles, ou seja, um vírus pode ser DNA 
ou RNA, apenas. Os vírus não possuem organelas citoplasmáticas, não desempenhando 
funções básicas e complexas. Devido a essa característica e ao fato de dependerem de 
células  animais, bacterianas ou vegetais  para o desenvolvimento de seu metabolismo, 
proliferação e dispersão, razão por que são denominados parasitas intracelulares 
obrigatórios, os vírus não são considerados seres vivos por muitos pesquisadores. Por 
outro lado, há estudiosos que consideram os vírus como seres vivos, porque estes possuem 
características como autoduplicação e variabilidade. 
Quando o assunto são partículas virais, é preciso mencionar os príons e virioides, 
partículas infecciosas mais simples que os vírus. As proteínas príon celular são proteínas 
produzidas normalmente por genes de todos os animais e atuam sobre células do sistema 
nervoso. Quando essas proteínas se modificam por conta de determinadas doenças, 
passam a ser denominadas príons. Os príons, portanto, são proteínas modificadas por 
algumas doenças, denominadas priônicas. As primeiras informações sobre esses 
patógenos datam de 1960, quando pesquisadores indagaram o desenvolvimento de 
doenças apenas por fragmentos proteicos. Um exemplo de doença gerada por príons é a 
chamada Doença da Vaca Louca ou encefalopatia espongiforme bovina. Ao tomarem 
toda a circulação sanguínea, os príons acumulam-se sobre as células nervosas do sistema 
nervoso central, levando-as à morte. Devido à degeneração tecidual, o cérebro fica com 
aspecto esponjoso e os animais têm comportamentos incomuns. Os primeiros casos dessa 
 
 
33 
 
doença foram reportados em 1980, sendo o Reino Unido a região mais afetada. Acredita-
se que os animais tenham contraído a doença devido a ingestão de ração à base de carne 
de ovelhas contaminadas. 
A doença de Creutzeldt-Jacobs é uma variação da doença bovina, mas acomete células 
nervosas humanas e teve seu primeiro caso reportado em 1996. A ingestão de carne de 
animais contaminados é uma das formas de se contrair a doença. Outra maneira é por 
meiode infecção viral com modificação de proteínas normais para príons. Alucinações, 
perda de memória, dificuldades locomotoras, distúrbios neurológicos, convulsões e 
alterações comportamentais são alguns dos sintomas característicos da doença. O 
diagnóstico laboratorial se dá pela análise do líquido cefalorraquidiano, de ressonância 
magnética e da biópsia de tecidos do sistema nervoso central. Embora rara, a doença de 
Creutzeldt-Jacobs é fatal e, infelizmente, ainda não existem medicamentos eficazes para 
o controle dela e de outras doenças priônicas. Existem outras doenças priônicas 
hereditárias como a Insônia Familiar Fatal e a Síndrome de Gerstmann-Straussler-
Scheinker. 
Já os virioides são partículas infecciosas que contêm apenas RNA circular com cerca de 
300 nucleotídeos e desenvolvem doença exclusivamente em vegetais. Podem ser 
considerados os menores patógenos conhecidos. 
2.2.1 Estrutura Básica dos Vírus 
Como já mencionado, os vírus são formados basicamente por proteínas (capsídeo, 
capsômeros, envelope, espícula, nucleocapsídeo e unidades estruturais) e ácidos 
nucleicos. 
Os vírus podem conter DNA ou RNA, nunca os dois em uma única unidade viral. 
Normalmente, eles apresentam uma cópia de cada gene (haploide), exceto os retrovírus, 
que são diploides e, por isso, apresentam duas cópias de cada gene. O genoma pode ser 
de fita dupla, circular, linear ou simples, sendo único ou, quando a informação genética 
surge dividida em diferentes fragmentos do ácido nucleico, segmentado. O 
nucleocapsídeo é uma estrutura formada pela união entre proteínas e ácidos nucleicos. 
 
 
 
34 
 
O capsídeo é um envoltório proteico que armazena e protege o ácido nucleico. Além 
disso, contém receptores específicos, facilitando a adesão à membrana celular da célula 
hospedeira. Essa estrutura apresenta simetrias características de acordo com o 
agrupamento de proteínas, sendo frequentemente icosaédrica, helicoidal ou complexa. 
Essa primeira simetria é considerada a mais eficiente em termos de arranjo de 
capsômeros, pois possui 20 lados triangulares e 12 vértices, e leva, muitas vezes, à 
formação de estruturas esféricas contendo ácidos nucleicos. A simetria helicoidal, como 
o próprio nome diz, forma hélices ao redor do ácido nucleico, onde o material genético 
se encontra intimamente ligado ao capsídeo, levando à formação de um compacto 
nucleocapsídeo. Essa simetria pode desenvolver disposições filamentosas, curtas e rígidas 
ou muito longas e flexíveis. Os vírus classificados como complexos são aqueles que são 
se encaixam nas simetrias descritas anteriormente. 
Os capsômeros são unidades proteicas formadoras do capsídeo, compostas normalmente 
pelas mesmas proteínas em ambas as estruturas. Os receptores presentes na superfície do 
capsídeo são denominados espículas, compostas de glicoproteínas e constituem o 
principal antígeno viral. 
Alguns vírus possuem um envelope, uma estrutura que cobre o capsídeo e é formada por 
uma bicamada lipídica composta de proteínas e carboidratos. O envelope é parte da 
membrana celular da célula infectada que, por brotamento, foi inserida à estrutura viral. 
Os vírus que têm envelope são chamados de vírus envelopados. 
Enzimas também fazem parte da composição de alguns vírus. Elas são importantes para 
o processo de infecção, como é o caso dos retrovírus, que realizam transcriptase reversa 
necessária para sua replicação. Já os vírus bacteriófagos, ou seja, que parasitam bactérias, 
produzem a lisozima, enzima responsável pela desestruturação da parede celular 
bacteriana, permitindo a penetração do genoma viral. 
2.2.2 Genoma Viral 
Nos seres vivos em geral, as células podem armazenar informações genéticas apenas no 
DNA, já os vírus podem guardar informações genéticas tanto no DNA quanto no RNA. 
 
 
35 
 
Existe uma classificação denominada Classificação de Baltimore, que se dá de acordo 
com a síntese de RNA mensageiro, o genoma viral e a replicação do DNA. Essa 
classificação incorpora os vírus em sete classes: 
- Vírus classe I: vírus DNA fita dupla que desenvolve RNAm de forma direta. Exemplo: 
Herpesvírus. 
- Vírus Classe II: vírus DNA fita simples positiva ou negativa para sintetizar RNAm. 
Exemplo: Parvovírus. 
- Vírus Classe III: vírus RNA fita dupla que sintetiza RNAm de forma direta. Exemplo: 
Reovírus. 
- Vírus Classe IV: vírus RNA fita simples positiva. Exemplo: Picornavírus. 
- Vírus Classe V: vírus RNA fita simples negativa, complementar ao RNAm, sendo útil 
para a síntese de outras moléculas de RNA necessárias para controlar a célula parasitada. 
Exemplo: Rhabdovírus. 
- Vírus VI: vírus RNA fita simples com DNA fita dupla intermediária, em que a enzima 
transcriptase reversa forma uma molécula de DNA que sofre processo de transcrição, 
levando à formação de uma molécula de RNA. Exemplo: Retrovírus. 
- Vírus Classe VII: vírus DNA fita simples com RNA intermediário, originando uma 
molécula de DNA fita dupla que cria uma molécula de RNAm. Exemplo: Hepadnavírus. 
2.2.3 Multiplicação Viral e Ciclos Virais 
Para se multiplicar, o vírus precisa parasitar uma célula de ser vivo. Esse processo 
acontece por meio de seis processos básicos: 
- Adsorção: etapa de reconhecimento entre vírus e célula mediante receptores específicos 
da célula. Essa etapa é muito importante, pois existem células que não possuem 
receptores, tornando-se livres da infecção. 
 
 
 
36 
 
- Penetração: após o reconhecimento do vírus-célula, o parasita deve penetrar completa 
ou parcialmente no interior da célula hospedeira pela endocitose, fusão entre envelope 
viral, membrana celular e translocação, processo em que a estrutura completa do vírus 
adentra a célula. 
- Desnudamento: processo em que o ácido nucleico viral é separado do restante das 
estruturas com o auxílio da ação enzimática, podendo acontecer perda da malignidade 
original do vírus. 
- Biossíntese: processo de replicação ou duplicação do material genético viral, 
denominado transcrição, para criação de RNAm específicos. 
- Morfogênese: etapa de formação de novas moléculas virais. 
- Liberação: processo de liberação dos vírus, em que a célula hospedeira sofre lise devido 
ao grande número de indivíduos não envelopados em seu interior. Já os envelopados são 
liberados por brotamento mediante membrana celular. 
Após os processos de multiplicação viral no interior da célula parasitada, podem ocorrer 
dois ciclos de liberação viral, o ciclo lítico e o lisogênico. O primeiro acontece em razão 
de uma realização exacerbada de proteínas virais no interior da célula hospedeira, a qual 
sofre lise da parede celular, liberando novos vírus. Já no ciclo lisogênico ocorrem as 
etapas de adsorção e penetração de forma regular, assim como no ciclo lítico. Entretanto, 
ao invés de iniciar a fase de biossíntese, o ácido nucleico viral é inserido ao genoma da 
célula parasitada, acompanhando o ciclo celular. Quando ocorre indução espontânea do 
material genético viral, o vírus começa a se multiplicar por meio do ciclo lítico. 
2.2.4 Biossíntese de Macromoléculas 
O grande objetivo dos vírus é formar infinitas cópias de si mesmo para infectar o maior 
número de células possível. Esse processo é chamado de replicação ou duplicação, que, 
ocorrendo em três etapas, leva à produção de macromoléculas virais. 
A primeira fase é a da transcrição, que sucede em virtude do transporte da informação 
genética contida no ácido nucleico para o RNAm. O segundo estágio é o da tradução, em 
 
 
37 
 
que a sequência de bases nitrogenadas dá origem a um RNAm e cada trinca de bases do 
RNAm origina um aminoácido que forma uma proteína. E por fim, há o ciclo de 
replicação, a partir do qual são formadas novas moléculas de ácido nucleico, devido à 
ação da enzima DNA polimerase e da replicase, presentes apenas nas células parasitadas, 
sintetizando novos filamentos de RNA viral. 
 
2.3 Síntese da Unidade 
 
Nesta Unidade,discutimos características gerais dos fungos e vírus. O estudo dos fungos 
explicou por que eles são categorizados como um Reino separado das plantas. Também 
apresentamos como eles são classificados quanto aos Filos e à reprodução, dentre vários 
outros aspectos. Estudamos os vírus e os diferentes pontos de vista sobre sua classificação 
e ainda a estrutura deles, as formas de duplicação e de infecção do hospedeiro e os 
processos sempre dependentes de células portadoras de receptores específicos para cada 
tipo de vírus. 
 
2.4 Atividades 
 
1. Os fungos, classificados dentro do Filo Deuteromycetes, normalmente são patogênicos 
ao homem, embora alguns façam parte da microbiota normal humana. As leveduras do 
gênero Candida compõem esse grupo e estão presentes na microbiota humana e na de 
animais, de forma comensal. Devido a desequilíbrios imunológicos e ao uso de 
medicamentos, entre outros fatores, esses microrganismos podem proliferar, causando 
doenças. Pesquise sobre as principais espécies do gênero Candida responsáveis por 
infecções em humanos, as doenças causadas por elas, além de diferenças morfológicas, 
fatores de patogenicidade, diagnóstico laboratorial e resistência aos medicamentos 
padrão-ouro. 
 
 
 
38 
 
2. Os vírus são moléculas que parasitam células animais, vegetais e humanas, podendo 
gerar doenças. Entretanto, esses seres podem ser utilizados de forma positiva para o 
controle biológico de pragas em plantações. Relacione a importância e utilização de 
espécies virais na biotecnologia farmacêutica, agrícola e industrial. 
3. Assim como os vírus, os fungos podem ser utilizados de forma benéfica para a 
produção de antibióticos ou na indústria alimentícia, por exemplo. Pesquise sobre a 
utilização de espécies fúngicas para o desenvolvimento de materiais farmacêuticos, 
alimentícios e industriais. 
 
 
 
39 
 
Unidade 3 
Doenças Infecciosas de Interesse 
Médico-odontológico 
 
Nesta Unidade, vamos estudar algumas doenças, dentre uma infinidade, de grande 
importância para as áreas médica e odontológica dentro dos Reinos Fungi, Monera, 
Protista e Vírus. 
 
3.1 Tripanossomíase 
 
A tripanossomíase é o nome dado à doença causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. 
Calcula-se que no Brasil existam cerca de 2,5 milhões de pessoas infectadas; desse total, 
60% são habitantes de áreas urbanas. No homem, essa doença desenvolve manifestações 
clínicas muito variadas, sendo as mais importantes a cardiopatia chagásica e a dilatação 
de órgãos cavitários. Elas afetam diretamente o sistema digestório e geram megaesôfago 
e megacólon, entre outros problemas clínicos. 
Além dos vertebrados, o T. cruzi parasita várias espécies de hemípteros hematófagos da 
família Reduviidae. 
A transmissão do protozoário para o homem se dá pela contaminação do tecido 
conjuntivo, mucosas e lesões cutâneas com as fezes do inseto, que libera a forma 
tripomastígota metacíclica (infectante). Ao penetrarem no hospedeiro vertebrado, as 
formas infectantes invadem células do Sistema Fagocítico Mononuclear, onde a forma 
amastigota se multiplica. A forma tripomastígota vai para o sangue, atingindo músculos 
e outros tecidos. O inseto se contamina ao se alimentar de sangue infectado. No intestino 
 
 
 
40 
 
posterior do inseto, desenvolvem-se as formas epimastígotas. Na ampola retal, são 
formadas as tripomastígotas metacíclicas, que são eliminadas nas fezes, fechando o ciclo. 
O diagnóstico laboratorial se torna, muitas vezes, necessário, já que as manifestações 
clínicas são inespecíficas. Com parasitemia geralmente alta na fase aguda da doença, 
recomenda-se exame parasitoscópico do sangue, punção biópsia do linfonodo, 
imunofluorescência indireta e hematoglutinação, entre outros procedimentos. Na fase 
crônica, os métodos parasitológicos são pouco eficientes, revelando em torno de 50% dos 
casos positivos. 
 
3.2 Leishmaniose 
 
A leishmaniose tegumentar é um problema de saúde pública que acomete quatro 
continentes: África, Américas, Ásia e Europa e atinge cerca de 1,5 milhão de pessoas. 
Essa doença apresenta diversas manifestações clínicas e, por isso, foi dividida em 
leishmaniose cutânea (desenvolve lesões cutâneas, ulcerosas ou não), mucocutânea 
(lesões destrutivas no nariz, boca e faringe), cutânea difusa e visceral ou calazar (causadas 
por parasitas que se alojam no sistema fagocítico mononuclear do baço, fígado, medula 
óssea e tecidos linfoides). 
Protozoários da família Trypanosomatidae, do gênero Leishmania, são transmitidos por 
insetos dípteros flebotomíneos. Agentes etiológicos morfologicamente tão semelhantes 
são responsáveis por características clínicas e epidemiológicas distintas. Uma única 
espécie não é a responsável pela leishmaniose, sendo vários tipos de parasitas os 
responsáveis pelas variáveis da doença. 
O gênero Leishmania é caracterizado por apresentar apenas duas morfologias durante o 
ciclo: amastigota (quando se encontra intracelular em hospedeiro vertebrado) e 
promastígota (quando se encontra no tubo digestivo de hospedeiro invertebrado). 
 
 
41 
 
As formas amastigotas são inseridas no hospedeiro vertebrado graças à picada do 
flebotomíneo e permanecem na corrente sanguínea até serem fagocitadas pelos 
macrófagos. Dessa forma, os parasitas se multiplicam no interior da célula hospedeira. 
Quando a célula parasitada fica cheia e apresenta destruição citoplasmática, ela se rompe, 
liberando formas amastigotas para serem fagocitadas por novas células. O flebotomíneo 
livre de patógenos, ao picar um vertebrado contaminado, retira junto com o sangue ou 
linfa as formas parasitárias, que passarão a evoluir no interior do tubo digestivo do inseto, 
momento em que passam para a forma promastígota, fechando o ciclo. 
A Leishmania brasiliensis pode ser identificada por meio de biópsia, raspagem das bordas 
da lesão ulcerada ou punção da borda não inflamada e de lesões não ulceradas. O material 
obtido por todos os métodos pode ser semeado em cultura e chega a comprovar quase 
60% dos casos positivos. A identificação das espécies pode ser realizada por teste 
eletroforético de isoenzimas em celulose acetato. A reação de Montenegro ou teste 
intradérmico é o mais utilizado: o antígeno (promastígotas mortos), preparado a partir de 
cultura, é inoculado na face anterior do antebraço. A leitura é realizada ao terceiro dia 
após a inoculação e a positividade é indicada pelo aparecimento de uma pápula 
eritematosa de base rígida. Esse teste apresenta efetividade em 95% dos casos. 
 
3.3 Infecções do Trato Urinário (ITU) 
 
As infecções do trato urinário (ITU) são frequentes em homens e mulheres desde o 
período neonatal. Entretanto, na fase adulta, o sexo feminino apresenta maiores índices 
de desenvolvimento da doença. 
Dentro do contexto das infecções urinárias, as doenças podem ser causadas de duas 
formas: ITU baixa, envolvendo infecções da bexiga (cistite), epidídimo (epididimite), 
próstata (prostatite) e uretra (uretrite); e ITU alta, abrangendo infecções do parênquima 
renal, denominadas pielonefrite aguda. 
Os microrganismos evolvidos nas ITUs podem atingir o trato urinário de quatro maneiras: 
 
 
 
42 
 
via ascendente, modo principal de infecção, em que microrganismos comensais dos 
gêneros Diphterioides, Streptococcus, Staphylococcus e Lactobacillus, por conta de 
alguma alteração, diminuem em número, propiciando o desenvolvimento de 
enterobactérias, normalmente ausentes nessas regiões; via hematogênica, invasão do 
parênquima renal, geralmente por Staphylococcus aureus e leveduras do gênero Candida, 
provenientes de foco infeccioso a distância; via linfática, evidências de conexão linfática 
entre os ureteres e os rins, em que o fluxo de linfa se dirige à pelve renal; e fístula 
vesicoenteral, que sugere uma conexão entre o trato urinário e o intestino, devido a 
bacteriúrias causadas por agentes anaeróbios, como Bacteroidesfragilis. 
Os agentes etiológicos envolvidos em ITU são variáveis de acordo com a gravidade e 
inúmeros outros fatores. Escherichia coli é responsável por cerca de 80 a 85% dos casos 
de ITU esporádica não complicada. Staphylococcus saprophyticus é o segundo agente 
etiológico mais frequente, responsável por 10 a 15% das ITUs em mulheres sexualmente 
ativas e acredita-se que apresente um padrão sazonal, sendo mais frequente no verão. 
Já nos casos de ITU recorrente ou complicada, microrganismos com Enterococcus, 
Pseudomonas e Serratia são os de maior importância. ITU nosocomial normalmente é 
causada por microrganismos com diferentes perfis de resistência a antimicrobianos, como 
Acinetobacter e Stenotrophomonas maltophilia. Um fator importante é que, mesmo em 
situações de ITUs mais complicadas, E. coli continua sendo o principal agente etiológico, 
com frequência maior que 50%. A presença de cálculo renal (nefrolitíase) aumenta a 
chance de ITU por Proteus ou Klebsiella, já que eles predispõem a formação de cálculos 
por alcalinização urinária e formação de biofilme, respectivamente. 
Além do hemograma, utilizado normalmente como um dos parâmetros para diagnóstico 
de pielonefrite e prostatite aguda, o teste do nitrito se faz importante. A especificidade 
pode chegar a 90%, mas a sensibilidade é baixa (de 35 a 85%), pois não detecta presença 
de fungos ou bactérias Gram-positivas. Isso porque somente as Gram-negativas entéricas, 
com exceção de P. aeruginosa, possuem a enzima nitrato-redutase, responsável pela 
transformação do nitrato urinário em nitrito. A urocultura quantitativa é o teste padrão-
ouro, embora possa ocorrer contaminação da amostra por microrganismos comensais, 
como as bactérias Gram-negativas, que compõem de 10 a 20% da microbiota dos 
 
 
43 
 
indivíduos. Para diferenciação entre infecção e microrganismos comensais, o número de 
unidades formadoras de colônia por mL de urina deve ser quantificado. 
A urina coletada deve ser de jato médio, ou seja, desprezando-se a primeira e a última 
porção do jato urinário, sem lavagem da genitália, apenas afastamento do prepúcio ou 
pequenos lábios vaginais para evitar contaminação da amostra urinária. 
Após a coleta, a amostra deve ser levada ao laboratório em até uma hora. Caso não seja 
possível, refrigerar a amostra a 4ºC e levar em até, no máximo, seis horas após a coleta. 
 
3.4 Meningites 
 
Define-se meningite como infecção das meninges, do espaço subaracnoide e da medula 
espinhal, relacionada a uma intensa resposta inflamatória do sistema nervoso central, 
levando a manifestações clínicas, como rebaixamento do nível de consciência, 
convulsões, aumento da pressão intracraniana e eventos isquêmicos. 
Pode ser causada por uma infinidade de agentes infecciosos, como bactérias, fungos, 
vírus, protozoários, helmintos e até mesmo por processos não infecciosos (traumatismo). 
As mais importantes são a meningite bacteriana e viral por conta da proporção, 
capacidade de gerar surtos e gravidade dos casos. No Brasil, é considerada uma doença 
endêmica e as mais comuns são a viral, durante o verão, e a bacteriana, durante o inverno. 
Os agentes etiológicos mais recorrentes da meningite bacteriana são meningococo 
(Neisseria meningitidis), classificado por sorogrupos, sorotipos e subtipos; pneumococo 
(Streptococcus pneumoniae), responsável por cerca de 90% das doenças invasivas; 
Mycobacterium tuberculosis; e Haemophilus influenzae, também classificado em 
sorotipos, é comensal do trato respiratório de humanos, podendo causar infecções 
assintomáticas e outras doenças. 
As meningites virais podem ser causadas por vírus do grupo Enterovírus, que inclui cepas 
 
 
 
44 
 
de poliovírus, echovírus, vírus coxsackie A e B, além de outros enterovírus. 
Essa doença frequentemente apresenta como evento inicial a colonização das vias aéreas 
superiores por microrganismos patogênicos, com posterior invasão do epitélio pelo 
agente etiológico, e disseminação pela corrente sanguínea. Ao alcançar o plexo corioide, 
os microrganismos invadem o espaço subaracnoide, multiplicando-se no líquor que, por 
não apresentar alta concentração de imunoglobulinas e proteínas do complemento, torna-
se um local favorável à multiplicação microbiana. Esses acontecimentos são dependentes 
da virulência da cepa e da resposta imunológica do hospedeiro, frente à infecção. 
Sabe-se que respostas inflamatórias do hospedeiro são as principais responsáveis pelas 
manifestações neurológicas e complicações da doença, e não o microrganismo 
propriamente dito. Com a lise bacteriana, vários componentes são liberados, como o 
lipopolissacarídeo presente na parede celular das bactérias Gram-negativas, assim como 
o ácido lipoteicoico e peptideoglicano existentes na parede celular das Gram-positivas. 
Esses compostos induzem à intensa inflamação das meninges devido à produção de 
citocinas, levando a um aumento da permeabilidade capilar e alterando as propriedades 
da barreira hematoencefálica, que por sua vez, favorece o aparecimento de edema 
cerebral, permitindo o extravasamento de proteínas e leucócitos para o líquor, formando 
um espesso exsudato. 
A meningite do recém-nascido até o lactente de 2 meses é causada frequentemente por 
bactérias Gram-negativas entéricas, como E. coli, Enterobacter spp., K. pneumoniae e 
Salmonella enteritidis. Após estes, os mais frequentes são S. agalactiae e Listeria 
monocytogenes. Até os cinco anos de idade, Neisseria meningitidis, Haemophilus 
influenzae tipo B e S. pneumoniae são os normalmente encontrados. 
A meningite por S. pneumoniae apresenta quadros clínicos de maior gravidade e 
comumente deixa mais sequelas. O fator de risco mais significativo é a pneumonia (25% 
dos pacientes), além de otite média aguda ou crônica, alcoolismo, diabetes, 
esplenectomia, hipogamaglobulinemia, trauma cranioencefálico, anemia falciforme e 
deficiência de complemento. 
Bastonetes Gram-negativos também podem causar meningite em alcoólatras, diabéticos, 
 
 
45 
 
pacientes com infecção crônica do trato urinário e indivíduos com estrongiloidíase 
disseminada. 
Diante de suspeita clínica de meningite, deve-se realizar coleta de hemoculturas, exame 
de neuroimagem e punção lombar. Avaliação da coloração do líquor, contagem de células 
(linfócitos e monócitos), dosagem de glicose, proteínas, cloretos, teste de aglutinação pelo 
látex, exames microbiológicos, dentre outros, podem ser utilizados para diagnóstico de 
meningite. 
 
3.5 Candidose 
 
Leveduras do gênero Candida são microrganismos comensais de humanos e de animais 
homeotermos. São encontradas na boca, orofaringe, trato gastrointestinal e geniturinário, 
e dobras da pele, dentre outros sítios. 
Cerca de 33 espécies estão relacionadas a doenças no homem, sendo C. albicans a mais 
comum. Essa espécie pode apresentar diferentes morfologias, como leveduras, hifas e 
clamidoconídeos, de acordo com a temperatura do meio. 
Nem todas as espécies do gênero podem se desenvolver a 37ºC, apenas as patogênicas 
suportam tal temperatura. Assim que infectam o hospedeiro, as leveduras desenvolvem 
hifas cujas extremidades possuem enzimas que ajudam a degradar o tecido do hospedeiro, 
sendo esse considerado um dos fatores de patogenicidade observados nesses 
microrganismos. 
Alimentação rica em carboidratos, doenças, uso de medicamentos imunossupressores, 
uso de próteses e aparelhos ortodônticos, xerostomia (baixa produção de saliva), dentre 
outros fatores, predispõem as pessoas a infecções por essas leveduras. 
A candidose pseudomembranosa aguda ou sapinho é normalmente observada em recém-
nascidos ou adultos debilitados. Caracteriza-se por uma pseudomembrana de coloração 
 
 
 
46 
 
branco-creme em geral encontrada sobre a língua, palato e bochechas que apresentam 
fundo avermelhado, quando a candidose é removida. 
A candidose eritematosa aguda se dá, costumeiramente, pelo

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