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Esporotricose É uma zoonose que vem aumentando nos últimos tempos existe regiões que essa doença virou epidêmica como é o caso no Rio de Janeiro e até mesmo na zona leste de SP. ● Micose subcutânea (não se espalha para órgãos, porém caso não trate é uma doença sim que pode se disseminar para outros tecidos); ● Gênero: Sporothrix – dimórfico (chamamos esse fungo de bifásico pois seu crescimento pode estar totalmente relacionado à temperatura, dependendo da temperatura ele irá crescer de forma diferentes); ○ Forma micelial (filamentos) – 25°C; ○ Forma levedura (parasitária) – 37°C; Epizootia e epidemia zoonótica. Dentro do complexo de Esporotricose temos vários tipos de agentes envolvidos: ● Sporothrix Schenckii – complexo composto de 6 espécies: S. albicans, S.brasiliensis, S. globosa, S. luriei, S. mexicana, e S. Schenckii; ○ S. brasiliensis – espécie relacionada à epidemia zoonótica no estado do Rio de Janeiro; ○ S. globosa (não é tão séria) – espécie pouco virulenta e mundialmente distribuída. Como podemos observar no mapa, no Brasil a espécie que mais causa problemas no país é o S. brasiliensis por falta de agilidade no diagnóstico e tratamento nos gatos e até mesmo nos humanos, o Brasil possui os três tipos de espécies (S. schenckii, S. brasiliensis e o S.globosa) sendo o mais virulento o brasiliensis. Outro dado também é o mapa de frequência de transmissão do Sporothrix para o ser humano, veja que na legenda quanto mais escuro o gatinho, maior e a taxa de transmissão do gato para o ser humano, e isso está totalmente interligado com a espécie de Sporothrix que estamos lutando, no BR temos uma alta taxa de transmissão do animal para o homem por vários fatores, o que mais vemos em campo são gatos doentes com Esporotricose e dividindo o mesmo local com outros animais aumentando ainda mais o contágio da doença, um agravante que foi confirmado há 2 anos atrás foi que o gato elimina o Sporothrix pelas fezes. A situação está gravíssima no estado do RJ, a doença já está sem controle, como podemos observar também até 2016 toda parte sul e sudeste do país está com a doença disseminada, se observamos o mapa também SP está tendo um aumento significativo do surto da doença. Dados epidemiológicos ● Proporções epidêmicas envolvendo pessoas e gatos – estado do Rio de Janeiro; ○ RJ – notificação obrigatória; ○ SP região de Itaquera – ZL O ministério da saúde não possui um programa nacional de vigilância e controle de Esporotricose, com esses últimos acontecimentos o ministério está começando a monitorar dados para ‘’talvez’’ montar um combate de controle da Esporotricose, lembrando que é uma doença muito complicada de ser tratada, é um tratamento longo e dependendo do animal podemos ter ainda recidiva. Em São Paulo começou a ser obrigatório a notificação pela doença, muitos veterinários deixam de notificar com medo de vir algum malefício para aquele animal, porém isso é totalmente falta de informações, toda vez que a doença é notificada o ministério da saúde (prefeitura) irá ter um controle e começa a receber uma verba para sustentar a campanha de combate à doença, então todos os casos de Esporotricose deve ser notificada para os órgãos responsáveis. Manifestações clínicas em humanos: É importante saber sobre os sintomas no homem, pois muitas vezes o tutor não faz a ligação da doença no animal e que ele também apresenta os mesmos sinais clínicos do paciente, é importante lembrar que caso diagnosticado positivo não precisa fazer o sacrifício do animal, pois é uma doença que existe tratamento, porém é um tratamento longo (agentes fúngicos são mais complicados de tratar) muitas vezes quando a lesão no animal some o tutor já para de tratar fazendo a recidiva da doença. ● Esporotricose cutânea: mãos e braços, pois é a área de mais contato entre o tutor e o animal (mais comum); ● Esporotricose linfocutânea: nódulos na camada mais profunda (trajeto linfático). ○ Preferencialmente membros, mais comum no homem; ● Esporotricose extracutânea: ossos e mucosas sem envolver a pele (agente envolvido é o S.brasiliensis); ● Esporotricose disseminada; vários órgãos e/ou sistemas (pulmão, ossos e fígado), devemos sempre alertar a gravidade da doença em humanos imunossuprimidos (pacientes com HIV positivo, doenças crônicas e transplantados). ➔ É uma lesão que muitas vezes não se cura, ainda mais quando o tratamento é a base de antibióticos, a lesão pode não se curar ou até mesmo se alastrar. Transmissão O fungo precisa ser inoculado na pele, ou até em casos que já exista um ferimento na pele e com o contato com o gato a pessoa pode acabar se contaminando, lembrar de sempre manusear esses animais com a utilização de luvas, porém não é porque você tocou no gato sem luva que você pegou a doença, porém o ideal é sempre fazer a utilização desse EPI. ➔ Ferida/ trauma em pele ou mucosas; ➔ Acidentes com espinhos, palha ou lascas de madeira (o Sporothrix cresce também no ambiente então muitas vezes o homem se contamina por contato com os itens citados ao lado ou até mesmo com os vegetais em decomposição, não é tão frequente, porém pode ocorrer); ➔ Contato com vegetais em decomposição; ➔ Arranhadura ou mordedura de animais doentes (gato). Importante: Além da transmissão por mordedura ou arranhadura, S.brasiliensis pode ser transmitido por tosse, espirro e principalmente por secreções de lesões cutâneas de gatos doentes. O ciclo: o maior hospedeiro é o gato, por isso está no centro, o gato pode passar para o cão, homem (nesse caso pode ser por mordedura, arranhadura ou pelas secreções da lesão em região de focinho) e pode também contaminar o ambiente (fezes). No meio ambiente o fungo pode existir em cascas de árvores quando o gato passa a unha nessa região ele acaba se contaminando muitas vezes sem ter a doença o gato pode transmitir o fungo pela arranhadura no homem. Roedores também podem adquirir a doença do ambiente, no caso dos cães eles podem pegar a doença do gato ou ambiente transmitir para outro cão e transmitir para o homem, porém o cão tem a menor frequência da doença de Esporotricose. Quando temos a lesão o número de leveduras nessa lesão é muito grande, a região da cabeça é muito acometida em especial na região de focinho. Manifestações clínicas em animais: Lesões cutânea localizada – as bordas da ferida são levantadas porque temos uma resposta celular (formação de nódulo) e a parte central da ferida é bem úmida; - Fungo circunscrito no sítio primário da inoculação (esporotricoma) evidências em felinos e cães. Cutânea-linfática - Ela acompanha a circulação linfática, provavelmente esse animal teve uma lesão em ponta de pata e pela circulação linfática ela foi se espalhando, na foto da para observar 3 nódulos seguidos; - Difusão pelo sistema linfático adjacente, nódulos subcutâneos encadeados que são firmes, flutuantes e ulcerados e aumento de linfonodos satélites – constatada em 19,3% em felinos infectados em estudo no RJ. Cutânea disseminada – Boa parte dos gatos inoculados com o fungo apresenta uma pele com essas características a ferida que não cicatriza e região bem úmida e pega toda região de cabeça; - Disseminação por via hematogênica; - 50% dos felinos infectados experimentalmente foi isolado diversos órgãos e gatos com Esporotricos Lesão em felinos As principais regiões mais acometidas são: ● Cefálica 56,8% ● Pano nasal 28% ● Auricular 21,6% ● Membros Torácicos 13% ● Mucosas: conjuntival, nasal, oral e genital 35% Diagnóstico ● Anamnese; ● Nesses casos podemos falar de diagnósticos epidemiológico; ● Exame físico, ele pode ter a lesão sem estar aberta com o nódulo ulcerado ou não ulcerado; ● Análise citológica, é uma manobra simples, porém a citologia não cobre 100% casos, é indicado fazer a junção do exame histopatológico; ● Histopatológico; ● Cultura microbiológica é a prova mais importante para o diagnóstico, porém é um resultado demorado; ● Sorologia – ELISA esse exame é mais utilizado para o acompanhamento do tratamento no animal do que para o próprio diagnóstico,alguns animais são alérgicos e não produzem anticorpos, nesse caso a sorologia não irá ajudar muito. O fluxograma acima descreve alguns protocolos que devemos seguir de acordo com cada sinal clínico. Ps: Sobre o uso de avental de pano no atendimento de um paciente com suspeita de Esporotricose, não devemos fazer o próximo atendimento com o mesmo jaleco o ideal é utilizar um jaleco descartável. Ps: O uso de óculos de proteção no caso de paciente com suspeita também é fundamental, caso o veterinário faça a pulsão ou alguma secreção caia no olho a mucosa conjuntiva é muito suscetível a rápida contaminação. Análise citológica - Emaranhado de células chamadas de navetinhas (Sporothrix). Cultivo e isolamento - É o padrão ouro para o diagnóstico a desvantagem é a questão do tempo do resultado, pois fungo demora para crescer. Normalmente trabalhamos com amostras em temperatura ambiente e/ou trabalhar com a temperatura de 37C° pois assim já analisamos o dimorfismo, no aspecto macroscópico seu formato é em bolor (como bolor de pão) e o aspecto microscópico lembra muito a ‘’florzinhas’’. Nesse ponto só caracterizamos o agente como Sporothrix Sp, somente laboratórios especializados que definem qual o tipo de Sporothrix. - Amostras clínicas: Swab de exsudato e/ou fragmento de biópsia de pele. Sorologia - Exemplo de laudo de sorologia, conforme já citado acima serve mais para acompanhamento do que para diagnóstico, pois tem alguns pacientes que não produzem anticorpos (o laudo indica quando isso pode acontecer). No caso do resultado negativo não podemos bater o martelo dizendo que o animal está curado, temos que fazer a associação a outros exames complementares. Tratamento É muito comum a utilização do Itraconazol (mais efeito e menor efeito adverso) humano, pelo baixo custo do medicamento. Para Sporothrix brasiliensis o Itraconazol com associação com Iodeto de potássio potencializa o tratamento, principalmente em pacientes que não tem boas respostas ou respostas rápidas somente com a utilização do primeiro fármaco. Prevenção ● Luvas, roupas de mangas longas, calçados em atividades que envolvam o manuseio de material proveniente do solo e plantas; ● EPI – manipulação de animais doentes; ● Animais com suspeita da doença não devem ser abandonados; ● Animal morto não deve ser jogado no lixo ou enterrado em terrenos baldios *contaminação do solo. Orientações para tutores ● Isolar animal; ● Usar luva; ● Utensílios, brinquedos e outros objetos precisam ser lavados com água e sabão e desinfetados diariamente; ● Ambiente – hipoclorito de sódio.
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