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1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Urgência na Pediatria- Cefaleia e Crise Convulsiva Cefaleia Introdução: A cefaleia é a terceira causa de atendimento na emergência pediátrica, sendo que na maioria das vezes é associado a outras queixas, como febre, odinofagia e vômitos. Representa um quadro com tendência a ser benigno e autolimitado, porém é de extrema importância realizar um diagnóstico diferencial através da anamnese completa e exame físico bem feito. Condutas na emergência: - Avaliar se é um quadro grave ou leve; - Estabilizar o paciente, se necessário; - Manejar a dor: Classificar gravidade; Definir qual analgesia será necessário. - Diferenciar entre cefaleia primária e secundária; Primária: Enxaqueca; Tensional; Crônica. Secundária: secundária a alguma doença prévia temos que ter maior preocupação; Trauma; Tumor; Meningite; Hidrocefalia; Hipertensão. CARACTERÍSTICAS PRIMÁRIA SECUNDÁRIA Início Crônico, > 6 meses Agudo ou subagudo Progressão Recupera-se Progressivo Localização Frontal ou temporal Posterior Qualidade Peso Pressão Frequência Variável Constante Fotofobia Presente Ausente Sintomas associados Náuseas > vômitos Vômitos > náuseas Diplopia Ausente Presente - Determinar quais os pacientes necessita ser submetidos a exames diagnósticos: TC, RM, Angiotomografia e angiorressonância; Avaliação do líquor: após exame de imagem; Hemograma; PCR quantitativo; Eletrólitos: sódio, potássio, cálcio e magnésio; Glicemia; Eletroencefalograma. - Avaliar os sinais de alerta: OBS: Investigar cefaleia em criança: cefaleia > 2 semanas, cefaleia com aumento da progressão da dor, cefaleia dependente de analgésico, cefaleia associados a sintomas visuais ou neurológicos. 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP RESUMINDO: Cefaleias primárias: - Cefaleia tensional: Geralmente acomete crianças maiores que 7 anos; Características: Aparece no fim da tarde, após a escola ou após realizar as atividades; Dor leve a moderada; Não costuma ser limitante; Não é pulsátil. Duram no máximo 2 horas, tendo cerca de 2 episódios por mês. - Enxaqueca sem aura: Representa uma cefaleia recorrente e mais frequente na pediatria; Características: Dor frontal ou ocular unilateral; Pulsátil; Dor moderada a forte intensidade; Associada a náuseas, fotofobia e fonofobia; Agravada com atividade física e geralmente há um histórico familiar; Diagnóstico: necessita-se da ocorrência de no mínimo 5 episódios anteriores. - Enxaqueca com aura: A aura são sintomas transitórios focais, que aparecem antes da dor. Geralmente são: escotomas, Hiper ou hipoatividade, depressão, fadiga, dor na nuca; Os escotomas e alterações neurossensoriais são mais comuns; A enxaqueca com aura é incomum em menores de 8 anos (é mais prevalente nos adolescentes); Diagnóstico: necessita de no mínimo 2 episódios associada a aura reversível; OBS: Tratamento para enxaqueca em crianças e adolescentes: no local do ibuprofeno (> 6 meses) é mais indicado é dipirona (20 mg/kg/dose, usado > 3 meses), paracetamol (tem menor potência que a dipirona e usado < 3 meses) e sumatriptano (>18 anos). 3 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP OBS1: Tramadol e codeína só são utilizadas > 12-14 anos. OBS2: A morfina pode usar em qualquer idade. OBS: Antieméticos: Domperidona (qualquer idade), Dimenidrinato (a partir de 2 anos) e Ondasentrona (> 6 meses), Metroclopramida (> 18 anos) em casos de > 3 vômitos. Crise Convulsiva Definição: Para definirmos a crise convulsiva, precisamos entender quais são os tipos de crise: - Crise tônicas/clônicas/tônico-clônicas: Tônica: criança que apresenta uma crise com hipertonia; Clônicas: criança que apresenta clônus; - Crises generalizadas x focais: Generalizada: crises que acometem todo o corpo; Focais: crises que acometem apenas uma região do corpo; - Crises motoras: há presença de movimentos tônicos e clônicos; - Crises de ausência: ausência de contato com o meio; - Crises elétricas: vistas apenas no eletroencefalograma. Além disso, é de extrema importância a definição da duração da crise: - Rápidas: crises que duram menos de 5 minutos; - Prolongadas: crises que duram entre 5-30 minutos Em crianças < 5 anos já podem ser consideradas um mal convulsivo; - Mal convulsivo: crises que duram > 30 minutos; Reentrante: a criança apresenta 2 ou mais 2 convulsões sem total recuperação da consciência intercrise. Outro ponto de extrema importância é definir se a crise veio acompanha de febre ou não, uma vez que uma crise associada à febre é mais benigna. OBS: É importante também buscar informações sobre história familiar positiva para convulsão e também buscar por comorbidades, presença de trauma, uso de medicamentos e distúrbios metabólicos (hipoglicemias). A partir disso, podemos definir: - Convulsão: são crises motoras, que quando recorrentes e na ausência de um fator agudo desencadeante é chamado de epilepsia; Epilepsia: pode ser idiopática ou sintomática. Prioridade de tratamento: interrupção das crises epilépticas e presença das complicações e sequelas. - Convulsão febril: pode ser: Simples: sintomas generalizados que duram < 15 minutos e não se repetem nas primeiras 24 horas; Complexas: o início focal, tendo maior duração e geralmente repetem. Geralmente associadas com doenças neurológicas de base. Etiologia: - Crise convulsiva em uma criança com epilepsia, ou seja, convulsão sem fator causal: Abstinência da medicação para epilepsia; Subdoses dos medicamentos para epilepsia; 4 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Febre e quadros infecciosos agudos que descompensem sua condição; Vômitos e diarreia que geram subdoses dos medicamentos anticonvulsivantes; Privação de sono e estresse psicológico Principal. - Crise convulsiva febril: representa o principal tipo de crise convulsiva nas crianças, de modo que tem sua incidência de 6 meses a 5 anos, com regressão após essa idade devido ao amadurecimento do SNC. Indicações de internação: Suspeita de meningoencefalite: a criança não melhora após o término da convulsão; < 18 meses. OBS: Em menores de 12 meses é preciso realizar a punção lombar para diferenciar com meningoencefalite. Uso recente de ATB; Crise convulsiva febril complexa; Crise convulsiva febril recorrente. Exames necessários: geralmente não são solicitados exames, uma vez que os exames geralmente são inespecíficos. Imagem (TC ou RM): indicado se déficit focal persistente (ataxia, paralisia de face, redução da força); crise febril complexa recorrente e estado de mal epiléptico; Laboratório para infecção: Hemograma, PCR, eletrólitos (sódio, potássio, calcio e magnésio), glicemia, hemocultura, radiografia de tórax, gasometria e estudo do LCR. Tratamento: Detectar a febre precocemente: medicar com antipiréticos com Temperatura axilar > 37,3º C devemos explicar aos pais sobre a importância de controle da temperatura; Medicação: usada quando não consegue fazer controle de temperatura precocemente. Devemos utilizar: - Diazepam VO ou via retal ou Clonazepam VO, Midazolan IM no início da febre profilática na vigência do quadro febril; - Fenobarbital ou Ácido Valproico contínuo raras condições. Condutas: No momento em que a criança chega à emergência, é importante definir os tipos de crise de acordo com seu início e posteriormente define-se se é um início motor ou não motor. Mal epiléptico: - Definição: representa uma crise convulsiva com duração > 30 minutos ou crises convulsivas subentrantes sem recuperação completa da consciência. OBS:Estado de Mal epiléptico: epilepsia que ocorre em < 5 anos com duração de 5 minutos, já pode ser considerado mal epiléptico, não precisando durar 30 minutos. Representa uma das principais emergências neurológicas pediátricas. Pode ser classificado em convulsivo, no qual há manifestações motoras evidentes e exuberantes e em não convulsivo. - Fases do tratamento: são baseadas em tempo; Atendimento pré-hospitalar: neste momento devemos estabilizar o paciente; Avaliar a via aérea, respiração, circulação e neurológico ABCDE; Monitorizar o tempo de crise; Fornecer oxigênio via cânula nasal/máscara facial e considerar a IOT; Monitorização com ECG e oxímetro; Realizar um acesso venoso; 5 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Fornecer glicose se hipoglicemia (<60 mg/dl); - Crianças > 2 anos: 2 ml/kg com glicose 25%; - Crianças < 2 anos: 4 ml/kg com glicose a 12,5% Medicações: - Midazolan, IM, 10 mg se > 40 kg ou 5 mg se 13-40 kg; - Lorazepam, IV, VO, ou nasal, 0,1 mg/kg/dose; - Diazepam, IV ou retal, 0,15-0,2 mg/kg/dose. 1ª fase ou intrahospitalar: dura em torno de 5-20 minutos. Se já foi feita a primeira dose de medicamentos: devemos ver se já tem mais de 5 minutos da 1ª dose e se já tiver esse tempo sem melhora do quadro: repete a medicação, aguardando 5-10 minutos; Diazepam VR; Midazolan IM; OBS: 3-5 minutos ainda convulsionando repete dose de primeira linha por até 3x (na terceira vez já é com as drogas de 2ª linha). Continuação de monitorização, avaliação de VA e oxigênio. 2ª fase: dura cerca de 10-30 minutos na permanência do mal epiléptico em 10 minutos ou já usou 2 doses de drogas de 1ª linha; Neste momento devemos partir para as drogas de 2ª opção, realizando uma dose de ataque correndo em 30 minutos, sendo elas: - Fenitoína: se convulsão focal ou trauma; - Fenobarbital: se convulsão generalizada, lactente ou febril complexa. - Levatiracetam; - Ácido Valproico. 3ª fase: feita na UTI na ausência da melhora da crise convulsiva > 30 minutos; Realizaremos uma sedação mais profunda; - Midazolan contínuo preferencial; - Fenobarbital contínuo; - Propofol contínuo; - Tiopental contínuo; - Quetamina. Realizarmos a monitorização com eletroencefalograma; IOT. OBS: Se chegar na 3ª fase iremos ter droga de manutenção de 2ª fase e droga de 3ª fase. 6 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP - Exames indicados: Hemograma; Glicemia; Gasometria; PCR quantitativo; Hemocultura; Eletrólitos: Na, K, Cálcio, Cloro, fósforo e magnésio; TGP/TGP, FA, GGT; TP, RNI, TTPA e albumina; Ureia e creatinina; Dosagem sérica de anticonvulsivantes em uso; Suspeita-se de intoxicação: screen toxicológico; Urocultura e sumário de urina; Eletroencefalograma; TC e RM de crânio. 7 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP RESUMINDO: 8 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP
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