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Urgências pediátricas 2 crise epiléptica A epilepsia é considerada uma doença do cérebro definida por quaisquer das seguintes condições: 1. Ocorrência de pelo menos 2 crises não provocadas ou reflexas num intervalo > 24h 2. Uma crise não provocada + probabilidade de crises adicionais 3. Síndrome epiléptica diagnosticada ● Etiologia Estrutural: podem ser adquiridas (AVC, trauma, infecção) ou genéticas (malformações do desenvolvimento cortical). Genética: mutação genética conhecida ou presumida Infecciosa: são os sintomas centrais de uma afecção. Ex: neurocisticercose, tuberculose, HIV, malária cerebral, panencefalite esclerosante subaguda e outras. Metabólica: Incluem distúrbios metabólicos bem delineados com manifestações ou alterações bioquímicas em todo o corpo como a porfiria, a uremia, as aminoacidopatias ou as crises por dependência de piridoxina. Imune: distúrbio imune no qual as crises são o sintoma central desta afecção Desconhecida ● Tipos de crise Generalizado: originária em algum ponto do cérebro, mas rapidamente envolvendo regiões neurais de ambos os hemisférios. Focal: originária dentro de redes neuronais limitadas a um hemisfério cerebral a. Perceptiva: apresenta preservação do nível de consciência - parcial simples b. Disperceptiva: apresenta perda do nível de consciência - parcial complexa Início motor: a. Automatismos b. Atônicas c. Clônicas d. Espasmos epilépticos e. Hipercinéticas f. Mioclônicas g. Tônicas h. Tônico-clônicas Início não motor: a. Ausência b. Autonômicas c. Parada comportamental d. Cognitivas ● Diagnóstico EEG: essencial ao diagnóstico, principalmente para definir o tipo de epilepsia e o tipo de tratamento mais adequado. VEEG: realização do EEG com registro de imagem 24 horas por dia, que permite a visualização da crise junto com a alteração do traçado eletroencefalográfico, podendo ser feito em um único dia ou até mesmo em vários dias consecutivos. Neuroimagem: pesquisar a possibilidade de lesão associada à crise epiléptica ou de malformações cerebrais que possam estar associadas a uma determinada síndrome epiléptica. Catarina Nykiel - 7° semestre ● Tratamento Focal: lamotrigina, valproato e carbamazepina Generalizado: lamotrigina e valproato a. Convulsões associadas a febre: pode ser feito diazepam retal no momento da crise. b. Crises de ausência: etossuximida ou valproato c. Espasmo infantil: Corticotropina (im) OU glicocorticóides (oral) BDZs (Clonazepam) OU Vigabatrina (aprovado em 2000) d. Síndrome de Lennox-Gastaut: carbamazepina + lamotrigina OU felbamato OU topiramato crise febril Crises que ocorrem entre 6 e 60 meses (5 anos) com temperatura maior ou igual a 38ºC e que não são resultado de infecções do sistema nervoso central ou desordens metabólicas e que ocorrem sem história de crise afebril prévia. ● Características clínicas - crise febril típica: 1. Idade: entre 6 meses até 60 meses (5 anos). É incomum antes dos 3 meses 2. Sexo masculino 3. Tipo de crise: tônico-clônica generalizada 4. Duração < 15min 5. Crise única em 24h 6. Período pós ictal com sonolência breve 7. A crise febril simples é benigna e não provoca dano neurológico em longo prazo, logo, não aumenta o risco de epilepsia no futuro. - crise febril atípica 1. Tipo de crise: focal 2. Duração: > 15min 3. Período pós ictal: paralisia de Todd ou sonolência duradoura 4. Recorrência da crise dentro de 24h Convulsão febril não tende a gerar indivíduo epiléptico no futuro Crise epiléptica na febre costuma ocorrer pois o paciente tem uma redução no limiar convulsivo. ● Fatores de risco a. Recorrência: história familiar de crise febril, idade < 1 ano, crise com febre entre 38-39° ou crise com febre de duração inferior a 24h b. Desenvolvimento futuro de epilepsia: anormalidades do desenvolvimento neurológico, história familiar de epilepsia, febre com duração < 1 hora antes da CF, CF complexa ou crise febris recorrentes ● Diagnóstico: - EEG: não faz parte da avaliação inicial. Se for indicado, geralmente em situações com alta suspeição de epilepsia, devendo ser feito pelo menos duas semanas após a crise - Punção lombar: indicada para menores de seis meses (ou 1 ano* – vide texto), crianças entre 6 e 12 meses não vacinadas para S. pneumoniae e H. influenzae tipo b, em crianças que estejam em uso de antibióticos ou com clínica sugestiva de infecção do SNC - Neuroimagem (TC ou RM): não recomendada após primeiro episódio de CF simples. A recomendação nos casos de crises complexas é individualizada ● Tratamento 1. Durante a crise: benzodiazepínicos (diazepam retal ou midazolam bucal, nasal ou IM) 2. Preventivo: diazepam ou clobazepam oral intermitente durante doenças febris mal epiléptico Episódio único de crise epiléptica com duração superior a 30 minutos (hoje em dia pode-se considerar a partir de 5 a 10min) ou uma série de crises epilépticas que se repete em intervalos curtos, mas sem recuperação da consciência entre elas, com duração superior a 30 minutos. Catarina Nykiel - 7° semestre ● Manejo 1. Via aérea, oxigênio, acesso venoso e monitoração 2. Glicose 25% se hipoglicemia ou impossibilidade de dosar 3. Midazolam ou diazepam EV (diazepam retal ou midazolam intranasal ou IM) até 2x, fenitoína, fenobarbital ou valproato EV 4. Refratariedade: UTI e EEG contínuo → sedação com midazolam, tiopental ou propofol anafilaxia É uma reação alérgica grave, de início súbito, rápida e generalizada que pode levar à morte. O óbito pode ocorrer de 5 a 30min após o início dos sintomas, necessitando então de rápida intervenção. ● Fisiopatologia Os mecanismos envolvem hipersensibilidade imediata mediada por IgE. Após o contato com o alérgeno, a formação de complexos antígeno-anticorpo leva à rápida ativação dos mastócitos e basófilos, com a liberação de diversos mediadores inflamatórios. Produz-se ainda leucotrienos, prostaglandinas e fator ativador plaquetário, bem como citocinas e quimiocinas. Ao agir, esses mediadores recrutam mais células inflamatórias e assim gera uma cadeia de inflamação. ● Etiologia PRIMEIRA CAUSA: alimentos Lactentes: alergia à proteína do leite da vaca Crianças: amendoim, nozes, soja, ovos, frutas e vegetais SEGUNDA CAUSA: veneno de insetos da ordem Hymenoptera TERCEIRA CAUSA: medicamentos OUTRAS: látex ● Quadro clínico Manifestações surgem entre 5 a 10 min. Pele e mucosas: urticária, angioedema, sensação de calor, eritema, prurido, formigamento, edema, piloereção Respiratório:rinite, edema de laringe, supraglótico e glótico, broncoespasmo, congestão, prurido nasal, espirros, tosse, sibilos e cianose Cardiovascular: arritmias, parada cardíaca, colapso circulatório, tontura, síncope. Neurológicas: ansiedade, apreensão, cefaleia, confusão TGI: náuseas, vômitos e dor abdominal Ocular: edema periorbital, eritema conjuntival e prurido ● Diagnóstico Critério 1: início agudo com envolvimento de pele, mucosas ou ambos + a. Comprometimento respiratório Catarina Nykiel - 7° semestre b. Redução da PA ou sintomas de disfunção de órgãos alvo como hipotonia, colapso, síncope e incontinência. Critério 2: 2 ou mais após exposição a um alérgeno provável em minutos ou algumas horas: a. Envolvimento mucocutâneo b. Comprometimento respiratório c. Redução da PA ou sintomas associados d. Sintomas gastrointestinais persistentes Critério 3: hipotensão após exposição a alérgeno conhecido para o paciente em minutos ou a algumas horas a. Crianças: PA sistólica baixa ou queda > 30% b. Adultos: PA sistólica < 90mmHg ou queda > 30% ● Avaliação laboratorial DIAGNÓSTICO CLÍNICO. O diagnóstico clínico pode ser reforçado de modo retrospectivo pela realização de alguns exames, uma vez que os quadros de anafilaxia são acompanhados do aumento nos níveis séricos de triptase e histamina. A triptase é liberada durante a reação e pode caracterizar laboratorialmente a anafilaxia, desde que em um intervalo curto (15 minutos a três horas do início do episódio). ● Tratamento 1. Rápida remoção da causa desencadeante 2. Solicitar ajuda 3. Administrar imediatamente adrenalina intramuscular -única medicação eficaz na mortalidade (primeira linha) - não fazer subcutânea. Ela possui ação vasodilatadora, antiedematosa e broncodilatadora. Não há contraindicação absoluta ao seu uso. No caso de pacientes em uso de betabloqueadores e IECA, se houver refratariedade pode-se usar glucagon de 0,02 a 0,03 mg/kg. 4. Suporte ventilatório: manutenção de vias aéreas pérvias, oferta de oxigênio suplementar. 5. Broncodilatadores: segunda linha. a. Fenoterol: 0,25 mg/3 kg de peso (1 gota/3 kg), até 10 gotas, em 3-5 ml de soro fisiológico 0,9%. b. Salbutamol: 100-200 mcg a cada 5 minutos. 6. Suporte circulatório: posição supina com elevação de membros inferiores e grávidas em decúbito lateral esquerdo. 7. Acesso vascular: infusão em bolus de solução salina fisiológica: 20 ml/kg em bolus. Adolescentes e adultos devem receber 1 a 2 litros rapidamente 8. Adrenalina de novo: feita em bomba de infusão caso nada dê certo. Dose é 0,1 mcg/kg/min e vai sendo titulada. 9. Tratamentos adjuvantes: terceira linha. a. Anti-histamínico: antagonistas dos receptores H1 da histamina podem aliviar os quadros mucocutâneos, como prurido, rubor, urticária, sintomas nasais e oculares. A medicação de escolha é a difenidramina , na dose de 1 a 2 mg/kg (até 50 mg) por via intravenosa. b. Corticosteroides: podem ser empregados com o intuito de prevenção dos quadros bifásicos. Ex: metilprednisolona 1-2 mg/kg/dia, via intravenosa, por um a dois dias. A prednisona , 1-2 mg/kg/dia, por via oral, é uma alternativa. Catarina Nykiel - 7° semestre
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