Buscar

ultrassonografia_vascular_articular_e_abdominal_de_pequenos_animais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 117 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 117 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 117 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Ultrassonografia VascUlar, articUlar e 
abdominal de PeqUenos animais
Elaboração
André Luiz Veiga Conrado
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS ....................................................................... 9
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES .................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
OPERANDO O EQUIPAMENTO DE ULTRASSOM NA MODALIDADE DOPPLER .............................. 21
CAPÍTULO 3
APLICAÇÕES DO ESTUDO DE PEQUENOS VASOS E MICROCIRCULAÇÃO COM 
ULTRASSONOGRAFIA DOPPLER ............................................................................................... 27
UNIDADE II
ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR EM PEQUENOS ANIMAIS..................................................................... 30
CAPÍTULO 1
CONSIDERAÇÕES GERAIS ...................................................................................................... 30
CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES ............................................................................................ 33
UNIDADE III
ULTRASSONOGRAFIA ABDOMINAL EM PEQUENOS ANIMAIS .................................................................. 44
CAPÍTULO 1
CONCEITOS BÁSICOS DA ULTRASSONOGRAFIA ABDOMINAL ................................................... 44
CAPÍTULO 2
ASPECTOS ULTRASSONOGRÁFICOS DOS ÓRGÃOS ABDOMINAIS NORMAIS E ALTERADOS ........ 49
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 109
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
O uso da ultrassonografia na Medicina Veterinária é amplamente difundido, 
pois é um método diagnóstico não invasivo de tecidos moles e, recentemente, 
também da superfície dos tecidos ósseos. A habilidade em ultrassonografia 
abdominal requer um alto nível de destreza e coordenação dos olhos, assim 
como conhecimento de anatomia, fisiologia, fisiopatologia, efeitos das 
diferenças corporais, capacidade e limitação dos equipamentos (transdutor), 
e também conhecimento dos artefatos gerados durante um exame. 
É de grande importância que o iniciante desenvolva um método de exame 
sistemático para a ultrassonografia abdominal, garantindo maior consistência 
na identificação de todos os órgãos e estruturas e, assim, melhorando a 
eficácia da técnica. As informações primordiais da localização e da imagem 
ultrassonográfica normal dos respectivos órgãos fazem com que o operador 
utilize esse conhecimento na identificação de doenças a que a espécie animal 
comumente é acometida. Nesse contexto, é necessário conhecer o que é normal 
para, depois, saber identificar o anormal (KEALY; McALLISTER, 2005).
O conhecimento da anatomia topográfica e ultrassonográfica, incluindo as suas 
variações dos órgãos abdominais, principalmente de fígado, baço, rins, pâncreas, 
glândulas adrenais e bexiga de cães e gatos adultos e filhotes, são de fundamental 
importância para a aprendizagem da ultrassonografia abdominal em pequenos 
animais. Isso porque, com o conhecimento de topografia anatômica, padrões de 
ecogenicidade e arquitetura dos órgãos abdominais, bem como conhecimento 
dos princípios de formação da imagem ultrassonográfica, o operador obterá 
subsídios para a realização de um exame ultrassonográfico útil. 
As principais peculiaridades do método ultrassonográfico são: as imagens 
seccionais podem ser obtidas em qualquer orientação espacial; não apresenta 
efeitos nocivos significativos; possibilita o estudo não invasivo da hemodinâmica 
corporal pelo efeito Doppler; a aquisição de imagens é realizada praticamente 
em tempo real, permitindo o estudo do movimento de estruturas corporais 
(SANTOS, 2009). 
8
Objetivos
 » Introduzir os conhecimentos sobre a ultrassonografia Doppler 
para a avaliação de fluxos arteriais e venosos no sistema 
circulatório de grandes vasos e no interior dos órgãos.
 » Descrever a técnica ultrassonográfica, a morfologia ultrassonográfica 
e as alterações dos órgãos abdominais.
 » Estabelecer as possibilidades do uso da ultrassonografia na avaliação 
de articulações de pequenos animais.
9
UNIDADE I
ULTRASSONOGRAFIA 
VASCULAR EM 
PEQUENOS ANIMAIS
CAPÍTULO 1
Introdução e definições
Introdução 
A ultrassonografia Doppler no diagnóstico médico começou no ano 1956 com o 
trabalho de Shigeo Satomura na Universidade de Osaka. Inicialmente, Satomura 
e colaboradores reportaram a detecção com Doppler do movimento das paredes 
cardíacas. Desde aquela época têm sido publicadas inúmeras pesquisas sobre 
a ultrassonografia Doppler, mais intensamente a partir de1980, quando se 
popularizou a aplicação dessa técnica diagnóstica na detecção de doenças. 
Um dos primeiros estudos que envolvia circulação menor foi o de Suzuki e 
Satomura, no ano 1958, sobre a pulsatilidade do globo ocular (CASTELLÓ et al., 
2015). Desde então, a ultrassonografia Doppler tem passado por uma constante 
evolução de equipamentos e técnicas, possibilitando o estudo não invasivo da 
hemodinâmica corporal.
A ultrassonografia Doppler aportou novas possibilidades de estudo do fluxo 
sanguíneo e da microcirculação nos órgãos. Considera-se microvasculatura os 
vasos de diâmetro médio inferior a 100 μm e de velocidade de fluxo inferior a 10 
mm/s. Esses vasos são as arteríolas, os capilares e as vênulas. Essa técnica está 
bem estabelecida na Medicina Diagnóstica. Em algumas áreas, como na cirurgia 
vascular, nefrologia e cardiologia, nas quais o Doppler vem sendo empregado 
há vários anos, existem muitas orientações e treinamento para a padronização 
da aquisição de imagens. Porém, não existem muitas diretrizes para o uso da 
ultrassonografia Doppler no estudo de pequenos fluxos, apesar de ter ganhado 
muita importância durante os últimos anos, aportando novos conhecimentos em 
campos como a oncologia, obstetrícia, cirurgia de transplantes e reumatologia. 
10
UNIDADE I │ ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
No entanto, esta é uma ferramenta pouco utilizada na medicina veterinária, e 
ainda é menos usada para o estudo de mapeamento de pequenos fluxos devido, 
principalmente, ao pouco treinamento do médico veterinário, em consequência 
da pequena quantidade de dados sobre o assunto na literatura veterinária 
quando comparado aos dados da medicina (CASTELLÓ et al., 2015).
Doppler
A ultrassonografia é um método de obtenção de imagens não invasivo e seguro, 
o qual se baseia na obtenção de imagens empregando técnicas de transmissão 
de pulsos ultrassonográficos, detecção dos ecos, processamento desses ecos e 
exibição na tela do aparelho. O princípio físico da ultrassonografia em modo 
Doppler baseia-se no efeito Doppler, o qual descreve a mudança na frequência 
de onda do som que se produz quando existe movimento relativo entre a fonte 
emissora e o receptor. 
A ultrassonografia Doppler usa a informação adicional nos ecos que retornam 
para avaliar o movimento de alvos móveis. Quando o som de alta frequência 
colide com uma interface estacionária, o som refletido tem essencialmente 
a mesma frequência ou o mesmo comprimento de onda do som transmitido. 
Contudo, se a interface refletora estiver em movimento com relação ao feixe 
sonoro emitido pelo transdutor, como no caso das células sanguíneas, haverá 
uma mudança na frequência do som, que se dispersa pelo objeto em movimento. 
Quando a interface refletora aproxima-se do transdutor, as ondas são percebidas 
com maior frequência, e, por outro lado, quando a interfase refletora distancia-
se, são percebidas com menor frequência. Na prática, dentro dos vasos existem 
muitas células sanguíneas refletindo os ultrassons, e essas células movimentam-
se com diferentes velocidades e ângulos variados. Assim, os ecos recebidos 
terão uma ampla gama de frequência e diversas amplitudes a serem analisadas. 
As frequências dos desvios Doppler são extraídas a partir do sinal complexo 
detectado e são avaliados pelos analisadores de frequência, que são circuitos 
eletrônicos capazes de separar as diversas frequências existentes no volume de 
amostragem e apresentá-las em forma de gráfico (CASTELLÓ et al., 2015).
Em contraste com a ultrassonografia bidimensional em escala de cinza, 
que exibe a informação de interfaces teciduais, os instrumentos de 
ultrassom Doppler são otimizados para exibir informação sobre fluxo; 
permitem, assim, a avaliação da hemodinâmica por meio da análise do 
11
ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I
som emitido, das ondas espectrais de velocidade e do mapeamento 
colorido (CASTELLÓ et al., 2015).
Diferentes técnicas foram desenvolvidas para explorar todas essas informações 
que a mudança na frequência dos ultrassons proporciona. Assim, atualmente, 
existem vários modos de exibição dessa informação, sendo eles: Doppler 
contínuo, Doppler pulsado, Doppler colorido e Doppler de amplitude. No 
modo Doppler contínuo, são usados dois cristais piezoelétricos, um para emitir 
os pulsos e outro para receber os ecos desses pulsos. Já nos outros modos é 
usado um só cristal piezoelétrico, que serve como emissor e receptor. Entre 
esses modos, os usados para o estudo de pequenos vasos e microcirculação são, 
principalmente, o Doppler colorido e o Doppler de amplitude. Ocasionalmente, 
também é usado o Doppler pulsado. No estudo da microcirculação, o Doppler 
pulsado costuma a ser usado conjuntamente com o Doppler colorido, no 
nomeado tríplex Doppler (CASTELLÓ et al., 2015).
O termo ecografia Doppler ou sonografia “Duplex” ou “Triplex”, usado em alto 
grau dentro do campo da ultrassonografia, indica o uso adicional do princípio 
Doppler para medir os parâmetros dos fluxos sanguíneos em determinados 
órgãos. A ultrassonografia Doppler é usada para identificar o fluxo e a velocidade 
do sangue, como também para calcular os gradientes de pressão pelas válvulas 
cardíacas. 
São conhecidos os seguintes tipos de Doppler: o Doppler de ondas contínuas, 
o Doppler duplex, o Doppler de ondas pulsadas e o Doppler de fluxo colorido 
(mais usado). O princípio Doppler baseia-se na mudança de frequência do som 
conforme ele se aproxima ou se afasta de um objeto. Quando ondas de ultrassom 
com uma frequência conhecida encontram-se com células sanguíneas que se 
movem na direção do transdutor, a frequência das ondas sonoras refletidas 
sofre um aumento e, conforme elas se afastam, a frequência é reduzida. O fluxo 
de sangue direcionado ao transdutor é visto acima da linha base, e o fluxo 
que se afasta é visto abaixo da linha base. O fluxo Doppler exibe uma imagem 
no modo-M com o fluxo sanguíneo. A cor que indica as direções do fluxo em 
aproximação geralmente é vermelha, e a que indica afastamento, azul (KEALY; 
McALLISTER, 2005).
 » Doppler colorido: no Doppler colorido, a apresentação em 
tempo real de informações de fluxo em cor é sobreposta à imagem 
em escala de cinza, em modo-B. Os sinais eco do sangue e tecidos 
são processados pelo sistema eletrônico por duas vias. Por um 
12
UNIDADE I │ ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
lado, alvos estacionários ou em movimento lento fornecem a base 
da imagem em modo B; por outro lado, são captados os ecos das 
células sanguíneas, como desvios de efeito Doppler, e os desvios 
médios de frequência são processados, fornecendo informação 
acerca da presença e direção do movimento, dando, assim, 
imagens em cores. 
 » Existem diferentes volumes de amostragem dentro de uma região 
circunscrita, chamada de caixa colorida. Essa caixa colorida é dividida 
em vários volumes de amostragem, cada um dos quais é submetido a 
um processamento de análise independente. O desvio de frequência 
significativo de cada volume é calculado e mostrado como uma cor, em 
função da direção do fluxo em relação ao transdutor (Figura 1). Assim, 
para representar o mapeamento do movimento, é apresentada uma 
imagem colorida sobre a imagem em modo-B. A exibição de fluxo em 
todo o campo de imagem permite observar a posição e a orientação do 
vaso de interesse em todos os momentos; o contraste do fluxo na luz 
do vaso permite visualizar os vasos pequenos, que são invisíveis pelos 
métodos convencionais de obtenção de imagens (CARVALHO et al., 
2008; CASTELLÓ et al., 2015).
 » Doppler pulsado e tríplex Doppler: no mapeamento Doppler 
pulsado, ou espectral, os ultrassons são produzidos em pulsos 
sonoros, permitindo um intervalo entre a transmissão do pulso e 
o retorno do eco. Com isso, o volume sensível a partir do qual os 
dados são amostrados pode ser controlado em termos de forma, 
profundidade e posição (CASTELLÓ et al., 2015). O volume da 
amostra a ser avaliada é representadopor um cursor retangular 
móvel, ajustável pelo operador, que capta os ecos originados do 
sangue em movimento que irão atingir o transdutor. 
 » O Doppler pulsado pode ser usado por conta própria, alterando 
lentamente a direção do feixe ou a profundidade, por exemplo, em 
estudos de circulação transcranial. Porém, é mais usado em combinação 
com ultrassom em modo B, formando o sistema duplex, com a imagem 
em tempo real e a localização do vaso alvo disposta na tela em modo 
bidimensional (CARVALHO et al., 2008). No estudo da microcirculação, 
o Doppler pulsado é exibido junto com o Doppler colorido, sendo 
denominado tríplex Doppler (Figura 1). Isso permite uma melhor 
identificação do vaso alvo, disposta na tela em modo Doppler colorido. 
13
ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I
Figura 1. Avaliação de fluxo artéria carótida. 
Vel +1 = 113,1 cm/s 
Vel +2 = 113,1 cm/s 
AC 60º 150 
100 
50 
cm/s 
- 50
Neste caso, a caixa colorida é cônica e, em seu interior, está posicionado volume de amostra com o ângulo de intersecção 
(AC) em 60 graus. O traçado do Doppler pulsado apresenta os picos das velocidades sistólica e diastólica.
Fonte: Arquivo pessoal do autor, 2020.
Controles do aparelho para uso do Doppler
Os equipamentos modernos permitem o uso de vários processos de otimização 
das imagens, além de demonstrar, simultaneamente, a imagem em modo 
bidimensional em tempo real, os gráficos de velocidade do Doppler pulsado e o 
mapeamento do Doppler colorido. Os parâmetros e ajustes de processamento 
de sinal podem ser modificados, permitindo ao examinador explorar os 
recursos do equipamento para melhorar a qualidade da imagem (CARVALHO 
et al., 2008). 
Os principais parâmetros ajustáveis para o estudo da microcirculação são: 
a frequência Doppler, o tamanho da caixa colorida, o ganho, a frequência 
de repetição de pulso e os filtros de parede. Estes serão discutidos a seguir, 
baseando-se nos trabalhos de Carvalho et al. (2008), Sartor e Mamprim (2009), 
Carvalho et al. (2012) e Castelló et al. (2015).
a. Frequência Doppler: uma frequência Doppler menor permitirá 
mais penetração, porém oferecerá uma imagem com mais pixels. 
Assim, a maior frequência Doppler dá uma imagem mais detalhada 
dos vasos, mas à custa de penetração. Para o exame de vasos 
profundos, como os abdominais, costuma-se usar uma frequência 
baixa, na faixa de 5,0 a 7,5 MHz. No entanto, com frequências tão 
14
UNIDADE I │ ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
baixas, a ultrassonografia Doppler sofre severas limitações para 
o exame de pequenos vasos e microcirculação. Essas limitações 
incluem dificuldade para detectar pequenas frequências produzidas 
por fluxos muito lentos e dificuldade para detectar o sinal de 
volumes de sangue muito pequenos. 
 Para poder detectar vasos menores que arteríolas, nesse caso, 
recomenda-se usar Doppler de amplitude na frequência mais alta 
possível para essa profundidade. Para avaliação de vasos superficiais, 
como no caso do estudo de lesões em tendões, costumam-se 
usar frequências maiores, entre 10 e 18 MHz. Para o estudo de 
microcirculação, essa frequência pode ser aumentada até 50 MHz, 
se for necessário e o transdutor permitir. 
Apesar de existirem essas indicações, a frequência ideal deve ser 
encontrada na prática, e não em teoria. 
b. Tamanho da caixa colorida: a região de amostragem deverá ser a 
menor possível e restrita à área de maior interesse, a fim de melhorar 
a taxa de quadros e a resolução espacial, além de minimizar erros de 
processamento provocados pela pulsação transmitida pelas estruturas 
ao redor do vaso, ou por movimentos do paciente. Quanto menor for a 
janela de cor, mais rápida será a taxa de quadro, vice-versa.
c. Ganho: o ganho Doppler é independente do ganho da escala de cinza, 
e o seu ajuste determina a sensibilidade do sistema ao fluxo; reduzindo 
o ganho, serão impedidos ruídos e artefatos de movimento, mas os 
sinais de fluxo fracos não serão detectados. Portanto, é importante 
achar o equilíbrio para detectar os fluxos de interesse sem ter um 
ganho excessivo. O ajuste excessivo de ganho durante o exame Doppler 
produz sinais em áreas onde não há fluxo sanguíneo, chamados de fluxo 
artefatual, mostrando uma imagem com pixels coloridos extraluminais. 
Uma forma de conseguir um bom ajuste do ganho é aumentá-lo até 
aparecer ruído aleatório e, em seguida, baixá-lo até o ruído desaparecer. 
Assim, conseguimos o máximo ganho sem presença de fluxo artefatual.
d. Ângulo Doppler: o ângulo entre o caminho dos pulsos Doppler e 
a direção do vaso deve ser corrigido antes de realizar as medidas de 
velocidade, particularmente quando o ângulo for maior de 60º. Nesse 
caso, pequenas alterações podem resultar em mudanças significativas 
15
ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I
na velocidade calculada e, portanto, em medições inexatas. Quando 
esse ângulo for de 90º, a imagem aparecerá obscura ou com ruído, 
devido ao mínimo ou ao ausente deslocamento de frequência. Nesse 
caso, o vaso deverá ser examinado numa posição diferente para 
conseguir um ângulo mais agudo. Se isso não for possível, devem-
se utilizar transdutores lineares com feixes sonoros que emitam 
ondas em ângulo mais agudo, ao passo que a imagem bidimensional 
permanece a mesma.
e. Frequência de repetição de pulso (PRF): a amostragem 
possui uma frequência específica de pulsação (pulsos por segundo), 
denominada frequência de repetição de pulso (PRF), que determina a 
frequência máxima detectável pelo equipamento. O ajuste desse controle 
determina a frequência de pulsação do feixe de mapeamento Doppler, 
definindo os limites de velocidades que podem ser amostrados sem 
a ocorrência de artefatos. Se a PRF estiver muito baixa, ocorrerá 
aliasing, e, no caso de PRF muito elevada, lacunas coloridas ilegítimas 
irão aparecer e imitar uma trombose ou obstrução. O ajuste correto 
permite uma aparência normal e homogênea do sinal do fluxo. Em 
geral, alta PRF é aplicada para evitar o aliasing em regiões de elevada 
velocidade de fluxo sanguíneo. Os fluxos mais lentos, como no caso 
de pequenos vasos e microcirculação, precisam de baixa PRF para 
serem detectados, com a qual será mais difícil evitar o aliasing.
6. Filtros: os aparelhos Doppler têm filtros que eliminam os sinais de 
baixa frequência, provenientes de movimentos dos vasos e das partes 
moles, causados pela respiração e/ou movimentação do paciente, 
para que estes não sejam visíveis nem audíveis no espectro Doppler 
(CARVALHO et al., 2008). O uso impróprio desse controle pode 
remover sinais de fluxo de baixa velocidade, resultando em erro de 
interpretação. Os filtros devem ser mantidos na sua posição mais 
baixa para o uso em microcirculação.
Artefatos
A detecção e a exibição da informação sobre frequência relacionada com alvos 
móveis acrescentam um conjunto de considerações técnicas especiais com 
relação aos artefatos gerados pelo Doppler. É importante conhecer a fonte desses 
artefatos e entender sua influência sobre a interpretação das medidas de fluxo 
obtidas. Em seguida, são descritos os artefatos mais comumente visualizados 
no exame da microcirculação.
16
UNIDADE I │ ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
a. Ruído aleatório: quando o ganho é demasiado elevado, ruído 
aleatório torna-se detectável em circuitos Doppler. Na imagem, 
vê-se como focos de cor aparecendo aleatoriamente, e é facilmente 
identificado como um artefato porque os focos de cor não reaparecem 
na mesma localização do eixo de fluxo verdadeiro. O ruído aleatório 
é utilizado para ajustar o ganho do Doppler, e desaparece quando 
esse é ajustado corretamente.
b. Aliasing: este é um dos artefatos mais conhecido tanto no Doppler 
espectral quanto no Doppler colorido. Surge quando o desvio máximo 
da frequência produzido pelo movimento alvo é maior do que a 
metade da PRF, que é o denominado limite de Nyquist. Quando 
isso acontecer, serão exibidos desvios de frequência mais baixosque os existentes de fato, resultando no erro de informação sobre 
a velocidade e a direção do fluxo. Quando ocorre efeito aliasing no 
feixe Doppler espectral, parte do espectro que está acima do limite 
superior fica cortada e aparece erroneamente no lado oposto da linha 
de base, como a continuação do espectro propriamente dito. 
 A altura do pico transferido é o dobro do que deveria ser se estivesse 
no lado correto. Nas imagens em modo Doppler colorido, fluxos 
que estão acima do limite de Nyquist são exibidos com direções 
erradas, aparecendo o aliasing como a cor vermelha no lugar de 
azul, vice-versa, e com a velocidade relativa incorreta; pelo tanto, 
também aparece alterado o matiz da cor. As soluções para reduzir 
os efeitos desse artefato seriam aumentar a PRF ou reduzir o ângulo 
Doppler, diminuindo o desvio de frequência; deslocar a linha de 
base; ou reduzir a frequência do transdutor. 
Em alguns exames de microcirculação com Doppler colorido, em que o 
estudo é centrado na aparição e na distribuição do fluxo, sem interesse 
na velocidade ou direção, o aliasing não é importante e não deve ser 
evitado por aumento da PRF, já que isso poderia levar à subdetecção de 
fluxo. Isso pode acontecer em estudos de neovascularização em tumores 
ou de inflamação em lesões musculoesqueléticas.
c. qualquer superfície lisa altamente refletora pode atuar como um 
espelho acústico. O modo Doppler é tão propenso a espelhamento 
como o modo-B. O artefato de espelho é facilmente visto como 
tal quando a imagem falsa é uma cópia justaposta da imagem 
verdadeira. A imagem do espelho é ligeiramente mais complicada de 
detectar quando a imagem falsa não aparece da mesma forma que a 
verdadeira.
17
ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I
Interpretação da imagem
a. Em Doppler colorido: Doppler colorido propicia dados sobre a 
arquitetura vascular do órgão e fornece o mapeamento vascular da 
região em estudo. Em relação à direção e à velocidade do movimento 
das células sanguíneas, o sinal recebido é decodificado por cores 
e intensidades da cor, respectivamente. Assim, é apresentada uma 
imagem colorida que representa um mapeamento dos componentes 
móveis em relação à velocidade e ao sentido do movimento. Os 
sinais da movimentação das células sanguíneas são codificados 
por cores em função do sentido de seu movimento em direção ao 
transdutor, ou contrário a ele. 
 A intensidade das cores (nuances) também indica a velocidade 
relativa das células. Por convenção, o fluxo em direção ao transdutor 
é vermelho, e o fluxo em direção contrária ao transdutor é azul. Os 
fluxos de maior velocidade são demonstrados por tonalidades mais 
claras, como amarelo e laranja (dirigidos ao transdutor) e tons de 
azul claro ou verde (contrários ao transdutor). Essa direção do 
fluxo em relação ao transdutor é ilustrada em uma barra vertical 
colorida na lateral da imagem, onde a parte superior da barra, 
geralmente de cor vermelha, é usada para indicar um fluxo em 
direção ao transdutor; e a parte inferior da barra, geralmente em 
cor azul, indica o fluxo que se distancia. 
 O grau de saturação da cor é usado para indicar a velocidade 
relativa, sendo que essa barra apresenta também valores 
numéricos, indicando um intervalo com limiar superior e inferior de 
velocidade. Uma vantagem da técnica Doppler colorido é fornecer 
informações sobre o movimento em uma grande parte da imagem. 
Essa técnica permite avaliar a presença, a direção e a qualidade do 
fluxo sanguíneo mais rapidamente do que qualquer outra técnica 
não invasiva, até mesmo em vasos pequenos, que não aparecem 
no modo bidimensional. Também é possível a diferenciação entre 
fluxos rápidos e lentos sem a determinação de valores absolutos. 
 As limitações do fluxo Doppler colorido incluem dependência do 
ângulo, aliasing, incapacidade de exibir todo o espectro Doppler na 
imagem e artefatos causados pelo ruído. O aliasing, nesse método, 
produz inversão de cor no centro do vaso, com uma mistura de 
cores na porção brilhante do espectro colorido. Assim como no 
Doppler espectral, esse artefato deverá ser compensado pelo ajuste 
18
UNIDADE I │ ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
da PRF. Artefatos de ruído promovem turbilhonamento dentro do 
lúmen de um determinado vaso em estudo, e são observados como 
a presença de áreas com mosaico de cores e tonalidades variadas. 
Os mapeamentos coloridos permitem a análise da presença ou 
ausência do fluxo, direção do fluxo, velocidade média e presença 
ou não de turbulência dentro do vaso. 
A ausência de sinal Doppler, ou seja, de cor em um determinado 
segmento de um vaso ou em parte dele, pode sugerir oclusão, trombose 
ou estenose, uma vez descartada a possibilidade de artefato de técnica. 
No estudo de pequenos vasos e microcirculação, o Doppler colorido 
analisa a presença e ausência do fluxo, o estudo da distribuição, a direção 
e a velocidade, permitindo estudar vários tipos de lesão e tumor.
b. Em Doppler espectral: no Doppler espectral, os dados sobre 
o desvio Doppler são representados na forma de gráficos, como 
um espectro temporal do sinal que retorna (Figura 2). O tempo 
decorrido fica no eixo horizontal ou na linha de base, e a frequência 
de deslocamento Doppler pode ser vista no eixo vertical. A detecção 
de desvio da frequência Doppler indica movimento do alvo, que, na 
maioria dos casos, está relacionado com a presença de fluxo. O sinal 
de desvio da frequência, positivo ou negativo, indica a direção do 
fluxo com relação ao transdutor. Por convenção, o traçado espectral 
é disposto acima do zero da linha de base (desvio positivo) quando a 
frequência do eco retornado é maior do que a frequência transmitida 
e, portanto, o fluxo encontra-se na direção do transdutor. 
Um traçado disposto abaixo da linha de base (desvio negativo) indica que o fluxo 
está direcionado no sentido contrário ao transdutor, e a frequência retornada é 
menor do que a frequência transmitida. Durante o exame com Doppler pulsado, 
a frequência de deslocamento Doppler não é disposta somente graficamente, 
pois também são audíveis. As artérias têm som parecido com um assovio, 
enquanto as veias possuem som parecido com o vento soprando continuamente. 
Graficamente, as artérias apresentam um traçado em que o fluxo sistólico se 
observa em forma de picos, e o fluxo diastólico, como um declive próximo da 
linha base. Dependendo da resistividade do fluxo (alta, intermediária ou baixa), 
o mapeamento espectral apresenta diferentes padrões. O padrão de fluxo venoso 
geralmente é laminar. As condições de pressão intratorácica e intra-abdominal, 
durante a inspiração e a expiração, influenciam a velocidade de fluxo sanguíneo 
nas veias, promovendo alterações de fase. 
19
ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I
A maioria das veias tem baixo grau de plasticidade e periodicidade. Para 
se obter uma análise quantitativa do traçado Doppler, os aparelhos têm a 
capacidade de calcular a média da frequência de deslocamento ou a velocidade, 
automaticamente. O ponto máximo alcançado no espectro é denominado 
velocidade de pico sistólico (VPS), e o ponto mínimo na morfologia da onda é 
o valor da velocidade diastólica final (VDF). O fluxo médio pode ser calculado 
multiplicando-se a velocidade média pela área do vaso. No entanto, informações 
sobre a impedância vascular não podem ser obtidas apenas pela velocidade 
absoluta, por isso foram desenvolvidos os índices Doppler. Esses índices 
comparam o fluxo durante a sístole e a diástole, sendo razões das velocidades 
obtidas do espectro Doppler. Por isso, ao contrário da análise isolada da 
velocidade, os índices têm como vantagem a independência da correção do 
ângulo, sendo usados para avaliação de vasos muito pequenos e tortuosos em 
que é difícil a correção do ângulo. 
Os índices Doppler, tais como a proporção sistólica/diastólica, o índice de 
resistividade e de pulsatilidade, fornecem informações acerca da resistência 
arterialao fluxo sanguíneo. Assim, indicam alterações que resultam de uma 
variedade de enfermidades. No estudo de pequenos vasos e microcirculação, 
esses índices são usados para avaliar alterações nos fluxos dos órgãos que podem 
indicar doenças, para definir o prognóstico e para acompanhar o tratamento. 
Os índices mais utilizados nas mensurações de pequenos vasos são o índice de 
resistividade (IR) e o índice de pulsatilidade (IP). O IR, descrito por Pourcelot 
em 1974, relaciona o resultado da subtração entre as velocidades de pico sistólico 
e diastólico final sobre a velocidade de pico sistólico (IR = VPS – VDF/ VPS). 
O IP, descrito por Grosling e King em 1975, relaciona o resultado da subtração 
entre as velocidades de pico sistólico e diastólico final sobre a velocidade média 
(IP = VPS – VDF/ VM). 
O aumento na velocidade diastólica leva a um correspondente aumento 
do fluxo sanguíneo e redução dos índices de resistividade e pulsatilidade. 
Portanto, baixa resistividade de fluxo sugere alto metabolismo, e altas 
resistências, baixo metabolismo. Já índices de resistência aumentados 
reduzem o fluxo diastólico. Dependendo da alteração que está ocasionando o 
aumento da resistência, pode-se encontrar até ausência de fluxo diastólico, 
ou a chamada diástole zero. A vantagem do IR é sua alta sensibilidade para 
diferenciar traçados anormais, porque o denominador nunca se torna zero, 
permitindo sempre a obtenção de um valor para esse índice. 
O IP tem como vantagem o fato de levar em conta a velocidade média, que 
reflete o que ocorre durante todo o ciclo cardíaco, e não em apenas um momento 
específico como o IR. As alterações dos índices hemodinâmicos auxiliam na 
20
UNIDADE I │ ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
identificação da perfusão e de alterações na complacência do leito vascular em 
estudo, associadas à rejeição de transplantes, disfunções de parênquima ou 
caracterização de malignidade de doenças. Na estenose, há redução significativa do 
volume sanguíneo e aumento da velocidade deste, provocando turbulência e 
aumento do IR e do IP. 
Estados inflamatórios são caracterizados por aumento do fluxo sanguíneo 
em resposta à hiperemia, podendo ocorrer redução da resistência arterial 
nos tecidos ou órgãos envolvidos. Tem sido relatado aumento dos índices de 
resistividade em animais com hepatopatia crônica apresentando hipertensão 
portal (SARTOR; MAMPRIM, 2009) e em cães com infiltração gordurosa 
hepática difusa de forma proporcional à esteatose hepática (CARVALHO et al., 
2012 apud CASTELLÓ et al., 2015). 
Os índices também podem ser utilizados para avaliação dos vasos em tumores, 
sendo encontrados aumentos significativos do IR e do IP em nódulos malignos 
da tireoide em relação aos nódulos benignos e aos vasos sanguíneos normais, de 
acordo com Zhou et al. (2012) apud Castelló et al. (2015).
Figura 2. Doppler triplex da artéria carótida. 
PS = 88,8 cm/s 
ED = 17,5 cm/s 
IP = 2,13 
IR = 0,80 
AC 60º 
80 
60 
40 
20 
cm/s 
- 20
- 40
Observe os valores registrados para a velocidade de pico sistólico (PS) e diastólico (ED), além dos cálculos automáticos para 
os índices de pulsatilidade (IP) e resistividade (IR).
Fonte:próprio autor, 2020.
21
CAPÍTULO 2
Operando o equipamento de ultrassom 
na modalidade Doppler
Exame sonográfico dos vasos sanguíneos
Durante o exame de um vaso sanguíneo, o primeiro passo é imaginar o vaso 
usando uma técnica bidimensional em tempo real no plano longitudinal. 
Idealmente, o eixo do feixe de ultrassom e o eixo do vaso são paralelos entre si, 
mas seu ângulo de intersecção não deve exceder 60º. Utilizando o modo de cor, 
é possível determinar a presença ou a ausência de fluxo no vaso. Os parâmetros 
de cor devem ser definidos para que o lúmen do vaso seja preenchido com 
apenas uma cor (ou seja, sem aliasing), e informações de cor não devem ser 
vistas fora do lúmen do vaso (por exemplo, muito ganho de cor), mas todo o 
lúmen do vaso (periférico às paredes) deve ser preenchido com cor.
Finalmente, o volume amostral é colocado em uma parte específica do vaso – 
de acordo com o método de velocidade máxima ou o método de insonação 
uniforme –, e, usando a técnica Doppler de onda pulsada, um rastreamento 
Doppler pode ser registrado a partir dessa parte específica do vaso. Se o 
rastreamento do Doppler estiver livre de artefatos, a imagem deverá ser 
congelada, e, após a correção do ângulo, a análise de forma de onda poderá 
ser realizada (SZATMÁRI; SÓTONYI; VÖRÖS, 2001).
O perfil da velocidade de fluxos em artérias e veias e suas formas discutido a 
seguir baseia-se no trabalho de Szatmári, Sótonyi e Vörös (2001).
Perfis de velocidade de fluxo de artérias
A distribuição das velocidades de fluxo através do lúmen do vaso é exibida 
como uma faixa de frequência ou velocidade no espectro Doppler. Os perfis 
de velocidade de fluxo laminar são descritos como achatado/plug (faixa 
estreita de frequências/velocidades), semiparabólico (ampla gama de 
frequências/velocidades) ou parabólico (faixa intermediária). Turbulência 
também pode ser detectada. O sinal do Doppler audível produzido pelo 
fluxo laminar tem uma qualidade de “assobiar”.
22
UNIDADE I │ ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
O fluxo sanguíneo, na maioria dos vasos sanguíneos, é laminar, com 
sangue movendo-se em finas camadas concêntricas ou lâminas. As 
camadas centrais fluem mais rápido, enquanto as forças de fricção 
causam perda de energia e lentidão de camadas perto da parede do 
vaso (SZATMÁRI; SÓTONYI; VÖRÖS, 2001).
Os tipos de fluxo laminar são:
a. Perfil de velocidade de fluxo achatado (plug): em artérias 
maiores (por exemplo, a aorta) a velocidade do sangue é quase a 
mesma no centro do vaso como perto da parede do vaso. A grande 
maioria das células sanguíneas está se movendo a uma velocidade 
uniforme, assim a distribuição de velocidade é muito estreita 
através do lúmen do vaso (Figura 3). Como resultado, o espectro é 
caracterizado por uma linha fina em sístole que delineia um espaço 
claro, chamado janela espectral (ou janela sistólica).
b. Perfil de velocidade de fluxo semiparabólico (blunted 
parabolic): em artérias menores (por exemplo, artéria renal), o 
sangue centralmente móvel tem maior velocidade em comparação 
ao sangue perto da parede do vaso, de modo que a distribuição de 
velocidade é ampla através do lúmen do vaso (Figura 3). A janela 
espectral não pode ser vista durante a sístole no visor do espectro, 
porque as células sanguíneas com uma gama de velocidades (de 
zero à velocidade máxima) fluem através do volume de amostra.
c. Perfil de velocidade parabólica (parabolic): em artérias de 
médio porte (por exemplo, tronco celíaco), o fluxo é semelhante 
ao perfil de velocidade de fluxo achatado no centro do vaso (ou 
seja, células movendo-se a uma velocidade uniforme). No entanto, 
o fluxo é mais semelhante ao perfil de fluxo parabólico nas partes 
periféricas do lúmen do vaso. Células com uma pequena gama 
de velocidade são representadas no pico de sístole (fluxos com 
velocidade zero e lenta estão ausentes). A distribuição de velocidade 
através do lúmen do vaso é mais ampla do que em um vaso com 
perfil de velocidade de fluxo achatado, mas não tão amplo quanto o 
de um vaso com perfil de velocidade de fluxo parabólico (Figura 3). 
Assim, uma janela espectral está presente durante a sístole, mas é 
menor do que no espectro de uma artéria com perfil de velocidade 
de fluxo achatado.
23
ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I
Figura 3. Perfis de velocidade do sangue dentro de um vaso que se bifurca. 
A 
B 
C 
A - perfil de velocidade de fluxo achatado; B - perfil de velocidade de fluxo semiparabólico; C - perfil de velocidade de fluxo 
parabólico. (v = velocidade do fluxo, a = quantidade de células sanguíneas).
Fonte: Adaptado de Szatmári, Sótonyi e Vörös, 2001; Carvalho et al., 2008.
Fluxo turbulento
Em bifurcações, curvas ou ramos, a ampla distribuição da velocidade (ou seja, 
ampliaçãoespectral) ou mesmo reversão de fluxo podem estar presentes, onde 
células com uma ampla gama de velocidades de zero a velocidades máximas 
negativas e positivas são representadas.
As classes mencionadas acima (perfis de velocidade de fluxo parabólico 
achatado, semiparabólico e parabólico) não são rigorosas, pois um perfil de 
velocidade de fluxo pode ser transitório entre duas categorias. O tamanho e a 
posição do volume da amostra influenciam fortemente o padrão Doppler. O uso 
do método de insonação uniforme resulta em um espectro Doppler diferente do 
espectro obtido usando o método de velocidade máxima. Isso se deve à diferença 
no tamanho do volume de amostra. Não só o tamanho, mas também o local 
do volume amostral (gantry) através do lúmen do vaso influencia o espectro 
Doppler. Se um pequeno volume de amostra for colocado no centro de uma 
artéria com perfil de velocidade de fluxo parabólico, de acordo com o método 
de velocidade máxima – o espectro será diferente do obtido se o mesmo volume 
de tamanho for colocado na periferia da mesma artéria, ou se um maior volume 
amostral foi utilizado – de acordo com o método de insonação uniforme.
24
UNIDADE I │ ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
Formas de onda Doppler dos vasos sanguíneos
O contorno da frequência máxima de deslocamento do Doppler corresponde à 
variação de tempo da velocidade máxima de fluxo dentro do vaso. A pulsatilidade 
da forma de onda está relacionada à impedância vascular fluxo abaixo até o ponto 
de medição. Os requisitos de perfusão de cada órgão determinam o estado de seu 
leito vascular, o que, por sua vez, afeta as características de fluxo de seus vasos 
associados.
Cada contração cardíaca causa fluxo sanguíneo adiante e resulta em distensão 
das artérias. O fluxo reverso diastólico é devido ao sangue realmente se 
recuperando da aorta, uma vez que a onda de velocidade é refletida a partir da 
alta impedância do leito vascular periférico dos membros posteriores. À medida 
que os diâmetros dos vasos voltam ao normal, a energia de recuperação fornece 
energia necessária para promover o fluxo contínuo em diástole. O fluxo sanguíneo 
que entra nas artérias alimentando órgãos parenquimáticos (por exemplo, rins, 
fígado, baço), que constantemente requerem perfusão, normalmente tem fluxo 
contínuo e gradualmente diminui em diástole sem inversão de fluxo diastólico.
 » Padrão de fluxo de alta resistência: alta pulsatilidade e alta 
resistência ao fluxo são indicadas por picos sistólicos acentuados 
e reversão de fluxo no início da diástole (por exemplo, aorta). 
Observamos com arritmia sinusal marcada se o próximo batimento 
cardíaco for retardado (ou seja, a diástole é longa). Não há apenas 
duas ondas diastólicas (ou seja, o pico sistólico é seguido por uma 
onda de fluxo reverso, que é seguida por uma onda de fluxo à frente), 
mas contínuas oscilações podem ser vistas: a primeira onda de 
fluxo diastólico adiante é seguida por outra onda de fluxo reverso; 
em seguida, uma onda adiante vem, etc., até a próxima sístole. A 
amplitude das próximas ondas diastólicas é gradualmente menor, ou 
seja, a primeira onda de fluxo reverso diastólica é a mais alta entre 
as ondas de fluxo reverso diastólica de um complexo sístole-diástole, 
e a primeira onda de fluxo de avanço diastólica é a mais alta entre as 
ondas de fluxo diastólica para a frente.
 » Padrão de fluxo de baixa resistência: baixa pulsatilidade e 
baixa resistência ao fluxo são indicadas por picos sistólicos amplos 
e fluxo contínuo de alta velocidade em diástole, com velocidade 
gradualmente decrescente. As artérias de baixa resistência (por 
exemplo, artéria renal) fornecem sangue para órgãos que têm 
25
ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I
demanda contínua. Essa demanda pode mudar de acordo com o 
estado funcional do órgão (por exemplo, estado pré e pós-prandial 
dos intestinos), enquanto isso o padrão de fluxo do Doppler do vaso 
também muda.
 » Padrão de fluxo de resistência intermediária: pulsatilidade 
intermediária e resistência intermediária ao fluxo são indicadas 
por picos sistólicos afiados (mais largos do que em artérias de alto 
padrão de fluxo de resistência) e fluxo adiante em diástole sem 
fluxo reverso (por exemplo, tronco celíaco). A velocidade de pico 
diastólica é menor do que no padrão de fluxo de baixa resistência em 
comparação ao pico de velocidade sistólica.
 » Fluxo venoso: normalmente, o fluxo nas veias é laminar. As 
condições de pressão intratorácica e intrabdominal durante a 
inspiração e a velocidade de fluxo sanguíneo de expiração nas veias 
levam a alterações fásicas. A maioria das veias tem plasticidade e 
periodicidade de baixo grau. As veias hepáticas e a parte craniana 
da veia caudal abdominal cava têm padrões Doppler com forte 
periodicidade devido ao efeito das mudanças de pressão atrial direita 
durante o ciclo cardíaco.
 » Pico sistólico precoce (ESP): geralmente, em um traçado de 
Doppler arterial, um pico sistólico pode ser visto durante cada sístole. 
Em alguns cães, há picos sistólicos duplos em determinadas artérias. 
Foi sugerido que o ESP em um rastreamento Doppler representa um 
pulso transmitido e que o segundo pico sistólico mais amplo que é 
visto em “artérias de baixa resistência” é um pico de conformidade. 
Além disso, a ausência de um ESP pode ser um achado normal na 
artéria renal (em humanos), e provavelmente está relacionado ao 
grau de conformidade vascular. 
 Encontramos ESPs em artérias renais e esplênicas. Além disso, 
encontramos picos sistólicos duplos no tronco celíaco, nas artérias 
mesentéricas craniais e caudais, nas artérias lombares e nas artérias 
ilíacas circunflexas profundas. A morfologia dos picos sistólicos 
duplos nas últimas cinco artérias difere das duas primeiras artérias 
devido a diferenças na resistência vascular. O tronco celíaco e as 
artérias mesentéricas craniais e caudais são “artérias de resistência 
26
UNIDADE I │ ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
intermediária”, e a artéria ilíaca circunflexa profunda e a artéria 
lombar são “artérias de alta resistência”, enquanto as artérias renais e 
esplênicas são artérias “de baixa resistência”. 
 » Se um pico sistólico duplo está presente no padrão Doppler do tronco 
celíaco, nas artérias mesentéricas craniais e caudais ou na artéria ilíaca 
circunflexa profunda, o pico acentuado torna-se notado, onde o primeiro 
pico é maior do que o segundo. Isso contrasta com a morfologia do 
padrão Doppler das artérias de baixa resistência (por exemplo, artérias 
esplênicas e renais) onde o ESP é menor do que o segundo pico. 
27
CAPÍTULO 3
Aplicações do estudo de pequenos 
vasos e microcirculação com 
ultrassonografia Doppler
Atualmente, a ultrassonografia Doppler está bem estabelecida em muitos 
campos da Medicina e Medicina Veterinária. O seu uso está em aumento, sendo 
continuamente publicados estudos com propostas para aumentar sua aplicação. 
Na continuação, serão analisados a metodologia e os resultados de alguns 
estudos em diferentes áreas da medicina e da veterinária.
 » Estudo de tumores: uma das áreas em que a ultrassonografia 
Doppler, para microcirculação, está sendo mais aplicada é no estudo 
de tumores. Permite o estudo do fluxo sanguíneo, o qual pode ajudar 
num futuro a direcionar tratamentos mais específicos. Também 
é usada para estudar padrões de vascularização e neoangiogênese 
para identificar e classificar os tumores segundo a malignidade e 
para estudar fatores preditores de metástases. Exemplos de seu uso 
podem ser conferidos em Grano et al. (2013) e Navarro et al. (2018). 
O grande número de pesquisas publicadas que estudam o uso de 
ultrassonografia Doppler em tumores nos mostra a importância de 
ter um melhor conhecimento do fluxo nessas enfermidades, tanto 
para melhorar o diagnóstico e classificação quanto para introduzir 
novas terapias mais direcionadas e focalizadas no tumor, como 
ocorre com as nanoterapias (tratamento com nanopartículas 
quimioterápicas,com nanopartículas magnéticas, etc.). Na medicina 
veterinária, a experiência nessa área é praticamente inexistente, e o 
número de estudos publicados é muito menor. Provavelmente, essa 
será uma linha de pesquisa crescente nos próximos anos também na 
veterinária (CASTELLÓ et al., 2015).
 » Reprodutor feminino: nos exames dos órgãos reprodutores, o 
estudo de pequenos vasos e microcirculação com ultrassonografia 
Doppler também é muito usado, tanto para reprodutor feminino 
quanto masculino. Na medicina humana, a obstetrícia é uma área 
que publica muitas pesquisas com essa técnica, tanto para estudos 
de reprodução e enfermidades do sistema reprodutor quanto 
estudos do desenvolvimento e enfermidades fetais. Na medicina 
28
UNIDADE I │ ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
veterinária, o Doppler colorido tem sido utilizado para diferenciação 
de folículo ovariano de cisto ovariano, pois foi relatado que só é 
possível a identificação dos vasos intraovarianos pelo Doppler 
colorido durante o ciclo estral (presença do folículo) ou fase 
lútea (presença de corpo lúteo) em cães, sendo que o fluxo se 
torna substancialmente diminuído no anestro, possibilitando 
a identificação do cisto quando associado à ausência de fluxo 
intraovariano visível (CASTELLÓ et al., 2015). 
 » Reprodutor masculino: a ultrassonografia Doppler é uma 
técnica útil e não invasiva para identificar qualquer alteração no 
fluxo sanguíneo de testículos e escroto, e também para realizar o 
seguimento dos tratamentos. A ultrassonografia Doppler é uma 
ferramenta importante na avaliação andrológica em seres humanos, 
porém esse método ainda não está muito extenso na veterinária. Uma 
das primeiras aplicações foi na diferenciação entre epidídimo-orquite 
e torção testicular nos casos de escroto agudo. O primeiro caso está 
relacionado ao aumento do fluxo sanguíneo devido à hiperemia e à 
inflamação. Já o segundo caso está relacionado à redução do fluxo 
sanguíneo, podendo até mesmo não ser identificado nenhum sinal 
de fluxo no Doppler colorido. 
 Em homens, os problemas de fertilidade idiopáticos frequentemente 
estão relacionados a compressões vasculares. Acredita-se que 
distúrbios similares poderiam acontecer em garanhões, por isso 
a ultrassonografia tríplex Doppler representa uma melhora no 
diagnóstico de desordens testiculares (CASTELLÓ et al., 2015). 
Souza et al. (2015) apud Castelló et al. (2015) realizaram um estudo 
de fertilidade em cães e incluíram exame ultrassonográfico em 
modo Doppler para analisar o fluxo sanguíneo testicular. Houve 
diferenças subjetivas na ecogenicidade testicular em alguns dos 
cães inférteis, e diferenças importantes no fluxo de sangue da artéria 
testicular marginal e artéria intratesticular, que apresentaram 
uma velocidade de pico sistólico e uma velocidade diastólica final 
nos cães estéreis, significativamente inferior à dos cães férteis. 
Os índices de resistência e pulsatilidade não diferiram entre cães 
inférteis e férteis. Esses resultados relatam diferenças importantes 
entre cães inférteis e férteis, que podem ser detectados sem um 
exame invasivo.
29
ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE I
 » Sistema locomotor: o Doppler colorido tem várias utilidades no 
estudo das lesões do sistema locomotor. É usado para o diagnóstico 
de lesões que cursam com inflamação e que apresentam aumento 
do fluxo sanguíneo, bem como para o seguimento do tratamento. 
Na medicina veterinária, a ultrassonografia com Doppler colorido 
também é usada para diagnóstico, prognóstico e seguimento de lesões 
do locomotor, sobretudo na medicina esportiva equina (CASTELLÓ 
et al., 2015). 
30
UNIDADE II
ULTRASSONOGRAFIA 
ARTICULAR EM 
PEQUENOS ANIMAIS
CAPÍTULO 1
Considerações gerais
Introdução
A ultrassonografia é utilizada como meio de diagnóstico por imagem 
complementar em ortopedia para avaliar os tecidos moles do sistema locomotor 
(músculos, cartilagens, tendões e ligamentos). Pode também auxiliar na 
avaliação dos contornos das superfícies ósseas. Desse modo, complementa a 
avaliação radiográfica, fornecendo informações morfológicas e estruturais 
desses componentes anatômicos (CARVALHO; VIANNA, 2016).
Os conceitos e as orientações para exame de diferentes articulações de cães e 
gatos discutidos a seguir estão baseados em Carvalho e Vianna (2016).
Considerações técnicas 
Para garantir boa resolução de imagem, é necessária a utilização de transdutores 
de alta frequência, entre 10 e 18 MHz, preferencialmente microlineares. Porém, 
a avaliação das articulações também pode ser realizada com transdutores 
microconvexos de alta frequência.
A irregularidade dos contornos osteoarticulares proporciona falha na superfície 
de contato da pele com o transdutor, o que pode comprometer a formação da 
imagem. Isso pode ser amenizado com a utilização de quiteco ou de uma bolsa de 
gel que, ao mesmo tempo que aumenta a superfície de contato com o transdutor, 
também aumenta a distância deste à pele, colocando a área de interesse no foco 
da imagem na tela. Esse recurso pode ser necessário para examinar estruturas 
superficiais, como tendões e ligamentos.
31
ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II
A região a ser avaliada deve ser amplamente tricotomizada, devendo-se 
aplicar nela gel em grande quantidade.
O posicionamento do animal é fundamental para a avaliação sonográfica adequada, 
de acordo com a articulação em estudo. Sedação ou anestesia somente é necessária 
quando há processos dolorosos intensos que impossibilitam o posicionamento do 
animal. Recomenda-se sempre a avaliação comparativa entre o membro ou a 
estrutura lesada e a estrutura íntegra no lado oposto.
Além disso, por ser um exame dinâmico, é conveniente a avaliação 
sonográfica da estrutura durante o movimento passivo executado pelo próprio 
ultrassonografista, com movimentos de flexão e extensão do mesmo.
Por fim, deve-se incidir o feixe sonoro perpendicularmente aos componentes 
articulares, e estes devem ser escaneados em todos os planos de imagem. Para 
isso, é fundamental o conhecimento da anatomia da estrutura a ser examinada. 
É importante saber origem, inserção e ação do músculo ou grupo muscular a 
ser observado.
Componentes articulares
 » Músculos: o músculo normal é hipoecogênico e tem padrão reticular 
ecogênico característico, no qual as fibras se dispõem paralelas, 
longitudinal e transversalmente. Alguns grupos musculares 
apresentam um arranjo de fibras ou estrias finas, oblíquas e de aspecto 
denominado “espinha de peixe”, por exemplo, o bíceps braquial. 
Ao exame ultrassonográfico, devem-se observar a disposição e a 
organização das fibras musculares em camadas primárias e secundárias 
e a separação entre os grupos musculares por septos ou fáscias. Estas 
se apresentam como estruturas lineares hiperecogênicas brilhantes 
e bem delimitadas. Em alguns grupos musculares, podem-se, ainda, 
observar vasos bem delimitados que apresentam pulso (artérias) ou 
que alteram o seu lúmen após compressão exercida com o transdutor. 
As indicações clínicas para o exame da musculatura incluem 
alterações inflamatórias, degenerativas e traumáticas. Nestes casos 
podem ser identificados presença de seroma, hematoma, abscessos, 
calcificações, corpos estranhos, neoplasias, estiramento e ruptura de 
fibras musculares, além de contratura muscular.
 » Tendões: o tendão normal apresenta-se com os contornos bem 
definidos, como uma faixa relativamente hiperecogênica e homogênea 
32
UNIDADE II │ ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
ao plano longitudinal, que deriva de dois ou mais músculos. Os ecos 
são produzidos pela reflexão das ondas sonoras no nível das interfaces 
acústicas, das bandas de fibras colágenas e das fibras endotendíneas. 
Quando a onda sonora incide perpendicularmente ao tendão, este se 
apresenta formado por ecos longitudinais paralelos, discretamente 
ondulados. A bainha tendínea aparece como uma linha ecogênica. 
As alterações detectadas pelo examesão a luxação (deslocamento) 
de tendão, tendinose, tendinite e tenossinovite, efusão em bainha 
tendínea, ruptura parcial e total, além de neoplasia.
 » Ligamentos: os ligamentos em cães e gatos são estruturas pequenas 
e próximas da superfície óssea, o que geralmente torna difícil sua 
avaliação sonográfica. As dificuldades podem ser minimizadas com 
o uso de frequência acima de 12 MHz, transdutores microlineares e 
incidência perpendicular do feixe sonoro em relação às estruturas 
em estudo. Os ligamentos aparecem como estruturas lineares 
hiperecogênicas de ecotextura fibrilar em plano longitudinal 
semelhante aos tendões, porém de aspecto mais delicado e fino. 
A maioria dos ligamentos apresenta espessura muito fina, o que 
dificulta a diferenciação com as estruturas adjacentes e, muitas 
vezes, até impossibilita a sua identificação em planos transversais. 
A ruptura do ligamento é a lesão mais comum. Em geral, os indícios 
dessa lesão são: hematomas, ausência da imagem da estrutura 
ligamentar e irregularidades da superfície óssea, que podem resultar 
em diagnóstico de ruptura do ligamento em estudo.
 » Ossos: a estrutura interna dos ossos não pode ser observada no exame 
ultrassonográfico, em virtude da intensa reflexão e absorção das ondas 
sonoras. No entanto, é possível avaliar os contornos ósseos. Isso é 
possível por causa da incidência perpendicular das ondas sonoras sobre 
a superfície óssea. Quando incidimos em planos de imagem oblíquos 
ou tangenciais, as imagens são muito atenuadas, de pouca definição, e 
produzem muitos artefatos de técnica que podem mimetizar defeitos 
estruturais. A superfície óssea normal é visibilizada como uma linha 
hiperecogênica contínua e, abaixo desta, observa-se intensa sombra 
acústica (RISSELADA; KRAMER; VAN BREE, 2003). O diagnóstico 
radiográfico da osteomielite e da neoplasia óssea pode ser auxiliado com 
o uso da ultrassonografia, analisando os tecidos adjacentes e auxiliando 
na detecção das áreas de osteólise, principalmente guiando biópsias do 
tecido ósseo lesado.
33
CAPÍTULO 2
Avaliação das articulações
A ultrassonografia possibilita a avaliação dos tecidos moles que compõem a 
articulação, incluindo o próprio espaço articular, cápsula, ligamentos, músculos 
e tendões. A grande dificuldade está em encontrar o ângulo de varredura ideal 
para cada articulação.
O pequeno tamanho das estruturas que compõem a articulação, a proximidade 
com o osso e a escolha do transdutor consistem nas limitações desse tipo de 
exame. A janela acústica deve ser adequada para obter-se boa imagem. Em 
geral, coloca-se o animal com o membro em flexão para aumentar o espaço 
articular e possibilitar boa visibilização das estruturas.
A ultrassonografia é indicada quando há evidência clínica de alteração 
dos componentes articulares sem alterações ósseas radiográficas. A 
superfície óssea normal apresenta-se como uma linha hiperecogênica 
com sombra acústica posterior. As efusões articulares são detectadas 
como áreas anecoicas ou hipoecoicas dentro do espaço articular.
A cartilagem hialina e o líquido sinovial formam um halo fino hipoecogênico ao 
redor da superfície óssea articular.
A cartilagem fibrosa aparece mais ecogênica do que a hialina, em decorrência das 
suas características histológicas.
Articulação escápulo-umeral
Esta articulação pode ser observada por meio da varredura lateral, com o 
transdutor angulado craniodistalmente. O acrômio pode ser considerado um 
ponto de orientação referencial. O transdutor é colocado distalmente a essa 
área.
O contorno da cabeça do úmero é arredondado e apresenta-se como uma linha 
hiperecogênica convexa com sombra acústica posterior. Com o feixe incidindo 
perpendicularmente, a superfície óssea aparece como uma linha com um halo 
anecoico central medindo aproximadamente 0,5 a 0,7 mm, que representa a 
cartilagem articular.
34
UNIDADE II │ ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
A varredura dessa articulação é limitada, pois o posicionamento cranial 
do transdutor é difícil em razão da irregularidade da superfície óssea da 
tuberosidade maior. A posição caudal é impossibilitada, em face do espaço 
articular mínimo, e a varredura medial não é possível por causa da presença de 
ligamentos fibromusculares entre a escápula e a parede torácica.
Kramer et al. (1997) relatam que as alterações mais comuns na articulação 
escápulo-umeral são, em ordem decrescente: osteocondrose, artrose, 
contusão, luxação, tumor e fístula.
Articulação umerorradioulnar
Em razão da limitação de movimentos desta articulação, o exame 
ultrassonográfico é muito difícil. O animal pode ser posicionado em decúbito 
lateral ou colocado em estação, com o membro flexionado. O transdutor é 
colocado lateral e medialmente a essa articulação, sempre utilizando grande 
quantidade de gel para aumentar o contato. O espaço articular apresenta-se 
como uma área anecoica entre a tróclea e o processo coronoide (Figura 4). As 
estruturas ósseas apresentam-se como linhas hiperecogênicas, produzindo 
artefatos de reverberação.
Figura 4. Plano anatômico transverso e diagrama da articulação umeroulnar esquerda de um cão.
U
M
ULNA
a 
b 
O transdutor foi colocado no aspecto medial da articulação do cotovelo. Observe a borda hiperecoica (a) do processo 
medial de coronoide (M) da ulna (ULNA), capturado quando o epicôndilo umeral medial (U) foi incluído no mesmo plano 
anatômico.
Fonte: Knox et al., 2003.
O plano caudodistal é obtido com o transdutor disposto lateralmente à articulação 
flexionada e estendida, paralelo ao úmero no epicôndilo lateral. Quando é 
obtido um plano perpendicular longitudinal, a porção distal do tríceps aparece 
como uma estrutura com múltiplas linhas finas paralelas que se inserem no 
35
ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II
olécrano. Nesse plano, pode-se observar o processo ancôneo que, em condições 
normais, apresenta-se como uma interface hiperecogênica e curva (Figura 5). 
São comuns artefatos de irregularidade na superfície óssea nessa região.
Figura 5. Anatomia do aspecto caudal do cotovelo. 
O 
Tríceps 
Tríceps 
ME 
ME 
A 
B 
C 
(A) Imagem ultrassonográfica da inserção do músculo tríceps no olécrano (O). A estrutura ecogênica entre os cursores é o 
ligamento do olécrano, próximo à sua origem, no epicôndilo medial do úmero (ME). (B) Imagem do cotovelo flexionado com 
o tríceps sob tensão passiva. O tendão é mais uniforme em ecogenicidade. (C) Imagem da inserção do músculo tríceps no 
olécrano. A distância entre os cursores é de 6,5 mm.
Fonte: Lamb; Wong, 2005.
O aspecto cranial do cotovelo somente pode ser visibilizado com a articulação 
em extensão. Os músculos braquial e bíceps braquial podem ser identificados 
nessa porção, assim como o músculo extensor carporradial. A cápsula articular 
não é passível de identificação.
No aspecto lateral da articulação, o úmero e o músculo braquial são avaliados. 
Este pode ser caracterizado sobre o úmero em manobras dinâmicas. A porção 
distal do músculo tríceps pode ser visibilizada caudolateralmente inserindo-se no 
36
UNIDADE II │ ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
olécrano. O plano transversal da porção distal da região lateral dessa articulação 
fornece a melhor imagem dos músculos e tendões (Figura 6). A partir desse, cada 
músculo e tendão pode ser caracterizado em plano longitudinal rotacionando-se 
o transdutor. O ligamento colateral lateral é muito fino e mais bem visibilizado 
em porção proximal do epicôndilo lateral umeral. A porção distal do ligamento 
apresenta-se hipoecogênica, em decorrência da angulação do feixe sonoro em 
relação ao seu eixo longitudinal (Figura 7).
Figura 6. Imagem ultrassonográfica da articulação do cotovelo esquerdo de um cão. 
O 
Observe as linhas paralelas hiperecoicas dos feixes de fibra de colágeno no tendão do tríceps no plano dorsal. O olécrano 
(O) é visto como uma linha hiperecoica. 
Fonte: Knox et al., 2003.
Na região proximal caudomedial, pode-se observara origem do músculo tríceps. 
Ainda no aspecto medial, é possível identificar o epicôndilo medial na porção 
distal e medial do úmero. O ligamento colateral medial surge no epicôndilo 
medial e apresenta-se como uma estrutura fina, linear e hiperecogênica. Porém, 
devido a seu trajeto curvilíneo, não é possível segui-lo em sua porção distal 
(Figura 8).
Em cães e gatos, a ultrassonografia produz informações diagnósticas mais 
úteis clinicamente nas articulações diartrodiais maiores (ombro, joelho) em 
comparação com uma articulação menor, como o cotovelo. 
No entanto, a aparência ultrassonográfica do cotovelo canino foi relatada por 
Lamb e Wong (2005). No cotovelo canino normal, o processo coronoide medial 
aparece como um processo acentuadamente marginalizado ao longo do aspecto 
medial da articulação. Com o processo coronoide medial fraturado, a superfície 
do processo coronoide medial é frequentemente irregular, com proliferação 
ou fragmentação distinta. Quando a alteração do processo coronoide medial 
resulta de ossificação endocondral incompleta ou anormal, o processo coronoide 
medial pode ter a ecogenicidade de tecidos fibrosos ou moles, em vez de osso 
normal com sombreamento acústico distal. 
37
ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II
O processo ancôneo pode ser identificado com imagens sagitais e transversais 
do aspecto caudal da articulação. A não união do processo ancôneo pode ser 
diagnosticada observando-se uma irregularidade ou “quebra” na margem do osso 
cortical nessas projeções. As lesões de osteocondrose no cotovelo são difíceis 
de serem visualizadas com ultrassom devido à sua localização na articulação, 
em conjunto com a complexidade anatômica das superfícies ósseas corticais 
sobrepostas e a sombra acústica distal associada (COOK; COOK, 2009). 
Kramer et al. (1997) relatam que as alterações mais comuns na articulação 
umerorradioulnar são, em ordem decrescente: fragmentação do processo 
coronoide medial, não união do processo ancôneo, bursite, artrose, tumores e 
osteocondrose.
Figura 7. Ligamento colateral lateral do cotovelo. 
R 
R 
R 
R 
R 
H 
H 
MCP 
A 
B 
C 
D 
E 
(A) A parte proximal do ligamento colateral lateral (cabeça de setas grandes) é mais espessa do que a parte distal (entre 
cabeças de seta pequenas). Regiões proximal (B) e distal (C) do ligamento colateral lateral (entre os cursores). Imagens 
ultrassonográficas longitudinais das partes proximal (D) e distal (E) do ligamento colateral lateral em um cão vivo. H – úmero, 
R – rádio; MCP – processo coronoide medial da ulna.
Fonte: Lamb; Wong, 2005.
38
UNIDADE II │ ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
Figura 8. Imagem e diagrama do ligamento colateral medial da articulação do cotovelo direito. 
EPI 
Observe o ligamento colateral medial contendo linhas paralelas hiperecoicas que correspondem a feixes de fibra de 
colágeno. O ligamento surge (entre as duas setas) do epicôndilo umeral medial (EPI).
Fonte: Knox et al., 2003.
Articulação femorotibiopatelar
A avaliação ultrassonográfica dessa articulação difere das outras em riqueza de 
detalhes anatômicos passíveis de observação. As superfícies ósseas articulares 
têm, como descrito, imagens lineares hiperecogênicas que correspondem aos 
seus contornos, com artefato de sombra acústica posterior e ou reverberação. 
O espaço articular, tal como nas outras articulações descritas, aparece anecoico e 
deve ser comparado entre os dois membros do mesmo animal.
Os ligamentos observados devem apresentar ecogenicidade maior em relação 
aos componentes articulares adjacentes, porém homogêneos em quase toda a 
sua extensão. No plano longitudinal, os ligamentos são observados como um 
feixe horizontal muito unido de fibras hiperecoicas; no plano transversal, 
observa-se como uma estrutura arredondada também fortemente ecogênica e 
homogênea, porém mais difícil de caracterizar. O tamanho varia conforme o 
porte do animal, e deve ser comparado ao membro contralateral sempre que 
possível.
Para facilitar a avaliação sonográfica, a articulação foi dividida em quatro áreas: 
suprapatelar; infrapatelar; medial e lateral; e área poplítea.
 » Área suprapatelar: a varredura dessa área se faz nos planos 
longitudinal e transversal. É indicada principalmente para se observar 
a quantidade de líquido sinovial. O plano longitudinal é o mais 
indicado para avaliar a junção entre o músculo quadríceps femoral 
e o ligamento patelar. O plano transversal possibilita a avaliação 
da patela, do recesso patelar, do músculo quadríceps femoral e da 
cartilagem articular da tróclea femoral, que, geralmente, mede entre 
1 e 2 mm de espessura.
39
ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II
 » Área infrapatelar: a varredura dessa área também é realizada nos 
planos longitudinal e transversal, sendo indicada principalmente 
para observar ruptura de ligamentos (cruzado cranial e patelar). 
Nessa área, podem-se observar o polo distal da patela, o ligamento 
patelar, a sua origem no nível da tuberosidade da tíbia, a gordura 
infrapatelar entre o ligamento e a bursa e a cápsula articular, 
assim como a cartilagem articular no nível dos côndilos femorais. 
A anatomia das estruturas articulares não possibilita a visibilização 
nítida do ligamento cruzado cranial, pois este se encontra mais 
profundamente na cavidade articular.
 » Área medial e lateral: com o membro fletido, o transdutor localizado 
ainda na região infrapatelar deve ser rotacionado medial ou 
lateralmente cerca de 20º, para obter o plano longitudinal dos 
ligamentos colateral medial e lateral, respectivamente. Em geral, 
é difícil a identificação dessas estruturas em relação à gordura e 
aos tecidos subcutâneos. Essa região é indicada também para se 
observar grande quantidade de efusão. Ainda nessa região, é possível 
observar, em cães maiores, os meniscos, os quais aparecem como 
uma estrutura triangular homogênea e com ecogenicidade mediana 
localizada entre o côndilo femoral e o plateau tibial (Figura 9). A 
superfície óssea e os numerosos artefatos de técnica, somados ao 
espaço limitado da articulação, podem ocasionar falsos diagnósticos.
Figura 9. Imagem ultrassonográfica de um menisco normal de um cão com posicionamento normal nas 
superfícies femoral (F) e tibial (T) articular e meniscal (m).
F 
T 
m 
Fonte: Mahn et al., 2005.
40
UNIDADE II │ ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
 » Área poplítea: linfonodos poplíteos, artérias e veias poplíteas 
com seus ramos auxiliam na orientação dessa área. Os vasos são 
circundados por tecido gorduroso. A cartilagem articular dos côndilos 
femorais é particularmente visualizada incidindo o feixe sonoro 
perpendicularmente.
Diogo (2018), ao utilizar a elastografia na avaliação do joelho de cães da raça 
Beagle, relatou que o ligamento patelar apresenta aumento gradual de sua rigidez 
em relação à idade. Já o menisco e os ligamentos cruzados são mais rígidos 
nos filhotes do que nos adultos, mas também revelam suas maiores rigidezes 
nos animais idosos. Além disso, as fêmeas apresentam todas as estruturas mais 
rígidas que os machos. Porém, não há correlação entre a rigidez das estruturas 
e o peso dos cães.
A avaliação ultrassonográfica da articulação do joelho pode detectar inflamação e 
ruptura parcial e/ou total do ligamento e lesões nos meniscos, tais como a fratura e a 
luxação meniscal. 
Kramer et al. (1997) relataram que as alterações mais comuns na articulação 
femorotibiopatelar são, em ordem decrescente: tumor, osteocondrose, artrose, 
ruptura do ligamento cruzado cranial, ruptura da cápsula articular e calcificação. 
Em relação aos meniscos, o seu exame ultrassonográfico apresenta alta 
sensibilidade e especificidade no diagnóstico de lesões, de acordo com Mahn 
et al.(2005).
Gnudi e Bertoni (2001) ressaltam que o exame ultrassonográfico ajuda 
a estabelecer a presença de sinovite em cães sem sinais radiográficos de 
osteoartrite, permitindo um diagnóstico precoce desinovite. Em 70% dos cães 
com grau variável de osteoartrite, há a presença de tecido reativo na articulação 
próximo ao aspecto cranioproximal da tíbia. Isso pode ser considerado um 
importante sinal ultrassonográfico instabilidade articular, representando a 
resposta articular dos tecidos moles. Essa reação dos tecidos moles fornece 
informações sobre a cronicidade e/ou a intensidade do processo inflamatório.
Em estudo recente, Gomes, Bregadioli e Hagen (2019) diagnosticaram a ruptura 
do ligamento cruzado cranial completa em cães com eficácia semelhante à 
artrotomia, além de discriminarem articulações com o ligamento hígido. No 
mesmo trabalho, os autores obtiveram eficácia superior no diagnóstico de 
alterações em meniscos mediais, tais como alterações de ecogenicidade e 
morfologia, efusão e extrusão.
41
ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II
Articulação tibiotársica
A avaliação ultrassonográfica desta articulação não apresenta muitas dificuldades 
e deve ser realizada com o membro discretamente fletido. Inicialmente, deve ser 
realizado o plano longitudinal, colocando-se o transdutor sobre a tuberosidade 
do calcâneo no local da inserção dos tendões. A superfície óssea aparece 
como uma linha hiperecogênica convexa produtora de sombra acústica. Nessa 
região, o transdutor deve deslizar em direção proximal para examinar toda a 
estrutura articular, assim como os músculos e as junções musculotendíneas. 
O tendão calcâneo comum é uma estrutura ecogênica homogênea com linhas 
hiperecogênicas paralelas, ou seja, de ecotextura fibrilar. 
Os planos transversais são complementares e devem ser realizados em todas as 
porções, desde a sua origem até o nível de sua inserção.
As imagens devem ser obtidas também por meio de manobras dinâmicas 
para auxiliar na elucidação diagnóstica em suspeitas de rupturas tendíneas e 
edema na região. Dessa forma, podem ser diagnosticadas ruptura do músculo 
gastrocnêmio, luxação tendínea e ruptura parcial ou total do tendão calcâneo.
Articulação carporradial
A avaliação dessa região somente é possível com a utilização de transdutores 
de alta frequência e resolução acima de 12 MHz. Utiliza-se como referência 
anatômica o coxim palmar para avaliar a região acima e abaixo dele, seguindo 
o trajeto dos tendões flexores digitais (superficial e profundo), assim como o 
nervo mediano. A utilização da ferramenta Doppler auxilia na identificação do 
nervo mediano que passa adjacente.
Os tendões flexores digitais (profundo e superficial) apresentam um halo 
hiperecogênico e com ecogenicidade mediana em relação aos tecidos adjacentes. 
A porção interna dos tendões apresenta uma área de ecotextura discretamente 
mais grosseira. O tendão flexor digital profundo tem formato de vírgula e está 
localizado quase no centro do canal carpal, enquanto o tendão flexor digital 
superficial tem formato mais ovalado e está localizado posterior ao canal. 
A artéria mediana localiza-se posterior ao tendão flexor digital profundo. O 
nervo mediano é hipoecogênico em relação às demais estruturas e situa-se 
posteriormente ao tendão flexor digital profundo e posteromedialmente à 
artéria mediana.
42
UNIDADE II │ ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR EM PEQUENOS ANIMAIS
A artéria mediana é a melhor referência anatômica para identificar o 
nervo, o que se torna mais fácil com a utilização do mapeamento Doppler 
colorido. Ainda há poucas ocorrências na literatura veterinária quanto 
aos valores de referência de espessura dessas estruturas (CARVALHO; 
VIANNA, 2016).
As indicações para avaliação desta articulação se limitam a suspeitas 
clínicas semelhantes às outras articulações. Kramer et al. (1997) relatam 
que as alterações mais comuns nas articulações carpais/tarsais são, em 
ordem decrescente: tumor, artrite, contusões e fístula.
Nervos periféricos
Há poucas situações específicas para avaliação sonográfica de nervos 
periféricos. Na maioria das vezes, a suspeita clínica envolvendo alterações 
do sistema locomotor acarreta investigação da integridade de outras 
estruturas (ossos, músculos, tendões e ligamentos), porém os achados 
sonográficos podem indicar outras possibilidades diagnósticas.
Para a varredura dos nervos periféricos, há a necessidade de se utilizarem 
transdutores com frequência alta (maior que 10 MHz) para melhor resolução da 
imagem dessas estruturas que, na maioria das vezes, são pequenas e situam-se 
superficialmente. O mapeamento Doppler colorido é uma ferramenta muito 
útil na diferenciação de vasos e nervos periféricos, que se apresentam 
normalmente como estruturas lineares hipoecogênicas delimitadas por 
uma linha hiperecogênica muito semelhante aos vasos sanguíneos (Figura 
10) (HUDSON et al., 1996).
Figura 10. Aspecto normal do nervo tibial de cão ao ultrassom.
Fonte: Hudson et al., 1996.
43
ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR EM PEQUENOS ANIMAIS │ UNIDADE II
O plexo braquial geralmente é a sede mais frequente de alterações (Figura 
11). Pode ocorrer ruptura associada a traumas e fraturas. Os nervos normais 
são muito pequenos e medem aproximadamente 2 a 3 mm de espessura 
(HUDSON et al., 1996). Nos casos de ruptura, é comum observarmos edema 
de tecidos moles adjacentes e descontinuidade ou ausência da imagem das 
estruturas nervosas.
De acordo com Rose et al. (2005) e Costa et al. (2008), os tumores que 
envolvem a bainha de nervo periférico são descritos como estruturas de 
aspecto tubular hipoecogênico em plexo braquial, ou com aparência de 
massa de ecogenicidade mista, de acordo com Carvalho e Vianna (2016). 
Na literatura, são relatados casos de neoplasias no nervo radial de cão com 
formato fusiforme e ecotextura mista (PLATT et al., 1999).
Figura 11. Imagem transversal da axila canina normal.
A B 
A 
A 
V 
V 
N 
N 
Os vasos são hipoecoicos (A e V, artéria e veia axilares). O nervo é encontrado correndo entre os vasos (N, nervo) e nem 
sempre é facilmente visualizado. B - Imagem transversal de um tumor do plexo braquial. O tumor hipoecoico está entre a 
artéria e a veia axilares (comparar com imagem A).
Fonte: Rose et al., 2005.
A compressão de nervo periférico pode ocorrer por efeito de massa local 
(neoplasias e hematomas). A síndrome do túnel do carpo provoca edema do 
nervo mediano, que pode ser visibilizado ao exame ultrassonográfico.
A desmielinização também pode ocorrer após traumatismo ou inflamação. 
Nesses casos, o nervo apresenta-se de contornos pouco definidos e de 
ecogenicidade diminuída. A comparação com o contralateral é de grande valia 
para o diagnóstico final.
44
UNIDADE III
ULTRASSONOGRAFIA 
ABDOMINAL EM 
PEQUENOS ANIMAIS
CAPÍTULO 1
Conceitos básicos da ultrassonografia 
abdominal
Interpretação da imagem e terminologia
É de grande importância reconhecer ultrassonograficamente a textura dos órgãos e 
a terminologia usada pelos operadores referente à imagem gerada durante o exame 
ultrassonográfico. A posição normalmente é descrita observando-se a relação entre 
órgãos adjacentes e a arquitetura vascular da região. Os contornos dos órgãos são 
ditos irregulares quando as superfícies demonstram irregularidades diversas, que 
podem ser descritas como serrilhadas, macro e micronodulares, etc. Quando uma 
estrutura não tem forma, denomina-se amorfa. 
As áreas de alta intensidade de ecos são denominadas ecogênicas/hiperecogênicas 
(ecos brancos e brilhantes, normalmente indicativo de doença em um parênquima 
homogêneo). As áreas de baixa intensidade de ecos são denominadas 
hipoecogênicas (imagem cinza). As áreas que não produzem nenhum tipo 
de eco são denominadas anecoicas/anecogênicas (área negra no monitor). 
Considera-se uma imagem isoecoica quando a ecogenicidade tecidual é a 
mesma das estruturas adjacentes similares (KEALY; McALLISTER, 2005). 
A sequência do aumento de ecogenicidade dos tecidos e substâncias 
corporais é a seguinte: tecidos e substâncias corporais; bile; urina; 
medula renal; músculo; córtex renal; fígado; gordura de reserva; baço; 
próstata; seio renal; gordura

Outros materiais