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32
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES
CAMPUS DE ERECHIM
CURSO DE BIOMEDICINA
ÉRICA FÁTIMA RACHELLE
POTENCIAL TERAPÊUTICO E FARMACOLÓGICO DA CANNABIS SATIVA E OS OBSTÁCULOS PARA SUA LEGALIZAÇÃO NO BRASIL NA PRÓXIMA DÉCADA
ERECHIM - RS
2021
ÉRICA FÁTIMA RACHELLE
POTENCIAL TERAPÊUTICO E FARMACOLÓGICO DA CANNABIS SATIVA E OS OBSTÁCULOS PARA SUA LEGALIZAÇÃO NO BRASIL NA PRÓXIMA DÉCADA
Projeto de pesquisa elaborado na disciplina de Metodologia Cientifica, Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Erechim.
Orientador(a): Idanir Ecco
ERECHIM-RS
2021
1. INTRODUÇÃO
A Cannabis sativa é uma planta usada para inúmeras finalidades, entre elas o uso recreativo é o mais conhecido e leva o usuário a ter efeitos de disforia, alucinações, pensamentos anormais, despersonalização, sonolência entre outros. Esses efeitos são causados por um dos compostos da planta, o Δ9-tetrahidrocanabidiol (Δ9-THC), mas além deste composto, a Cannabis sativa contém o canabidiol (CBD) que possui potencial terapêutico, usado em quadros de ansiedade, epilepsia, distúrbios do sono, além de conter propriedades anti-inflamatórias e anticonvulsivante.
Apesar das propriedades medicinais de espécies de Cannabis serem conhecidas há séculos, os últimos anos foram marcados por um ressurgimento do interesse nos compostos da planta para fins terapêuticos. Estudos recentes têm gerado evidências quanto ao potencial anticonvulsivante do canabidiol, auxiliando no tratamento da epilepsia e a apresentando também bons resultados no tratamento de doenças psiquiátricas ou neurodegenerativas, como esclerose múltipla, esquizofrenia, mal de Parkinson, ansiedade, por exemplo.
Ainda que estudos apontem vantagens no uso da maconha para fins medicinais, no tratamento de determinadas enfermidades, outros estudos debatem os efeitos deletérios dos derivados canabinoides para o uso recreativo. Nesse contexto, os obstáculos para a legalização da Cannabis sativa para fins terapêuticos são grandes, já que ainda se encontra instaurado na sociedade uma visão de que a planta possui só fins recreativos e que os pacientes que fizessem seu uso estariam expostos aos seus malefícios. Assim, o presente projeto, partindo do problema ‘Qual é o potencial terapêutico e farmacológico da Cannabis sativa e quais obstáculos encontrados para sua legalização no Brasil na próxima década?’, reúne informações sobre os diferentes derivados canabinoides e seus potenciais efeitos terapêuticos e farmacológicos. Além de elucidar e diferenciar os efeitos de cada composto derivado da C. sativa, expondo seus malefícios e benefícios e busca discutir os obstáculos para a legalização do seu uso no Brasil, nos próximos anos.
2. JUSTIFICATIVA
	Em virtude da relevância do tema e por ainda ser um assunto pouco discutido e polêmico, torna-se necessário esclarecer que a Cannabis sativa não se limita somente ao uso recreativo, mas que também possui grande potencial terapêutico e farmacológico aplicado a várias patologias. Nesse cenário, é importante elucidar e diferenciar os efeitos do composto derivado da Cannabis sativa, principalmente do canabidiol e delta-9-tetra-hidrocanabinol, esclarecendo seus efeitos no organismo, tanto os benéficos quanto os maléficos. 
	O presente trabalho se justifica em expor e esclarecer principalmente o potencial medicinal do canabidiol, principal composto da planta com poder terapêutico e farmacológico, muito usado em tratamentos de patologias como epilepsia, esclerose múltipla, esquizofrenia, mal de Parkinson e ansiedade. Assim se torna necessário esclarecer que diferente do delta-9-tetra-hidrocanabinol, ao fazer uso do canabidiol o paciente não estará sujeito aos efeitos recreativos e, consequentemente não ficará ‘chapado’.
	Desse modo, o projeto foi idealizado com o propósito de apresentar à sociedade o poder medicinal da Cannabis, já citado acima, para que a visão que a planta se remete somete a uma droga seja descontruída, para que futuramente as pessoas criem uma ‘mente mais aberta’ em relação ao seu uso medicinal. Nesse contexto, é importante também expor o cenário para sua legalização no Brasil e os obstáculos político-sociais encontrados para tal.
 
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
	Expor e esclarecer, após um levantamento bibliográfico, o potencial terapêutico e farmacológico da Cannabis sativa no tratamento de diversa doenças.
3.2 Objetivos Específicos
· Identificar e diferenciar os principais compostos da Cannabis Sativa, listando seus efeitos no organismo.
· Apresentar o poder medicinal do canabidiol no tratamento de diversas doenças.
· Exibir e discutir sobre os obstáculos para a legalização da Cannabis sativa no Brasil na próxima década.
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1 História da Cannabis sativa
A Cannabis sativa é um arbusto da família Moraceae, conhecido pelo nome de “cânhamo da Índia”, que cresce em várias partes do mundo, em regiões tropicais e temperadas. Na ponta dos pelos secretores localizados principalmente nas folhas da planta feminina de Cannabis sativa, existem glândulas de resina que contém uma quantidade considerável de compostos ativos quimicamente relacionados, chamados canabinóides.
Desde 4.000 antes de Cristo já se conhecia as fibras Cannabis sativa na China e em muitas culturas antigas como chinesa, indiana e tibetana as sementes e os frutos eram usados para tratar uma variedade de doenças incluindo distúrbios gastrintestinais, convulsões, malária, dor do parto, picadas de cobra e outros. Os assírios, consideravam a Cannabis sativa como seu principal medicamento e a chamavam de acordo com sua utilização: qunnabu, quando a planta era utilizada em rituais religiosos e ganzigunnu, o qual significava "a droga que extrai a mente". Na Índia há descrições do seu uso há mais de 1.000 anos antes de Cristo como hipnótico e tranquilizante no tratamento de ansiedade, mania e histeria. No início do século XX, extratos de Cannabis sativa chegaram a ser comercializados para tratamento de transtornos mentais, como sedativos e hipnóticos para insônia, "melancolia", mania, entre outros. No momento a Cannabis sativa está entre as drogas mais utilizadas na sociedade principalmente por suas propriedades euforizantes, que são geralmente acompanhadas da diminuição da ansiedade e aumento da sociabilidade, mas além dessas propriedades euforizantes também já foram descritas reações contrarias após a utilização da planta como: ansiedade, pânico e psicoses (PERNONCINI; OLIVEIRA, 2014).
Segundo Oliveira e Lima (2016), a entrada da Cannabis sativa no Brasil se deu pelos escravos africanos na época da descoberta, por volta do ano de 1500, e seu uso era apenas para fins recreativos, uma vez que se desconhecia seu potencial terapêutico. Na metade do século XIX chegou ao Brasil a notícia do uso medicinal da maconha, mas na década de 1930 começou a repressão da maconha e foi proibido desde seu plantio até o seu consumo. O canabidiol (CBD), composto da Cannabis sativa foi isolado a partir do extrato da maconha na década 1940 por Adams. Na década de 1960 o canabidiol (CBD) teve a sua estrutura química elucidada professor Raphael Mechoulam, de Israel.
A quantidade de estudos acerca do canabidiol vem aumentando significativamente. Tais publicações apresentam concordância entre si e dizem que o canabidiol apresenta efeitos terapêuticos em várias patologias. Os resultados são positivos para propriedade ansiolítica, antipsicótica, diabetes, HIV/AIDS, glaucoma, retinopatia diabética, câncer e dentre outras doenças.
4.2 Propriedades químicas e farmacológicas da Cannabis sativa
Apesar do uso da Cannabis sativa para fins terapêuticos ser uma prática milenar, somente nas últimas décadas as pesquisas passaram a compreender de forma mais clara os mecanismos de ação que medeiam os efeitos amplamente conhecidos desta planta. Na maconha existem 400 substâncias estudadas, mas apenas 60 compostos da maconha são considerados canabinóides. Oscanabinóides são classificados em dois grupos, sendo canabinóides psicoativos, em que se encontra o delta novetetraidrocanabinol (Δ9-THC); e não psicoativos, em que se destacam ocanabidiol (CBD) e o canabinol. 
A ação dos derivados canabinoides (CBD e THC) no organismo decorre mediante a presença de um sistema endocanabinoide endógeno, que inclui os receptores canabinoides (CB1 e CB2), endocanabinoides como a anandamida (AEA - N-araquidonoyletanolamina) e 2-araquidonoil-glicerol (2-AG), enzimas envolvidas em sua síntese e metabolismo como a amida hidrolase de ácidos graxos (FAAH) para anandamida, e a lipase monoacilglicerol (MAGL) para 2-AG; e um transportador endocanabinoide. Esses endocanabinoides são sintetizados sob demanda modo pós-sináptico por meio de precursores lipídicos, e são capazes de atuar como mensageiros retrógrados. Os níveis de anandamida e 2-AG na sinapse são regulados por suas enzimas (FAAH e MAGL) e pelo transportador endocanabinoide. Anandamida, 2-AG, FAAH e o receptor CB1 são expressos em áreas cerebrais, que compõem o sistema límbico como a amígdala, núcleo accumbens, hipocampo e córtex pré-frontal, responsáveis pela expressão do estresse, medo, emoções e recompensas 
Diferentemente, os receptores CB2 são expressos principalmente nos tecidos imunes periféricos, como baço, linfonodos e medula óssea, nas células B, macrófagos e micróglias, onde a ativação pode levar a respostas imunossupressoras. Sua expressão nos neurônios do Sistema Nervoso Central é limitada e inclui o tronco cerebral e hipocampo, onde a ativação pode afetar a excitabilidade neuronal.
Neste sentido, o sistema endocanabinoide é responsável por uma série de processos fisiológicos regulatórios, agindo, por exemplo, nos processos inflamatórios, regulação do apetite, metabolismo, equilíbrio de energia, termogênese, desenvolvimento neurológico, função imune, função cardiovascular, digestão, plasticidade sináptica e aprendizagem, dor, memória, doença psiquiátrica, movimento, nocicepção/dor, comportamento psicomotor, ciclos de sono/vigília, regulação do estresse e emoção
Dentre as variedades da Cannabis sativa, o canabinóide principal é o componente psicoativo da planta, Δ9-tetrahidrocanabinol (Δ9-THC), com influência sobre o cérebro, sendo essa influência complexa e dose-dependente. Este componente é responsável pelos sintomas psicóticos, o que é compatível com o efeito de aumentar o fluxo pré-sináptico de dopamina no córtex pré-frontal medial. Atualmente o Δ9-THC é utilizado para tratar náuseas e vômitos que ocorrem em tratamentos do câncer e para ajudar os pacientes com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) a aumentar o apetite e a manter o peso. Apesar disto, estudos em animais mostraram que o Δ9-THC pode destruir as células imunitárias e tecidos do corpo que ajudam a proteger contra as doenças, aumentando assim a probabilidade das doenças ocorrerem. Outra limitação do possível uso do Δ 9-THC pode ser representado por seus efeitos adversos, principalmente a nível do sistema nervoso central (SNC) que consiste principalmente de anormalidades perceptivas, disforia, alucinações, pensamento anormal, despersonalização e sonolência.
O CBD é uma das substâncias encontradas na planta, representando mais de 40% do extrato e difere do THC – principal canabinoide psicoativo da maconha, já que o CBD não produz euforia nem intoxicação. O THC é extraído do composto ácido tetrahidrocanabinólico (THCA) forma inativada, não apresentando efeitos psicoativos, embora tenha propriedades neuroprotetoras. O THC é a forma mais ativa de canabinoide produzindo alterações características de humor e de percepção.
No Brasil, as discussões sobre o uso dos compostos canabinóide para fins terapêuticos tiveram suas primeiras interpretações na década de 1970 e contribuíram com a ampliação das pesquisas sobre o uso medicinal da planta. Os primeiros trabalhos sobre os efeitos terapêuticos da Cannabis desenvolvidos no país foram liderados pelo médico Elisaldo Luiz de Araújo Carlini. Estas pesquisas ajudaram a compreender a interação existente entre os canabinóides, demonstrando que os efeitos da Cannabis não poderiam ser explicados apenas pela ação do ∆9-THC. Em um desses estudos de interação, em voluntários saudáveis, verificou-se que o CBD atenuou significantemente a ansiedade e os efeitos psicoticomiméticos produzidos por doses elevadas de ∆9-THC, sugerindo que o CBD poderia ter efeitos ansiolíticos e/ou antipsicóticos. Iniciava-se, assim, uma linha de investigação que vem sendo seguida até hoje. No contexto atual, as pesquisas sobre a utilização dos compostos da Cannabis sativa para fins terapêuticos têm retomado seu campo de debate, evidenciado a necessidade de ampliação das discussões sobre os aspectos médicos, éticos e sociais relacionados a utilização dos medicamentos compostos a bases da Cannabis sativa. Os medicamentos à base dos compostos canabinoides vem sendo considerado como uma alternativa promissora para o tratamento de inúmeras morbidades em muitos países. No Brasil, a introdução destes fármacos ainda é recente e os seus impactos sobre a saúde encontra em processo de formulação no âmbito das políticas públicas. 
Nesta perspectiva, mesmo existindo inúmeras evidências científicas sobre o potencial terapêutico da Cannabis, os desafios para conseguir acesso às terapias têm se mostrado latentes tanto para as famílias, quanto para os pacientes que dependem destes medicamentos. Trata-se, portanto, de um tema em evidencia, cujas pesquisas ainda se mostram em um estágio embrionário. Nesta perspectiva, é justamente pela necessidade em se analisar como esta questão vem sendo discutida que surge interesse pelo desenvolvimento deste trabalho, cuja abordagem integra um problema de natureza social e, portanto, passível de novos apontamentos (RIBEIRO; NERY; COSTA; OLIVEIRA; VAZ; FONTOURA; ARRUDA, 2021).
4.3 Efeitos da Cannabis sativa no organismo
4.3.1 Efeitos neuropsíquicos
De acordo Ribeiro, Nery, Costa, Oliveira, Vaz, Fontoura e Arruda (2021), o tratamento do medo e das fobias refratárias pode envolver de forma crucial a modulação do sistema canabinoide. Outros estudos apontam resultados promissores envolvendo o bloqueio (genético ou farmacológico) da transmissão no receptor canabinoide 1 (CB1), com papel de inibir a extinção do medo.
Esses receptores são expressos abundantemente em áreas do cérebro associadas à memória, como hipocampo e córtex pré-frontal e podem modular o medo. A administração de derivados canabinoides em humanos demonstrou a extinção e proteção contra a reintegração do medo. Contudo, outros estudos investigaram principalmente os efeitos do THC que diminuiu as medidas fisiológicas do medo durante a extinção e recordação, embora o uso do THC não seja adequado para pacientes fóbicos, em função da diversidade de efeitos psicoativos causados. Em contrapartida, o CBD interage com receptores cerebrais incluindo os receptores canabinoides 1 e 2 (CB1 e CB2), o receptor transitório vaniloide tipo 1 (TRVP1 transient vanilloid receptor subtype-1) e o receptor de serotonina 1A (5-HT1A, um subtipo de receptor 5-HT receptor 5-hidroxitriptamina) que inibe ou afeta de outras formas a função da enzima que degrada endogenamente neurotransmissores canabinoides liberados (amida hidrolase de ácido graxo – FAAH – fatty acid amide hydrolase). Pesquisas pré-clínicas indicam que o CBD aumenta a extinção e a reconsolidação do medo, e os antagonistas do CB1 bloqueiam tais efeitos. Estudos sugerem o potencial uso do CBD para aumentar especificamente a extinção de medos patológicos, com a vantagem de poder ser administrado ocasionalmente. Exemplo disso, foi que em situações de medo de falar em público pessoas que fizeram uso do canabidiol demonstraram considerável efeito.
 Todavia, o THC não se mostrou eficaz quando usado de forma isolada, apenas quando associado ao CBD. Os efeitos comportamentais do THC são alterados pela coadministração de outros compostos, atenuando seus efeitos psicoativos (sedativo e ansiogênico) e potencializando osefeitos potencialmente terapêuticos, como por exemplo, a diminuição da ativação da amígdala em resposta a imagens de rostos associados a ameaças. Contudo, os estudos indicam que não é preciso o uso a longo prazo para alívio do medo aprendido, e que o CBD ao ser administrado de forma isolada é potencialmente eficaz.
Esses achados representam uma alternativa de tratamento para pacientes com Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), cuja característica fundamental é uma falha na extinção das memórias de medo que contribuem para o desenvolvimento e a persistência do trauma, acarretando uma resposta patológica condicionada ao medo de forma prolongada. Nesse sentido, a ação dos derivados canabinoides sobre os receptores CB1 pode ser uma opção. Reduz de forma seletiva o disparo dos neurônios de medo, e leva a uma melhora das memórias de extinção. Os canabinoides podem assumir um papel de adjuvante em terapias para transtornos de ansiedade, uma vez que indivíduos saudáveis ao receber THC mostraram significativo aprimoramento da memória de extinção devido a ativação do córtex pré-frontal e hipocampo ventromedial. Essas estruturas modulam os chamados circuitos pré-frontal-límbicos importantes para a extinção do medo. O THC também demonstrou efeitos sobre a conectividade funcional entre o núcleo basolateral da amígdala e o córtex pré-frontal em situações de ameaça socioemocional, reduzindo a percepção dessas.
4.3.2 Tratamento da ansiedade e efeito antipsicótico
 
O efeito ansiolítico do CBD deriva da redução da expressão das respostas de defesa, como diminuição das respostas pressoras e taquicárdicas. Isso ocorre devido a potente ação de ativador dos receptores serotoninérgicos, em especial o 5-HT1A pelo qual tem maior afinidade se comparado ao 5-HT2A. Estudos já demonstraram que a ativação do receptor 5-HT2A pode acarretar sintomas de psicose, ao invés de ansiolíticos. Por outro lado, o CBD pode ter efeito inibitório sobre a enzima FAAH, podendo provocar alívio dos sintomas psicóticos em pacientes com esquizofrenia (RIBEIRO; NERY; COSTA; OLIVEIRA; VAZ; FONTOURA; ARRUDA, 2021).
4.3.3 Efeito no desempenho cognitivo
Pesquisa relatam que o CBD desempenha efeito neuro protetor por desempenhar importante papel na neurogênese e na plasticidade sináptica. Resultado disso é uma melhora no desempenho cognitivo, principalmente relacionado a memória, menos sintomas psicóticos e aumento da substância cinzenta no hipocampo. Estudos em animais observaram que o CBD foi capaz de aumentar a neurogênese e a sobrevivência das células do hipocampo. Além disso, tratamento para dependentes de maconha usando o canabidiol como um adjuvante aos tratamentos psicológicos mostrou benefícios como menor sensação de euforia ao fumar. Com isso, fica evidente que o canabidiol tem potencial de conferir efeitos terapêuticos consideráveis sobre doenças neurológicas (RIBEIRO; NERY; COSTA; OLIVEIRA; VAZ; FONTOURA; ARRUDA, 2021).
4.3.4. Efeito sobre o sistema de estresse e recompensa
O eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, relacionado a resposta ao estresse, pode ser alterado pelo sistema endocanabinoide, e de forma contrária, o estresse pode induzir a sinalização de endocanabinoides (eCBs) nas regiões do cérebro que estão relacionadas com respostas do comportamento, como hipotálamo e amígdala. Os canabinoides alteram a quantidade de eCBs nos locais do cérebro que estão relacionados a recompensa, uma vez que modulam a transmissão sináptica no sistema límbico, incluindo a amígdala, hipocampo e córtex orbitofrontal, controlando os efeitos de vários estímulos recompensadores ambientais (RIBEIRO; NERY; COSTA; OLIVEIRA; VAZ; FONTOURA; ARRUDA, 2021).
4.4 Efeitos antiepilépticos
O canabidiol pode ser uma alternativa favorável para pacientes portadores de epilepsia que não apresentam resposta aos tratamentos disponíveis, levando em consideração que o composto pode impedir a ocorrência de danos cerebrais nos pacientes. O óleo de Cannabis sativa se mostrou eficaz na redução da frequência de crises em crianças com epilepsia infantil grave, como a síndrome de Dravet, uma epilepsia farmacorresistente conhecida por estar associada a altas taxas de mortalidade. Essa síndrome é uma forma de epilepsia grave com muitos tipos de convulsões que começa no primeiro ano de vida. A maioria dos indivíduos afetados têm mutações de perda de função no gene SCN1A, além das convulsões os indivíduos afetados exibem atraso no desenvolvimento, anormalidades de movimento e equilíbrio, atraso no desenvolvimento da linguagem, distúrbios do sono e perturbações do sistema nervoso autônomo.
O CBD desempenha efeito anticonvulsivante significativo no tratamento das síndromes de Lennox-Gastaut e Dravet, em parte por direcionar correntes de sódio ressurgentes em vez de correntes transitórias de pico geradas pelos canais para sódio dependente de voltagem, bem como a corrente ressurgente e persistente aberrante geradas pelos canais mutantes de Nav1.6. A terapia adjuvante de canabinoides pode reduzir a frequência de convulsões para a síndrome de Dravet em 22,8% e para a síndrome de Lennox-Gastaut em 18,8%,. Outros achados importantes foram a diminuição significativa da frequência de convulsões, melhora no padrão de sono, e melhora cognitiva.
Outros estudos mostram que o uso do CBD com a finalidade de reduzir a frequência de crises em crianças com epilepsia intratável, vem reforçando a necessidade de cautela por parte de médicos e pesquisadores. Observa-se uma farmacocinética não linear entre os pacientes da faixa etária pediátrica, suscitando preocupação com relação à segurança, principalmente quanto a interação medicamentosa. O CBD e o THC são capazes de exercer efeito inibitório sobre as enzimas envolvidas na metabolização de muitos anticonvulsivantes, e isso inclui as isoenzimas CYP2C e CYP3A; somado a dificuldade de fornecer uma dose terapêutica baseada em evidências. A potencial intoxicação é outro fator conflitante, em função de que a administração oral resulta em níveis sistêmicos baixos de THC, associado a um alto efeito de primeira passagem, a uma lenta absorção no trato gastrointestinal, e a maior distribuição no sistema nervoso central.
Porém, esse potencial tóxico atribuído principalmente ao THC e seus derivados metabólitos, pode ser atenuado se usado de forma concomitante com o CBD. Alguns estudos têm sugerido que o CBD pode ter efeito sinérgico com os benzodiazepínicos de ação prolongada (clobazam ou clonazepam) no controle de convulsões em crianças. Durante uma situação de crise convulsiva o estado hiperexcitável sustentado dos neurônios pode resultar em perda de função e/ou morte celular, além de acarretar lesão cerebral isquêmica devido ao estado de despolarização neuronal sustentada. Contudo, tem sido cada vez mais demonstrado que o sistema canabinoide pode desempenhar um papel substancial de neuroproteção na epilepsia, assim como em uma variedade de doenças neurodegenerativas e lesões cerebrais traumáticas
Modelos de convulsões induzido pelo ácido caínico em camundongos, os endocanabinoides exerceram uma ação neuroprotetora pela ativação do receptor CB1 hipocampal pré-sináptico para inibir a liberação excessiva de glutamato e, assim, dificultar a excitotoxicidade subsequente. A morte celular excitotóxica também foi limitada após a superexpressão condicional de receptor CB1 em um modelo agudo de convulsões induzido por ácido caínico nos camundongos. Os canabinoides são candidatos neuroprotetores para lesão cerebral induzida por crises convulsivas. Entretanto, o papel neuroprotetor não se limita a inibição de injúrias excitotóxicas, é apoiado pela inibição de danos oxidativos induzidos por radicais livres, pela regulação da via de sinalização PI3K/Akt/GSK-3, pelo aumento da microcirculação cerebral e pelo efeito protetor da função microglial (RIBEIRO; NERY; COSTA; OLIVEIRA; VAZ; FONTOURA; ARRUDA, 2021).
4.5 Efeitos analgésico e anti-inflamatório
Segundo Ribeiro, Nery, Costa, Oliveira, Vaz, Fontoura e Arruda (2021), os casos de dor neuropática ou central associadasa esclerose múltipla pode ser uma opção de tratamento para pacientes que não responderam aos tratamentos convencionais. Embora não exista estudos que indiquem esse tratamento, é sabido que algumas patologias relacionadas a dor respondem razoavelmente ao uso dos canabinoides, principalmente as do segmento cefálico, como na dor neuropática orofacial. Contudo, para uso sistemático ainda precisa de mais estudos.
Em relação a dor crônica os tratamentos atuais não são totalmente eficazes e acompanham efeitos colaterais mais ou menos graves. O THC pode ser uma possibilidade de tratamento para dor abdominal crônica causada por pancreatite crônica, à qual é considerada dentro da prática clínica como sendo de tratamento complicado. Foi evidenciado que pacientes que fizeram uso de uma única dose de THC apresentaram redução da intensidade da dor quando comparados àqueles que faziam uso de opioides, propondo que o THC pode ter um efeito aditivo no tratamento da dor, e infere-se que esse composto pode atuar sinergicamente com opioides. Os canabinoides mostraram-se também eficazes na redução da dor em pacientes com distúrbios musculoesqueléticos, fibromialgia, dor associada a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e outras condições de dor crônica.
O canabidiol pode ser uma opção de aplicação terapêutica anti-inflamatória para o sistema nervoso central. Um estudo com camundongos submetidos a tratamento experimental com canabidiol mostrou redução da apoptose mediada por caspase-3 resultante de lipopolissacarídeos (LPS) e inflamação mediada por interferon-γ (IFN-γ); redução da morte celular induzida por estresse do retículo endoplasmático instigado pela tunicamicina; e redução do descolamento de células e produção de espécies reativas de oxigênio em resposta ao peróxido de hidrogênio. A inflamação nesses casos está associada a uma série de patologias incluindo neurodegeneração, acidente vascular cerebral e desmielinização.
4.6 Efeitos sobre a doença de Parkinson, distúrbios e doença desmielinizante
A doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo mais comum após a doença de Alzheimer, e leva a prejuízos na função e na qualidade de vida causando sintomas motores e não motores. Derivados canabinoides são utilizados no tratamento de pacientes com DP severamente afetados, em que a terapia padrão mostra-se ineficaz para controlar de forma adequada os sintomas da doença. Administração crônica de THC após a lesão unilateral dos neurônios dopaminérgicos nigroestriatais promoveu uma recuperação importante no comprometimento da transmissão dopaminérgica causada pela toxina diminuindo a morte celular dopaminérgica. Há também ativação do receptor CB2R, o qual possui efeito anti-inflamatório, gerando possível potencial neuro protetor na DP.
Apesar de pouca ou nenhuma eficácia nos sintomas motores da DP, há melhora dos sintomas não motores, como acinesia, tremor em repouso, discinesia, bradicinesia, rigidez muscular. Contudo, poucos ensaios clínicos foram realizados para avaliar tal eficácia, e os realizados são heterogêneos em relação a aspectos do estudo, como o subtipo de canabinoide utilizado, concentração, tempo de avaliação, via e curso de administração, necessitando de padronização nos ensaios clínicos.
A complicada interação entre dopamina e endocanabinoides elucida a organização desses sistemas na doença de Parkinson. Estudos evidenciaram atividade aprimorada de eCB nos gânglios da base, envolvendo níveis aumentados de mRNA de CB1, atividade de CB1, níveis de N-araquidonoyletanolamina (AEA) e diminuição da depuração de canabinoide. Uma quantidade aumentada de AEA foi encontrada no líquido cefalorraquidiano de pacientes com DP não tratados. Além disso, houve expressão maior de receptores CB1 nos gânglios da base. Tais alterações estão relacionadas a abolição de movimento nesta patologia. Dentre várias funções do CBD a alteração da condutância da porina mitocondrial vem sendo bastante estudada. O VDAC1 exerce função importante na DP, sendo essencial para a degradação das mitocôndrias. Esse processo gera a diminuição dos neurônios dopaminérgicos responsáveis pelas alterações de movimento características da DP. Desta forma, o VDAC1 pode relacionar-se a ação do CBD nos distúrbios do movimento.
O CBD também age como inibidor dos canais de cálcio dependentes de tensão do tipo T. A expressão desse canal é bastante acentuada nas células de Purkinje em roedores com ataxia, levando a regulação prejudicada da função motora. Diversos estudos em roedores evidenciaram que os tremores palatinos, parkinsonianos e essenciais dependem da condutância VGCC tipo T. Esses tremores desaparecem com o bloqueio do canal pela zonisamida, antagonista seletivo do VGCC tipo T. Como os VGCCs do tipo T são bloqueados pelo CBD, esse canabinoide pode ser usado no tratamento destas patologias. A doença de Huntington (DH) é uma patologia cerebral hereditária rara que causa degeneração progressiva dos neurônios, com comprometimento da função motora associada a interferência cognitiva e psíquica, cujos sintomas se desenvolve na meia-idade. Os componentes derivados da Cannabis mostram-se eficazes na melhora dos sintomas de agitação e outras alterações psiquiátricas da doença. Contudo, a presença de receptores endocanabinoides no estriado, local que modula a transmissão de GABA e a liberação de glutamato, propõe função de controle dos movimentos involuntários excessivos (coreoatetose ou distonia) na DH.
Na investigação sobre os efeitos dos canabinoides em doenças desmielinizantes foi usado um modelo de camundongo com encefalomielite autoimune experimental. A micróglia é parte integrante do complexo neuroimune das doenças desmielinizantes e os receptores CB2 são expressos tornando-se regulados quando a micróglia é ativada. Os endocanabinoides 2-araquidonoilglicerol (2-AG) e N-araquidonoyletanolamina (AEA) direcionam a micróglia para o estado alternativo de ativação anti-inflamatória de macrófagos M2 e afastam da polarização pró-inflamatória clássica M1, que faz com que a micróglia regule positivamente as próprias enzimas sintetizadoras de 2-AG, e o acúmulo microglial de 2-AG depende primordialmente da sinalização do receptor CB2, encontrado em abundância nessas células.
O acúmulo microglial 2-AG promove ainda a diferenciação das células precursoras de oligodendrócitos e o bloqueio de sua degradação pode ser útil para combater a desmielinização, como no caso da encefalomielite autoimune experimental. Portanto, a promoção do sistema endocanabinoide como via de tratamento pode contribuir para a gliogênese maturando os OPC e pode ainda ter efeito neutralizador sobre a desmielinização como observada em pacientes com epilepsia intratável (RIBEIRO; NERY; COSTA; OLIVEIRA; VAZ; FONTOURA; ARRUDA, 2021).
4.7 Efeitos sobre o trato gastrointestinal 
 	O trato gastrointestinal (TGI) é composto por diversos receptores canabinoides e seus ligantes endógenos, os quais são responsáveis pelo controle da homeostase intestinal. Em todo o TGI são encontrados receptores CB1, sendo predominantes no sistema nervoso entérico e no revestimento epitelial. Os receptores CB2 são achados principalmente nos imunócitos, nos neurônios do plexo mioentérico e nas células epiteliais durante a colite ulcerosa. Além dos receptores CB, existem outros receptores responsivos a endocanabinoides, receptores 55 acoplados a proteína G e o canal TRPV1.
A motilidade intestinal é afetada quando se faz uso de canabinoides devido a ação destas substâncias sobre os receptores CB1 localizados nos neurônios entéricos. Ao promover a ativação desse receptor ocorre a inibição da liberação do neurotransmissor acetilcolina, promovendo redução da contratilidade do músculo liso intestinal e do peristaltismo, além da redução na produção e secreção de ácido gástrico. A diminuição na motilidade intestinal gerada por esse processo pode ser positiva para pacientes com hipermotilidade intestinal, e a inibição da síntese endocanabinoide pode ajudar nos distúrbios intestinais relacionados a constipação.Ao antagonizar o receptor CB1 é possível inibir a acomodação gástrica induzida pelas refeições, mostrando que o processo de acomodação pode ser controlado por endocanabinoides e estas substâncias podem ser efetivas no controle da dispepsia funcional.
Derivados canabinoides podem ser utilizados para tratar vários sintomas intestinais associados a Doença Inflamatória Intestinal, como náuseas, frequência de fezes e dor abdominal. Também influencia positivamente no apetite e o ganho de peso. Estas alterações podem interferir indiretamente na inflamação intestinal e possivelmente na microbiota. O CBD aumenta a concentração de Anandamida (ANA) ou N-araquidonoyletanolamina (AEA), neurotransmissor componente do sistema canabinoide endógeno que interrompe a proliferação e liberação de citocinas pelos linfócitos T, principalmente pelo receptor CB2. O THC age como um agonista fraco do receptor CB1 e, por meio dessa via, também pode interromper a proliferação de células T, as mesmas células Th1 pró-inflamatórias que produzem IFNγ e estão fortemente envolvidas na patogênese da DII. 
O THC eleva as concentrações das citocinas IL-10 e TGFβ, responsáveis por regular as células T. Assim, o THC ao diminuir a proliferação de células T pode melhorar a regulação dessa função. Além disso, o CBD e o THC apresentam efeitos antioxidantes sobre as células de ilhotas pancreáticas envelhecidas. O tratamento com esses compostos foi eficaz em aumentar a liberação de insulina e a expressão de Pdx1, Glut2 e tiol, que reflete em um envelhecimento saudável dessas células, em razão da diminuição das espécies reativas de oxigênio (RIBEIRO; NERY; COSTA; OLIVEIRA; VAZ; FONTOURA; ARRUDA, 2021).
4.8 Cuidados paliativos e tratamento do câncer 
Contudo, os estudos relatam que os canabinoides tendem a ter efeitos anticâncer, em vez de efeitos cancerígenos, além de efeitos colaterais leves e interações medicamentosas mínima. Há evidências clínicas que apoiam o uso desses compostos no tratamento e modulação de sintomas comuns entre os pacientes com câncer, como náuseas e vômitos, perda de apetite, dor e neuropatia periférica associada à quimioterapia. Porém, a recomendação é limitada para alívio de sintomas como distúrbios gastrointestinais, ansiedade e distúrbios do sono, ao mesmo tempo em que é controverso o uso em relação ao comprometimento cognitivo, a ansiedade, adepressão e a fadiga relacionados ao câncer.
O CBD também vem sendo utilizado para o tratamento de diversos tipos de câncer. Muitos estudos demonstraram que o CBD possui efeitos antiproliferativos, pró-apoptóticos e inibidor da migração de células de cancro, interferindo também na adesão e invasão destas células, sendo esses efeitos uteis para o tipo de tratamento. Os canabinoides diminuem a proliferação das células do câncer de cólon por meio da apoptose ativando receptores CB1/CB2 ou através de mecanismos independentes do receptor. Ao induzir ativação de CB1/CB2 estas substâncias sintetizam ceramida esfingolipídica pró-apoptótica, regulam negativamente a survivina (proteína que inibe a apoptose), inibem a sinalização PI3K/Akt e promovem estresse no retículo endoplasmático gerando a morte celular por autofagia. Todavia, estudos sugerem que as enzimas degradantes dos endocanabinoides atuam na progressão do câncer de cólon, pois a adesão e a migração de células cancerígenas do cólon, que possuem alto potencial de metástase, tiveram diminuição após o tratamento com canabidiol ou um inibidor da GPR55 - G protein-coupled receptor 55.
Os canabinoides têm sido utilizados como apoio para pacientes que em radioterapia ou quimioterapia, pois os compostos melhoram sintomas gerais e efeitos colaterais associados a estes tratamentos, como nos casos de melanoma. Estudos sugerem que o CBD tem potencial para ser aplicado como complemento dos tratamentos atuais. Retardou de forma significativa a progressão do tumor e embora a cisplatina tenha retardado ainda mais este crescimento, a observação concluiu que o CBD possui melhor tolerabilidade. Estes resultados apontam o uso médico de canabinoides como influenciador negativo do crescimento do melanoma em roedores, prolongando o tempo de sobrevida e melhorando a qualidade de vida, este pode ser o início para que sejam realizados estudos em modelos humanos, a fim de determinar se existe ou não benefícios do uso do CBD no melanoma humano.
Pesquisas sugerem a utilização médica de canabinoides no campo da oncologia por interferir na qualidade de vida e na saúde geral desses pacientes, diminuindo o período de tratamento e consequentemente seus custos, além de minimizar os efeitos colaterais dos agentes terapêuticos e da quimioterapia. A Cannabis pode ser usada ainda no tratamento de efeitos colaterais do câncer como náusea, vômitos e anorexia (RIBEIRO; NERY; COSTA; OLIVEIRA; VAZ; FONTOURA; ARRUDA, 2021).
4.9 Outras aplicações terapêuticas 
O glaucoma é uma patologia que afeta os olhos é uma pressão intraocular (PIO) regulada pela quantidade de fluidos aquosa que está presente nos olhos, chamado de humor aquoso. É um fluido que circula livremente pelos olhos e passa por pequenos canais na periferia da íris, em transição com a córnea. O fechamento destes canais impede a circulação normal deste líquido elevando a pressão do olho, que a solução dessa patologia se dá por meio de cirurgias e tratamento com químicas. Estudo feito por Barreto (2002) mostra que Cannabis sativa atua facilitando a drenagem do excesso de humor aquoso e, portanto, diminui a pressão dos olhos sem efeito colateral tóxico. O autor afirma que para obter o resultado descrito a Cannabis tem que ser ingerida ou fumada. O canabidiol vem sendo estudo no tratamento da diabetes, entretanto, os estudos ainda não são conclusivos. A diabetes é uma patologia onde os níveis séricos de glicose estão acima do limiar, que varia de 69 a 99 mg/dl, e que tem origem genética ou ambiental, ou seja, o paciente nasce pré-disposto a desenvolver diabetes ou adquire conforme seu hábito alimentar.
A diabetes tipo I é uma doença autoimune, onde as células betas do pâncreas são atacadas pelo próprio sistema imune. Estudo realizado por Zuardi (2008) evidenciou que o canabidiol (CBD) tem efeito anti-inflamatório, capaz de reduzir a produção de citocinas e inibi a atividade dos linfócitos T. O uso do canabidiol (CBD) em pacientes com diabetes tipo 1 teve resultado satisfatório em 86% dos casos, onde os níveis séricos de citocinas próinflamatórias foram diminuídos. Outra patologia que possa ter um tratamento com o canabidiol e associada com a diabetes é a retinopatia diabética (RD), a qual pode ser dividida em leve, moderada e severa. A retinopatia tem um fluxo sanguíneo alterado na retina, tendo uma vasodilatação, assim seguido de uma hemorragia ocasionando um edema muscular, que quando não tratado leva ao agravo da doença. Estudo realizado por Pernocini e Oliveira (2014) nota o canabidiol agindo como antioxidante, inibindo os efeitos lesivos da retinopatia diabética.
Indivíduos, soro positivos para a AIDS afirmam que fumar a Cannabis sativa ajuda no alívio da ansiedade, melhora no apetite, no sono e inibem a candidíase oral, e pesquisadores relatam que a Cannabis sativa age no organismo de um indivíduo soropositivo, como antidepressivo, aumentando a serotonina (OLIVEIRA; LIMA, 2016).
4.10 Malefícios do uso da Cannabis sativa
Para Oliveira e Lima (2016), alguns dos efeitos colaterais imediatos e mais comuns associados ao consumo da maconha são aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial e alterações no fluxo cerebral. Além disso, pessoas que usam maconha regularmente por algum tempo, podem sofrer distúrbios de memória e habilidade de processar informações complexas, distúrbios do sistema respiratório, pela constante presença da fumaça nos pulmões, aumento do risco de desenvolver câncer de pulmão. É importante ainda referir que a maconha, se usada com frequência, torna-se um fator de risco para o desenvolvimento de depressão grave, transtornos psicóticos e deficiências cognitivas irreversíveis, e causatolerância e dependência psíquica.
Além disso, quanto mais cedo a pessoa inicia o uso da maconha, mais malefícios tem para o corpo e, caso tenha havido exposição intrauterina, os malefícios ainda são maiores, pois atua no cérebro em desenvolvimento do bebê.
O uso abusivo da maconha de forma recreativa ou de forma terapêutica sem prescrição médica pode ocasionar efeitos adversos no organismo, sendo os principais efeitos a secura da boca, olhos avermelhados e taquicardia. O uso crônico da maconha afeta vários órgãos, principalmente o pulmão, tornando o indivíduo mais suscetível às doenças respiratórias como a bronquite e, pelo excesso de hidrocarboneto presente na fumaça produzida pelos cigarros de maconha, é possível o desenvolvimento de um câncer, hipótese ainda não comprovada.
Além disso, a utilização da maconha de forma crônica pode atingir outros órgãos, como o fígado, importante para a metabolização da maconha, os rins e intestino, importante para sua excreção. Por serem altamente lipossolúveis, os compostos da maconha interagem com outros órgãos como o cérebro, e o déficit de aprendizagem é um dos efeitos colaterais associados. No homem há uma redução da testosterona, levando a uma baixa produção de espermatozoides.
4.11 Legalização da Cannabis sativa no Brasil
A primeira menção histórica sobre a proibição da Cannabis foi em 1764. O imperador francês Napoleão Bonaparte invadiu o Egito. Como citamos acima, essa civilização já fazia uso da Cannabis para vários fins e seus soldados tiveram contato com a planta. Observando que o consumo diminuía a agressividade de seus homens, Napoleão proibiu o uso alegando efeito exatamente oposto ao observado, ou seja, afirmou que aumentava a agressividade e transformava o usuário em um selvagem.
A despeito deste posicionamento, a Cannabis seguiu se espalhando pela Europa e chegou à América, junto com navios que aportavam no novo mundo vindos de Portugal, Espanha e outras nações do velho continente, além daqueles que partiam da África, carregados de pessoas escravizadas.
Há relatos que relacionam o crescimento da indústria farmacêutica com a criminalização da Cannabis. No período de 1914 a 1918, quando ocorreu a Primeira Guerra Mundial, os medicamentos alopáticos ganhavam espaço de forma exponencial. Nos campos de batalha, médicos de exércitos da Tríplice Entente carregavam consigo kits com 13 diferentes tipos de comprimidos, amplamente distribuídos aos soldados para amenizar suas dores e doenças.
Mais ou menos na mesma época, nos anos 1920, foi criada nos Estados Unidos a Lei Seca, proibindo produção e comercialização de bebidas alcoólicas. Com esta restrição, a Cannabis, até então restrita a minorias mexicanas, entrou na vida de muita gente. 
Em meio à crise econômica de 1929, tiveram início no sul do país, boatos de que a droga dava força sobre-humana aos mexicanos, constituindo uma vantagem injusta na disputa pelos escassos empregos. Foi neste cenário que o chefe da Divisão de Controle Estrangeiro do Comitê de Proibição, Henry Aslinger, ganhou protagonismo e tornou a guerra contra as drogas quase uma missão pessoal. Ele se aproveitou dos muitos boatos para iniciar a perseguição à Cannabis.
Depois que o álcool voltou a ser permitido, em 1930, o governo criou o Departamento Federal de Narcóticos (FBN, da sigla em inglês), para combater o uso de cocaína e ópio. Aslinger se tornou chefe do FBN e incluiu a Cannabis na lista de substâncias proibidas. Há desconfianças, porém, de influência da indústria do papel nesta decisão de Aslinger. A fibra obtida a partir do cânhamo, uma espécie da Cannabis, pode ser usada na fabricação de tecidos, papel, cordas, resinas e combustíveis. Desta forma, competia diretamente com seu produto.
Há ainda o fato de que Anslinger era casado com a sobrinha de Andrew W. Mellon, dono da gigante petrolífera Gulf Oil e um dos principais investidores da igualmente gigante DuPont. Nos anos 1920, a empresa estava desenvolvendo vários produtos a partir do petróleo: aditivos para combustíveis, plásticos, fibras sintéticas como o náilon e processos químicos para a fabricação de papel feito de madeira. Esses produtos tinham uma coisa em comum: disputavam mercado com o cânhamo.
Em 1933, com o fim da Lei Seca, a indústria do álcool também passou a ser uma força contra a Cannabis, pois o uso recreativo da planta concorria diretamente com seus produtos. Quatro anos depois, foi promulgada a lei de imposto sobre a maconha, o Marijuana Tax Act, visando coibir o uso adulto e manter o uso medicinal. Porém, na prática, tornava impossível a sua prescrição.
Entre 1916 a 1937, jornais e revistas iniciaram forte propaganda associando a Cannabis a crimes, desemprego e preconceito racial. Essa campanha ficou conhecida como “Reefer Madness”, em referência a um filme muito famoso e que contribuiu para disseminar um clima de terror ligado à planta. O resultado foi a proibição em todo território norte-americano, em 1937, quando chegou a ser descrita como a droga mais violenta do planeta. Com tantas leis dificultando ou proibindo, até mesmo, o uso medicinal, sob pena de prisão inclusive para médicos, a utilização da planta foi caindo na Europa e nas Américas e, em 1942, a Cannabis foi excluída da farmacopeia norte-americana. Em 1961, na Convenção Única sobre Entorpecentes, a Organização das Nações Unidas (ONU) sugeriu ações coordenadas e universais contra as drogas, adicionando a Cannabis a esse contexto.
No início da colonização, cultivar Cannabis chegou a ser uma prática incentivada pela Coroa Portuguesa, que enxergava no cânhamo um grande potencial para comércio. Com o passar dos anos, o consumo da Cannabis como substância psicoativa passou a se disseminar entre pessoas escravizadas e indígenas. No final do século 19, seu uso passou a ser recomendado por médicos no tratamento de bronquite, asma e insônia.
Entretanto, os olhares positivos para a planta não duraram muito e foi ainda no mesmo século, mais precisamente em outubro de 1830, que a Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou a “Lei do Pito do Pango”, estabelecendo três dias de cadeia aos “escravos e outras pessoas” que fumassem maconha.
Já no século 20, o psiquiatra sergipano Rodrigues Dória publicou artigos na imprensa e um livro, associando o uso da planta a uma suposta degeneração moral e consolidando na sociedade brasileira a imagem negativa sobre a Cannabis e seus usuários.
A partir de 1930, muito influenciado pelos Estados Unidos, o Brasil começou a reprimir o uso e a associar a planta ao preconceito racial. Assim, o consumo de Cannabis se tornou uma forma de criminalizar a população negra. A proibição em nível federal veio em 1938, durante a ditadura Vargas, por meio da Lei de Fiscalização de Entorpecentes (THEGREENHUB, 2020).
Para Cicolin (2021), o ponto de partida para compreender a situação da Cannabis no Brasil é o ano de 2006, por meio da atual Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), que previu em seu artigo 2º, parágrafo único, a possibilidade de a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita de plantas vegetais como a maconha, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, o que nunca ocorreu desde a vigência da referida lei.
Em 2011, o Supremo Tribunal Federal, por meio do julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 187, reconheceu a legitimidade e constitucionalidade do movimento Marcha da Maconha, garantido a seus apoiadores o livre exercício do direito de reunião e expressão, o que contribuiu para colocar o tema ao menos em debate para a sociedade, ainda que estudos acadêmicos remontem desde a década de 1970 sobre os benefícios da planta.
Seguindo a discussão na sociedade, foi a vez de o Conselho Federal de Medicina (CFM), por meio da Resolução nº 2.113, aprovar, no ano de 2014, o uso compassivo do canabidiol para o tratamento de epilepsias de crianças e adolescentes refratárias aos tratamentos convencionais, prevendo uma série de obrigações tanto para os médicos prescritores quanto aos responsáveis legais dos pacientes.
No ano seguinte, em 2015, a Anvisapublicou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 03, que atualizou a Lista de Substâncias Sujeitas a Controle Especial, prevista na Portaria SVS/MS nº 344/98, com a inclusão do canabidiol, bem como RDC nº 17, em que definia os critérios e os procedimentos para a importação, em caráter de excepcionalidade, de produtos à base de canabidiol em associação com outros canabinoides, por pessoa física, para uso próprio, mediante prescrição de profissional legalmente habilitado, para tratamento de saúde.
Em nova atualização da Portaria SVS/MS nº 344/98, no ano de 2016, a Anvisa permitiu o registro de medicamentos derivados da Cannabis sativa em concentração máxima de 30 mg de tetrahidrocannabinol (THC) por mililitro e 30 mg de canabidiol por mililitro, motivado pela fase final do procedimento de registro do medicamento Mevatyl.
Em vista dessas atividades normativas, no ano de 2017, por meio da RDC nº 156, a Anvisa incluiu a Cannabis sativa na Denominação Comum Brasileira como planta medicinal, permitindo um manuseio mais claro e preciso na área da farmacopeia brasileira. No ano de 2019, a Anvisa publicou a RDC nº 327, que trata sobre os procedimentos para a concessão de autorização sanitária para a fabricação e importação, bem como os requisitos para a comercialização, prescrição, dispensação, monitoramento e fiscalização de produtos de Cannabis sativa para fins medicinais — de uso humano.
Paralelo à regulação pela Anvisa, o ano de 2021 ainda reservou a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei (PL) nº 399/2015, que propõe alterar o artigo 2º da Lei de Drogas, justamente para viabilizar o plantio, fabricação e a comercialização de medicamentos que contenham extratos, substratos ou partes da planta Cannabis sativa em sua formulação.
O PL foi aprovado em regime de apreciação conclusiva pela comissão especial formada para tratar o assunto na Câmara dos Deputados e deveria seguir diretamente para o Senado Federal para discussão e votação nessa casa, mas houve a interposição de recurso por um grupo de deputados e agora o PL deverá ser votado em plenário.
De volta para o futuro, o ano de 2022 impactará diretamente no caminho que o país seguirá para regular o uso da Cannabis para fins medicinais, especialmente em virtude do calendário político.
A expectativa para os defensores do uso medicinal continua sendo a possibilidade de autorizar a plantação da Cannabis em território nacional para fins medicinais, o que certamente traria inúmeros benefícios aos país, como o desenvolvimento do agronegócio e toda sua cadeia de suprimentos; novos estudos científicos e novas tecnologias de medicamentos pela indústria; além da arrecadação de tributos e geração de empregos, mas, principalmente, na possibilidade de redução de custos e ampliação de tratamento médico aos inúmeros pacientes que hoje necessitam da Cannabis.
5.0 METODOLOGIA
Este trabalho é uma revisão integrativa da literatura que reúne informações relevantes sobre uma temática definida e discute os resultados observados com fundamento científico. Uma revisão integrativa sintetiza resultados obtidos em pesquisas, de maneira ordenada e abrangente, integrando o conhecimento sobre um determinado tema. O estudo foi realizado com auxílio de pesquisa bibliográfica onde foram selecionados artigos que tiveram identificação com o tema por meio de busca eletrônica em sites e em bancos de dados de artigos científicos, seguindo os procedimentos metodológicos de identificação de autores e obras, leitura, fichamento, análise e sistematização.
A coleta de dados foi realizada em março de 2022, com os seguintes critérios de inclusão: artigos originais ou de revisão, completos que investigaram o tema, publicados no período de 2014 a 2021, sem restrição de idioma de publicação. Foram excluídos os artigos de opinião, carta ao editor, e que não atendessem aos critérios de inclusão descritos. A primeira etapa foi identificar os estudos e se preenchiam os critérios estabelecidos, passando por uma seleção inicial das publicações realizada com leitura do título e resumo disponível. Após essa etapa, os estudos previamente selecionados foram lidos na íntegra, empregando os critérios de inclusão e exclusão, para análise e obtenção das informações necessárias para a construção do presente estudo. 
6.0 CRONOGRAMA
	ATIVIDADE
	2022
	
	MAR
	ABR
	MAI
	JUN
	JUL
	Encontro com o orientador
	 X
	X
	X
	X
	X
	Levantamento de literatura
	 X
	
	
	
	
	Montagem do projeto
	
	X
	
	
	
	Coleta de dados
	
	X
	X
	
	
	Tratamento de dados
	
	
	X
	X
	
	Elaboração do relatório final 
	
	
	
	X
	
	Revisão de texto
	
	
	
	
	 X
	Entrega do texto
	
	
	
	
	X
7.0 ORÇAMENTO 
	Descrição 
	Quantidade
	Valor Unitário R$
	Total
	Folhas A4
	500
	R$ 20,00
	R$ 20,00
	Pen drives
	1
	R$ 60,00
	R$ 60,00
	CD
	1
	R$ 3,00
	R$ 3,00
	Cópias de Xérox 
	100
	R$ 0,50 
	R$ 50,00
	Encadernação 
	4
	R$ 5,00
	R$ 20,00
	Revisão linguística
	1
	R$ 90,00
	R$ 90,00
	Revisão metodológica
	1
	R$ 70,00
	R$ 70,00
8.0 CONCLUSÃO 
Ainda nos tempos mais antigos a maconha já era conhecida por ter um potencial terapêutico, mesmo com seu mecanismo de ação desconhecido e ainda sendo usada para tratamento de amplo espectro, pois na época a melhora clínica já era bastante significativa. Várias culturas e países fizeram o uso desta como medicamento. Atualmente a Cannabis sativa é vista com maus olhos, pois as pessoas ainda desconhecem sua ação terapêutica. Todavia, os avanços científicos demonstram que a Cannabis sativa é uma opção de tratamento para diversas patologias.
Embora existam vários estudos em andamento, os mecanismos de ação exatos dos compostos presentes na maconha ainda são desconhecidos, mostrando que ainda há muito o que se evoluir nessa área. Entretanto, as pesquisas sobre a Cannabis sativa abrem caminho para a esperança de familiares aflitos sem a resposta terapêutica para as doenças de seus parentes, onde o canabidiol se destaca como tratamento de diversas doenças.
Estudos mostram que o canabidiol auxilia no tratamento da ansiedade, esquizofrenia, epilepsia, câncer, HIV, diabetes, artrite reumatoide, dentre outras patologias, contudo, o acesso a esta substância era permitido somente após autorização judicial. Atualmente, a Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) retirou o canabidiol da lista de substâncias de uso proscrito, e a aquisição do medicamento contendo CBD deverá ser feita com receita médica de duas vias. Além disso, o Conselho Federal de Medicina autorizou o uso do canabidiol em crianças e adolescentes que sejam resistentes aos tratamentos convencionais.
Mesmo que a legalização esteja tomando forma no Brasil, o caminho a ser percorrido é árduo. Muito se deve pela Cannabis sativa conter um pré-conceito formado pela sociedade, a qual não vê lado algum que venha a ser positivo, achando assim que a única utilidade dessa planta é para os efeitos alucinógenos, que vem a partir da utilização “inadequada” da planta. Consequentemente, sua liberação ainda é um tabu na sociedade, tornando o processo ainda mais lento. Porém, com o aumento das discussões acerca do assunto, principalmente em projetos de leis e o maior acesso à informação nos últimos anos a tendência é que futuramente a Cannabis sativa seja tratada muito mais por um fármaco do que por uma droga ilícita.
10. REFERÊNCIAS
CICOLIN, Paulo Daniel. A pauta legal do uso medicinal da cannabis no Brasil em 2022. 2021. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2021-out-06/cicolin-pauta-uso-medicinal-cannabis-brasil-2022. Acesso em: 23 nov. 2021.
OLIVEIRA, Kauanna Lamartine Brasil; LIMA, Thaís Palma Silva. CANNABIS SATIVA: POTENCIAL TERAPÊUTICO. 2016. 30 f. Monografia (Especialização) - Curso de Biomedicina, Faculdade São Lucas, Porto Velho-Ro, 2016. Disponível em: http://repositorio.saolucas.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/1710/Kauanna%20Lamartine%20Brasil%20Oliveira%20-%20Cannabis%20sativa%20-%20potencial%20terap%C3%AAutico.pdf?sequence=1. Acessoem: 23 nov. 2021.
PERNONCINI, Karine Vandressa; OLIVEIRA, Rúbia Maria Monteiro Weffort de. USOS TERAPÊUTICOS POTENCIAIS DO CANABIDIOL OBTIDO DA Cannabis sativa. Revista Uningá Review, Maringá-Pr, v. 3, n. 20, p. 101-106, 12 nov. 2014. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20141208_074707.pdf. Acesso em: 20 nov. 2021.
RIBEIRO, Gabriela Ramos; NERY, Lara Gomes; COSTA, Ana Cláudia Maia Mendonça da; OLIVEIRA, Gustavo Silva; VAZ, Rodolfo Lopes; FONTOURA, Humberto de Sousa; ARRUDA, Jalsi Tacon. Potencial uso terapêutico dos compostos canabinoides – canabidiol e delta-9- tetrahidrocanabinol. Research, Society And Development, Anápolis, v. 10, n. 4, p. 2-11, 10 abr. 2021. Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/13844-Article-184177-1-10-20210410.pdf. Acesso em: 20 nov. 2021.
THEGREENHUB (Sao Paulo). A evolução da cannabis: por que ela se tornou ilegal? 2020. Disponível em: https://www.thegreenhub.com.br/a-evolucao-da-cannabis-por-que-ela-se-tornou-ilegal/. Acesso em: 15 nov. 2021.

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