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Thais Alves Fagundes PARACOCCIDIOIDOMICOSE ETIOLOGIA Paracoccidioides brasiliensis: • Adquirido por via respiratória. • Termodimorfismo: para resistir ao processo inflamatório e à defesa imunológica do hospedeiro. o Levedura: 33 a 37°C → fungo em vida parasitária (tecidos infectados e lesões – leme de navio). o Micélio filamentoso: 19 a 28°C → forma de vida saprofítica do fungo na natureza (hifas e produz conídios, elementos de resistência e de propagação da espécie – esporos assexuados). RESERVATÓRIO Fungo encontrado em solo argiloso ou arenoso, úmido e em climas temperado ou quente FATORES DE RISCO • Atividades agrícolas relacionadas ao manejo do solo e a moradia em meio rural. • Indivíduos do sexo masculino, entre 30-49 anos, que são ou foram trabalhadores rurais (doença ocupacional). • Indecência menor em indivíduos do sexo feminino: o Proteção conferida pelos estrógenos, que inibem a transformação de micélio e conídios em leveduras. o Menor envolvimento com o trabalho em área rural. • Infecção oportunista por P. brasiliensis é diagnosticada em imunodeprimidos (HIV) FISIOPATOLOGIA Infecção: • Inalação de conídios produzidos pela fase micelial do Paracoccidioides brasiliensis. • Infecta alvéolos pulmonares e transformam-se em células leveduriformes – dimorfismo térmico (36 a 37°C). • Multiplicam-se por brotamento múltiplo. Presença do patógeno no pulmão: • Alveolite: o Inicialmente caracterizada por resposta inflamatória neutrofílica. o Substituída por infiltrado linfomononuclear, composto por linfomononucleares e macrófagos. o 6ª semana: presença de granulomas epitelioides. o 20ª semana: disseminação para linfonodos, fígado e baço. • Pulmão: o Granulomas podem estar presentes, quase sempre com numerosos fungos. o Presença de processo inflamatório, predominantemente mononuclear, no interior dos alvéolos. o Fungos fora ou no interior de macrófagos. o Em geral, bilateral e resulta no aspecto de “asa de borboleta” na radiografia. o Fibrose pulmonar pode se acentuar e representa a sequela mais importante da doença. o Outros aspectos: lesões miliares (ou micronodulares), nodulares e cavitações podem ser observados. Infecção e a sobrevivência do fungo no pulmão: • Paracoccidioidomicose infecção: infecção assintomática. • Paracoccidioidomicose-doença. • Paracoccidioidomicose residual ou sequelar: formação de um foco latente ou quiescente. Mecanismos de defesa contra o Paracoccidioides brasiliensis: resposta por ativação do TH1 que leva à síntese de citocinas. Forma mais grave (aguda/subaguda ou crônica): predomínio de resposta TH2, com ativação de linfócitos B. Imunidade celular: • Alterações imunitárias secundárias à micose: depressão da imunidade celular. o Queda no número de linfócitos T-helper circulantes. o Queda na secreção de linfocinas. o Queda na produção de ativadores de macrófagos, particularmente do interferon-γ. • Papel fundamental do linfócito T na defesa imunológica contra o Paracoccidioides brasiliensis. o Imunossuprimidos: reativações de infecções latentes, formas progressivas e disseminadas da doença • Fagocitose por neutrófilos ou por células do sistema fagocítico-mononuclear (macrófagos). • Sistema de complemento resulta em fagocitose macrofágica mais eficiente. Imunidade humoral: • Contagem dos linfócitos B está normal. • Ativação policlonal com aumento nos níveis de imunoglobulinas (IgG, IgA, IgE). o Atuarão na opsonização do agente infeccioso com o sistema de complemento. Thais Alves Fagundes QUADRO CLÍNICO Sintomas gerais: indisposição, mal-estar, anorexia e emagrecimento, sem febre (considerada sinal de gravidade). Pulmão: • Dispneia progressiva. • Tosse e expectoração mucosa, podendo ser hemóptica. • Dissociação clínico-radiológica: comprometimento pulmonar assintomático, mesmo na presença de extensas lesões pulmonares na radiografia de tórax Linfonodos: adenopatia subclínica (linfonodos considerados normais ao exame clínico). Mucosa das vias aerodigestivas superiores: • Lesões de fossas nasais, cavidade oral, orofaringe, hipofaringe e laringe. • Rouquidão, odinofagia, disfagia, ardor na garganta, dispneia. Pele: lesões cutâneas únicas ou múltiplas, esparsas ou agrupadas. Localizadas frequentemente na face. Aparelho digestivo: sialorreia, disfagia, halitose, dor abdominal, empachamento, queimação e alterações intestinais. Sistema nervoso central: síndrome convulsiva. Ossos e articulações: envolvimento articular com manifestações clínicas de dor e impotência funcional, aumento de volume e de temperatura ao exame físico. Insuficiência suprarrenal crônica: indisposição, cansaço, anorexia, emagrecimento, hipotensão, náuseas, vômitos, diminuição da potência sexual e libido. EXAMES COMPLEMENTARES Fase aguda/subaguda: • Diagnóstico: identificação microscópica do fungo Paracoccidioides brasiliensis (histopatológico ou biópsia). o Amostras biológicas: trato respiratório, gânglios, lesões cutâneas e mucosas. • Confirmação do diagnóstico: o Cultura isolamento e identificação do fungo por cultivo de material clínico. o Sorologia: detecção de anticorpos anti-P. brasiliensis. • Hemograma: anemia normocítica e normocrômica e eosinofilia • Velocidade de hemossedimentação (VHS) e Proteína C-reativa (PCR) aumentados. • Diminuição dos níveis de albumina. • Hipergamaglobulinemia: elevação dos níveis de γ-globulina e α2 -globulina. Fase crônica: • Diagnóstico: identificação microscópica do fungo Paracoccidioides brasiliensis em exame direto. o Levedura com brotamentos múltiplos (roda de leme). o Amostras: raspado de lesões cutaneomucosas, em secreção purulenta de gânglios linfáticos. • Sorologia: detecção de anticorpos anti-P. brasiliensis. • Exames complementares para avaliação de órgãos específicos: o Radiografia de tórax: ▪ Infiltrado reticulonodular bilateral, simétrico, no terço médio de ambos os pulmões ▪ Aspecto “asa de borboleta”. ▪ Padrões: miliar ou micronodular; nodular; infiltrativo; pneumônico; cavitário; e fibroso. o Ressonância magnética e cintilografia no comprometimento ósseo. o Exame de líquido cefalorraquidiano. o Tomografia computadorizada e ressonância magnética no acometimento de encéfalo e meninges. • Hemograma: o Anemia normocítica e normocrômica. o Leucocitose discreta, com neutrofilia e desvio à esquerda, na forma crônica grave. o Eletrólitos alterados se comprometimento adrenal: hipercalemia, hiponatremia e hipocloremia. TRATAMENTO Medidas gerais: • Repouso • Tratamento de doenças associadas, entre as quais a verminose é a mais frequente. • Supressão da ingestão alcoólica e o controle do tabagismo. • Tratamento da desnutrição: dieta hiperproteica e hipercalórica, suplementação vitamínica e, se indicada, nutrição parenteral. Tratamento medicamentoso: Ambulatorial: Itraconazol ou Cotrimoxazol Thais Alves Fagundes CRITÉRIOS DE CURA Critérios clínicos: ausência ou regressão dos sinais e sintomas da doença. • Cicatrização das lesões tegumentares. • Involução das adenomegalias. • Estabilização do peso corporal. Critérios micológicos: negativação do exame micológico direto. Critérios radiológicos: • Opacidades pulmonares, inicialmente de padrão nodular, micronodular ou cavitário. • Transformam-se em imagens de padrão intersticial, indicando cicatrização e fibrose das lesões pulmonares. Critérios imunológicos: • Método sorológico para detecção de anticorpos mais empregado é a reação de IDD. • Negativação do título de anticorpos ou sua estabilização em valores baixos (1:1 a 1:4). • Avaliações sorológicas devem ser realizadas a cada 2 ou 3 meses. CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS CLÍNICAS PARACOCCIDIOIDOMICOSE Forma regressiva Forma progressiva Progressão das lesões primárias, quando a imunidade não é capaz de combater o fungo Forma residual (sequelas) Tipo mais benigno Assintomática Oligossintomática (pulmões)Cura mesmo sem tratamento Aguda/subaguda: duração ~ 2 meses Comprometimento do sistema fagocítico mononuclear (hipertrofia de linfonodo, hepato/esplenomegalia, medula óssea) Crônica: adultos > 30 anos, duração > 6 meses Acometimento pulmonar Acometimento das mucosas das vias aerodigestivas superiores - Adenomegalia superficial (formas moderadas e graves) - Comprometimento abdominal ou digestivo (formas graves) - Comprometimento ósseo (formas graves) - Outras manifestações clínicas (formas graves ou moderadas) - Leve - Moderada - Grave Aguda ou subaguda: • Formas moderadas • Formas graves o Possibilidade de um comprometimento leve nunca é considerada. o Instalação rápida da doença e intenso comprometimento do sistema fagocítico mononuclear sugerem grande depressão da resposta imune celular específica. Thais Alves Fagundes Crônica: CRÔNICA LEVE (todos os critérios presentes) CRÔNICA MODERADA CRÔNICA GRAVE (três critérios presentes) Bom estado geral e nutricional Comprometimento moderado do estado geral e nutricional Intenso comprometimento de seu estado geral e nutricional Emagrecimento menor que 5% do peso corpóreo normal Emagrecimento, com perda de 5% a 10% de seu peso corpóreo normal Emagrecimento acima de 10% de seu peso corpóreo normal Acometimento pulmonar leve ou ausente Acometimento pulmonar intenso (manifestações respiratórias e a radiografia de tórax alterada) Acometimento tegumentar, em especial da mucosa das VADS, discreto ou ausente Acometimento tegumentar com lesões tegumentares graves Adenomegalia, limita-se às cadeias do segmento cefálico e é do tipo inflamatório não supurativo Adenomegalia, não se limita às cadeias cervicais e é do tipo tumoral ou supurativo Não apresentam manifestações clínicas de comprometimento de outros órgãos, aparelhos e sistemas Não apresentam manifestações clínicas de comprometimento de outros órgãos, aparelhos e sistemas Comprometimento de outros órgãos, como adrenais, sistema digestório, ossos e sistema nervoso central Baixos níveis séricos de anticorpos anti-P. brasiliensis Moderados níveis séricos de anticorpos anti- P. brasiliensis Altos níveis séricos de anticorpos anti-P. brasiliensis OBS.1: indivíduos que apresentam quase todos os critérios de forma leve, tendo forma moderada, porém muito próximos da forma leve, são classificados como forma “leve para moderada” da doença. OBS.2: indivíduos que apresentam um ou dois dos critérios de forma grave, tendo a forma moderada, porém muito próximos da forma grave, são classificados como forma “moderada para grave” da doença.
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