Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Thais Alves Fagundes ABORDAGEM SINDRÔMICA DAS ISTs INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS • Grande problema de saúde pública. • Causada por mais de 30 agentes etiológicos: vírus, bactérias, fungos, protozoários. • Alta morbidade e baixa mortalidade. • Transmitidas sexualmente. o Facilitam a transmissão do HIV. o Neoplasia. o Complicações mais graves em mulheres: ▪ Infertilidade, sepse (doença inflamatória pélvica). ▪ Risco de transmissão congênita. ▪ Abortamento, má formação. • Muitos casos assintomáticos. ABORDAGEM SINDRÔMICA Diagnóstico sindrômico: • Identificação de um conjunto de sinais e sintomas facilmente reconhecíveis. • Que se apresentam para definir uma entidade mórbida, que pode ser produzida por causas muito diversas. o Diferentemente do diagnóstico etiológico. Tratamento sindrômico: • Tratar os principais organismos responsáveis por determinada síndrome. Vantagens: • Abordagem mais ágil, prática, rápida e barata. o Não necessita exames. Síndromes (ISTs): • Úlceras genitais: sífilis, cancro mole, herpes genital, donovanose. • Corrimento uretral: gonorreia, clamídia. • Corrimento vaginal: tricomoníase, gonorreia, clamídia. • Verrugas anogenitais: HPV. • Doença inflamatória pélvica: gonorreia, clamídia, outros. Thais Alves Fagundes ÚLCERAS GENITAIS • Lesões ulceradas erosivas • Principais etiologias: o Sífilis: Treponema pallidum o Cancro mole: Haemophilus ducreyi o Herpes simples: Herpes simplex (tipo 2) o Donovanose: Klebsiella granulomatis SÍFILIS Sinonímia: cancro duro, cancro sifilítico, lues. Agente etiológico: Treponema pallidum (bactéria). Transmissão: predominantemente sexual (genital, oral e anal), materno-fetal. Período de incubação: 21 a 30 dias (10 - 90 dias). Risco de infecção: 60% nas lesões de cancro duro e condiloma plano em um intercurso sexual (muito alto). Quadro clínico: Sífilis primária – Cancro duro: • Úlcera: o Rosada, geralmente única. Não dolorosa. o Base dura, fundo liso, limpo e brilhante com secreção serosa escassa. o Localização: ▪ Glande e sulco balanoprepucial (homem). ▪ Colo uterino e vulva (mulher). ▪ Extragenitais (boca e ânus). • Adenopatia regional móvel, indolor, múltipla. o No local de inoculação. o Exemplo: inoculação genital acompanha adenomegalia inguinal. Sífilis secundária: • Sífilis primária evolui para secundária, se não tratada. • Manifesta-se como: o Exantema maculopapular difuso, acometendo tronco, palma das mãos e sola dos pés. o Alopecia do couro cabeludo ou perda de pelos na região da sobrancelha. o Múltiplas lesões em placa, elevada → condiloma lata Thais Alves Fagundes Sífilis terciária: • Sífilis secundária evolui para terciária, se não tratada. • Geralmente ocorrem após 3 a 12 anos de infecção. • Lesões: o Cutaneomucosas: tubérculos ou gomas. o Neurológicas: demência, alterações de comportamento. o Cardiovasculares: aneurisma aórtico ou de artérias cerebrais (acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico). o Articulares: artropatia de Charcot. Curso da sífilis não tratada: • Sífilis primária - Cancro duro: o Surge 90d após o contato o Exames laboratoriais. ▪ Sensibilidade baixa dos exames sorológicos: baixos níveis de anticorpos. ▪ Exame de campo escuro: raspagem da lesão e observação microscópica. o Diagnóstico clínico. Thais Alves Fagundes CANCRO MOLE Sinonímia: cancróide, úlcera mole, úlcera de Ducrey. Agente etiológico: Haemophilus ducreyi (bactéria gram negativo - BGN) Período de incubação: 3 a 5 dias Epidemiologia: 1M:40H Risco de infecção: 80% em um intercurso sexual. Quadro clínico: • Lesões: o Múltiplas e dolorosas. o Bordas irregulares. o Fundo necrótico com secreção fétida e base sangrante. • Adenopatia unilateral dolorosa, liquefação por orifício único (drena secreção para pele). DONOVANOSE Sinonímia: granuloma inguinal Agente etiológico: Klebsiella granulomatis (bactéria) Período de incubação: 30 dias a 60 meses Risco de infecção: baixa infectividade. Quadro clínico: • Duração: > 4 semanas. • Úlcera: o Múltiplas. o Borda plana ou hipertrófica, bem delimitada. o Fundo granuloso e sangrante vegetante ou úlcero-vegetante. ▪ Diagnóstico diferencial com neoplasia. Thais Alves Fagundes HERPES GENITAL Agente etiológico: Herpes simplex virus; DNA vírus. • Tipo 1 (perioral) • Tipo 2 (genital) Transmissão: • Contato sexual (inclusive oro-genital). • Contato direto com lesões ou objetos contaminados. o Penetração em lesão de continuidade. Quadro clínico: • Pode ser assintomático, acompanhado de mal-estar e febre. • Sintomas: o Mudança de sensibilidade o Formigamento o Ardência o Prurido • Lesões: pápulas, vesículas, úlceras, crostas. o Surge eritema com pápulas e vesículas, que se unem. o Formam-se úlceras. o Evolui para crostas. ▪ Precedido por vesícula. • Localização: o Glande e prepúcio (homens). o Pequenos e grandes lábios, fúrcula e colo do útero, clitóris (mulheres). • Caracteristicamente recorrente. o Não há cura. o Reaparecimento dos sintomas após período de latência. Thais Alves Fagundes ABORDAGEM SINDRÔMICA DAS ÚLCERAS GENITAIS Abordagem sindrômica (< 4 semanas): IST Primeira opção Segunda opção Cancro mole Azitromicina 1g (2 cp 500 mg - SUS), VO dose única Ceftriaxona 250mg IM dose única Ciprofloxacino 500mg VO dose única Sífilis primária Penicilina G Benzatina 2,4 milhões UI, IM dose única (2 ampolas, 1,2 UI - SUS) Doxicilina 100mg VO 12/12h por 15 dias Herpes genital Aciclovir 400mg (2cp 200 mg – SUS), VO 3x/dia por 5 (recorrente) ou 7 dias (1ª infecção) (---) Abordagem sindrômica (> 4 semanas): IST Primeira opção Segunda opção Cancro mole Azitromicina 1g VO dose única Ceftriaxona 250mg IM dose única Ciprofloxacino 500mg VO dose única Sífilis primária Penicilina G Benzatina 2,4 milhões UI IM dose única Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 15 dias Donovanose Doxiciclina 100mg, VO 12/12h até cicatrização (pelo menos 3 semanas) Sulfametoxazol / Trimetropim 800/160mg VO 12/12h até cicatrização (pelo menos 3 semanas) • Paciente com queixa de úlcera genital • História ou evidência de lesões vesiculosas: o Sim: tratar herpes genital o Não: tratar sífilis e cancro mole • Lesões com mais de 4 semanas? o Não: tratar sífilis e cancro mole o Sim: tratar sífilis, cancro mole e donovanose. Fazer biópsia. • Aconselhar, enfatizar adesão ao tratamento, convocar parceiros, agendar retorno. • Oferecer anti-HIV, VDRL, sorologia para hepatite B e C. • Vacinar contra hepatite B. • Notificar. Thais Alves Fagundes CORRIMENTO URETRAL OU URETRITES Sinonímia: esquentamento, gonorreia, pingadeira, blenorreia, fogagem, blenorragia, gota matutina, gota militar. Agente etiológico: • Uretrite gonocócica: o Neisseria gonorrhoeae (bactéria intracelular). • Uretrite não gonocócica: o Chlamydia trachomatis (coinfecção 10-30%) o Ureaplasma urealyticum o Micoplasma hominis o Tricomonas vaginalis. Ocorrência universal: gonocócica > não gonocócica Transmissão: • Uretrite gonocócica: o Contato sexual. o Período de incubação: 2 a 5 dias. o Risco de infecção: 50% em um intercurso sexual. • Uretrite não-gonocócica: o Contato sexual o Período de incubação: 14 a 21 dias. o Risco de infecção: 20% em um intercurso sexual. Quadro clínico: • Uretrite gonocócica: o 2-5 dias após o contato sexual ▪ Prurido (1 a 3 dias) ▪ Ardência miccional ▪ Corrimento mucoide / purulento. • Uretrite não-gonocócica: o 14-21 dias após o contato sexual ▪ Prurido (1 a 3 dias) ▪ Ardência miccional ▪ Leve corrimento mucoide/purulento • Sintomas mais leves, 50% forma subaguda. Thais Alves Fagundes ABORDAGEM SINDRÔMICA DE CORRIMENTO URETRAL • Paciente com queixa de corrimento uretral:• Bacterioscopia disponível: o Sim ▪ Diplococos gram negativos • Sim: tratar clamídia e gonorreia. • Não: tratar clamídia. o Não: tratar clamídia e gonorreia • Aconselhar, enfatizar adesão ao tratamento, convocar parceiros, agendar retorno. • Oferecer anti-HIV, VDRL, sorologia para hepatite B e C. • Vacinar contra hepatite B. • Notificar. Primeira opção Segunda opção Uretrite gonocócica e por clamídia não complicada (uretrite e proctite) Ceftriaxona 500mg IM dose única + Azitromicina 500mg VO dose única Cefotaxima 500mg IM dose única Uretrite por clamídia Ceftriaxona 500mg IM dose única Amoxicilina 500 mg VO 3x/dia por 7 dias Amoxicilina 500 mg VO 8/8h por 7 dias Thais Alves Fagundes VERRUGAS ANOGENITAIS – PAPILOMA VÍRUS HUMANO (HPV) Sinonímia: condiloma acuminado, crista de galo, cavalo de crista, verruga genital. Agente etiológico: HPV, DNA-vírus (vírus). Transmissão: essencialmente sexual. Diagnóstico: basicamente clínico, biópsia raramente necessária. Período de incubação: desconhecido. • Pode ficar latente por vários anos (assintomáticos). • Recidiva geralmente ocorre por reativação. • Estão associados a carcinoma. o Pode permanecer assintomático por anos e diagnosticar HPV com o aparecimento da lesão neoplásica. o Realizar o exame citopatológico do colo uterino, que pode demonstrar lesões sugestivas do HPV. Quadro clínico: • Lesões: o Lesões exofíticas (verrugas). o Dolorosas ou não. o Friáveis, pruriginosas. o Únicas ou múltiplas. o Localização: ▪ Glande (aspecto em crista de galo), sulco balanoprepulcial (homem). ▪ Perianal, oral. ▪ Colo uterino, pequenos e grandes lábios (mulher). Tratamento: • Podofilina: 10 a 25% (queimadura química da lesão). • Ácido Tricloroacético (ATA): 80-90% - 1ª opção para gestantes (queimadura da lesão com ácido). • Podofilotoxina: 0,15% • Imiquimod: 5% • Eletrocoagulação (queimadura da lesão por corrente elétrica). • Crioterapia (queimadura da lesão com gás carbônico ou nitrogênio). • Exérese cirúrgica (retirada cirúrgica em caso de lesão extensa). Thais Alves Fagundes ABORDAGEM INTEGRAL DO PORTADOR DE IST • Conversar sobre práticas sexuais, dinâmica dos relacionamentos, fidelidade própria e dos parceiros, violência e coerção sexual. • Evitar linguagem preconceituosa, julgamentos, imposição de valores. • Usar linguagem acessível e franca. • Prover orientação ao paciente num ambiente de privacidade e confidencialidade. • Orientar: o Confidenciabilidade das informações. o Possibilidade de parceiros sem sintomas estarem infectados e as consequências se não tratado. o Possibilidade de reinfecção. o Formas de transmissão e risco da infecção. o Necessidade de atendimento médico e os locais onde consegui-lo. o Necessidade de abstinência sexual até que seja tratado e haja melhora dos sintomas. o Necessidade de uso consistente do preservativo. • Aconselhar e oferecer testagem para HIV, VDRL, hepatite B e C. • Vacinar contra hepatite B. • Enfatizar a adesão ao tratamento. • Orientar conclusão do tratamento mesmo que sinais e sintomas tenham desaparecido. • Oferecer preservativos e orientar sobre as técnicas de uso. • Encorajar o paciente a comunicar a todos os seus parceiros(as) sexuais. • Tratar os parceiros sexuais do caso índice, como portador da mesma síndrome. • Notificar o caso no SINAN.
Compartilhar