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1 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 Abordagem inicial do paciente grave MOV Todos os pacientes encaminhados para a sala de emergência devem ser realizados a monitorização multiparamétrica, oxigenoterapia suplementar e acesso venoso. A monitorização é realizada com PA, oximetria de pulso e cardioscopia. A monitorização invasiva da PA deve ser considerada nas seguintes situações: Instabilidade hemodinâmica persistente ou recorrente. Monitorização de doenças ou tratamentos com PA estabelecida (hipertensão intracraniana, dissecção de aorta). Necessidade de coleta de sangue arterial frequente (pacientes intubados). NÍVEL DE CONSCIÊNCIA A primeira avaliação do paciente grave, sem sinais de traumatismo é avaliar o nível de consciência; Na avaliação inicial do paciente alerta e responsivo, deve ser realizado anamnese e exame físico. Já nos pacientes irresponsivos, deve-se checar pulso, e se presente, realizar a medida de glicemia capilar e correção de possível hipoglicemia. 1. Determinar responsividade Se o paciente estiver de olhos fechados, deve-se tentar determinar se há ou não responsividade a estímulos. Uma abordagem é o toque vigoroso nos dois ombros do paciente, questionando: “Senhor, senhor, o que aconteceu? ”. Se o paciente estiver irresponsivo, rapidamente cheque o pulso e a respiração. Se o paciente não tiver pulso, inicie as manobras de Suporte Básico de Vida. ESCALA DE COMA DE GLASGOW Resposta pupilar inexistente: nenhuma pupila reage à luz (retira 2 pontos). Resposta pupilar parcial: apenas uma pupila reage à luz (retira 1 ponto). Resposta pupilar total: ambas as pupilas reagem à luz (não retira pontos) Resposta Motora: A função motora é avaliada por estímulos nocivos, e é importante distinguir respostas reflexas e o ato motor voluntário. Observa-se a resposta motora com: Observação dos movimentos espontâneos do paciente; Observação dos movimentos apresentados ao estimulo doloroso (leito ungueal, região supraorbitária e esterno). Pesquisa de reflexos, atentando-se a simetria e sinais patológicos (sinal de babinsk). Pesquisa de tônus muscular pela movimentação passiva, com atenção a hipertonia, hipotonia e paratonia. Padrões motores: Hemiparesia dimidiada com comprometimento facial ipsilateral: sugere lesão acima da ponte contralateral. Decorticação: sugere lesão ou disfunção supratentorial extensa. Descerebração: sugere lesão ou disfunção de tronco cerebral. Ausência de resposta motora: sugere lesão periférica, pontina ou bulbar. 2 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 INVESTIGAÇÃO DE ENCECFALOPATIA FOCAL E DIFUSA Pacientes com rebaixamento do nível de consciência e dados sugestivos de lesões focais (hemiplegia, disartria ou anisocoria) devem sempre ser submetidos a exame de imagem. A TC de crânio sem contraste deve ser realizada nos casos em que a etiologia do rebaixamento de consciência não for rapidamente investigada. A realização do liquor é indicada nos casos em que o diagnostico não é feito com o exame de imagem. MANEJO DO PACIENTE COM ALTERAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIENCIA A abordagem deve priorizar as vias aéreas, a respiração e a circulação (ABC). Se houver história ou suspeita de trauma, a coluna deve ser imobilizada. A intubação deve ser considerada nos pacientes inconscientes. Uma das primeiras medidas efetivas é checar a glicemia capilar. Quando não for possível aferir, pode-se realizar empiricamente um bolus endovenoso de 15g de glicose hipertônica (glicose 50% 3 ampolas IV). Em pacientes etilistas ou gravemente desnutridos, o bolus de glicose deve ser precedido por reposição de tiamina 10mmg IV para evitar encefalopatia de Wernicke. Se houver suspeita de hipertensão intracraniana, o paciente deve ser colocado com cabeceira elevada a 30º. A hipotensão deve ser tratada com ressuscitação volêmica com a consideração de uso de vasopressor. Se o rebaixamento for decorrente de intoxicação, pode ser utilizado antídotos específicos (Opióides- naloxone/Benzodiazepínicos-Flumazenil). VIAS AÉREAS E VENTILAÇÃO Após checar responsividade e pulso, deve-se verificar se o paciente está respirando normalmente. Se não, a primeira medida é checar se há obstrução de vias aéreas: Checar qualquer ruído anormal (estridor laríngeo, sibilos etc.). Observar diretamente a cavidade oral à procura de possíveis causas de obstrução (sangue, vômitos, corpo estranho etc.). Procurar por sinais externos de trauma (escoriações ou hematomas, edema ou enfisema subcutâneo). Checar outros sinais de obstrução de vias aéreas (movimentos abdominais paradoxais, uso de musculatura acessória, hipoxemia ocorrem tardiamente e são sinais de extrema gravidade). Excluir a obstrução por queda da língua, elevando o queixo e colocando o paciente em posição de hiperextensão cervical (desde que excluído trauma). Insuficiência respiratória não reversível com tratamento inicial ou hipoxemia persistente (SatO2 < 90%), apesar de oferta de oxigênio suplementar em fluxo adequado, são indicações de intubação orotraqueal (IOT). INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA Insuficiência respiratória aguda (IRpA) é definida pela incapacidade do organismo em realizar trocas gasosas de forma adequada, de instalação aguda, decorrente da disfunção em um ou mais dos componentes do sistema respiratório. É definida gasometricamente por PaO2 < 60 mmHg (ou SpO2 < 90%) ou PaCO2 > 45 ou 50 mmHg. Tipo 1: hipoxêmica (PaO2 < 60 mmHg): – Há falência primária na oxigenação. – Desenvolvida em condições em que a ventilação se encontra preservada: a hipoxemia é decorrente de alteração na relação ventilação/perfusão (V/Q) – efeito shunt ou espaço morto. Tipo 2: hipercápnica (PaCO2 > 45 mmHg): – Hipercapnia é definida como PaCO2 > 45 mmHg. -- Aumento do espaço morto e redução da ventilação minuto são causas comuns de hipercapnia; 3 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 MANEJO DO PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA Suplementação de oxigênio como medida de suporte se hipoxemia; Abordagem direcionada ao fator precipitante. Considerar ventilação não invasiva se: Dispneia moderada a grave FR 24-30 irpm Sinais de aumento do trabalho respiratório. Uso de musculatura acessória. Hipoxemia grave PaO2/FiO2 <200mmHg Considerar utilização de ventilação invasiva em pacientes com alteração de nível de consciência ou falha na terapia com oxigênio suplementar ou VNI. CIRCULAÇÃO A avaliação inicial vai ser feita através dos parâmetros da monitorização. Além disso, no exame físico é importante observar sinais específicos: Bradicardia importante (< 35 bpm). Pulso filiforme. Tempo de enchimento capilar > 4 s. Pele: fria e úmida, com vasoconstrição e cianose. Débito urinário < 0,5 mL/kg/h. Estado mental alterado. A abordagem inicial do paciente em choque inclui encaminhamento à sala de emergência, monitorização cardíaca e oximetria de pulso, oxigênio suplementar (se necessário). Em pacientes com quadro de choque hemorrágico, o controle do sangramento é prioritário.
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