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Prévia do material em texto

FACULDADE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
PSICOLOGIA
ALINE SILVA 
AMANDA SANTOS
NÁDIA VERÇOSA
RESENHA LIVRO:
DIBS – EM BUSCA DE SI 
DE VIRGINIA AXLINE
PORTO ALEGRE,
2022
Introdução
	Virginia Mae Axline, foi uma psicóloga estadunidense, que criou a Ludoterapia, baseado na premissa da psicoterapia centrada no cliente, defendida por Carl Rogers. (GUIRÃO, 2010)
Com psicoterapeuta, Virginia desenvolveu uma psicoterapia não diretiva para crianças e seguia oito princípios básicos, citados em seu livro Ludoterapia, a dinâmica interior da criança ( AXLINE, 1994 p. 23)
- O terapeuta deve ser caloroso e amigável com a criança, afim de estabelecer um rapport o mais rápido possível.
- O terapeuta deve respeitar a criança e dar oportunidade de resolver seus próprios problemas, assumindo a responsabilidade por suas escolhas.
- Deve haver permissividade, afim de que a criança expresse seus próprios sentimentos de forma livre.
- O terapeuta deve estar atento aos sentimentos manifestados pela criança e deve apontá-los para que ele os perceba.
- Os únicos limites que devem ser utilizados são os que contatem a criança com a realidade e os que definam as suas responsabilidades na terapia.
- A criança devera conduzir a terapia. O terapeuta não deve conduzir as falas ou o comportamento da criança.
- O terapeuta aceita a criança como ela é.
-O terapeuta não tenta acelerar a terapias, pois esta é gradual. 
Dibs, em busca de si, foi escrito em 1964 e conta o caso de um menino de 5 anos que estava há 2 anos na escola, mas não se comunicava, não interagia e ainda tinha acessos de raiva. Comportava-se como se tivesse retardo mental. Axline começa então seu processo não-diretivo de Ludoterapia no Centro de Orientação infantil e nos conta detalhadamente com foi este processo.
Desenvolvimento
Dibs, em busca de si mesmo, conta a história de um garoto de 05 anos que não falava, não brincava com outras crianças, não dava sorrisos, e não interagia com os seus colegas e professores, nem sequer tirava o casaco sozinho, ficava apena em um canto da sala se deixassem, e as vezes ficava a manhã toda sem sair do canto da sala, Dibs também brigava na hora de ir embora, ele nunca queria ir. As professoras e psicólogas da escola tentaram por diversas vezes se aproximar dele, mas ele se defendia de forma agressiva, chegando a fazer garras com as mãos e arranhando as mesmas, e a quaisquer pessoas que tentassem se aproximar. 
“Ofereciam-lhe livros, brinquedos, quebra cabeças; enfim, todo tipo de material que lhe pudesse interessar. Dibs nunca recebia nada diretamente de alguém. Se o objeto fosse colocado na mesa ou no chão perto dele apanhava-o depois de certo tempo e o examinava cuidadosamente.” (AXLINE, 1973, p.12)
A pessoas da equipe da escola começaram a achar que Dibs deveria ter algum tipo de retardo mental, algum tipo de déficit ou a família que o negligenciava, pois seus pais não pareciam o dar muita atenção, não estimulavam o desenvolvimento na escola, e muitas vezes nem eram eles que o levavam e buscavam na escola. 
“Às vezes, apresentava indícios de retardamento mental em grau extremo. Outras vezes realizava certas atividades com tanta rapidez e tranquilidade, que evidenciava possuir, de fato, um nível de inteligência superior.” (AXLINE, 1973, p. 5)
As buscas por ajuda com relação a Dibs só começaram quando as agressões de Dibs a outros alunos se tornaram frequentes e começou a causar indignação aos pais, então foi realizado uma reunião com todos da equipe e pais, os mesmo queriam o desligamento do garoto da escola, porém a equipe não queria ser mais pessoas que abandonaram está criança, nesta reunião estava presente a Psicóloga Virginia, ouvindo os relatos que ali eram apresentados a mesma começou a ficar interessada no caso, pois ela acreditava que aquelas ações de Dibs eram relacionados com problemas emocionais e então resolver se envolver e investigar, então pediu que tivesse uma conversa com os pais da criança, e com todas as pessoas da equipe da escola que tiveram contato com Dibs. 
“Estou convencida de que ele está prestes a desabrochar. Não acredito que possa segurar suas defesas por mais tempo. Havia, obviamente, alguma coisa nessa criança que cativava o interesse de todos.” (AXLINE, 1973, p. 8)
Descobriu então um pouco mais sobre a sua vida fora da escola, ele era filho de um cientista e uma cirurgiã famosa, o pai nunca foi presente, ninguém o tinha visto na escola. A mãe o rejeitava. Achava que Dibs atrapalhou a sua carreira, e ainda é fruto de uma gravidez indesejada. Ele tinha uma irmã mais nova, onde era relatada pela mãe como a filha perfeita. Dorothy era "muito inteligente" e uma "criança perfeita". Ela não frequentava a mesma escola. Certa vez, Hedda encontrou-a em companhia da mãe no Central Park. Dibs não estava com elas. Hedda declarou aos professores que, em sua opinião, a "perfeita Dorothy" não passava de uma "pirralha mimada”. Acreditou então que por esses motivos o menino criou, e ficou preso a um mecanismo de defesa se tornando tão agressivo e sem dar abertura para outras pessoas. 
“Ele foi um desgosto... um desapontamento desde seu nascimento. Não tínhamos planejado ter uma criança, sua concepção foi um acidente. Ele desmoronou todos os nossos planos. Eu tinha minha vida profissional também” (AXLINE, 1973, p. 52)
“Já era bem desagradável ter um filh0, mas ter uma criança retardada mental era muito mais do que eu podia suportar. Ficamos envergonhados. Ficamos humilhado.” (AXLINE, 1973, p. 53)
Iniciando então o processo terapêutico Virginia usou métodos da Ludoterapia, que utiliza sala de brinquedos para que Dibs pudesse se expressar através dos objetos.
O primeiro acompanhamento Virginia apenas tentou observar os comportamentos de Dibs, sem nenhuma intervenção, ficou em um canto apenas observando sem contato com o garoto, após observá-lo convidou Dibs para ir com ela até uma sala de jogos que havia na escola, o mesmo o acompanhou, e lá ela o deixou brincar com o que ele quisesse, deixando que ele se expressasse através dos brinquedos.
“Nós ficaremos uma hora juntos aqui nesta sala de brinquedos - disse-lhe quando entramos. Você poderá ver e examinar todo o material que temos. E então decidir o que gostaria de fazer.” (AXLINE, 1973, p.23). 
Virginia então foi até a casa dos pais de Dibs, que moravam em uma linda mansão, a mãe do Dibs então deixou bem claro a ela que não tinha nenhuma expectativa quando a mudanças ou melhora no comportamento de seu filho, e agradeceu a psicóloga pela sua tentativa, ao final da conversa ela percebeu peso opressor de uma família acorrentada. Logo após a conversa a família do garoto entrou em um completo silêncio e o Dibs continuou com os mesmos comportamentos. Marcada então a primeira sessão da ludoterapia, a mãe de criança o acompanhou até o local, mas como de costume ali não ficou para aguardá-lo, dava-se então inicio ao tratamento de Dibs. Ao interagir com a criança Virginia percebeu que estava começando a ganhar sua confiança, ingredientes compartilhados por eles dois, uma ponte para sua comunicação. Para Dibs, eram conceitos seguros. Teve certeza de que a professora Hedda estava certa em ter fé em Dibs, aquela criança estava não somente pronta para trazer à tona seus problemas, mas já começando a demonstrar indícios de desabrochamento. 
“Gostaríamos que você soubesse que nós não esperamos nenhum milagre. Já aceitamos a tragédia de Dibs. [...] Não mantemos expectativas de obter qualquer mudança na conduta de Dibs; mas, se o estudo de seu caso lhe proporcionar uma melhor compreensão do fenômeno humano, creia que estamos mais que disponíveis para prestar nossa cooperação.” (AXLINE, 1973, p. 28)
Realmente não é fácil entender as crianças. Essa era a queixa de Antoine de Saint-Exuperi, em seu livro O Pequeno Principe. Quando aos 6 anos fez um desenho de uma jibóia engolindo um elefante e mostrava aos adultos, nenhum entendia seu desenho. Diziam que era um chapéu. Inclusive o desencorajaram a desenhar. “As pessoas grandes não entendem nada sozinhas.É cansativo, para as crianças, ficar toda hora explicando.” (SAINT-EXUPÉRY, 2015, p.10).
Virginia deu prioridade em fazer o Dibs se sentir aceito sem cobrar nenhum tipo de exigência, respeitando o seu tempo, e deixando ele livre para expressar se expressar através das brincadeiras e brinquedos, abordagem centrada, qualquer exclamação de surpresa ou elogio pode ser interpretada como indicadora da direção a seguir. E, com isso, outras esferas de exploração são fechadas, representando perdas da maior importância para ele. Método que ficou conhecido por Karl Rogers, permitiu que Dibs pudesse expressar todos os seus sentimentos ruins, negativos que tinha e que lhe causava tanta agressividade e distanciamento de outras pessoas. 
“Não o estimulei a qualquer atividade. Se o que ele desejava era sentar-se ali em silêncio assim o faria.” (AXLINE, 1973, p. 39)
“Uma criança adquire seus sentimentos de segurança a partir de conhecimentos previsíveis e limitações reais. Desejava ajudar Dibs a diferenciar seus sentimentos de suas ações. Parecia que ele já havia conseguido um pouco disso. (AXLINE, 1973, p.48)
Dibs fugia da expressão dos sentimentos e refugiava-se nas áreas mais objetivas como a leitura. Virginia acredita que isso se devia as altas expectativas depositadas sobre a criança em relação as suas aquisições intelectuais. “ Dibs oscilava entre o brilhantismo invulgar e as frequentes atitudes típicas de um bebê. (AXLINE, 1973 p. 52 )
Muito embora as técnicas humanistas pedem que nos coloquemos entre parênteses, sem julgar, num processo terapêutico o questionamento se faz importante, pois através deles nos direcionamos na nossa busca. 
 “Por que, então, havia lutado tão extenuadamente para impedir a exteriorização dessa sua capacidade, em casa e na escola? Seria porque, acima de tudo, o que de fato desejava era ser aceito como a pessoa que era, em toda a sua polivalência e multiformidade de aspectos? Seria porque desejava ser amado e respeitado em sua heterogênea globalidade? Como pode uma criança esconder tão bem sua riqueza intelectual atrás de um comportamento paradoxal?” (AXLINE, 1973 p.52 )
Sobre o processo terapêutico, Virgina ressalta a importância de levar em conta as experiências da criança, pois “que ninguém conhece realmente tanto do mundo interior de um ser humano quanto o próprio indivíduo” (AXLINE, 1973, p. 58.)
Ao passo que os encontros iam se realizando, Dibs ia entrando em contato com diferentes situações e, estas, despertavam sentimentos. Um grande aprendizado pra ele foi em relação a mutabilidade das situações e dos ambientes. Quando ele deixa um brinquedo num lugar e este não é encontrado onde ele deixou, fica muito contrariado. Virginia não tenta suavizar a situação. 
“ Agora que havia se defrontado com a prova concreta da mutabilidade de seu ambiente, seria prioritário trabalhar com suas reações e não tentar tranqüilizações superficiais, longas explicações ou mesmo desculpas.” (AXLINE, 1973 p. 60 )
	Aos poucos Dibs avança em descobertas. Depois de vários encontros ele finalmente faz uma referencia a escola. Seu mundo vai aos pouco ampliando.
 “Seria minha responsabilidade comunicar-lhe da melhor maneira que pudesse, principalmente através de minhas atitudes e filosofia, que sua intimidade, seu mundo pessoal lhe pertenciam, de fato, e que só a ela caberia decidir se queria abrir a porta e deixar-me compartilhar de alguns aspectos dele. E se ela assim o decidisse, não a apressaria e nem tentaria arrancar-lhe nada que pela sua livre vontade não oferecesse, mas confiaria em sua habilidade em dividir seu mundo com outra pessoa.” (AXLINE,1973, p.74 )
Virginia defende sua pratica não-diretiva. “"Tanto a dizer e tanto a não dizer! Algumas coisas são melhores quando não são ditas. Mas muitas coisas não ditas podem tornar-se um fardo." (AXLINE, 1973, p.80 )
Dibs acostumara-se a esconder sua dor. Tinha uma certa animosidade em relação a irmã Doroty.
 “Só desejo que o doutor espete sua agulha em Dorothy. Tomara que doa tanto, que a faça gritar e chorar. Dentro de mim vou rir e sentir alegria porque ela sofre. Quanto a mim, fingirei que não me dói absolutamente nada.” (Axline, 1973, p.89)
Dibs parecia uma criança muito sensível. Tinha uma relação muito interessante com os elementos da natureza. Conversava com o vento e adorava as arvores. Relatou o quanto amava uma arvore que crescia em direção a sua janela. O jardineiro sentiu o quanto Dibs era sensível e tentava respeitar o amor que o menino tinha pela planta. Mas seu pai não pensava assim, e apesar dos pedidos do menino e do Jardineiro, ordenou que a arvore fosse cortada e ainda colocou uma grade na janela do quarto do menino. (AXLINE, 1973, p.99) Comenta inclusive que o Jardineiro Jake falava sobre as plantas e também sobre religião, já que na sua casa ninguém era religioso. Também em meio a brincadeira relata como era o relacionamento dos funcionários da casa em relação ao pai, que parecia bem duro. (AXINE, 1973, p.102).
	Dibs faltou a uma dos encontros, pois contraiu Sarampo. Virginia enviou flores para ele, que ficou imensamente feliz. Surge uma oportunidade de pai e filho conversarem, mas parece que Dibs não quer comunicar-se com seu pai.
“Estava interessada na referência de Dibs aos ensinamentos de seu pai. Era difícil saber se essa conversa significava uma nova aproximação entre ambos ou se era uma tentativa a mais, entre outras, para explicar fatos e objetos a Dibs, embora sem receber nenhuma resposta consistente de sua parte. Como Miss Jane fazia na escola. Como Jake deve ter feito muitas vezes, quando Dibs “apenas ouvia”. Agora, no entanto, ele me relatava aquilo de uma maneira bastante factual.” (AXLINE, 1973, p. 104)
Virginia enfatiza que é muito importante em terapia a formulação de perguntas. Talvez mais importante que “respostas concisas e diretas.” (AXILINE, 1973, p.106)
Aos poucos parece que Dibs vai melhorando seu relacionamento com a mãe. 
“Dibs foi embora e eu fiquei com minhas interrogações e as inferências que poderia extrair de parte dessa conversa com Dibs. Ele parecia mais tranqüilo em seu relacionamento com a mãe. Havia indicações de que Dibs estava sendo tratado com mais consideração, respeito e compreensão, em sua casa. Mesmo "papai" parecia estar permitindo que suas potencialidades humanas desabrochassem. Mas estariam eles modificando-se para melhor entender Dibs? Ou seria Dibs quem havia mudado em sua capacidade de relacionar-se com os pais e por isso podia aceitar a aproximação de ambos mais naturalmente?” (AXLINE, 1973, p. 114)
A autora continua nos contando sobre os encontros terapêuticos com o menino. Ele manifesta afeto em relação a avó. Usando a casinha de bonecas, vai desenvolvendo afazeres domésticos e organizando seus sentimentos. (AXLINE, 1973, p. 130)
Aos poucos, em meio a brincadeira suas dificuldades como pai emergem. Na brincadeira atira no pai com uma espingarda. O pai o insta a falar com ele, mas ele não deseja fazer isso. “Papai não gosta que eu fale com o vento, mas aqui farei isso, se quiser.” (AXLINE, 1973,p.141).
Virginia pergunta se ele gostaria que outra criança viesse brincar com ele. Num primeiro momento ele fica bravo. Depois diz que nenhuma criança ia querer. Por ultimo admite: ”Quero que este lugar seja só meu, e que ninguém mais venha para cá” (AXLINE, 1973, p.141). Na saída do encontro, Virginia observa manifestações de afeto do filho em relação a mãe, quando ele esclama “Eu te amo!” (AXLINE, 1973, p. 145)
No dia seguinte, mãe de Dibs liga marcando uma entrevista. Ansiosa pelo encontro, já chega falando do quanto Dibs mudou. Que fala de seus sentimentos, brinca com a Irmã, e ate demonstra algum afeto para com ela. Usando o termo “nós” ao referir-se a família, parece que sente-se incluído nela.
A mãe sente-se culpada :
"Não sei o que havia de errado entre nós. No início eu era um fracasso com ele. Sentia-me completamente derrotada e ameaçada. Dibs arruinara tudo para mim. Ameaçou meu casamento. Pôs fim à minha carreira profissional. Agora pergunto a mim mesma o que fizpara causar tal problema entre nós. Por que tudo isso aconteceu? Que posso eu fazer agora para consertar essa situação? Tenho me perguntado tantas vezes: Por quê? Por quê? Por quê? Por que temos brigado assim? Tanto que quase destruímos Dibs. Lembro-me de quando conversei com você pela primeira vez. Insisti em que Dibs era um retardado mental. Entretanto, sabia que não era um deficiente.” (AXLINE, 1973, p.146)
Refletindo sobre seus sentimentos, continua: “Tinha de provar alguma coisa a mim mesma. Tinha de provar que Dibs era capaz de aprender. Tinha de provar que eu podia ensinar-lhe.” (AXLINE, 1973, p. 147.)
Virginia, sente a necessidade de um contraponto.
“Provavelmente, seus sentimentos em relação a Dibs eram extremamente ambíguos . Testando, observando, duvidando de você mesma e dele. Alimentando esperanças e desesperanças, sentindo seu fracasso, mas querendo impedi-lo de alguma forma.”(AXLINE, 1973, p.147)
Inrompendo em lagrimas a mãe de Dibs lamenta:
 “Não sei como pude fazer isso com ele. Minha inteligência parecia ter voado pela janela. Minha conduta era compulsiva e completamente injusta. Podia ter a prova que queria, que sob aquele comportamento singular havia capacidade. Não podia admitir para mim mesma que nada havia feito que pudesse ter causado seus problemas. Não podia admitir que o havia rejeitado. Só agora posso afirmá-lo, porque não mais o rejeito! Dibs é meu filho e estou orgulhosa dele. (AXLINE, 1973, p.147)
Interessante o quanto uma mae pode colocar expectativas num filho, principalmente se ela também “sofreu” com as expectativas familiares. Cabe lembrar que a família de Dibs era uma família abastada, um casal que era muito considerado na sociedade como intelectuais, ela uma cirurgiã e ele um grande cientista. No entanto, não estavam preparados para lidar com seus sentimentos, sentimentos novos e complexos que surgem junto como a paternidade e a maternidade.
Sobre as expectativas da família, Virginia diz:
“O comportamento anormal que ela havia impelido o filho a assumir havia-o afastado da própria família, das outras crianças e dos adultos que encontrava na escola. Quando uma criança é forçada a provar para si mesma que tem capacidade, os resultados são freqüentemente desastrosos. Uma criança necessita de amor, aceitação e compreensão. Ela é destruída quando confrontada com rejeição, dúvidas e infindáveis testes.”(AXLINE, 1973, p.148)
A autora inda destaca a importancia da família colaborar com o processo terapêutico da criança:
“Muitas vezes uma criança não é aceita para terapia se seus pais se recusam a participar do tratamento ou buscar ajuda clínica para eles mesmos. Ninguém pode imaginar o número de crianças que retornam a seus lares bloqueados, sem apoio profissional, por esse motivo. Em muitas circunstâncias, a terapia é bem mais significativa quando os pais também procuram resolver seus problemas de relacionamento.” (AXLINE, 1973, p 151).
Uma grande contribuição para o processo de Dibs, foi a compreensão e a sensibilidade dos pais em relação ao seu crescimento.
Virginia ainda esperava um retorno da escola. Miss Jane conta:
“Estou feliz em comunicar-lhe que notamos uma grande mudança em Dibs. Tem sido uma transformação gradativa, mas estamos encantados com Dibs. Ele agora responde a nossas perguntas. E em várias ocasiões é ele próprio quem inicia uma conversa. Ele está calmo, feliz e demonstrando interesse pelas outras crianças. Sua linguagem quase sempre é correta, mas quando algo o aborrece, ele retrocede a seu modo abreviado, imaturo, de falar. Geralmente, refere-se a si próprio como "eu". Hedda está radiante de contentamento. Estamos todos satisfeitos com ele. Achamos que você gostaria de saber disso.” (AXLINE, 1973, p.152)
Diferente dos relatos do comportamento antes da terapia, Dibs tirava seu casaco e pendurava, sentava-se próximo aos colegas, conversava, respondia as perguntas que lhes era feita, sorri, faz seus trabalhos escolares. Hedda mostra a Virginia os trabalhos feitos por Dibs. Trabalhos condizentes com qualquer criança de 6 anos. Virginia se pergunta o motivo de Dibs não manifestar suas capacidades. Seria um ajuste social? “Qual a vantagem em apresentar uma alta capacidade intelectual, se isso não proporcionava, em determinadas circunstâncias, o correspondente em bem-estar e harmonia para o indivíduo e para os outros?” (AXLINE, 1973, p.154)
Dibs vai desenvolvendo-se cada dia mais. Mas tinha um longo caminho ate que ele se aceitasse e utilizasse todo seu potencial. Dibs usava barreiras como “mecanismos de defesa e proteção”, pois corria o risco de ser “isolado ou rejeitado por suas diferenças.” (AXLINE, 1973, p.156).
“Esperava que ele pudesse encontrar na sala de ludoterapia oportunidades que o auxiliassem a sentir e conhecer suas próprias emoções, de tal maneira que qualquer ódio e medo que ainda guardasse emergissem e fossem enfrentados e dominados.” (AXLINE, 1973,p. 158)
Na próxima visita semanal Dibs entra no escritório de Virginia e brinca com o gravador. Conhecendo sua voz, brincando de contar, narra uma “briga com o pai”, onde este reclamava do barulho e que se não silenciasse, seria trancado no quarto. Faz uma narração de uma briga familiar, onde chama o pai de mesquinho e que diz que o odeia. /afirma que o homem não gosta dele e que não gosta de barulho. Pede que Virginia guarde a gravação “conserve-a apenas para nos dois”.(AXLINE, 1973, p.161) 
De volta a sala de ludoterapia, vai para a caixa de areia e busca o boneco que simbolizava seu pai e bate nele. Constrói uma prisão para o boneco. Diz que vai puni-lo. Mesmo que diga que o pai não o trata mais tão mal, quer puni-lo mesmo assim, pois o fez muito infeliz e triste. Pega outro boneco simbolizando a ele próprio, e este escava a areia buscando salvar o pai, que na historia contada pelo menino, pede desculpas e diz que o ama. O boneco menino salva o boneco pai da prisão. Virginia diz: 
“O garoto salvou seu pai e este lamentou tudo o que havia feito e que magoara seu filho . Ele disse que amava Dibs e que precisava dele.”( AXINE, 1973, p.163). Depois disso relata que conversou com o pai e que viveu momentos agradáveis em família.
“ É interessante observar que Dibs expressou seu desejo de vingança
e ódio de uma forma mais aberta apenas depois que sentiu maior
segurança no seu relacionamento com o pai. Foi bom ouvi-lo falar
de suas agradáveis experiências com sua família.” (AXLINE, 1973, p.163)
 Na próxima entrevista, Dibs fala da Irma e de sua relação com ela. Também usa uma boneca que simboliza a mãe e a enterra na areia. Dá ordens ao boneco e discute como se estivesse falando com a mãe. Também protege a irmãzinha da discussão e a alimenta. Discute com a mãe e leva seu boneco para dentro da casa de bonecas. Coloca todos os membros da família em volta da mesa e faz uma pintura simbolizando felicidade.
 Dibs na sala de ludoterapia aprendia a controlar de forma saudável suas emoções. 
“Seus sentimentos de ódio e vingança haviam sido temperados com o perdão. Dibs estava construindo um conceito de si mesmo como se apalpasse o emaranhado de espinheiros de seus conflitos emocionais. Podia amar e odiar. Condenar e perdoar.” (AXINE, 1973, p.168)
Virginia disponibiliza o Word test como mais uma opçao de brincadeira para Dibs. É um kit com miniaturas (pessoas, prédios, animais...). dibs começa entao a construção do seu mini mundo, com igreja, hospital, casa, parque, escola, fazendinha com animais, rio com jacaré e ate cobra. Observa seu mundo. Deseja que a menininha que fica numa escola longe, fique em casa para não se sentir sozinha.
“Dibs havia construído uma cidade bem organizada, cheia de pessoas e de movimento! Seu plano demonstrou alta inteligência, capacidadede globalização do todo, bem como dos detalhes de seus conceitos. Havia nele finalidade, integração e criatividade. As atraentes miniaturas o estimularam. Na verdade, ele construíra um mundo altamente desenvolvido e pleno de significados. Sentimentos hostis foram expressos de uma forma direta, em relação a seu pai e sua mãe.Afloraram também explicitações da consciência de sua
responsabilidade. Dibs estava crescendo.”(AXLINE, 1973, p.174)
Na sua ultima visita, Dibs constrói novamente seu pequeno mundo. Porem, desta vez, substitui o menino boneco por um boneco maior, dizendo que Dibs cresceu,.Estava tão grande quanto seu pai. Substitui o Dibs menino, com medos e doente, por um Dibs grande, corajoso e forte. “ Já não tem mais medo” (AXINE, 1973, p.180)
“Os sentimentos de hostilidade e vingança que expressara contra seu
pai, mãe e irmã ainda chamejavam um pouco, mas não queimavam com ódio ou medo. Ele trocara o pequeno, imaturo, amedrontado Dibs por um autoconceito fortalecido pelos sentimentos de capacidade, segurança e coragem. Aprendera a entender seus sentimentos, a enfrentá-los e controlá-los. Já não estava submerso em seus sentimentos de medo e raiva e ódio e culpa. Havia se tornado uma pessoa com todos os seus direitos. Encontrara um senso de dignidade e respeito próprio. Com essa confiança e segurança estaria apto a aceitar e respeitar outras pessoas em seu mundo. Já não tinha medo de ser ele mesmo.” (AXLINE, 1973, p.180)
Depois das férias, Dibs volta feliz para ver Virginia. Despede-se:
 “Adeus, querido escritório, cheio de livros fascinantes. Adeus,querida escrivaninha. Adeus, janela, com o céu além de si. Adeus, cartões. Adeus, querida senhora desta maravilhosa sala de brinquedos" "Como você disse que queria. Como eu disse que queria. Como nós dissemos que queríamos".(AXLINE, 1973, p.183)
Da adeus a mamadeira, que o consolava. Agora, grande, não precisa mais. Convida Virginia para passear em volta da igreja. Entram e ouvem musica. Dibs fica maravilhado com seu tamanho e chega a sentir medo. Conversam sobre Deus e sobre amor.
	Passam-se 2 anos e Dibs e Virginia encontram-se. A leitura do relato é emocionante. Dibs lembra:
 “ Apavorei-me, a princípio, porque não sabia o que você faria e o que eu deveria fazer. Mas você disse. Tudo isto é seu, Dibs. Divirta-se. Ninguém vai magoá-lo aqui. Pouco a pouco, comecei a acreditar em você. E o caminho foi se abrindo. Você me sugeriu que lutasse contra os meus inimigos até que eles gritassem que estavam arrependidos por me haverem ferido.” (AXLINE, 1973, p 192).
Dibs fecha com chave de ouro este relato:
 “Encontrei meus inimigos e lutei contra eles. Então, descobri que já não estava amedrontado. Descobri que já não era infeliz e senti amor. Agora, sou forte, grande e corajoso. (AXINE, 1973, p.192).
Conclusão
 	Virginia Axline foi a primeira a utilizar as técnicas Humanistas Rogerianas com as crianças. O caso de Dibs era um caso muito complexo. Tanto a escola quanto a família não tinham esperanças de recuperar suas capacidades cognitivas. Na ânsia de ver o filho corresponder as suas expectativas, a família “oprimiu” o menino de forma que ele suprimiu toda sua genialidade.
A paciência e o acolhimento da terapeuta, aliada com as técnicas não diretivas defendidas por Rogers ajudaram a criança a encontrar a si mesmo, entrar em contato com seus sentimentos. Alem disso, a família foi muito beneficiada com esse processo de descoberta, pois conseguiram lidar com seus sentimentos de frustração e culpa que manifestavam diante do filho Dibs.
Apreciação: gostei muitíssimo do livro, e em alguns momentos me identifiquei com o Dibs, como uma criança muito exigida, outros como a mãe que exige muito dos filhos, principalmente nos aspectos intelectuais. Tenho refletido sobre as cobranças que recebemos e também como repassamos para nossos filhos. Muitas destas cobranças não dizem respeito só aos nossos desejos, mas também ao que os outros vão falar, o que vão pensar. Resumindo, é difícil ser filho e é difícil ser mãe.
Referências
AXLINE, V. M. Dibs – em busca de si mesmo. 2 Ed. Rio de Janeiro: Agir,1973.
AXLINE, V.M Ludoterapia – A dinâmica interior da criança. Belo horizonte: Interlivros, 1994.
Guirão, M. Biografia de Virginia Axline. Disponível em http://psicoterapeutas.eu/virginia-axline/ Acesso em: 30 de maio de 2022.
SAINT-EXUPÉRY. A. O Pequeno Príncipe. 49 Edição. Rio de Janeiro: Agir, 2015.

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