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Érika Cerri dos Santos UFES - 2022.1 O PROCESSO PENAL E OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS O Brasil, enquanto Estado Democrático de Direito, é regido pela Constituição Federal de 1988. Não se pode conceber o estudo do processo penal dissociado de uma visão abertamente constitucional (NUCCI, 2022). Assim, o processo penal democrático cuida da visualização do processo penal a partir dos postulados estabelecidos pela Constituição Federal, no contexto dos direitos e garantias humanas fundamentais, adaptando o Código de Processo Penal a essa realidade, ainda que, se preciso for, deixe-se de aplicar legislação infraconstitucional (NUCCI, 2022). Os princípios são postulados que se irradiam por todo o sistema de normas, fornecendo um padrão de interpretação, integração, conhecimento e aplicação do direito positivo. O conjunto dos princípios constitucionais forma um sistema próprio, com lógica e autorregulação. Dentro do processo penal, os princípios mais importantes são o devido processo legal e o respeito à dignidade da pessoa humana. Após a Constituição de 1988, os princípios constitucionais imbuídos ao processo penal passaram a mostrar maior preocupação com os direitos do acusado. O DEVIDO PROCESSO LEGAL (ART. 5º, LIV, CF) Em linhas gerais, o devido processo legal está relacionado ao respeito às formalidades estabelecidas em lei. Suas raízes estão, portanto, no princípio da legalidade. Modernamente, representa a união de todos os princípios penais e processuais penais, indicativo da regularidade ímpar do processo criminal (NUCCI, 2022). Associados a esse princípio estão: ❖ Princípio da dignidade da pessoa humana Art. 5º, XLI, CF: A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais. Art. 5º, XLII, CF: A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito Art. 5º, CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LIV: Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Érika Cerri dos Santos UFES - 2022.1 à pena de reclusão, nos termos da lei. Art. 5º, XLIX, CF: É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral. Art. 5º, L, CF: As presidiarias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação. ❖ Princípio da presunção de inocência O princípio da presunção de inocência diz que todos são inocentes até que seja declarado culpado por sentença condenatória, com trânsito em julgado (art. 5º, LVII). Tal princípio tem como consequência uma série de normas constitucionais, como: Art. 5º, LXI, CF: Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente. Devido a esse princípio, é ônus do Estado provar que o indiciado1 é culpado. E, ainda, na hipótese de haver alguma dúvida com relação à autoria do crime, aplicar-se-á o princípio do in dubio pro reu, inclusive na apreciação da prova2. Deve-se destacar que a prisão se trata de medida excepcional. Ou seja, a liberdade é a regra, devido ao princípio da presunção de inocência e ao direito à liberdade. Assim, o indivíduo apenas poderá ser preso, anteriormente ao devido processo legal, em hipóteses específicas, como o flagrante delito3. 1 INDICIADO é a pessoa eleita pelo Esta-investigação, dentro da sua convicção, como autora da infração penal. 2 Na apreciação da prova, caso exista dúvidas a respeito de algo, ela deve ser interpretada a favor do réu. 3 O flagrante delito se trata do exato momento em que o agente está cometendo o crime, ou, quando após sua prática, os vestígios encontrados e a presença da pessoa no local do crime dão a certeza deste ser o autor do delito, ou, ainda, quando o criminoso é perseguido após a execução do crime. Art. 301, CPP: Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. Érika Cerri dos Santos UFES - 2022.1 Além disso, na apreciação da prova, caso exista dúvidas a respeito de algo, ela deve ser interpretada a favor do réu. Em algumas hipóteses, o princípio é relativizado, como nos casos indicados pelas normas acima elencadas e na hipótese de prisão preventiva. Isso porque a presença de alguns indícios pode levar à decretação da prisão do réu, antes do contraditório, na medida em que pode indicar uma grande probabilidade de ele ser o autor do crime. Art. 312, CPP: A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. Art. 310, CPP:. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: I – relaxar a prisão ilegal; II – converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; III – conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. Art. 313, CPP:. Nos termos do art. 312 do CPP será admitida a decretação da prisão preventiva: I – Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 anos; II – Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado; III – Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, Art. 282, §6º, CPP: A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 do CPP, e o não cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes no caso concreto, de forma individualizada. Mesmo a prisão preventiva é uma medida excepcional. Érika Cerri dos Santos UFES - 2022.1 ❖ Princípio da intranscedência: A pena não passará da pessoa apenada (art. 5º, XLV). ❖ Princípio da verdade real: Em linhas gerais, o processo penal se trata da reconstrução dos fatos, a fim de que uma verdade seja alcançada. Alguns doutrinadores mais conservadores defendem que a verdade buscada pelo processo penal é a verdade real. Ou seja, o processo penal teria como fim descobrir exatamente o que ocorreu. Entretanto, outros doutrinadores mais modernos, sobretudo os garantistas, entendem que é impossível alcançar a verdade real, devido às próprias naturezas humana e processual, sendo o processo penal um instrumento de alcance apenas da verdade processual. A verdade processual é atingida por meio da produção de provas. Entretanto, vale ressaltar que não é possível que a verdade seja alcançada a qualquer custo, sobretudo na produção de provas. Por isso, é necessário que os preceitos legais acerca dessa produção sejam respeitados, sob pena de nulidade. Uma das teorias adotadas pelo processo penal brasileiro que garantem a integridade das provas coletadas se trata da teoria do fruto da árvore envenenada. Segundo essa teoria, as provas derivadas de prova obtida por meio ilícito também devem ser consideradas nulas. Art. 157, CPP: São inadmissíveis. Devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação à normas constitucionais ou legais.§1º - São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. §2º - Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os tramites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. Observe que o dispositivo preceitua que, para que a prova derivada seja anulada, deve haver entre ela e a prova principal um nexo de causalidade. Além disso, em seu §4º, o artigo citado indicava que o juiz que mantivesse contato com a prova declarada ilícita não poderia proferir a sentença ou acordão. Entretanto, por razões práticas, isso foi vetado em 2008. Porém, no ano de 2019, novamente foi inserido no CPP, no §5º do art. 157. enfermo ou pessoa com deficiência para garantir a execução das medidas protetivas de urgência. §1º - Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. Érika Cerri dos Santos UFES - 2022.1 Com relação à prova ilícita, portanto, é importante destacar novamente que sua utilização é expressamente vetada pelo ordenamento processual penal brasileiro, Entretanto, nos casos em que esta seja a única prova capaz de inocentar o réu, ela pode ser admitida. Outrossim, a prova ilícita também pode ser admitida no caso em que se aplique a teoria da limitação da descoberta inevitável. Ou seja, pode ser admitida caso se relacione a algo que seria descoberto independentemente da prova obtida. Isso também pode se relacionar com o encontro fortuito de provas. Nessa hipótese, caso o agente policial tenha autorização para investigar um determinado crime mas, acidentalmente, colhe provas referentes a outro crime, estas podem ser admitidas. A busca pela verdade, dentro do processo penal, também perdura após a sentença. Por isso, é possível que, mesmo após o transito em julgado, mediante a apresentação de novas provas, o réu peça a revisão criminal ou o habeas corpus. A revisão criminal, prevista pelo art. 621 do CPP, é admitida nas hipóteses de sentença contrária à lei ou fundada em depoimentos, exames ou documentos falsos. Além disso, também pode ser admitida nos casos em que novas provas da inocência do réu forem descobertas após a sentença. Além disso, é possível ainda interpor um pedido de habeas corpus, caso a sentença seja fundada em provas ilícitas, com fundamento no inciso VI do art. 648 do CPP. Outro ponto importante a respeito da verdade no processo penal diz respeito às transações penais e à suspensão condicional do processo. TRANSAÇÃO PENAL SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL - Regulamentada pela Lei 9.099/95 - Trata-se de um acordo com o suposto autor do crime. - Aplicável nos casos de crimes de menor potencial ofensivo, os quais tem como característica a cominação de pena inferior a 2 anos e a qualidade de contravenções penais. - Evita a ação penal e uma eventual condenação; logo, evita a reincidência. - Não se discute a verdade, nem há confissão por parte do suspeito. - Regulamentada pela Lei 9.099/95 - Trata-se da suspensão do processo, sob a égide de algumas condições preestabelecidas. - Aplicável nos crimes cuja cominação de pena mínima seja menor ou igual a um ano. - Nesse caso, já se iniciou a ação penal. - Também não se discute a verdade do processo, nem há confissão por parte do suspeito. - Exige a expressa confissão do acusado - art. 28-A, CPP - Aplicável aos casos em que não está previsto o arquivamento do inquérito, nos crimes em que não há violência ou ameaça e nos crimes em que a pena mínima cominada é menor do que 4 anos. Érika Cerri dos Santos UFES - 2022.1 Importante destacar que a transação penal e a suspensão condicional do processo não são aplicáveis aos casos de violência contra a mulher em razão do art. 41 da Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha, independentemente da pena prevista. A constitucionalidade desse dispositivo foi questionada por muito tempo, em razão de uma suposta violação ao princípio da igualdade e da isonomia, vez que homens e mulheres seriam tratados de forma diferente, mesmo quando em mesma situação jurídica. Sobre a confissão, destaca-se o art. 197, CPP: Art. 197, CPP: O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância. ❖ Princípio do contraditório e da ampla defesa Trata-se de uma faculdade de defesa sem restrições no processos penal, em que ao réu ou querelado é dado ciência acerca dos fatos ou condutas a ele imputados. Art. 5º, LV, CF: Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e os recursos a ela inerentes. Art. 155, CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares não repetíveis e antecipadas. Parágrafo Único: Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. Art. 396-A, CPP: Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. Érika Cerri dos Santos UFES - 2022.1 Em geral, em razão do princípio do contraditório e da ampla defesa, não há restrições com relação à produção de provas, com exceção da prova ilícita. Esta apenas pode ser admitida no caso de ser a única prova capaz de inocentar o réu. Além disso, é importante ressaltar que a prova deve ser produzida, em regra, sob a égide do contraditório e da ampla defesa. Dessa forma, assim como preceitua o art. 155 do CPP, o juiz não pode fundamentar sentença condenatória unicamente em inquérito policial4. Existem algumas exceções a essa regra, como, por exemplo, o caso das provas periciais que devem ser realizadas imediatamente após o crime, sob pena de perda da prova. Estas provas podem ser, posteriormente, analisadas sob o contraditório da ação penal. OUTROS PRINCÍPIOS IMPORTANTES PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS (Art. 5º, LX, CF): Os processos são públicos, sendo apenas possível sua restrição quando expressamente previsto em lei. Tal princípio rege a administração pública (art. 37, CF). Art. 201, §6º, CPP: O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação. Art. 217, CPP: É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ: Significa que o magistrado, situando-se no vértice da relação processual, deve possuir capacidade objetivae subjetiva para solucionar a demanda, julgando de forma absolutamente neutra, vinculando-se apenas às regras legais e ao resultado da análise das provas do processo (AVENA, 2022). ❖ Garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade; ❖ Proibição dos juízos ou tribunais de exceção. 4 Ou seja, caso a única prova contra o réu seja o inquérito, ele deve ser inocentado, vez que o inquérito é produzido ANTES do processo penal ser instituído, ou seja, antes do contraditório e da ampla defesa. Érika Cerri dos Santos UFES - 2022.1 Assim, o juiz deve se afastar do caso nas hipóteses de ser suspeito ou impedido, nos termos da lei. Art. 252, CPP: O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I – tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; II – ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; III – tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; IV – ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. Art. 254, CPP: O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: I – se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II – se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; III – se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV – se tiver aconselhado qualquer das partes; V – se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; VI – se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL: Decorre do art. 5º, LIII, da Constituição Federal, o qual dispõe que ninguém será processado nem sentenciado senão por autoridade competente. Por força desse princípio, o Estado não poderá instituir juízo ou tribunal de exceção para julgar determinadas matérias, nem criar juízo ou tribunal para processar e julgar um caso específico. PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL: Segundo Nucci (2022), esse princípio significa que o individuo deve ser acusado por órgão imparcial do Estado, previamente designado por lei, sendo vedada a indicação de acusador para atuar em casos específicos, principalmente quando isso implicar abstração das regras gerais de atribuições estabelecidas anteriormente à prática da infração penal. Avena (2022) discorre que esse principio também pode ser identificado no art. 5º, LIII, da Constituição Federal, na medida em que este determina que ninguém será processado por autoridade competente. Érika Cerri dos Santos UFES - 2022.1 Nesse sentido, destaca-se o seguinte dispositivo constitucional: Art. 129, I, CF: São funções institucionais do Ministério Público promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei. PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE: Segundo esse princípio, a justiça privada é vedada, devendo todo o processo, desde o inquérito policial até o julgamento, ser realizado por autoridade competente. Ou seja, a persecução penal deverá ser realizada por agente estatal. AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PRIVADA MINISTÉRIO PÚBLICO vs RÉU VÍTIMA vs QUERELADO Tem natureza subsidiária à ação penal pública. Art. 29, CPP: Será admitida ação penal privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. É a regra Art. 46, CPP: O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial, contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Publico receber novamente os autos. Érika Cerri dos Santos UFES - 2022.1 Para a preservação da segurança pública, o art. 144 estabelece como órgãos responsáveis: ❖ A polícia federal; ❖ A polícia rodoviária federal; ❖ As polícias civis; ❖ As polícias militares e corpos de bombeiros militares; ❖ As polícias penais federal, estaduais e distrital. De modo geral, as polícias tem vinculação com o Poder Executivo, não com o Poder Judiciário. Entretanto, às polícias civis e federal, é incumbido o dever de investigação criminal, sendo esta uma atividade judiciária. A apuração criminal ocorre por meio de inquérito policial. Art. 144, CF: A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio [...] SEGURANÇA PÚBLICA Dever do Estado Direito e responsabilidade de todos Tem como objetivo a preservação da ordem, da integridade física e do patrimônio. Poder de Polícia: Poder de fiscalizar Art. 144, §1º: À polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: I – apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II – prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas a fins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; III – exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; IV – exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. Érika Cerri dos Santos UFES - 2022.1 Já a polícia militar é responsável por policiamento extensivo e manutenção da ordem pública. Nesse caso, não incumbe tipicamente à polícia militar o exercício da atividade judiciária, com exceção da investigação dos crimes militares, que é de sua competência. - Deve ser concursado - Bacharel em Direito - Preside o inquérito policial - Responsável pela investigação Além de conduzir as investigações, incumbe à autoridade policial, nos termos do art. 13 do CPP: ❖ Fornecer às autoridade judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; ❖ Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; ❖ Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; ❖ Representar acerca da prisão preventiva. Nosso sistema de processo penal segue um sistema acusatório. Nesse tipo de sistema, há uma nítida separação entre quem acusa e quem julga, bem como quem investiga. Nesse caso, é papel do juiz apenas julgar e garantir ao cidadão seus direitos. A investigação do crime, por sua vez, é de competência do Estado, por meio das polícias e das autoridades policiais. Art. 144, §4º: Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. Art. 144, §5º, CF:Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. AUTORIDADE POLICIAL DELEGADO DE POLÍCIA Art. 3º - A, CPP: O processo penal terá estrutura acusatória, vedada a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. Esse artigo foi introduzido no CPP com o objetivo de consolidar a função do juiz no processo penal, tendo em vista histórico de violação ao sistema acusatório. Érika Cerri dos Santos UFES - 2022.1 PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO: Estabelece que todas as decisões proferidas pelo magistrado devem ser devidamente motivadas, e encontra respaldo constitucional no art. 93, IX, CF. No CPP, esse princípio é encontrado no art. 315.
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