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CURSO :Enfermagem DISCIPLINA: Cuidado de Enfermagem em Saúde Mental PROFESSOR: Alessandra Borges Objetivo 4 Intervir em situações de urgências e emergências psiquiátricas Assistência de enfermagem no manejo a crise. O que é crise e o que é urgência? Atenção à crise em saúde mental é o nome dado a um conjunto de práticas de cuidado desenvolvidas no âmbito do modelo comunitário de atenção e se desenvolve junto a usuários em situações consideradas agudas e graves1,2 . Na literatura nacional, o termo e suas práticas ganham importância na medida em que a expansão da rede de saúde mental e a diminuição de leitos psiquiátricos redirecionaram as práticas assistenciais. Neste contexto, a atenção à crise ganha significado especial na medida em que propõe novas terminologias, estratégias, mudanças na organização institucional e nas práticas de cuidados em contraposição a um conjunto de discursos e práticas produzidos e abordados no interior de hospitais psiquiátricos. A crise em saúde mental corresponde a casos psiquiátricos considerados agudos, com referência na intensidade, frequência e gravidade de sintomas em uma correspondência histórica entre gravidade, periculosidade e internação psiquiátrica3 . Esta perspectiva é hegemônica ainda no meio biomédico4 . Neste sentido, o caráter agudo, a noção de risco, necessidade de intervenção imediata e gravidade definem o espaço institucional de cuidado. A maior parte dos quadros entendidos hoje como crise eram classificados como referência médica, como urgência ou emergências psiquiátricas. Entretanto, há divergências entre estes termos. Atualmente, predomina o referencial de que nem toda crise é uma urgência ou emergência psiquiátrica e não pode ser manejada de forma acrítica com as mesmas tecnologias de cuidado. Ainda com referência a conceituação biomédica, emergência é definida como a constatação de condições de agravo à saúde que implicam em risco de morte ou sofrimento intenso, lesões irreparáveis, normalmente caracterizadas por declaração do médico assistente. Estes conceitos, no entanto, não distinguem eventos relacionados à saúde mental e demais situações emergenciais, como traumas e doenças infectocontagiosas3 . Em publicação anterior4 , discutimos como o termo emergência ou urgência têm algumas aproximações com a noção de crise sendo, entretanto, termos insuficientes para incorporar todas as situações denominadas como tal. A distinção está no fato de urgência e emergência terem como base a noção temporal de risco, ao contrário de crise. Definições de urgência e de emergência médica e no setor saúde em geral têm referenciais diferentes daqueles utilizados na saúde mental. Diante disso, o tema atenção à crise é uma área com contradições: por um lado a saúde mental é estruturada a partir de referenciais norteados pela inclusão, vínculo, conhecimento da história e contextos do sujeito, valorização dos aspectos subjetivos e respeito à temporalidade da crise5 . Por outro lado, no setor de urgência predominam a objetividade e o pragmatismo de intervenções pontuais, incluindo a otimização do tempo gasto e de equipamentos para a intervenção. Da mesma forma, a área de urgência e emergência desenvolve a formalização técnica de suas práticas, especialmente na forma de protocolos6 . Já na abordagem psicossocial, prioriza-se a singularidade das intervenções a partir da avaliação de cada caso. No Brasil, a existência de concepções antagônicas que correspondem ao mesmo fenômeno, coloca em evidência as disputas de sentido teóricas e das práticas não só sobre a noção de crise, mas sobre as diferentes abordagens em saúde mental. Um dos dispositivos capazes de evidenciar essas disputas são os protocolos e documentos institucionais que servem como instrumentos norteadores de práticas de gestão e de cuidado em saúde mental. O adoecimento de uma pessoa na maioria das vezes representa um forte abalo para a família, e seus membros dificilmente se encontram preparados para encarar as consequências e lidar com o familiar doente. No estudo realizado por Silva, Furegato e Godoy (2008) com estudantes, estes opinaram que a família é um fator extraordinário no tratamento do portador de doença mental, pois ajuda no processo de reabilitação psicossocial. A relação entre o profissional de enfermagem e o paciente com transtorno mental tem influência significativa na obtenção de informações, mesmo em situação de emergência. Neste sentido, um relacionamento com a finalidade de ajudar o paciente necessita ser desenvolvido de forma estruturada, por meio de interações esquematizadas, utilizando-se de conhecimentos da comunicação terapêutica, na qual o profissional oferece ajuda, comodidade, informação e desperta sentimento de confiança e autoestima (KONDO et al., 2011).A assistência da enfermagem ao doente mental crônico é um trabalho complicado, mas no final é gratificante, pois o paciente oferece retorno e valorização. As ações executadas pelos profissionais de enfermagem necessitam abranger avaliação de fatores de estresse precipitantes, do estado físico e mental, do potencial suicida ou homicida e do uso de drogas. Posteriormente, requer um planejamento da intervenção, para que seja feita uma análise final da resolução da crise. Deste modo, a melhor abordagem em situação de emergência é escutar, pois os pacientes em crise revelam o quanto precisam de ajuda e usam palavras para explicar o significado de sua crise e encontrar caminhos para a resolução (SADOCK; SADOCK, 2007; STEFANELLI; CARVALHO, 2005). Os profissionais de enfermagem cada vez mais se deparam com situações de emergência em saúde mental, durante o internamento de pacientes em hospital psiquiátrico e em outros serviços de saúde. Para que o cuidado prestado pelo profissional de enfermagem nas emergências psiquiátricas ocorra de forma eficaz, é necessário um conhecimento amplo sobre o assunto, para não colocar em risco a segurança do paciente e, ainda, das pessoas ao seu redor. O cuidado nas situações de emergência psiquiátrica exige uma equipe habilitada, pois é imprescindível uma ação imediata. Evidencia-se que a capacitação precisa ser voltada para a avaliação do paciente e a importância da intervenção verbal como primeira tática de resolução do problema (ESTELMHSTS et al., 2008). Para que a assistência prestada seja de qualidade é necessária a participação efetiva e constante de todos os profissionais de saúde, visando resultados mais eficazes. É necessária também, a capacitação da equipe de saúde para que possa atender ao usuário em sofrimento psíquico de forma adequada
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