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MÓDULO – NORMAS GERAIS Sumário 1. CONCEITO GERAL DE ICMS ............................................................................................ 3 2. CRÉDITOS DO ICMS E O MÉTODO NÃO-CUMULATIVO ................................................. 3 3. INCIDÊNCIA: FATO GERADOR ........................................................................................ 4 4. OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS ......................................... 4 5. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE .................................................................. 5 6. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO ............................................................. 5 7. BASE DE CÁLCULO ......................................................................................................... 6 8. IPI, FRETE, SEGUROS, DESCONTOS E O CÁLCULO DO ICMS .......................................... 7 9. CRÉDITO SOBRE AQUISIÇÃO DE BENS DO ATIVO IMOBILIZADO ................................... 8 10. ALÍQUOTAS .............................................................................................................. 10 11. CONTRIBUINTE ........................................................................................................ 13 12. NÃO-INCIDÊNCIA ..................................................................................................... 14 13. REGISTROS CONTÁBEIS ........................................................................................... 14 1. CONCEITO GERAL DE ICMS A Constituição Federal de 1988 permitiu aos estados e ao Distrito Federal instituírem o Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e Serviços de transporte intermunicipal e interestadual e de comunicações (ICMS), mais conhecido antes como ICM e que ganhou o S na última Carta Magna. O ICMS está presente em nossa vida em quase todos os momentos. Quando tomamos o café da manhã, quando almoçamos, quando compramos um caderno, uma água mineral, quando ouvimos rádio ou ligamos a TV para assistir um programa favorito, em todas essas situações há participação do ICMS. A arrecadação em torno de R$ 260 bilhões em 2010 e sua complexa legislação, distribuída nas 27 unidades da federação, explicam a importância do conhecimento deste imposto. O fato de ter competência estadual traz ao ICMS um enorme grau de dificuldade em seu entendimento, o que seria bem menor se este imposto fosse federal ou se, pelo menos, tivesse sua legislação totalmente unificada. A reforma tributária (EC 42/2003) aprovada no final de 2003 teve o mérito de direcionar a discussão do ICMS para o ano de 2005, quando havia uma previsão da uniformização de sua legislação. Chegamos ao final de mais um ano legislativo (2010) e nada aconteceu. Em 2011, novos deputados e senadores irão assumir seus mandatos e vamos torcer para que se avance em relação à reforma do modelo atual vigente do ICMS, com objetivo prático de transformá-lo em um imposto estadual, mas com alíquotas e regras definidas nacionalmente. Quando se fala em reforma tributária, o tema ICMS é um dos mais importantes. Quando se compara a reforma tributária com a reforma de uma casa, onde a reforma tem que ser feita com a família morando na residência, o fim da guerra fiscal entre os estados pelo ICMS seria a reforma do banheiro principal, em uma casa que tivesse somente mais um banheiro, mas pequenino. Deve ser urgente, rápida, ainda que depois sejam necessários alguns ajustes. O Brasil não pode esperar mais. 2. CRÉDITOS DO ICMS E O MÉTODO NÃO-CUMULATIVO O ICMS é, por determinação constitucional, um imposto não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação de venda com o montante cobrado nas operações anteriores pelo mesmo ou por outro estado nas compras. O contribuinte tem o direito de creditar-se do imposto anteriormente cobrado, relativo à mercadoria entrada (de forma real ou simbólica) em seu estabelecimento, inclusive as mercadorias destinadas a uso e consumo, ao ativo permanente ou o recebimento de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. A Carta Magna não proíbe o crédito do imposto na aquisição de bens de uso e consumo. Pelo contrário, diz que o imposto será não-cumulativo, permitindo, a princípio, a compensação de todo o ICMS pago indiretamente, nas aquisições da empresa. As leis complementares permitiram a possibilidade de crédito para a aquisição de bens do ativo imobilizado. Contudo, o Regulamento do ICMS do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, permite crédito somente na aquisição de bem que seja utilizado diretamente em sua atividade industrial, comercial ou de prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Além disso, a lei não permite o crédito nos casos em que as vendas seguintes sejam isentas ou não-tributadas. Logo, somente podem gerar crédito as entradas de mercadorias destinadas à revenda e as entradas de insumos (matéria-prima, material de embalagem, produtos intermediários e outros) utilizados na elaboração de produto destinado à venda, cujas saídas sejam tributadas pelo ICMS. Em linha geral, quando a saída for isenta ou não tributada, o crédito pela entrada do produto deve ser anulado, através de estorno. Todavia, os créditos referentes a mercadorias e serviços que venham a ser objeto de operações ou prestações destinadas ao exterior e as operações com o papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos (LC 120/06) não precisam ser estornados. Para ter direito ao crédito do ICMS, é necessário que o contribuinte destaque seu valor em documento fiscal hábil, assim entendido um documento que atenda todas as exigências da legislação pertinente e que seja emitido por contribuinte em situação regular perante o Fisco Estadual. A Lei Complementar n° 114/2002 postergou o início da possibilidade de crédito de ICMS nos itens de uso e consumo para janeiro de 2007. Nas edições anteriores, lembrei que não era a primeira vez que ocorria a prorrogação, o que trazia desconfiança em relação à data programada. Pois bem, a Lei Complementar n° 122/06 adiou a permissão para o dia 1° de janeiro de 2011. Tal adiamento foi postergado depois para 2020. 3. INCIDÊNCIA: FATO GERADOR Diversas são as hipóteses de incidência do ICMS, devido sua característica múltipla. Alguns consideram o ICMS como o imposto mais detalhado e de mais complexa compreensão. Veja os momentos em que ocorre a incidência do imposto: a) Operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; b) Prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias e valores; c) Prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a repetição e a ampliação; d) Fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos municípios ou, quando sujeitas ao ISS, a Lei Complementar que trata deste imposto, coloca a tributação separada do ICMS sobre as mercadorias empregadas; e) Entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja sua finalidade; f) Sobre serviço prestado em outro país ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; g) Sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização/industrialização. 4. OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS A circulação de mercadorias representa o principal fato gerador do ICMS, que vem desde a época do antigoICM. Teoricamente, a incidência do imposto é vinculada à movimentação física dos bens. A legislação utilizou o termo CIRCULAÇÃO, o que condiciona a incidência do imposto às saídas das mercadorias, ainda que destinadas a outro estabelecimento do mesmo titular. O fato gerador ocorre qualquer que seja a natureza jurídica que provoque a saída da mercadoria: venda, transferência de matriz para filial, permuta ou doação. O que faz nascer a obrigação de pagar o ICMS não é o negócio jurídico da venda de mercadorias, mas a situação do fato da saída das mercadorias do estabelecimento, o que pode ser feito sem se realizar uma venda. Para fins de incidência do ICMS, o momento do recebimento do preço de venda não é relevante. Uma mercadoria pode ser vendida em janeiro, remetida ao comprador em fevereiro e o preço recebido em março. No caso, o fato gerador ocorre na saída da mercadoria, no mês de fevereiro. Se o vendedor não conseguir receber o preço de venda do comprador, em nada afeta a cobrança e incidência do ICMS. O que gera o imposto devido é a saída da mercadoria, não o recebimento do preço de venda. No Regulamento do ICMS do Estado do Rio de Janeiro (Decreto n° 27.427/2000), o fato gerador ocorre: • Na saída de mercadoria, a qualquer título, do estabelecimento do contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular; e • Na saída de estabelecimento industrializador, em retorno ao do encomendante, ou para outro por ordem deste, de mercadoria submetida a processo de industrialização que não implique prestação de serviço compreendido na competência tributária municipal, ainda que a industrialização não envolva aplicação ou fornecimento de qualquer insumo. 5. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE O ICMS será cobrado sobre a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via (aérea, marítima ou terrestre), de pessoas, bens, mercadorias e valores. Sobre a prestação de serviços de transportes intramunicipais, há cobrança do ISS e não do ICMS. O fato gerador ocorre no início da prestação do serviço, pertencendo o imposto a este Estado. Uma carga transportada do Rio de Janeiro para o Paraná terá incidência de ICMS no Estado do RJ, mesmo que transite pelo Estado de São Paulo. O imposto pertence e é devido ao Estado onde teve início o transporte. Quando há coleta de pessoas, bens, mercadorias e valores em mais de um Estado, o ICMS é devido em cada um deles, com base no preço de cada prestação de serviço. Se o transporte for iniciado no exterior e contratado em etapas, haverá incidência de ICMS no serviço prestado no território brasileiro. 6. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO O ICMS incide apenas sobre a prestação onerosa de serviços de comunicação, por qualquer meio (telefone, televisão, satélite, dentre outros), inclusive a geração, a emissão, transmissão e retransmissão, repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza. Não há incidência nos serviços gratuitos de comunicação, como os oferecidos, por exemplo, pelas TVs abertas. Já as redes de TV por assinatura são contribuintes do ICMS, pois prestam serviço mediante cobrança. As leis n° 9.472/97 e n° 9.691/98 especificam as atividades que se enquadram como serviços de telecomunicações. 7. BASE DE CÁLCULO A base de cálculo do ICMS pode ser representada por várias formas, devido sua larga incidência. De modo geral, representa o valor da operação com mercadorias, incluindo os gastos acessórios como frete e seguro, até o momento da entrada da mercadoria no estabelecimento do contribuinte. Além disso, a base do ICMS inclui os serviços no fornecimento de alimentação. Veja alguns exemplos hipotéticos: a) A Cia. CASA 1 recebe sua conta de energia no valor de R$ 4.000. A base de cálculo do ICMS será R$ 4.000, sendo o imposto pago pela distribuidora de energia; b) A Cia. CASA 2 é uma indústria de caminhões. Vende mercadorias para uma revendedora por R$ 200.000. Este é, portanto, o valor da base de cálculo do ICMS devido, sobre o qual será aplicada a alíquota correspondente. O ICMS apurado na venda poderá ser deduzido do ICMS pago nos insumos utilizados na produção dos caminhões. c) O Restaurante CASA 3 serviu em uma sexta-feira, 250 pratos de feijoada, por R$ 20 cada. A base de cálculo do ICMS será de R$ 5.000, podendo abater o imposto sobre os produtos utilizados no preparo da refeição; d) A Padaria CASA 4 vendeu, no domingo, 500 pães, por R$ 0,20 cada. A base de cálculo do ICMS será de R$ 100 e, do valor devido desses itens, será descontado o ICMS pago na aquisição dos produtos utilizados no preparo do pão, como o trigo, por exemplo; e e) A linha de ônibus que faz o trajeto entre Saquarema e Cabo Frio transportou, no sábado de carnaval, 600 passageiros, com passagem a R$ 4,50. A base de cálculo do ICMS será de R$ 2.700. Na importação, a base de cálculo do ICMS é correspondente à soma dos seguintes valores: 1. Valor da mercadoria ou bem constante dos documentos de importação; 2. II, IPI e IOF; e 3. Quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras, assim entendidas os valores pagos ou devidos à repartição alfandegária até o momento do desembaraço da mercadoria, tais como taxas e os decorrentes de diferenças de peso, erro na classificação fiscal ou multa por infração. O preço de importação expresso em moeda estrangeira será convertido em moeda nacional pela mesma taxa de câmbio utilizada no cálculo do imposto de importação, sem qualquer acréscimo ou devolução posterior, caso ocorra variação na taxa de câmbio até o pagamento efetivo do preço. O valor fixado pela autoridade aduaneira para base de cálculo do imposto de importação, nos termos da lei aplicável, substituirá o preço declarado. Vamos a um exemplo numérico, para facilitar o entendimento do leitor. Suponha que determinada empresa adquira um equipamento para seu ativo imobilizado pelo valor de US$ 9.000, sendo este o preço declarado nos documentos de importação. O valor fixado pela autoridade aduaneira para base de cálculo do imposto de importação foi US$ 10.000. Considerando alíquota do II de 10%, mais IPI de R$ 1.200, R$ 800 de despesas aduaneiras e utilizando uma taxa de câmbio de R$ 2,00, observe como fica a base do ICMS: VALOR FIXADO COMO BASE DE CÁLCULO DO II US$ 10.000 IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (10%) US$ 1.000 SUBTOTAL US$ 11.000 CÂMBIO UTILIZADO NO CÁLCULO DO II R$ 2,00 SUBTOTAL R$ 22.000 IPI + DESPESAS ADUANEIRAS R$ 2.000 BASE DE CALCULO DO ICMS R$ 24.000 Caso tivesse frete, do porto até o estabelecimento do importador, este não integraria a base do ICMS na importação, pois o transporte teria ocorrido após o desembaraço aduaneiro. 8. IPI, FRETE, SEGUROS, DESCONTOS E O CÁLCULO DO ICMS A base de cálculo do ICMS inclui os valores pagos a título de seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, além dos descontos incondicionais concedidos. Os descontos incondicionais ou comerciais são aquelas parcelas que reduzem o preço de compra e venda de mercadorias, constando na nota fiscal ou fatura de serviço, sem dependência de evento posterior à emissão desses documentos. Não se confundem com os descontos condicionais ou financeiros, que dependem de evento posterior e normalmente são dados para pagamentos antecipados. O cálculo do ICMS na venda realizada para contribuintes do imposto (para comercialização ou industrialização) não considera o IPI. Uma indústria, ao vender uma mercadoria para uma loja comercial por R$ 1.100, com IPI de R$ 100 incluído na nota, terá o ICMS calculado sobre R$ 1.000, sem considerar o imposto federal. Já se a mesma venda fosse feita diretamente para o consumidor final, a base de cálculo do ICMS seria de R$ 1.100, incluindo o IPI. Para calcular o ICMS nas operações de vendas, aindústria deve saber para qual contribuinte está vendendo e o fim da venda que está realizando. Já a base do IPI será o valor da nota, sem considerar o desconto incondicional, mas considerando frete, seguros e demais despesas acessórias (Decreto n° 4.544/2002, art. 131). EXEMPLO NUMÉRICO Suponha que a Cia. Valença efetue a venda de 500 unidades de um produto por R$ 10 cada, com frete de R$ 250 e seguro de R$ 50, cobrados na nota fiscal. Além disso, foi dado um desconto comercial de R$ 1 por unidade do produto. Para fins de simplificação, suponha uma alíquota de ICMS de 18% e alíquota de IPI de 10%. A base do ICMS será encontrada com o seguinte cálculo: (+) VALOR DA MERCADORIA (SEM IPI) R$ 5.000 (+) FRETE COBRADO PELO VENDEDOR R$ 250 (+) SEGURO COBRADO PELO VENDEDOR R$ 50 (-) DESCONTOS INCONDICIONAIS R$ 500 BASE DE CÁLCULO =R$ 4.800 ICMS DESTACADO NA NOTA FISCAL (18%) R$ 864 Já a base do IPI será encontrada com o seguinte cálculo: (+) VALOR DA MERCADORIA (COM ICMS) R$ 5.000 (+) FRETE COBRADO PELO VENDEDOR R$ 250 (+) SEGURO COBRADO PELO VENDEDOR R$ 50 BASE DE CÁLCULO = R$ 5.300 IPI DESTACADO NA NOTA FISCAL (10%) R$ 530 Assim, o preço final do produto será R$ 5.330, sendo R$ 530 de IPI e R$ 4.800 da mercadoria, incluindo frete, seguro e ICMS. 9. CRÉDITO SOBRE AQUISIÇÃO DE BENS DO ATIVO IMOBILIZADO A Lei Complementar n° 102/2000 deu nova regulamentação ao crédito sobre aquisição de bens do ativo imobilizado. De imediato, é válido afirmar que somente tem sentido o aproveitamento deste crédito aos contribuintes do ICMS. As empresas não contribuintes, quando compram seus bens, devem fazer o registro no ativo imobilizado sem nenhum destaque de ICMS, ou seja, o imposto integra o valor do bem. A legislação permite a utilização do ICMS pago sobre as compras de bens para o ativo imobilizado, podendo o crédito ser utilizado em 48 parcelas mensais, a partir da data de aquisição. Entretanto, sua utilização está condicionada às receitas tributadas pelo contribuinte. Assim, se a empresa vender produtos com saídas isentas, poderá utilizar o crédito apenas sobre o percentual de saídas tributadas em relação ao total de vendas. Importante ressaltar que as vendas de produtos ao exterior se equiparam às saídas tributadas, para fins de uso deste crédito. O crédito integral do ICMS sobre as aquisições de bens do ativo imobilizado somente deve ser registrado quando não houver expectativa de venda de mercadorias sem tributação do ICMS. Se, por exemplo, a empresa não possui nenhum incentivo fiscal de isenção nas vendas internas, o crédito deve ser integralmente reconhecido. O crédito reconhecido não poderá ser utilizado de imediato, apenas em 48 parcelas, iguais e sucessivas, sem nenhum tipo de atualização. Veja um exemplo numérico, com objetivo de esclarecer melhor o assunto. A Cia. Sepetiba é uma empresa comercial que iniciou suas atividades em janeiro de 2016. O balanço inicial da empresa apontava a seguinte situação: CAIXA: 10.000 CAPITAL: 10.000 A alíquota de ICMS utilizada no exemplo será sempre de 20%, para facilitar o desenvolvimento. Neste exemplo também serão desconsiderados os demais tributos incidentes sobre o consumo, como IPI, COFINS e PIS. Em janeiro, a empresa efetuou as seguintes operações: 1) Compra de 100 unidades de mercadorias por R$ 5.000. 2) Compra de equipamentos à vista por R$ 3.600 (*1 ) 3) Venda de 50 unidades das mercadorias por R$ 4.500 O livro de apuração de ICMS no mês de janeiro registrará a seguinte situação: OP. HISTÓRICO SAÍDAS ENTRADAS SALDO 1 Compra de 100 unidades 0 1.000 1.000 C 2 Compra de imobilizado (*1) 0 15 1.015 C 3 Venda de 50 unidades 900 0 115 C (*1 ) – Crédito total de R$ 720 (20% de R$ 3.600), que deverá ser utilizado em 48 meses, ou seja, R$ 15 por mês. Assim, o saldo do ICMS a recuperar no final do mês de janeiro será R$ 115. Em fevereiro, a Cia. Sepetiba efetuou as seguintes operações: 4) Compra de 20 unidades de mercadorias por R$ 1.000. 5) Compra de equipamentos à vista por R$ 2.400 (*2) 6) Venda de 40 unidades das mercadorias por R$ 3.500 O livro de apuração de ICMS no mês de fevereiro registrará a seguinte situação: OP. HISTÓRICO SAÍDAS ENTRADAS SALDO Anterior SALDO ANTERIOR 0 0 115 C 4 Compra de 20 unidades 0 200 315 C 5 Compra de imobilizado (*2) 0 (15+10) = 25 340 C 6 Venda de 40 unidades 700 0 360 D (*2 )– Crédito total de R$ 480 (20% de R$ 2.400), que deverá ser utilizado em 48 meses, ou seja, R$ 10 por mês. Assim, o ICMS a pagar no final do mês de fevereiro será R$ 360. Em março, a Cia. Sepetiba efetuou as seguintes operações: 7) Compra de 20 unidades de mercadorias por R$ 1.000. 8) Compra de equipamentos à vista por R$ 1.200 (*3) 9) Venda de 15 unidades das mercadorias por R$ 1.800 O livro de apuração de ICMS no mês de março registrará a seguinte situação: OPER. HISTÓRICO SAÍDAS ENTRADAS SALDO Anterior SALDO ANTERIOR 0 0 0 7 Compra de 20 unidades 0 200 200 C 8 Compra de imobilizado (*3) 0(15+10+5) = 30 230 C 9 Venda de 15 unidades 360 0 130 D (*3 ) – Crédito total de R$ 240 (20% de R$ 1.200), que deverá ser utilizado em 48 meses, ou seja, R$ 5 por mês. Assim, o ICMS a pagar será R$ 130 no final do mês de março. A partir do mês de abril, admitindo que a Cia. Sepetiba não efetue mais nenhuma aquisição para seu ativo imobilizado, ela poderá utilizar mensalmente R$ 30 de crédito de ICMS total de R$ 1.440, proveniente da aplicação da alíquota de 20% sobre o total do imobilizado adquirido nos três meses. Veja o registro contábil pela aquisição: REGISTROS CONTÁBEIS JAN FEV MAR TRIMESTRE Débito Equipamentos 2.880 1.920 960 5.760 Debito ICMS s/ Imobilizado a Recuperar 720 480 240 1.440 Crédito Caixa/Bancos 3.600 2.400 1.200 7.200 A conta de ICMS sobre os bens do Ativo Imobilizado deve ser segregada em duas partes: uma registrada no ativo circulante, com doze parcelas e o restante, que será classificada no ativo não circulante. A empresa deverá tomar cuidado especial no caso de alienação do bem antes de decorrido o prazo para utilização do crédito de ICMS. Quando isto ocorrer, deverá ser estornado o crédito e registrado como perda com venda de bens do imobilizado ou despesas operacionais, dependendo da relevância do valor do bem vendido. 10. ALÍQUOTAS As alíquotas do ICMS atualmente são bastante diversificadas, sendo divididas em alíquotas internas e alíquotas interestaduais. Atualmente existiam no país 44 alíquotas diferentes, pois cada estado tem liberdade para definir as alíquotas utilizadas em suas operações internas. A reforma tributária que vem sendo negociada no Congresso Nacional propõe a uniformização das alíquotas, com a permanência de apenas 5 em vez das 44 existentes. O problema será definir as cinco alíquotas e que produtos serão enquadrados em cada uma. A ideia de permitir aos estados uma margem de ajuste de alíquotas para cima ou para baixo não parece ser interessante. ALÍQUOTA INTERNA As alíquotas internas são aplicadas livremente pelos estados, sendo que a menor alíquota aplicada não poderá ser inferior à alíquota interestadual. Assim, teoricamente, a menor alíquota aplicada pelos estados seria de 7%. Alíquotas Internas Adicionais de Alíquotas: ALÍQUOTAS INTERESTADUAIS O Senado Federal possui competência exclusiva para determinar alíquotas interestaduais de ICMS. Esta competência é exercida através de Resolução expedida pelo próprio Senado. Todavia, para correta utilização dessas alíquotas, devemos observar o seguinte: a) Quando o destinatário não for contribuinte do ICMS, a alíquota a ser aplicada é aquela fixada para as operações internas do Estado remetente. b) Quando o destinatário for contribuinte do imposto, as seguintes alíquotas serão utilizadas: • 7% (sete por cento) – Utilizadanas operações e/ou prestações promovidas por estabelecimentos localizados nas Regiões Sul e Sudeste, com destino a estabelecimentos localizados nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, inclusive no Estado do Espírito Santo, que para esse fim, faz parte da Região Nordeste. • 12% (doze por cento) – Utilizada para os demais casos, ou seja, para transferências entre as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; Para transferências entre os Estados das Regiões Sul e Sudeste, exceto Espírito Santo; e para as transferências de estabelecimentos localizados nas Regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste e Estado do Espírito Santo para as Regiões Sul e Sudeste. Portanto: = = = Atualmente, o ICMS é cobrado ao longo do processo produtivo e não na origem ou no destino, como alguns têm sugerido. Um suco de caju, que custe R$ 2,00 no supermercado, com alíquota de 18%, terá R$ 0,36 de ICMS. Este valor, entretanto, deverá ser desembolsado ao longo do processo produtivo, desde a venda da semente para o agricultor, passando pela compra do Caju pela indústria, pela venda da indústria ao comércio, até chegar ao consumidor final, sendo este quem efetivamente assume o ônus, pois ao adquirir o produto para consumo pagará o imposto embutido no seu preço de venda. Veja um quadro hipotético, para facilitar o entendimento: ▪ Cia B, domiciliada em SP, vende semente para a Cia F, domiciliada em MG por R$ 5.000. ▪ Cia F transforma a semente em caju e o vende para a Cia G, domiciliada em GO, por R$ 8.800. ▪ Cia G transforma o caju em suco e vende todo o estoque para a Cia R, domiciliada em MS, por R$ 10.500. ▪ Cia R revende o suco de caju para a Cia X, domiciliada no PR, por R$ 11.000. ▪ Cia X revende o suco de caju ao consumidor final por R$ 12.000. O ICMS total recolhido na hipotética cadeia produtiva de suco de caju monta R$ 2.160, utilizando alíquota interna de 18% no Estado do Paraná. Mas, o imposto seria recolhido, no caso, em cada um dos estados envolvidos no processo produtivo. CADEIA PRODUTIVA DA PRODUÇÃO DE SUCO DE CAJU CADEIA SUCO CAJU COMPRA ALIQ. ICMS S/ COMPRA VENDA ALIQ. ICMS s/ VENDA ICMS PAGO Cia B – SP - - - 5.000 12% 600 600 Cia F – MG 5.000 12% 600 8.800 7% 616 16 Cia G – GO 8.800 7% 616 10.500 12% 1.260 644 Cia R – MS 10.500 12% 1.260 11.000 12% 1.320 60 Cia X – PR 11.000 12% 1.320 12.000 18% 2.160 840 TOTAL DO ICMS RECOLHIDO NO PROCESSO PRODUTIVO 2.160 SUL E SUDESTE, EXCETO ESPÍRITO SANTO 7% NORTE, NORDESTE, CENTRO OESTE E ESPÍRITO SANTO NORTE, NORDESTE, CENTRO OESTE E ESPÍRITO SANTO SUL E SUDESTE, EXCETO ESPÍRITO SANTO SUL E SUDESTE, EXCETO ESPÍRITO SANTO 12% TODOS OS ESTADOS, INCLUINDO O DISTRITO FEDERAL 12% Analisando a tabela, percebe-se que o legislador entendeu que o estado que consome o produto necessita de mais recursos para atender exatamente a este mercado consumidor. Já o uso da alíquota menor para produtos transferidos do Sudeste e Sul para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País tem o objetivo de incentivar o envio de mercadorias e serviços para regiões menos desenvolvidas, sendo uma forma de tentar reduzir as desigualdades entre os estados “desenvolvidos” e os estados em “desenvolvimento”. O Estado do Paraná, no exemplo apresentado, recebeu R$ 840 de ICMS, explicado da seguinte forma: ✓ 18% sobre R$ 1.000, que foi o valor agregado no Estado = R$ 180. ✓ 6% (18% - 12%) de R$ 11.000, que foi a parcela agregada em outros estados = R$ 660. Além disso, é muito importante observar para quem foi vendida a mercadoria. Por exemplo, suponha que a Cia Brotas seja uma indústria de móveis, localizada em Barbacena-MG e efetue a venda de seus produtos para dois clientes: a Casa de Móveis Bomba Ltda. e a Patos Assessoria Contábil e Tributária Ltda, ambos localizados na cidade de Petrópolis-RJ. Na venda para a Casa de Móveis Bomba Ltda, o ICMS será de 12% (alíquota interestadual), enquanto na venda para a empresa Patos Ltda., será utilizada a alíquota de 18% (interna), pois a empresa não é contribuinte do ICMS. EXEMPLO COM MAIORIA DAS VENDAS AO EXTERIOR A Cia. Joinvile é uma empresa industrial, do ramo têxtil, com 80% de sua produção destinada ao exterior. Suponha que a empresa tenha iniciado o ano de 2007 sem nenhum valor registrado no ativo como ICMS a Recuperar. Neste mesmo mês, a empresa apresenta um crédito total de ICMS de R$ 300, referente às compras de matéria-prima e insumos para produzir seus tecidos. Como apenas 20% das vendas da empresa são efetuadas para o Brasil, o ICMS a pagar em janeiro foi de apenas R$ 150, situação que pode ser repetida nos demais meses do ano. Neste caso, a Cia. Joinvile poderá pedir restituição do imposto ao estado ou então vender o crédito para outros contribuintes, com deságio, recebendo um pouco menos do que o valor registrado em seu ativo. Esta regra deve ser analisada pela legislação estadual específica. 11. CONTRIBUINTE O contribuinte do ICMS é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. Também é considerada contribuinte a pessoa física ou jurídica que, mesmo de forma não-habitual: • Importe mercadorias de outro país, ainda que as destine ao consumo ou ao ativo permanente do estabelecimento; • Seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado lá; • Adquira em leilão mercadorias apreendidas ou abandonadas; e • Adquira produtos lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo oriundos de outro estado, quando não destinados à comercialização. 12. NÃO-INCIDÊNCIA A não-incidência significa que determinados produtos, serviços ou operações sejam dispensados do ICMS. Então, mesmo existindo o fato gerador, o imposto não incidirá sobre: a) Operações que destinem mercadorias, produtos primários, industrializados semi- elaborados e serviços ao exterior; b) Saída de peça, ferramenta, máquina, veículo, equipamento e outros utensílios, integrados ao ativo fixo, desde que devam retornar ao estabelecimento de origem ou outro do mesmo titular; c) Operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão; d) Operações de arrendamento mercantil, não compreendida a venda de bem arrendado ao arrendatário; e e) Algumas outras operações não especificadas. Equipara-se à operação de exportação a saída de mercadoria realizada com o fim específico de exportação para o exterior, destinado a: 1. Empresa comercial exportadora, inclusive Trading ou outro estabelecimento da mesma empresa; e 2. Armazém alfandegário ou entreposto aduaneiro. 13. REGISTROS CONTÁBEIS Os registros contábeis relativos ao ICMS são simples, devido sua característica básica que é de ser um imposto incluído no preço de venda, portanto cobrado por dentro. Assim, uma empresa industrial ou comercial deve destacar o ICMS por ocasião da compra, registrando a despesa na venda, com o imposto a pagar sendo apurado pela diferença entre o ICMS a pagar e o valor a recuperar. REGISTO NA INDÚSTRIA Admitindo que uma empresa industrial adquira matéria-prima por R$ 1.000, mais IPI de R$ 100, com ICMS incluso no preço de venda de 12% (lembre-se que a base do ICMS não contempla o IPI), teríamos o seguinte registro contábil: DÉBITO Matéria-Prima (Estoque) 880 DÉBITO ICMS a Recuperar 120 DÉBITO IPI a Recuperar 100 CRÉDITO Bancos 1.100 A empresa registrou a matéria-prima pelo preço efetivamente pago por ela, ou seja, R$ 880. O ICMS de R$ 120 representadespesa para a empresa, mas que somente será reconhecida no momento da venda. Este valor será deduzido do ICMS a pagar, apurado quando ocorrer a venda da mercadoria transformada pela matéria-prima. Desconsiderando os demais insumos necessários para desenvolver o produto, admita que a empresa realize a venda do produto transformado por R$ 1.500, com IPI de R$ 150. O ICMS na venda tem alíquota de 12%. O registro da venda será realizado em três tempos. TEMPO1: VENDA DA MERCADORIA DÉBITO: Bancos 1.650 CRÉDITO: Receita de Vendas 1.500 CRÉDITO: IPI a Recolher 150 Refere-se à venda da mercadoria com o IPI de 10% acrescido no preço. O que a empresa está fazendo, na prática, é cobrar o IPI do adquirente e pôr este dinheiro no caixa para repassar aos cofres da SRFB no prazo determinado. Existe a possibilidade do registro da receita ser por R$ 1.650. No caso, teria que ser reconhecida uma Despesa de IPI no valor de R$ 150. Seria, na verdade, um desdobramento da receita registrada no quadro, no valor de R$ 1.500. TEMPO2: CUSTO DA MERCADORIA DÉBITO: Custo dos Produtos Vendidos CRÉDITO: Produtos Acabados (Estoque) 880 Trata-se do valor de custo da mercadoria que foi vendida, cujo reconhecimento em resultado e, por extensão, baixa no estoque, somente pode ser efetivado por ocasião da venda. TEMPO3: IMPOSTO INCIDENTE SOBRE A VENDA DÉBITO: Despesa de ICMS (ou ICMS s/ vendas) CRÉDITO: ICMS a pagar 180 Este registro refere-se a despesa efetiva de ICMS da empresa, que seria 12% sobre o valor da venda (R$ 1.500, sem o IPI). A empresa paga, na prática, R$ 180 de ICMS, sendo uma parte (R$ 120) quando compra a matéria-prima e outra parte (R$ 60) quando vende com lucro o produto originado da matéria-prima adquirida. Apresentamos, a seguir, os registros dos desembolsos diretos do ICMS e do IPI. DÉBITO: ICMS a Pagar 180 CRÉDITO: ICMS a Recuperar 120 CRÉDITO: Bancos 60 DÉBITO: IPI a Recolher 150 CRÉDITO: ICMS a Recuperar 100 CRÉDITO: Bancos 50 Será apresentado no tópico seguinte, o registro da compra por parte de uma empresa comercial, que revenderá depois a mercadoria. REGISTO NA EMPRESA COMERCIAL Registro da aquisição da mercadoria, por R$ 1.650, com ICMS de R$ 180 incluso no preço. DÉBITO Estoques 1.470 DÉBITO ICMS a Recuperar 180 CRÉDITO Bancos 1.650 O registro da mercadoria foi feito pelo valor pago, acrescido do IPI e deduzido do ICMS, que está registrado em conta de ativo, pois será recuperado no momento da venda desta mercadoria. O ICMS destacado na nota foi calculado sobre R$ 1.500 (12%), sem considerar, portanto, o IPI cobrado. Admita que, posteriormente, a empresa comercial revendeu todo o estoque adquirido por R$ 1.800, com alíquota na venda também de 12%. A venda será registrada em três tempos. TEMPO1: VENDA DA MERCADORIA DÉBITO: Bancos CRÉDITO: Receita de Vendas 1.800 TEMPO2: CUSTO DA MERCADORIA DÉBITO: Custo das Mercadorias Vendidas CRÉDITO: Produtos Acabados (Estoque) 1.470 Trata-se da venda da mercadoria e de seu respectivo custo, cujo reconhecimento em resultado e baixa no estoque somente podem ser efetivados por ocasião da venda. TEMPO3: IMPOSTO INCIDENTE SOBRE A VENDA DÉBITO: Despesa de ICMS (ou ICMS s/ vendas) CRÉDITO: ICMS a pagar 216 Este registro refere-se à despesa efetiva de ICMS da empresa, que seria 12% sobre o valor da venda (R$ 1.800). A empresa paga, na prática, R$ 216 de ICMS, sendo uma parte (R$ 180) quando compra e outra parte (R$ 36) quando vende com lucro a mercadoria. Apresentamos, a seguir, o registro do desembolso direto do ICMS. DÉBITO: ICMS a Pagar 216 CRÉDITO: ICMS a Recuperar 180 CRÉDITO: Bancos 36
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