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OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

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OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
Sumário 
2.1. Conceito ............................................................................................................. 1 
2.2. Fato Gerador da Obrigação Tributária ............................................ 2 
2.3. Sujeitos da Relação Jurídica Tributária.......................................... 3 
2.4. Convenções particulares ......................................................................... 3 
2.5. Responsabilidade Tributária ................................................................. 3 
2.5.1. Responsabilidade dos sucessores ...................................................... 3 
2.5.2. Responsabilidade de terceiros ............................................................. 4 
2.5.3. responsabilidade por infração .............................................................. 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1. Conceito 
 
Obrigação tributária é ovínculo que se estabelece entre o Estado (credor – 
sujeito ativo – Fisco) e o particular (devedor – sujeito passivo – contribuinte) em 
função de uma prestação de cunho patrimonial, prevista na legislação tributária, 
traduzida em pagar tributo ou penalidade ou em fazer alguma coisa no interesse do 
Fisco ou ainda deixar de praticar determinado ato de acordo com a lei (art. 113, do 
CTN). 
 
Obrigação principal: Surge com a ocorrência do fato gerador previsto em lei e tem 
por objeto uma obrigação de dar (dar dinheiro – pagar). Ex: efetuar o pagamento 
do tributo ou da penalidade pecuniária (multa). 
 
Obrigação acessória: Decorre da legislação tributária e tem por objeto deveres 
instrumentais (obrigação de fazer ou não fazer) previstos em favor da arrecadação 
ou da fiscalização de tributos. Ex: emitir notas fiscais; não receber mercadorias 
desacompanhadas da documentação legalmente exigida. 
 
2.2. Fato Gerador da Obrigação Tributária 
 
Fato gerador é a situação prevista em lei como necessária e suficiência a sua 
ocorrência (art. 114, do CTN). 
 
Hipótese de incidência é a descrição legal de um fato de forma hipotética, 
prévia e genérica, a qual, uma vez concretizada, enseja o nascimento da obrigação 
principal (fato gerador). 
 
De acordo com o artigo 116, do CTN, considera-se ocorrido o fato gerador e 
existentes seus efeitos: 
 
a) Tratando-se de situação de fato, surge a obrigação tão logo ocorram as 
circunstâncias materiais necessárias; 
 
b) Tratando-se de situação jurídica, considera-se ocorrido o fato gerador 
tão logo tais situações estejam definitivamente constituídas de acordo com 
as normas do direito privado. 
 
Pretendendo inibir evasão fiscal, a LC 104/01 inseriu o parágrafo único no 
art. 116 do CTN, o qual autoriza que a autoridade administrativa desconsidere atos 
ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato 
gerador, regra que deverá ser regulamentada por meio de lei ordinária. 
 
O art. 117 do CTN dispõe acerca das condições suspensivas e resolutórias no 
que tange aos atos ou negócios jurídicos: 
 
Na condição suspensiva, a aquisição do direito fica na dependência de um 
evento ou condição futura e incerta que deixa em suspenso a eficácia do ato. 
 
Na condição resolutória, o direito adquirido se desfaz quando ocorre 
determinado evento. Referido evento tem o condão de “resolver”, ou seja, extinguir 
o ato jurídico. 
 
A definição legal do fato gerador independe de (art. 118, do CTN): 
 
a) Validade jurídica, natureza ou efeitos dos atos praticados; e 
b) Efeitos dos fatos ocorridos. 
 
2.3. Sujeitos da Relação Jurídica Tributária 
 
 
De acordo com o disposto no art. 119, do CTN, o sujeito ativo da obrigação 
tributária é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir 
seu cumprimento. O sujeito ativo é o titular do direito subjetivo de exigir a prestação 
pecuniária, podendo ser a pessoa jurídica pública ou privada no Direito brasileiro. A 
delegação ou transferência, por meio de lei, da capacidade tributária ativa não se 
confunde com a competência tributária. 
 
No que se refere ao sujeito passivo da obrigação principal, o art. 121 do 
CTN o define como contribuinte – sujeito passivo direto (aquele que possui uma 
relação direta e pessoal com o fato gerador da obrigação) e responsável – sujeito 
passivo indireto (aquele que, não sendo contribuinte e, portanto, não possuindo uma 
relação direta e pessoal com o fato gerador, tem a obrigação de pagar o tributo em 
virtude de uma imposição legal). 
 
2.4. Convenções particulares 
 
 O art. 123, do CTN estabelece que, se não houver disposição de lei em 
contrário, os contratos particulares não podem alterar a definição do sujeito 
passivo da obrigação tributária. Ex: no contrato de locação, a obrigação de pagar 
IPTU pode ser atribuída ao locatário; no entanto, tal convenção não poderá ser oposta 
contra o Fisco, que exigirá o pagamento do imposto do sujeito passivo eleito pela lei, 
ou seja, o proprietário (locador). 
 
A capacidade tributária passiva independe (art. 126, do CTN): 
a) Da capacidade civil das pessoas naturais; 
b) De achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou 
limitação do exercício das atividades civis, comerciais ou profissionais, ou 
da administração direta de seus bens ou negócios; 
c) De estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que 
configure uma unidade econômica ou profissional. 
2.5. Responsabilidade Tributária 
 
 
 A lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário 
a terceira pessoa vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a 
responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do 
cumprimento total ou parcial da referida obrigação. (ART. 128 DO CTN C/C ART. 
150,§ 7º DA CRFB) 
 
2.5.1. Responsabilidade dos sucessores 
 
 No que se refere à atribuição de responsabilidade aos sucessores, importante 
é saber a data da ocorrência do fato gerador. Não importa a data do lançamento, 
vale dizer, da constituição definitiva do crédito tributário, em virtude de natureza 
declaratória deste, no que diz respeito à obrigação tributária. Existente esta, como 
decorrência do fato gerador, cuida-se de sucessão tributária. É isto o que está 
expresso, de outra forma, no art. 129 do CTN. 
“Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a 
propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a 
taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de 
melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste 
do título a prova de sua quitação. 
 
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre 
sobre o respectivo preço. 
 
Art. 131. São pessoalmente responsáveis: 
I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou 
remidos; 
II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de 
cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao 
montante do quinhão do legado ou da meação; 
III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da 
sucessão. 
 
Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação 
ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data 
do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou 
incorporadas. 
 
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas 
jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja 
continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra 
razão social, ou sob firma individual. 
 
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privadoque adquirir de outra, por 
qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou 
profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social 
ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou 
estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: 
I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou 
atividade; 
II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar 
dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em 
outro ramo de comércio, indústria ou profissão. 
§ 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial: 
(Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) 
I – em processo de falência; 
II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial. 
§ 2o Não se aplica o disposto no § 1o deste artigo quando o adquirente for: 
I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada 
pelo devedor falido ou em recuperação judicial; 
II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consangüíneo ou afim, 
do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios; ou 
III – identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com 
o objetivo de fraudar a sucessão tributária 
§ 3o Em processo da falência, o produto da alienação judicial de empresa, filial ou 
unidade produtiva isolada permanecerá em conta de depósito à disposição do juízo 
de falência pelo prazo de 1 (um) ano, contado da data de alienação, somente 
podendo ser utilizado para o pagamento de créditos extraconcursais ou de créditos 
que preferem ao tributário.” 
 
2.5.2. Responsabilidade de terceiros 
 
 
O art. 134 do CTN estabelece que, nos casos de impossibilidade do 
cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente 
com este, nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis. 
Essa responsabilidade, porém, segundo esclarece o parágrafo único do mesmo art. 
134, não se refere a todo o crédito tributário. Em matéria de penalidade, só alcança 
as de caráter moratório. 
 
“Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação 
principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que 
intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: 
I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; 
II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; 
III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; 
IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; 
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo 
concordatário; 
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos 
sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; 
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às 
de caráter moratório. 
 
Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a 
obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou 
infração de lei, contrato social ou estatutos: 
I - as pessoas referidas no artigo anterior; 
II - os mandatários, prepostos e empregados; 
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.” 
 
2.5.3. responsabilidade por infração 
 
 O art. 136 do CTN parece levar à conclusão de que, pelo menos em princípio, 
pode haver um responsável além do agente. Ou, em outras palavras, poder-se-ia 
concluir do art. 136 que, em matéria de penalidades tributárias, não se aplicaria a 
norma do art. 5º, inciso XLV da CF, pela quel “nenhuma pena passará da pessoa do 
delinquente”. Não nos parece, porém, seja esta a conclusão mais coerente. A 
interpretação das normas do CTN não pode afastar, direta ou indiretamente, as 
regras da Constituição Federal. 
 
Para Hugo de Brito Machado1 o art. 136 do CTN não estabelece a 
responsabilidade objetiva em matéria de penalidades tributárias, mas a 
responsabilidade por culpa presumida. A diferença é simples. Na responsabilidade 
objetiva não se pode questionar a respeito da intenção do agente. Já na 
responsabilidade por culpa presumida tem-se que a responsabilidade independe da 
intenção apenas no sentido de que não há necessidade de se demonstrar a presença 
de dolo ou de culpa, mas o interessado pode excluir a responsabilidade fazendo a 
prova de que, além de não ter a intenção de infringir a norma, teve a intenção de 
obedecer a ela, o que não lhe foi possível fazer por causas superiores à sua vontade. 
 
Observa-se também que os arts. 136 e 137 devem ser interpretados em 
conjunto, e especialemnte tendo-se em vista que as infrações à legislação tributária 
em sua maioria estão hoje definidas como crimes pela Lei n. 8.173 de 1990. 
 
 
1 Machado, Hugo de Brito. Curdo de Direito Tributário. 29 ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2008, 162. 
“Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da 
legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da 
efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. 
 
Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente: 
I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo 
quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou 
emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito; 
II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar; 
III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico: 
a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem; 
b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes 
ou empregadores; 
c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, 
contra estas.” 
 
2.5.3.1. denúncia espontânea 
 
A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, 
acompanha, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora ou 
do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o 
montante do tributo dependa de apuração (art. 138, do CTN). 
 
A denúncia espontânea afasta a cobrança da multa. 
 
Não configura denúncia espontânea a denúncia efetuada quando já iniciado 
algum procedimento administrativo relacionado com a infração, tampouco 
descumprimento da obrigação acessória.

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