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O que é Resposta Endócrino e Metabólica Imunológica ao Trauma ? É a capacidade de resposta às agressões sejam de natureza cirúrgica, traumática ou infecciosa. O objetivo é aumentar a sobrevivência – luta ou fuga Através de interações coordenadas entre as vias metabólicas, endócrinas e imunológicas o corpo se mobiliza para fornecer nutrientes necessários ao reparo tecidual e a conservação do volume intravascular. – CONJUNTO DE ALTERAÇÕES NEURO-HORMONAIS clinicas pós trauma O principal deflagrador da REMIT é o trauma tecidual e sua intensidade será proporcional ao trauma sofrido e À quantidade de tecido lesado. Objetivos: Objetivo: retorno a homeostase. Preservar Órgãos Nobres (coração, cérebro, rins) Corrigir Distúrbios Hidroeletrolíticos Estabilizar Funções Hemodinâmicas e PA Criar/Garantir Fontes de Energia (órgãos que precisam de energia exclusivamente na forma de glicose: células tubulares dos rins, cérebro e as hémaceas) Manutenção do fluxo sanguíneo Oferta de oxigênio para tecidos e órgãos Mobilização de substratos para utilização como fonte energética, para auxílio ao processo de cicatrização de feridas; Se o processo é de pequena intensidade, a resposta tende a ser temporária e a restauração da homeostase metabólica e imune prontamente ocorre. Uma lesão grave, grandes queimados, pode desencadear uma resposta de tamanha intensidade que provoca deterioração dos processos reguladores do hospedeiro, além de impedir a recuperação das funções celulares e de órgãos. Exemplo: uma videolaparoscopa é menos invasivo e gera uma resposta menos intensa do que a queimadura/politrauma. A intensidade da resposta orgânica ao trauma é dependente da duração e da natureza do estimulo, além do estado metabólico prévio do paciente. Na ausência de intervenção terapêutica adequada, essas alterações podem levar à falência orgânica múltipla e ao óbito. A intervenção médica é imprescindível para a manutenção da vida. Lesão celular – alterações celulares diversas – alteração da permeabilidade da membrana celular – liberação de substancias intracelulares que executam diversas ações – extravasamento de plasma no local do traumatismo gera edema. EFEITOS BENÉFICOS: ✓ Estabilização cardiovascular ✓ Aumento da ventilação pulmonar ✓ Manutenção da volemia ✓ Fornecimento de energia EFEITOS DELETÉRIOS: ✓ Alterações hidroeletrolíticas ✓ Fadiga muscular ✓ Diminuição da imunidade ✓ Íleo adinâmico Clínica Cirúrgica – Resposta Endócrino Metabólica Inflamatória ao Trauma ✓ Hiperglicemia Vias Energéticas Trauma → vias catabólicas → suprimento energético (manter as células inflamatórias garantir o reparo) → GLICÓLISE Glicose primeira e mais eficiente linha energética Glicogênio no fígado e músculos → glicogenólise → glicose como fonte energéticas nas primeiras 12 a 24 horas. Após uso de todo o glicogênio → vias da gliconeogênese são ativadas: Lipólise: fornece 9 Kcal por grama + ácidos graxos livres (fonte para SNC e miocárdio através da transformação hepática em corpos cetônicos) + glicerol (substrato da gliconeogênese) Proteólise: 4 Kcal por grama – alamina (transformada em glicose pelo ciclo de Felig) – glutamina (utilizada pelos enterócitos como imunonutrientes, pode estar depletada) Lactato: é transformado em glicose pelo ciclo de cori Ação Neuroendócrina: Relembrando suprarrenal: CORTISOL E ACTH: Imediatamente após o trauma, estímulos sensoriais vão para o hipotálamo; Hipotálamo libera CRF (hormônio liberador de corticotrofina) que age na hipósfise levando à produção de Corticotrofina (ACTH); O ACTH age no córtez da suprarrenal estimulando a secreção de cortisol. CORTISOL: é um dos primeiros hormônios a se elevar – hormônio catabólico mobiliza AA da musculatura esquelética, que servirão de substrato para gliconeogênese, para a cicatrização de feridas e para a síntese hepática de proteínas de fase aguda. Ele estimula a lipólise (facilitada pela ação das catecolaminas) . Haverá destruição do triglicerídeo, com liberação de glicerol (substrato para a gliconeogênese) e de ácidos graxos livres (que serão utilizados como fonte energética direta por alguns tecidos, como o músculo esquelético). Os níveis de cortisol permanecem elevados de 2 a 5 vezes o normal por no mínimo 24 horas em cirurgias de grande porte, porém não complicadas. Os níveis tende a se normalizar em 5 dias, se ele se manter altos em situações de cronificação da inflamação, pode levar à perpetuação da fase catabólica. A incapacidade de produzir cortisol em resposta a traumas inflamatórios é uma condição grave que leva a choque circulatório e óbito, caso não haja suplementação externa. ALDOSTERONA E ACTH: O ACTH liberado pela hipófise atua no córtex da suprarrenal e também estimula a aldosterona ou seja acaba ativando o sistema renina- angiotensina-aldosterona A elevação de potássio causada pela lesão tecidual (potássio sai da célula e vai para o espaço extracelular), juntamente com o sequestro hídrico pelo edema traumático (que sai do vaso) também contribuem para a liberação de aldosterona. EFEITOS: Manutenção do volume intravascular, conservando sódio e eliminando potássio e hidrogênio. Importante para a manutenção da PA por aumento da volemia (aumento do DC = aumento da PA) A drenagem nasogástrica (que acentua a alcalose metabólica), + hiperventilação anestésica e ao aumento da frequência respiratória produzida pela dor + a eleminação de hidrogênio na urina = um fenômeno conhecido como alcalose mista do pós-operatório. CATECOLAMINAS: O desajuste na circulação e estímulos provenientes da ferida provocam liberação de catecolaminas da medula da suprarrenal. A adrenalina e noradrenalina se elevam nas primeiras 48 h após o trauma EFEITOS : Manter volemia e perfusão tecidual. Vasoconstricção periférica ( desvio do sangue para órgãos nobres, por isso o iléo fica adinâmico devido a circulação reduzida no TGI) A vasoconstrição periférica aumenta a RVP aumentando a PA Estímulo à glicogenólise, gliconeogênese e lipólise. Broncodilatação Taquicardia Relaxamento esfincteriano Atonia intestinal (íleo paralítico) Agem em sinergia com o cortisol Estimula mais produção de ACTH Estimula catabolismo As catecolaminas urinárias permanecem elevadas por 48 a 72 horas após cirurgias eletivas não complicadas. Em grandes traumas, como os pacientes queimados, é a perpetuação dos altos níveis de catecolaminas que leva ao estado hipermetabólico. GLUCAGON: Níveis elevados no trauma. Principal mediador responsável pela gliconeogênese hepática. Aumento da resistência insulínica → hiperglicemia → risco de infecção A maioria da energia utilizada pelo organismo nas primeiras 24 horas do trauma são provenientes da glicogenólise (primeiras 18 horas – glicogênio hepático) e gliconeogênese. INSULINA: Níveis reduzidos (muitas vezes indetectáveis) em pós-operatórios de cirurgias eletivas. Na resposta ao trauma, diversos hormônios que estão elevados são considerados contra-insulínicos, como cortisol, epinefrina e glucagon. A adrenalina reduz os níveis de insulina circulante, aumentando a resistência insulínica, contribuindo para a hiperglicemia. Quanto maior o estímulo do trauma, maior a proteólise (catabolismo) → aumento da glicemia sérica → risco de infecções HÔRMONIO ANTIDIURÉTICO (ADH): Produzido pelo hipotálamo, armazenado e secretado pela neuro- hipófise Reabsorção de água pelo segmento medular dos túbulos coletores → retenção hídrica no pós-operatório → queda do débito urinário mesmo com hidratação adequada (oligúria funcional, com menos 30 ml/h de diurese) Edema de ferida operatória. Vasoconstricção esplâncnica ( a constricção da vasculatura intestinal e reperfusão da mesma gera perda da integridade da mucosa intestinal o que pode levar a translocação bacteriana) Ele se eleva nos primeiros 5 dias. Em média dois a quatro dias de pós- operatório sem complicações, diurese normal é reiniciada. Estimula dois importantes processos metabólicos: glicogenólise e gliconeogênese. Em cirurgias não complicadas, o hormônio permanece elevado por cerca de uma semana após o ato operatório. BALANÇO NITROGENADO NEGATIVO: o balanço nitrogenado é positivo no anabolismo pois há utilização de nitrogênio para síntese de proteínas No catabolismo é negativo. Na presença de trauma, jejum prolongado ou de sepse, existe um direcionamento para a produção de glicose. Os aminoácidos musculares (alanina e glutamina) são substratos essenciais para a gliconeogênese. Eles perdem o grupamento amino (nitrogênio), que não é aproveitado no processo de gliconeogênese hepática, sendo eliminado na urina → aumento na excreção urinária de ureia. Principais Mediadores Inflamatórios: A resposta imunologica ao trauma é intmamente ligada à neuroendócrina, inicia com a inita e é seguida por longa resposta adaptative. Ativação de nutrofilos e monocitos + produção de citocinas. TNF-alfa: está aumentado inicialmente em resposta ao trauma. Responsável pela Febrícula – 37,2 graus IL-1: Atua no centro termorregulador hipotalâmico febrícula Estímulo à produção hepática de proteínas de fase aguda (PCR , haptoglobina ) Degrada proteína muscular esqueletica para ofertar os AA’s necessários. Balanço nitrogenado negativo *A produção de Albumina no hepatócitos diminui em fase inicial da resposta ao trauma IL2: liberação de TNF-alfa IL4: inibe macrófago, ação anti- inflamatória. IL6: pode ser usada como quatificador da inflamação. Estimula o eixo hiptalamo- hipofise, induz febre, estimula o fígado a produzir proteínas de fase aguda. IL8: quimiotaxia de neutrófilos e linfócitos, angiogênese. IL10: anti-inflamatoria mais potente, controle da inflamação. IFN. O GH e o IGF-1 Classicamente anabólicos, o GH está aumentado no trauma na fase catabólica precoce. O IGF-1 apesar de ter sua síntese hepática estimulada pelo GH aumentado é inibido por IL-1, IL-6 e TNF alfa. GH na ausência de IGF-1, atua junto com a epinefrina no estímulo a lipólise nas fases iniciais da resposta ao trauma. OPIÓDES ENDÓGENOS: Elevação no período pós estresse. Pre-proopiomelanocortina → precursor Co-secretado com o ACTH pela hipófise. FASES FASE CATABÓLICA (resumindo): Primeiras 24/36 horas do trauma mais intensas. Hormônios: Catecolaminas, Cortisol, ADH, Aldosterona, Glucagon Ação: Gliconeogênese , lipólise, glicogenólise e proteólise. Detecção de mediadores pró-inflamatórios Paciente: Excreção de uréia urinária → balanço nitrogenado negativo. Hiperglicemia; Oligúria funcional; Pirexia detectável de baixa intensidade (aumento temporário da febre – interleucinas) Redução da massa magra Amenorreia. Taquicardia. FASE ANABÓLICA: Pode durar até um ano, é marcada pela reconstituição das reservas gastas na primeira fase, cicatrização de feridas e consolidação de suturas. FASE ANABÓLICA PRECOCE (glicogênica): Declínio na excreção de nitrogênio, tendendo ao equilíbrio no balanço nitrogenado Diminuição no nível de ADH/retorno da diurese Desejo de se alimentar (redução de TNF alfa) FC, FR e peristalse tendem a se normalizar Normalização dos níveis glicêmicos Ganho ponderal Ação anabólica do IGF-1 FASE ANABÓLICA TARDIA: Ganho de peso mais lento (lipídico) Duração de meses Balanço nitrogenado positivo Normalização das funções vitais. O ideal seria uma fase catabólica abreviada e uma fase anabólica mais precoce. Modulação da REMIT: Já vimos que quando exacerbada é MALÉFICA - Hipercatabolismo protéico - Intolerância periférica à glicose - Isquemia renal e instestinal - SIRS (inflamação exacerbada) - Imunodepressão e apoptose A resposta endócrino metabólica ao trauma é inevitável e necessária, porém através de medidas cautelosas deve ser modulada para benefício do paciente. Quando limitada Benéfica: - Disponibiliza glicose (orgãos nobres) - Mantém fluxo sanguíneo - Disponibiliza aa para a cicatrização - Retém liquido sem alterar a osmolaridade - Inflamação local (defesa) CONDIÇÕES QUE INTENSIFICAM A RESPOSTA: 1. Condições do pré-operatório: Expectativa do resultado da cirurgia Desnutrição Punção venosa Jejum prolongado 2. Intra-operatórias: Hipotermia Hipovolemia Extensas lesões teciduais Dor (adrenalina) Manipulação visceral excessiva Já vimos que os estímulos provenientes da incisão deflagrão a resposta orgânica – hipotálamo (CRF)– hipófise(ACTH). O bloqueio epidural tende a diminuir esses estímulos aferentes. 3. Pós-operatórios: Cateterismo vesical Jejum prolongado Dor Infecção Hiper-hidratação MEDIDAS PARA REDUZIR A RESPOSTA: Lembrar do projeto ACERTO ✓ Explicar o procedimento e acalmar o doente ✓ Evitar o jejum prolongado pré- operatorio ✓ Evitar hipotermia em campo com mantas térmicas se necessário ✓ Cirurgias videolaparoscopicas produzem uma REMIT de menor intensidade comparada à técnica tradicional; ✓ Anestesia adequada ✓ Analgesia ✓ Evitar hiper-hidratação. ✓ Não usar o bisturi elétrico para cauterização excessivamente. PREPARO IMUNOLÓGICO NO PACIENTE CIRÚRGICO: A dieta imunomoduladora (suplementação com glutamina, arginina, ácidos graxos, aminoácidos) tem potencial de evitar o catabolismo excessivo da REMIT. MANEJO METABÓLICO NO PACIENTE: Objetivos: 1. Preservar massa corporal magra 2. Evitar complicações metabólicas 3. Preservar e modular sistema imune 4. Atenuar resposta inflamatória Avliação nutricional: Envolve a anamnese e exame físico no pré-operatório. O déficit nutriconal ocasiona em dificuldade de cicatrização, alterações na resposta imune, catabolismo exacerbado, aumento na disfunção organiza, atraso na recuperação, e até maior mortalidade. Todo paciente internado deve ser avaliado quanto ao seu status nutricional e ter sua meta calórica alcançada (principalmente os que já apresentam processo inflamatório por trauma/doença) Metas: Devemos estabelecer metas antes de iniciar o suporte nutricional pode ser feito através de: VET- valor energético total Calorimetria indireta (ferramenta para quantificar gastos energéticos – quantifica O2 e CO2 trocados na respiração para estimar a produção calórica) Fórmulas de bolso: repor 20 a 25 kcal/kg/dia. Vias de acesso: Oral (preferencial) > enteral > parenteral Dieta oral e enteral são melhores que a via parenteral pois proporcionam homeostase do TGI, mantem trofismo da mucosa, fluxo sanguíneo, flora intestinal reduzindo a chance de translocação bacteriana. Se o a nutrição oral for < que 70% do VET = fazer uma complementação com enteral ou parenteral IMUNONUTRIÇÃO: Objetivos: Diminuir SRIS (inflamação exacerbada) Modular CARS (síndrome compensatória) Diminuir Resistência Insulínica Cicatrização Diminuir ISC / SEPSE Diminuir tempo de ventilação mecância Diminuir Tempo internação Diminuir Mortalidade Indicações: Paciente de cirurgia Eletiva Oncológica CP (cirurgia de cabeça e pescoço) Ortopédicas Politraumatizados Cirurgia de emergência Sepse Leve Grande Queimado Contra indicação: Sepse Grave Ventilação Mecanica associada Sind Disfunção Multiorgânica O que é Resposta Endócrino e Metabólica Imunológica ao Trauma ? Vias Energéticas Ação Neuroendócrina: BALANÇO NITROGENADO NEGATIVO: PrincipaisMediadores Inflamatórios: FASES Modulação da REMIT: MANEJO METABÓLICO NO PACIENTE:
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