Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Queimaduras e Trauma Musuculoesqueletico Queimaduras: Definimos queimadura como uma lesão tecidual decorrente de trauma térmico, elétrico, químico ou radioativo, que destrói parcialmente ou totalmente a pele e seus anexos, podendo alcançar camadas mais profundas como o tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos. No Brasil, a maioria das vítimas é do sexo masculino, predominantemente adultos jovens entre 20 e 29 anos, e crianças menores de dez anos. A mortalidade em pacientes queimados apresenta distribuição bimodal, ocorrendo imediatamente após a lesão (principal causa) ou semanas mais tarde. A ótima qualidade do tratamento do paciente queimado não implica somente em uma melhora na sobrevida, mas também na recuperação da funcionalidade do segmento atingido e na manutenção do aspecto cosmético da área com prometida. Sabemos que o prognóstico de uma vítima de queimadura vai depender da extensão da Superfície Corporal Queimada (SCQ), da profundidade e localização da lesão, da presença ou não de doenças crônicas associadas e da idade do paciente (mais grave em crianças e idosos). O termo grande queimado é usado para designar vítimas de queimaduras graves, isto é, toda vítima de queimadura que necessita de atendimento em CETQ. Por outro lado, a American Burn Association define um grande queimado quando observamos qualquer um dos seguintes: Primeiro Atendimento: A - Vias Aeras: Em pacientes que sofreram queimaduras em incêndios, o nosso passo inicial é afastar a vítima das chamas, naturalmente. A seguir, a atenção deve ser dada à via aérea. De acordo com o ATLS, existem algumas evidências que nos indicam alta probabilidade de comprometimento dessa estrutura: • Queimaduras cervicais ou faciais • Chamuscamento dos cílios e vibrissas nasais • Depósitos de carbono e alterações inflamatórias agudas na orofaringe • Escarro carbonado • Rouquidão • História de confusão mental e/ou confinamento no local do incêndio • História de explosão com queimaduras de cabeça e tronco • Níveis sanguíneos de carboxi-hemoglobina > 10% A intubação endotraqueal precoce deve ser realizada nos seguintes casos: (1) sinais de obstrução da via aérea, como rouquidão, estridor, uso de musculatura acessória ou retração esternal; (2) SCQ estimada > 40–50%; (3) queimaduras faciais profundas e extensas; (4) queimaduras no interior da boca; (5) edema significativo ou risco para edema; (6) dificuldade na deglutição; (7) sinais de comprometimento respiratório, como incapacidade de clarear secreções, fadiga respiratória ou oxigenação/ventilação insuficientes; (8) rebaixamento do nível de consciência; e (9) transferência de grande queimado com equipe de transporte não treinada para acesso imediato à via aérea, caso necessário. B - Ventilacao: A lesão pulmonar por inalação ocorre quando a fumaça produzida pela combustão de elementos que se encontram no ambiente em chamas alcança a via aérea infraglótica, ocasionando lesão em brônquios, bronquíolos e alvéolos. Alterações sugestivas incluem sibilos e/ou produção excessiva de muco e escarro carbonáceo. As vítimas habitualmente se encontram em recinto fechado. A evolução para insuficiência respiratória é a complicação mais temida, geralmente não ocorrendo antes das primeiras 24 horas do acidente. A intoxicação pelo monóxido de carbono (CO) deve ser suspeitada em todo o indivíduo que inalou fumaça; mais uma vez, existe história de queimadura por chama em locais fechados. Sabemos que o CO possui uma afinidade pela hemoglobina 240 vezes superior ao do oxigênio. As manifestações clínicas da intoxicação estão na dependência dos níveis de Carboxi-Hemoglobina (COHb) no sangue, que, por sua vez, estão diretamente relacionados ao tempo de exposição à fumaça. Quando suspeitamos de intoxicação, devemos administrar imediatamente oxigênio a 100%, em alto fluxo, através de máscara unidirecional, sem recirculação. O oxímetro de pulso não é capaz de sugerir a exposição ao CO, uma vez que não consegue diferenciar a COHb da oxiemoglobina. A intoxicação por cianeto é ocasionada por fumaça derivada da combustão de alguns elementos no meio ambiente em chamas (poliuretano, náilon, lã e algodão). O cianeto inibe o metabolismo aeróbico e pode resultar rapidamente em óbito. As manifestações clínicas da exposição ao cianeto são totalmente inespecíficas e seus níveis não podem ser aferidos com precisão de form a rápida. Sendo assim, seu tratamento deveser em pírico, ou seja, mediante suspeita (rebaixamento do nível de consciência em queimados em recintosfechados...). A conduta é a administração de tiossulfato de sódio e hidroxicobalamina. As queimaduras de espessura total (terceiro grau) deixam a área queimada com uma textura semelhante a um couro, ou seja, há perda completa da elasticidade no local acometido. Quando toda ou quase toda a circunferência do tórax é envolvida por esta lesão, sobrevêm insuficiênciarespiratória porrestrição à expansão torácica. Essa situação, que representa outra causa de com prometimento agudo da ventilação, tem que ser reconhecida imediatamente. O tratamento instituído é a escarotomia da lesão, ou seja, a incisão da área queimada até o subcutâneo; esse procedimento restabelece de imediato a expansibilidade do tórax. C - Circulacao: A etapa seguinte é o acesso venoso, que deve ser obtido com cateter calibroso em veia periférica (no mínimo 16G), de preferência em membros superiores. Na inviabilidade de se obter uma veia adequada em membros superiores, o acesso venoso em membros inferiores (safena) deve ser empreendido, através de dissecção; contudo, em doentes queimados, o acesso em safena tem maior associação a flebites. A infusão de líquidos deve ser iniciada, de preferência já no ambiente pré- hospitalar. Em CTQ, após um cálculo mais preciso da área envolvida, a administração de líquidos obedece a fórmulas mais rigorosas, que descreveremos a seguir. É importante que o volume prescrito até esse momento seja também contabilizado (ambiente pré-hospitalar mais emergência, por exemplo). Exceto nas queimaduras de primeiro grau, todas as vítimas com lesões mais graves, com mais de 20% de SCQ, devem receber volume o mais rápido possível, através de infusão de cristaloides (Ringer lactato). A reposição volêmica, se ainda não iniciada no atendimento pré-hospitalar, deve começar com Ringer lactato conforme a fórmula: peso x SCQ/8, por hora. É aconselhável passagem de cateter vesical de Foley para a medida dadiurese horária, que representa omelhorparâmetro para acompanharmos a reposição de volume. O débito urinário deve ser mantido em 0,5 m l/kg/h e 1 m l/kg/h em crianças < 14 anos. Uma vez admitido em CETQ, o cálculo da SCQ é mais preciso. Nesse momento, a infusão de líquido deve continuar, porém tendo como base outras fórmulas preestabelecidas. A última edição do ATLS (10a) recomenda uma reposição inicial de volume, nas primeiras 24 horas, de 2 ml de Ringer lactato × peso do paciente (em kg) × SCQ. Metade do volume infundido nas primeiras oito horas, a contar do momento do acidente, e a outra metade nas 16 horas subsequentes. Um volume administrado insuficiente resulta em hipoperfusão e lesão orgânica; por outro lado, uma infusão excessiva de líquidos pode agravar o edema, fenômeno que tem como consequências: (1) progressão da queimadura para planos mais profundos; e (2) síndrome compartimental de abdome ou extremidades. E - Exposicao: Após o controle das vias aéreas, o próximo passo é interromper o processo de queimadura. Toda a roupa do doente deve ser removida, uma vez que determinados tecidos sofrem combustão com grande facilidade; joias e anéis devem ser retirados de imediato devido ao edema tecidual que se instala rapidamente. A área queimada deve ser irrigada copiosamente com água em temperatura ambiente dentro dos primeiros 15 minutos do acidente. O uso de gelo está contraindicado, uma vez que pode aumentar a área queimada e/ou provocar hipotermia.Os curativos na forma de toalha ou lençol estéreis e secos são suficientes antes do transporte da vítima; esta deve ser recoberta por vários cobertores sobre os lençóis para evitar a perda por evaporação e a hipotermia. Avaliacao da Area Queimada: A determinação do percentual da SCQ éde importância fundamental, sendo este valor diretamente proporcional à gravidade da lesão, funcionando como índice prognóstico. A “regra dos nove de Wallace”, permite avaliação rápida e segura da área queimada em adultos. Sendo assim, cada membro superior corresponde a 9% da superfície corporal total (41⁄2 região anterior e 41⁄2 região posterior), cada membro inferior 18% (9% região anterior e 9% região posterior), o tronco 36% (18% região anterior e 18% região posterior), cabeça e o pescoço 9% ( 41⁄2 região anterior e 41⁄2 região posterior) e o períneo e a genitália, juntos, 1%. O diagrama de Lund e Browder nos fornece uma avaliação mais detalhada (de acordo com diferentes faixas etárias), sendo empregado em muitos CETQ . As queimaduras de primeiro grau, ou superficiais, são limitadas à epiderme e manifestam-se clinicamente através de eritema, secundário à vasodilatação, e dor moderada, não ocorrendo bolhas nem comprometimento dos anexos cutâneos. São tratadas através de analgesia com anti-inflamatórios orais e soluções tópicas hidratantes, e não são consideradas em cálculos de SCQ. As queimaduras de segundo grau superficiais caracterizam-se por comprometer toda a epiderme até porções superficiais da derme (camada papilar), apresentando-se muito dolorosas, com superfície rosada, úmida e com presença de bolhas. Estas surgem em 12 a 24h, o que pode nos levar à classificação errônea de queimadura de primeiro grau no atendimento inicial. Não ocorrendo infecção, essas lesões tendem a cicatrizar em até três semanas com resultado estético bom, sendo raras as cicatrizes hipertróficas. As queimaduras de segundo grau profundas acometem toda a espessura da epiderme e se estendem pela derme envolvendo sua camada reticular. A pele apresenta-se seca, avermelhada ou mosqueada e, dependendo do grau de comprometimento da vascularização, a dor é moderada; bolhas podem ser encontradas. Quando ocorre alteração na sensibilidade, observa-se diminuição da sensibilidade tátil com preservação da sensibilidade à pressão (barestésica). Estas lesões costumam cicatrizar entre três a nove semanas, sendo comum a formação de cicatrizes não estéticas e risco razoável de cicatrização hipertrófica, principalmente em afrodescendentes e crianças. Nas queimaduras de terceiro grau (espessura) ocorre comprometimento de toda a espessura da epiderme, da derme e parte do tecido celular subcutâneo (hipoderme). A área queimada pode apresentar- se pálida e esbranquiçada (como uma cera) ou mesmo enegrecida ou vermelho amarelada, podendo ser visto na sua base vasos coagulados. Sua textura é firme, semelhante ao couro, e a sensibilidade tátil e a pressão encontram-se diminuídas. Queimaduras de quarto grau acometem toda a espessura da pele, tecido celular subcutâneo e alcançam tecidos profundos como músculo e ossos. Exemplo típico é a queimadura elétrica. Atualmente, métodos complementares como a fluorometria com fluoresceína, a fluxometria com Doppler, o ultrassom e a ressonância magnética aumentam a precisão diagnóstica. Cuidados com a Queimadura: Uma dose de reforço do toxoide tetânico (0,5 ml) deve ser aplicada em todos os pacientes com área queimada superior a 10%, sobretudo quando não está disponível história de imunização. O controle da dor, principalmente em queimaduras de segundo grau, é de suma importância. Podemos empregar a morfina em doses intravenosas de 2 a 5 mg até o alívio sintomático, sendoimportante a observação das variações da pressão arterial. As queimaduras de terceiro grau costumam causar mais ansiedade que propriamente dor, estando indicado nesses casos o emprego de benzodiazepínicos. A realização de desbridamento com retirada de corpos estranhos e tecidos desvitalizados e a limpeza da ferida (água e clorexidina degermante a 2%) são medidas obrigatórias. Após o desbridamento, um curativo oclusivo deve ser aplicado como tratamento inicial. Os principais objetivos dessa medida incluem: proteção do epitélio lesado, redução da colonização bacteriana ou fúngica, imobilização do segmento atingido para manter a posição funcional desejada e redução da perda calórica através da evaporação. A área queimada deve ter curativos trocados duas vezes ao dia. O curativo oclusivo pode ser aplicado em quatro camadas; atadura de tecido sintético (rayon) ou morim contendo antibiótico tópico, gaze absorvente, algodão hidrófilo e atadura de crepe. Face e períneo devem receber curativo exposto. Os antimicrobianos tópicos podem ser o acetato de mafenida a 5%, o nitrato de prata a 0,5% ou a sulfadiazina de prata a 1% e o nitrato de cério a 0,4%. Todos são eficazes na prevenção de infecção. Nas queimaduras de segundo grau superficiais, muitos serviços optam pelo uso de curativos biológicos ou sintéticos enquanto se aguarda a cicatrização da ferida. Estes devem ser aplicados nas primeiras 24 horas da queimadura, antes que uma alta taxa de colonização bacteriana apareça; não são empregados antimicrobianos tópicos. As queimaduras de segundo grau profundas e as de terceiro grau são tratadas com excisão da área queimada e substituição por enxerto retirado de áreas doadoras do próprio paciente. O procedimento usualmente é realizado dentro da primeira semana da queimadura e só é recomendado quando os parâmetros hemodinâmicos do paciente se encontram estabilizados. Trauma Musculoesqueletico: As lesões musculoesqueléticas raramente causam risco imediato à vida ou ao membro, mas devem ser tratadas de maneira adequada para prevenir incapacidades futuras. A presença dessas lesões significa que o paciente foi submetido a forças significativas, por isso pode apresentar lesões associadas no tronco. A presença de um trauma musculoesquelético não altera as prioridades na reanimação. Nunca se esqueça do “ABCDE” da avaliação primária do ATLS! A avaliação das extremidades no paciente traumatizado tem três objetivos: 1. Avaliação primária: identificar as lesões que podem colocar a vida em risco; 2. Avaliação secundária: identificar as lesões que podem colocar o membro em risco; 3. Reavaliação contínua: revisão sistemática para evitar que quaisquer lesões musculoesqueléticas passem desapercebidas. Avaliacao Primaria e Reanimacao: Consiste em reconhecer e controlar as hemorragias por meio de pressão direta ou alinhamento e imobilização de fraturas, ou até mesmo realização de torniquete. A reposição com fluidos também se faz necessária nessa fase do atendimento. Quando falamos do alinhamento e imobilização de fraturas, devemos ter em mente que seu objetivo é controlar a hemorragia, diminuir a dor e prevenir lesões maiores, como embolia gordurosa. Ademais, é preciso entender que quando se fala de redução de fratura, estamos falando de uma fratura exposta, já alinhamento é realizado apenas na atenção secundária por meio de tala. É importante lembrar que a imobilização e alinhamento NÃO deve atrasar a reanimação do paciente. A solicitação de radiografias será determinada pela clínica do paciente. Avaliacao Secundaria: Consiste em suspeitar melhor de determinadas lesões colhendo a história e exame fisico do paciente. Na história devemos perguntar quando ao mecanismo de trauma, o ambiente em que se aconteceu o trauma, lembrar sempre de fazer o AMPLA. Já durante o exame físico devemos evitar exposição e hipotermia do paciente e avaliar lesões que implicam em risco de vida, perda do membro e lesões ocultas/menores. Inicie o exame físico avaliando sangramentos, deformidades, coloração, movimentos espontâneos, temperatura, dor, crepitação e sensibilidade. É preciso fazer uma avaliação atenciosa da circulação verificando, além de cor e temperatura que já foidito, pressão de pulso, enchimento capilar, parestesia (indica presença de lesão nervosa, compressão nervosa, pensar SEMPRE em síndrome compartimental), doopler e heematomas em expansão. A solicitação de radiografias também será guiada pelos sinais clínicos do paciente, se forem necessárias deverão solicitar das articulações acima e abaixo da lesão e em duas incidências. É preciso ter cuidado para situações em que serão necessárias atrasar a radiografia, como comprometimento vascular e ruptura iminente da pele. Fratura de Quadril: O sangramento que causa instabilidade hemodinâmica no cenário de fratura pélvica é mais comumente (85%) devido à hemorragia do plexo venoso pélvico pré-sacral e das superfícies abertas do osso. Para pacientes hemodinamicamente instáveis, o tratamento inicial consiste em ressuscitação volêmica, estabilização externa temporária da bacia com uma “amarração” ou “enfaixamento” utilizando um lençol ao redor da pelve, no nível dos trocanteres, para fechar o anel pélvico. Após o enfaixamento da pelve, realizamos o empacotamento pélvico pré- peritoneal, que é a colocação de compressas ao redor da bexiga (retiradas em 24 a 48 horas), seguido de fixação externa precoce. A angioembolização fica reservada para pacientes sem coagulopatias que continuam a sangrar de uma fonte pélvica (arterial), apesar da fixação óssea e do empacotamento pélvico. Lembre-se de que a lesão arterial pode ser tratada com arteriografia e angioembolização. Já a lesão do plexo venoso não é tratável por essa técnica. Nas fraturas abertas ou expostas, nas quais o hematoma fraturário tem contato com o meio externo, podem haver lacerações extensas no períneo, incluindo o reto e a vagina. Frente a essas lesões, um pacote de medidas geralmente está indicado. São elas: 1. Limpeza da lesão e desbridamento de todos os tecidos desvitalizados. Remover fragmentos ósseos e outros materiais estranhos. Pode ser deixada aberta para fechamento por segunda intenção, pelo risco de infecção, com programação de curativos seriados, preferencialmente no centro cirúrgico, sob anestesia e/ou sedação. Curativos com pressão negativa são úteis para controlar a drenagem e reduzir o tamanho do defeito; 2. Antibioticoterapia de amplo espectro; 3. Derivação do trânsito intestinal (colostomia em alça no sigmoide ou no ângulo hepático do cólon) e cateterismo vesical (ou cistostomia), para reduzir a contaminação das feridas pélvicas ou perineais abertas, que podem levar à sepse e à osteomielite; 4. Tratamento adequado das fraturas; 5. Revisão programada em 48 a 72h; 6. Reconstrução apenas quando os tecidos estiverem todos viáveis, na ausência de infecção e quando as condições clínicas do paciente permitam. Portanto, nos traumas pelveperineais complexos, o fechamento da ferida com rotação de retalho miocutâneo está contraindicado nesse primeiro momento do tratamento, devido ao alto risco de infecção. Lesao Arterial com Grande Hemorragia: Podem ser decorrentes de ferimento penetrante/contuso em extremidades. Caracterizado por hematoma pulsátil ou em expansão, hemorragia ou hipotensão e pode apresentar isquemia de extremidades. Tratamento consiste em conter o sangramento e chamar o cirurgião vascular com urgência. Sindrome do Esmagamento: A síndrome do esmagamento, ou síndrome de crush ou rabdomiólise traumática, refere-se aos efeitos clínicos causados pela lesão muscular extensa. É uma combinação de lesão muscular direta, isquemia muscular e morte celular com liberação de mioglobina. O trauma ou compressão muscular é a causa mais comum de rabdomiólise, e ela geralmente ocorre em pacientes que apresentam lesão muscular por esmagamento, sendo mais frequente na coxa ou na panturrilha. A rabdomiólise apresenta-se com uma tríade característica composta de fraqueza, urina escura (marrom-avermelhada ou coloração âmbar) e dor muscular, mais proeminente nos grupos musculares proximais, porém mais da metade dos casos pode não apresentar sintomas musculares. Outros achados seriam rigidez, cãibras, mal-estar, febre, taquicardia, náuseas, vômitos, oliguria e dor abdominal. O tratamento deve ser agressivo e precoce com a infusão de fluidos intravenosos, controle dos distúrbios eletrolíticos e do equilíbrio ácido- básico. A recomendação é manter um débito urinário 200-300 mL/h até que a mioglobinúria desapareça. A alcalinização urinária (com administração do bicarbonato) auxilia na solubilidade da mioglobina e do ácido úrico, por isso é uma estratégia auxiliar utilizada no tratamento da rabdomiólise. O objetivo é que o pH urinário atinja 6,5. O uso de diuréticos só deve ser feito se houver sinais de hipervolemia. A hemodiálise fica restrita para os casos em que há falha na correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos, como a hipercalemia e acidose refratárias, uremia grave ou, então, quando há sinais de sobrecarga volêmica. Fraturas Expostas: Decorrem de traumas de grandes energias. Pode ser classificada em relação a Classificação de Gustillo e Anderson e seu tratamento consiste em inspeção visual da feria, não utilizar instrumentos para examinar a ferida, realizar curativos estéreis e chamar o ortopedista com urgências. O uso de ATBprofilático vai depender do local em que ocorreu o trauma, o tipo de lesão e os germes hospitalares.Em regiões de pouca vascularização podemos fazer em até 8h. Já em regiões de maior vascularização (ex: face e couro cabeludo) podemos aguardar até 12h. Referencias Bibliograficas: • Apostila Medcurso 2024 - Cirurgia II • Apostila Estratégia Med 2024 - Trauma Abdominal e Pélvico • Apostila Estratégia Med 2024 - Trauma Vascular e Musculoesqueletico • Apostila SanarFlix - Trauma (Bases-do-dia-a-dia) - Trauma Abdominal
Compartilhar