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Apostila - Unidade V - Estado Moderno e Absolutismo

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Prévia do material em texto

História Moderna
Estado Moderno e Absolutismo 
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Edgar da Silva Gomes
Revisão Textual:
Prof. Ms. Fátima Furlan
5
• Introdução
• O Estado-Nação e as Monarquias Absolutistas
• A Guerra dos Cem Anos: Inglaterra, França e Joana D’Arc
 
 Atenção
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as 
atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
 · Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre um 
importante tema da história na Idade Moderna: “Estado 
Moderno e Absolutismo”. 
 · Procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o 
material complementar. Não esqueça: a leitura é um momento 
oportuno para anotar suas dúvidas, por isso não deixe de 
registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. 
Estado Moderno e Absolutismo
• A França sai fortalecida da Guerra
• Inglaterra: a unidade na instabilidade
• Portugal: primeiro estado “moderno” e o absolutismo 
fragmentado
• A Espanha de Fernando e Isabel
• O Absolutismo e seus teóricos
6
Unidade: Estado Moderno e Absolutismo
Contextualização
A Unidade, Estado Moderno e Absolutismo, é sobre um período da história que se processa 
do final da Baixa Idade Média ao final da Idade Moderna. Esses acontecimentos moldaram o 
que conhecemos ainda hoje como Estado Nacional, com poucas alterações. 
Para uma reflexão contextualizada deixo para vocês o Documentário do cineasta americano, 
Michael Moore, “Fahrenheit 9/11”. Espero que façam uma leitura relacional do avanço da 
Direita no Mundo Contemporâneo e seus subterfúgios para justificar a concentração de poder e 
a forma imperialista como os EUA agem com a Unidade que acabamos de estudar. 
Michael Moore - Fahrenheit 9 11
https://www.youtube.com/watch?v=cY0OCdHICCo
Documentário EUA 2004 – 2:02:19
Fahrenheit 9/11 é um documentário americano de 2004 escrito, estrelado e dirigido pelo 
cineasta estadunidense Michael Moore. Fala sobre as causas e consequências dos atentados de 
11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, fazendo referência à posterior invasão do Iraque, 
liderada por esse país e pela Grã-Bretanha. Além disso, tenta decifrar os reais alcances dos 
vínculos que existiriam entre as famílias do presidente George W. Bush e a de Osama bin Laden.
O título do filme faz referência ao livro Fahrenheit 451 (233°C, que representa a temperatura 
em que arde o papel), escrito em 1953por Ray Bradbury, e também aos atentados de 11 de 
setembro de 2001, já que “11/9” se escreve “9/11” nos países de língua inglesa.
Sugerindo “a temperatura que arde a liberdade”, esse documentário ressalta especificamente 
a relação entre a família Bush e pessoas próximas a ela, com membros de eminentes famílias da 
Arábia Saudíta (incluindo a família de Bin Laden), em uma relação que se estende durante mais 
de trinta anos, assim como a evacuação de familiares de Osama bin Laden organizada pelo 
governo de George W. Bush depois dos ataques de 11 de setembro. Se bem que essa relação de 
negócios entre os clãs Bush e Bin Laden não seja discutida, ela não é amplamente conhecida.
A partir daí, o filme dá pistas sobre as verdadeiras razões que têm impulsionado o governo Bush 
a invadir o Afeganistão em 2001 e Iraque em 2003, ações que, segundo Moore, correspondem 
mais à proteção dos interesses das indústrias petrolíferas norte-americanas do que ao desejo 
de libertar os respectivos povos ou evitar potenciais ameaças. O documentário insinua que a 
guerra com o Afeganistão não teria como principal objetivo capturar os líderes da Al Qaeda e, 
sim, favorecer a construção de um oleoduto, e que o Iraque não era, no momento da invasão, 
uma ameaça real para os Estados Unidos, senão uma fonte potencial de benefícios para as 
empresas norte-americanas.
 » http://pt.wikipedia.org/wiki/Fahrenheit_9/11
https://www.youtube.com/watch?v=cY0OCdHICCo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fahrenheit_9/11
7
Introdução
Durante a Idade Média, o poder político era descentralizado e foi controlado pelos 
senhores feudais, vassalos de um rei, que geralmente se submetia ao poder do imperador 
do Sacro Império e do Papa. Não havia estados nacionais centralizados e organizados por 
afinidades culturais. 
A vida urbana ensaiava um crescimento mais consistente, trazendo grandes transformações 
econômicas e sociais. Guerras e revoltas se tornaram constantes na Europa Ocidental dos 
séculos XIV e XV. Para nova configuração social que estava surgindo era importante um poder 
que pudesse garantir sua segurança. 
As crises no final da Baixa Idade Média provocaram a dissolução do sistema feudal e 
prepararam o caminho para a implantação do capitalismo. Para os nobres e senhores feudais, 
empobrecidos, pois a terra deixou de ser a única fonte de riqueza, a solução foi fazer aliança, 
em geral por meio de casamentos arranjados, com a burguesia mercantil que enriqueceu com a 
exploração do comércio em expansão. 
O clero foi outro estamento que se adaptou à transição medieval-moderna, além de possuir 
as mesmas preocupações da nobreza, encontrou no Estado centralizado na figura do rei uma 
forma de manter sua hegemonia política e ideológica ao apoiar o absolutismo emergente.
A centralização política transformou-se em uma solução para os graves problemas enfrentados 
por todas as classes sociais durante o processo de formação dos Estados Modernos, e a 
burguesia necessitava de um governo estável e de uma sociedade sem convulsões sociais para 
que continuasse progredindo. 
A solução para isso foi financiar a centralização do poder na figura do rei para que ele 
organizasse seu território e acabasse definitivamente com as disputas entre a antiga nobreza 
feudal, diminuísse a quantidade de impostos, unificasse a moeda e estabelecesse um idioma 
“oficial” para seus súditos.
O fortalecimento da autoridade dos reis com o apoio da burguesia mercantil favoreceu a 
consolidação das monarquias nacionais que investiu no desenvolvimento do comércio, na 
melhoria dos transportes e na segurança das comunicações. 
Diversos reis passaram a exercer autoridade nos mais variados setores: organização dos 
exércitos e da justiça entre seus súditos, decretando leis e arrecadando tributos. Essa concentração 
de poder passou a ter a denominação de absolutismo monárquico.
O processo que deu origem ao Estado Moderno se deu por meio da oposição a duas 
características fundamentais do período anterior: o regionalismo dos feudos e das cidades 
que gerava a fragmentação político-administrativa; o universalismo da Igreja, que espalhava 
seu poder ideológico e político sobre diferentes regiões europeias, que gerava a ideia de uma 
cristandade ocidental. 
Ao vencer o regionalismo administrativo e o universalismo ideológico, o Estado moderno 
tinha por objetivo a formação da sociedade nacional com as seguintes características: soberania, 
idioma comum, exército permanente e território definido.
8
Unidade: Estado Moderno e Absolutismo
A evolução do sistema feudal para o Estado Moderno Absolutista na Europa ocidental se dá 
de forma diferenciada, por exemplo, Portugal é considerado por muitos historiadores como o 
primeiro Estado Nacional, em outro caso a conformação dessas características na Inglaterra e 
França se deu devido a Guerra dos Cem Anos travada por essas duas monarquias. O Estado 
absolutista imperou na Europa durante toda a Idade Moderna.
O Estado-Nação e as Monarquias Absolutistas
O Estado Moderno é originado do embricamento das monarquias absolutistas e do processo 
de formação do sentimento nacional. “É no período moderno que podemos acompanhar o 
rompimento do isolamento das comunidades locais para marcos sócio-geográficos maiores, 
constituindo-se os chamados Estados-nações”1 . Isto decorre de um longo processo, durante 
o qual, progressivamente, os reis conseguiram eliminar ou enfraquecer de forma sensível 
os poderes locais e o poder supranacional da Igreja, sem abrir mão de sua ideologia, agora 
subordinadaao monarca e ao Estado,
O papado, todavia, teve de atenuar suas pretensões em relação aos reis (...) Ele 
conserva em certos casos, um papel de árbitro supremo das nações (...) não foi 
ainda recusado ao papa o direito de condenar um rei herético. Entretanto, no 
que respeita ao temporal, os soberanos se libertam dos conselhos da Igreja. É, 
em seus conselhos privativos que procuram a inspiração cristã de seus atos. Eles 
estão, de resto, investidos de um caráter religioso. No que concerne ao sagrado, 
só devem o seu cetro a Deus. 2
Não se deve concluir que a consciência da massa camponesa, que era a maioria da população, 
assumiu automaticamente a noção de Nação, pois estava mais ligada à sua aldeia que era a 
sua “pátria”, além de sua aldeia todos são “estrangeiros”. No século XVIII para os franceses “o 
termo patriota passa a ser utilizado no sentido atual: aquele que ama e se sente atado à ‘pátria 
grande’ e não apenas à comunidade ou região de que é oriundo”3. Na Reforma Protestante, no 
inicio século XVI, Martinho Lutero invoca o sentimento nacional contra Roma, mas neste caso 
a monarquia absoluta não foi uma realidade na Alemanha. Mas,
Cresciam na Europa as consciências nacionais. As causas disso não são 
unicamente o apego religioso ao soberano, a afirmação das monarquias perante 
os regimes feudais, as lutas empreendidas em comum contra os vizinhos, mas 
também o progresso das línguas nacionais, favorecidos pelas administrações 
reais e, igualmente, o impulso de comércio, o desenvolvimento da instrução 
graças à imprensa. O Estado – dizia-se na época a República – não criou a 
nação. Fê-la crescer e, com ela, transformou-se. Tornou-se a sua expressão. 
As nações se afirmam, não apenas umas contra as outras, mas fizeram recuar 
a unidade cristã cara a Idade Média. Dos dois poderes tradicionais o papa e 
o imperador, o segundo perdeu toda a autoridade sobre os reis, exceto essa 
eventual e teórica de criar reis.4
1 MARQUES, Adhemar. Historia Moderna. p. 54.
2 CORVISIER, André . História Moderna. 4 ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1995, p. 95.
3 MARQUES, Adhemar. Historia Moderna. p. 56.
4 CORVISIER, André . História Moderna. 4 ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1995, p. 94.
9
As monarquias absolutas substituem as monarquias politicamente limitadas da Idade Média. 
A nobreza feudal, empobrecida na maioria das vezes, e a burguesia emergente e rica, ficam 
reféns dos movimentos revolucionários das massas populares, que continuavam exploradas 
pelos estamentos do topo da pirâmide social. Apesar de rica, a burguesia não tinha poder de 
enfrentar as antigas classes dominantes – rei, nobreza e alto clero – os nobres ainda detinham 
boa parcela do poder, mas a monarquia se acerca do capital dos burgueses para centralizar 
o poder em suas mãos e em contrapartida ofereceu os meios para expansão comercial desta 
classe em ascensão.
Segundo Perry Anderson, “o Estado absolutista nunca foi um árbitro entre a aristocracia e a 
burguesia, e menos ainda um instrumento da burguesia nascente contra a aristocracia: ele era a nova 
carapaça politica de uma nobreza atemorizada”, ou ainda segundo Christopher Hill, “A monarquia 
absoluta foi uma forma de monarquia feudal diferente da monarquia dos Estados medievais que a 
precedera; mas a classe dominante permaneceu a mesma, tal como uma república uma monarquia 
constitucional e uma ditadura fascista podem ser todas as formas de dominação burguesa” (Apesar 
de imprecisa a comparação com o regime fascista, vale tirar como lição desse comentário de Hill, 
que o absolutismo e o fascismo5 são regimes de dominação autoritária em nome de um Estado, 
centrado nas mãos de uma pessoa ou de um partido/assembleia).6 
O Estado absolutista se origina da incapacidade do senhor feudal em manter a ordem e a 
servidão, seus deveres (vassalagem e militar), são assumidos pelo rei que centraliza o poder. 
Constituem-se, então, os Estados Absolutistas. Segundo Leon Pomer,7 “a monarquia francesa 
foi a mais absoluta que existiu”, com exceção da Espanha os Estados absolutistas apresentavam 
as seguintes características:
 » Um sistema legal que tende a se unificar;
 » Códigos administrativos operados por pessoal especializado;
 » Concentração do poder material e espiritual, as monarquias se legitimam por direito 
divino e enfrentam o poder temporal da Igreja;
 » Exércitos a serviço do poder real e estreitamento dependente dele; (sic)
 » Arrecadação de impostos para sustentar exércitos e o aparato administrativo que 
arrecada e transmite, e faz cumprir as determinações do poder real;
 » Dissolução dos vínculos feudais e afloramento das relações de subordinação pessoal;
 » Enfraquecimento e, às vezes, eliminação dos poderes locais, regionais e provinciais, 
 » Eliminação das autonomias das cidades;
 » Mercantilização crescente da economia: produção e circulação de mercadorias em 
âmbito sociais e geográficos muito mais vastos que os conhecidos anteriormente;
 » Extinção das barreiras jurídicas que sancionavam uma estratificação social do tipo estamental;
 » Percepção ampliada do todo social em virtude da multiplicação das interações sociais;
 » Construção de redes viárias e canais, estes na Inglaterra, pelos quais transitavam mais 
facilmente os homens e as mercadorias. 
Na definição de Anderson, o poder dos senhores feudais diluía-se na aldeia, a nova configuração 
político-econômica centrou o poder nas mãos do rei a nível “nacional”, consequentemente, 
“o resultado foi um aparelho reforçado do poder real, cuja função política permanente era a 
repressão das massas camponesas e plebeias na base da hierarquia social”8. 
5 Para saber mais sobre o fascismo: ECO, Umberto. Cinque scritti morali. Italia: Saggi Bompiani, 1997
6 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 18.
7 POMER, Leon. O surgimento das nações. São Paulo: Atual, 1985, pp. 23-25.
8 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. São Paulo: Brasiliense, 1998, pp. 19-20.
10
Unidade: Estado Moderno e Absolutismo
Mas, também dento da própria nobreza esta “máquina política” agiu como força de coerção 
disciplinando seus indivíduos. Sendo assim, esse processo de transformação político-social da 
Baixa Idade Média para o período Moderno teve como marcas conflitos e rupturas bastante 
agudas no interior das elites feudais. Em contrapartida, a propriedade da terra passou para as 
mãos da nobreza e burguesia que aumentava consistentemente seu poder econômico enquanto 
o rei aumentava seu poder pessoal e dependia do financiamento das elites para a defesa do 
Estado contra ataques estrangeiros, conquistas militares e a defesa da ordem interna,
Os membros individuais da classe aristocrática, que perderam constantemente 
direitos políticos de representação na nova época, registraram ganhos 
econômicos na propriedade, como o reverso do mesmo processo histórico. O 
efeito último dessa redisposição geral do poder social da nobreza foi a máquina 
de Estado e a ordem jurídica do absolutismo, cuja coordenação iria aumentar a 
eficácia da dominação aristocrática ao sujeitar um campesinato não servil a 
novas formas de dependência e exploração.9 
Segundo Perry Anderson, “a longa crise da economia e da sociedade europeia durante os 
século XIV e XV marcou as dificuldades e os limites do modo de produção feudal no último período 
da Idade Média”, uma das consequências mais marcantes dessa crise política da Baixa Idade 
Média, foi à implosão do feudalismo e, “no curso do século XVI, o Estado absolutista emergiu 
no Ocidente. As monarquias centralizadas da França, Inglaterra e Espanha representavam uma 
ruptura decisiva com a soberania piramidal e parcelada das formações sociais medievais”10. 
Absolutismo: Regime politico em que os reis concentram 
o poder em suas mãos delegando a um círculo restrito da 
nobreza cargos de confiança.
Periodização: Transição do Feudalismo para o Capitalismo. 
Concessões: Nova adequação ao poder, conciliando 
parcialmente os interesses da tradicionalnobreza e da burguesia 
nascente; Nobreza: cargos na burocracia administrativa e 
privilégios adquiridos como pensões vitalícias e isenção de 
impostos; Burguesia: dinamização das atividades comerciais com 
a unificação de moedas, leis que facilitavam a ação mercantil, 
sistema de pesos e medidas, conquista de mercados e eliminação 
de barreiras internas prejudiciais ao comércio.
Em passagens do livro “Linhagens do Estado Absolutista”, Perry Anderson cita as observações 
de Marx à estrutura administrativa do Estado Absolutista como um instrumento tipicamente 
burguês, para Marx, “a burocracia era apenas o meio de preparar o domínio de classe da 
burguesia”, modo pelo qual a burguesia dominaria o cenário político, “O poder do Estado 
centralizado, com seus órgãos onipresentes: exército permanente, policia, burocracia, clero e 
magistratura”, órgãos e instituições de controle, “tem sua origem nos tempos da monarquia 
absoluta, quando serviu à sociedade da classe média nascente, como uma arma poderosa das 
suas lutas contra o feudalismo”11. 
9 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3.ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 20.
10 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3.ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 15.
11 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3.ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 18.
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Para Perry Anderson, essas observações são “causais e alusivas”, pois Marx não aprofunda 
essas observações iniciais. O Estado absolutista não alterou a dominação, ele comutou sua 
forma, ou seja, a mesma aristocracia da Baixa Idade Média reformulou seus instrumentos de 
dominação para manter seu domínio. Com a mudança do sistema de produção, a nobreza 
readapta sua dominação, para Althusser, “o regime político da monarquia absoluta é apenas 
a nova forma política necessária à manutenção da dominação e da exploração feudais, no 
período de desenvolvimento de uma economia mercantil”12. 
Esta introdução não foi para definir os modos de produção feudal e capitalista, ou mesmo 
a transição do feudalismo para o capitalismo. O intuito é entender como a centralização do 
poder na figura do rei aliado a burguesia na Espanha, França e Inglaterra suplantaram um 
poder “frouxo”, redefiniram a sociedade moderna, demarcaram seus territórios e expandiram 
seu poder para além da Europa. 
A Guerra dos Cem Anos: Inglaterra, França e Joana D’Arc
”Desde 1450, a Europa Ocidental e Oriental conhecem uma paz relativa 
que permite a reconstrução das ruínas das guerras e o restabelecimento de 
uma situação demográfica comprometida pela peste negra (...) o esforço de 
reconstrução propaga o espirito de empreendimento”13 
Durante o processo de estabelecimento dos Estados Nacionais na Europa Ocidental, teve 
lugar um grande conflito entre duas das principais nações: França e Inglaterra. Este conflito ficou 
conhecido como “Guerra dos Cem Anos” (1337-1453) e marcou, do ponto de vista histórico, a 
formação de seus Estados Nacionais. 
Grandes Estados-Nação viveram em certa turbulência durante quase toda a Idade Média, 
a França foi um desses casos, mas o mais grave problema enfrentado pelos franceses foi a 
“Guerra dos Cem Anos” travada contra os ingleses. Na realidade essa guerra que durou cento 
e dezesseis anos e foi composta de vários conflitos, todos eles em solo francês. Essa guerra é 
marcada de um lado pelo poderio inglês e de outro pela obstinação francesa em defender seu 
território. As batalhas mais marcantes dessa guerra foram:
 » A Batalha de Sluys (1340) - Vitória Inglesa
 » A Batalha de Crécy (1346) - Vitória Inglesa
 » A Batalha de Calais (1347) - Vitória Inglesa 
 » A Batalha de Poitiers (1356) - Vitória Inglesa
 » A Batalha de Cocherel (1364) – Vitória Inglesa
 » A Batalha de Agincourt (1415) - Vitória Inglesa
 » O Cerco a Orléans (1429) – Primeira Vitória de Joana D’Arc 
12 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 19.
13 CORVISIER, André . História Moderna. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1995, p. 27.
12
Unidade: Estado Moderno e Absolutismo
 » A Batalha de Jargeau(1429) – Vitória Francesa
 » A Batalha de Meung-sur-Loire (1429) - Vitória Francesa 
 » A Batalha de Beaugency (1429) - Vitória Francesa
 » A Batalha de Patay (1429) - Vitória Francesa
 » A Batalha de Formigny (1450) - Vitória Francesa
Essa guerra, inicialmente, girou em torno da sucessão do trono francês. Com a morte de 
Carlos V, o rei Inglês Eduardo III tentou sucedê-lo, e assim anexar seu território e arrecadar 
os impostos, tão necessários para o fortalecimento de qualquer monarquia daquele período, 
ou seja, as causas dessa guerra trouxeram à tona algumas das características da centralização 
política que se desenvolveu na Baixa Idade Média e no inicio da Idade Moderna em praticamente 
todos Estados-Nação.
Os reis ingleses controlavam parte dos territórios franceses no sul da França no inicio do 
século XIV como vassalos da coroa francesa. A partir do reinado de Felipe Augusto (1165-
1223), os franceses tentavam retomar suas possessões, pois vinham expandindo e afirmando 
seu poder territorial. Os ingleses por sua vez estavam querendo dominar o rico comércio de lã 
na região dos Flandres e apoiavam toda tentativa de revolta dos burgueses flamengos contra os 
franceses que dominavam a região. 
Em 1328, a dinastia dos capetos chegava ao fim e foi substituída pelos parentes da dinastia 
dos Valois. Os ingleses descendentes dos capetinos, em decorrência de casamentos, se sentiram 
no direito de reivindicar o trono francês. Houve conflito de interesses e a guerra foi inevitável.
A França teoricamente não teria dificuldades em derrotar os ingleses; bem maior 
territorialmente, com uma população três vezes maior e mais rica a vitória em um conflito 
parecia pouco preocupante, no entanto, os ingleses que dominavam melhor as táticas militares 
venceram todas as batalhas dos primeiros três quartos da guerra, sendo a maioria das batalhas 
campais. Os disciplinados e bem treinados arqueiros ingleses não tinham dificuldade para 
dispersar os cavaleiros franceses. 
Nas três maiores batalhas da Guerra dos Cem anos; Crécy (1346), Poitiers (1356) e Agincourt 
(1415), apesar de estarem em menor número, os ingleses infligiram pesadas derrotas aos franceses. 
As batalhas travadas em solo francês proporcionaram aos ingleses, em cada vitória, lucrativos saques, 
além de evitar os prejuízos consequentes dos ataques às cidades, vilas e propriedades. 
O sistema feudal ainda era o que predominava neste contexto e os reis franceses vivia com o 
dilema da tentativa de autonomia das regiões por eles dominadas, o sentido de nação era ainda 
inexistente. Nesse longo período de guerra, os ingleses utilizavam a fragilidade administrativa dos 
reis franceses e incentivavam as dissensões internas. Segundo Burns, “muitos líderes aristocráticos 
tiravam partido da confusão para se aliarem ao inimigo e buscar seus próprios interesses. O caso 
mais dramático (...) foi a sucessão da Borgonha, cujos duques se aliaram aos ingleses entre 1419 e 
1435”. Esse fato colocou em cheque a existência de uma coroa francesa independente.14 
A sorte começou a virar em favor da França justamente nesse período de insegurança da 
coroa francesa, no ano de 1429 surgiu em cena uma jovem camponesa de nome Joana D’Arc, 
cuja missão de salvar a França, acreditava ter sido dada por Deus a ela, que procurou Carlos 
14 BURNS. Edward M. História da civilização ocidental. 42 ed. São Paulo: Globo, 2003, p. 324.
13
VII, o rei não coroado, para anunciar sua missão. O rei permitiu então que Joana assumisse o 
comando das tropas francesas que a partir de então acumulou vitórias nos campos de batalha, 
“dentro de poucos meses Joana havia libertado grande parte da França central do domínio 
inglês e levado Carlos a Rheims, onde ele foi coroado rei”. 15
Após vencer todas as batalhas no ano de 1429 contra os ingleses, no ano de 1430, Joana D’Arc 
foi capturada pelosborgonheses, aliados dos ingleses contra a França. Joana foi acusada de 
bruxaria e julgada como herege, condenada no ano de 1431, após julgamento pré-determinado 
pelos ingleses, sua pena foi ser queimada em praça pública. A execução se deu na praça do 
mercado na cidade de Rouen.
Porém, animados por seguidas vitórias sob o comando de Joana D’Arc, os franceses 
continuaram a ofensiva. No ano de 1435, os aristocratas borgonheses desfizeram a aliança 
com os ingleses que estavam sendo governado pelo incompetente rei Henrique VI que levou a 
Inglaterra a seguidas derrotas. No ano de 1453, os franceses retomaram o último reduto inglês 
em solo francês, a cidade portuária de Bordeus, no sudoeste da França às margens do rio 
Garona, “a partir de então os ingleses deixaram de dominar qualquer território francês, salvo o 
porto de calais, no canal da mancha, que acabaram perdendo em 1558”.16 
Joana reconhece o rei Carlos VII em Chinon (Jeanne d’Arc à Chinon Domínio público)
Joana D’Arc morreu sem que o rei Carlos VII da França tivesse feito qualquer ato em sua defesa, 
no entanto, sua liderança despertou nos franceses um sentimento de união que fortaleceu a liderança 
do rei e favoreceu o recuo dos borgonheses em seu intuito de independência. Para os ingleses, a 
consequência foi abertura das disputas que alteraram a situação da monarquia inglesa.
15 BURNS. Edward M. História da civilização ocidental. 42 ed. São Paulo: Globo, 2003, p. 325.
16 BURNS. Edward M. História da civilização ocidental. 42 ed. São Paulo: Globo, 2003, p. 326.
14
Unidade: Estado Moderno e Absolutismo
A França sai fortalecida da Guerra
Após o “advento” Joana D’Arc, no ano de 1429, a coroa francesa conheceu um período 
de seguidas vitórias política. Em 1435, no Congresso de Arras, se reuniram os negociadores 
ingleses, que pretendiam sair com um acordo de paz, com o rei Carlos VII da França e o Duque 
Filipe, o Bom, da Borgonha. Esse congresso resultou no Tratado de Arras no qual o clero, após 
os representantes ingleses se retirarem, convenceu o duque da Borgonha a se reconciliar com o 
rei Carlos VII. Essa foi uma grande vitória diplomática da coroa francesa que pôs fim a aliança 
que os borgonheses mantiveram por quase duas décadas com a Inglaterra, o que tornava a 
Borgonha uma região independente encravada no território francês. O rei inglês, Henrique VI 
sofreu inúmeros reveses e perdeu paulatinamente os domínios que mantinham os ingleses em 
território francês desde a idade média, seja por vassalagem, seja na conquista da Guerra dos 
Cem Anos. 
Durante a guerra contra os ingleses, a monarquia francesa demonstrou grande resistência, 
apesar de seus reis inexperientes, “pois oferecia a França as mais fortes instituições que o país 
conhecia e, por conseguinte, a única esperança realista de estabilidade e paz duradouras. Além 
disso, as emergências da guerra permitiam aos reis ganhar novos poderes”. Entre os poderes 
adquiridos pelos reis franceses durante a guerra, o direito de arrecadar impostos, para manter 
um exército permanente, e o fortalecimento e centralização do poder nas mãos do monarca 
com viés impositivo foi a realidade vivida pelos franceses a partir de Carlos VII17. 
A governança francesa ainda teve que enfrentar o ducado da Borgonha mais uma vez após 
o tratado de Arras. No ano de 1477, o rei Luís XI (1461-1483) destruiu definitivamente o 
poder dos borgonheses, após a queda do duque Carlos, o temerário, cair na batalha de Nancy 
contra os suíços, região que Carlos tentava dominar. O duque da Borgonha morreu sem deixar 
herdeiro, o rei francês aproveitou a oportunidade e reanexou definitivamente a região; anos 
mais tarde o rei Luís XII conquistou a região da Bretanha. Os reis franceses administraram com 
“mãos de ferro” todo o território francês a partir do final do século XV mantendo intacto quase 
todo o território da atual França, “as bases da grandeza da França do século XVII foram assentes 
nos fins do século XV e princípios do século XVI”18. 
Absolutismo na França
A formação do território francês e sua unidade foram bastante diversas “a monarquia Capeto 
(...) estendera vagamente os seus direitos de suserania para fora de sua base original na Île de 
France, num movimento gradual de unificação concêntrica, durante a Idade Média, até que 
atingissem de Flandres ao Mediterrâneo”19. A lenta centralização dos Capetos chegou ao fim 
abruptamente com a extinção de sua linhagem em meados do século XV, o que deu vazão para 
violentas disputas internas entre a nobreza, sob o frágil governo Valois. 
A Inglaterra aproveitou-se dessa instabilidade para se aliar ao ducado borgonhês e atacar a 
França, dando inicio à “Guerra dos Cem Anos”, provocando o fim da unidade do reino francês. 
No entanto, ao final da guerra, a França se livrou do antigo sistema feudal com a emancipação 
17 BURNS. Edward M. História da civilização ocidental. 42 ed. São Paulo: Globo, 2003, p. 326.
18 GREEN. Vivian H. Howard. Renascimento e Reforma. Lisboa: D. Quixote, 1984, p. 89.
19 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 84.
15
fiscal e militar da monarquia sepultando a organização política medieval em seu território, “a 
monarquia emergiu fortalecida no final do século XV, na medida em que podia agora contar 
com um exército embrionário, configurado nas compagnies d’ordonnance chefiadas pela 
aristocracia, com tributo direto não sujeito a qualquer controle representativo”20. 
O rei Carlos VII, no entanto, não endureceu o sistema administrativo nas regiões que foram 
reconquistadas durante a guerra, a autoridade dinástica não prevaleceu sob as assembleias 
regionais, “o aparato repressivo e tributário do Estado central era ainda muito limitado (...) dessa 
forma a nobreza conservou poder local autônomo em virtude de suas próprias espadas, da qual 
dependia, em última instância, a estabilidade do conjunto da estrutura social”21. 
Carlos VII convocou os “Estados-Gerais”, instituição francesa em decadência há séculos, 
para persuadir os estados e cidades a pagarem tributos e ratificar tratados e aconselhá-los sobre 
ações externas, mas raramente o rei conseguiu seu intento. A guerra dos cem anos deixou como 
legado para a França a consciência de manter um exército permanente e a criação de impostos 
para essa situação, mas não ajudou a formar a consciência de se manter uma administração 
civil nacional.
Luís XI subiu ao trono francês no ano de 1461 e enfrentou forte oposição interna e externa 
contra o poder dos Valois. No entanto, sua pronta recuperação de territórios insurgentes e das 
cidades mais importantes da França, além da cobrança de pesados impostos e neutralização 
de intrigas no seio da nobreza, fizeram com que seu poder e as finanças da França crescessem. 
Os reis que o sucederam, Carlos VIII e Luís XII, foram politicamente hábeis e expandiram os 
territórios franceses anexando a Bretanha através de sucessivos casamentos com suas herdeiras, 
“a extinção da maioria das grandes casas medievais e a reintegração de seus domínios às terras 
da monarquia colocou em grande relevo a dominação aparente da dinastia Valois”22. 
A unidade inaugurada por Carlos VII e desenvolvida até Luís XII era teórica, pois a 
administração politica era dividida em doze governos administrados por príncipes ou nobres de 
confiança, mas que atuavam de forma bastante autônoma, a base social para a centralização 
vertical da política absolutista tinha avançado, mas ainda não estava organizada.
No inicio do século XVI, Francisco I e depois Henrique II governaram um reino próspero e em 
crescimento. A representatividade estava sendo cada vez mais restringida e após 1517, as cidades 
não foram mais consultadas, pois os reis não convocaram mais os Estados-Gerais, a politica 
externa passou a ser cada vez mais exclusividade da realeza. Na Concordata de Bolonha, os reis 
adquiriram o direito da nomeação da hierarquia eclesiástica, mas as imunidades econômicas da 
Igreja não foram tocadas pelamonarquia e os monarcas mantiveram as consultas às assembleias 
regionais em respeito à nobreza. 
A França viveu um período bastante turbulento na segunda metade do século XVI com as 
guerras de religião, entre católicos e huguenotes, pelo controle do trono francês. Após a morte 
de Henrique II e a Regência de Catarina de Médicis, a guerra civil desestabilizou política e 
economicamente a França, mas essa disputa pelo poder entre católicos e protestantes “serviu 
como uma arena para a aglutinação de virtualmente todos os tipos de conflitos políticos internos 
característicos da transição para o absolutismo”. 
20 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 86.
21 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 86-87
22 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 87.
16
Unidade: Estado Moderno e Absolutismo
Ao final da guerra, quando o legitimo herdeiro do trono francês, o protestante, Henrique de 
Navarra aceitou o catolicismo e assumiu o trono como Henrique IV, o absolutismo na França 
entrava na idade adulta. A situação na França descambava para, ao final da guerra religiosa, 
se tornar uma revolta civil devido à situação miserável nas cidades e no campo. Devido a essa 
situação, a nobreza cerrou fileira e apoiou o Estado monárquico absolutista, que ainda seria 
lapidado no século XVII por administradores eficientes como Sully, Richelieu e Colbert. Ainda 
existiam na França regiões governadas por príncipes hereditários enciumados do poder central 
nas mãos do monarca.
Henrique IV reconstruiu e estabeleceu a presença e o poder real na cidade de Paris, fazendo 
dela a capital permanente do reino. Houve a pacificação civil e preocupação oficial com a 
recuperação agrícola. O fundador da nova dinastia Bourbon restabeleceu o prestigio da 
monarquia junto à população. Foi reconhecida a autonomia regional limitada dos huguenotes 
por meio do Édito de Nantes, e os Estados-Gerais não foram mais convocados. A paz externa 
foi restabelecida. 
Sully, o chanceler huguenote, foi eficiente em sua administração e duplicou as receitas liquidas 
do Estado por meio da racionalização da cobrança de impostos e corte de despesas. Em 1604, 
foi introduzida a venda de cargos no aparelho de Estado, a paulette, prática comum por mais de 
um século. Paulet tornou essa prática hereditária em troca do pagamento de uma porcentagem 
anual sobre seu valor de compra, “uma medida destinada não apenas a aumentar a receita da 
monarquia, como também a preservar a burocracia da influência da alta nobreza”. 
A prática de venda de cargos na França avançou vertiginosamente por volta da terceira década 
do século XVII, e a partir dai foi comum no reino essa atividade que chegou a constar de 38 por 
cento da renda do tesouro real para financiar o aparelho de Estado. Com isso se instalou um 
circulo vicioso, no qual a multiplicação de cargos e a corrupção só aumentavam, “curiosamente 
entremeados em tal sistema, Richelieu e seus sucessores deram inicio à construção de uma 
máquina administrativa capaz, pela primeira vez, de efetivar o controle e a intervenção diretos 
da monarquia em toda a França”23. 
O cardeal Richelieu foi quem governou de fato a França a partir de 1624, durante o reinado 
de Luís XIII. O cardeal minou a resistência huguenote no sudoeste da França, esmagou com 
execuções sumárias as conspirações da aristocracia contra o rei, derrubou castelos e proibiu 
os duelos, suprimiu os estados sempre que a resistência local permitiu, mas um de seus feitos 
mais notáveis foi a criação do sistema de “intendant” (justiça, polícia, finanças), “funcionários 
despachados para províncias com amplos poderes (...) se tornariam comissários permanentes 
do governo central por meio da França. Designados diretamente pela monarquia, os seus cargos 
eram renováveis e não sujeitos à venda”24. 
A aquisição de título de nobreza, nesse contexto, foi algo tão normal que a burguesia nascente 
foi sendo assimilada à própria aristocracia, e com isso aumentava-se a arrecadação dos cofres 
reais. Por sua vez, o Estado patrocinou companhias oficiais de comércio, manufaturas régias, 
que de Sully a Colbert, proporcionou alternativas de negócio para essa classe, e manteve a 
burguesia afastada da política por mais de um século e meio. 
23 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 93-94.
24 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 96.
17
Mas, como sempre o peso desse mecanismo recaia sobre a população pobre que passou a 
pagar cada vez mais tributos, para entre outras coisas financiar as guerras francesas, “em 1610 
os agentes fiscais do Estado coletaram 17 milhões de libras com a taille. Por volta de 1644, a 
cobrança desse imposto tinha triplicado para 44 milhões de libras (...) os custos reais da guerra 
foram sofridos pelos pobres, em cujo meio provocou a devastação social”. O alto custo das 
guerras pago pelos impostos dos camponeses gerou por décadas revoltas urbanas e rurais na 
França que ficou conhecida como Fronda.25
Você Sabia ?
Fronda: série de guerras civis ocorridas na França entre 1648 e 1653, no seio de uma 
conjuntura econômica deprimida, e com graves problemas de coesão social, tinha por objetivos 
iniciais limitar o poder real e discutir abusos cometidos pela Corte. A palavra “Fronda” deriva do 
francês “Fronde”, que significa funda - apetrecho utilizado pelas massas para destruir as janelas 
dos nobres parisienses.
No ano de 1642, Mazzarino sucedeu o cardeal Richilieu e conduziu com habilidade a política 
externa francesa até a conclusão da Guerra dos Trinta Anos, mas provocou a crise que levou 
a Fronda, “a extorsão fiscal e a manipulação financeira, destinada a sustentar o esforço de 
guerra no estrangeiro, coincidiram com sucessivas más colheitas, em 1647, 1649 e 1651. A 
crise e a fome combinaram-se com uma revolta (...) contra o sistema de intendants”. Em 1653, 
Mazzarino e Turenne haviam eliminado as últimas resistências no extremo sudoeste da França. 
Segundo Perry Anderson, ao se debelar a Fronda e cooptada a aristocracia, o absolutismo foi 
consumado no reinado de Luís XIV, o rei Sol26. 
No ano de 1661, Luís XIV assumiu pessoalmente o comando do aparelho de Estado 
consumando assim o absolutismo francês no seu mais alto esplendor, as cortes soberanas foram 
reduzidas à obediência e os Parlamentares foram silenciados. Os impostos foram definidos pela 
monarquia e os Estados da província deveriam acatar sem imposição, “a monarquia absoluta na 
França atingiu seu zênite nos reinados dos três últimos Bourbons, antes da Revolução francesa. 
O primeiro desses três soberanos foi Luís XIV (...) que encarnou, mais que qualquer outro 
soberano de sua época, o ideal absolutista”. A frase que lhe é atribuída: l’état c’est moi (o estado 
sou eu), exprime a concepção que o rei fazia de sua autoridade27. 
Luís XIV era egocêntrico e radical, sua politica religiosa foi reacionária, revogou o Édito de 
Nantes, que concedia liberdade limitada aos huguenotes, reduziu a nobreza a meros parasitas 
da corte. Em seu longo reinado (1661-1715), reorganizou o exercito francês tornando-o o mais 
poderoso da Europa; travou guerras contra a Espanha e os Países Baixos. Seu legado político 
foi tão forte que até a Revolução Francesa, a forma do governo permaneceu essencialmente tal 
como Luís XIV havia deixado. Luís XV era preguiçoso e incompetente; Luís XVI foi um homem 
de caráter fraco e pouco inteligente28. 
O ocaso do absolutismo francês foi inevitável no final do século XVIII. Os comerciantes 
e donos de manufaturas prosperaram fora da órbita do Estado, o resultado foi a inevitável 
aquisição de autonomia política da classe burguesa, e “a monarquia, por sua vez, mostrou-se 
incapaz de proteger os interesses burgueses, mesmo quando esses coincidiam nominalmente 
com os do próprio absolutismo. Em nenhuma outraparte isso foi tão claro como nas políticas 
externas do Estado Bourbon da última fase”29. 
25 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 97.
26 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 98.
27 BURNS. Edward M. História da civilização ocidental. 42 ed. São Paulo: Globo, 2003, p. 438.
28 BURNS. Edward M. História da civilização ocidental. 42 ed. São Paulo: Globo, 2003, p. 438.
29 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 110.
18
Unidade: Estado Moderno e Absolutismo
Inglaterra: a unidade na instabilidade
Os ingleses travaram todas as batalhas da Guerra dos Cem Anos em território francês, 
no entanto, a Inglaterra experimentou neste contexto, da Baixa Idade Média, um período de 
instabilidade interna. Durante o período de 1307 a 1485, os ingleses conheceram nove reis, 
cinco deles morreram de forma violenta devido às revoltas ou conspirações. Segundo Burns, 
alguns desses reis assassinados eram incapazes para governar seu povo, mas não foi somente 
por esse motivo que houve tantos atentados à vida dos soberanos ingleses. 
Um dos motivos para as conspirações contra a coroa foi a ambição dos ocupantes do trono: 
enquanto tentavam manter os territórios conquistados na França, os reis ingleses tentavam 
também dominar a Escócia. Para manter essas campanhas de guerra a coroa necessitava cada 
vez mais de arrecadar tributos para financiá-las, além de fazer concessões políticas à nobreza 
para obter seu apoio. 
No momento que as campanhas militares se mostravam vitoriosas, e com isso conseguia 
recursos extras por meio de pilhagens e resgates cobrados pelos reféns, a população e a nobreza 
se mostravam satisfeitas; quando aconteciam reveses militares e os recursos financeiros ficavam 
em baixa, os reis ficavam na defensiva politica e a nobreza passava a desconfiar da capacidade 
do rei para dirigir o país, “porque as pressões econômicas da época faziam com que procurassem 
expandir suas propriedades agrícolas à custa uns dos outros. Isso levava ao faccionalismo, que 
com frequência descambava para a guerra civil”30. 
Para piorar essa situação, o rei Henrique VI (1422-1461), não foi um modelo de bom 
governante. No seu reinado, teve início a Guerra das Duas Rosas (1455-1485), entre a família 
Lancaster, que tinha como símbolo uma rosa vermelha, e a família York, rosa branca, que 
conquistou o trono por um curto período, governando a Inglaterra com o rei Ricardo III, 
substituídos pela dinastia Tudor. O primeiro rei da casa dos Tudor foi Henrique VII. Esse rei 
eliminou seus adversários, evitou as guerras contra as potências da época e acumulou capital 
financeiro e restituiu ao poder dos monarcas frente à aristocracia inglesa. Seu filho Henrique 
VIII (1509-1547) assumiu o trono com o poder real fortalecido como já havia sido no passado. 
30 BURNS. Edward M. História da civilização ocidental. 42 ed. São Paulo: Globo, 2003, pp. 326-327.
Fonte: W
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19
O trono do monarca britânico na Câmara dos Lordes. Deste trono, o monarca lidera algumas 
das sessões parlamentares, incluindo a Cerimônia de Abertura do Parlamento; e a Câmara dos 
Lordes na década de 1870. 
Após a Guerra dos Cem Anos, os ingleses reconquistaram o poder interno da monarquia e a 
partir do século XVI a diplomacia inglesa estava mais flexível, “e mais tarde ajudou a fortalecer 
a capacidade da Inglaterra para investir suas energias na expansão ultramarina na América e 
alhures (...) a máquina de governo central expandiu-se e tornou-se mais complexa”31. Outra 
instituição que se fortaleceu foi o parlamento, o motivo para isso foi que tanto os reis quanto 
os aristocratas acreditavam poder usá-lo para satisfazer seus próprios interesses. “Em 1307, o 
Parlamento ainda não se tornara parte regular do sistema inglês de governo, mas em 1485 isso 
já havia acontecido”32. 
Absolutismo Inglês
Segundo Perry Anderson, “durante a Idade Média, a monarquia feudal da Inglaterra foi, de 
modo geral, muito mais poderosa que a da França. As dinastias anglo-normanda e angevina 
criaram um Estado monárquico sem rival, em autoridade e eficácia, em todo o Ocidente 
europeu”. A Guerra dos Cem Anos mostrava a superioridade inglesa e a sua superioridade 
organizacional. Os reis ingleses, apoiados pela aristocracia, tentaram conquistar e subjugar 
vastas áreas na França, “contudo, a mais forte monarquia medieval do Ocidente foi justamente 
aquela que produziu o absolutismo mais fraco e de menor duração. Enquanto a França se 
tornava a terra natal do mais formidável Estado absolutista da Europa ocidental”33.
Na tradição anglo-saxônica, as cidades faziam parte dos domínios do rei, a centralização 
administrativa do feudalismo normando, originou uma classe de nobres regionalmente unificadas, 
mas sem um líder regional forte, se comparados com os do continente. O comércio era incentivado 
pelo rei, sem, no entanto, delegar a nobreza regional qualquer tipo de autoridade política para decidir 
qualquer questão sobre sua regulação. Pouco numerosas, as cidades não desafiavam seu status de 
subordinadas. Nem mesmo os senhores feudais eclesiásticos, pouco numerosos, ousaram desafiar a 
autoridade do rei como acontecia em outras partes da Europa ocidental. 
Realeza e nobreza, centralizadas, se complementavam. Desde o século XIII, o Parlamento 
inglês foi centralizado e não havia a divisão tripartida de nobres, clero e burgueses, que em 
geral predominava no continente. “Desde Eduardo III, os cavaleiros e as cidades dispunham de 
representação regular no Parlamento, lado a lado com os barões e bispos (...) uma monarquia 
centralizada produzia uma assembleia unificada”. Essa centralização precoce produziu um 
controle sobre o poder ilimitado do monarca absolutista, que outras nações não conseguiram, 
“depois de Eduardo I, passou a ser aceito que nenhum monarca poderia decretar novos estatutos 
sem o consentimento do Parlamento”34. 
Somente após a derrota na Guerra dos Cem Anos é que a monarquia inglesa sofreu seu revés 
interno, ou seja, a nobreza sempre bastante coesa se voltaria contra um monarca fragilizado. 
Esta disputa de poder através de uma guerra civil acabou por fundar uma nova dinastia na 
Inglaterra, os Tudor (1485). Subiu ao trono Henrique VII (1485-1509), que fez surgir uma “nova 
31 BURNS. Edward M. História da civilização ocidental. 42 ed. São Paulo: Globo, 2003, p. 329.
32 BURNS. Edward M. História da civilização ocidental. 42 ed. São Paulo: Globo, 2003, p. 329.
33 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 112.
34 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 114
20
Unidade: Estado Moderno e Absolutismo
monarquia” inglesa. No governo dos Lancaster a aristocracia manipulou o Parlamento para 
tratar de seus interesses particulares, enquanto que os York, se esforçaram para centralizar e 
fortalecer o poder monárquico.
Na administração de Henrique VII, após a restituição da segurança interna e consolidado 
o poder Tudor, o rei descartou o Parlamento que era reunido anualmente, e de 1497 a 1509, 
durante todo seu reinado, voltou a ser reunido apenas uma vez. O governo real centralizado era 
exercido por meio de uma pequena gama de conselheiros pessoais. O Objetivo de Henrique VII 
era o de limitar o poder da aristocracia que esteve em ascensão no período anterior.
Para evitar turbulências no reino, “a administração local foi subordinada ao controle 
monárquico (...) rebeliões de usurpadores reincidentes foram esmagadas. Criou-se um pequeno 
corpo de guarda no lugar da policia armada”. A dinastia Tudor teve um começo promissor com 
a administração forte de Henrique VII, e deixou de herança para Henrique VIII um Executivo 
poderoso e um erário próspero35. 
A administração do reino não sofreu grandes alterações, a não ser frente ao poder eclesiástico, 
“em 1529, Henrique convocou aquele que seriao Parlamento de maior duração, a fim de 
mobilizar a classe fundiária a seu favor no conflito com o papado e o império e assegurar 
o endosso dela ao confisco político da Igreja por parte do estado na Inglaterra”. Além de 
assegurar o controle da Igreja, o planejador politico Thomas Cromwell, desde 1531, assegurou 
o limite dos direitos e privilégios senhoriais; dissolveu os mosteiros e se apropriou de suas vastas 
propriedades. Cromwell tornou o cargo de secretário do rei no mais alto posto ministerial. Com 
Henrique VIII, “o aparelho repressivo do estado cresceu rapidamente ao longo do reinado: ao 
seu final tinham sido aprovados nove diferentes leis de traição36” 
Apesar de sua boa administração e controle interno, a dinastia Tudor não tinha um aparelho 
militar substancial, o que a distingue de suas congêneres do continente. O êxito interno era 
inversamente proporcional ao internacional. No período em que a Casa dos Lancaster governou 
a Inglaterra, seu poder de subjugar os adversários externos era muito grande. No final do século 
XVI e inicio do XVII, Espanha e França se tornaram mais aparelhadas e potentes militarmente, 
superando a Inglaterra de outrora.
No final de seu reinado, Henrique se envolveu numa desastrosa campanha militar internacional, 
o que exauriu os recursos da coroa e debilitou o poder absoluto dos monarcas que se seguiram, 
“o último ato importante de Henrique VIII, a sua aliança com o império e o ataque à França em 
1543, viria a ter consequências fatais para o destino ulterior da monarquia inglesa”. Mais uma 
vez a população se encontrava pressionada pela escassez de recursos no campo e na cidade37. 
Ao assumir o trono, o Tudor “Eduardo VI assistiu assim a uma rápida regressão na estabilidade 
da autoridade política do Estado Tudor, com as previsíveis trapaças entre os grandes senhores 
territoriais pelo controle da corte, numa época marcada pela inquietação camponesa e por 
crises religiosas”. Com a morte precoce do rei, assumiu o trono Maria Tudor, subordinada 
à Espanha, restaurou o catolicismo de forma efêmera e não deixou nenhum traço politico 
relevante. Elizabeth assumiu o trono e fez um reinado popular, sua popularidade pessoal era 
grande, porém no aspecto institucional pouca coisa mudou, seu conselho privado concentrou-se 
e se estabilizou sob o comando de Burghley. O aparelho de espionagem e a policia funcionaram 
sob a inspeção de Walsingham, principalmente na perseguição aos católicos38. 
O Estado elizabetano tentava reunir forças, após nova venda de terra para se aparelhar e 
enfrentar a nova realidade das expedições ultramarinas. O antigo apoio da pequena nobreza aos 
35 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 118.
36 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 120-121.
37 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 123.
38 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 127.
21
Tudor estava se tornando um empecilho. A guarda nacional recebeu treinamento especial e foi 
utilizada para defesa interna. Para as campanhas no exterior, a coroa empregou a “população 
vadia”, mas que não constituiu um exército permanente. Os governadores dos condados, 
agora com maior importância ficaram encarregados dos recrutamentos, a inferioridade militar 
inglesa continuou a impedir qualquer expectativa expansionista no continente, sua única vitória 
relevante foi invadir a arcaica e despreparada ilha celta da Irlanda.
A sorte começou a mudar para a Inglaterra com a gestão, partir de 1579, de Hawkins no 
Gabinete da Marinha, sob sua gestão. Elizabeth I se tornou a senhora dos mares, “assegurava-
se assim a segurança insular, ao tempo em que se lançaram as bases para um futuro imperial”. 
A marinha inglesa, com o interesse das classes dominantes, se lançou a uma orientação mais 
comercial. A marinha passou a ter duas funções: guerrear e comerciar. A classe fundiária inglesa 
se desenvolveu em aliança com o capital mercantil dos portos e dos condados lançando bases 
para o grande domínio imperial inglês dos séculos seguintes.
Jaime I (1603-1625), da dinastia Stuart, perseguiu o ideal absolutista, regra geral dos 
países da Europa ocidental, contudo não conseguiu enxergar o poder do Parlamento. O rei 
recebeu forte oposição da pequena nobreza. A extravagância da corte combinou-se a uma 
politica externa imobilista e a tentativa de reaproximação com a Espanha causou repúdio e 
impopularidade ao rei. Ao final de seu reinado, a monarquia Stuart estava isolada, à medida 
que se perseguia objetivos institucionais que estavam sendo atingidos com êxitos pelas outras 
monarquias continentais.
Carlos I ao assumir o trono inglês tomou a tarefa de construir um absolutismo mais avançado. 
Ao final da Guerra dos Trinta Anos e de uma guerra mal sucedida contra a França, a política da 
monarquia inglesa tornou-se mais coerente. Entre as providências para fixar de vez o absolutismo 
em seu reinado, Carlos I, dissolveu o parlamento indefinidamente. Com a retomada do poder 
pessoal do monarca, a aproximação com a alta nobreza, por meio da concessão de privilégios, 
reviveu os bons momentos de um passado não muito distante. Porém, a pequena nobreza e os 
novos interesses mercantis estavam fora desse pacto. 
Mas, um conflito contra os escoceses, no ano de 1640, colocou em xeque o absolutismo 
almejado pelo Stuart Carlos I. A monarquia inglesa não poderia reunir uma força militar 
comparável a dos nobres, que a socorreram, “assim, havia uma lógica subjacente ao fato 
de a invasão escocesa de 1640 ter finalmente posto fim ao domínio pessoal de Carlos I. O 
absolutismo inglês pagou o tributo pela falta de armas”. Com isso, “o parlamento, convocado 
in extremis pelo rei para ocupar-se da derrota da derrota militar frente aos escoceses, procedeu 
à supressão de todas as vantagens obtida pela monarquia Stuart, proclamando o retorno a um 
quadro constitucional mais primitivo”39. 
Revoluções Burguesas são movimentos sociopolíticos ocorridos entre 1640 e 1850 
nos quais o perfil aristocrata caracterizado pela monarquia absoluta e/ou pelos 
terrenos fundiários de propriedade da nobreza é transformado em uma sociedade 
capitalista dominada pela produção mercantil liberalista. Os exemplos clássicos de 
revoluções burguesas são a Revolução Inglesa (1640/88) e a Revolução Francesa 
(1789) cujos mecanismos políticos, jurídicos e ideológicos” de ambas “garantiam à 
burguesia o desenvolvimento das relações capitalistas de produção e o exercício da 
dominação social da hegemonia política sobre os demais segmentos da sociedade 
contemporânea”. SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. Verbete: 
Revoluções Burguesas. São Paulo: Best Seller, 1999. 
39 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 141.
22
Unidade: Estado Moderno e Absolutismo
Segundo Perry Anderson, “o absolutismo inglês foi levado à crise pelo particularismo 
aristocrático e pelo desespero dos clãs em sua periferia: forças que historicamente se situava 
atrás dele”. Porém, o absolutismo chegou ao seu ocaso no centro da nação, empurrado pela 
pequena nobreza mercantilista e um centro urbano capitalista, que sentiu desprestigiado pelo 
poder central; “antes que pudesse chegar à sua maturidade, o absolutismo inglês foi interrompido 
por uma revolução burguesa”40.
 
 
Portugal: primeiro estado “moderno” e o absolutismo fragmentado
Portugal surgiu como país independente na primeira metade do século XII, resultado de uma 
Cruzada vitoriosa contra os mulçumanos que habitavam a costa atlântica da Península Ibérica. 
A expansão do território português se deu aos poucos na medida em que os “portugueses” iam 
ocupando o território, o poderio dos mouros declinava. Enquanto a população foi sendo dotada 
de ótimos pescadores, devido à extensão da costa do território estar de frente para o oceano,foram surgindo excelentes marinheiros com o passar dos anos. 
Portugal desenvolveu uma poderosa frota marítima, o que impulsionou sua economia, 
chegando a dominar no final do século XV e inicio do XVI, o comércio com os países asiáticos, 
“A partir de 1500 largaram do Tejo, na primavera de cada ano, grandes armadas: partiram 
carregadas de soldados e canhões, regressavam com pesadas cargas de especiarias”. Portugal 
entrou em conflito com os donos do comércio asiático, os mouros, mas a superioridade das 
frotas portuguesas se sobressaiu e, “a coroa portuguesa adquire assim uma nova dimensão. 
O pequeno Portugal ibérico transforma-se numa das maiores potências navais e comercias da 
Europa (...) inaugurava-se, de facto, um ciclo novo da história de Portugal”41. 
Mercanantilismo foi o conjunto de práticas econômicas praticadas na Europa 
na Idade Moderna. Entre o século XV e o final do século XVIII, a Europa passou por 
grandes transformações. O mundo medieval havia sofrido grandes transformações, 
sendo substituído por novas organizações políticas, econômicas e culturais. O advento 
das grandes navegações foi fundamental para modificar as noções de mundo dos 
povos europeus, que passaram a usufruir ao máximo de seus recursos. Assim, a 
economia recebeu novas características com o objetivo de enriquecimento dos Estados 
Nacionais Modernos. O Mercantilismo é a prática econômica típica da Idade 
Moderna e é marcado, sobretudo, pela intervenção do Estado na economia. Durante 
aproximadamente três séculos foi à prática econômica principal adotada pelos países 
europeus, o que só seria quebrado com o questionamento sobre a interferência do 
Estado na economia e o consequente advento das ideias liberais. 
Fonte: http://www.infoescola.com/economia/mercantilismo/
40 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 142.
41 SARAIVA. José Hermano. História concisa de Portugal. 24. ed. Mem Martins: Europa-América, 2007, pp. 152-153.
http://www.infoescola.com/economia/mercantilismo/
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Durante os séculos XV e XVI, o país foi governado pelos príncipes da casa de Avis, segundo 
Green, “alguns deles de extrema competência: D. João I (1383-1433), D. Duarte (1433-1438), 
D. Afonso V (1438-1481), D. João II (1481-1495), D. Manuel I (1495-1521) e D. João III (1521-
1557). Esses reis eram tão ambiciosos como seus contemporâneos da França e Espanha”. 
Basta dizer que em dada altura, D. Manuel chegou a cogitar a união de toda península sob a 
regência da casa real portuguesa. Para isso não poupou esforços para unir em casamento seus 
descendentes com os príncipes e princesas castelhanos. Por ironia do destino, foi o inverso que 
aconteceu, quando da morte docardeal-rei D. Henrique, em 1580, a Espanha anexou o reino 
português de 1580 a 164042. 
Como não poderia deixar de ser, os monarcas portugueses fortaleceram seu poder 
enfraquecendo a nobreza. Apesar de ter menor domínio sobre a nobreza do que tiveram seus 
vizinhos, os reis católicos espanhóis, as Cortes portuguesas foram pouco convocadas, D. João 
buscou o apoio popular para governar e convocou as cortes, em todo seu longo reinado, apenas 
vinte e cinco vezes; D. Duarte em seis anos convocou quatro vezes; D. Afonso V, vinte e duas; 
D. João II, quatro; e D. Manuel quatro em um reinado de vinte e seis anos; D. João III em trinta 
e um anos reuniu as cortes apenas três vezes43.
Em 1481, D. João II assumiu o trono abrindo uma nova era na história da monarquia em 
Portugal, foi um rei decidido e implacável que fortaleceu a autoridade real, “logo no começo 
do seu reinado convocou as Cortes para Évora e nelas impôs aos seus súditos uma vassalagem 
mais apertada”, decidiu alargar os poderes de seus assessores imediatos com o objetivo de 
reprimir a turbulenta nobreza portuguesa e executou em praça pública o chefe da nobreza, o 
duque de Bragança em 1484. Deu asilo aos judeus expulsos da corte espanhola a fim de tomar-
lhes dinheiro emprestado para suas campanhas militares contra os mulçumanos na África44. 
Segundo os historiadores José H. Saraiva e Vivian 
H. H. Green, o absolutismo em Portugal começou com 
o rei D. João II no ano de 1481. 
O absolutismo em Portugal, Segundo Saraiva, 
“é costume situar no reinado de D. Pedro II o 
estabelecimento da monarquia absoluta no nosso 
país, porque foi então que pela última vez se reuniram 
as cortes em Portugal”45. O poder dos monarcas 
considerado divino e ilimitado sobre seus domínios 
na realidade, segundo esse autor, que corrobora com 
Green, “progrediu em Portugal desde a época de D. 
João II e dominava já na época de D. Sebastião que 
se pode considerar em certo sentido um rei absoluto”. 
Sendo quebrado apenas no período filipino, quando 
Filipe II, ao reunir a Corte em Tomar, em 1581, decidiu 
respeitar um estatuto de autonomia administrativa e 
financeira de Portugal, o que limitou muito a autoridade 
do rei46. 
42 GREEN. Vivian H. Howard. Renascimento e Reforma. Lisboa: D. Quixote, 1984, p. 79.
43 LIVERMORE, Harold V. A history of Portugal. 2 ed. Cambridge: Cambridge University Press, 1977, p. 223
44 GREEN. Vivian H. Howard. Renascimento e Reforma. Lisboa: D. Quixote, 1984, p. 81
45 SARAIVA. José Hermano. História concisa de Portugal. 24 ed. Mem Martins: Europa-América, 2007, p. 225.
46 SARAIVA. José Hermano. História concisa de Portugal. 24 ed. Mem Martins: Europa-América, 2007, p. 225.
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Unidade: Estado Moderno e Absolutismo
No reinado de Filipe IV, o governo espanhol começou a desrespeitar os acordos de Tomar, 
por se encontrar em grandes dificuldades financeiras, inflamou uma revolta entre os portugueses 
que culminou com a revolução de 1640, “quando se restabeleceu a monarquia, estava, portanto 
interrompida a continuidade da evolução institucional que conduziria ao absolutismo”. Outro 
fato importante foi que, segundo Saraiva, “faltavam também as condições políticas, sociais e 
econômicas que a fórmula da monarquia absoluta pressupõe”. 
“O novo rei vinha da nobreza; era o primeiro fidalgo português, mas os membros da alta 
nobreza viam nele um par, um homem de sua classe”47. Com isso houve disputas pela primazia 
do poder entre “seus pares”, os revoltosos de 1640 chegaram a ameaçar D. João IV a aceitar 
a coroa, caso contrário formaria uma república de nobres. Logo após o restabelecimento da 
ordem em Portugal, a partir de 1640, a nobreza retomou o protagonismo político que havia 
perdido há quase dois séculos.
Esse processo de valor político das Cortes em Portugal terminou em 1698, ano em que foram 
reunidas pela última vez para decidir como seria o processo sucessório de D. Pedro II já que esse 
soberano sucedeu seu irmão, portanto não estava na linha direta de sucessão. O rei passou a 
ser absoluto apenas em relação ao terceiro estado português, mas não diante da nobreza e do 
clero, detentores de grande poder econômico. 
O absolutismo de fato só passou a funcionar de novo após o governo do Marques de Pombal, 
na segunda metade do século XVIII com, “a liquidação violenta da nobreza, a expulsão dos 
jesuítas, a transformação da inquisição em instrumento de estado, a repressão violenta das 
manifestações populares, acabaram então com os verdadeiros limites ao poder absoluto do rei”. 
Essa política foi mais uma característica administrativa portuguesa dessa época do que a teoria 
absolutista que predominou na Europa, ou seja, foi mais um governo autoritário e personalista 
que ao final desvaneceu para sempre em Portugal48. 
A Espanha de Fernando e Isabel
Os reis católicos Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela, da Espanha, estavam afirmando 
o poder real em seus territórios unificados pelo casamento, na mesma época em que o rei 
Luís XI da França e Henrique VII da Inglaterra afirmavam a supremacia monárquica em seus 
territórios. Segundo Green, “o começo da história moderna da Espanha tem em comum com a 
da Inglaterra dos Tudor e a França dos Valois o fato de terem presenciado a criaçãodum estado 
nacional em que a autoridade da Coroa se expandiu à custa de liberdades locais e privilégios 
feudais”49. 
Na Península Ibérica, houve muitas disputas entre os dois pequenos reinos durante a Baixa 
Idade Média, período em que os reis foram bastante combatidos pelas aristocracias locais. Essa 
situação só melhorou após 1496 com o casamento entre o herdeiro de Aragão, D. Fernando 
47 SARAIVA. José Hermano. História concisa de Portugal. 24 ed. Mem Martins: Europa-América, 2007, p. 225.
48 SARAIVA. José Hermano. História concisa de Portugal. 24 ed. Mem Martins: Europa-América, 2007, pp. 227-228.
49 GREEN. Vivian H. Howard. Renascimento e Reforma. Lisboa: D. Quixote, 1984, p. 67.
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e Isabel herdeira de Castela. Essa união lançou as bases para a Espanha moderna, que foi 
unida plenamente somente no século XVIII, no ano de 1716. Até essa data, os dois reinos 
conservavam suas instituições separadas, “ao menos terminaram as guerras entre esses dois 
reinos, antes independentes, e o novo país pode dedicar-se às políticas comuns”50. 
A Espanha era constituída de cinco pequenos reinos e os reis católicos, Fernando e Isabel, que 
governaram esses territórios de 1496 até respectivamente 1504 e 1516 nunca conseguiram uma 
unidade de fato devido aos arraigados sentimentos local com direitos solidamente estabelecidos. 
Os reis católicos governavam de fato todos esses territórios, mas segundo Green, “o que mantem 
unidos todos esses países é mais o soberano de cada um do que o rei de todos eles, a unificação 
da Espanha centrou-se em Castela, o estado cristão mais importante”51. 
Outra semelhança com a Inglaterra dos Tudor foi que tal qual a monarquia inglesa, os reis 
católicos, Fernando e Isabel serviram-se das cortes para quebrar a arrogância senhorial e reduzir 
o poder da nobreza no país, conseguindo assim reorganizar o reino. A submissão da nobreza 
foi uma das maiores empresas politicas realizadas pelos reis católicos. Após a unificação dos 
cinco reinos (Leão, Aragão, Castela, Galícia e Navarra), “Fernando e Isabel ordenaram o 
desmantelamento de muitos castelos fortificados e reduziram ainda mais o poderio senhorial 
afastando os nobres de mais elevada hierarquia dos cargos de responsabilidade que exerciam 
no Conselho Régio e na Casa Real”52. 
Fernando e Isabel anexaram Granada, o último estado mulçumano na Europa Ocidental, e 
expulsaram os judeus vistos como elementos divisionistas dentro da sociedade espanhola. Após, 
resolvidas as pendências internas, os reis espanhóis se lançaram em uma ambiciosa empreitada 
externa. Financiaram a expedição de Cristóvão Colombo que pretendia chegar as Índias e que 
acabou chegando ao “Novo Mundo”. Essa “descoberta” rendeu milhões em ouro e prata aos 
monarcas espanhóis que tornaram a Espanha o país mais rico e poderoso da Europa do século XVI.
50 BURNS. Edward M. História da civilização ocidental. 42 ed. São Paulo: Globo, 2003, p. 329.
51 GREEN. Vivian H. Howard. Renascimento e Reforma. Lisboa: D. Quixote, 1984, p. 67.
52 GREEN. Vivian H. Howard. Renascimento e Reforma. Lisboa: D. Quixote, 1984, p. 67.
Fonte: A
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Unidade: Estado Moderno e Absolutismo
Absolutismo na Espanha 
O absolutismo espanhol nasceu da união entre Isabel e Fernando, os reis católicos. Castela 
foi um grande produtor lanífero, enquanto Aragão uma potência territorial e comercial do 
mediterrâneo e controlava a Sicília e a Sardenha. Essa união dotou a Espanha de dinamismo 
politico e poderio militar o que possibilitou uma série de conquistas externas. Entre os feitos dos 
reis católicos está a reconquista de Granada, e consequente expulsão dos mouros da península 
ibérica, a anexação de Nápoles e a absorção de navarra. A América foi o caso mais promissor 
das conquistas e anexações exteriores. 
Fernando e Isabel tornaram a Espanha um Estado poderosíssimo. Com a morte deles, 
assumiu o trono em 1516, Carlos I, seu neto, que três anos mais tarde foi eleito o imperador do 
sacro Império Romano com o título de Carlos V. Os Habsburgos adicionaram Milão e os Países 
Baixos. Todas essas conquistas determinaram a supremacia espanhola no continente durante 
todo o século XVI, fazendo da Espanha um Império absolutista inigualável na história Moderna.
Carlos V manteve unido seu império descontinuo e sonhava em reunificar o cristianismo 
divido, “sonhava poder ser o instrumento para a restauração da unidade religiosa da cristandade, 
rompida pela revolução protestante, e fazer do império presidido por ele um digno sucessor 
da Roma Imperial”53. Aos 56 anos, desiludido por não realizar seu sonho, retira-se para um 
mosteiro e seu irmão Fernando é eleito imperador do sacro império. As possessões espanholas, 
italianas e ultramarinas foram para seu filho que se tornou Filipe II (1556-1598), rei da Espanha 
e a partir de 1580 governou também Portugal.
Felipe II assumiu o trono espanhol no auge do poderio de sua nação e foi responsável pelo 
inicio de seu declínio; foi um rei despótico e cruel. Sua politica foi a intensificação da politica 
de seus predecessores. Em matéria de religião tentou impor aos seus súditos a religião de 
Estado por causa de sua ligação com Roma e o sacro Império, apoiou a inquisição espanhola 
e perseguiu os protestantes nos Países Baixos. Intensificou a exploração na América e não 
estimulou o desenvolvimento econômico, achava que o acumulo de ouro e prata era suficiente 
para a riqueza de seu império. Em sua defesa, Burns salienta que, “ele estava seguindo as 
teorias prevalecentes na época. Sem dúvida, diante da mesma situação a maioria dos monarcas 
teria imitado seu exemplo”54. 
Metalismo, também conhecido como bulionismo, é a ideia de riqueza econômica através da 
quantificação de metais preciosos. Sua teoria remete ao período da Idade Moderna (séculos XV 
a XVIII), quando o metal era valorizado como moeda de troca, muitas vezes sendo confundido 
como moeda ou capital. A Espanha foi o país que mais se comprometeu a por em prática 
o ideal do metalismo; ao invés de investir em outras atividades, reduziu suas expectativas 
econômicas à exploração do ouro e prata extraídos dos países que colonizava na América 
Latina, principalmente o Peru e o México.
Fonte: http://www.infoescola.com/economia/metalismo/
Além disso, as monarquias espanholas fracassaram em cunhar uma moeda, ou mesmo um 
sistema jurídico ou fiscal. A inquisição que funcionava como aparelho ideológico foi a única 
instituição comum a todo império espanhol para compensar a divisão e a dispersão administrativa. 
O império americano passou a ser determinante para a manutenção do absolutismo na 
53 BURNS. Edward M. História da civilização ocidental. 42 ed. São Paulo: Globo, 2003, p. 439.
54 BURNS. Edward M. História da civilização ocidental. 42 ed. São Paulo: Globo, 2003, p. 439.
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Espanha, o ouro e a prata de Potosí, abundantes, retardou a unificação fiscal e administrativa 
que foi condição para outros estados absolutistas se manterem. A má administração fiscal 
deixou Castela sobrecarregada de tributos, pois os recursos vindos das colônias, segundo Perry 
Anderson, representavam apenas de 20 a 25 por cento da arrecadação da coroa55. 
Filipe II teve de lidar com o descontentamento, tanto em seu império europeu quanto 
nas colônias americanas. Mas, uma das piores crises foi a revolta ocorrida, na época de sua 
administração, nos Países Baixos. A economia espanhola estava estreitamente ligada a esaa 
região uma vez que, exportava lã e metais preciosos e importava tecidos, ferragens, cereais e 
provisões navais. “Flandres, além disso, assegurava o cerco estratégico da França e era uma 
peça chave da supremacia internacional Habsburgo”56. 
O monarca espanhol, contudo, foi capaz de reverter o processo de independência dessa região. 
Apesar de fragilizado pela interferência na guerra religiosa dos trinta anos na França e o ataque 
naval contra a Inglaterra, o revés foi duplo, “a dispersão da armada e a ascensão de Henrique 
IV marcarama dupla derrota de sua politica de avanço no norte (...) o balanço internacional no 
final de seu reinado era ainda aparentemente formidável”, o sul foi reconquistado e fortificado, 
suas frotas reconstituídas para repelir os assaltos ingleses nas rotas atlânticas. Entretanto, 
internamente a politica de Filipe II foi sombria e deixou um futuro incerto para seus sucessores57. 
A Espanha se envolveu em inúmeras campanhas militares, os Habsburgos eram afeitos as 
conquistas, mas por volta da segunda metade do século XVII, a classe de Fidalgos castelhanos 
já tinha perdido o interesse pelas batalhas, “as derradeiras campanhas fronteiriças seriam 
travadas, sobretudo com recrutas italianos, reforçados por mercenários irlandeses ou alemães”58. 
O resultado da sede expansionista levou à ruina parte do território espanhol, à Estremadura, e 
à redução das finanças do estado. Com isso Carlos II viu seu poder ser dividido com a nobreza, 
além de sofrer com uma forte depressão econômica (paralisação das indústrias, colapso da 
moeda, escassez de alimentos), 
Entre 1600 e 1700 a população total da Espanha caiu de 8,5 milhões para 7 milhões 
– o maior recuo demográfico do Ocidente. Por volta do final do século, o Estado 
Habsburgo estava moribundo: em todas as chancelarias estrangeiras aguardava-
se a sua extinção, na figura de seu espectral governante Carlos II, El Helchizado (o 
enfeitiçado), como sinal de que a Espanha se tornaria o espolio da Europa59. 
Com a morte de Carlos II, que não deixou herdeiros, o trono ficou vacante, com isso teve 
inicio uma guerra pelo direito à sucessão do trono espanhol (1702-1714). Filipe V da dinastia 
Bourbon recebeu o trono em testamento de Carlos II, neto de Luís XIV da França que o apoiava. 
O imperador Leopoldo I da Áustria, parente próximo de Carlos II, reclamou o trono para si, pois 
havia o temor que houvesse a união dos tronos de Espanha e França. 
Não houve vencedores nessa guerra. A Holanda e a Itália já estavam praticamente perdidas, 
Aragão e Catalunha foram derrotadas em guerras civis dentro da guerra internacional por 
apoiarem o pretendente austríaco ao trono. Com isso, a dinastia francesa foi instalada, mas não 
antes sem dar algo em troca. Filipe V cedeu os Países Baixos para a Áustria, as ilhas baleares 
e um comércio limitado com as colônias americanas para os ingleses. O efeito interno foi a 
retomada do absolutismo como forma de governança na Espanha. Os nobres que haviam se 
aliado a imperador Leopoldo primeiro foram excluídos do poder central, a administração das 
colônias foi reformada e sofreu um controle mais rígido por parte da metrópole. 
55 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista.3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 69.
56 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, p. 73.
57 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, pp. 73-74.
58 LYNCH, John. Spain under the Habsburgs. New York: Princeton University, 1982, pp. 122-123.
59 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1998, pp. 80-81.
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Unidade: Estado Moderno e Absolutismo
Porém, “o impulso da nova ordem estava se esgotando (...) as limitações da recuperação do 
século XVIII, cujo epílogo seria o ignominioso colapso da dinastia em 1808, sempre estiveram 
patentes na estrutura administrativa da Espanha Bourbon”. Muitas das cidades espanholas 
estavam sob a autoridade do clero ou da nobreza local. O Estado absolutista estava de rédeas 
frouxas e foi invadido por Napoleão. O absolutismo conservou as raízes feudais até o dia de sua 
morte na Espanha, pois a nobreza, além de assegurar o lucro produzido por suas propriedades, 
conservou sua interferência no poder administrativo e judiciário local. 
O Absolutismo e seus teóricos
Nicolau Maquiavel quando escreveu sua obra mais conhecida, o Príncipe, estava desiludido 
com a vida pública e com a situação política em que se encontravam as cidades-estados italianas, 
convulsionadas por crises políticas, ameaçadas de invasão estrangeira e ausência de unidade 
nacional. Sua esperança era encontrar um meio para que se instalasse na península itálica um 
Estado forte e livre das ameaças externas. Maquiavel é o primeiro teórico do Estado Moderno. 
O Príncipe de Maquiavel prefigurava o monarca absolutista e sua forma de governar parece 
ter encontrado em Maquiavel a medida certa para seu governo, “(...) o medo mantem-se por 
um temor do castigo que nunca nos abandona. Contudo, o príncipe deve fazer-se temer de tal 
modo que se não conseguir a amizade, possa pelo menos fugir à inimizade”. Maquiavel previa 
a possibilidade do monarca “ser temido e não ser odiado ao mesmo tempo”60. 
 O rei Luís XIV, da França, se entendia como a encarnação do poder estatal, ao se dirigir ao 
Parlamento de Paris definia seu poder da seguinte forma, “é somente de mim que meus tribunais 
recebem a sua existência e a sua autoridade”, para Luís XIV o tribunal recebia autoridade em 
seu nome e dele dependia. Como Maquiavel escreveu, o rei demonstra em seu discurso o 
desejo de ser temido e amado, “a plenitude dessa autoridade, que eles exercem senão em meu 
nome, permanece sempre em mim, e o seu uso nunca pode ser contra mim voltado”61. 
Retrato de Nicolau Maquiavel, por Santi di Tito.(à esquerda): Folha de rosto da edição de 1550 de O 
Príncipe e de A vida de Castruccio Castracani da Lucca, de Nicolau Maquiavel.
60 MAQUIAVEL. Nicolau, O Príncipe. Lisboa: Europa-América, 1976, pp. 89-90.
61 MARQUES, Adhemar. Historia Moderna. p. 58.
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Thomas Hobbes foi um dos principais teóricos do absolutismo monárquico, porém esse 
poder absoluto necessitaria de um “contrato social”. O poder confiado a um homem ou a 
uma assembleia de homens deveria garantir a defesa da nação contra a invasão e as ofensas 
estrangeiras, a existência harmônica do povo por meio da paz e da segurança, que deveria se 
sentir representado em seu rei e conselho. A confiança da nação em seu rei se define em Hobbes 
da seguinte maneira, “autorizo e transfiro a este homem ou assembleia de homens meu direito 
de governar-me a mim mesmo, com a condição de que todos vós transferireis a ele vosso direito, 
e autorizareis todos seus atos da mesma maneira”62. 
Para Hobbes, esse contrato da multidão unida em torno de uma pessoa se denomina Estado, 
o grande Leviatã o Deus mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus imortal, nossa paz e nossa 
segurança. O contrato “assinado” pelos homens com um Estado poderosos e dominador, é 
capaz de garantir sua paz contra o inimigo estrangeiro.
Retrato de Thomas Hobbes, por John Michael Wright. (à esquerda):Capa da edição original do 
Leviatã (1651).
Mas, o absolutismo sabia que o temor não bastaria para que os súditos fossem obedientes 
ao “Estado”, precisaria mais do que ameaça e a violência para fazer-se cumprir o tal “contrato” 
teorizado por Hobbes. Muito antes dessa teoria, a monarquia se aliou à Igreja para domar 
ideologicamente as mentes dos homens. 
Na Europa ocidental, “a Igreja ensinava que o mundo fora criado por um Deus de bondade, 
e que a situação aqui na terra, onde uns eram ricos e outros pobres (...) uns administravam e 
outros eram governados, tinha sido ordenada por Deus”63 . Esta não era apenas uma situação 
de temor, mas de consciência de que Deus assim deseja que fosse e os súditos deveriam aceitar. 
A Igreja exerceu grande influência nos meios populares, religiosos e supersticiosos, foram 
enganados por muito tempo.
62 IBAÑEZ, A. H. Antropologia del Renascimiento a la ilustracion. México: Universidad Autónoma de Mexico, 1972, pp. 275-276.
63 MANFRED, A. Z. do Feudalismo ao Capitalismo. São Paulo: Global, 1982, p. 40.
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Unidade: Estado Moderno e Absolutismo
Este pensamento medieval continuou alienando por muito tempo os homens da Idade 
Moderna, para isto, teorias não faltaram, Jacques-Bénigne Bossuet, bispo que justificava o 
direito divino dos reis destacava o caráter divino da realeza, “o trono real não

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