Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro Doenças Transmissíveis Hanseníase ➢ Conceito: É uma doença infectocontagiosa, de evolução lenta, que se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos: lesões na pele e nos nervos periféricos (células de Schwann). ➢ Agente etiológico: • O agente etiológico é o Mycobacterium leprae, um bacilo álcool-ácido resistente, fracamente gram-positivo, que infecta os nervos periféricos e, mais especificamente, as células de Schwann; • A doença acomete principalmente os nervos superficiais da pele e troncos nervosos periféricos (localizados na face, pescoço, terço médio do braço e abaixo do cotovelo e dos joelhos), mas também pode afetar os olhos e órgãos internos (mucosas, testículos, ossos, baço, fígado, etc.); • O M. leprae tem alta infectividade e baixa patogenicidade, isto é, infecta muitas pessoas, no entanto, apenas poucas adoecem. ➢ Modo de transmissão: • É transmitida por meio de contato próximo e prolongado de uma pessoa suscetível (com maior probabilidade de adoecer) com um doente com hanseníase que não está sendo tratado; • A bactéria é transmitida pelas vias respiratórias (pelo ar), e não pelos objetos utilizados pelo paciente; • Estima-se que a maioria da população possua defesa natural (imunidade) contra o M. leprae. Portanto, a maior parte das pessoas que entrarem em contato com o bacilo não adoecerão; • A susceptibilidade ao M. leprae possui influência genética. Assim, familiares de pessoas com hanseníase possuem maior chance de adoecer. Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro ➢ Sinais e sintomas: Os principais sinais e sintomas da hanseníase são: • Áreas da pele, ou manchas esbranquiçadas (hipocrômicas), acastanhadas ou avermelhadas, com alterações de sensibilidade ao calor e/ou dolorosa, e/ou ao tato; • Formigamentos, choques e câimbras nos braços e pernas, que evoluem para dormência – a pessoa se queima ou se machuca sem perceber; • Pápulas, tubérculos e nódulos (caroços), normalmente sem sintomas; • Diminuição ou queda de pelos, localizada ou difusa, especialmente nas sobrancelhas (madarose); • Pele infiltrada (avermelhada), com diminuição ou ausência de suor no local. Além dos sinais e sintomas mencionados, pode-se observar: • Dor, choque e/ou espessamento de nervos periféricos; • Diminuição e/ou perda de sensibilidade nas áreas dos nervos afetados, principalmente nos olhos, mãos e pés; • Diminuição e/ou perda de força nos músculos inervados por estes nervos, principalmente nos membros superiores e inferiores e, por vezes, pálpebras; • Edema de mãos e pés com cianose (arroxeamento dos dedos) e ressecamento da pele; • Febre e artralgia, associados a caroços dolorosos, de aparecimento súbito; • Aparecimento súbito de manchas dormentes com dor nos nervos dos cotovelos (ulnares), joelhos (fibulares comuns) e tornozelos (tibiais posteriores); • Entupimento, feridas e ressecamento do nariz; • Ressecamento e sensação de areia nos olhos. ➢ Classificação operacional: Para os casos diagnosticados, deve-se utilizar a classificação operacional de caso de hanseníase proposta pela OMS, visando definir o esquema de tratamento com poliquimioterapia, e que se baseia no número de lesões cutâneas de acordo com os seguintes critérios: • Paucibacilar (PB): casos com até cinco lesões de pele; • Multibacilar (MB): casos com mais de cinco lesões de pele. Entretanto, alguns pacientes não apresentam lesões facilmente visíveis na pele, e podem ter lesões apenas nos nervos, ou as lesões podem se tornar visíveis somente após iniciado o tratamento. Sendo assim, para facilitar a compreensão e o diagnóstico, pode ser utilizada a classificação de Madri, a qual classifica a doença em quatro subtipos: hanseníase indeterminada e tuberculóide - paucibacilares; dimorfa e virchowiana - multibacilares. ➢ Formas da doença: • Considerada forma inicial da doença, caracteriza-se por máculas hipocrômicas ou eritematosas, mal delimitadas, podendo apresentar discreta diminuição da sensibilidade, redução da sudorese e/ou do crescimento de pelos; Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro • Todos os pacientes passam por essa fase no início da doença, entretanto, ela pode ser ou não perceptível. Geralmente afeta crianças abaixo de 10 anos, ou mais raramente adolescentes e adultos que foram contatos de pacientes com hanseníase; • O exame anatomopatológico nesse estágio é inespecífico, podendo apresentar infiltrado inflamatório leve ao redor dos nervos, vasos e anexos cutâneos. A baciloscopia é negativa. Essa fase não é transmissível e não incapacitante; • A maioria das pessoas com HI evolui para cura espontânea, enquanto uma pequena parcela permanece com a doença crônica e, após cerca de 5 anos, dependendo do padrão de resposta imunológica predominante, pode evoluir para as diferentes formas do espectro da hanseníase. • É a forma da doença em que o sistema imune da pessoa consegue destruir os bacilos espontaneamente; • Assim como na hanseníase indeterminada, a doença também pode acometer crianças (o que não descarta a possibilidade de se encontrar adultos doentes); • Tem um tempo de incubação de cerca de cinco anos, e pode se manifestar até em crianças de colo, onde a lesão de pele é um nódulo totalmente anestésico na face ou tronco (hanseníase nodular da infância); • Mais frequentemente, manifesta-se por uma placa (mancha elevada em relação à pele adjacente) totalmente anestésica ou por placa com bordas elevadas, bem delimitadas e centro claro (forma de anel ou círculo); • Com menor frequência, pode se apresentar como um único nervo espessado com perda total de sensibilidade no seu território de inervação. Nesses casos, a baciloscopia é negativa e a biópsia de pele quase sempre não demonstra bacilos, e nem confirma sozinha o diagnóstico; • Sempre será necessário fazer correlação clínica com o resultado da baciloscopia e/ou biópsia, quando for imperiosa a realização desses exames; • Os exames subsidiários raramente são necessários para o diagnóstico, pois sempre há perda total de sensibilidade, associada ou não à alteração de função motora, porém de forma localizada. Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro • É a forma mais contagiosa da doença; • A anamnese e o exame físico são fundamentais para sua suspeita, uma vez que os sinais e sintomas podem ser discretos; • As lesões são difusas e, em geral, simétricas, podendo manifestar-se por meio de lesões pardacentas, de limites imprecisos. A infiltração difusa da pele pode dificultar a visualização de lesões, que muitas vezes apresentam apenas discreta alteração da sensibilidade; • Incapacidades revelam que a doença está evoluindo e sendo transmitida há mais de uma década. Nas formas avançadas, o indivíduo pode apresentar infiltração difusa da face, configurando a fácies leonina, alopecia levando à perda de cílios e sobrancelhas (madarose) e xerose por anidrose; • Em geral, as lesões se manifestam em ilhas de áreas alteradas. A invasão das mucosas pode manifestar-se no início por obstrução nasal e, se não tratada, levar à perfuração e ao desabamento do septo nasal, tanto pelo infiltrado específico quanto pelo reacional. O infiltrado dos olhos pode, no início, apresentar prurido e cegueira; Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro • Espessamento dos lóbulos das orelhas, joelhos, cotovelos ou lesões papulonodulares acastanhadas indicam grande carga bacilar; • O exame anatomopatológico mostra a epiderme separada do infiltrado inflamatório por uma faixa de fibras colágenas e macrófagos vacuolizados (células de Virchow). A baciloscopia revela numerosos bacilos, que podem estar agrupados na forma de globais. • Compreende a maior partedos casos de hanseníase no nosso meio: são grupos instáveis, nos quais o indivíduo pode apresentar lesões de diferentes aspectos, ora tendendo ao polo tuberculoide, ora com manifestações do polo virchowiano; • O padrão de resposta imune celular é intermediário, podendo apresentar mudanças dentro do grupo dimorfo, desencadeadas por variações imunes do indivíduo pela carga bacilar, condições de imunossupressão, estados reacionais, retardo do diagnóstico ou do início do tratamento. 1. Hanseníase Dimorfa-Tuberculoide: • Apresenta aspectos semelhantes à forma tuberculoide, porém as lesões apresentam bordas menos nítidas e são mais numerosas, com alteração de sensibilidade e, muitas vezes, no momento do diagnóstico, já apresenta incapacidades, com mais de um tronco neural comprometido; • O exame anatomopatológico demonstra infiltrado granulomatoso epitelioide superficial e médio com numerosos linfócitos. A baciloscopia pode evidenciar raros bacilos. Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro 2. Hanseníase Dimorfa-Dimorfa: • As lesões têm disposição ovalada, com aspecto foveolar, apresentando bordas eritematosas de limites externos imprecisos e bordas internas bem delimitadas, podendo apresentar alteração de sensibilidade; • O exame anatomopatológico evidencia esboços granulomatosos, com esparsas células epitelioides e infiltrado linfo-histiocitário. A baciloscopia é positiva. 3. Hanseníase Dimorfa-Virchowiana: • Caracteriza-se por múltiplas lesões, de limites imprecisos, podendo manifestar-se como máculas eritematosas, pápulas, placas e nódulos com pouca e discreta alteração da sensibilidade e distribuição tendendo à simetria; • O exame anatomopatológico evidencia infiltrado linfo-histiocitário superficial e profundo, com predomínio de histiócitos vacuolizados e raríssimas células epitelioides. A baciloscopia é francamente positiva. ➢ Exame físico (da pele e dos nervos periféricos): • Uma opção é iniciar o exame clínico pelos nervos cutâneos; • Comece pelos nervos da face observando a simetria dos movimentos palpebrais e de sobrancelhas (nervo facial); • Em seguida, veja se há espessamento visível ou palpável dos nervos do pescoço (auricular), do punho (ramo dorsal dos nervos radial e ulnar), e dos pés (fibular superficial e sural); • Depois, palpe os nervos do cotovelo (ulnar), do joelho (fibular comum) e do tornozelo (tibial). Observe se eles estão visíveis, assimétricos, endurecidos, dolorosos ou com sensação de choque. Caso você identifique qualquer alteração nos nervos, confirme a anormalidade com o teste da sensibilidade no território inervado; Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro • Posteriormente, em sala bem iluminada (luz do dia), é importante examinar toda a pele, inclusive as coxas, dorso e nádegas; • Comece pela face, depois examine tronco e membros superiores. Embora respeitando a intimidade do paciente, é indispensável o exame das nádegas e membros inferiores; • Não esqueça de examinar palmas e plantas (procure por calosidades, atrofias musculares e úlceras). Quando perceber uma lesão de pele, marque a área com uma caneta esferográfica para não correr o risco de não encontrar a mesma região posteriormente. • Toda a superfície da pele deve ser examinada, independente da queixa da pessoa; • A avaliação objetiva da sensibilidade das lesões ou áreas suspeitas é realizada por meio dos testes de sensibilidade: Térmica; Dolorosa; Tátil. 1. Teste da sensibilidade térmica: • É utilizado tubos de ensaios com água aquecida e fria, algodão embebido em álcool ou éter e outro seco e instrumento metálico gelado e aquecido; Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro • Teste os tubos primeiro em você mesmo, e depois na face do paciente para verificar se os tubos estão em temperatura adequada; • Pergunte o que ele sente (morno, frio ou quente). Em seguida, faça o teste nas áreas da pele com lesões. Compare com a área de pele normal contralateral ou adjacente; • Se houver diferença na percepção da temperatura nas lesões (hipo ou anestesia) circundada por áreas periféricas de sensibilidade normal (normoestesia) é sinal de alteração da sensibilidade térmica. Confirma-se, então, o diagnóstico, apenas com alteração definida de uma das sensibilidades, não necessitando fazer os testes de sensibilidade dolorosa ou tátil. 2. Teste de sensibilidade dolorosa: • É utilizado objeto pontiagudo como agulha de insulina estéril; • Encoste a ponta nas lesões de pele com uma leve pressão, tendo o cuidado de não perfurar o paciente, nem provocar sangramento; • Faça isso alternando área interna e externa à lesão, observando expressão facial e queixa de respostas à picada; • Certifique-se de que a sensibilidade sentida é de dor através da manifestação de “ai!” ou retirada imediata da região que é estimulada pela agulha; • A insensibilidade (anestesia) ou sensibilidade diminuída (hipoestesia) dentro da área de lesão confirma o diagnóstico; • Pode-se ainda avaliar a sensibilidade dolorosa alternando a ponta da agulha e o cabo da agulha (parte plástica); • Observe se o paciente percebe a diferença entre a ponta da agulha e o cabo. Do contrário, isso é sinal de alteração da sensibilidade dolorosa naquela área da pele. Esse cenário também confirma o diagnóstico. 3. Teste de sensibilidade tátil: • Embora a sensibilidade tátil seja frequentemente a última a ser perdida, deve-se buscar as diferenças de sensibilidade sobre a área a ser examinada e a pele normal circunvizinha, utilizando-se algodão, fio dental ou o monofilamento verde (0.05g) do kit estesiométrico; • O uso do estesiômetro permite avaliar a sensibilidade protetora das mãos e pés, tendo grande aplicação na avaliação do grau de incapacidade física e para fins de prevenção de incapacidades, sendo seu uso importante para avaliação e seguimento dos casos. Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro 1. Nariz: • Queixas: entupimento, ressecamento, sangramento ou coceira; Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro • Inspeção: condições da pele e da mucosa nasal, integridade do septo nasal e lesões traumáticas. Perfuração de septo 2. Olhos: • Queixas: dor, ardor, coceira, diminuição da visão, lacrimejamento ou secreção; Fecha olhos sem força Fecha olhos com força Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro Triquíase| Ectrópio Catarata Diminuição da sensibilidade córnea Opacidade corneana central Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro Acuidade visual 3. Membros superiores: • Queixas: dor, dormência, formigamento, diminuição da força, edema ou dificuldade de realizar certas atividades; • Inspeção: condições da pele, ressecamento, fissuras, atrofias, lesões, garras e absorção. Palpação: Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro Palpação do nervo radial Palpação do nervo ulnar Palpação do nervo mediano Avaliação da força: Abrir dedo mínimo (nervo ulnar) Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro Elevar o polegar (nervo mediano) Levantar punho (nervo radial) 4. Avaliação sensitiva: Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro Garra móvel: M| Garra rígida: R 5. Membros inferiores: • Queixas: dor, dormência, formigamento, diminuição da força, edema ou dificuldade de andar; • Inspeção: condiçõesda pele, ressecamento, fissuras, atrofias, lesões e garras. Palpação: Palpação do nervo fibular Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro Palpação do nervo tibial posterior Avaliação da força: Levantar dedão p/ cima (nervo fibular) Puxar pé p/ si (nervo fibular) 6. Classificação do grau de incapacidade (OMP): Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro 7. Grau de incapacidade física: ➢ Exames subsidiários: • O diagnóstico da hanseníase deve ser baseado, essencialmente, no quadro clínico; • Quando disponíveis, de qualidade e confiáveis, os exames subsidiários (baciloscopia e biópsia de pele) podem ser feitos; • Na interpretação dos resultados desses exames, especialmente a baciloscopia, os resultados devem ser correlacionados com a clínica, pois hoje ainda há muitas dificuldades e erros no processo de coleta, fixação, envio, coloração, e mesmo na leitura de lâminas de baciloscopia ou biópsia. • Consiste na pesquisa de bacilos (BAAR) no esfregaço da linfa coletada de áreas suspeitas. Na ausência de lesões cutâneas, a baciloscopia pode ser coletada dos lóbulos das orelhas, dos cotovelos ou dos joelhos; • No paciente paucibacilar (PB), ou seja, com hanseníase indeterminada ou tuberculóide, a baciloscopia é negativa; • No paciente multibacilar (MB), ou seja, hanseníase dimorfa e virchowiana, a baciloscopia normalmente é positiva. Caso seja negativa, levar em consideração o quadro clínico para o diagnóstico e classificação desse doente; • Se houver lesões suspeitas de hanseníase dimorfa e o diagnóstico clínico não puder ser confirmado por meio do exame dermatoneurológico, a coleta da baciloscopia deve ser feita, preferencialmente, na borda da(s) lesão(ões) de pele suspeita(s), e na(s) mais infiltrada(s). Pode ser coletado material também dos lóbulos das orelhas e dos cotovelos, quando não houver lesões de pele visíveis. Havendo lesões visíveis, sempre uma lesão de pele, pelo menos, deve ser representada. • Realizado a partir de material da biópsia coletada de lesão cutânea ou fragmento de nervo, é corado pela hematoxilina-eosina (HE); Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro • Na hanseníase indeterminada, encontra-se, na maioria dos casos, um infiltrado inflamatório que não confirma o diagnóstico de hanseníase. A procura de bacilos (BAAR) é quase sempre negativa; • Na hanseníase tuberculóide, encontra-se um granuloma do tipo tuberculóide (ou epitelioide) que destrói pequenos ramos neurais, agride a epiderme e outros anexos da pele. A procura de bacilos (BAAR) é negativa; • Na hanseníase virchowiana, encontra-se um infiltrado histiocitário xantomizado ou macrofágico e a pesquisa de bacilos mostra incontáveis bacilos dispersos e organizados em grumos (globais); • Na hanseníase dimorfa, há um infiltrado linfo-histiocitário, que varia desde inespecífico até com a formação de granulomas tuberculóides. A baciloscopia da biópsia é frequentemente positiva, sobretudo nos nervos dérmicos e nos músculos lisos dos pelos. ➢ Tratamento: • O tratamento da hanseníase é realizado através da associação de medicamentos (poliquimioterapia – PQT) conhecidos como Rifampicina, Dapsona e Clofazimina. Deve-se iniciar o tratamento já na primeira consulta, após a definição do diagnóstico. • Neste caso é utilizada uma combinação da rifampicina e dapsona, acondicionados numa cartela, no seguinte esquema: Rifampicina: uma dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg) com administração supervisionada; Dapsona: uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária autoadministrada. • Duração do tratamento: 6 doses mensais supervisionadas de rifampicina; • Critério de alta: 6 doses supervisionadas em até 9 meses (se, por algum motivo, houver a interrupção da medicação ela poderá ser retomada em até 3 meses, com vistas a completar o tratamento no prazo de até 9 meses). Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro • Aqui é utilizada uma combinação da rifampicina, dapsona e de clofazimina, acondicionados numa cartela, no seguinte esquema: Rifampicina: uma dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg) com administração supervisionada; Clofazimina: uma dose mensal de 300 mg (3 cápsulas de 100 mg) com administração supervisionada e uma dose diária de 50mg autoadministrada; Dapsona: uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária autoadministrada. • Duração do tratamento: 12 doses mensais supervisionadas de rifampicina; • Critério de alta: 12 doses supervisionadas em até 18 meses (havendo a interrupção da medicação está indicado o prazo de 6 meses para dar continuidade ao tratamento e para que o mesmo possa ser completado em até 18 meses). • Para crianças com hanseníase, as doses de medicamentos dos esquemas Paucibacilar e Multibacilar, são ajustadas, de acordo com os seguintes quadros: Paucibacilar Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro Multibacilar Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro ➢ Reações hansênicas: • As reações hansênicas são complicações inflamatórias agudas que se apresentam como emergências médicas, sendo a principal causa de morbidade e incapacidade neurológica, podendo surgir antes, durante ou depois do tratamento poliquimioterápico; • Geralmente seguem fatores desencadeantes, como o próprio início da PQT, reexposição a fontes bacilíferas, infecções, vacinação, gravidez, uso de medicamentos iodados, estresse físico e emocional. Entretanto, muitas vezes o fator desencadeante permanece não esclarecido. A reação reversa e o eritema nodoso hansênico podem raramente ser concomitantes. • Caracteriza-se por exacerbação de lesões preexistentes, por meio de hiperestesia, eritema, edema e posterior descamação; • Na evolução, lesões pré-existentes podem ulcerar e também podem ser visualizadas novas lesões; • A neurite é frequente e pode levar a danos neurais múltiplos e graves, resultando em deformidades e perda de função; • O exame anatomopatológico mostra sinais inflamatórios agudos: granulomas tuberculóides frouxos com edema, necrose, sendo a proporção das células epitelioides e histiócitos vacuolizados relacionadas à resposta imune do hospedeiro. Quando a inflamação é intensa, pode levar à necrose caseosa; • O tratamento: devido à presença quase invariável de lesão neural, ou quando a reação é ulcerada, deve ser iniciada a prednisona 1 mg/kg/dia via oral ou dexametasona 0,15 mg/kg/dia em casos de doentes hipertensos ou cardiopatas. • Ocorre nas formas Virchowiana e Dimorfa-Virchowiana, com maior frequência após o início do tratamento (aproximadamente após 6 meses). Caracteriza-se por nódulos eritematosos, dolorosos, que podem ulcerar e evoluir com necrose e acometer todo o tegumento; • Sintomas sistêmicos como febre, artralgia e fadiga, associados ao aumento de provas inflamatórias, podem estar presentes, devendo constar a hanseníase como diagnóstico diferencial na investigação do quadro de febre de origem indeterminada. Outros órgãos também são frequentemente acometidos; • Exame anatomopatológico mostra dermo-hipodermite rica em neutrófilos e vasos trombosados secundários à agressão neutrofílica no interstício; Eunilde Andressa e Janaína Ribeiro • O tratamento: iniciar talidomida 100 a 400 mg/dia via oral, de acordo com a gravidade do caso. Associar prednisona 1 mg/kg/dia via oral em casos de comprometimento dos nervos periféricos ou de outros órgãos que não a pele ou se houver ulcerações extensas. ➢ Investigação e profilaxia de contactantes: • A investigação epidemiológica de contatos consiste em: Anamnese dirigida aos sinais e sintomasda hanseníase; Exame dermatoneurológico de todos os contatos dos casos novos, independente da classificação operacional; Vacinação BCG para os contatos sem presença de sinais e sintomas de hanseníase no momento da avaliação. • É importante ressaltar que a aplicação da vacina não previne o desenvolvimento da doença, mas é utilizada com o propósito de estimular a resposta imune celular: < 1 ano de idade, já vacinados: não revacinar; 1 ano de idade, sem cicatriz ou com uma cicatriz de BCG: aplicar uma dose; 2 cicatrizes de BCG: não revacinar; Cicatriz vacinal incerta: aplicar uma dose independentemente da idade.
Compartilhar