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ATIVIDADE AVALIATIVA - DO PROCESSO DE CONHECIMENTO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS – UFGD
Faculdade de Direito e Relações Internacionais – FADIR
IDENTIFICAÇÃO
Disciplina: Direito Processual Civil II
Curso: Direito
 Professor (a): Daniela Menin 
Acadêmico (a): Guilherme Furtado Cavalcante 
RGA: 2019062714818
ATIVIDADE DISSERTATIVA ACERCA DO
PROCESSO DE CONHECIMENTO
1. Conceito
Ante a delimitação do conceito de Processo de Conhecimento, há de se tecer análise mais geral acerca da área do conhecimento em que este instituto jurídico está inserido. O Direito, como ciência social aplicada, pode ter suas normas subdivididas em dois gêneros, isto é, o Direito Material e o Direito Processual. O primeiro, diz respeito tanto ao conjunto de normas jurídicas que regem as relações entre os particulares (pessoas naturais e jurídicas), quanto as regulamentações que regem substancialmente as conexões entre os particulares e o Estado, representado pelas pessoas jurídicas integrantes da Administração Pública. Em verdade, as normas jurídicas materiais concernem a toda base normativa que se propunha a regular as relações entre pessoas em sentido lato, criando deveres e prerrogativas em face destas. Em contrapartida, o Direito Processual é entendido como um conjunto de normas que regulamentam a aplicação in concreto das prerrogativas materiais. Em outras palavras, trata-se de um sistema jurídico próprio e interconectado com o direito substancial, que se propõe a estabelecer as regras que regulam os procedimentos a serem utilizados para satisfazer direito subjetivo lesado ou ameaçado levado à juízo. No bojo de esclarecer didaticamente as diferenças tênues entre as normas substanciais e processuais, Marcus Vinicius Rios Gonçalves leciona no sentido de que:
Estas tratam do processo, que não é um fim em si mesmo, mas apenas um instrumento para tornar efetivo o direito material [...] As normas de direito material contêm a indicação daqueles que o integrante da comunidade possui. Mas nem sempre esses direitos são respeitados pelos demais membros do grupo. São comuns as violações e o desrespeito ao direito alheio. Aquele que se diz titular do direito substancial pode, então ir à juízo postular a intervenção do Estado, para que este recomponha o seu direito lesado, fazendo-o valer. Para que o Estado possa apreciar a pretensão formulada, concedendo-lhe ou não a tutela, é necessário um processo, que não é um fim em si mesmo, mas um meio para se conseguir a efetivação do direito. 
Feita esta análise basilar, pode-se entender em linhas gerais, que o Processo de Conhecimento compreende a fase inicial de satisfação de uma determinada demanda levada ao Estado-juiz. Com efeito, trata-se do que muitos doutrinados intitulam de “fase cognitiva”, que diz respeito aos instrumentos utilizados pelo ente estatal, para decidir se os pedidos são ou não legítimos frente à regulamentação material vigente e que, segundo os ditames de Humberto Theodoro Júnior “deve culminar por uma sentença de mérito que contenha a resposta definitiva ao pedido formulado pelo autor. No acertamento contido na sentença consiste o provimento do processo de conhecimento”. 
Doravante a sentença de mérito expedida pelo ente estatal, nasce o Processo de Execução, fase judicial em que não há mais discussão acerca da existência ou não de direito material ameaçado ou lesado pelo réu. Trata-se, em verdade, de um conjunto de instrumentos que possuem o bojo de satisfazer substancialmente os anseios expressos pelo autor na petição inicial e, neste contexto, fala-se em credor e devedor da satisfação, uma vez que o direito que outrora era tido como subjetivo, torna-se líquido e certo, à luz da força vinculante inter partes que possui a sentença expedida pelo juízo competente ao qual fora levada a demanda. 
Em síntese, o processo de conhecimento se traduz, ao contrário da fase executória, de instância na qual se discute a existência fática de direito material violado. Com efeito à luz da dicção de Marcus Vinicius Rios Gonçalves: 
O processo de conhecimento tem por objetivo a produção de um provimento jurisdicional que revista de certeza jurídica o direito que está sendo postulado. O autor tem uma pretensão em face do réu, mas ela ainda não está dotada de certeza jurídica bastante para desencadear os efeitos jurídicos satisfativos por ele pretendidos. É preciso então que ele submeta o seu direito à apreciação judicial, para que se possa dizer se tem ou não razão. Se o tiver, o juiz concederá ao autor o provimento postulado, que pode desde logo produzir os efeitos almejados, como ocorre com as sentenças declaratórias e constitutivas, ou permitir a abertura de uma fase de execução, na qual o credor buscará a satisfação material de seu direito. 
Ante ao exposto, a fase de conhecimento do processo judicial possui o intuito expresso de dizer o direito ao caso concreto, no sentido de que o processo, assim como prelecionado pela doutrina hegemônica, não é um fim em si mesmo, mas um punhado de procedimentos e de regras técnicas de concretização do direito material. 
2. Das características do Processo de Conhecimento
Mediante análise preliminar da doutrina processual, constata-se que a literatura jurídica em geral não trata de forma profundamente epistemológica acerca do processo de conhecimento como instituto, mas tão apenas da descrição jurídico-teórica de seus elementos, transcritos na legislação processual, tais como: a inicial, a citação, a intimação e demais temas tratados pelo NCPC/2015 na Parte Especial. Com efeito, no bojo de delimitar características lógicas do processo de conhecimento, há expressa necessidade em socorrer-se aos escritos da Teoria Geral do Processo. Nesse sentido, da leitura dos dizeres do jurista Rosemiro Pereira Leal, pode-se constatar que o processo de conhecimento possui as seguintes características: 1) natureza cognitiva; 2) é corolário do princípio da reserva legal e prescritor do sistema inquisitório e 3) objetiva o acertamento de direitos demandados frente ao Estado-juiz.
A características inicial do processo de conhecimento, trazida pelos escritos de Leal, imprime a ideia de que é nesta fase processual em que o magistrado toma conhecimento acerca da lide, isto é, do direito subjetivo ameaçado ou violado segundo os dizeres do autor. O segundo aspecto do processo de conhecimento, nos demonstra que este é um verdadeiro instituidor de normas jurídicas anteriores a ocorrência dos fatos instituidores da demanda ajuizada. Em outras palavras e nos dizeres de Leal, trata-se der “conquista teórica relevantíssima da humanidade que imprimiu novos rumos ao estudo do processo pelo princípio moderno da reserva legal, só se admitindo a cognição jurisdicional em bases normativas prévias (precedentes, anteriores) aos fatos e atos a serem jurisdicionalizados”. E continua dizendo, in verbis:
O processo de conhecimento assenta-se no sistema probatício da persuasão racional, em que a ratio legis há de anteceder ao logos aleatório ou discricionário do julgador. O processo de conhecimento, como modalidade de direito fundamental processualmente constitucionalizado (ampla defesa, contraditório e isonomia pelo devido processo legal), proscrever, de vez, os sistemas inquisitório e dispositivo de livre convicção do juiz que se fazia e ainda se faz em legislações retrógradas, como a brasileira, em bases de arbítrio e em juízos de poder, equidade e conveniência, num percurso histórico que se registra desde as tribos primitivas, passando pelos romanos, até o common law de nossos dias, como se vê, principalmente, nos judiciários ingleses e americanos.
A terceira e última particularidade do processo de conhecimento, é a noção de que sua função primária é dizer o direito in concreto, isto é, sendo verdadeira expressão material da função jurisdicional do Estado na solução de litígios. Com efeito, criam-se as normas e institutos que regulamentam o processo deste a sua instauração pela petição inicial até a expedição da sentença, momento em que nasce a fase de execução, que não se confunde, à luz do já exposto poreste subscritor, com as instâncias de conhecimento, uma vez que nesta última há discussão acerca da existência ou não de direito e, naquela, ocorre apenas a satisfação material do direito líquido e certo do autor, assim considerado pela sentença de mérito expedida pelo juiz. 
3. Dos Elementos do Processo de Conhecimento 
 		Integram o processo de conhecimento, tanto no Procedimento Comum, quanto nos de jurisdição especial, os elementos constitutivos doravante assinalados: 1) as partes; 2) os pedidos e 3) a causa de pedir. O primeiro, diz respeito tanto ao autor (sujeito ativo) que demanda em juízo a satisfação de direito subjetivo ameaçado ou violado, quanto ao réu (sujeito passivo), que está sendo levado à juízo sob a alegação de ter violado direito material da parte autora, que ora deu início ao litígio. Os pedidos, traduzem-se como os requerimentos concretos feitos pelo autor na petição inicial, isto é, o provimento jurisdicional que se pretende obter e o bem jurídico almejado. O último elemento é a causa de pedir, que nada mais é se não o conjunto de pressupostos de fato e de direito transcritos na inicial, que legitimam o pleito frente ao Estado-juiz. Em outras palavras, são as fontes do direito (legislação, jurisprudência, costumes etc) que tutelam a prerrogativa ora em lide e os fatos jurídicos que notadamente possuem correlação direta com a ocorrência da violação do direito substancial do autor. 
 
REFERÊNCIAS:
1. GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil. 9. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 
2. JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil (volume I). 60. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. 
3. JR. Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. 21. Ed. Salvador: Jus Podivm, 2019. 
4. LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria Geral do Processo: Primeiros Estudos. 14. Ed. Belo Horizonte: Fórum Conhecimento Jurídico, 2018.

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