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TUTORIA 2 1 NEURO

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Fernanda Araújo
Medicina – 3ºP
2
Tutoria 2.1 - neuro
1. Definir o que é olfato e paladar
Os sentidos da gustação e da olfação permitem que separemos os alimentos indesejáveis ou mesmo letais dos que nos dão prazer e que são nutritivos. Eles também geram respostas fisiológicas que estão envolvidas na digestão e no uso dos alimentos. O sentido da olfação também permite que os animais reconheçam a proximidade de outros animais ou mesmo reconheçam certos indivíduos no grupo de animais. Finalmente, ambos os sentidos estão fortemente ligados às funções emocionais e comportamentais primitivas do nosso sistema nervoso. Neste capítulo, discutiremos como os estímulos da gustação e da olfação são detectados e como são codificados em sinais neurais transmitidos para o cérebro.
Sentido da Gustação: A gustação é principalmente função dos botões gustatórios presentes na boca, mas é comum a experiência de que a olfação também contribui intensamente para a percepção do paladar. Além disso, a textura do alimento, detectada pelos sensores de tato da boca, e a presença de substâncias no alimento que estimulam as terminações dolorosas, tais como a pimenta, alteram sensivelmente a experiência do paladar. A importância do paladar reside no fato de que ele permite à pessoa selecionar substâncias específicas, de acordo com os seus desejos e frequentemente de acordo com as necessidades metabólicas dos tecidos corporais.
Sentido do Olfato: A olfação é o menos conhecido de nossos sentidos. Isso é resultado, em parte, do fato de que o sentido da olfação é fenômeno subjetivo que não pode ser estudado facilmente em animais inferiores. Outro problema complicador é que o sentido da olfação é pouco desenvolvido nos seres humanos em comparação com os animais inferiores.
2- Descrever a anatomia: 
A) Via olfativa 
O nariz contem de 10 a 100 milhões de receptores para o sentido do olfato ou olfação, contidos em uma área chamada de epitélio olfatório. Com uma área total de 5 cm2 , o epitélio olfatório ocupa a parte superior da cavidade nasal, recobrindo a superfície inferior da lamina cribriforme e se estendendo ao longo da concha nasal superior (Figura 17.la). 0 epitélio olfatório consiste em três tipos de células: receptores olfatórios, as células de sustentação e as células basais (Figura 17.lb). 
Receptores olfatórios são os neur6nios de primeira ordem da via olfatória. Cada receptor olfatório e um neurônio bipolar, com um dendrito exposto em forma de um botão e um axônio que se estende pela lamina cribriforme, terminando no bulbo olfatório. As partes do receptor olfatório que respondem as substancias químicas inaladas são os cílios olfatórios, que se projetam a partir do dendrito. (Lembre-se de que transdução é a conversão da energia do estimulo em um potencial graduado no receptor sensitivo.) As substancias químicas que possuem um odor e, consequentemente, estimulam os cílios olfatórios são denominadas aromáticas. Os receptores olfatórios respondem a estimulação química de uma molécula aromática produzindo um potencial gerador e, assim, iniciando a resposta olfatória. 
As células de sustentação são células epiteliais colunares da túnica mucosa que reveste o nariz. As células fornecem sustentação física, alimentação e isolamento elétrico para os receptores olfatórios e ajudam a destoxificar as substancias químicas que entram em contato com o epitélio olfatório. As células basais são células-tronco localizadas entre as bases das células de sustentação. As células sofrem divisão celular continuamente para produzir novos receptores olfatórios que vivem, no máximo, pouco mais de um mês, antes de serem substituídos. Esse processo e extraordinário se considerarmos que os receptores olfatórios são neurônios e, como já aprendemos, neurônios maduros, geralmente, não são substituídos. 
No interior do tecido conjuntivo que sustenta o epitélio olfatório estão as glândulas olfatórias de Bowman, as quais produzem uma secção serosa que é transportada para a superfície do epitélio pelos ductos. A secreção umedece a superfície do epitélio olfatório e dissolve os odores permitindo, assim, que ocorra a transdução. As células de sustentação, do epitélio do nariz e as glândulas olfatórias são inervadas pelos ramos do nervo facial (VIl), que é estimulado por certas substâncias químicas. Os impulsos nesses nervos, por sua vez, estimulam as glândulas lacrimais, nos olhos, e as glândulas mucosas, no nariz. O resultado são lagrimas e coriza nasal após inalação de substâncias como pimenta, cebola ou vapores da amônia doméstica.
Via olfatória: Em cada lado do nariz, os feixes de axônios amielínicos mais finos dos receptores olfatórios se estendem por aproximadamente 20 forames da lamina cribriforme, localizada no etmoide (veja Figura 17.lb). Esses 40 ou mais feixes de axônios, coletivamente, formam os nervos olfatórios (I) direito e esquerdo. Os nervos olfatórios terminam no encéfalo em massas pareadas de substância cinzenta chamadas de bulbos olfatórios, que estão localizados abaixo dos lobos frontais do cérebro e lateralmente a crista etmoidal do etmoide. No interior dos bulbos olfatórios, os terminais axônios dos receptores olfatórios formam sinapses com dendritos e corpos celulares dos neurônios do bulbo olfatório. 
Axônios dos neurônios do bulbo olfatório estendem-se posteriormente e formam o trato olfatório (veja Figura 17.lb). Alguns dos axônios do trato olfatório se projetam em direção a área olfatória primária do córtex cerebral; localizada na face medial e inferior do lobo temporal, a área olfatória primária é a área na qual começa a percepção consciente do odor (veja Figura 17.ld). Sensações olfativas são as únicas sensações que chegam ao córtex cerebral sem primeiro fazer sinapse no tálamo. Outros axônios do trato olfatório se projetam em direção ao sistema límbico e hipotálamo; essas conexões são responsáveis pelas nossas respostas emocionais e memórias despertadas por odores. Exemplos incluem a excitação sexual ao sentirmos um determinado perfume, náusea ao sentirmos o cheiro de um alimento que uma vez nos fez passar muito mal, ou a memória de uma experiencia da infância despertada por um odor. 
A partir da área olfatória primaria, as vias também se estendem até o lobo frontal. Uma região importante para identificação e discriminação do odor e a área orbitofrontal. Pessoas que sofrem lesão nessa área têm dificuldade em identificar odores diferentes. Estudos por tomografia por emissão de positrons (TEP) mostram algum grau de lateralização hemisférica: a área orbitofrontal do hemisfério direito apresenta maior atividade durante o processamento olfatório.
B) Via Gustativa
Anatomia dos Calículos Gustatórios e Papilas
 Os receptores para as sensações do paladar estão localizados nos calículos gustatórios. A maioria dos quase 10.000 calículos gustatórios de um adulto jovem estão na língua, mas alguns são encontrados no palato mole (parte posterior do teto da boca), na faringe (garganta) e na epiglote (uma lâmina de cartilagem sobre a laringe ). O número de calículos gustatórios diminui com a idade. Cada calículo gustatório e um corpo oval que consiste em três tipos de células epiteliais: células de sustentação, células receptoras gustatórias e células basais. As células de sustentação circundam aproximadamente 50 células receptoras gustatórias em cada calículo gustatório. Uma única microvilosidade longa, chamada de cílio gustativo, projeta-se a partir de cada célula receptora gustatória, em direção a superfície, por meio do poro gustatório, uma abertura no calículo gustatório. As células basais, células-tronco encontradas na periferia do calículo gustatório, próximo da camada de tecido conjuntivo, produzem células de sustentação que, em seguida, se desenvolvem em células receptoras gustatórias. Cada célula receptora gustatória possui uma duração de vida de aproximadamente 10 dias. Na sua base, as células receptoras gustatórias fazem sinapse com os dendritos dos neurônios de primeira ordem, que formam a primeira parte da via gustatória. Os dendritosde cada neurônio de primeira ordem se ramificam profusamente e fazem contato com muitos receptores gustatórios em diversos calículos gustatórios. 
Os calículos gustatórios são encontrados nas elevações sobre a língua chamadas de papilas, que fornecem uma textura rugosa a superfície superior da língua (Figura 17.3a, b). Três tipos de papilas contem calículos gustatórios. 
1. Aproximadamente 12 papilas circunvaladas formam uma fileira em V invertido no dorso da língua. Cada uma dessas papilas aloja entre 100 e 300 calículos gustatórios. 
2. Papilas fungiformes são elevações, em forma de cogumelo, espalhadas sobre toda a superfície da língua, que contém aproximadamente cinco calículos gustatórios cada. 
3. Papilas folhadas estão localizadas em valetas, nas margens laterais da língua, mas a maioria de seus calículos gustatórios se degenera no início da infância. 
Além disso, toda a superfície da língua possui papilas filiformes. Essas estruturas filiformes pontiagudas contem receptores táteis, mas nenhum calículo gustatório. Aumentam o atrito entre a língua e o alimento, tornando mais fácil para a língua movimentar o alimento na cavidade oral.
3-	Estudar a fisiologia dos sentidos olfativos e gustativos (destacando o papel do cérebro, nervos sensitivos, nervos motores, nevos olfativos, papilas gustativas) 
Via olfativa 
Membrana Olfatória: 
A membrana olfatória, cuja histologia é mostrada na Figura 53-3, se situa na parte superior de cada narina. Medialmente, a membrana olfatória se invagina ao longo da superfície do septo superior; lateralmente, ela se dobra sobre a concha nasal superior e mesmo sobre pequena porção da superfície superior da concha nasal média. Em cada narina, a membrana olfatória tem área de superfície de aproximadamente 2,4 centímetros quadrados. 
Células Olfatórias: As células receptoras para a sensação da olfação são as células olfatórias (Fig. 53-3), que são na realidade neurônios bipolares derivados originalmente, do sistema nervoso central. Existem, aproximadamente, 100 milhões dessas células no epitélio olfatório, intercaladas entre as células de sustentação, como mostrado na Figura 53-3. A superfície apical das células olfatórias forma um botão, do qual se projetam de quatro a 25 pelos olfatórios (também chamados cílios olfatórios), medindo 0,3 micrômetro de diâmetro e até 200 micrômetros de comprimento, para o muco que recobre a superfície interna da cavidade nasal. Esses cílios olfatórios formam denso emaranhado no muco, e são esses cílios que respondem aos odores presentes no ar que estimulam as células olfatórias, como será mais discutido a seguir. Entre as células olfatórias na membrana olfatória, encontram-se muitas pequenas glândulas de Bowman secretoras de muco, na superfície da membrana olfatória.
Estimulação das Células Olfatórias:
Mecanismo de Excitação das Células Olfatórias: 
A porção das células olfatórias que responde ao estímulo químico olfatório é o cílio olfatório. As substâncias odorantes, ao entrarem em contato com a superfície da membrana olfatória, inicialmente se difundem no muco que recobre o cílio. Em seguida, se ligam às proteínas receptoras, na membrana de cada cílio (Fig. 53-4). Cada proteína receptora é na realidade uma longa molécula que atravessa a membrana por cerca de sete vezes, dobrando-se em direção ao seu interior e ao seu exterior. A molécula odorante liga-se à porção extracelular da proteína receptora. A porção intracelular da proteína receptora, no entanto, está acoplada a uma proteína G, que é formada por combinação de três subunidades. Quando o receptor é estimulado, a subunidade alfa se separa da proteína G e ativa imediatamente a adenilil ciclase, a que está ligada na face intracelular da membrana ciliar, próxima ao receptor. A adenilil ciclase ativada, por sua vez, converte muitas moléculas de trifosfato de adenosina em monofosfato de adenosina cíclico (AMPc). Por fim, o AMPc ativa outra proteína de membrana próxima, o canal iônico de sódio, o qual se “abre” permitindo que grande quantidade de íon sódio atravesse a membrana em direção ao citoplasma da célula receptora. Os íons sódio aumentam o potencial elétrico intracelular, tornando-o mais positivo, e excitando, assim, o neurônio olfatório e transmitindo os potenciais de ação pelo nervo olfatório para o sistema nervoso central. 
A importância desse mecanismo de ativação dos nervos olfatórios reside no fato de que ele amplifica muito o efeito excitatório, mesmo de substância odorante fraca. Resumindo: (1) a ativação da proteína receptora pela substância odorante ativa o complexo da proteína G. (2) Esta, por sua vez, ativa muitas moléculas de adenilil ciclase, que se encontram do lado intracelular da membrana da célula olfatória. (3) Em consequência, muitas moléculas de AMPc são formadas. (4) Finalmente, o AMPc induz a abertura de número muitas vezes maior de canais de sódio. Portanto, mesmo pequena concentração de substância odorante específica inicia o efeito cascata que abre quantidade extremamente grande de canais de sódio. Isso explica a sensibilidade extraordinária dos neurônios olfa- tórios às quantidades extremamente pequenas de substâncias odorantes. 
Além do mecanismo químico básico, pelo qual as células olfatórias são estimuladas, muitos fatores físicos afetam o grau de estimulação. Primeiro, apenas as substâncias voláteis que podem ser aspiradas para dentro das narinas podem ser percebidas pelo olfato. Segundo, a substância estimulante deve ser pelo menos pouco hidrossolúvel, de modo que possa atravessar o muco e atingir os cílios olfatórios. Terceiro, é útil que a substância seja pelo menos ligeiramente lipossolúvel, provavelmente porque constituintes lipídicos do cílio constituem fraca barreira para odorantes não lipossolúveis. 
Potenciais de Membrana e Potenciais de Ação nas Células Olfatórias: O potencial de membrana intracelular das células olfatórias não estimuladas, medido por microeletródios, é, em media, de -55 milivolts. Nesse potencial, a maioria das células gera potenciais de ação contínuos com frequência muito baixa, variando de um a cada 20 segundos, até dois ou três por segundo. 
A maioria das substâncias odorantes induz a despolarização da membrana da célula olfatória, reduzindo o potencial negativo da célula do nível normal de -55 milivolts para -30 milivolts ou menos — isto é, a voltagem passa a ser mais positiva. Paralelamente, o número de potenciais de ação aumenta para 20 a 30 por segundo, que é frequência alta para as fibras do nervo olfatório. 
Em ampla faixa, a frequência dos impulsos do nervo olfatório é aproximadamente proporcional ao logaritmo da força do estímulo, o que demonstra que os receptores olfatórios obedecem aos princípios da transdução de modo semelhante aos outros receptores sensoriais. 
Rápida Adaptação dos Sentidos Olfatórios: Aproximadamente, 50% dos receptores olfatórios se adaptam em cerca do primeiro segundo de estimulação. Em seguida, eles se adaptam muito pouco e lentamente. Além disso, todos nós sabemos, por experiência própria, que as sensações de olfação se adaptam quase até a extinção em aproximadamente 1 minuto após entrar em ambiente fortemente odorífico. Por causa disso, a adaptação psicológica é muito maior do que o grau de adaptação dos próprios receptores e é quase certo que a maior parte da adaptação adicional ocorre no sistema nervoso central. Isso parece ser verdadeiro também para a adaptação das sensações gustatórias. 
O mecanismo neuronal, postulado para o fenômeno da adaptação, é o seguinte: grande número de fibras nervosas centrífugas trafega das regiões olfatórias do encé- falo, em direção posterior, ao longo do trato olfatório e terminam próximas às células inibitórias especiais, no bulbo olfatório, as células granulares. Tem sido postulado que, após o início do estímulo olfatório, o sistema nervoso central desenvolve rapidamente forte feedback inibitório, de modo a suprimir a transmissão dos sinais olfatórios através do bulbo olfatório. 
A Busca das Sensações Primárias da Olfação: No passado, a maioriados fisiologistas estava convencida de que poucas sensações primárias discretas eram responsáveis por muitas sensações olfatórias, da mesma forma que a visão e o tato de que também dependem de poucas sensações primárias selecionadas. Com base em estudos psicológicos, tenta-se classificar essas sensações como: 
1. Cânfora 
2. Almiscarado 
3. Floral 
4. Hortelã 
5. Etéreo 
6. Irritante 
7. Pútrido
É certo que essa lista não representa as verdadeiras sensações primárias olfatórias. Recentemente, vários indícios, incluindo estudos específicos dos genes que codificam as proteínas receptoras, sugerem a existência de pelo menos 100 sensações primárias olfatórias — em contraste acentuado com apenas três sensações primárias de cor, detectadas pelos olhos e somente quatro ou cinco sensações primárias gustatórias, detectadas pela língua. Alguns estudos sugerem que podem existir até 1.000 tipos diferentes de receptores odorantes. Outras evidências da existência de muitas sensações primárias olfatórias é que algumas pessoas apresentam cegueira olfatória para substâncias isoladas; tal cegueira olfatória discreta foi identificada para mais de 50 substâncias diferentes. Presume-se que a cegueira olfatória, para determinada substância, represente a ausência da proteína receptora adequada nas células olfatórias para essa substância em particular. 
“Natureza Afetiva da Olfação": A olfação, mais ainda do que a gustação, tem a qualidade afetiva de ser agradável ou desagradável. Por isso, a olfação é provavelmente mais importante do que a gustação para a seleção dos alimentos. De fato, a pessoa que previamente ingeriu alimento que o desagradou, em geral, sente náuseas com o odor desse alimento na segunda ocasião. Inversamente, bom perfume pode ser potente estimulante das emoções humanas. Além disso, em alguns animais inferiores, os odores são os principais estimulantes dos impulsos sexuais. 
Limiar para a Olfação: Uma das principais características da olfação é a quantidade-minuto do agente estimulante no ar que pode provocar sensação olfatória. Por exemplo, a substância metilmercaptano pode ser percebida quando apenas 25 trilionésimos de um grama estão presentes em cada mililitro de ar. Em razão desse limiar extremamente baixo, essa substância é misturada com gás natural para dar ao gás um odor que pode ser detectado, mesmo quando pequenas quantidades de gás vazarem de um gasoduto. 
Graduações de Intensidades da Olfação: Embora as concentrações limiares das substâncias que evocam a olfação sejam extremamente baixas para muitas substâncias odorantes (se não a maioria), concentrações somente 10 a 50 vezes maiores que o limiar evocam a intensidade máxima da olfação. Isso contrasta com a maioria dos outros sistemas sensoriais, em que os limites de discriminação de intensidade são enormes — por exemplo, 500.0 para um no caso do olho e 1 trilhão para um no caso do ouvido. Essa diferença poderia ser explicada pelo fato de que a olfação está mais relacionada à detecção da presença ou ausência de substâncias odorantes do que à detecção quantitativa de suas intensidades. 
Transmissão dos Sinais Olfatórios para o Sistema Nervoso Central: As porções olfatórias do encéfalo estão entre as primeiras estruturas cerebrais desenvolvidas nos animais primitivos, e muitas das estruturas restantes do encéfalo se desenvolveram ao redor dessas estruturas olfatórias iniciais. De fato, parte do encéfalo que originalmente estava envolvida com a olfação evoluiu mais tarde, dando origem a estruturas encefálicas basais que controlam as emoções e outros aspectos do comportamento humano; este é o sistema chamado sistema límbico que será discutido no Capítulo 58. 
Transmissão dos Sinais Olfatórios para o Bulbo Olfatório: O bulbo olfatório é mostrado na Figura 53-5. As fibras nervosas olfatórias, que se projetam posteriormente do bulbo são chamadas nervo cranial I ou trato olfatório. Entretanto, na realidade, tanto o trato como o bulbo olfatórios são protuberância anterior do tecido cerebral da base do encéfalo; a dilatação bulbosa, na sua terminação, o bulbo olfatório, fica sobre a placa cribriforme que separa a cavidade encefálica da parte superior da cavidade nasal. A placa cribriforme tem várias perfurações pequenas por meio das quais quantidade de pequenos nervos passa com trajeto ascendente, da membrana olfatória, na cavidade nasal, para entrar no bulbo olfatório, na cavidade craniana. A Figura 53-3 demonstra a estreita relação entre as células olfatórias, na membrana olfatória e o bulbo olfatório, mostrando os curtos axônios das células olfatórias, que terminam em múltiplas estruturas globulares dentro do bulbo olfatório, chamadas glomérulos. Cada bulbo tem muitos milhares desses glomérulos, cada um dos quais recebe aproximadamente 25.000 terminações axônicas, provenientes das células olfatórias. Cada glomérulo também é sítio para terminações dendríticas de cerca de 25 células mitrais grandes e de cerca de 60 células em tufo pequenas, cujos corpos celulares residem no bulbo olfatório superiores ao glomérulo. Esses dendritos fazem sinapses com os neurônios das células olfatórias, e as células mitrais e em tufo enviam axônios pelo trato olfatório, transmitindo os sinais olfatórios para níveis superiores no sistema nervoso central.
Algumas pesquisas têm mostrado que glomérulos diferentes respondem a diferentes odores. É possível que glomérulos específicos sejam a verdadeira pista para a análise dos diferentes sinais olfatórios, transmitidos para o sistema nervoso central. 
As Vias Olfatórias Muito Antigas, Menos Antigas e Recentes para o Sistema Nervoso Central: O trato olfatório chega ao encéfalo na junção anterior entre o mesencéfalo e o prosencéfalo; aí, o trato se divide em duas vias, como mostrado na Figura 53-5, uma passando, em situação mediai, para a área olfatória mediai do tronco cerebral, e a outra passando lateralmente para a área olfatória lateral. A área olfatória mediai representa o sistema olfatório muito antigo, enquanto a área olfatória lateral é a aferência para (1) o sistema olfatório menos antigo e (2) o sistema recente. 
O Sistema Olfatório Muito Antigo —A Área Olfatória Mediai: A área olfatória mediai consiste em grupo de núcleos, localizados na porção mediobasal do encéfalo, imediatamente anterior ao hipotálamo. Os mais conspícuos são os núcleos septais, localizados na linha média e que se projetam para o hipotálamo e outras partes primitivas do sistema límbico. Essa é a área encefálica mais relacionada ao comportamento básico (Cap. 58). A importância da área olfatória mediai é melhor entendida quando se considera o que acontece com animais que tiveram suas áreas olfatórias laterais removidas, permanecendo somente o sistema mediai. A resposta é que isso dificilmente afeta as respostas mais primitivas da olfação, como lamber os lábios, salivação e outras respostas relacionadas à alimentação, provocadas pelo cheiro de comida ou por impulsos emocionais primitivos associados à olfação. Ao contrário, a remoção das áreas laterais abole os reflexos olfatórios condicionados mais complexos. 
O Sistema Olfatório Menos Antigo — A Área Olfatória Lateral: A área olfatória lateral é composta principalmente pelo córtex pré-piriforme, córtex piriforme e pela porção cortical do núcleo amigdaloide. Dessas áreas, as vias neurais atingem quase todas as partes do sistema límbico, especialmente nas porções menos primitivas, como hipocampo, que parece ser o mais importante para o aprendizado relacionado ao gostar ou não de certos alimentos, de acordo com a experiência prévia com esses alimentos. Por exemplo, acredita-se que essa área olfatória lateral e suas muitas conexões com o sistema límbico comportamental fazem com que a pessoa desenvolva aversão absoluta para alimentos que tenham lhe causado náusea e vômito. Aspecto importante da área olfatória lateral é que muitas vias neurais dela provenientes também se projetam diretamente, para a parte mais antiga do córtex cerebral, chamada paleocórtex, na porção anteromedial do lobo temporal. Essaé a única área de todo o córtex cerebral em que os sinais sensoriais passam diretamente para o córtex, sem passar primeiro pelo tálamo. 
A Via Recente: Foi identificada uma via olfatória mais recente que passa pelo tálamo, para o núcleo talâmico dorsomedial e, então, para o quadrante posterolateral do córtex orbitofrontal. Estudos em macacos indicam que esse sistema mais novo provavelmente auxilia na análise consciente do odor. 
Resumo: Assim, parece ser o sistema olfatório muito antigo o que participa nos reflexos olfatórios básicos, o sistema menos antigo o que fornece o controle automático, mas parcialmente aprendido, da ingestão de alimentos e aversão a alimentos tóxicos e pouco saudáveis, e o sistema recente, que é comparável à maioria dos outros sistemas sensoriais corticais, usado para a percepção e análise conscientes da olfação. 
Controle Centrífugo da Atividade no Bulbo Olfatório pelo Sistema Nervoso Central: Muitas fibras nervosas que se originam nas porções olfatórias do encéfalo passam do encéfalo pelo trato olfatório em direção ao bulbo olfatório (i. e., “centrifugamente” do encéfalo para a periferia). Elas terminam sobre grande quantidade de pequenas células gr anulares, localizadas entre as células mitrais e células em tufo no bulbo olfatório. As células granulares enviam sinais inibitórios para as células mitrais e em tufo. Acredita-se que esse feedback inibitório possa ser meio de refinar a capacidade específica dos indivíduos distinguirem um odor de outro.
 B) Via Gustativa
Sensações Primárias da Gustação: 
As identidades das substâncias químicas específicas, que excitam os diferentes receptores gustatórios não são completamente conhecidas. Ainda assim, estudos psicofisiológicos e neurofisiológicos identificaram pelo menos 13 receptores químicos possíveis ou prováveis nas células gustatórias, como descrito a seguir: dois receptores para sódio, dois receptores para potássio, um receptor para cloreto, um receptor para adenosina, um receptor para inosina, dois receptores para doce, dois receptores para amargo, um receptor para glutamato e um receptor para o íon hidrogênio. 
Para análise mais prática da gustação, as capacidades dos receptores gustatórios mencionados foram agrupadas em cinco categorias gerais chamadas sensações primárias da gustação. São elas: azeda, salgada, doce, amarga e “umami". 
A pessoa pode perceber centenas de diferentes gostos. Supõe-se que eles sejam combinações das sensações gustatórias elementares, da mesma forma como as cores que vemos são combinações das três cores primárias, como descrito no Capítulo 50. 
Gosto Azedo: O gosto azedo é causado pelos ácidos, isto é, pela concentração do íon hidrogênio, e a intensidade dessa sensação é aproximadamente proporcional ao logaritmo da concentração do íon hidrogênio, isto é, quanto mais ácido o alimento, mais forte se torna a sensação de azedo. 
Gosto Salgado: O gosto salgado é provocado por sais ionizados, principalmente pela concentração de íons sódio. A qualidade do gosto varia ligeiramente de um sal para outro porque alguns sais provocam outras sensações gustatórias além do salgado. Os cátions dos sais, especialmente o sódio, são os principais responsáveis pelo gosto salgado, mas os ânions também contribuem, mesmo que em menor grau. 
Gosto Doce: O gosto doce não é induzido por categoria única de substâncias químicas. Alguns tipos de substâncias que provocam este gosto são: açúcares, glicóis, alcoóis, aldeídos, cetonas, amidos, ésteres, alguns aminoá- cidos, algumas proteínas pequenas, ácidos sulfônicos, ácidos halogenados, e sais inorgânicos de chumbo e berílio. Deve-se ressaltar que a maioria das substâncias que induzem o gosto doce é orgânica. É especialmente interessante o fato de que pequenas alterações na estrutura química, tais como a adição de radical simples, podem frequentemente mudar a substância de doce para amarga. 
Gosto Amargo: O gosto amargo, assim como o gosto doce, não é induzido por tipo único de agente químico.
Neste caso, novamente as substâncias que provocam o gosto amargo são quase exclusivamente substâncias orgânicas. Duas classes particulares de substâncias destacam-se como indutoras das sensações de gosto amargo: (1) substâncias orgânicas de cadeia longa, que contêm nitrogênio e (2) alcalóides. Os alcalóides incluem muitos dos fármacos utilizados como medicamentos, como quinina, cafeína, estricnina e nicotina. Algumas substâncias que inicialmente têm gosto doce induzem no final um gosto amargo. Isso ocorre com a sacarina, o que torna o uso dessa substância questionável para algumas pessoas. O gosto amargo, quando ocorre em alta intensidade, faz com que frequentemente a pessoa ou o animal rejeite o alimento. Essa é, sem dúvida, função importante da sensação de gosto amargo porque muitas toxinas letais, encontradas em plantas venenosas são alcalóides, e quase todas elas provocam gosto amargo intenso, não raro, seguido pela rejeição do alimento. 
Gosto Umami: Umami é uma palavra japonesa (que significa “delicioso”) para designar a sensação de gosto prazerosa que é qualitativamente diferente do azedo, do salgado, do doce ou do amargo. Umami é o gosto predominante dos alimentos que contêm L-glutamato, tais como caldos de carne e queijo amadurecido, e alguns fisiologistas o consideram como categoria separada, a quinta categoria de estímulo primário do paladar. O receptor gustatório para o L-glutamato pode estar relacionado a um dos receptores sinápticos para o glutamato que também são expressos nas sinapses neuronais do cérebro. Entretanto, os mecanismos moleculares precisos responsáveis pelo gosto umami ainda não estão esclarecidos. 
Limiar para o Gosto: O limiar para a estimulação do gosto azedo pelo ácido clorídrico é, aproximadamente, 0,0009 N; para a estimulação do gosto salgado pelo cloreto de sódio é 0,01 M; para o gosto doce pela sacarose é 0,01 M; e para o gosto amargo pela quinina é 0,000008 M. Deve-se ressaltar que a sensibilidade para o gosto amargo é muito maior do que para todos os outros gostos, o que era esperado, pois essa sensação tem função protetora importante contra muitas toxinas perigosas presentes nos alimentos. A Tabela 53-1 mostra os índices relativos dos gostos (o inverso do limiar para o gosto) de diferentes substâncias. Nessa tabela, as intensidades de quatro sensações primárias de gosto estão relacionadas respectivamente às intensidades dos gostos de ácido clorídrico, quinina, sacarose e cloreto de sódio, aos quais foi atribuído arbitrariamente o índice de gosto 1. 
"Cegueira" para o Gosto: Algumas pessoas são “cegas” para o gosto de certas substâncias, especialmente para diferentes tipos de compostos de tioureia. Substância usada frequentemente por psicólogos para demonstrar a insensibilidade ao gosto é a feniltiocarbamida, para a qual 15% a 30% da população exibe “cegueira”; a porcentagem exata depende do método do teste e da concentração da substância. 
Botão Gustatório e sua Função 
A Figura 53-1 mostra o botão gustatório que tem diâmetro de aproximadamente 1/30 milímetro e comprimento de cerca de 1/16 milímetro. O botão gustatório é composto por cerca de 50 células epiteliais modificadas, algumas das quais são células de suporte, chamadas células de sustentação e outras são células gustatórias. As céluIas gustatórias são continuamente substituídas pela divisão mitótica das células epiteliais que as envolvem, assim algumas células gustatórias são células jovens. Outras são células maduras, que se encontram próximas ao centro do botão; elas rapidamente se fragmentam e morrem. A expectativa de vida de cada célula gustativa é de aproximadamente 10 dias nos mamíferos inferiores, mas é desconhecida em humanos. 
As extremidades externas das células gustatórias estão dispostas em torno do minúsculo poro gustatório, mostrado na Figura 53-1. Do ápice de cada célula gustatória, muitas microvilosidades, ou pelos gustatórios, projetam-se para fora, através do poro gustatório, aproximando-se da cavidade da boca. Essas microvilosidades proveem a superfíciereceptora para o gosto. 
Entrelaçadas, em torno dos corpos das células gustatórias, encontra-se rede de ramificações dos terminais das fibras nervosas gustatórias, estimuladas pelas células receptoras gustatórias. Algumas dessas fibras se invaginam para dentro das pregas das membranas da célula gustatória. São encontradas muitas vesículas abaixo da membrana plasmática próxima das fibras. Acredita-se que essas vesículas contenham a substância neurotransmissora, que é liberada pela membrana plasmática, excitando as terminações das fibras nervosas em resposta ao estímulo gustatório. 
Localização dos Botões Gustatórios: Os botões gustatórios são encontrados em três tipos de papilas da língua, como descrito a seguir: (1) grande quantidade de botões gustatórios está localizada nas paredes dos sulcos que circundam as papilas circunvaladas, que formam linha em V na superfície posterior da língua. (2) Quantidade moderada de botões gustatórios se localiza nas papilas fungiformes na superfície plana anterior da língua. (3) Quantidade moderada de botões gustatórios se encontra nas papilas foliáceas, localizadas nas dobras, ao longo das superfícies laterais da língua. Botões gustatórios adicionais estão localizados no palato, e alguns poucos nas papilas tonsilares, na epiglote e até mesmo no esôfago proximal. Os adultos têm de 3.000 a 10.000 botões gustatórios, e as crianças têm quantidade pouco maior. Acima de 45 anos de idade, muitos botões gustatórios degeneram, fazendo com que a sensação gustatória diminua na idade adulta. 
Especificidade dos Botões Gustatórios para um Estímulo Gustatório Primário: Estudos utilizando microeletródios, colocados em botões gustatórios isolados, mostraram que cada botão gustatório frequentemente responde principalmente a um dos cinco estímulos gustatórios primários quando a substância identificada está em baixa concentração. No entanto, em altas concentrações, a maioria dos botões pode ser excitada por dois ou mais dos estímulos gustatórios primários, assim como por outros poucos estímulos gustatórios que não se encaixam nas categorias “primárias”. 
Mecanismo de Estimulação dos Botões Gustatórios
Potencial Receptor: A membrana da célula gustatória, como a maioria das outras células sensoriais receptoras, tem carga negativa no seu interior em relação ao exterior. A aplicação de substância nos pelos gustatórios causa perda parcial desse potencial negativo — isto é, as células gustatórias são despolarizadas. Na maioria das vezes, a redução do potencial, dentro de faixa extensa, é aproximadamente proporcional ao logaritmo da concentração da substância estimulatória. Essa alteração no potencial elétrico da célula gustatória é chamada potencial receptor para a gustação. 
O mecanismo pelo qual a maioria das substâncias estimulatórias interage com as vilosidades gustatórias, para iniciar o potencial receptor se dá por meio da ligação da substância à molécula receptora proteica, localizada na superfície da célula receptora gustatória, próxima da membrana das vilosidades ou sobre elas. Essa interação resulta na abertura de canais iônicos que permitem a entrada de íons sódio e hidrogênio, ambos com carga positiva, despolarizando a célula, que normalmente tem carga negativa. Então, a substância estimulatória é deslocada da vilosidade gustatória pela saliva, removendo assim o estímulo. 
O tipo do receptor proteico em cada vilosidade gustatória determina o tipo de gosto que é percebido. Para os íons sódio e hidrogênio, que provocam as sensações gustatórias salgada e azeda, respectivamente, as proteínas receptoras abrem canais iônicos específicos, nas membranas apicais das células gustatórias, ativando, assim, os receptores. Entretanto, para as sensações gustatórias doce e amarga, as porções das moléculas proteicas receptoras, que se projetam através da membrana apical, ativam substâncias transmissoras que são segundos mensageiros nas células gustatórias e esses segundos mensageiros produzem alterações químicas intracelulares, que provocam os sinais do gosto. 
Geração dos Impulsos Nervosos pelos Botões Gustatórios: Na primeira aplicação do estímulo gustatório, a frequência de descarga das fibras nervosas, que se originam nos botões gustatórios, aumenta até atingir o pico em fração de segundos, mas, então, se adapta nos próximos poucos segundos, retornando a nível mais baixo, constante e assim permanecendo durante a vigência do estímulo. Por isso, o nervo gustatório transmite sinal forte e imediato e sinal contínuo, mais fraco, que permanece durante todo o tempo em que o botão gustatório está exposto ao estímulo. 
Transmissão dos Sinais Gustatórios para o Sistema Nervoso Central:
A Figura 53-2 mostra as vias neuronais para a transmissão dos sinais gustatórios, da língua e região da faringe, até o sistema nervoso central. Impulsos gustatórios, oriundos dos dois terços anteriores da língua, passam inicialmente pelo nervo lingual e, então, pelo ramo corda do tímpano do nervo facial e, por fim, pelo trato solitário, no tronco cerebral. Sensações gustatórias, que se originam das papilas circunvaladas, na parte posterior da língua, e de outras regiões posteriores da boca e garganta, são transmitidas pelo nervo glossofaríngeo para o trato solitário, mas em nível mais posterior. Por fim, poucos sinais gustatórios são transmitidos da base da língua e de outras partes da região faríngea pelo nervo vago para o trato solitário. 
Todas as fibras gustatórias fazem sinapse nos núcleos do trato solitário no tronco cerebral. Esses núcleos contêm os neurônios de segunda ordem que se projetam para pequena área do núcleo ventralposteromedial do tálamo, situada ligeiramente mediai às terminações talâmicas das regiões faciais do sistema da coluna dorsal-lemnisco mediai. Do tálamo, neurônios de terceira ordem se projetam para a extremidade inferior do giro pós-central no córtex cerebral parietal, onde eles penetram na fissura silviana e na área insular opercular. Esta área se situa pouco mais lateral, ventral e rostral à área para os sinais táteis da língua, na área somática cerebral I. Fica evidente, por essa descrição das vias gustatórias, que elas cursam paralelamente às vias somatossensoriais da língua. 
Reflexos Gustatórios São Integrados no Tronco Cerebral: Do trato solitário, muitos sinais gustatórios são transmitidos pelo interior do tronco cerebral diretamente para os núcleos salivares superior e inferior e essas áreas transmitem os sinais para as glândulas submandibular, sublingual e parótidas, auxiliando no controle da secreção da saliva, durante a ingestão e digestão dos alimentos. 
Rápida Adaptação da Gustação: Todos estamos familiarizados com o fato de que as sensações gustatórias se adaptam rapidamente, em geral de modo quase completo, em cerca de um minuto de estimulação contínua. É claro também, pelos estudos eletrofisiológicos das fibras nervosas gustatórias, que a adaptação dos botões gustatórios é responsável por não mais do que metade dessa resposta. Portanto, o grau final de adaptação, que ocorre na sensação gustatória, quase com certeza é de responsabilidade do sistema nervoso central, embora os mecanismos e os locais dessa adaptação não sejam conhecidos. De qualquer maneira, é mecanismo diferente do da maioria dos outros sistemas sensoriais, que se adaptam quase que exclusivamente em nível dos receptores. 
Preferência de Gosto e Controle da Dieta:
Preferência de gosto significa simplesmente que o animal escolherá certos tipos de alimento de modo preferencial a outros, e que o animal usa de forma automática essa preferência para auxiliá-lo a controlar a dieta que ingere. Além disso, as preferências do gosto, em geral, mudam de acordo com as necessidades corporais para certas substâncias.
Os experimentos, descritos a seguir, demonstram essa capacidade que os animais têm de escolher o alimento, de acordo com suas necessidades corporais. Primeiro, animais adrenalectomizados, com depleção de sal, selecionam automaticamente a ingestão de água com alta concentração de cloreto de sódio empreferência à água pura, e isso quase sempre é suficiente para suprir as necessidades corporais e prevenir a morte por depleção de sal. Segundo, o animal que recebeu injeções de quantidades excessivas de insulina desenvolve estado de depleção de glicose sanguínea, e o animal escolhe automaticamente o alimento mais doce entre várias opções. Terceiro, animais paratireoidectomizados, com depleção de cálcio, escolhem automaticamente ingerir água com alta concentração de cloreto de cálcio. 
Os mesmos fenômenos são observados também na vida diária. Por exemplo, os “bancos de sal” das regiões desérticas, são conhecidos por atraírem animais de toda parte. Também os seres humanos rejeitam qualquer alimento que tenha sensação afetiva desagradável, o que, na maioria das vezes, os protege das substâncias indesejáveis. 
O fenômeno da preferência gustatória resulta quase certamente de algum mecanismo localizado no sistema nervoso central, e não de um mecanismo ligado aos receptores gustatórios, embora os receptores com frequência fiquem sensibilizados para certo nutriente deficiente. Razão importante para acreditar que a preferência gustatória é principalmente fenômeno ligado ao sistema nervoso central é que a experiência prévia com gostos agradáveis e desagradáveis tem papel mais importante na determinação das preferências gustatórias. Por exemplo, se a pessoa fica doente, logo após ingerir certo tipo de alimento, em geral, ela desenvolve preferência gustatória negativa, ou aversão gustatória para esse alimento em particular; o mesmo efeito pode ser demonstrado para os animais inferiores.
Integração sensorial 
4-Compreender as causas da alteração do funcionamento do olfato e o do paladar;
OLFATO: 
As alterações qualitativas referem-se a “quanto” se sente do olfato. Assim, chamamos de anosmia a perda total do olfato. Curiosamente (e bem mais raramente), há as anosmias específicas, que significa a perda da capacidade de sentir um odor específico. Há ainda o quadro de hiposmia, ou perda parcial do olfato, bastante frequente no dia-a-dia em nossos consultórios. E por fim existe a rara hiperosmia (sensibilidade exagerada do olfato), que pode ser causada por inalação de vapores tóxicos ou na enxaqueca.
Já as alterações qualitativas do olfato podem ser a fantosmia, quando a pessoa tem a percepção de um cheiro que não existe. Já a parosmia refere-se a percepção alterada do olfato. Nesta situação, o odor de uma flor por exemplo, pode ser sentido como cheiro diferente. Na maioria das vezes, pacientes com fantosmia e parosmia tem a percepção de cheiros desagradáveis. As alterações qualitativas do olfato podem ser causadas por infecções virais, traumatismos cranianos ou estarem relacionadas à sintomas depressivos.
É a perda completa do olfato. Hiposmia é a perda parcial do olfato. Se a anosmia for unilateral, frequentemente não é reconhecida.
A maioria dos pacientes com anosmia tem percepção normal de substâncias salgadas, doces, azedas e amargas, porém falta discriminação mais apurada nos sabores, que depende muito do olfato. Portanto, eles muitas vezes se queixam de perder o sentido do paladar (ageusia) e de não apreciar o alimento.
A anosmia ocorre quando o edema intranasal ou outro tipo de obstrução impede que os odores tenham acesso à área olfatória; quando o neuroepitélio olfatório é destruído; ou quando nervo, trato e bulbos olfatórios, ou conexões centrais são destruídos (ver tabela Algumas causas da anosmia).
As causas principais da anosmia incluem
· Traumatismo craniano (adultos jovens)
· Infecções virais e doença de Alzheimer (adultos mais velhos)
· Sequela de IVAS, especialmente infecção por influenza, está implicada em 14 a 26% de todos os casos que apresentem hiposmia ou anosmia.
· Fármacos podem contribuir para a anosmia em pacientes suscetíveis. Outras causas incluem radioterapia prévia em região de cabeça e pescoço, cirurgia nasal ou do seio recente, tumores nasais e cerebrais, e toxinas. O papel de tabaco ainda é incerto.
A anosmia pode ser um sintoma precoce e, portanto, uma pista para a covid-19, causada pela síndrome respiratória aguda grave do coronavírus 2 (SARS-CoV-2).
· Anosmia pode ser parte do envelhecimento normal.
· Causas comuns incluem IVAS, sinusite e traumatismo craniano.
· Exames de imagem quase sempre são necessários a menos que a causa seja óbvia.
PALADAR: 
Ageusia: Perda completa do paladar, bastante rara.
Hipogeusia: Diminuição do paladar
Hipergeusia: Hipersensibilidade gustativa
Disgeusia: É a mais comum. Trata-se da alteração do paladar, normalmente com sensação “metálica” ou de “amargor”.
Pelo fato de distintos sabores dependerem dos respectivos aromas para estimular os quimiorreceptores olfatórios, olfato e paladar são fisiologicamente interdependentes. A disfunção de um, muitas vezes, perturba o outro. Distúrbios de olfato e paladar raramente são incapacitantes ou fatais, de modo que, com frequência, não recebem a atenção médica, embora o seu efeito na qualidade de vida possa ser importante.
Sabor
Apesar de sensações gustativas anormais poderem ser decorrentes dos transtornos mentais, as causas locais devem sempre ser procuradas. A integridade dos nervos facial e glossofaríngeo pode ser determinada por meio de testes de sabor, em ambos os lados do dorso da língua, com açúcar, sal, vinagre (ácido) e quinina (amargo).
Desidratação da mucosa oral provocada por tabagismo pesado, síndrome de Sjögren, radioterapia de cabeça e pescoço ou descamação da língua pode comprometer o paladar, e também vários fármacos (p. ex., aqueles com propriedades anticolinérgicas e vincristina) podem ocasionar o mesmo efeito. Em todos os casos, os receptores gustativos estão difusamente envolvidos. Quando limitado a um lado da língua (p. ex., na paralisia de Bell), a ageusia (perda do sentido do gosto) é raramente notada. A perda súbita do paladar pode ser um sintoma precoce da covid-19 causada pela síndrome respiratória aguda grave do coronavírus 2 (SARS-CoV-2).
PERDA DE OLFATO E COVID-19:
Uma das manifestações clínicas características da COVID-19 é a perda de olfato (anosmia). Estima-se que cerca de 80 por cento das pessoas com essa doença apresentem alteração do olfato, que pode ser acompanhada por alteração ou perda do paladar, tecnicamente chamadas, respectivamente, de disgeusia e ageusia, e por alteração na quimiostesia, que é a sensibilidade a irritantes químicos como a pimenta. Stephani Sutherland, uma neurocientista norte-americana, faz um apanhado do que se conhece atualmente sobre a anosmia na COVID-19, em artigo publicado na revista Scientific American em 18 de novembro [1].
Segundo Sutherland, no início da pandemia havia uma preocupação de que a anosmia na COVID-19 pudesse indicar que o novo coronavírus poderia chegar ao cérebro pelo nariz, o que poderia trazer consequências graves do ponto de vista neurológico. Por esta hipótese o SARS-CoV-2 chegaria lá pelos neurônios olfativos, que são sensíveis aos odores no ar e transmitem esses sinais ao cérebro. Estudos realizados até o momento sugerem que isso provavelmente não ocorre, pois parece que o dano se dá na realidade no epitélio nasal, que é a camada de células responsável por registrar os odores, envolvendo células de sustentação e células-tronco, e não os neurônios diretamente.
A entrada do novo coronavírus (SARS-CoV-2) nas células se dá pela ligação da proteína S (de spike, espícula) a receptores da enzima conversora da angiotensina 2 (ACE2), que ficam na sua superfície. Os neurônios olfativos não têm esses receptores, o que não é o caso das células de sustentação, que têm muitos. De acordo com Sutherland, essas células mantêm um delicado equilíbrio iônico no muco de que os neurônios dependem para enviar sinais para o cérebro. Se esse equilíbrio é rompido a sinalização neuronal pode ser interrompida, e em consequência o olfato. As células de sustentação também dão apoio físico e metabólico necessários para os cílios dos neurônios olfativos, onde os receptores que detectam os odores se concentram. A lesão desses cílios leva à perda do olfato.O artigo cita um estudo francês realizado em hamsters infectados experimentalmente pelo SARS-CoV-2 por via nasal. Dois dias após a infecção metade das células de sustentação estavam infectadas, enquanto não se observou infecção dos neurônios mesmo depois de duas semanas. Embora os neurônios não fossem infectados, seus cílios desapareceram. Sem os cílios não há receptores de cheiro, portanto não há capacidade de detecção de odores. Assim se explica a perda do olfato, mas não esclarece se o dano se dá pelo vírus ou é mediado por células imunes. Os achados de anosmia, tão comuns nos casos de COVID-19, não são observados em outras doenças causadas por vírus. O mesmo grupo francês já havia demonstrado, anteriormente, que as células de sustentação são raramente infectadas por outros vírus respiratórios. A alteração do olfato, que pode ocorrer em pacientes infectados por esses outros vírus, se explica pela congestão nasal, que aliás não é frequente na COVID-19.
Pelo descrito acima vê-se que já se conhece algo sobre o porquê da ocorrência da anosmia nos pacientes com COVID-19, mas o mesmo não ocorre para a perda de paladar. As células que contêm receptores de paladar que detectam substâncias na saliva e enviam sinais para o cérebro não contêm receptores ACE2, portanto não devem se infectar pelo novo coronavírus. Células de sustentação, porém, têm esses receptores, o que pode sugerir que tenham algum papel na disgeusia. Sutherland explica que embora o gosto possa parecer afetado quando há anosmia, isso pode ocorrer porque os odores são um componente importante do sabor, mas há muitas pessoas com COVID-19 que desenvolvem inequivocamente ageusia e não conseguem distinguir o doce do salgado. Já não existe explicação para a perda da sensação química, como o ardor associado com a pimenta ou a sensação refrescante da hortelã, que tem sido muito pouca estudada. Vale lembrar que essas sensações não fazem parte do paladar e são, na verdade, transmitidas por neurônios sensitivos, alguns dos quais contêm receptores ACE2.
O epitélio olfativo tem a capacidade de se regenerar, e por isso a anosmia é quase sempre reversível. Na maioria dos pacientes ela se instala subitamente, e a recuperação é rápida, mas em uma pequena parte deles a perda de olfato é persistente e a recuperação, lenta. Perder o olfato implica em riscos para a saúde. Uma rinologista entrevistada no artigo dá como exemplos o consumo de alimentos deteriorados e a impossibilidade da pessoa se dar conta de um vazamento de gás como situações de risco até de morte.
Nos casos de recuperação lenta de pacientes com anosmia e ageusia pode surgir uma manifestação chamada de parosmia, que é uma variação do sentido do olfato exemplificada no artigo pelo depoimento de uma mulher na qual os gostos mais básicos (doce, salgado, azedo) retornaram, mas sem que estivessem presentes nuances no sabor, que vêm dos aromas dos alimentos. Essa paciente passou de uma situação em que tudo o que ela comia tinha gosto de gelo e papelão, para outra em que chocolate, por exemplo, parecia borracha doce, segundo descrições dela mesma. Quando ela voltou a sentir odores, depois de cinco meses de convalescença, eles pareciam todos desagradáveis e distorcidos. Segundo Sutherland, a parosmia ocorre quando células-tronco que se desenvolvem em neurônios no nariz estendem seus axônios através de pequenos orifícios na base do crânio para se conectar com o bulbo olfatório, que fica no cérebro. Os axônios podem se conectar no local incorreto, o que explicaria o distúrbio olfativo, mas isso pode se corrigir com o tempo.
A incerteza quanto à recuperação e ao tempo que ela vai levar incomoda bastante esses pacientes. Na perda de olfato que pode ocorrer após a gripe, há uma probabilidade de recuperação espontânea entre 30 a 50 por cento em até seis meses., mas há relatos de casos extremos em que ela só ocorreu dois anos depois. Passado esse tempo, a chance de recuperação pode ser considerada mínima. Um tratamento que se mostrou efetivo em pacientes com anosmia pós-influenza de mais de seis meses de duração é a irrigação dos seios paranasais com budesonida, um esteróide tópico. Está sendo estudado um tratamento com plasma rico em plaquetas, que tem sido usado em certos tipos de lesões neurológicas. Os resultados do tratamento desses casos de duração prolongada costumam ser apenas parciais.
A anosmia pós-viral tem sido apontada como possível fator de risco, ou indicador, para o futuro aparecimento de doenças neurodegenerativas. Cita-se o achado de que a prevalência de doença de Parkinson teria aumentado após a pandemia de gripe de 1919. Mas, segundo uma especialista entrevistada por Sutherland, é improvável que haja uma relação causal entre anosmia induzida por viroses e doenças degenerativas.
Atualização em março de 2021:
A presença de anosmia tem se mostrado um fator protetor contra formas graves de COVID-19. Ver, por exemplo: Foster KJ, et al. Smell loss is a prognostic factor for lower severity of coronavirus disease 2019. Ann Allergy Asthma Immunol 2020;125(4):481-493. doi: 10.1016/j.anai.2020.07.023. Nesse estudo, publicado online em 24 de julho de 2020, a presença de anosmia, em comparação com ausência desse sintoma, esteve associada com significativamente menos hospitalizações, necessidade de admissão em unidade de terapia intensiva, intubação, e síndrome do desconforte respiratório.
5-	Discutir a importância do olfato e paladar para o cotidiano da pessoa (apontar os impactos da falta desses sentidos). 
Uma das grandes conclusões deste trabalho é a de que, regra geral, e ao contrário, por exemplo, do sentido da visão e audição, tende-se a não dar grande importância aos sentidos do olfato e paladar. Apenas quando estes são perdidos, é que o seu valor se evidencia. Os sentidos do olfato e paladar têm um papel fundamental na vida de relação, que tende a ser ignorado – são sentidos importantes na interação social; contribuem de forma inconsciente, mas muito ativa na identificação de situações de perigo e percepção do ambiente circundante; contribuem para as escolhas de grupos e de parceiro, construção da personalidade e modulação de gostos e preferências com consequente influência nos comportamentos alimentares. 
6-	Discutir os exames necessários para avaliação das vias olfativas e gustativas (tomografia computadorizada, ressonância magnética, raio X) (trazer no slide interpretação de imagens radiológicas) 
RADIOGRAFIA:
A radiografia convencional, sem uso de técnicas especiais, como meios de contraste, é chamada clinicamente de radiografia simples (Figura 1.49), embora hoje a maioria das imagens seja obtida e avaliada em monitores por técnica digital, e não em filme. No exame radiológico, um feixe de raios X altamente penetrante transilumina o paciente e mostra tecidos de diferentes densidades de massa no corpo como imagens de diferentes intensidades (áreas claras e escuras) em filme ou monitor (Figura 1.50). Um tecido ou órgão com massa relativamente densa (p. ex., osso compacto) absorve ou reflete mais raios X do que um tecido menos denso (p. ex., osso esponjoso). Consequentemente, um tecido ou órgão denso produz uma área pouco transparente no filme de raios X ou uma área brilhante no monitor, porque menos raios X chegam ao filme ou detector. Uma substância densa é radiopaca, enquanto uma substância de menor densidade é radiotransparente. Muitos dos mesmos princípios aplicados ao produzir uma sombra são aplicados à radiografia simples. Ao projetar uma sombra da mão na parede, quanto mais perto a mão estiver da parede, mais nítida é a sombra produzida. Quanto mais distante a mão estiver da parede (e, portanto, mais próxima da fonte luminosa), mais a sombra é ampliada. As radiografias são feitas com a parte do corpo do paciente avaliada próximo do filme ou detector para que a nitidez da imagem seja máxima e os artefatos de ampliação, mínimos. Na nomenclatura radiológica básica, a incidência posteroanterior (PA) refere-se a uma radiografia na qual os raios X atravessaram o paciente da face posterior(P) do corpo para a anterior (A); o tubo de raios X estava localizado posteriormente ao paciente e o filme ou detector, anteriormente (Figura 1.51A). A incidência anteroposterior (AP) é o oposto. As radiografias são vistas na orientação padrão que é independente da incidência radiográfica. Para a maioria do corpo, inclusive a cabeça e o tronco, o cíngulo dos membros superiores e os braços até abaixo dos cotovelos, e os membros inferiores, incluindo os tornozelos, as incidências AP, PA e oblíquas são vistas como se o paciente estivesse de frente para o examinador (uma vista anteroposterior [AP]). Como se vê na Figura 1.49, a radiografia de tórax na incidência PA é mostrada com a parte direita do corpo do paciente correspondendo à parte esquerda do examinador e a orientação seria a mesma ao ver uma radiografia de tórax na incidência AP. No caso dos punhos, das mãos e dos pés, as radiografias são vistas como se o examinador estivesse olhando os próprios punhos, mãos ou pés. Nas radiografias com incidências laterais, são usadas letras radiopacas (D ou E) para indicar o lado mais próximo do filme ou detector, e a imagem é vista na mesma direção em que foi projetado o feixe (Figura 1.51B).
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA:
A TC produz imagens radiográficas do corpo que se assemelham a cortes anatômicos transversais (Figura 1.53). Nessa técnica, um feixe de raios X atravessa o corpo enquanto o tubo de raios X e o detector giram em torno do eixo. Múltiplas absorções de energia radial superpostas são medidas, registradas e comparadas por um computador para determinar a densidade radiológica de cada elemento de volume (voxel) do plano do corpo escolhido. A densidade radiológica de cada voxel (quantidade de radiação absorvida pelo voxel) é determinada por fatores que incluem a quantidade de ar, água, gordura ou osso naquele elemento. O computador mapeia os voxels em uma imagem plana (corte) que é exibida em um monitor ou impressa. As imagens de TC têm boa correlação com as radiografias simples, porque as áreas onde há grande absorção (p. ex., osso) são relativamente transparentes (brancas) e aquelas nas quais a absorção é pequena são pretas (Figura 1.53). As imagens de TC (e RM: veja a seção a seguir) são sempre visualizadas como se o examinador estivesse de pé olhando para o paciente em decúbito dorsal do ponto de vista dos pés do leito – isto é, de um ponto de vista inferior. As imagens de TC coronal (e RM) são visualizadas como se o paciente estivesse de frente para o examinador. As imagens de TC sagital (e RM) são geralmente visualizadas como se o examinador estivesse de pé no lado esquerdo do paciente.
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA:
As imagens do corpo obtidas por RM são semelhantes às imagens obtidas por TC, porém permitem melhor diferenciação tecidual. As imagens de RM são muito semelhantes a cortes anatômicos, sobretudo no encéfalo (Figura 1.55). A pessoa é colocada em um escâner com forte campo magnético, e o corpo é exposto a pulsos de ondas de rádio. A seguir, os sinais emitidos pelos tecidos do paciente são armazenados em um computador e reconstruídos em várias imagens do corpo. A aparência dos tecidos nas imagens geradas pode variar de acordo com o controle do envio e da recepção dos pulsos de radiofrequência. Os prótons livres nos tecidos alinhados pelo campo magnético adjacente são excitados (oscilados) com um pulso de onda de rádio. Quando voltam à posição inicial, os prótons emitem sinais de energia pequenos, mas mensuráveis. Os tecidos com alta densidade protônica, como a gordura e a água, emitem mais sinais do que os tecidos com baixa densidade protônica. O sinal tecidual baseia-se principalmente em três propriedades dos prótons em uma determinada região do corpo. Essas propriedades são denominadas relaxamento T1 e T2 (que produzem imagens ponderadas em T1 e T2) e densidade protônica. Embora os líquidos tenham alta densidade de prótons livres, os prótons livres excitados nos líquidos em movimento, como o sangue, tendem a sair do campo antes de serem excitados e emitirem seu sinal e são substituídos por prótons não excitados. Consequentemente, os líquidos em movimento apresentam-se pretos nas imagens ponderadas em T1. Os computadores associados aos escâneres de RM têm a capacidade de reconstruir tecidos em qualquer plano a partir dos dados adquiridos: transverso, mediano, sagital, frontal, e até mesmo em planos oblíquos arbitrários. Os dados também podem ser usados para gerar reconstruções tridimensionais. Os escâneres de RM produzem boas imagens de tecidos moles sem o uso de radiação ionizante. O movimento feito pelo paciente durante longas sessões de exame criava problemas para os escâneres das primeiras gerações, mas os escâneres rápidos utilizados atualmente podem ser sincronizados ou ajustados para visualizar estruturas em movimento, como o coração e o fluxo sanguíneo, em tempo real.
7-	Definir e caracterizar a bioeletrogênese
1. INTRODUÇÃO
Bioeletrogênese nada mais é do que a capacidade celular de gerar potenciais elétricos pela membrana plasmática, estrutura responsável por gerar esses potenciais através da entrada e saída de íons. Esses processos que modificam a diferença de potencial elétrico da membrana, ou seja, a diferença da carga elétrica entre os meios intra e extracelular, possibilitando a passagem dos sinais elétricos.
Os potenciais elétricos basicamente se dividem em potencial de repouso e potencial de ação. O potencial de repouso é a diferença de potencial elétrico, em Volts (V) gerada a partir de um gradiente eletroquímico através da membrana plasmática, que é semipermeável, em outras palavras, o potencial de repouso se refere às diferenças de concentração de íons entre o meio intracelular e o meio extracelular quando a célula não está despolarizada, ou seja, quando está em repouso . O potencial de ação, por outro lado, refere-se às variações rápidas do potencial de repouso das células excitáveis, que variam de voltagens negativas a positivas, retornando a valores negativos após a despolarização, ou seja, ao potencial de repouso, que possui valor negativo. Todo esse processo é importante para que as células transmitam são sinais e realizem suas funções.
2. MEMBRANA PLASMÁTICA:
Todas as células do organismo possuem um envoltório, que é a membrana plasmática, constituída basicamente por uma bicamada de fosfolipídios, com carboidratos na superfície (glicocálix) e proteínas associadas. A membrana funciona, então, como uma barreira celular, que protege e separa o conteúdo intracelular do ambiente externo, permitindo que a célula realize suas funções.
A membrana plasmática possui a propriedade de permeabilidade seletiva, ou seja, ela funciona como uma reguladora da passagem de moléculas. Por sua natureza lipídica, apenas se difunde pela membrana moléculas lipídicas (lipossolúveis) e pequenas, através da difusão simples. A passagem de moléculas grandes, hidrofílicas e de íons requer os canais e transportadores através da membrana, que promovem o processo de difusão facilitada ou transporte ativo, o qual requer o gasto de ATP.
Os canais iônicos são proteínas transportadoras que atravessam a membrana plasmática (proteínas transmembrana), e eles são específicos, ou seja, pelo canal de sódio apenas atravessam íons Na+, pelos canais de potássio apenas passam íons K+ e assim por diante e, além disso, a maioria esses canais não ficam permanentemente abertos, sendo são controlados pela voltagem (canais dependentes de voltagem), como os canais de sódio e os canais de potássio. Os canais dependentes de voltagem possuem uma comporta de ativação e outra de inativação. Ao receber o estímulo, a comporta de ativação (externa), previamente fechada, se abre, a partir de uma mudança conformacional, permitindo o influxo iônico. Com a mudança de voltagem, a comporta de inativação (interna) se fecha, impedindo a entrada adicional de íons, ou seja, o canal está aberto, pois a comporta de ativação ainda fica aberta, porém inativado, visto que a comporta de inativação se fecha.
O sódio e potássio também sãotransportados para fora e para dentro da célula por meio da bomba de potássio, que coloca 3 íons Na+ para fora ao mesmo tempo que permite a entrada de 2 íons K+ na célula. 
O transporte através de proteínas transportadoras e bombas iônicas gasta cerca 20% da energia basal do organismo, apenas para a manutenção das concentrações iônicas dentro e fora da célula. Assim, as proteínas transportadoras e bombas iônicas permitem a troca de íons entre os meios interno e externos à célula, promovendo os potenciais de repouso e de ação.
3. POTENCIAL DE REPOUSO:
Todas as células possuem potenciais elétricos através de suas membranas, porém algumas células são chamadas de excitáveis, que são as células neurais (neurônios) e as células musculares (lisas e esqueléticas), isso porque elas apresentam a capacidade de autogeração de impulsos eletroquímicos em suas membranas. Além das células excitáveis, as células glandulares, macrófagos e células ciliadas também realizam suas funções a partir dos potenciais elétricos. 
Todas as células, no entanto, apresentam uma diferença de potencial elétrico através de suas membranas, o que se deve ao fato do meio intracelular acumular cargas negativas, principalmente devido às proteínas intracelulares (ânions), e o meio extracelular acumular cargas positivas, representadas pelos íons de carga positiva. Os principais íons que promovem essa diferença de potencial são o sódio (Na+), potássio (K+) e cloreto (Cl-). Isso caracteriza o potencial de repouso.
Em uma condição hipotética, ao adicionarmos soluções de íons em uma solução sem barreiras físicas, os íons, através de movimentos randômicos, tenderão ao equilíbrio, ou seja, as concentrações dos íons serão iguais em toda a solução. No corpo humano, as membranas plasmáticas constituem barreiras físicas, que regulam a passagem desses íons. Assim, o neurônio, por exemplo, graças à sua membrana, apresenta concentrações iônicas intracelulares diferentes das concentrações iônicas de seu meio extracelular, o que estabelece uma diferença de carga. 
Tanto no meio intracelular quanto no meio extracelular há cargas positivas e negativas, porém o potencial de repouso é naturalmente negativo devido à carga negativa exercida pelas cadeias laterais das proteínas intracelulares, e com isso ocorre uma atração de cargas positivas para o interior da célula. Quando a célula está em repouso, a membrana é permeável aos íons K+, ou seja, os canais de potássio se encontram abertos quando a carga da membrana é negativa (potencial de repouso), permitindo a saída desses íons para o meio extracelular, que são movidos pelo seu gradiente de concentração. Nesse momento, os canais de sódio estão fechados, assim não ocorre influxo de íons Na+ na célula. Com isso, há uma diferença entre os dois lados da membrana, chamada de força de difusão ou gradiente de concentração. A saída de íons K+ deixa o meio intracelular com cargas negativas acumuladas (proteínas), o que por sua vez, atrai os íons K+ para o meio intracelular (força elétrica), seguindo seu gradiente bioelétrico, e esses movimentos de saída e entrada do potássio se equilibram, com isso, não há um movimento real dessas cargas (movimento absoluto nulo), pois as forças de difusão e elétrica ficam equilibradas, ou seja, a saída de um íon de potássio através da força de difusão é compensada pela entrada de outro íon potássio através da força elétrica exercida pela carga negativa das proteínas intracelulares.
A diferença entre as concentrações dos diferentes íons entre os dois meios se dá principalmente pelos canais abertos de íons potássio, que aumenta a permeabilidade da membrana aos íons K+, e pela bomba de sódio e potássio, que promove a entrada de dois átomos de potássio e saída de três átomos de sódio da célula. Essa diferença de potencial pode ser vista através do osciloscópio. Ao inserir dois eletrodos no lado externo da membrana, é possível verificar uma ausência de potencial elétrico, demonstrada pela voltagem em torno de 0 V. Porém, ao inserir o eletrodo de medida dentro da célula, observa-se uma redução do potencial para o valor de -80 mV, que é a diferença de potencial entre os meios intra e extracelular, ou seja, o potencial de repouso, estabelecido pelas diferentes concentrações iônicas nos dois meios.
Vale ressaltar, no entanto, que a diferença de potencial e o potencial de repouso se restringe à membrana plasmática, com isso, a célula como um todo é eletricamente neutra, o que significa que a soma das cargas intracelulares e extracelulares é igual a zero. Isso ocorre, porque, como a membrana é permeável a pequenos íons inorgânicos, há grande mobilidade desses íons, e com isso os fluidos intra e extracelular são eletricamente neutros, pois o movimento que afeta a voltagem membranar se restringe a uma fina camada próxima às superfícies da membrana não afeta a eletroneutralidade desses meios por ser relativamente pequeno.
4. POTENCIAL DE AÇÃO DAS MEMBRANAS EXCITÁVEIS
Como mencionado anteriormente, as células excitáveis, que são os neurônios e células musculares, são capazes de gerar impulsos eletroquímicos usados para transmitir seus sinais e, com isso, realizar suas funções, que é a transmissão de sinapses e contração muscular, respectivamente.
Além das células excitáveis, alterações locais dos potenciais de membrana ativa muitas funções de outros tipos celulares, como as das glândulas, macrófagos e células ciliadas. As glândulas e macrófagos utilizam desse processo para excretar suas secreções e emitir pseudópodes, e as células ciliadas utilizam isso para movimentar seus cílios.
Esses impulsos eletroquímicos que os neurônios e células musculares utilizam para transmitir seus sinais são potenciais de ação, que consistem em rápidas alterações do potencial de membrana (repouso), que se propaga com grande velocidade por toda membrana da fibra nervosa ou muscular. Assim, no potencial de ação, a célula sai do estado negativo (potencial de repouso), passa para um estado positivo e então retorna para o estado negativo. Com isso, o potencial de ação possui três estágios: repouso, despolarização e repolarização. No repouso, o potencial celular está por volta de -90mV, daí ocorre a despolarização, na qual o potencial chega até +35mV. Quando o potencial ultrapassa 0mV, chega ao seu ápice (+35mV) e retorna ao repouso é chamado de repolarização.
Como já mencionado, no repouso a entrada e saída dos íons sódio e potássio está equilibrada pela bomba de sódio e potássio e pela saída e entrada de íons K+ pelos canais de potássio. Na despolarização, ocorre um aumento da permeabilidade aos íons Na+, permitindo a entrada desses íons, obedecendo o gradiente de concentração, ou seja, como o meio extracelular possui mais sódio que o meio intracelular, o Na+ é atraído para dentro da célula, elevando a voltagem da célula até mais ou menos +35mV. Por fim, na repolarização, ocorre o fechamento dos canais de Na+ e abertura dos canais de K+, impedindo a entrada adicional de Na+ e permitindo a saída de K+, seguindo seu gradiente de concentração, e reduzindo novamente o potencial para que a célula volte ao seu canal de repouso.
Os canais que participam do potencial de ação são regulados por voltagem, ou seja, alterações dos potenciais de membrana ativam ou desativam esses canais. Os principais canais envolvidos com esse processo são os canais de sódio regulados por voltagem, responsáveis pela elevação do potencial de membrana, e os canais de potássio regulados por voltagem, responsáveis pela redução do potencial de membrana. Quando a célula recebe um estímulo, os canais de sódio são ativados, permitindo a entrada de Na+, assim, o potencial é elevado e, com isso, os canais de sódio permanecem abertos até a célula atingir um potencial em torno de +20mV, quando esses canais se inativam, impedindo a entrada de mais íons sódio na célula. Ao passo que os canais de sódio se inativam, ocorre a abertura dos canais de potássio, permitindo que o potássio saia das células, levando as cargas positivas para fora da célula e, assim, equilibrandoas cargas positivas levadas pelo influxo de sódio.
Nenhum potencial de ação é deflagrado sem que haja um estímulo. Além disso, os canais de sódio regulados por voltagem também estimulam os canais vizinhos a se abrirem no potencial de ação, com isso, a condução dessa voltagem na membrana se dá por feedback positivo, pois a abertura de alguns canais de sódio permite a abertura dos próximos canais. A passagem da voltagem de -90mV (repouso) para uma voltagem de 15 a 30mV a mais, ou seja, elevando o potencial até -60mV, é suficiente para atingir o limiar de ativação dos canais, iniciando o potencial de ação. Caso a célula não atinja essa voltagem, não há potencial de ação.
Assim, o desencadeamento do potencial de ação pode ser então resumido em 5 etapas. Na primeira etapa, a membrana celular encontra-se em repouso, no segundo estágio, ocorre uma elevação branda do potencial de membrana, por um evento elétrico ou químico, como acontece nas sinapses. A terceira etapa consiste na abertura nos canais de sódio regulados por voltagem, permitindo o influxo do Na+ e elevação ainda maior do potencial de membrana. A quarta etapa consiste no influxo rápido de íons de sódio e consequente geração do potencial de ação e elevação do potencial ao seu limiar. Com isso, começa a quinta etapa, na qual ocorre a inativação dos canais de Na+ e abertura dos canais de K+, levando ao término do potencial de ação e início da repolarização. Quando o potássio sai da célula, a célula retorna ao seu estado de repouso, mas acontece o processo de hiperpolarização, quando o potencial fica mais negativo do que o seu repouso, resultado do tempo prolongado da abertura dos canais de potássio, mas este estado é resolvido em milissegundos, levando o potencial de volta à sua voltagem inicial de repouso. Quando a célula se encontra no estado hiperpolarizado, nenhum estímulo é capaz de deflagrar novo potencial de ação, o que apenas ocorre após o restabelecimento do repouso.
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Além disso, em alguns casos a membrana estimulada não se repolariza imediatamente após a despolarização, ao contrário, o potencial permanece como platô perto do pico do potencial por vários milissegundos. Esse platô prolonga muito o período da despolarização, ocorrendo nas fibras musculares cardíacas, fazendo com que a contração dos músculos cardíacos dure por mais tempo. O platô é resultado de vários fatores. No músculo cardíacos, há dois tipos de canais que participam do processo de despolarização, que as os canais usuais de sódio dependentes de voltagem, chamados de canais rápidos, e canais de cálcio-sódio regulados por voltagem, chamados de canais lentos. A abertura dos canais rápidos gera a parte em ponta do potencial de ação, enquanto a lenta abertura dos canais lentos permite principalmente o influxo de íons cálcio para a fibra, o que gera o platô. Esse fenômeno também é influenciado pela abertura dos canais de potássio regulados por voltagem mais lenta que o usual, apenas se abrindo por completo ao final do platô (quando se inicia a repolarização). A propagação do potencial de ação nos neurônios acontece através da fibra nervosa. A fibra nervosa possui uma peculiaridade, que é a bainha de mielina, produzida pelas células de Schwann, e essa bainha reduz em cerca de 5000 vezes o fluxo iônico na fibra nervosa nessas localidades onde há a bainha de mielina, funcionando assim com um isolante elétrico. Com isso, o potencial de ação não ocorre em toda a fibra nervosa, apenas nos locais onde não há a bainha de mielina, os quais são chamados de nódulos de Ranvier. Essa estrutura faz com que as sinapses, ou seja, a transmissão dos sinais elétricos pela fibra nervosa de um neurônio para outro, sejam extremamente rápidas, através dessa forma de condução que é chamada de condução saltatória. Vale lembrar que o estímulo chega através dos axônios de outros neurônios, que transmitem os sinais ao corpo celular do neurônio adjacente, que por sua vez o propaga por sua fibra nervosa, levando o estímulo aos próximos neurônios. O potencial de ação apresenta ainda uma propriedade conhecida como princípio do tudo ou nada. Esse princípio explica que, uma vez que o potencial de ação é gerado em algum ponto da membrana, o processo de despolarização acontecerá por toda ou membrana, ou não ocorrerá em local nenhum. Isso significa que os estímulos subliminares não geram potencial de ação em nenhuma parte da membrana.

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