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Tecnologias da Informação e Comunicação no Ensino de Geografia

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Prévia do material em texto

2017
Tecnologias da 
informação e 
comunicação no 
ensino de geografia
Prof. Luiz Martins Junior
Copyright © UNIASSELVI 2017
Elaboração:
Prof. Luiz Martins Junior
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
371.335
M379t Martins Junior, Luiz
 Tecnologias da informação e comunicação no ensino 
de geografia / Luiz Martins Junior. Indaial: UNIASSELVI, 2017.
 224 p. : il.
 ISBN 978-85-515-0109-2
 
 1.Tecnologia – Educação. I. Centro Universitário
Leonardo Da Vinci. 
Impresso por:
III
apresenTação
Caro acadêmico, os discursos sobre “tecnologias digitais de 
informação e comunicação” e “ensino de geografia” são peças centrais 
deste Livro de Estudo. As discussões trazidas aqui dizem respeito aos 
conhecimentos, conceitos, significados e práticas inerentes à díade TDIC e a 
Geografia sob a ótica do processo educativo. Os movimentos nesses tempos 
e espaços da modernidade, fluídos, voláteis, virtuais e efêmeros delineiam 
novas formas de ensinar e aprender geografia com enfoque num trabalho 
dialogado, espontâneo, significativo e, principalmente, criativo para essa 
geração que a escola vem recebendo dominados pelas tecnologias digitais e 
carregados de informações oriundas das mídias e redes sociais. 
A geografia prevista, discutida, apontada e problematizada 
epistemologicamente e filosoficamente nesse texto remete a uma geografia 
que está conectada com a realidade em que estão inseridos os nativos digitais 
e, sobretudo, uma geografia que está ligada ao desenvolvimento e construção 
da identidade e do pertencimento do sujeito presente num espaço geográfico 
movido pelas transformações sociais, políticas, econômicas, ambientais e, 
principalmente, sociais e culturais diariamente. 
As nossas provocações geográficas, trazidas aqui, são pensadas numa 
geografia desenhada num processo de reflexão, análise, questionamento 
e observação das ações e manifestações do homem com relação ao espaço 
geográfico em sua totalidade e espacialidade, ou seja, os acontecimentos, as 
relações, os problemas e os movimentos que se materializam cotidianamente 
são debatidos, analisados e criticados pela geografia no sentido da 
participação, do envolvimento e, principalmente, do fazer acontecer na 
sociedade em que o sujeito está inserido.
 
 Geograficamente falando, para o fazer/acontecer e o aprender/
saber geografia, aqui apresentada, procuramos trazer rotas e/ou caminhos 
que indicam ajudar os professores de geografia a tornar suas aulas 
enriquecedoras, interessantes, significativas, prazerosas e, acima de tudo, 
produtivas para vida dos alunos. E, com isso, trazemos as tecnologias digitais 
como possibilidades de operacionalização e potencialização, para torná-las 
uma ciência em que a ação pedagógica enseja ser consistente, importante e 
instigadora. Para isso, abordamos os conceitos e os significados principais 
que circunscrevem o campo dos estudos das tecnologias e, assim, facilitando 
o maior entendimento de cada conceito quando são discutidos entre o 
binômio tecnologia e geografia. 
Prof. Luiz Martins Junior
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda 
mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza 
materiais que possuem o código QR Code, que 
é um código que permite que você acesse um 
conteúdo interativo relacionado ao tema que 
você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, 
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor 
de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa 
facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
sumário
UNIDADE 1: NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE CONCEITOS DAS 
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO 
SÉCULO XXI ................................................................................................................ 1
TÓPICO 1: AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM 
INTERFACE À SOCIEDADE GLOBAL CONTEMPORÂNEA ............................. 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3
2 O QUE É TÉCNICA? ........................................................................................................................ 4
3 CONCEITUANDO TECNOLOGIA .............................................................................................. 11
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 23
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 24
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 25
TÓPICO2: NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE CONCEITOS DAS TDIC ................. 27
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 27
2 CIBERESPAÇO .................................................................................................................................. 27
3 CIBERCULTURA .............................................................................................................................. 30
4 MÍDIA ................................................................................................................................................. 33
5 CULTURA DIGITAL ........................................................................................................................ 37
6 VIRTUAL ............................................................................................................................................ 39
7 VIRTUALIDADE ............................................................................................................................... 41
8 HIPERMÍDIA ..................................................................................................................................... 47
9 HIPERTEXTO ..................................................................................................................................... 51
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................56
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 58
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 59
TÓPICO 3: AS INFLUÊNCIAS DAS TECNOLOGIAS NO ESPAÇO GEOGRÁFICO .......... 61
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 61
2 IMPACTO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 
NOS DIVERSOS CONTEXTOS GEOGRÁFICOS E NA EDUCAÇÃO ................................. 61
3 IMPACTO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO ........ 66
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 71
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 72
UNIDADE 2: ERA DIGITAL COMO LÓCUS NA EDUCAÇÃO ................................................ 73
TÓPICO 1: ENSINAR E APRENDER GEOGRAFIA NA ERA DIGITAL ................................. 75
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 75
2 EDUCAÇÃO NA ERA DIGITAL .................................................................................................... 75
3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA MEDIADA PELAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE 
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO .......................................................................................... 86
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 94
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 95
VIII
TÓPICO 2: TECNOLOGIA E ESCOLA ............................................................................................ 97
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 97
2 CURRÍCULOS EM TEMPOS DE TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO ............................................................................................................................. 97
3 ENSINO HÍBRIDO: UM CONCEITO-CHAVE PARA A EDUCAÇÃO DE HOJE ............... 105
4 PROFESSOR NA ERA DIGITAL .................................................................................................... 107
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 118
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 119
TÓPICO 3: CULTURA DIGITAL E O ENSINO E APRENDIZAGEM ....................................... 121
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 121
2 ENSINO E APRENDIZAGEM NO ENSINO DE GEOGRAFIA NA ERA DIGITAL ........... 121
3 USO DAS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS: INTERFACES DIGITAIS E A EDUCAÇÃO ... 127
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 134
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 140
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 141
UNIDADE 3: COR E VIDA PARA GEOGRAFIA À LUZ DA ERA DIGITAL ........................ 143
TÓPICO 1: USO DAS TECNOLOGIAS PARA ENSINAR GEOGRAFIA ................................ 145
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 145
2 AS TECNOLOGIAS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA ......................... 145
3 SOFTWARES EDUCACIONAIS PARA ENSINAR GEOGRAFIA .......................................... 147
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 157
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 158
TÓPICO 2: USO DE ARTEFATOS TECNOLÓGICOS PARA O ENSINO DE 
GEOGRAFIA ....................................................................................................................161
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 161
2 REDES SOCIAIS PARA ENSINAR GEOGRAFIA .................................................................... 161
3 OS JOGOS ELETRÔNICOS, SIMULADORES, QUIZES, ATLAS DIGITAIS, PASSEIOS 
VIRTUAIS PARA APRENDER GEOGRAFIA ........................................................................... 166
3.1 JOGOS ELETRÔNICOS ......................................................................................................... 166
3.2 SIMULADORES ....................................................................................................................... 177
3.3 QUIZ .............................................................................................................................................. 177
3.4 ATLAS DIGITAIS ..................................................................................................................... 179
3.5 PASSEIOS VIRTUAIS ............................................................................................................. 183
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 186
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 187
TÓPICO 3: ALUNOS COM DEFICIÊNCIA TAMBÉM APRENDEM GEOGRAFIA .............. 189
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 189
2 OBJETOS EDUCACIONAIS DE APRENDIZAGEM ................................................................. 189
3 ENSINO DE GEOGRAFIA INCLUSIVO À LUZ DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS ......... 192
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 199
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 203
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 204
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 205
1
UNIDADE 1
NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS 
DE CONCEITOS DAS TECNOLOGIAS 
DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• entender o que é técnica e tecnologia;
• identificar os principais conceitos que desenham os estudos das tecnolo-
gias digitais;
• analisar os impactos das tecnologias digitais no espaço geográfico; 
• compreender a relação do binômio tecnologia/geografia na contempora-
neidade. 
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO EM INTERFACE À SOCIEDADE GLOBAL 
CONTEMPORÂNEA
TÓPICO 2 – NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE CONCEITOS DAS 
TDIC
TÓPICO 3 – AS INFLUÊNCIAS DAS TECNOLOGIAS NO ESPAÇO 
GEOGRÁFICO2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO 
E COMUNICAÇÃO EM INTERFACE À 
SOCIEDADE GLOBAL CONTEMPORÂNEA
1 INTRODUÇÃO
Para início de conversa, neste tópico apresentamos um breve relato da 
história da técnica, nomeadamente no que diz respeito ao conceito, conhecimento 
e significado baseado nos pressupostos da filosofia antiga, moderna e 
contemporânea. Com base neste enfoque, buscamos mostrar como estes conceitos 
aparecem nas aulas de Geografia. 
Outro fato importante que trazemos neste tópico refere-se aos estudos das 
Tecnologias Digitais de Comunicação e Informação em interface aos diferentes 
aspectos da vida em sociedade, em especial na educação geográfica. 
Como funcionalidade deste livro, tratamos as transformações digitais 
por meio de QRcode, que pode ser escaneado e acessado imediatamente on-line. 
Assim, durante a experiência de leitura deste livro físico e impresso é possível 
integrar-se com o conteúdo digital. Salientamos que em algumas partes do texto 
aparece uma imagem de um QRcode (código), ele pode ser lido por meio do seu 
celular ou dispositivo móvel, que apresentará o conteúdo on-line (artigo, vídeos) 
relativo ao tema estudado. Para obter os conteúdos on-line do livro é necessário 
obedecer às seguintes orientações para habilitar o seu celular: Hardware necessário: 
aparelho móvel com câmera (celulares, smartphones etc.) com conexão de banda 
larga a internet (de preferência wi-fi); Software necessário: instalação de um leitor 
de QRcode no aparelho móvel. Existem diversos leitores de QRcodes gratuitos na 
internet, mas sugerimos o i-nigma. 
Utilização: acesse o i-nigma no seu dispositivo, a partir daí a câmera do seu 
aparelho passa a funcionar como um escâner de QRcode. Assim, basta apontá-
lo para a imagem do QRcode que o i-nigma realiza a leitura da URL (endereço 
do link) automaticamente e apresenta o conteúdo na tela. Clicando no botão de 
acesso, o celular abre a URL apresentada e você é direcionado para o conteúdo 
on-line digital (GABRIEL, 2013). 
UNIDADE 1 | NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE CONCEITOS DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI
4
2 O QUE É TÉCNICA? 
No contexto do século XXI, a realidade acontece de uma forma até então 
nunca vivenciada na história da humanidade, pois ela se faz em um processo, cuja 
velocidade das mudanças se dá por meio dos avanços das Tecnologias Digitais de 
Informação e Comunicação (TDIC). A pós-modernidade, era do conhecimento, 
WEB 2.0, Geração Y e Z, nativos digitais, é caracterizada por uma “sociedade 
líquida moderna” (BAUMAN, 2007, p. 9), geração da informação, onde as ideias 
surgem em movimentos rápidos, mas são incorporadas e substituídas de uma 
forma efêmera e acelerada. São tantas tentativas de entender e explicar o momento 
histórico contemporâneo, que às vezes fica difícil acompanhar os adjetivos da 
época, indivíduos, sociedade, a Era das incertezas do Prigogine e a modernidade 
líquida do Bauman (GIORDANI; TONINI, 2014).
Essas mudanças tecnológicas a cada dia avançam simultaneamente. 
Uma das razões desta evolução é a inteligência de criar em interface aos campos 
tecnológicos, por meio de uma linguagem digital convencional e/ou tradicional, 
onde a informação é gerada, guardada, resgatada, excluída, executada e enviada. 
Nesta linha de reflexão, Castells declara que vivemos numa era “[...] onde os 
computadores, sistema de comunicação, decodificação e programação genética 
são ampliadores e extensões da mente humana [...]” (1999, p. 69). E ainda, Costa 
(1980, p. 110) acrescenta dizendo que a principal característica da era atual não 
é a facilidade de obtenção de conhecimento e informação, mas sim a “interação, 
a globalização, a relativização, o imediatismo, a agilidade, a derrubada de 
fronteiras, a extraterritorialidade, o nomadismo” e, sobretudo, a aplicação dos 
mesmos para geração de novos conhecimentos ou de dispositivos num ciclo de 
realimentação cumulativa entre a inovação e seu uso. A tecnologia digital penetra 
“em todas as esferas de atividade da vida humana”. No entanto, Castells (1999, p. 
70) alerta sobre o fato de que “devemos localizar esse processo de transformação 
tecnologicamente revolucionária no contexto social em que ele ocorre e pelo qual 
está sendo moldado”. 
Geograficamente falando, as mudanças no espaço geográfico 
tomaram outros sentidos, rumos e significados, pois os territórios e as regiões 
heterogeneizaram e o mundo se tornou mais homogêneo, pois não existe mais 
estranhamento com as misérias, com a corrupção e com as influências mundiais e a 
difusão de poder. O lugar se territorializou e, ao mesmo tempo, desterritorializou 
por influências de outros espaços, ou seja, ele não é o mesmo e, sobretudo, as 
nossas relações no lugar se expandiram e se transformaram, isto é, as nossas ações 
junto com as pessoas apresentam hoje outros sentidos e significados. Portanto, 
o espaço geográfico se transforma constantemente e exponencialmente a cada 
dia em que o mundo dos aparelhos e recursos tecnológicos penetra com enorme 
rapidez em todas as esferas da nossa vida em sociedade. 
Tendo em vista todas as transformações ocorridas no espaço virtual e 
geográfico da sociedade global, procuramos refletir realmente o que é tecnologia. 
Para entendermos o conceito de tecnologia, muitos autores partem do conceito 
TÓPICO 1 | AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM INTERFACE À SOCIEDADE GLOBAL 
CONTEMPORÂNEA
5
de técnica para a posteori descrever os fundamentos da tecnologia. Geralmente, 
quando pensamos em técnica nos vem à mente o modo de fazer e reproduzir algo, 
mas para Álvaro Vieira Pinto (2005, p. 135), o conceito vai muito além disso. Para 
ele, a “técnica é uma ação humana intencional, criada pelo homem, a partir de sua 
capacidade de apreensão das propriedades objetivas das coisas”. Isso significa 
que o homem se humaniza produzindo a si mesmo. Portanto, o pensamento 
dialético é importante para entender esse conceito. Ao mesmo tempo em que o 
homem produz, ele se modifica no processo. 
Dito de outra maneira, a técnica, segundo Álvaro Vieira Pinto (2005, p. 
135), “é o uso que se faz [...] é a ação que o homem faz”. Podemos entender, 
a partir da assertiva do autor, que a técnica faz parte da vida do cotidiano do 
ser humano, no agir, sentir, no pensar, pois este, ao intervir na natureza, está 
produzindo um trabalho que, eventualmente, buscou para isso uma técnica, que 
faz parte do ser humano e, também, faz parte do conhecimento. 
A técnica, diferente do que muitos afirmam, não é o motor da história. O 
homem é o agente de sua própria história. É comum utilizarmos a técnica para 
demonstrar a evolução do homem na história. A exemplo disto, referimos a 
concepção evolutiva da história em que o ser humano parte do período paleolítico 
para o neolítico, chegando à idade dos metais. Essa forma de entendimento é utilizada 
para que determinadas sociedades possam subjugar as outras. São consideradas 
modernas e evoluídas as sociedades que passam por esses estágios, aquelas que não 
passaram ficam relegadas ao mundo dos povos primitivos. Devemos considerar, 
então, que o homem é um animal político. Política é a capacidade que o homem 
adquire de exercer conscientemente a direção do curso da história. 
Nessa perspectiva, Bueno (1999), por exemplo, destaca a técnica como 
integrante e precursora da tecnologia que conhecemos hoje, moderna em suas 
várias facetas. Em sintonia, Vargas (1994 apud BUENO, 1999, p. 81) pontua que 
“o homem sem técnica seria abstração tão grande como [seria a] técnica sem 
homem” e “só é humano aquele ser que possui a capacidade de se comunicar 
pela linguagem e [pela] habilidade de fabricar utensílios pela técnica”. O dizer da 
autora reafirma nosso entendimento, dito acima, de que a técnica é pertencente à 
vida humana em suas distintas ações e reações, consoante o cotidiano. 
De acordo com o exposto até o momento, buscaremos agora refletir a 
técnica a partir da fonte da filosofiaantiga, trazendo a visão de vários autores. 
 
No perscrutar dessa abordagem, Álvaro Vieira Pinto situa em seus 
escritos o filósofo Aristóteles para fortalecer e aprofundar aquilo que ele defende 
por técnica, isto é, a técnica está impregnada no corpo celeste do homem através 
de suas ações e reações. Desse modo, Aristóteles diz que a técnica é um modo 
de ser específico do homem e a compreende como “um conceito, uma razão, um 
logos, que precede a realização da ação, sendo lícito supor que imaginasse nele 
a prefiguração dos resultados do ato, e assim o tomasse por um dos elementos 
UNIDADE 1 | NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE CONCEITOS DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI
6
da construção da finalidade que determina a ação humana” (PINTO, 2005, p. 
138). No entendimento do autor, a técnica significa o trabalho sem a matéria, 
sendo que ela é o ponto de partida e a forma do produto, mas para isso o homem 
precisa ter finalidades e/ou objetivos intencionalmente. Como o calor e o frio 
podem tornar o ferro brando ou duro, mas é o movimento dos instrumentos que 
proporciona a técnica, ou seja, a fabricação da espada estabelece claramente a 
diferença entre as causas naturais e a intervenção humana, pois somente o homem 
maneja instrumentos que necessitam de uma espada, coisa que a natureza não 
pode lhe oferecer prontamente, e assim, obriga-o, em função de suas finalidades, 
a produzi-la.
Baseado na filosofia aristotélica, Pinto, ambiciosamente, busca em 
Immanuel Kant o significado de técnica. Kant denomina técnica “ao procedimento 
(a causalidade) da natureza, em vista da semelhança de finalidade que encontramos 
em nossos produtos, dividindo-a em intencional e não intencional” (PINTO, 2005, 
p. 139). Segundo o autor, a técnica está entrelaçada a uma relação dialética entre 
homem e natureza, ou seja, o homem coloca a técnica na natureza, sem a natureza 
também não haveria técnica. Dito de outra maneira, toda técnica humana só se 
materializa pela obediência às conspirações e determinações do mundo natural e/
ou físico, na qual dota os fenômenos deste último de uma significação técnica por 
efeito retroativo, pois tais fenômenos são condições para a realização da técnica 
real enquanto ato humano. Em tal caso, o homem tecniciza a natureza, conforme 
bem se percebe no modo cada vez mais premeditadamente técnico pelo qual se 
relaciona com ela e exprime os dados recolhidos. 
Cabe ressaltarmos que a importância da contribuição de Kant reside na 
compreensão de que a natureza possui uma técnica, no sentido de alcançar seus 
fins por mecanismos pertencentes a ela mesma, as leis naturais imanentes às 
propriedades dos corpos e dos fenômenos. Desse modo, a ação técnica que o homem 
desempenha está contida no mundo objetivo, traçado antecipadamente em virtude 
da precedência do ser material sobre a consciência, no sentido de suas possíveis 
invenções e intervenções. Com isso, Kant “dá-nos a base para compreender um 
dos componentes do ato técnico, seu fundamento na lógica objetiva da realidade, 
consubstanciada nas leis do mundo natural” (PINTO, 2005, p. 139).
Assim, o homem precisa cada vez mais da natureza para nela agir 
tecnicamente, organizar seu aparelho perceptivo, natural ou científico e, sobretudo, 
de apreensão do mundo em sua totalidade de modo tal que este lhe apareça já 
representado com significações técnicas, porquanto deseja conhecê-lo com vista 
à ação técnica futura. Para tanto, a técnica, na visão dos filósofos da antiguidade, 
gira em torno da ação, cujo procedimento e objetos que concebe determinada 
atividade, de modo a não incluir, porém, as razões do funcionamento da suposta 
ação. Nela constitui conhecimento reunido, organizado e individualizado, 
que serve de base à ação, ou seja, a atividade executada com um propósito e 
significado, mas que contém as respectivas explicações dos fenômenos em si 
(ZAWISLAK, 1995). 
TÓPICO 1 | AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM INTERFACE À SOCIEDADE GLOBAL 
CONTEMPORÂNEA
7
A concepção de técnica no contexto contemporâneo é discutida e 
interpretada à luz das criações tecnológicas quanto à sua multiplicação e 
grandiosidade dos produtos em interface às necessidades e/ou processo de 
uso humano. Pinto (2005, p. 142) ressalta que a técnica enquanto “processo 
está relacionada ao surgimento do novo e, quantitativamente, esse novo pode 
alcançar proporções tão assombrosas que efetivamente o revistam de aspectos 
qualitativamente originais”. Tal assertiva nos revela que o domínio e a expansão 
das técnicas ao longo do tempo manifestaram-se em grandes proporções em 
favor das formas de vida das sociedades, por exemplo, o domínio das novas 
fontes de energia, a melhora das formas de transportes e, sobretudo, a eficácia 
dos armamentos bélicos. Pela expansão do tipo de relações sociais no que tange 
ao aumento de volume e a forma de produção que impuseram às sociedades 
mais ultrapassadas de nossa geração, a ideia da técnica veio a merecer a reflexão 
dos pensadores, pois está ligada a um tema que penetra profundamente na 
consciência filosófica em relação ao aumento acelerado das bases materiais que o 
condicionam (PINTO, 2005).
Pinto (2005) retoma o conceito de técnica elaborado por Oswaldo 
Spengler, o qual ressalta que para compreender a essência da técnica não se deve 
tomar como ponto de partida as máquinas. Considera enganosa a ideia de que a 
construção de máquinas e ferramentas seja a finalidade da técnica. Acerca dessa 
realidade, Pinto (2005, p. 143) problematiza pontuando que “partindo da alma 
pode-se descobrir a significação da técnica”. Desse modo, para ele a “técnica é 
a tática da vida na sua totalidade; é a forma íntima do comportar-se na luta que 
é idêntica à própria vida”. Sendo assim, a concepção de técnica, para o autor, 
está integrada à condição biológica humana, isto é, a relação entre a técnica e 
a vida, situando-se o germe de um desenvolvimento lógico que, dialeticamente 
conduzido, levaria a uma compreensível teoria filosófica da técnica. Podemos 
depreender que a técnica está conectada à vida, não em um sentido idealista e 
generalizadamente, mas sim num sentido de depender da produção, pela vida 
do seu produto mais elevado, o conhecimento humano, o crânio (PINTO, 2005).
Convictos desse entendimento, percebemos que a capacidade de 
invenção da técnica se dá a partir das manifestações exteriores, a qual define um 
produto de vida existente no homem. Somente por ser ele próprio um produto 
da evolução vital é que a técnica adquire a qualificação de resultado do processo 
biológico. Embora a técnica poderá ser definida como a arma da vida, quando 
for relacionada ao homem. Considerando a técnica na evolução humana, Pinto 
(2005) afirma que no homem a vida se revela em forma superior pela criação 
da técnica, porque em vez de dar as armas prontas e imutáveis ao homem, a 
saber, as regras defensivas e ofensivas, ela concedeu a fábrica em que as formará 
– o cérebro pensante – à medida das exigências que se forem apresentando ao 
longo da sua evolução e necessidades. Assim, a concepção de técnica está ligada 
à criação, à necessidade, à evolução e, sobretudo, serve à vida. 
UNIDADE 1 | NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE CONCEITOS DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI
8
 Por outro lado, mencionamos o contemporâneo Martin Heidegger, o 
qual afirma que a técnica está presente no inconsciente do ser humano. Isto é, 
“a essência da técnica consiste no “desvelamento”, na “desocultação” do ser 
(PINTO, 2005, p. 150). Para o autor, a essência da técnica desfaz assim do fazer, 
acepção sem dúvida plebeia, material e indigna de um metafísico, e passa a ter o 
significado à luz, isto é, revelar, desvelar, conforme a verdade. Dito com outras 
palavras, significa compreender sua essência como a verdade do relacionamento 
do ser com o mundo. Ela deixa de ser algo exterior e exclusivamente instrumental 
para ser a forma (maneira) como o homem seaproxima e se apropria da natureza. 
Nesta perspectiva, Pinto cita Silva (2005), o qual declara: 
[...] eis por que Heidegger em seu ensaio sobre essência da técnica se 
esquiva de qualquer explicação antropológica ou subjetiva da técnica, 
que a reduziria a um simples produto da mente ou do trabalho 
humano. Para Heidegger, a técnica é uma das modalidades da alétheia, 
da verdade do ser, que condiciona reciprocamente a consciência 
trabalhadora e o mundo manipulável por esta consciência (PINTO, 
2005, p. 36).
 
A referida reflexão nos concede o entendimento de que a técnica é 
considerada como aspecto da manifestação da verdade do ser, sobretudo é o 
modo de saber, uma forma de pensamento humano. Com base nesta reflexão, 
nos apoiamos na autora Coracini (2010, p. 32), a qual chama atenção para a 
necessidade de o conceito de técnica ser analisado de forma profunda, alicerçada 
na filosofia desenvolvida por Heidegger, a partir de três eixos pontuais, tais como 
“a ontologia do ser; o modo de emergência da verdade em sua determinação 
orientada pela ciência moderna e a abertura da superação da metafísica”. Para 
compreender estes pilares, a autora Coracini (2010) situa o expoente filósofo 
Michel Besnier, que, baseado nos estudos de Heidegger, sustenta que essas 
premissas, levantadas à luz do entendimento de técnica, aparecem na fase 
cartesiana, kantiana e nietzschiana, e assim, podem ser analisadas com maior teor 
científico, vejamos: 
O homem deseja dominar a natureza a partir dos conhecimentos fundados 
na ciência, “tenta fazer com que o natural se torne um apêndice do artificial, isso na 
fase cartesiana. Os fins do homem justificam o controle da natureza que acontece 
e o contêm” (SILVA, 2005, p. 157). Heidegger explica que a técnica é o produto 
biológico do processo de desenvolvimento do homem, desse modo, o homem 
acabou se esquecendo da propriedade do “ente”, e ao mesmo tempo deixou-se 
levar pelos avanços das tecnologias, assim, fazendo com que a realidade se tornasse 
um manto de apropriação, dominação e exploração (CORACINI, 2010). Baseado 
nesta discussão, o conceito de técnica, para o autor, está pairado no esquecimento 
do “ente”, que culminou a partir dos estudos da metafísica e no entendimento do 
ser humano como fundamento inquestionável e absoluto da verdade. 
No período kantiano, a técnica é capitaneada pela relação da ciência, da 
antropologia e da política, na qual o ser humano buscou se preocupar em dominar 
a natureza em detrimento à sua autonomia, sua competência e sua emancipação, 
TÓPICO 1 | AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM INTERFACE À SOCIEDADE GLOBAL 
CONTEMPORÂNEA
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com o objetivo de avançar ancorado num pensamento e conhecimento mediado 
para a prática, onde estaria comprometendo todas as esferas, quer no plano 
social, quer no plano cultural, quer no plano político e econômico das sociedades 
que virão a existir (CORACINI, 2010). Com base nestes pressupostos, a maior 
preocupação do homem se dá pela contribuição de suas criações técnicas e 
científicas em prol de sua emancipação, do seu progresso, do seu benefício, de 
sua realização enquanto ser humano e, ao mesmo tempo, como sujeito pensante 
e transcendente.
Vale lembrar que a autora Coracini (2010) vem fundamentar o caráter 
social do mundo a partir da interpretação do filósofo Heidegger, o qual explica 
que esse caráter social nasce e se materializa por meio da execução da técnica 
representada pela dialética dos artefatos, instrumentos, recursos, ferramentas 
e aparatos. No entanto, o ser humano busca, a partir de suas habilidades e 
competências técnicas, mudar o ambiente biológico/natural e, conjuntamente 
nesta metamorfose, transformar-se num sujeito social e cultural. Sendo assim, o 
entendimento da técnica na perspectiva heideggeriana “é, na sua essência, uma 
modificação sui generis do agir ou fazer humano” (CORACINI, 2010, p. 34). 
Por fim, no referido período nietzschiano, o desenvolvimento da técnica 
assume um empoderamento engajado no controle, na dominação e, sobretudo, 
na hegemonia, e, assim, desligando da ontologia do ser, isto é, o homem, 
ou geograficamente falando, um determinado território passou a criar e/ou 
elaborar ferramentas e instrumentos de poder, fazendo com que suas criações 
tecnológicas dominassem e controlassem os demais lugares. Miranda (2002, p. 
35) define a simbiose entre técnica e poder da seguinte forma: “a hegemonia do 
mundo da técnica consistiria numa vertigem circular de vontade: a dominação 
pela dominação, o controle pelo controle, a técnica como uma finalidade em si 
mesma. Daí o caráter humano “inumano e fatal” do imaginário tecnológico. Tal 
ideia expressa que esse processo se deu durante o percurso da vida do homem, 
onde neste percurso foi se desligando do seu “ente” e da sua ontologia, e assim 
se atendo a tudo aquilo que é material com intuito de proporcionar satisfação, 
conforto e bem-estar social. 
Jean Baudrillard (2004) discute a ideia de técnica imbuída ao termo 
automatismo. O autor entende que a técnica é o “maior do triunfalismo mecanicista 
e ideal mitológico do objeto moderno. O automatismo é o objeto ao tomar uma 
conotação absoluta na sua função particular”. (BAUDRILLARD, 2004, p. 118). Ao 
refletir sobre essa definição, o autor chama atenção que o avanço das tecnologias 
está afetando incontrolavelmente a vida da humanidade, ora na cultura, ora nas 
relações de gêneros, ora nas ciências humanas e sociais, ora no espaço geográfico 
etc. Por razão disso, o autor conclui que ao “invés do ser humano manipular 
objetos, ou melhor, a técnica, está sendo por eles manipulados” (BAUDRILLARD, 
2004, p. 62). E ainda, no calor deste entendimento, Coracini (2010, p. 38) expressa 
pontuando que “estamos vivendo numa ilusão da finalidade da técnica como 
extensão do homem e do seu poder”.
UNIDADE 1 | NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE CONCEITOS DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI
10
Dessa forma, Heidegger e Baudrillard concluem que a maneira como o 
ser humano vem agindo diante da vida, socialmente e culturalmente construída, 
ultrapassa os limites e as fronteiras do ser e da existência, com isso, o homem 
passa a ser alheio à técnica, ou melhor, dominado em todas as circunstâncias, 
quer no plano do pensamento robotizado e no mundo da ontologia do ser. Para 
evitar essa transmutação e/ou metamorfose, ambos alertam para a necessidade 
progressiva e construtivista do pensamento meditativo, isto é, o ser humano 
manter aceso o seu pensamento para sua existencialidade (CORACINI, 2010). 
A partir do entendimento de técnica em diferentes visões, entendemos, 
então, que a técnica está ligada ao procedimento operatório, manual ou mental, 
que representa o ato produtivo humano na relação com a realidade objetiva, assim 
dando origem à tecnologia. Algumas técnicas são simples e de fácil aprendizado. 
São transmitidas de geração em geração e se incorporam aos costumes e hábitos 
sociais de um determinado grupo de pessoas. As técnicas voltadas para algumas 
atividades profissionais, por exemplo, a pesca, a produção de alimentos ou a 
elaboração de alguns tipos de atividades artesanais, variam entre os povos e 
identificam uma determinada cultura (KENSKI, 2012).
 
Geograficamente falando, a técnica discutida nesta perspectiva vem ao 
encontro das proposições defendidas pelo expoente geógrafo Milton Santos (1998), 
o qual explica que a técnica é produto do conhecimento, e se materializa no espaço 
geográfico constituindo uma forma e uma estrutura para o homem desempenhar 
sua existência de vida. É por meio da criação da técnica que o homem delineia 
sua constituição histórica e social, bem como constrói novos espaços. A técnica 
também é uma forma de nos mantermos, segundo Santos (1998), conectados 
ou ligados pelo poder que o homem tem de elaborar ferramentas (técnica) que 
possibilitam os lugares se mundializarem em diferentes escalas geográficas. 
Por outro lado, a técnica reflete no interior dadisciplina de Geografia por 
meio das habilidades e competências do professor na transposição e mobilização 
dos conhecimentos geográficos. E, ainda, no domínio do processo de navegação 
das telas eletrônicas para produzir, não somente no ensinar e aprender geografia, 
mas também contribuir na produção do pensamento do aluno frente às questões 
geopolíticas, socioeconômicas e culturais (SANTOS, 1998).
 
Desse modo, a autora Kenski (2012, p. 23) expressa que o conceito de 
“tecnologia engloba a totalidade das coisas que a engenhosidade do cérebro 
humano conseguiu criar em todas as épocas, suas formas de uso, suas aplicações”. 
Para tanto, para compreendermos melhor a ideia de tecnologia, à luz do conceito 
de técnica, procuramos apontar os principais elementos que a definem e 
constituem nesses novos tempos e espaços contemporâneos.
TÓPICO 1 | AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM INTERFACE À SOCIEDADE GLOBAL 
CONTEMPORÂNEA
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3 CONCEITUANDO TECNOLOGIA 
FIGURA 1 - JOGO DE PALAVRAS ENGENDRA O UNIVERSO DA TECNOLOGIA 
DIGITAL
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=jogo+de+pala-
vras+sobre+tecnologia&site>. Acesso em: 10 jul. 2017.
Etimologicamente, o significado e emprego da palavra tecnologia tem sua 
origem na união do termo tecno, do grego techné, significa ´saber fazer´, e logia, 
do grego logus, que designa ´razão´. Assim, o conceito de tecnologia é entendido 
por muitos pesquisadores, e principalmente pelos filósofos, como a razão daquilo 
que o homem domina e sabe realizar em benefício de sua própria existência 
(RODRIGUES, 2001, p. 75). Isto é, o conceito de tecnologia designa os estudos da 
técnica, ou seja, o estudo do ato de modificar, de criar, de explorar, de transformar 
e agir do ser humano em prol de sua condição de vida social, cultural, geográfica 
e econômica. Nesta perspectiva, Vargas (1999, p. 85) explica que:
O uso da palavra tecnologia referindo-se à máquina, equipamentos, 
instrumentos e sua fabricação, ou a utilização ou manejo deles. É 
verdade que há uma tecnologia embutida em qualquer instrumento 
e implícita em sua fabricação; mas isso não é razão para se considerar 
o saber embutido num objeto, ou implícito na sua produção, com 
o próprio objeto de indústria. Deriva desse mal uso o emprego da 
palavra tecnologia para significar a organização, o gerenciamento e, 
mesmo, o comércio de aparelho. Por uma razão ou outra essa confusão 
apareceu na área da computação e da informática, onde a máquina 
é tão importante quanto o saber de onde ela se originou. Há, então, 
o perigo de se confundir toda a tecnologia, isto é, o conhecimento 
científico aplicado às técnicas e aos seus materiais e processos com 
uma particular indústria e comércio. 
UNIDADE 1 | NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE CONCEITOS DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI
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Em sintonia, Bueno (1999, p. 87) contextualiza tecnologia como: 
Um processo contínuo através do qual a humanidade molda, modifica 
e gera sua qualidade de vida. Há uma constante necessidade de 
o ser humano criar a sua capacidade de interagir com a natureza, 
produzindo instrumentos, desde os mais primitivos até os mais 
modernos, utilizando-se de um conhecimento científico para aplicar 
a técnica e modificar, melhorar, aprimorar os produtos oriundos dos 
processos de interação deste com a natureza e com os demais seres 
humanos. 
Diante das abordagens apontadas pelos autores, podemos entender que 
a tecnologia vai muito além das representações físicas, concretas e materiais. 
Ela permeia todas as nossas manifestações de vida, inclusive as questões não 
tangíveis, as nossas ações e reações. Nesse sentido, Sancho (2001, p. 30) classifica 
o conceito de tecnologia em três grandes grupos principais:
1. Físicas: são as inovações de instrumentos físicos, como os objetos 
que utilizamos em nosso dia a dia, por exemplo, computadores, 
celulares, entre outros. 
2. Organizadoras: são as formas como nos relacionamos com o mundo 
e como os diversos sistemas produtivos estão organizados.
3. Simbólicas: são as formas de comunicação entre as pessoas, desde o 
modo como estão estruturados os idiomas escritos e falados até como 
as pessoas se comunicam. 
Dito em outras palavras, observa-se que as tecnologias podem significar e/
ou serem classificadas, conforme o período da existência da humanidade, como:
• Instrumentos e/ou ferramentas que ajudam a resolver os problemas encontrados 
no dia a dia.
• Ferramenta como construção e trabalho – técnica manufatura, infraestrutura 
ou espacial. 
• O conceito também está relacionado à ciência – conhecimento científico, 
matemático e técnico de uma determinada geração.
• Relacionada ao campo da economia, a tecnologia remete-se ao poder, ao 
consumo e ao domínio. 
Assim, chegamos ao conceito de tecnologia. Consensualmente, vale 
lembrar que a tecnologia para o senso comum é o mesmo que técnica, geralmente, 
algo que é moderno vinculado ao mundo eletrônico e digital. Nesta polarização 
das discussões em torno da tecnologia, encontramos sustentação filosófica 
no pensamento de Álvaro Vieira Pinto (2005), o qual salienta que a tecnologia 
permeia todas as fases da história da humanidade e deve ser compreendida não 
só como resultado de interação humana, mas também como ferramenta de poder 
a serviço da classe dominante. Para entendermos a fundo a ideia de tecnologia 
empregada pelo autor, é pertinente pensarmos a partir de três acepções apontadas 
por ele, tais como: ciência da epistemologia da técnica ou logos da tecnologia, 
instrumento de dominação e ideologia. 
TÓPICO 1 | AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM INTERFACE À SOCIEDADE GLOBAL 
CONTEMPORÂNEA
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A ciência da epistemologia da técnica, ou logos da tecnologia, pode ser 
pensada como um conjunto de técnicas que todas as pessoas possuem. Na visão 
de Álvaro Vieira Pinto (2005, p. 304), todo processo tecnológico é um “fenômeno 
social total”. Isto significa dizer que toda sociedade possui suas formas de criar 
as tecnologias, conforme a prova simples de existir. Neste caso, aqueles povos 
considerados primitivos, como os povos indígenas do Brasil, também possuem 
tecnologia. As grandes inovações tecnológicas não partem simplesmente de 
mentes criativas, mas são resultados de processos históricos coletivos. Baseado 
neste apontamento, Pinto (2005) enfatiza que o homem nunca se livra da 
tecnologia, apenas transforma sua relação com a existente, substituindo-a por 
outra melhor, mais aproveitável, produtiva e lucrativa. 
A tecnologia como instrumentos de dominação, como lembra Pinto 
(2005), está ligada ao desenvolvimento dos instrumentos tecnológicos avançados. 
Apesar de todas as sociedades possuírem tecnologias, muitas vezes esse conceito 
é utilizado por alguns grupos sociais como instrumento de dominação. Onde 
quem detém tecnologia controla a distribuição e produção de quem não a possui. 
No entanto, os que se apropriam têm o poder de desenvolver outras formas de 
tecnologia. Por exemplo, o campo da medicina é mais desenvolvido pelos Estados 
Unidos, diferentemente do Brasil. 
Quanto à tecnologia como ideologia, para Vieira Pinto (2005) é percebida 
como instrumento de adoração que garante a evolução e a existência do moderno, 
ou seja, para o autor, a ideologização da tecnologia circunda um estado eufórico e 
uma crença no seu poder de mundo material. Teoricamente, o homem, através da 
tecnologia, irá construir uma melhoria para todos. O homem, na ideologização, 
ao invés de fazer da máquina uma ferramenta de mudança social e cultural, a 
enxerga como ferramenta de adoração. Neste caso, desejamos sempre o próximo 
lançamento de um novo aparelho no campo da inovação, pois nos tornamos 
convictos de que sem ele não podemos viver. Esse objeto de desejo nunca nos 
pertence, é desenvolvido por outro, cabe a nós encontrarmos formas de nos 
apossarmos dele. 
À luz destas discussões sobre a tecnologia para Álvaro Vieira Pinto, trazemos o 
artigo: Tecnologia,educação e tecnocentrismo: as contribuições de Álvaro Vieira Pinto, para 
alimentar seu entendimento.
DICAS
Ou disponível no link: <http://www.scielo.
br/pdf/rbeped/v94n238/a10v94n238.pdf>. 
Acesso em: 10 jul. 2017. 
UNIDADE 1 | NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE CONCEITOS DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI
14
Com base no que trazemos sobre a tecnologia na perspectiva de Álvaro Vieira 
Pinto (2005), buscaremos de agora em diante situar os desdobramentos da vida 
do homem, que esporadicamente ocorreram ao longo da história, e seus domínios 
tecnológicos serviram e servem como fonte de vida e bem-estar social, cultural e 
econômico. Vivemos numa aldeia global em que as tecnologias invadem nossas 
vidas, aumentam a nossa memória, garantem novas possibilidades de comunicar, 
pensar, expressar, viver o bem-estar, e fragilizam as capacidades naturais do ser 
humano, considerando as mudanças no modo de significar, utilizar e operar com 
os conceitos geográficos, em que a provisoriedade se torna um imperativo. Nesse 
contexto, é produtiva a possibilidade de se pensar o uso do conceito das tecnologias 
no sentido de práticas educativas no ensino de geografia capazes de se reconfigurar 
para atender às novas demandas que chegam ao espaço escolar. 
Estamos acostumados a viver confortavelmente com telefones digitais, carros 
modernos, água encanada, luz elétrica, sapatos, geladeira, entre outras tecnologias. 
Diferentemente dos nossos antepassados, não imaginamos viver sem elas, mas 
antigamente nossos antepassados viviam de uma forma totalmente diferente.
Você conseguiria viver sem as tecnologias hoje? 
Na Idade da Pedra, aproximadamente 1.000.000 de anos até 6.000 
anos, os homens que eram frágeis fisicamente diante de outros animais e das 
manifestações da natureza conseguiram garantir a sobrevivência da espécie e 
sua supremacia pela engenhosidade e astúcia com que dominavam o uso dos 
elementos da natureza. Os elementos como a água, o fogo, a madeira ou osso de 
um animal eram usados para matar, dominar ou afugentar os animais e outros 
humanos que não tinham os mesmos conhecimentos, habilidades e competências. 
Predominantemente, essa época é caracterizada pela caça, pesca, ferro, ouro e 
a conservação dos alimentos de formas naturais, tornando-se, assim, fontes 
tecnológicas de subsistência e força da vida humana (KENSKI, 2012).
Na passagem entre 6.000 anos a.C. até o século XVIII o homem, já assentado, 
organizado em guetos, grupos e tribos, cria tecnologias para a construção de 
ferramentas utilizando metais e cerâmicas diversas. Assim, dando abertura para 
o controle e domínio das técnicas de agricultura, a invenção da metalurgia, o uso 
amplo da roda, o arado, os moinhos, os sistemas de irrigação, o uso da energia 
gerada pelos animais domésticos. Como também, construía grandes obras 
públicas e meios de transporte coletivos para navegar por terra quanto pelo mar. 
Criava formas diferenciadas para obtenção de energia, tais como: carvão, gás, 
vapor e a eletricidade (RIEGLE, 2007).
Neste mesmo transcurso, as inovações tecnológicas foram sendo 
elaboradas, em prol do ataque e a dominação entre povos e territórios. A criação 
dos equipamentos mais potentes possibilitou espaço para a organização de 
exércitos que subjugaram outros povos por meio de guerras de conquista ou pelo 
domínio cultural. Um momento revolucionário deve ter ocorrido quando alguns 
TÓPICO 1 | AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM INTERFACE À SOCIEDADE GLOBAL 
CONTEMPORÂNEA
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grupos primitivos deixaram de lado os machados de madeira e pedras e passaram 
a utilizar lanças e setas de metal para confrontar e/ou guerrear. A utilização 
dos animas adestrados, especialmente cavalos, mudou a forma de realizar um 
combate. Assim, sucessivamente, com o uso de inovações tecnológicas cada vez 
mais poderosas, os homens buscavam aumentar seus domínios e acumular cada 
vez mais poder e riquezas (KENSKI, 2012). 
O desenvolvimento dessas tecnologias marcou a cultura e a forma de 
compreender a história de cada civilização e deu abertura para o desenvolvimento 
das tecnologias de informação e comunicação entre a passagem do século XVIII 
até o último quarto do século XIX. Nesta passagem a energia elétrica foi elemento 
essencial para o aprimoramento das tecnologias correlatas, como os aparelhos 
telefônicos, o rádio, a TV, os carros, os eletrodomésticos, entre outras tecnologias 
que facilitam a vida da humanidade. A evolução das tecnologias de comunicação 
e dos meios de transporte foi gradativamente nos libertando das limitações 
geográficas e temporais, acelerando cada vez mais os processos comunicacionais. 
Sobretudo, ampliaram as possibilidades de conexões com mais pessoas, em 
diversas localidades, de diversos ritmos e modos (GÓMEZ, 2015).
Notadamente, de 1975 até os dias atuais é marcada a fusão das 
telecomunicações analógicas com novas tecnologias digitais de informação e 
comunicação, possibilitando a veiculação, sob um mesmo suporte – computador, 
celular e internet – de diversas formatações de mensagens. Com base neste 
entendimento, Valente (2005) esclarece que as novas tecnologias são aquelas 
de natureza digital, em que há o registro da informação por meio de uma nova 
linguagem: a binária. No campo das antigas tecnologias, estariam aquelas de 
natureza diferente das digitais, as denominadas analógicas (GÓMEZ, 2015).
Ao refletirmos sobre tecnologia, Souza Neto (2015, p. 63) destaca um 
leque de possibilidades para demonstrar a polissemia que a categoria tecnologia 
possibilita conforme seu contexto, vertente e perspectiva de análise. Almeida (2007, 
p. 3) salienta que a tecnologia digital em si é como um conceito que consiste em 
mais de um significado conforme a realidade e a interpretação do autor, podendo 
ser compreendida como “artefato, cultura, atividade com determinado objetivo, 
processo de criação, conhecimento sobre uma técnica e seus respectivos processos”. 
À luz dos apontamentos do autor, a concepção de tecnologia digital se relaciona a 
diferentes interpretações, tais como o conceito de Cuban (2001), que compreende 
a natureza digital como um arranjo que integra os hardwares e softwares para 
decretar os diferentes termos relacionados às tecnologias, como recursos, aparatos, 
ferramenta, equipamento, dispositivo, artefato, instrumento etc. 
Kenski (2012, p. 25) assinala que as novas tecnologias, na atualidade, 
estão referidas, especialmente, “aos processos e produtos com os conhecimentos 
provenientes da eletrônica, da microeletrônica e das telecomunicações”. Segundo 
o posicionamento da autora, essas tecnologias caracterizam-se por serem 
evolutivas, isto é, estão em constante processo de transformação. E, sobretudo, 
UNIDADE 1 | NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE CONCEITOS DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI
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caracterizam-se por possuírem uma estrutura e/ou base imaterial, ou seja, não são 
tecnologias materializadas em máquinas e equipamentos. Seu principal lugar de 
ação é o virtual e sua principal matéria-prima é a informação. 
 Nesta perspectiva, Lemos (2010, p. 68) pontua que esta revolução digital 
implica, progressivamente, “a passagem da mass media (cujos símbolos são 
os a TV, o rádio, a impressora, o cinema) para as formas individualizadas de 
produção, difusão e estoque de informação”. Desse modo, o autor constata que as 
tecnologias devem ser consideradas em função da comunicação bidirecional entre 
grupos e indivíduos, escapando da difusão centralizada da informação massiva. 
Como características destas tecnologias aparecem as noções de interatividade 
e descentralização da informação, sendo seus representantes as multimídias, 
conhecidas em sua versão off-line (CD-ROM) e on-line (internet, com inúmeras 
particularidades: Web, WAP, chats, listas, newsgroups).
Fazendo referência ao processo de evolução das tecnologias digitais, cabe 
ressaltarmos que a peça principal que alavancou esse universo foia presença 
da internet, com ela passamos a mudar diferentes interações de comunicação. 
Tendenciosamente, podemos situar três ondas principais, como: Web 1.0, Web 
2.0 e Web 3.0, destas surgiram novas versões de web, possibilitando novas 
popularizações de fontes de comunicação e informação. Nesta empreitada, 
trazemos a autora Martha Gabriel (2013, p. 22, grifos do original), a qual elucida 
claramente as características dos usuários em cada fase da web: 
A web 1.0 é a estática, em que as pessoas apenas navegam e consomem 
informação. Ela foi predominante até o final do século XX; a web 2.0 é 
a web da participação, em que as pessoas usam a web como base para 
todo tipo de interação: blogs, vídeos, fotos, redes sociais. Ela funciona 
como uma plataforma participativa de serviços, por meio da qual 
não apenas se consomem conteúdos, mas principalmente se colocam 
conteúdos (como Twitter, Facebook, Linkedln etc.), são exemplos de 
ferramentas participativas da plataforma da web 2.0, que é também 
o que chamamos de computação na nuvem – os aplicativos (como 
Gmail, redes sociais etc.) ficam na internet (nuvem de computadores) 
e são acessados por meio de computadores como conexão on-line; a 
Web 3.0 é a participação de sensores do tipo RFID e móbile togs (como 
QRcodes, por exemplos), de forma que qualquer coisa poderá fazer 
parte da internet, não apenas documentos. Assim, pessoas, animais, 
objetos, lugares ou “absolutamente qualquer coisa” poderá ser parte 
da web (GABRIEL, 2013, p. 22). 
TÓPICO 1 | AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM INTERFACE À SOCIEDADE GLOBAL 
CONTEMPORÂNEA
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Neste contexto trazemos o vídeo “Conduzindo a Web ao seu potencial 
máximo”, abordado pela pesquisadora Martha Gabriel, a qual discute a evolução da Web de 
forma exponencial.
DICAS
Ou disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=i4GG4etWjR8>. Acesso em: 
10jul. 2017. 
Com base nesta nova conjuntura digital, Kenski (2012, p. 33) declara 
que as mudanças provocaram novos comportamentos de viver em sociedade 
e obter informações facilmente. No espaço digital congrega-se a computação 
(derivado da informática e suas aplicações), as comunicações (responsáveis 
pela transmissão, recepção de dados, imagens e sons) e demais tipos, formas 
e suportes em que encontramos os conteúdos, tais como: livros, filmes, fotos, 
música e textos. Sendo assim, é possível que essas informações sejam obtidas por 
meio da articulação dos aparelhos eletrônicos, ora celular, ora computador, ora 
televisão, ora satélite. Bem como é possível a comunicação em tempo real, isto 
é, a comunicação simultânea entre usuários que estejam em lugares diferentes, 
outras cidades e países e, até mesmo, viajando pelo espaço. 
Nesta linha de reflexão, Castell (2005, p. 23) vem contribuir sobre a 
forma de interação que acontece entre o indivíduo com a utilização variada das 
tecnologias digitais, tanto no espaço virtual e/ou em rede quanto presencial, por 
meio da utilização da popularidade dos meios de comunicação: 
[...] As novas formas de comunicação sem fios, desde o telefone móvel 
ao SMS, o WI-FI e o WIMAX, fazem manter substancialmente a 
sociabilidade, particularmente nos grupos mais jovens da população. 
A sociedade em rede é uma sociedade hipersocial, não uma sociedade 
de isolamento. [...] As pessoas integraram as tecnologias em suas vidas, 
ligando a realidade virtual com a virtualidade real, vivendo em várias 
formas tecnológicas de comunicação, articulando-as conforme as suas 
UNIDADE 1 | NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE CONCEITOS DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI
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necessidades. Contudo, existe uma enorme mudança na sociabilidade, 
que não é uma consequência da internet ou das novas tecnologias de 
comunicação, mas uma mudança que é totalmente suportada pela 
lógica própria das redes de comunicação (CASTELL, 2005, p. 23). 
A perspectiva em que vivemos atualmente é caracterizada, como defende 
Castell (2005), pela primazia do valor da informação sobre o valor das matérias-
primas, do trabalho e do esforço físico. É ilustrativo o exemplo oferecido por 
Riegle (2007, p. 15): “[...] no automóvel, protótipo da era industrial, 60% do custo 
é devido ao custo da matéria-prima e do trabalho físico que se dedica à sua 
produção. No entanto, no computador, protótipo da era da informação, apenas 
2% do custo deve ser creditado à matéria-prima e o trabalho físico empregado em 
sua produção”. 
Parece evidente que, na nova sociedade digital, o eixo da atenção econômica, 
política e social é transferido da gestão da matéria-prima para o gerenciamento 
da informação. Vivemos em um ambiente essencialmente simbólico, em que a 
economia contemporânea, o trabalho não qualificado e as matérias-primas deixaram 
de ocupar um papel tão estratégico como no passado. A crescente importância do 
setor de serviços exalta a extrema relevância da informação e do conhecimento de 
tal forma que se torna um elemento substancial da cultura atual. A distinta posição 
dos indivíduos no que diz respeito à informação define seu potencial produtivo, 
social, cultural, e até mesmo chega a determinar a exclusão social daqueles que não 
são capazes de compreendê-la e gerenciá-la (GÓMEZ, 2015). 
Nesta mesma direção, é importante enfatizarmos a relação do humano 
com a tecnologia de digitais. Certamente, as tecnologias exigem novas maneiras 
de convivência com o espaço virtual, novas leituras, escritas, aprendizagem e 
pensamento para evoluírem com ela. Nesta perspectiva, os motivos dessa nova 
forma de viver e relacionar se deram com o aprimoramento e aperfeiçoamento da 
hiperconexão e a proliferação de plataformas digitais, nas quais passaram a permitir 
ao humano transferir parte de si para o mundo digital, e assim, possibilitando um 
estado de viver constantemente em trânsito entre redes “on” e “off”-line. Martha 
Gabriel (2013, p. 58) destaca que somos seres humanos “cíbridos”, isto é, seres 
que se relacionam predominantemente com o espaço virtual 24 horas por dia, e, 
ao mesmo tempo, não conseguem deixar de estar conectados de alguma maneira 
com a rede. Em suma, a autora afirma que nessa dialética, dificilmente o ser 
humano vai conseguir apenas estar on-line ou apenas off-line, devido à proliferação 
de tecnologias que vêm sendo criadas exponencialmente e, assim, ampliando as 
possibilidades de interação e geração de fluxos de informações a cada dia. 
TÓPICO 1 | AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM INTERFACE À SOCIEDADE GLOBAL 
CONTEMPORÂNEA
19
Cíbrido: O conceito significa a relação híbrida entre o material e ciberespaço, 
ou seja, o homem acessar o espaço virtual por meio do computador (material).
NOTA
Dentro do contexto que estamos estudando, trazemos o vídeo social media 
revolution 2017, para você assistir e identificar as diferentes redes sociais que foram criadas 
para manter você on-line 24 horas por dia.
DICAS
 Ou disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=PkPrZbI5C3k>. Acesso em: 10 
jul. 2017.
Em razão dessa nova relação, alguns autores e cientistas, como Ray 
Kurweill e Lan Person, pontuam que o homem não morrerá mais, pois se tornará 
cada vez mais viável que o conteúdo formado pelas plataformas distribuídas em 
seu benefício sobreviva e, sobretudo, considera plausível que os seres humanos 
recriem o design computacional do cérebro em avançados computadores neurais. 
A partir da opinião de Lan Person, a autora Gabriel (2013, p. 59) pontua que “daqui 
a 10 anos os computadores terão a mesma velocidade que o cérebro humano, que 
em 20 anos terão a mesma inteligência que nós, e que poderemos nos conectar 
cada vez mais a eles em decorrência da nanotecnologia”. Neste mesmo sentido, 
Robinson (2011, p. 18) diz que:
UNIDADE 1 | NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE CONCEITOS DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI
20
[...] de alguma forma, os computadores em breve alcançarão 
a consciência humana, que até 2020 será possível comprarum 
computador pessoal com o mesmo poder de processamento do cérebro 
humano de um adulto, e que a interação da genética, da neurociência 
e da nanotecnologia permitirá o enriquecimento da nossa inteligência 
misturando fisicamente os artifícios da computação com o nosso cérebro. 
Por outro lado, como declaram repetidamente Thomas e Brown (2011), a 
tecnologia já não pode mais ser considerada apenas uma maneira de transpor a 
informação de um lugar para outro. Ela se converteu em um meio de participação, 
provocando a emergência de um ambiente que se modifica e se reconfigura 
constantemente em consequência da própria participação que nele ocorre, visto 
que o homem cria os softwares, as plataformas e as redes que possivelmente 
programam e configuram as suas próprias formas de vida (GÓMEZ, 2015). 
Evidenciamos que essa nova forma de viver, segundo Lyotard (2004), coloca 
que o grande desafio nosso é a tecnologia. Justamente pelo fato de conseguirmos 
acompanhar seus movimentos e adaptarmos as suas complexidades que os 
avanços tecnológicos nos impõem, freneticamente. 
Com base na discussão apresentada até então, cabe pensarmos o que a 
educação pode aproveitar das inovações, e ao mesmo tempo refletirmos as consequências 
dessas inovações no campo da educação, pelo fato dela ainda ser obsoleta.
IMPORTANT
E
O ser cíbrido influenciou fortemente em todos os campos da vida em 
sociedade e, especialmente, no campo da educação, acarretando inúmeras 
consequências para a educação. Segundo Martha Gabriel (2013), a educação 
precisa plenamente adequar as maneiras de ensino-aprendizagem às dimensões 
digitais ou em redes sociais, visto que os estudantes já os dominam. Neste caso, 
Gómez (2015) justifica dizendo que cada indivíduo está rodeado por diferentes 
telas de comunicação e navegação (redes sociais, e-mail, web, aplicativos, entre 
outros), que transitam durante o dia a dia. Cabe ainda ressaltar que a autora chama 
atenção que a educação necessita promover uma comunicação mais fragmentada, 
não linear e hipertextual, ao invés de uma educação/comunicação linearizada, na 
qual ainda a escola está assentada e/ou persiste. Além disso, esse processo requer 
de toda comunidade escolar profissionais mais sofisticados e qualificados que 
consigam atuar no espaço tecnológico que se apresenta, produzindo, articulando 
e conectando conteúdos adequados para cada ferramenta tecnológica. 
Por outro lado, as tecnologias digitais trouxeram mudanças férteis para o 
cenário da educação, como a popularização de tecnologias em favor da transposição 
do conhecimento, tais como: vídeos, programas educativos na televisão, games, 
TÓPICO 1 | AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM INTERFACE À SOCIEDADE GLOBAL 
CONTEMPORÂNEA
21
computador, sites educacionais, aplicativos e softwares diferenciados que mudam 
a realidade convencional e redes sociais que dinamizam o ambiente de ensino-
aprendizagem, em que antigamente predominavam o quadro, o giz, o livro e a 
voz do professor (KENSKI, 2012). 
Nesse sentido, podemos pensar o uso dessas tecnologias para a disciplina 
de Geografia, tanto na disseminação dos conteúdos e conceitos geográficos quanto 
na reconfiguração de diferentes linguagens para diferentes contextos geográficos. 
Certamente, a presença da tecnologia no ensino e aprendizagem permite um 
maior movimento dialógico entre o aluno, o professor, o conteúdo e o mundo, 
possibilitando que os aprendizes observem, interajam, pesquisem e critiquem o 
mundo em seu entorno no sentido de melhoria e qualidade de vida (GIODANI; 
TONINI, 2015).
A geografia só tem a ganhar com a inserção do uso das tecnologias, 
pois ensinar geografia com a presença das tecnologias faz com que o aluno 
compreenda as conexões do mundo dos mapas em diferentes escalas geográficas, 
interpretando, analisando e observando os diferentes lugares, como vivem, se 
vivem e até mesmo perceberem a geografia do lugar, seus costumes, culturas, 
fenômenos geográficos, a população, o território urbanizado e muitas outras 
coisas que competem à geografia (GIODANI; TONINI, 2015). 
É importante ressaltarmos, nesse contexto, que no desenho destas 
transformações tecnológicas também se reconfigura a base de uma nova 
linguagem digital, denominada por hipertextos e hipermídia. Essas formas 
definem a maneira como lemos e acessamos as informações. Kenski (2012) define 
o hipertexto como uma espécie de exploração e navegação na rede para encontrar 
a informação desejada; por sua vez, não permite o sujeito alterar o texto e/ou a 
informação, mas apenas ler, ou seja, esta estrutura permite que você adentre em 
diferentes dados e encontre em algum lugar a informação de que precisa, exceto 
pesquisas em fotos, vídeos e sons. Por outro lado, a hipermídia “são mídias” que 
possibilitam a interferência do sujeito. Isto é, refere-se à pesquisa em documentos 
que permitem ao pesquisador ou navegador interferir e/ou construir, neste caso, 
um texto, jogar em um aplicativo. 
 
Para tanto, diante de tudo o que abordamos aqui, podemos compreender 
que a tecnologia engloba todos os aspectos culturais, econômicos, sociais, 
políticos da vida em sociedade. A tecnologia é a representação da técnica, ora por 
artefatos, ora por ferramentas e ora por instrumentos. Diante disso, percebemos 
que ao longo da história da humanidade encontramos diferentes fases que 
delinearam suas formas de sobrevivência tecnológica, tais como: era primitiva, 
baseada por instrumentos analógicos criados pelos povos e sociedades; era da 
agricultura, denominada pela energia motriz e força humana; era das tecnologias 
de comunicação, na qual predominou a energia elétrica; e a era digital, marcada 
pelas inovações tecnológicas à luz da rede e da informação. 
UNIDADE 1 | NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE CONCEITOS DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI
22
Para o seu melhor entendimento, situamos uma entrevista em que Lan Pearson 
fala sobre as previsões da vida humana relacionadas à tecnologia para os próximos 20 anos.
DICAS
Ou disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=Ac0SaG0qsk8>. Acesso em: 10 
jul. 2017.
TÓPICO 1 | AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM INTERFACE À SOCIEDADE GLOBAL 
CONTEMPORÂNEA
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LEITURA COMPLEMENTAR
Meio técnico científi co informacional
Milton Santos
O geógrafo Milton Santos deixou, como um dos seus principais legados 
teóricos, a noção de Meio técnico-científi co-informacional, que corresponde 
à evolução dos processos de produção e reprodução do meio geográfi co. Para 
compreender o seu conceito, é necessário entender a evolução das transformações 
do espaço, que vão desde o meio natural, passando pelo meio técnico, até 
chegar ao período atual, em que há uma maior inserção das ciências e do meio 
informacional sobre as formas com que as produções espaciais ocorrem. 
Portanto, as três etapas mencionadas (meio natural, meio técnico e meio 
técnico-científi co-informacional) formam uma periodização do meio geográfi co, 
conforme a sua apropriação pelas atividades humanas. Assim, estabelece-se uma 
melhor noção das relações entre natureza e sociedade ao longo do tempo.
O meio natural corresponde ao período em que o emprego das técnicas 
esteve diretamente vinculado à dependência sobre a natureza, da qual o 
homem fazia uso sem propiciar grandiosas transformações. Assim, as ações de 
interferência sobre o meio eram, sobretudo, locais, e a participação das atividades 
antrópicas, bem como as suas transformações, era limitada pela harmonização e 
preservação da própria natureza.
Milton Santos utilizou como exemplos do conceito de meio natural as 
técnicas de pousio, rotação de culturas e agricultura itinerante, em que o uso 
do solo limitava-se à sua preservação para manter um equilíbrio entre uso e 
preservação da natureza.
FONTE: Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografi a/meio-tecnicocientifi -
coinformacional.htm>. Acesso em: 10 jul. 2017. 
24
 Neste tópico, vocêaprendeu que:
• O conceito de técnica, nomeadamente, diz respeito ao conhecimento, significado 
e importância a partir dos estudos teóricos de Álvaro Vieira Pinto. 
• A técnica é ação e o conhecimento que o homem detém e exerce em prol de sua 
existência humana. Ao longo do tempo o homem foi constituindo diferentes 
técnicas a partir do seu conhecimento e aprimoramento técnico, por exemplo, 
a pesca e caça à base de utensílios extraídos da natureza. 
• O conceito de tecnologia como conhecimento enquanto ferramenta para ser 
utilizada em favor da vida da humanidade. 
• A tecnologia é uma representação material ou virtual daquilo que o homem 
desenvolveu através de suas habilidades e competências técnicas. 
• A tecnologia para o ensino de geografia só tem a somar saldos positivos, pois 
por meio dela é possível conhecer o mundo para além do livro didático e, 
sobretudo, permite que o aluno vivencie novas maneiras de relações sociais e 
culturais tanto na região em que está inserido quanto de outros lugares.
RESUMO DO TÓPICO 1
25
AUTOATIVIDADE
1 Algumas técnicas são simples e de fácil aprendizado. São 
transmitidas de geração em geração e se incorporam aos 
costumes e hábitos sociais de um determinado grupo de 
pessoas. As técnicas voltadas para algumas atividades 
profissionais, como a pesca, a produção de alimentos ou a 
elaboração de alguns tipos de atividades artesanais, variam entre os povos 
e identificam uma determinada cultura. A partir deste entendimento, 
disserte sobre o que é técnica. 
2 A técnica reflete no interior da disciplina de Geografia 
por meio das habilidades e competências do professor na 
transposição e mobilização dos conhecimentos geográficos. 
E, ainda, no domínio do processo de navegação das telas 
eletrônicas para produzir, não somente no ensinar e aprender 
geografia, mas também contribuir na produção do pensamento do aluno 
frente às questões geopolíticas, socioeconômicas e culturais. A partir do 
que foi discutido, entendemos que a tecnologia está ligada à técnica. Desse 
modo, destaque de forma clara e objetiva o conceito de tecnologia à luz do 
que foi apresentado. 
3 Tendo como referência as colocações feitas no texto, 
reconheça nas alternativas quais as possibilidades de uso das 
tecnologias no ensino de geografia e classifique as afirmações 
em verdadeiras e as falsas.
 
( ) O uso dessas tecnologias para a disciplina de Geografia, tanto na 
disseminação dos conteúdos e conceitos geográficos quanto na 
reconfiguração de diferentes linguagens para diferentes contextos 
geográficos.
( ) O uso permite um maior movimento dialógico entre o aluno, o professor, 
o conteúdo e o mundo, assim possibilitando que os aprendizes observem, 
interajam, pesquisem e critiquem o mundo em seu entorno no sentido de 
melhoria e qualidade de vida.
( ) O uso não permite nenhuma relação geográfica com outras escalas 
geográficas.
( ) O uso permite que o ensino seja linear e só é possível criar relações do 
lugar de onde morar com a cidade vizinha.
( ) O uso das tecnologias faz com que o aluno compreenda as conexões 
do mundo dos mapas em diferentes escalas geográficas, interpretando, 
analisando e observando os diferentes lugares, como vivem, se vivem 
e até mesmo perceberem a geografia do lugar, seus costumes, culturas, 
fenômenos geográficos, a população, o território urbanizado e muitas 
outras coisas que competem à geografia.
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TÓPICO 2
NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE 
CONCEITOS DAS TDIC
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea está diante de transformações paradigmáticas 
que atingem a todas as atividades da vida da humanidade, ora na política, ora na 
economia, ora na educação, ora na saúde, ora no lazer, ora na vida do trabalho 
e em todas as áreas das relações socieambientais que integram os indivíduos e a 
sociedade. Essas mudanças ocorrem em função do acelerado desenvolvimento 
científico e tecnológico, que tem mudado as relações, os costumes, alterando 
o comportamento, modificando os valores e, principalmente, ocasionando, 
exigindo e incorporando novos profissionais para atender as demandas em todos 
os aspectos da vida em sociedade. 
Convictos com essas mudanças significativas no espaço geográfico, a 
tecnologia traz consigo um amontoado de conceitos, significados e matizes que 
constituem tanto como ciência do conhecimento quanto recurso para auxiliar 
no processo pedagógico. Para entender como esses conceitos se materializam 
e/ou navegam dentro do universo das tecnologias digitais, faz-se necessário 
revisitarmos os conceitos de Ciberespaço, Cibercultura, Mídia, Cultura 
Digital, Virtual, Virtualidade, Hipermídia e Hipertexto com a finalidade de 
apreendermos seus conhecimentos e característica. Mediante esse entendimento, 
pretendemos relacionar em alguns momentos o ensino de geografia. 
2 CIBERESPAÇO 
FIGURA 2 - REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO INFORMATIZADO 
FONTE: Disponível em: <http://pibid-filosofia-ufrrj.blogspot.com.
br/2011/03/ciberespaco-e-informacao.html>. Acesso em: 20 jul. 2017.
UNIDADE 1 | NAVEGANDO ENTRE NÓS E NEXOS DE CONCEITOS DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI
28
Vivemos hoje o que Bauman (2007) aponta como uma vida líquida, onde 
a efemeridade, a fluidez e a volatilidade são basicamente intrínsecas a qualquer 
ato, pensamento ou sentimento. Essa nova configuração de nosso viver é fruto 
das intensas transformações que nos são apresentadas nos novos espaços e 
tempos contemporâneos. Uma das grandes responsáveis pela consolidação 
dessa mudança, ao mesmo tempo em que pode ser considerada também uma 
consequência e/ou um produto de tais transformações, é a ascensão da rede 
mundial de computadores, comumente denominada internet. Com ela também 
se origina o ciberespaço, um novo e diferente mundo virtual, ainda que sua 
vinculação com o mundo dito real seja mais restrita do que inicialmente possa 
parecer, pois as pessoas, os grupos, as tribos, as ideologias, os pensamentos e 
conhecimentos que nela transitam apresentam sua gênese fora da internet. 
Dito de outra maneira, no contexto das Tecnologias Digitais de Informação 
e Comunicação nos deparamos com novas maneiras de comunicar, relacionar e 
socializar nesses novos tempos e espaços globalizantes. Essas novas formas de 
relações sociais definem uma nova cultura, nomeada cibercultura, dentro do 
espaço digital conhecido como ciberespaço. Segundo Lévy (2000), com os avanços 
tecnológicos das telecomunicações, em especial o aparecimento da internet, as 
relações se estabelecem sobre diferentes demandas de aprendizagem, de práticas, 
de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente 
com o crescimento do ciberespaço. Neste sentido, estaríamos passando por um 
processo de universalização da cibercultura, na medida em que estamos dia a dia 
mais imersos nas novas relações de comunicação e produção de conhecimento 
que ela nos oferece.
O que é ciberespaço e cibercultura? 
O termo “ciberespaço”, segundo Serra (1995), etimologicamente é formado 
a partir do cyber (que significa “homem do leme”, “piloto”, e que também integra o 
termo “Cibernético”, que designa o “estudo dos mecanismos de controle animal e 
na máquina”) e de espaço – que dá, desde logo, a ideia de cyberspace como “espaço 
controle”. Sendo assim, o ciberespaço constitui o espaço de comunicação aberto 
pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores, 
possibilitando o acesso à distância aos diversos recursos de um computador. O 
termo especifica não apenas a infraestrutura material de comunicação digital, 
mas também “o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como 
seres humanos que navegam e alimentam esse universo” (LÉVY, 2000, p. 17). 
O ciberespaço “é um espaço não físico ou territorial, que se compõe de um 
conjunto de redes de computadores através das quais todas as informações [...] 
circulam” (LÉVY, 2000, p. 87). Compreendemos que é nesse território virtual que 
a maior

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