Prévia do material em texto
AN02FREV001/REV 4.0 18 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE FÍSICA QUÂNTICA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 19 CURSO DE FÍSICA QUÂNTICA MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 20 MÓDULO II 2 SIMETRIAS E GRUPOS DE LORENTZ E POINCARÉ Vamos iniciar o Módulo II mostrando a busca incessante das simetrias. FIGURA 3 - SIMETRIAS FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_do_caos>. Acesso em: 13 maio 2013, 12:00:00. Definimos simetria quando um sistema físico sofre mudanças e permanece inalterado. Mudança de sistema: operação ou transformação de simetria. Sistema inalterado: invariante sob esta transformação. AN02FREV001/REV 4.0 21 2.1 EXEMPLOS DE SIMETRIA FIGURA 4 - BORBOLETA FONTE: Disponível em: <http://www.minirecados.com/imagens_de_borboleta/>. Acesso em: 10 maio 2013, 02:00:00. FIGURA 5 - CORPO HUMANO FONTE: Disponível em: <http://www.grupoescolar.com/pesquisa/leonardo-da-vinci-1452--1519.html>. Acesso em: 15 maio 2013, 03:00:00. AN02FREV001/REV 4.0 22 FIGURA 6 - SIMETRIA FONTE: Disponível em: <http://umlar.blogspot.com.br/2009_01_01_archive.html>. Acesso em 15 maio 2013, 02:00:00. Perceba que temos vários tipos de simetria, por exemplo, a figura a seguir. FIGURA 7 - TIPOS DE SIMETRIAS FONTE: Disponível em: <http://www.lambrequim.net/textos.php?textos09>. Acesso em: 13 maio 2013, 12:00:00. http://www.lambrequim.net/textos.php?textos09 AN02FREV001/REV 4.0 23 2.2 EVOLUÇÃO DO ESTUDO DAS SIMETRIAS Conforme o site Sprace: 1956: Johannes Kepler. Em Mysterium Cosmographicum sugere que as órbitas dos planetas fossem definidas pelos sólidos platônicos. 1600 até 1800 Vários trabalhos sobre simetria dos cristais. 1687: Newton Em Principia, estabelece a lei da conservação do momento (homogeneidade do espaço). 1860: Pasteur Descobriu ligação entre ótica e estrutura das moléculas. 1878: Cayley Formulou o conceito abstrato de grupo. 1893: Sophus Lie e Fredrick Engel Publicaram a Theorie der Transformations. 1886: Fitzgerald, Lorentz, Larmor e Poincaré. Criam as transformações de Lorentz (deixam as equações de Maxwell invariante). 1905: Einstein Cria a Teoria da Relatividade Especial. 1918: Emmy Noether Prova que as simetrias estão relacionadas com as Leis de conservação. 1918: Hermann Weyl Discute a teoria de unificação clássica – inclui a invariância de gauge que estabelece a conservação da carga elétrica. 1927: Fritz London e Weyl Incluem transformação de gauge na teoria quântica. 1929: Hans Bethe Cria a separação dos níveis atômicos que vem da simetria dos cristais 1930: Eugene Wigner Discute os efeitos da simetria das configurações moleculares – espectro de vibração. 1931: Linus Pauling Inclui a simetria dos orbitais nas ligações químicas. 1935: V. Fock Usa a simetria para estudar o espectro do átomo de hidrogênio. 1936: Werner Heisenberg Estuda partículas e antipartículas. 1939: Eugene Wigner Estabelece a classificação de todas as equações de onda relativista. 1954: C.N.Yang e Millis Criam as transformações locais de isospin como simetrias internas. 1956:C.N.Yang e T.D;Lee Dizem: interações fracas quebram a paridade. 1959: Heisenberg, Goldstone e Nambu. Sugiram que estado de baixa simetria possa quebrar simetria. 1961 :Murray Gell-Mann e Yuval Neeman Propõe os quarks – um novo conjunto de partículas. 1964: J.W.Cronin e W.L.Fitch AN02FREV001/REV 4.0 24 Demonstra que as interações fracas podem quebrar a conjugação de carga e paridade. 1968: S. L. Glashow, S. Weinberg e A. Salam. Definem que as interações eletro fracas podem ser escritas usando teoria do grupo SU (2) X U (1). (Disponível em: <http://www.sprace.org.br/novaes/files/file/documents/100Anos.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2013, 14:00:00.) Dizemos que um objeto é simétrico se pudermos fazer certa transformação e ele permanecer invariável. Em 1934, Amália Noether postulou o seguinte teorema: “A toda simetria deve corresponder uma lei de conservação. A toda Lei de Conservação deve corresponder uma simetria continua.” 2.3 ÁLGEBRA DE LIE Grupo é uma estrutura algébrica (G,*). Tem que satisfazer às seguintes propriedades: a operação * tem identidade G; a operação é associativa; todos os elementos de G são invertíveis. QUADRO 1 - GRUPO DE LIE FONTE: Disponível em: <http://www.powershow.com/view1/56637- NmMwY/Lie_Algebras_and_their_Representations_powerpoint_ppt_presentation>. Acesso em: 14 jun. 2013, 13:00:00. AN02FREV001/REV 4.0 25 QUADRO 2 - EXEMPLOS DE GRUPOS DE LIE FONTE: Disponível em: <http://www.powershow.com/view1/56637- NmMwY/Lie_Algebras_and_their_Representations_powerpoint_ppt_presentation>. Acesso em: 1 maio 2013, 03:00:00. 2.4 TRANSFORMAÇÕES A adesão de Einstein à concepção atômico-molecular foi de tal forma convicta, que se propôs aplicá-la à própria luz. Foi o que fez no artigo intitulado “Sobre um ponto de vista heurístico a respeito da produção e transformação da luz”. Vale a pena transcrever alguns trechos da curta introdução de Einstein a este seu artigo (disponibilizado no site da Universidade Federal de Santa Catarina): Há uma profunda diferença formal entre os conceitos teóricos que os físicos formaram a respeito dos gases e de outros corpos ponderáveis e a teoria de Maxwell dos processos eletromagnéticos no assim chamado espaço vazio. De acordo com a teoria de Maxwell, a energia é considerada uma função espacial contínua para todos os fenômenos puramente eletromagnéticos, e, portanto, também para a luz, enquanto, de acordo com o ponto de vista atual dos físicos, a energia de um corpo ponderável deve ser representada AN02FREV001/REV 4.0 26 como uma soma sobre os átomos e elétrons. A energia de um corpo ponderável não pode ser dividida em um número arbitrariamente grande de partes arbitrariamente pequenas, mas, de acordo com a Teoria de Maxwell, [...] a energia de um raio de luz, emitido de uma fonte puntiforme, espalha- se continuamente sobre um volume sempre. crescente. De acordo com a hipótese aqui considerada, na propagação de um raio de luz emitido por uma fonte puntiforme, a energia não é continuamente distribuída sobre volumes cada vez maiores de espaço, mas consiste em um número finito de quanta de energia, localizados em pontos do espaço, que se movem sem se dividir e que podem ser absorvidos ou gerados somente como unidades integrais. A teoria ondulatória da luz [...] provou-se sobremaneira adequada. Na descrição de fenômenos puramente ópticos e provavelmente nunca será substituída por outra teoria. (Disponível em: <http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/22-2/artpdf/a1.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2013, 14:00:00.) 2.5 MECÂNICA QUÂNTICA RELATIVISTA O estado de um sistema mecânico em um determinado momento na física clássica pode ser entendido se construirmos um sistema de referência. Se conhecermos as massas das partículas e examinarmos todas as forças que agem sobre elas, as equações de Newton podem ser usadas com sucesso para chegar a alguns resultados. Frequentemente é desejável que, após o cálculo, especifiquemos o estado do sistema que esteja transladando,em relação ao primeiro referencial, com velocidade constante. Podemos interrogar: Como transformar a nossa descrição do sistema referencial antigo para o novo? E o que acontecerá com as equações já determinadas? Vamos detalhar... Einstein estava desorientado, pois as Leis de Newton eram independentes do estado de movimento do observador. Já as Leis de Maxwell não eram independentes. As Leis de Newton sugerem que não existem coisas como, por exemplo, movimento absoluto, apenas importando o movimento relativo. As de Maxwell sugeriam que o movimento era absoluto. AN02FREV001/REV 4.0 27 Com 26 anos de idade, Einstein mostrou que as leis poderiam ser interpretadas como independente do estado de movimento de um observador, desde que fosse feita uma revolução total na maneira de conhecer espaço e tempo. O movimento é relativo, pois depende do referencial adotado. Chamamos de sistema de referência o local a partir do qual o movimento é observado e medido. 2.5.1 O experimento de Michelson-Morley Existe algum sistema de referência que esteja em repouso? Michelson e Morley tentaram, em 1887, responder a esta pergunta. A luz caminha como onda – a vibração desta onda gerou a presença de um espaço denominado Éter. Eles usaram um interferômetro muito sensível. Nele, um feixe de luz monocromático era dividido em dois, seguindo caminhos em ângulo reto um com outro. O interferômetro foi colocado de forma que um dos caminhos fosse paralelo ao movimento de órbita da Terra. Este fato se tornou intrigante até que o físico G. F. Fitz Gerald propôs o encurtamento na direção em que estava se movendo. O valor do encurtamento foi obtido por Lorentz: 1-v2/ c2 AN02FREV001/REV 4.0 28 2.6 EQUAÇÕES DE KLEIN-GORDON A equação de Klein-Gordon é de segunda ordem no tempo. Ela cria dificuldades com o postulado básico da Mecânica Quântica, que diz que o estado de um sistema está completamente determinado se se conhece a função de onda em um instante qualquer. Além disso, a conservação da probabilidade, expressa pela equação da continuidade é satisfeita para AN02FREV001/REV 4.0 29 2.7 O PARADOXO DE KLEIN: EQUAÇÃO DE DIRAC QUADRO 3 - O PARADOXO DE KLEIN: EQUAÇÃO DE DIRAC Procura-se: equação relativista de primeira ordem no tempo. Uma expressão geral é: onde , , e são matrizes quadradas 4x4, e é uma matriz coluna de 4 elementos. Exemplo: Em termos dos elementos de matriz a equação é: AN02FREV001/REV 4.0 30 Todos os elementos das 's e de devem ainda ser determinados. Para isso vamos impor a condição que, para cada componente , valha a equação de Klein-Gordon, ou seja, Interpretação probabilística Preliminarmente precisamos de uma interpretação probabilística. Gostaríamos de ter por ser esta uma quantidade positiva e que generaliza o da teoria de Schroedinger. Como (se a integral é sobre todo o espaço), teremos ·. Da equação de Dirac se tira AN02FREV001/REV 4.0 31 Inserindo esta na penúltima, ou seja, e as 's são hermiteanas. Mais precisamente, temos que, com onde é o ``vetor'' de componentes , vale Determinação das matrizes de Dirac Reescrevendo a equação de Dirac como ( 866) (onde o primeiro termo representa uma soma sobre ) e multiplicado à esquerda pelo operador AN02FREV001/REV 4.0 32 temos, após alguns cancelamentos, Para que isto se reduza a devemos ter: Uma solução para essas equações pode ser construída da seguinte maneira: sejam AN02FREV001/REV 4.0 33 As matrizes de Dirac são matrizes 4x4 definidas, em termos das anteriores, assim: ou, mais explicitamente, e assim por diante. Formulação covariante da equação de Dirac Queremos colocar a equação de Dirac numa forma em que o tempo e as coordenadas apareçam simetricamente. Notação: Assim, o invariante relativístico é escrito , ou , que é a mesma coisa que AN02FREV001/REV 4.0 34 A equação de Dirac é: onde é uma abreviação para Multiplicando a equação de Dirac à esquerda por e introduzindo a notação para , temos ou AN02FREV001/REV 4.0 35 com Corrente de Probabilidade Seja uma solução da equação de Dirac. Definindo Então se obtém, da equação de Dirac, O quadrivetor densidade de corrente de probabilidade, é tal que que é a forma 4-dimensional da equação da continuidade. Soluções especiais: partícula em repouso Para uma partícula em repouso, onde é o operador ``componente do momento ''. Equivalentemente, AN02FREV001/REV 4.0 36 para . Logo, para a partícula em repouso, Com isso, a equação de Dirac fica: Explicitamente, temos Autoestados da energia têm a forma Logo, para essas funções, Cancelando as exponenciais reduz-se a AN02FREV001/REV 4.0 37 Logo, ou seja, as soluções são Todas estas podem ser escritas como combinações lineares de e Soluções de energia negativa Surpreendentemente, porém, a equação admite a classe de soluções AN02FREV001/REV 4.0 38 como se verifica facilmente. Logo, temos ainda como soluções as combinações lineares e Note que se trata de soluções correspondentes a partículas livres e em repouso. Além das soluções esperadas, com energia , encontramos outras, totalmente inesperadas, com energia de repouso dada por ! Interação com o campo eletromagnético Usando, na equação de Dirac o acoplamento mínimo, (veja <http://fma.if.usp.br/~fleming/eletromag/index.html>). AN02FREV001/REV 4.0 39 Como obtém-se: A antimatéria A proposta de Dirac para resolver o problema dos estados de energia negativa é: “Todos os estados de energia negativa estão preenchidos, e esta situação é o que chamamos vácuo. Isto faz sentido porque os elétrons são férmions, e, como se sabe, só cabe um férmion em cada estado.” Vivemos no meio dos estados de energia negativa, mas não os vemos. No entanto, quando um desses elétrons de energia negativa recebe energia suficiente para pular para um estado de energia positiva (esta energia é, no mínimo, ), deixa, no mar de estados de energia negativa'' um buraco, e este é observado (como uma partícula de energia positiva e carga positiva, isto é, oposta à do elétron). Logo, quando um elétron de energia negativa pula para um estado de energia positiva, aparecem duas coisas: o próprio elétron, agora “visível”, e o buraco: chama-se isso de produção de um par elétron-pósitron. O buraco deixado pelo elétron é um pósitron, o primeiro exemplo de antimatéria. As soluções de onda plana Estas soluções, que são estados de momento e energia definidos e arbitrários, podem ser obtidas das de repouso por transformações de Lorentz. Vamos nos limitar a apresentar uma tabela delas. É um exercício simples AN02FREV001/REV 4.0 40 verificar que as expressões a seguir efetivamente satisfazem as equações de Dirac. Energia positiva: Energia negativa: AN02FREV001/REV 4.0 41 A função de onda do buraco Dada à equação ( 867) queremos mostrar que, para cada que a resolve, existe uma que é solução de: com a propriedade onde é antiunitário35. Vamos determinar . Tomando o complexo- conjugado da equação de Dirac, temos Aplicando à esquerda, termo a termo, tomandoo complexo conjugado e aplicando, à esquerda, , obtemos Para que esta equação reproduza Eq devemos ter http://efisica.if.usp.br/moderna/mq/apendice_1/ AN02FREV001/REV 4.0 42 A solução é com . Logo, Exemplo: e Assim, dada uma solução de energia negativa , é uma solução de energia , positiva, de momento , carga e spin no sentido oposto. Trata-se do buraco, que é um pósitron. Henrique Fleming 2003. FONTE: Disponível em <http://efisica.if.usp.br/moderna/mq/apendice_1/> Acesso em: 29 ago. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 43 Aprimorando os conhecimentos: No início do século, Rayleigh (e também Jeans) fez o cálculo da densidade de energia da radiação de cavidade (corpo negro). Ele mostrou uma grande distorção entre a física clássica e o resultado experimental. Este cálculo é análogo ao dos calores específicos dos sólidos. Durante nossos estudos, a palavra coordenada é usada significando qualquer quantidade que descreva a condição instantânea do ente. A energia do ente que obedece ao postulado de Planck é denominada quantizada. Os estados de energia possíveis são ditos estados quânticos e o inteiro é denominado número quântico. Três processos (efeito fotoelétrico, efeito Compton e a produção de pares) envolvem o espelhamento ou a radiação pela matéria. Em 1886, Heinrich Hertz, por meio de experiências, confirmou a existência de ondas eletromagnéticas. Hertz descobriu que uma descarga elétrica entre dois eletrodos ocorre mais facilmente quando incidir sobre eles uma luz violeta. A emissão de elétrons de uma superfície, devida à incidência de luz na superfície é denominada efeito fotoelétrico. Einstein propôs que a energia radiante está quantizada em pacotes concentrados – fótons. Em 1921, Einstein recebeu o Prêmio Nobel por ter previsto teoricamente a lei do efeito fotoelétrico. A natureza corpuscular da radiação foi confirmada em 1923, por Compton. O processo de espelhamento dos fótons no qual não há mudança em seu comprimento de onda é denominado espelhamento de Thomson. Os raios X, descobertos por Roentgen, são radiações eletromagnéticas com comprimento de onda menor que 1,0 A. O processo de bremsstrahlung ocorre não só nos tubos de raios X, mas sempre que elétrons rápidos colidem com a matéria. Exemplo: os raios cósmicos nos anéis de Van Allen que envolve a Terra. Bremsstrahlung pode ser considerado como um efeito fotoelétrico às avessas. AN02FREV001/REV 4.0 44 Bremsstrahlung: Brems = frenagem, desaceleração. Strahlung = radiação. No processo de produção de pares, os fótons perdem sua energia na interação com a matéria. FIM DO MÓDULO II