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Câncer Gástrico Epidemiologia: 2° causa de morte por câncer no mundo, apesar de não ser a neoplasia mais frequente; Japão – maior incidência e também mais detecção precoce; Incidência de eleva com a idade tendo pico aos 70 anos; 65% são diagnosticados após os 50 anos. ❖ No Brasil, a detecção precoce muitas vezes é acidental durante uma endoscopia solicitada para investigar alguma outra condição; ❖ Muitas vezes a neoplasia gástrica é diagnosticada em estado já bem avançado. História Clínica: Fatores de risco: ❖ Nutricional: ❖ Baixa ingestão de gordura e proteínas; ❖ Alta ingestão de carne e peixe salgados; ❖ Muito consumo de nitratos; ❖ Elevado consumo de carboidratos; ❖ Obesidade. ❖ Ambiental: ❖ Preparação inadequada de alimentos; ❖ Má conservação de alimentos; ❖ Água inadequada. ❖ Social: ❖ Classe econômica baixa; ❖ Tabagismo; ❖ Masculino. ❖ Condições clínicas: ❖ H. Pylori - 63%; ❖ Cirurgia gástrica prévia; ❖ Gastrite atrófica; ❖ Pólipo adenomatoso; ❖ Esôfago de Barrett; ❖ Sangue tipo A; ❖ Anemia perniciosa. Medidas de prevenção: ❖ Dieta balanceada (vegetais crus, alimentos ricos em fibras, frutas cítricas); ❖ Vitamina A e C: evitam conversão de nitritos em nitrosaminas; ❖ Combate ao tabagismo e álcool; ❖ Evitar defumados, enlatados e salgados; ❖ Conservar melhor alimentos na geladeira; ❖ Evitar água com alto teor de nitratos. Localização Anatômica: Regiões anatômicas do estômago: cardia, fundo, corpo, antro e piloro; ❖ Cardia: transição esofagogástrica; ❖ Piloro: transição gastroduodenal. Tumores podem se desenvolver em qualquer região anatômica do estômago -> muda a conduta terapêutica; ❖ Mais comum: região mais distal do estômago = antro-pilórico; ❖ No corpo: muitas vezes é necessário gastrectomia total; ❖ Na cardia: boa resposta em tratamento não cirúrgico / tratamento sistêmico ou possibilidade de cirurgias menos agressivas como gastrectomias parciais. Tumor de antro é o mais frequente, mas sua incidência vem diminuindo; ❖ Diminuição relacionada ao tratamento de H. Pylori. Aumento na incidência de tumores de cardia, relacionado a alto consumo de bebida alcoólica e tabagismo. Patologia: Tipos histopatológicos: ❖ Adenocarcinoma; ❖ Linfoma; ❖ Sarcoma, carcinoide, epidermóide, GIST (tumor estromal). Classificações: Classificação endoscópica / de Bormann: ❖ Se baseia na apresentação macroscópica do câncer gástrico quando visualizado em endoscopia digestiva; ❖ Bormann I: lesão polipoide ou vegetante, bem delimitada; ❖ Melhor prognóstico. ❖ Bormann II: lesão ulcerada, bem delimitada, de bordas elevadas; ❖ Bormann III: lesão ulcerada, infiltrativa e parte ou em todas as suas bordas; ❖ Bormann IV / linite plástica gástrica: lesão difusamente infiltrativa, não sendo possível estabelecer limites entre tumor e mucosa normal. Classificação histológica de Lauren: Tipo Intestinal Tipo Difuso Fator ambiental Fator familiar Homem > Mulher Mulher > Homem Disseminação hematogênica Disseminação transmural e linfática Atrofia gástrica e metaplasia intestinal, formação glandular Pouco diferenciado, células em anel de sinete Incidência se eleva com a idade Tipo sanguíneo A Melhor prognóstico Pior prognóstico Diferenciação celular: ❖ Bem diferenciado -> melhor prognóstico; ❖ Anaplásico (mal diferenciado = anarquia arquitetural do tecido) -> pior prognóstico. Momento do diagnóstico: ❖ Câncer avançado: geralmente diagnóstico tardio (maior parte dos casos no Brasil); ❖ Profundidade de invasão ultrapassa a submucosa, podendo invadir estruturas adjacentes. ❖ Câncer precoce: diagnóstico feito ainda em fase inicial = melhor prognóstico. ❖ Profundidade de invasão está limitado à mucosa ou submucosa; ❖ Ressecção endoscópica pode funcionar como terapia curativa -> necessidade de intervenções menos agressivas. Disseminação tumoral: ❖ Via linfática (+ frequente); ❖ Via celômica ou peritoneal -> profundidade de invasão ultrapassando a serosa -> células tumorais alcançam a cavidade peritoneal onde se proliferam; ❖ Via hematogênica: metástase mais comum em fígado, pulmão e ossos. Estadiamento (TNM): T: características do tumor quanto a localização, tamanho, grau de invasão (situação tumoral local); N: linfonodos regionais acometidos; M: metástase. Apresentação Clínica: Sinais: ❖ Anemia / hipocorado; ❖ Emagrecimento; ❖ Massa palpável em região epigástrica; ❖ Nódulos metastático; ❖ Nódulo de Virchow: supraclavicular esquerdo; ❖ Sister Mary Joseph’s: periumbilical; ❖ Prateleira de Blumer: peritoneal ao toque retal; ❖ Irish: axilar esquerdo. ❖ Massa ovariana (tumor de Krukenberg); ❖ Com progressão da doença: caquexia, ascite, hepatomegalia, icterícia. Sintomas: ❖ Inespecíficos; ❖ Desconforto ou dor epigástrica; ❖ Plenitude pós-prandial, hiporexia, náusea ou vômito; ❖ Fadiga; ❖ Melena ou hematêmese. Diagnóstico / exames complementares: História clínica e exame físico; EDA com biópsia; Seriografia; TC; USG; USG endoscópica; Avaliação pré-operatória: ❖ PS: performance status (ajuda a definir a melhor conduta); ❖ PS 0 = melhor situação clínica. ❖ Estado nutricional; ❖ Exames laboratoriais. Estadiamento: ❖ Avaliar: ❖ Metástases a distância; ❖ Carcinomatose peritoneal; ❖ Invasão local e ressecabilidade; ❖ Doença linfonodal. ❖ Rx ou TC de tórax; ❖ USG ou TC de abdome e pelve; ❖ Exame físico cuidadoso; ❖ USG endoscópica em alguns casos; ❖ PET-CT se houver indicação; ❖ Estadiamento cirúrgico -> por videolaparoscopia. ❖ Biópsia de congelação; ❖ Muitas vezes, mudança total de planos e adoção de medidas paliativas e não curativas no momento da cirurgia. Videolaparoscopia: ❖ A TC falha na detecção de pequenas metástases (< 5 mm); ❖ Videolaparoscopia é o melhor método para identificar lesões superficiais, em fígado, peritônio; ❖ Detecta 30% das metástases em doentes elegíveis a cirurgia curativa pela TC; ❖ Evita laparotomia não-terapêutica em ¼ dos pacientes supostamente com câncer localizado. Tratamento: Tratamento curativo: ❖ Curar; ❖ Aumentar a sobrevida; ❖ Quimio e radio como terapias adjuntas / complementares -> podem ser usados pré ou pós-operatório; ❖ Cirurgia é o único método capaz de garantir a cura; ❖ Gastrectomia total para tumores proximais; ❖ Gastrectomia subtotais para tumores distais; ❖ Pode ser necessário associar a ressecção multivisceral (Ex: retira de cólon, baço); ❖ Ressecção de metástase hepática (em casos de metástase única, bom PS, boa resposta ao tratamento sistêmico pode ser realizada); ❖ Ressecção cirúrgica: R0 com intenção curativa; ❖ Linfadenectomias: padrão é realizar a D2; ❖ D1: linfonodos perigástricos; ❖ D2: linfonodos em tronco celíaco, artéria hepática; ❖ D3: linfonodos periaórticos, retro cavais. ❖ Técnicas cirúrgicas: ❖ Margem proximal: 4 cm (justificado pela possibilidade de disseminação intramural); ❖ Margem distal: pós pilórica quase sempre. ❖ Reconstrução do trato digestório: ❖ Billroth II - alça única; ❖ Y de Roux (preferencialmente). Tratamento paliativo: ❖ Melhorar a qualidade de vida; ❖ Evitar complicações: possíveis obstruções ou sangramentos; ❖ Ex: síndrome de obstrução pilórica. ❖ Considerar: estágio da doença, condição clínica do paciente, recursos disponíveis; ❖ Cerca de 20 - 30% dos pacientes estão no estágio IV. ❖ Há recursos disponíveis para paliação pós-operatória? ❖ Intervenções cirúrgicas - ressecção, gastroenteroanastomose, jejunostomia; ❖ Intervenções endoscópicas: dilatação, recanalização a laser, prótese auto expansível; ❖ A melhor paliação disponível no Brasil: ressecção cirúrgica; ❖ A metástase, preferencialmente única, não contraindicada a cirurgia. Contraindicações cirúrgicas: ❖ Comorbidades não controladas; ❖ Desnutrição acentuada - necessidade de realizar pré-operatório nutricional; ❖ PS4; ❖ Presença de ascite e carcinomatose peritoneal difusa (contraindicação absoluta). OBS: Ainvasão direta de outro órgão e a carcinomatose perigástrica não contraindicam a linfadenectomia regional, desde que se possa realizar a ressecção R0. Princípios da cirurgia oncológica: ❖ Ressecção de toda a doença (R0): micro e macroscópica; ❖ Ressecção em bloco; ❖ Linfadenectomia; ❖ Citorredução; ❖ Prevenção; ❖ Cirurgia das metástases. Quimioterapia e radioterapia: ❖ Neoadjuvante: quimiorradiação (pré-operatório); ❖ Adjuvante: quimiorradiação ou apenas quimioterapia (complementar a cirurgia); ❖ Paliativa. Possibilidades de tratamento por estágio: ❖ T1 N0 M0: ressecção endoscópica ou gastrectomia limitada; ❖ T1-3 N1-2 M0: gastrectomia com linfadenectomia D2 + omentectomia; ❖ Quando N2 - considerar quimioterapia. ❖ T4 N0 M0: gastrectomia com linfadenectomia D2 + omentectomia + ressecção do órgão infiltrado + considerar quimioterapia; ❖ Qualquer T ou N - na presença de metástase (M1) -> cirurgia paliativa + quimioterapia. Sobrevida: Sobrevida global de 10 - 20% em 5 anos; Cirurgia potencialmente curativa eleva a sobrevida para 25 - 50% em 5 anos; O câncer precoce é curável em mais de 90%. Recorrência: A recorrência de 40 - 80% - maior parte nos 3 primeiros anos; Ocorre com mais frequência por disseminação peritoneal, loco-regional (anastomose, leito gástrico e linfonodos locais); Metástase isolada é infrequente; Estratégia de seguimento pós cirúrgico. Linfoma: São os mai comuns tumores gástricos após o adenocarcinoma; O sítio mais comum dos linfomas extranodais é o trato digestivo e 60% localizam-se no estômago; MALT relacionado ao H. Pylori; Não há consenso do melhor tratamento e se a cirurgia deve ser indicada em todos, para ter o diagnóstico mais acurado; Tratamento: ❖ Os linfomas menos invasivos e de baixo grau podem ser curados apenas erradicando o H. Pylori. ❖ Em geral, o tratamento sistêmico é suficiente para cura, sem necessidade de intervenções cirúrgicas. GIST - sarcoma gástrico: Mais comum tumor mesenquimal do trato digestivo - com prevalência de 60 - 70% no estômago; 80% são benignos; Os malignos não tendem a dar metástase; Sintomas comuns: sangramento e dispepsia; Biópsia endoscópica + biópsia - diagnóstico em 50% dos casos; ❖ Não se apresenta na camada mucosa, e sim na camada muscular. Tratamento cirúrgico e quimioterapia; Cresce para fora da parede gástrica.
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