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História da Filosofia Antiga Por volta dos séculos V, IV A.E.C., houve, na cidade-Estado de Atenas, na Grécia, um fenômeno que entrou para a história da civilização ocidental: a criação da democracia. três dos maiores nomes da filosofia de todos os tempos, viveram exatamente nesse período e nesse lugar, sem contar no florescimento do teatro e de outras escolas do pensamento, como a sofística. Todos os três grandes filósofos pensavam em como a ética é indispensável no trato da coisa pública, que os governantes devem ser os mais bem qualificados para lidar com a comunidade, e que as leis podem até não ser perfeitas, pois não conseguem lidar com as imprevisibilidades da vida, mas são propostas razoáveis para se criar estabilidade nas sociedades. o mundo ocidental é muito mais devedor dos gregos que os poucos bilhões de euros que constavam naquele deficit. Só que o valor não é cobrado na mesma moeda! A uma noção geral e abstrata que perpassa todos os lugares como: “política” (a junção de polis com tékhnē). O primeiro (polis) era associado às independentes cidades- Estados localizadas próximas à península do Peloponeso, banhadas pelo mar Mediterrâneo, cujos habitantes falavam variações do grego antigo. Mas não apenas isso. O segundo termo: (tékhnē), “o ato de fazer ou cunhar algo”, é a origem, com algumas variações de interpretação, da técnica como nós a conhecemos atualmente. O termo também caracterizava a própria população, fazendo com que um grego dessa época se pensasse, primeiramente, como um “animal político”, ou zoon politikon, como escreveu Aristóteles (384 A.E.C.-322 A.E.C.), antes de ser um indivíduo. Aliás, a própria noção de “indivíduo”, como a conhecemos – de alguém isolado do seu entorno, da sua comunidade, vivendo uma vida “privada” –, deveria soar bastante estranha para um grego da época de Sócrates (469 A.E.C.-399 A.E.C.) e Platão (428/427 A.E.C.-348/347 A.E.C.). Para esses homens comunitários, todas as ações eram políticas, “públicas”, Por volta do século V a.C., ou talvez no século seguinte aconteceu, na região do Peloponeso, provavelmente um fenômeno único na história: os habitantes de determinada cidade-Estado, chamada de Atenas, decidiram que a melhor maneira de se organizar como sociedade era distribuir os poderes de decisão sobre as questões comunitárias por todos os cidadãos. Eles chamaram essa forma de governo de “democracia” (dêmos = povo + kratía = poder), e criaram mais uma palavra-conceito que influenciaria todo o mundo ao longo dos séculos e milênios. Heródoto (485 A.E.C.-425 A.E.C.) sugere que houve, sim, um criador da democracia, conhecido como o pai da História, por ser seu “inventor”, isto é, aquele que tentou, pela primeira vez, escrever fatos históricos de maneira mais próxima de como ocorreram – apesar de todas as liberdades que tomou. Heródoto credita essa façanha a Clístenes (565 A.E.C.-492 A.E.C.), membro de uma proeminente família da região. Noção de política na Grécia clássica CONDIÇÕES HISTÓRICAS Sólon, legislador do início do século VI A.E.C. Efialtes, líder ateniense que supervisionou as reformas que visavam reduzir o poder do Areópago, bastião do conservadorismo na Atenas pré-democrática. Teseu, herói mitológico, considerado um dos “fundadores” da Grécia. A democracia ateniense é um exemplo de organização social- política sem paralelos na história do mundo, como dizem historiadores de renome incontestável. E entre os vários motivos que a fazem única está a assembleia: um conselho de cerca de quinhentos cidadãos eleitos por sorteio, que supervisionava o aparato administrativo, lidava com as relações exteriores, ouvia os relatórios oficiais, deliberava a agenda, preparava as moções para as assembleias e realizava outras atividades. Havia, ainda, vários outros recursos burocráticos para assegurar o máximo de participação dos atenienses nas coisas públicas (ou “república” – res = coisa + pública – palavra de origem latina). Por exemplo, o Conselho dos 500, uma espécie de câmara alta, tal como um Senado na atualidade, e os tribunais, onde os réus eram julgados. Na ekklesia ou assembleia, especificamente, parte da comunidade ateniense (os homens adultos e livres) tinha de se encontrar cerca de quarenta vezes ao ano para discutir sobre os problemas e as soluções da cidade. Pode-se afirmar que cerca de um terço dos cidadãos acima dos 18 anos e dois terços dos cidadãos acima dos 40 anos já tinham servido pelo menos durante um ano nessa assembleia. A principal crítica à democracia ateniense devia-se ao impedimento da participação de mulheres, estrangeiros (como Aristóteles, que era de Estagira – cidade próxima à Macedônia – , por exemplo) e escravos no conselho. As mulheres até assumiam funções religiosas importantes – afinal, a religião era parte fundamental da sociabilidade habitual ateniense –, porém os demais moradores da cidade, mesmo que fossem a maioria da população, tinham pouca ou nenhuma voz ativa nesse contexto. Supostos Criadores da democracia